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São Paulo
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 2
CONCLUSÃO 6
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1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo apresentar o problema das zonas mortas, suas causas
e consequências e explicar sobre os princípios da Economia Azul e de que forma eles
poderiam ser aplicados em conjunto com tecnologias e princípios de outras áreas do
conhecimento (as Engenharias, no caso), de modo a resolver ou amenizar o problema das
zonas mortas.
Economia Azul é um termo que se refere a uma economia aplicada ao mar de forma
sustentável, onde resulta do equilíbrio de atividades econômicas oceânicas com a capacidade
dos oceanos de suportarem essas atividades e se manterem saudáveis. Se fundamenta no uso
inteligente de recursos naturais e sem prejudicar os ecossistemas. O termo foi criado por
Günter Pauli, um empresário belga criador do livro “Blue Economy”, onde ele aborda
questões ambientais de novas maneiras.
As chamadas zonas mortas são faixas de oceano onde os níveis de oxigênio estão
abaixo de 2mg/L, impossibilitando qualquer desenvolvimento de vida nesses ambientes.
Desde 1950, essas extensões de água vem crescendo exponencialmente, tanto em área quanto
em quantidade, devido principalmente à má disposição de resíduos de atividade humana nos
mares e aumento da temperatura dos mesmos devido ao aquecimento global e as mudanças
climáticas.
Esses ambientes podem estar tanto em zonas costeiras como no mar aberto e
mostram-se uma ameaça não apenas às espécies marinhas, mas a todas as outras pessoas que
dependem delas para alimentação e trabalho.
2.1. Formação
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expansão é o despejo de resíduos da atividade humana, como esgoto não tratado e
agrotóxicos no leito marinho. (Diaz, 2008).
O fosfato, componente de adubação usado na agricultura, se deposita do solo para os
rios e é carregado pelos rios até os mares. Lá, ele é consumido pelas algas, que se proliferam.
Quando se decompõem, as bactérias que realizam esse processo consomem todo o oxigênio
ao redor, em uma quantidade muito maior do que o normal. É isso o que gera o vazio que
impede outras formas de vida de sobreviverem nesse espaço.
Quando em mar aberto, as causas apontadas são as mudanças climáticas e o aumento
da temperatura dos oceanos. Em maiores temperaturas, o oxigênio encontra dificuldade em
alcançar águas mais profundas, que são onde estão a maioria das formas de vida. Ele então se
acumula mais próximo à superfície, onde animais e plantas marinhas não são capazes de
alcançar. Outro motivo é porque os animais marinhos consomem mais oxigênio em águas
mais quentes, pois precisam respirar mais rápido.
De acordo com o estudo da revista Science de 2008, por Robert Diaz, a renda de 500
milhões de pessoas depende dos oceanos e 350 milhões dependem para se alimentar.
Sabendo do efeito das zonas mortas para a vida no oceano, constatamos que os impactos não
são apenas ambientais, mas também sociais.
As zonas mortas costeiras afetam as atividades relacionadas à pesca, enquanto as de
mar aberto afetam processos como a rota migração destes animais para fugirem das mesmas.
Esse desequilíbrio impacta as comunidades e comércios dependentes dessas atividades.
No âmbito ambiental, pode-se dizer que os riscos oferecidos às espécies tornam-as
vulneráveis e mais fracas, o que afeta toda a cadeia alimentar e é possível acarretar a extinção
em massa de algumas delas. Além disso, a falta de oxigênio causa a liberação de óxido de
nitrogênio, por exemplo, que é um gás do efeito estufa 300 vezes mais poderoso que o
dióxido de carbono.
Observa-se que o crescimento das zonas mortas é produto da atividade humana que
traz sérias consequências para toda a vida na Terra e é necessário um esforço global para
atenuar ou impedir a evolução de tal fenômeno.
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Figura 1: “Águas onde o oxigênio é menos do que 2mg/L”; mapa que detalha zonas mortas costeiras e de mar aberto em
2018. Fonte: https://marsemfim.com.br/zonas-mortas-no-mar/. Acesso em julho/2021
“Economia azul é uma economia do mar sustentável, resultante do equilíbrio entre a atividade
económica e a capacidade de longo prazo dos ecossistemas oceânicos para suportar essa atividade,
permanecendo resilientes e saudáveis.” (Descrição disponível no Portal Economia Azul)
Apesar de ser um termo amplamente usado, o foco dado aqui será quanto ao aspecto
da sustentabilidade e como ela pode ser aplicada às atividades tradicionais do mar, além do
âmbito de preservação ambiental dos oceanos. Isso se enquadra no Objetivo do
Desenvolvimento Sustentável 14, que é a Vida Debaixo d’Água.
De acordo com o Painel do Oceano da Organização das Nações Unidas (ONU), em
seu documento Transformações para uma Economia Sustentável do Oceano, “O oceano é um
sistema natural complexo que está intrinsecamente ligado a atividades e ecossistemas
terrestres.”. O documento em questão foi produzido pelos 14 membros do painel, líderes de
diferentes nações, que englobam 40% das zonas costeiras do planeta, e estabelece como é
imprescindível dar um novo olhar ao potencial econômico dos mares e estabelecer novas
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estratégias para o aproveitamento de seus recursos tendo em vista o avanço das mudanças
climáticas, e promover a preservação da biodiversidade marinha.
Os tópicos detalhados no documento incluem as finanças, a saúde, equidade,
conhecimento e riqueza dos oceanos e como, a partir da proteção e da produção sustentável
nos mares, é possível prosperar social e economicamente. Os tópicos se alinham com os
acordos internacionais das mudanças climáticas, como o Acordo de Paris de 2016.
Das muitas medidas para planos de utilização sustentável dos oceanos, aquelas que
restringiriam o crescimento das zonas mortas são detalhadas nos tópicos sobre Saúde dos
Oceanos e incluem principalmente a redução do despejo de poluentes em ambientes marinhos
por meio do incentivo ao consumo de alternativas a produtos de plástico e a reciclagem e o
reuso dos mesmos; à melhores técnicas de gestão e manejo de resíduos e fertilizantes e à
aquicultura para reduzir a quantidade de fuga de nutrientes que causam a eutrofização.
Outras medidas são eliminação da pesca ilegal e estabelecimento de mínimo de 30%
de áreas marinhas protegidas, o que manteria as espécies ameaçadas pelas zonas mortas
seguras; uso do potencial energético dos oceanos para geração de energia limpa e redução dos
GEE, o que atenuaria as mudanças climáticas que contribuem para a formação de zonas
mortas em mar aberto; redução dos GEE através da descarbonização do transporte marítmo,
entre outras.
Como dito anteriormente, as principais causas relacionadas com a origem das zonas
mortas,
são compostas por problemas de esgotos, fertilizantes e agrotóxicos. Esses fatores, quando
descartados no mar, contribuem para a proliferação das algas e consequentemente o
nascimento de zonas mortas. A seguir, serão apresentadas alternativas para a redução desse
contingente de zonas mortas e de suas consequências e suas respectivas áreas de origem.
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causas diretas do aumento das zonas mortas como o despejo de esgotos e efluentes
nos oceanos nos oceanos, a solução encontrada é a instauração de planos de gestão
nacionais desses resíduos, que incluiriam coleta e tratamento de esgoto doméstico e
industrial e o manejo correto dos mesmos, sem seu despejo em quaisquer corpos
d’água.
Outra contribuição dessas engenharias, em conjunto com outras modalidades, é o
aproveitamento do potencial energético dos oceanos para a geração de energia
ondomotriz, a energia das ondas e das marés, substituindo fontes fósseis que causam o
aumento do CO2 na atmosfera e consequentemente, aquecimento dos mares e
amplificação das zonas mortas. Esta modalidade de geração de energia funciona de
modo simples e pode ser considerada renovável e inesgotável, apesar de suas
desvantagens, como custo e inconsistência na capacidade média de geração de
energia.
5. CONCLUSÃO
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o problema das zonas mortas como as alternativas da Economia Azul não são tão amplamente
debatidas ou apresentadas na mídia e difundidas no meio internacional. Fica constatada a
falta de medidas e decisões eficazes e afirmativas da comunidade internacional para
solucionar este problema.
Por exemplo, em fevereiro de 2020 se consolidou o prazo simbólico (sem punições ou
sanções sobre aqueles que não cumprissem com as metas) dos resultados das reduções de
emissões de GEE do Protocolo de Kyoto e dos 184 signatários, apenas 3 haviam cumprido
com o esperado. No cenário mundial, vê-se que os maiores emissores e contribuintes para o
aquecimento global são os menos interessados em tomar as medidas necessárias para efetiva
mudança na situação atual.
Essa é uma situação que se repete em outras perspectivas quanto aos impactos da
atividade humana sobre o meio ambiente, inclusive quanto às zonas mortas. A falta de
interesse de agentes tão influentes no cenário global, mesmo com tecnologia avançada e
recursos para tal, poderá permitir extinções em massa de espécies a longo prazo, devido
alterações climáticas.Os países emergentes, onde há mais casos de zonas mortas por conta de
políticas fracassadas de saneamento e gerenciamento costeiro, são deixados à deriva. O
Brasil, por exemplo, possui há 25 anos um Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro que
jamais foi implantado.
É possível reverter e alcançar a estabilidade quanto às zonas mortas, como foi
observado em regiões do Mar Negro, nos anos 1990 e até recentemente, pelo fim de
atividades agronomas na bacia do Rio Danúbio (Scientific American Brasil, 2020). Mas é
preciso antes, no mínimo, o comprometimento de agentes globais com o abolimento do
escoamento de nutrientes em excesso para estas águas, mesmo assim, o ecossistema original
afetado pela hipoxia (falta de oxigênio), não seria totalmente recuperado a curto prazo.
Mais uma vez, vale ressaltar que, a menos que mudanças e ações incisivas sejam
tomadas sobre as questões ambientais, os impactos catastróficos sobre o planeta poderão se
tornar irreversíveis.
REFERÊNCIAS
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COMO um elemento da urina mudou o conceito da vida para sempre. BBC News. São
Paulo. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46786310. Acesso em 17 de
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News. Jun 17, 2019. Disponível em:
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Disponível em:
https://www.wri.org/insights/4-leaders-and-far-too-many-laggards-un-climate-action-summit
Acesso em: 23/07/2021.
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GONZALEZ, Amelia. Só três países entregam as metas à ONU para combater as mudanças
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https://g1.globo.com/natureza/blog/amelia-gonzalez/post/2020/02/10/so-tres-paises-entregam-met
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