Problema 5 –
Obj.1 – Descrever as características dos vírus (estrutura)
Os vírus são parasitas intracelulares e podem
ser encontrados em duas formas, uma dentro das
células e outra fora destas. Na forma extracelular, o
vírus é uma partícula conhecida como virion ou
partícula viral. Quando o vírus penetra na célula
hospedeira, inicia-se o estado intracelular, ocorrendo a
replicação viral.
Os vírus clinicamente importantes variam de 18
(parvovírus) a 300nm (poxvírus). Os virions maiores
podem abrigar um genoma maior, capaz de codificar
mais proteínas, sendo eles geralmente mais
complexos.
Composição
Vírus não possuem uma organização tão complexa quanto à de células. Eles consistem,
basicamente, em um ácido nucléico, DNA ou RNA, envolvido por uma capa proteica denominada
capsídeo (ou “cápside”) e, em alguns casos, de uma membrana lipoproteica, denominada
envelope (ou envoltório).
Essa simplicidade faz com que os vírus sejam incapazes de crescimento independente em
meio artificial, podendo replicar em células animais, vegetais ou microorganismos. Vírus são
seres que utilizam da maquinaria da célula para reprodução, sendo por isso, parasitas
intracelulares obrigatórios.
Ácido Nucléico:
Os vírus contêm, em geral, apenas um tipo de ácido nucléico, DNA ou RNA, que é o
portador das informações genéticas para sua propagação. Tanto o DNA quanto o RNA podem
guardar informações genéticas, esses dois tipos de ácido nucléico podem ser encontrados na
forma de fita simples (ss) ou fita dupla (ds).
Assim, os quatro tipos de genomas virais (DNA de fita dupla – dsDNA; DNA de fita simples
– ssDNA; RNA de fita dupla – dsRNA; ou RNA de fita simples – ssRNA) são encontrados tanto
como parasitas de hospedeiros eucariontes (animais e vegetais) quanto procariontes (bactérias).
A quantidade de ácido nucléico na partícula viral pode variar de 2.000 a 1,5 milhão de bases ou
pares de bases.
OBS – Uma exceção à regra é o citomegalovírus, um herpesvírus com genoma DNA, que
contém uma pequena quantidade de RNA em sua partícula viral. São RNAs mensageiros que são
imediatamente traduzidos nos ribossomos, dando origem a proteínas utilizadas nas etapas
precoces da replicação viral, antes do início da transcrição do genoma. Outros vírus de DNA,
como os mimivírus, também contêm pequenas quantidades de RNA.
Felipe Pires 823212 Agressão
Vírus de DNA:
Vírus que possuem DNA como material
genético, similar às células, pode empregar
diretamente a maquinaria celular para transcrição de
seus genes, sua replicação e reparo de seu DNA.
Isso permite a alguns vírus terem o genoma
grande, como o herpesvírus, que tem o genoma de 125 a mais de 240 mil pares de bases e
evoluíram de forma que produzissem alguns genes próprios (como para síntese de nucleotídeos
ou polimerases próprias), ficando mais independente do metabolismo celular.
As moléculas de DNA podem ser encontradas na forma linear (herpesvírus, que tem o
dsDNA linear) ou circular (vírus de macaco, da família Polyomaviridae, possuem dsDNA
circular), dependendo do vírus.
Outro vírus de DNA importante é o adenovírus, cujo genoma de 26 a 45 mil pares de bases
(kbp) é linear. Esses vírus possuem seu RNA processado, isto é, possuem genes contendo
íntrons e éxons.
Já os parvovírus são vírus com genoma de DNA fita simples (ssDNA), pequenos com
cerca de 4 mil a 6 mil bases. (Um genoma fita simples não permite que lesões sejam
reparadas, tornando-o mais instável. Devido a essa característica, acredita-se que dificilmente
possam ser encontrados vírus com genomas grandes com esse tipo de ácido nucléico).
Vírus de RNA:
Como o genoma celular normalmente
metaboliza DNA, os vírus de RNA devem conter ou
sintetizar enzimas próprias para serem processados
(como, por exemplo, RNA transcriptases e replicases).
Os RNAs virais também podem ser de fita dupla ou
simples, e lineares ou circulares.
Os vírus que têm genoma dsRNA, como os
rotavírus, em geral, possuem em sua estrutura uma
enzima com função de transcriptase, que produz o
RNAm necessário à síntese de proteínas, e uma replicase, capaz de replicar o genoma de RNA.
Genomas cujo RNA de fita simples (ssRNA) tem a mesma polaridade do RNAm e são
traduzidos diretamente dos ribossomos são, por definição, denominados RNA+ ou RNA de
polaridade positiva, como o poliovírus.
- Os retrovírus, como o HIV, também são vírus contendo RNA+, mas ao entrarem nas células
são transcritos para DNA pela enzima transcriptase reversa.
Vírus com genomas de polaridade contrários ao RNAm, denominados RNA– ou RNA de
polaridade negativa, como os vírus da raiva, devem primeiro transcrever uma fita complementar
de RNAm, antes de sua tradução pela maquinaria celular.
Alguns vírus de RNA apresentam o genoma segmentado, ou seja, separados em várias
moléculas. (Por exemplo, o genoma do vírus influenza é composto de oito segmentos
separados de RNA– de fita simples. O genoma do rotavírus é composto de 11 segmentos de
RNA de fita dupla. O deltavírus (hepatite B) é o único RNAvírus que contém genoma circular).
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Capsídeo:
Os vírus têm o seu genoma protegido por uma capa proteica, chamada capsídeo ou
cápside. O agrupamento das proteínas virais dá ao capsídeo sua simetria característica,
normalmente icosaédrica ou helicoidal. O genoma em conjunto com o capsídeo constitui o
nucleocapsídeo.
Devido às limitações no tamanho do genoma viral, os vírus não podem codificar um grande
número de proteínas diferentes. Assim, o capsídeo viral tem que ser formado de subunidades
idênticas, chamadas protômeros, que se agrupam formando subunidades maiores, os
capsômeros.
OBS – Em capsídeos mais complexos, as facetas triangulares de um icosaédro são
subdivididas em um número progressivamente maior de triângulos. Assim, um capsídeo pode ser
composto por centenas de capsômeros, mas ainda baseado em um simples modelo icosaédrico.
O número total de capsômeros é característico de cada grupo viral.
Alguns vírus apresentam uma estrutura mais “complexa” sendo compostos de várias
partes. É o caso de alguns bacteriófagos que apresentam uma cauda acoplada à cabeça
poliédrica.
Em alguns tipos de vírus de planta, como os da família Bromoviridae, os genomas
segmentados são envolvidos em capsídeos diferentes e independentes. Assim, a infecção só é
efetiva se houver a co-infecção com todos os tipos de capsídeos.
Envelope viral:
Alguns vírus possuem, além do ácido nucléico e do capsídeo, estruturas complexas de
membrana envolvendo o nucleocapsídeo. O “envelope” viral consiste em uma bicamada lipídica
com proteínas, em geral glicoproteínas, embebidas nesta. A membrana lipídica provém da célula
hospedeira, muito embora as proteínas sejam codificadas exclusivamente pelo vírus.
Devido à presença de lípides no envelope, os vírus envelopados são éter-sensíveis, isto é,
em presença de éter, os lipídeos são dissolvidos e o vírus perde a infectividade.
As glicoproteínas, por estarem expostas na superfície viral, constituem os principais
antígenos virais.
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Enzimas:
Os vírus não realizam processos metabólicos e, em geral, são inertes fora da célula.
Entretanto, algumas partículas virais contêm enzimas que tem grande importância no processo
infeccioso.
- Como exemplo clássico, podem-se citar os retrovírus, que carregam na partícula viral a
enzima transcriptase reversa, necessária para sua replicação.
- Em alguns outros vírus, há enzimas necessárias para ajudar a entrada na célula. É o caso de
alguns bacteriófagos, que possuem uma enzima, lisozima, necessária para fazer uma perfuração
na parede celular para penetração do genoma viral.
Virions Helicoidais:
Nesses vírus, os capsômeros dispõem-se em torno do ácido
nucléico, de acordo com uma estrutura em forma de hélice. O
ácido nucléico fica no interior desta estrutura e, de modo geral,
intimamente associado aos capsômeros, formando um
nucleocapsídeo mais compacto.
Felipe Pires 823212 Agressão
Agentes Subvirais
Alguns agentes infecciosos apresentam algumas características gerais de vírus, mas
por outro lado são estruturalmente mais simples. Aqueles de maior importância atualmente são:
Viróides:
São moléculas pequenas de RNA de fita simples, circular, sem nenhuma forma de
capsídeo. Isto é, o viróide é constituído apenas de RNA, que aparentemente não codifica
nenhuma proteína. Portanto, o viróide é completamente dependente das funções celulares
para sua replicação.
Os viróides replicam-se em algumas espécies de plantas, causando doenças
provavelmente por interferência no metabolismo de regulação gênica da célula hospedeira. O
processo de infecção não é bem conhecido, mas acredita-se que sua passagem seja a partir de
contato entre células e/ou em células que sofram um corte mecânico.
Há hipóteses que sugerem similaridades entre os viróides e os RNA pequenos nucleares
(snRNA) envolvidos em processamento de íntrons em células eucariontes. Estas similaridades
podem estar ligadas a uma origem direta dos viróides a partir de íntrons, que “escaparam” do
genoma.
(Murray)
Príons:
Os vírus lentos não convencionais (príons)
são filtráveis e podem transmitir doenças, mas
normalmente não obedecem à definição padrão de
um vírus.
Ao contrário dos vírus convencionais, esses
agentes não têm estrutura de virion ou genoma, não
provocam resposta imune e são extremamente
resistentes à inativação por calor, desinfetantes e
radiação.
O agente viral lento é um mutante ou forma
de conformação distinta de uma proteína
hospedeira conhecida como um príon (uma
pequena partícula proteica infecciosa), que pode
transmitir doença.
O príon, o qual é desprovido de ácidos
nucleicos detectáveis, consiste em agregados de
uma glicoproteína hidrofóbica resistente à protease
denominada PrPSc (proteína de príon semelhante à
scrapie).
Seres humanos e outros animais codificam uma proteína PrPC (proteína de príon
celular), de função desconhecida, que é mantida na membrana celular por uma ligação entre sua
serina terminal e um lipídio especial, o glicofosfatidil inositol (proteína ligada ao GPI).
A PrPC está estreitamente relacionada ou pode
ser idêntica à PrPSc em sua sequência proteica, mas
difere na sua estrutura terciária, em razão das
diferenças no enovelamento das proteínas.
Além disso, a PrPSc é resistente à protease,
formando agregados em bastões amiloides (fibrilas) e
não possui ligação com as células. A PrPC normal, por
outro lado, é sensível à protease e está na superfície
da célula.
Patogênese:
A encefalopatia espongiforme descreve o surgimento dos neurônios vacuolizados, bem
como a sua perda de função e ausência de resposta imune ou inflamação. A vacuolização dos
neurônios, a formação de placas que contêm amiloides e fibrilas, a hipertrofia e proliferação de
astrócito e a vacuolização de neurônios e células gliais adjacentes são observadas. A PrPSc
é captada por neurônios e células fagocíticas, mas é de difícil degradação, uma característica que
pode contribuir para a vacuolização do tecido cerebral. Além disso, quando os príons atingem
elevadas concentrações no cérebro, eles contribuem ainda mais para o dano tecidual.
Felipe Pires 823212 Agressão
Capsídeo / Envelope
O vírion (partícula do vírus) consiste em um genoma de ácido nucleico empacotado em um
envoltório proteico (capsídeo) ou uma membrana (envelope). O vírion também deve conter
algumas enzimas essenciais ou acessórias ou outras proteínas para facilitar a replicação inicial
dentro da célula. Proteínas do capsídeo ou ligadas ao ácido nucleico associam-se ao genoma
para formar um nucleocapsídeo, que pode ser o mesmo que o vírion ou envolto por um envelope.
A camada externa do vírion é o capsídeo ou o envelope. Estas estruturas são o pacote, a
proteção e o veículo de liberação durante a transmissão do vírus de um hospedeiro para outro e
para disseminação para a célula-alvo dentro do hospedeiro. As estruturas de superfície do
capsídeo e do envelope medeiam a interação do vírus com a célula-alvo através da estrutura ou
proteína de fixação viral (VAP).
OBS – A remoção ou o rompimento da parte externa deste pacote inativa o vírus. Os
anticorpos gerados contra os componentes destas estruturas impedem a infecção viral.
O capsídeo é uma estrutura rígida capaz de resistir a severas condições
ambientais. Os vírus com capsídeos sem cobertura são geralmente resistentes ao ressecamento,
ao ácido e a detergentes, incluindo o ácido e a bile do trato entérico. Muitos destes vírus são
transmitidos por via fecal-oral e podem preservar a capacidade de transmissão mesmo no esgoto.
O envelope é uma membrana composta de
lipídeos, proteínas e glicoproteínas. A estrutura
membranosa do envelope pode ser mantida apenas em
soluções aquosas. É prontamente rompida por
ressecamento, condições ácidas, detergentes e solventes
como o éter, resultando na inativação do vírus. Como
consequência, os vírus envelopados devem permanecer
úmidos e são geralmente transmitidos através de fluidos,
perdigotos, sangue e tecidos. A maioria não consegue
sobreviver nas condições adversas do trato
gastrointestinal.
Felipe Pires 823212 Agressão
Vírus envelopado:
O envelope do vírion é composto de lipídeos, proteínas e glicoproteínas. Possui uma
estrutura de membrana similar às membranas celulares. As proteínas celulares são raramente
encontradas no envelope viral, mesmo que este tenha sido obtido de membranas celulares. A
maioria dos vírus envelopados é redonda ou pleomórfica. (Duas exceções são o poxvírus, que
possui uma estrutura interna complexa e uma estrutura externa parecida com um tijolo, e o
rabdovírus, que tem o formato de uma bala).
A maioria das glicoproteínas virais possui carboidratos ligados a asparagina (N-ligados) e
estende-se através do envelope e para fora da superfície do vírion. Em muitos vírus, aparecem
como espículas. A maioria das glicoproteínas age como VAPs, capazes de se ligar a estruturas
nas células-alvo. As VAPs que também se ligam a eritrócitos são chamadas hemaglutininas
(HAs).
Algumas glicoproteínas possuem outras funções, como a neuraminidase dos ortomixovírus
(influenza) e os receptores Fc e C3b associados às glicoproteínas do vírus herpes simples, ou as
glicoproteínas de fusão dos paramixovírus. As glicoproteínas, especialmente a VAP, também são
os principais antígenos que desencadeiam a imunidade protetora.
Todos os vírus RNA de fita negativa são envelopados. Os componentes da RNA
polimerase viral RNA-dependente se associam ao genoma RNA(−) dos ortomixovírus,
paramixovírus e rabdovírus para formar nucleocapsídeos helicoidais.
Estas enzimas são necessárias ao início da replicação viral, e sua associação ao genoma
assegura sua liberação dentro da célula. As proteínas de matriz que revestem o interior do
envelope facilitam a montagem do ribonucleocapsídeo no vírion.
OBS – o espaço intersticial entre o nucleocapsídeo e o envelope é denominado
tegumento, e contêm enzimas, outras proteínas e até RNA que facilita a infecção viral.
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Classe I
É constituída por vírus DNA de fita dupla (dsDNA), como, por exemplo, os vírus de
vertebrados das famílias Papovaviridae, Adenoviridae e Herpesviridae; alguns vírus de insetos,
como os baculovírus e os vírus de alguns eucarióticos, phycodnavírus. Estes vírus multiplicam-se
no núcleo da célula hospedeira, utilizando, para isto, enzimas transcricionais, como a RNA
polimerase II celular, aí encontrada.
Outro grupo de vírus animais DNA de fita dupla, da família Poxviridae, multiplica-se no
citoplasma da célula e, portanto, não tem acesso à RNA polimerase II. Estes vírus utilizam uma
transcriptase viral presente na partícula, na forma de proteína estrutural.
A maioria dos bacteriófagos também pertence à classe I, e seu ácido nucléico é transcrito
da mesma forma que o DNA bacteriano.
Classe II
Correspondem aos vírus DNA de fita simples (ssDNA), como os parvovírus animais e os
geminivírus de plantas. A maioria dos vírus da classe II contém ssDNA de polaridade positiva, a
mesma, portanto, que o RNAm.
Ao penetrar no núcleo, as enzimas de reparo de DNA celular sintetizam a fita
complementar, transformando o genoma em dsDNA. O DNA de fita dupla é, então, transcrito
pelas enzimas celulares.
Os bacteriófagos das famílias Inoviridae e Microviridae também contêm ssDNA e são
transcritos da mesma forma.
Classe III
Correspondem a vírus RNA de dupla fita (dsRNA), como os reovírus de plantas, insetos e
animais, os binarvírus de vertebrados e invertebrados e alguns vírus de fungos e protozoários.
Para estes vírus, a fita negativa de RNA funciona como molde para a síntese de RNAm.
Como as células não possuem enzimas para transcrição de RNA a partir de RNA, os vírus deste
grupo precisam introduzir na célula a enzima necessária para a transcrição (RNA polimerase-
RNA dependente), que é uma proteína estrutural destes vírus.
Classe IV
Contêm RNA de fita simples (ssRNA), como os picornavírus, togavírus, flavivírus e
coronavírus de animais, a maioria dos vírus de plantas e os bacteriófagos da família Leviviridae.
São também chamados vírus RNA-positivos (RNA+), porque o RNA do genoma tem a
mesma polaridade do RNAm. O genoma destes vírus funciona como o RNAm e, logo que o vírus
penetra na célula, este se liga ao ribossomo e é traduzido para proteínas.
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Desta forma, não é necessária a penetração na célula de enzimas da partícula viral; estas
enzimas são sintetizadas logo que o vírus penetra na célula, atuando logo em seguida na
transcrição de novos RNA.
Classe V
Fazem parte os vírus de RNA de fita simples, negativa (RNA–), como os vírus das
famílias Orthomyxoviridae, Paramyxoviridae, Arenaviridae e Filoviridae, de vertebrados e os vírus
das famílias Bunyaviridae e Rhabdoviridae, de plantas, invertebrados e vertebrados.
Para esses, o RNA viral é complementar ao RNAm. Assim, o vírion já contém o molde para
a síntese do RNAm. Contudo, da mesma forma que a classe III, os vírus contam, na partícula,
com enzimas que transcrevem o RNA. (Como as células não possuem enzimas para
transcrição de RNA a partir de RNA, os vírus deste grupo precisam introduzir na célula a enzima
necessária para a transcrição – RNA polimerase-RNA dependente).
Classe VI
São também conhecidos como retrovírus, membros da família Retroviridae. São vírus cujo
mecanismo é o menos usual, pois o RNA viral, de polaridade positiva, é transcrito pela enzima
viral estrutural, a transcriptase reversa, para DNA viral.
Inicialmente, forma-se um híbrido RNA/DNA. A atividade da RNAse do complexo
enzimático transcriptase reversa degrada o RNA, e o DNA é duplicado por este mesmo complexo
enzimático. O DNA de fita dupla complementar ao genoma viral é incorporado ao genoma
celular utilizando uma integrase viral e funciona, então, como molde para a transcrição do RNAm.
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Adsorção
É o primeiro estágio da infecção viral, termo que descreve o contato inicial célula-vírus.
Essa adsorção é, de início, fraca (adsorção reversível), progredindo para uma ligação mais
forte, quando a adsorção se torna irreversível.
Visão geral da adsorção: os vírions colidem ao acaso com sítios na superfície celular e
aproximadamente uma em cada mil colisões leva à união complementar entre um sítio da célula
(receptor) e uma proteína viral (anti-receptor).
As forças eletrostáticas exercem um papel importante nesse processo. Na maioria dos
sistemas, a adsorção ocorre somente em valores de pH onde os grupos amino e carboxil estão
largamente ionizados (pH 5 a 10); a destruição desses grupos, tanto na superfície viral como na
celular, impede a adsorção.
Como a adsorção envolve a interação entre as partículas carregadas, é esperado também
que esse processo seja sensível à composição salina do meio. Tanto a superfície viral como a
superfície celular tende a ter cargas negativas em larga faixa de pH.
Assim, as células e os vírus repelem-se, a menos que o ambiente seja modulado
pela presença de íons.
Penetração
Após a ligação irreversível do vírus à superfície da célula suscetível, o próximo passo da
infecção leva à entrada na célula da parte ou de todo o vírion e na liberação do material
genômico viral.
Quatro mecanismos básicos pelos quais os vírus podem penetrar nas células:
Os vírus envelopados e os não-envelopados encontram problemas físico-químicos
diferentes durante sua penetração na célula e, por isso, utilizam mecanismos diferentes:
OBS Pode haver ainda, uma combinação destes dois últimos mecanismos, de forma que
os vírus envelopados penetrem por endocitose e, uma vez dentro dos vacúolos, o envelope viral
sofra um processo de fusão com a membrana do vacúolo e liberando o nucleocapsídeo para
dentro da célula.
Maturação
Após terem sido sintetizados, as proteínas e o ácido nucléico viral devem se unir
para formar partículas virais maduras um processo chamado maturação viral.
Felipe Pires 823212 Agressão
Liberação
Existem limites para a quantidade de vírus que pode ser acumulada em uma célula
infectada. A maioria dos vírus não pode coexistir indefinidamente com as células onde se
multiplica a célula pode morrer ou simplesmente cessar de suprir todos os fatores para a
continuação da multiplicação viral.
Os vírus devem disseminar-se de uma célula para a outra. Para tanto, a partícula
infecciosa deve deixar a célula na qual houve a maturação e penetrar numa célula não-
infectada.
Infecção latente
Quando um vírus infecta uma célula e não há produção de partículas virais infecciosas,
esta infecção é definida como infecção latente. A infecção de bactérias por fagos temperados
pode ser considerada uma infecção latente. Alguns vírus animais também podem integrar seu
genoma ao genoma da célula hospedeira, dando origem a infecções latentes.
- Quatro grupos de vírus animais (papovavírus, adenovírus, herpesvírus, hepadnavírus)
contêm DNA de fita dupla, fato que possibilita a integração do genoma viral ao genoma celular.
- Os parvovírus, vírus de DNA de fita simples, e os retrovírus, que contêm RNA de fita
simples, produzem DNA de fita dupla durante sua replicação na célula, e este pode integrar-se
ao ácido nucléico celular. O genoma viral integrado ao genoma celular é chamado provírus.
Felipe Pires 823212 Agressão
Esquematizando / Resumindo
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Infecção do tecido-alvo
Os vírus tem acesso ao corpo por meio de lesões na pele (cortes, mordidas, injeções) ou
através das membranas mucoepiteliais que revestem os orifícios do corpo (trato respiratório,
olhos, boca, TGI e genitália). A pele íntegra é uma excelente barreira contra infecção. A
inalação é provavelmente a rota mais comum de entrada das partículas virais.
Ao penetrar no corpo, o vírus se replica em células que expressam receptores virais e
possuem o maquinário biossintético apropriado. Os vírus podem se replicar e permanecer no
sítio primário, ou então se disseminar para outros tecidos via corrente sanguínea, via sistema
mononuclear fagocitário e linfático, ou ainda via neurônios.
Viremia é o nome dado ao transporte do vírus na corrente sanguínea. O vírus pode estar
livre no plasma ou associado com linfócitos ou macrófagos (os vírus fagocitado pelos macrófagos
podem estar inativados, podem se replicar ou podem ser carreados para outros tecidos).
A replicação de um vírus em macrófagos, no
revestimento endotelial de vasos sanguíneos ou no
fígado pode causar a amplificação da infecção e iniciar o
desenvolvimento de viremia secundária. Em muitos
casos, essa viremia secundaria antecede o envio dos
vírus ao tecido-alvo e a manifestação dos sintomas
específicos.
Patogênese viral
Citopatogênese:
As quatro consequências principais de uma infecção viral em uma célula são as seguintes:
1. Falha na infecção (infecção abortiva);
2. Morte da célula (infecção lítica);
3. Replicação sem morte da célula (infecção persistente);
4. Presença de partículas virais sem replicação viral, mas com potencial para reativação
(infecção latente-recorrente).
As infecções persistentes podem ser (1) crônicas (não líticas, produtivas); (2)
latentes (quantidade limitada de macromoléculas virais, mas sem síntese viral); (3) recorrentes
(períodos de latência seguidos de produção de partículas virais); ou (4) de transformação
(imortalizantes).
A natureza da infecção, portanto, é determinada pelas características do vírus e da
célula-alvo:
- uma célula não permissiva pode não ter um receptor, uma via enzimática importante,
um ativador de transcrição, ou expressar um mecanismo antiviral que não permitirá a replicação
de um tipo ou variante especial de vírus;
- uma célula permissiva possui o maquinário biossintético capaz de completar o ciclo
replicativo de um vírus para dar suporte ao ciclo completo de replicação do vírus;
- a replicação do vírus em uma célula semipermissiva pode ser muito ineficiente durante
o processo replicativo, ou a célula pode suportar algumas, mas não todas as etapas da replicação
viral.
Felipe Pires 823212 Agressão
A replicação do vírus pode iniciar alterações nas células que acarretam citólise ou
alterações na aparência, propriedades funcionais ou antigenicidade da célula. Os efeitos
sobre a célula podem ser resultado da síntese de macromoléculas virais, do acumulo de
proteínas ou partículas virais, da modificação ou rompimento das estruturas celulares ou da
manipulação de funções celulares.
Infecções Líticas:
Essas infecções se desenvolvem quando a replicação do vírus resulta na destruição da
célula-alvo. Alguns vírus impedem o crescimento e o reparo inibindo a síntese de macromoléculas
celulares ou produzindo enzimas de degradação e proteínas tóxicas.
A replicação do vírus e o acúmulo de componentes virais e da progênie viral no interior da
célula podem romper a estrutura e o funcionamento da célula ou romper os lisossomos, causando
a morte celular.
A infecção por vírus ou as respostas citolíticas imunes podem induzir a apoptose na célula
infectada. Esse processo pode facilitar a liberação do vírus da célula, mas também limita a
quantidade de vírus produzidos ao destruir a “fábrica viral”. (OBS – muitos vírus codificam
métodos para inibir a apoptose).
A expressão das glicoproteínas de alguns vírus na superfície celular desencadeia a fusão
das células vizinhas, originando células gigantes multinucleadas chamadas sincícios. Os
sincícios podem ser frágeis e suscetíveis à lise, e aqueles que se formam na infecção com o HIV
também causam a morte das células.
Vírus Oncogênicos
Alguns vírus de DNA e retrovírus estabelecem infecções persistentes que também
podem estimular o crescimento celular descontrolado, causando a transformação ou
imortalização da célula.
As características das células transformadas incluem: crescimento contínuo sem
envelhecimento; alterações na morfologia e no metabolismo celular; taxa aumentada de
crescimento celular e de transporte de açúcar; perda de inibição de crescimento por contato
celular; e habilidade de crescerem em suspensão ou agrupadas, quando cultivadas em meio de
ágar semissólido.
Diferentes vírus oncogênicos possuem mecanismos diferentes para imortalização de
células. Esses vírus imortalizam as células:
ativando ou fornecendo genes de estimulação de crescimento;
removendo os mecanismos inerentes de interrupção da síntese do DNA e do crescimento
celular;
evitando apoptose.
A imortalização por vírus DNA ocorre em células semipermissiva, que expressam
somente alguns genes virais específicos, mas que não produzem vírus, uma vez que a síntese do
DNA viral, do RNAm tardio, de proteínas tardias ou da partícula viral completa provoca morte da
celular, impedindo a imortalização.
→ O retrovírus (vírus de genoma RNA) usam dois mecanismos para a oncogênese. Alguns
oncovírus codificam proteínas oncogênicas que são quase idênticas às proteínas celulares
envolvidas no controle de crescimento celular. A produção exagerada ou a função alterada
desses produtos de oncogene estimulam o crescimento celular. Esses vírus oncogênicos causam
a formação rápida de tumores.
O vírus linfotrópico de células T humanas do tipo 1 (HTLV-1), o único retrovírus
oncogênico humano identificado até o momento, usa mecanismos mais sutis de leucemogênese.
Esses vírus codificam uma proteína (TAX) que ativa a expressão dos genes, incluindo os genes
para as citocinas de estimulação do crescimento (como a IL-2). Esse é o segundo mecanismo de
oncogênese dos retrovírus.
→ O vírus da hepatite B (HBV) e o vírus da hepatite C (HCV) podem ter mecanismos para a
oncogênese direta, podendo iniciar a formação de tumores. Contudo, ambos os vírus
estabelecem infecções persistentes que exigem reparo tecidual significativo. O processo
inflamatório crônico e a estimulação contínua de crescimento e reparo de células hepáticas
podem promover mutações que levam à formação de tumores.
A transformação viral é o primeiro passo, mas, em geral, não é suficiente para causar a
oncogênese e a formação do tumor. Em vez disso, com o tempo, as células imortalizadas têm
mais probabilidade que as normais de acumular outras mutações ou rearranjos cromossômicos
que resultam no desenvolvimento de células tumorais.
Epidemiologia
O vírus da dengue é transmitido em um ciclo que envolve humanos e mosquitos, e o
A. aegypti é o vetor mais importante. A doença ocorre principalmente nas áreas tropicais da Ásia,
Oceania, África, Austrália e Américas.
A proteção contra a infecção homotípica é completa e vitalícia, mas a proteção cruzada
entre os tipos de vírus da dengue dura menos de 12 semanas. Assim, existe a possibilidade de
infecções múltiplas, sequenciais.
Felipe Pires 823212 Agressão
Alfavírus e a maioria dos flavivírus são protótipos de arbovírus. Para ser um arbovírus, o
vírus precisa ser capaz de: (1) infectar vertebrados e invertebrados; (2) iniciar uma viremia em um
hospedeiro vertebrado por um tempo suficiente que permita a aquisição do vírus pelo vetor
invertebrado; (3) iniciar uma infecção produtiva persistente das glândulas salivares dos
invertebrados para fornecer vírus para a infecção de outros animais hospedeiros.
Humanos usualmente são hospedeiros “finais”, pois não conseguem disseminar o vírus de
volta para o vetor porque eles não mantêm uma viremia persistente. Se o vírus não está no
sangue, o mosquito não consegue adquiri-lo. Um ciclo completo de infecção ocorre quando o
vírus é transmitido pelo vetor artrópode e amplificado em um hospedeiro sem imunidade prévia
(reservatório), que permite a reinfecção de outros artrópodes.
Estes vírus estão usualmente relacionados a um vetor artrópode específico, seu
hospedeiro vertebrado e seu nicho ecológico. O vetor mais comum é o mosquito, mas carrapatos
e mosquitos pólvora disseminam alguns arbovírus. Mesmo em uma região tropical invadida por
mosquitos, a disseminação destes vírus ainda é restrita a um gênero específico de mosquitos.
Aves e mamíferos pequenos são os hospedeiros reservatórios usuais para os alfavírus e
flavivírus, mas répteis e anfíbios também podem agir como hospedeiros. Uma grande, população
de animais virêmicos pode desenvolver o ciclo de infecção do vírus.
- Doenças por arbovírus ocorrem durante os meses do verão e nas estações chuvosas,
quando os artrópodes procriam e os arbovírus fazem o ciclo entre um hospedeiro reservatório
(aves), um artrópode (p. ex., mosquitos) e hospedeiros humanos. Este ciclo mantém e aumenta a
quantidade de vírus no ambiente.
- No inverno, o vetor não está presente para manter o vírus. Ele pode (1) persistir nas larvas
do artrópode ou ovos de répteis ou anfíbios que permanecem no local; ou (2) migrar com as aves
e retornar durante o verão.
Quando humanos viajam para nichos ecológicos do mosquito vetor, correm risco de
serem infectados pelo vírus. Poças de água parada, canais de drenagem e depósitos de lixo em
cidades também podem promover terrenos de procriação para mosquitos, como o Aedes aegypti,
o vetor da febre amarela, dengue e infecção chikungunya.
Felipe Pires 823212 Agressão
Uma síndrome mais grave, a febre hemorrágica por dengue, pode ocorrer, em geral, na
segunda infecção com sorotipo heterológico de vírus. No Brasil, a dengue hemorrágica ocorreu
quando o dengue 2 foi introduzido no país, após epidemia de dengue 1. As manifestações
clínicas iniciais da dengue hemorrágicas são iguais para dengue clássica, e o período crítico
ocorre durante a transição da fase febril para a sem febre, geralmente após o terceiro dia de
doença.
A dengue hemorrágica é caracterizada pelo vazamento difuso capilar de plasma,
hemorragias e trombocitopenia (diminuição de número de plaquetas para menos de
100.000/mm3).
Felipe Pires 823212 Agressão
Diagnóstico:
Depende de isolamento viral ou testes sorológicos. O vírus pode ser isolado a partir do
sangue durante a fase febril precoce da doença. Mosquitos da espécie Toxorhynchites são
hospedeiros sensíveis para isolamento, por inoculação intratoráxica; o vírus pode ser identificado
por imunofluorescência ou testes de fixação do complemento nos tecidos do mosquito em 10
a 14 dias. Um diagnóstico é coloração imunocitoquímica de células mononucleares do
sangue periférico, obtida na fase aguda da doença.
O diagnóstico sorológico depende da demonstração de um aumento de título de pelo
menos quatro vezes em soros de fase aguda e convalescente, por inibição da hemoglutinação,
fixação do complemento ou neutralização.
Tratamento:
Visa apenas os sintomas e deve incluir repouso, antipiréticos e analgésicos (tratamento
sintomático). Não se devem usar derivados do acetilsalicílico, que podem aumentar a
possibilidade de ocorrerem hemorragias.
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Profilaxia:
Erradicação ou redução do vetor A. aegypti; vigilância epidemiológica para detecção de
casos em momento oportuno; e orientação das medidas de controle apropriadas. Além do uso
de inseticidas e campanhas de informação e de mobilização das pessoas.
Ruptura do virion:
Os vírus envelopados são suscetíveis a certos lipídios e moléculas semelhantes a
detergentes que dispersam ou rompem a membrana do envelope, evitando a aquisição do vírus.
O nonoxinol-9, composto semelhante a um detergente, pode inativar o vírus do herpes
simples e o vírus da HIV, prevenindo a aquisição desses vírus por via sexual.
Fixação à célula-alvo:
Na replicação viral, o primeiro passo é mediado pela interação de uma proteína de ligação
viral com seu receptor de superfície celular. Essa interação pode ser bloqueada por anticorpos
de neutralização, que se ligam às proteínas virais de ligação, ou por antagonistas de
receptores. (a administração de anticorpos específicos é a forma mais antiga de terapia antiviral).
Os antagonistas de receptores incluem peptídios ou açúcares análogos ao receptor da
célula ou a proteína de fixação viral que bloqueiam, competitivamente, a interação do vírus com a
célula.
Penetração e Desnudamento:
- Para que o genoma viral chegue ao citoplasma da célula do hospedeiro, é preciso haver a
penetração e o desnudamento do vírus. Arildona, disoxaril, pleconaril e outros compostos
metilisoxazólicos bloqueiam o desnudamento dos picornavírus, evitando a desmontagem do
capsídeo.
- Para os vírus que penetram por vesículas endocíticas, o desnudamento pode ser
desencadeado por alterações conformacionais em proteínas de ligação que promovem a fusão ou
por ruptura da membrana resultante do ambiente ácido da vesícula. Amantadina, rimantadina
e outras aminas hidrofóbicas são agentes antivirais que podem neutralizar o pH desses
compartimentos e inibir o desnudamento do virion.
OBS – a amantadina e a rimantadina, que possuem atividade mais especifica contra a
influenza A, ligam-se e bloqueiam o canal de íon hidrogênio (H+) formado pela proteína viral M2.
Sem o influxo de H+, as proteínas da matriz de M1 não se dissociam do capsídeo
(desnudamento).
- A tromantadina, um derivado da amantadina, também inibe a penetração do HSV.
- A penetração e o desnudamento do HIV são bloqueados pelo T20 (enfuvirtida), que inibe
a ação da proteína de fusão viral, a gp4, ligando-se a um dos segmentos dessa proteína.
Síntese de RNA:
- A guanidina e a 2-hidroxibenzilbenzimidina são dois compostos que podem bloquear a
síntese do RNA do picornavírus ao aderirem à proteína 2C desses vírus, a qual é essencial para
a síntese do RNA.
- A ribavirina inibe a biossíntese dos nucleosídeos, o tamponamento (capping) do RNAm,
promovendo a supermutação e outros processos (celulares e virais) importantes para a replicação
de muitos vírus.
- O processamento apropriado (splicing) e a translação do RNAm viral podem ser inibidos
por interferon e oligonucleotídeos antissense.
Felipe Pires 823212 Agressão
Replicação do genoma:
As DNA-polimerases virais do herpesvírus e as transcriptases reversas dos vírus HIV e do
vírus da Hepatite B são os alvos principais para a maioria dos fármacos antivirais, pois esses
alvos são essenciais à replicação dos vírus e são diferentes das enzimas do hospedeiro.
A maioria dos fármacos antivirais são análogos de nucleosídeos, os quais são
nucleosídeos com modificações da base, do açúcar ou de ambos. Deste modo, antes de serem
usados pela polimerase, os análogos de nucleotídeos devem ser fosforilados para a forma de
trifosfato por enzimas virais, enzimas celulares, ou ambas.
- Esses análogos de nucleotídeos inibem seletivamente as polimerases virais, pois essas
enzimas são menos precisas que as enzimas das células do hospedeiro. A polimerase viral liga-
se aos análogos de nucleosídeos (com modificações de base, açúcar, ou ambos) centenas de
vezes melhor do que em enzimas da célula do hospedeiro.
Esses fármacos evitam o alongamento da cadeia (como resultado da ausência de
uma hidroxila na posição 3’ do açúcar), ou alteram o reconhecimento e o pareamento de base
(como resultado de uma modificação basal) e induzem mutações inativantes.
-- Os fármacos antivirais que causam o término da cadeia do DNA por meio de resíduos de
açúcar de nucleosídeos modificados incluem: aciclovir (ACV), ganciclovir (GCV), velaciclovir,
penciclovir, fanciclovir, adefovir, cidofovir, zidovudina (AZT), lamivudina (3TC),
didesoxicitidina e adenina aravinosídeo (ara-A).
-- Os fármacos antivirais que se incorporam ao genoma viral e causam erros de replicação
(mutações) e de transcrição (RNAm e proteínas inativas) por causa das bases modificadas de
nucleosídeos incluem: ribavirina, 5-iododesoxivuridina e trifluorotimidina (trifluridina).
Síntese de proteína:
A síntese proteica viral não é um alvo tão propício para os fármacos antivirais. Os vírus
usam os ribossomos das células do hospedeiro e mecanismos sintéticos para replicação, de
modo que a inibição seletiva não é possível.
- O interferon-α (IFN-α) e o interferon-β (IFN-β) detêm o vírus ao promoverem a inibição
da síntese proteica viral na célula infectada. (a inibição de modificações pós-traducionais das
proteínas, como a proteólise de uma poliproteína viral ou o processamento de glicoproteína, pode
inibir a replicação viral).
Análogos de Nucleotídeos
Ganciclovir – O GVC difere do ACV por possuir um único grupo hidroximetila na cadeia
lateral acíclica. O resultado dessa adição é o fato de ela conferir atividade considerável contra o
citomegalovírus (CMV). Esse vírus não codifica a timidina quinase, mas uma outra proteína
quinase do CMV fosforila o GCV. Uma vez ativado pela fosforilação, portanto, o GCV inibe
todas as DNA polimerases de herpesvírus. Essas DNA polimerases virais possuem quase 30
vezes mais afinidade pelo fármaco que a DNA polimerase celular.
Azidotimidina – foi a primeira terapia útil para a infecção por HIV. A Azidotimidina (AZT
ou Retrovir®) inibe a transcriptase reversa do HIV. Semelhante a outros nucleosídeos, o AZT deve
ser fosforilado pelas enzimas das células do hospedeiro, convertendo-o na forma ativa trifosfato.
O AZT não possui a 3’-hidroxila necessária para o alongamento da cadeia de DNA e evita a
síntese de DNA complementar. Possui uma sensibilidade 100 vezes menor a DNA polimerase
celular do hospedeiro em comparação com a transcriptase reversa.
Inibidores da Protease
Saquinavir, indinavir, ritonavir, nelfinavir e amprenavir atuam deslizando para o interior
do sítio hidrofóbico ativo da enzima protease do HIV para inibir sua ação.
OBS – Saquinavir é uma droga que se encaixa no sitio ativo da protease do HIV. Ela inibe a
protease necessária para o estágio final da replicação do HIV, na clivagem de proteínas virais
estruturais que forma o core maduro do vírus, tornando a partícula viral não infecciosa. Devem
ser usadas com outras drogas (como o AZT) devido ao aparecimento de resistência.
Inibidores da Neuraminidase
Zanamivir (Relenza ) e oseltamivir (Tamiflu®) inibem os vírus influenza A e B por
®
Interferon
São proteínas das famílias das citocinas, codificadas pelo hospedeiro, que inibem a
replicação viral. São a primeira linha de defesa por infecção viral. São divididos em três grupos:
IFN-α, IFN-β, IFN-γ.
Felipe Pires 823212 Agressão