Você está na página 1de 18

1 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

RADIOLOGIA CARDIOVASCULAR
ANATOMIA

• Coração
• Artérias Pulmonares
• Aorta (aneurisma e dissecção)

1 – CORAÇÃO
• Anatomia:
o Coração direito e esquerdo
• Índice cardio-torácico (para determinar se tem cardiomegalia)
• Cardiomegalia
• TC e RM cardíaca. Não tínhamos TC e RM de coração porque é um órgão que se mexe, está batendo
a todo tempo. A imagem ficava borrada. O equipamento se tornou mais rápido (64 canais ou 32
canais), com mais detectores, que cobrem uma área maior em um tempo menor. Em duas rotações
do tubo, é possível pegar o coração interior. Além disso, o software permitiu a integração dessas
imagens. Sequências novas de RM fazem a sincronização da imagem com a frequência cardíaca, ou
seja, com o momento do ciclo cardíaco, por meio de eletrodos colocados no paciente.

Coração Direito
• No átrio direito, chega a Veia Cava Superior. Pode ser confundida com linfonodomegalia em
casos de dilatação, especialmente em idosos, onde a dilatação é comum.
• O contorno cardíaco direito é todo formado pelo AD. O VD está em meio à sombra cardíaca e
não contribui com seu contorno.
• Perfil: VD anterior e, acima dele, tronco e artéria pulmonar.
• Anterior: VD e tronco pulmonar
• Posterior: VE e AE

• PA: VCS → átrio direito (dá todo contorno cardíaco a direita)


• Não vemos veia cava inferior nessa incidência
2 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

• No perfil, o VD corresponde a uns 2/3 do contorno da sombra cardíaca anteriormente e o reto o


tronco da pulmonar (PA)
Coração Esquerdo

LV: ventrículo esquerdo | LA: átrio esquerdo

• VE faz o contorno do lado esquerdo. Quando o AE é mais proeminente, pode projetar um


pouco no contorno esquerdo, que normalmente é dado só pelo VE
• AE é uma bola projetada no meio da sombra cárdica → contribui quase nada para o contorno
cardíaco no PA
• Aurícula esquerda pode ser projetada em casos de aumento do AE
• Aorta forma uma sombra branca no mediastino, gira e forma o botão aórtico.
• Aorta descendente desce paralelo a coluna, um pouco diagonal.
• Perfil: câmaras esquerdas dão o contorno posterior (2/3 é VE, mais alto e mais posterior
possível, AE). O AE estará próximo do esôfago.
Obs.: O contraste permite opacificação com esôfago, e observação melhor do AE

Agora em perfil. A câmara cardíaca mais posterior é o átrio esquerdo e a mais anterior é o ventrículo
direito.
3 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

DIREITO X ESQUERDO

• Direito: ventrículo direito e tronco da pulmonar formando a região anterior


• Esquerdo: posteriormente ventrículo esquerdo e átrio esquerdo.
REPERCURSÕES QUE UMA DILATAÇÃO DO ÁTRIO ESQUERDO PODE CAUSAR NA INCIDÊNCIA EM PA

• Sinal do duplo contorno (linha vermelha maior) → massa grande de átrio esquerdo dilatado
• Carina (em preto) fica com ângulo aumentado → pois os brônquios fontes vão se horizontalizando
• Convexidade pequena vermelha também é do contorno do átrio esquerdo (auriculeta esquerda)
dilatado.
ARTÉRIA PULMONAR

• Tronco da artéria pulmonar


o Entre o botão aórtico e o ventrículo esquerdo
o Área retificada
o Pode ser convexo (principalmente em mulheres jovens)
▪ Quando convexo:
• Surgimento do “arco médio” → uma das causas é a dilatação da artéria
pulmonar
o Arco superior: botão aórtico
o Arco inferior: ventrículo esquerdo
4 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

Trace uma linha para saber se existe o “arco médio”

Dilatação do tronco da pulmonar.


5 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

Tronco e as pulmonares direita e esquerda dilatadas. De 32 a 33 mm colocamos no laudo que tem


dilatação. A pulmonar não deve ser mais dilatada que a aorta ascendente.

• Tronco da pulmonar dilatada


• Pulmonar esquerda dilatada
• Pulmonar direita dilatada
ÍNDICE CÁRDIO-TORÁCICO

• Proporção que o coração ocupa no tórax. É a proporção entre um “diâmetro transverso” da


sombra cardíaca no PA com o diâmetro transverso do tórax → estimar se tem ou não
cardiomegalia
• Raio X em PA (não dá para medir índice cardio-torácico em AP): maior diâmetro transverso do
coração comparado com o maior diâmetro transverso do tórax.
• É medido o maior eixo do coração do meio da coluna para direita e para a esquerda. Soma-se
as duas linhas, e a soma não pode ultrapassar a metade do diâmetro transverso do tórax (por
dentro dos arcos costais, não leva em conta a parede torácica). Em termos numéricos, o índice
menor que 0,5 (menor que 50%).

Linha amarela → processos espinhosos


Outras linhas → sombra torácica
Linha verde → comprimento do tórax
6 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

Não tenho sinais de cardiomegalia nesse paciente.

• Em crianças, a maioria das vezes, o exame é feito em AP, e há desproporção do tamanho do coração
e do tórax. Em crianças, é considerado normal até 0,65 (2/3 do diâmetro do tórax)

ÁREA CARDÍACA

• Aumento:
o Se a sombra cardíaca sobrepor a coluna (contorno posterior vai muito para trás), isso é um
sinal de cardiomegalia.
▪ Cardiopatias
▪ Doenças valvares
• Redução:
o DPOC grave, desnutrição grave e anorexia → reduzem coração (raro)

“CARDIOMEGALIA” APARENTE

• Falsa impressão de cardiomegalia pode ocorrer por:


o Incidência AP
o Grau de inspiração insuficiente
▪ Pessoas muito obesas, com ascite ou gravidez,
▪ Idosos (inspiram mal) e crianças
o Hipocifose dorsal retificada
▪ A cifose torácica fica retificada. Quando eu retifico a coluna torácica eu reduzo o
diâmetro ântero-posterior
7 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

o Pectus excavatum: o esterno fica posterior e joga coração para trás, que gira (diminui
diâmetro AP do tórax, fazendo girar a área cardíaca e aumentar a sombra cardíaca)
o Derrame pericárdico (vai ser branco e radiopaco, igual a sombra cardíaca, mas tende a ter
contorno simétrico dos dois lados)
GRAU DE INSPIRAÇÃO
Perceba como o grau de inspiração pode afetar a área cardíaca:

Esterno desviado posteriormente, parece uma cardiomegalia em PA, mas quando olhamos em perfil é
possível observar essa variação anatômica que aumenta a sombra cardíaca.
Exemplos de exames alterados

A área cardíaca está aumentada? Paciente está rodado para o lado que favorece a diminuição da área
cardíaca, esse paciente está no limite, se o exame fosse bem feito provavelmente estaria aumentada.
Pulmonar está dilatada (surgiu o arco médio). Paciente com estenose mitral.

• Um paciente com insuficiência cardíaca possui vasos do pulmão mais calibrosos e brancos

Cardiomegalia. Além disso ele tem as linhas de Kerling na periferia → pcte com ICC mostrando sinais
de edema pulmonar (infiltrado intersticial linear da periferia do pulmão)
8 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

Exemplos de cardiopatias congênitas alterando a área cardíaca

1 – Retorno Venoso Pulmonar Anômalo

Sinal do Boneco de Neve: retorno venoso pulmonar anômalo, que se comunica por meio de uma
comunicação interatrial, dando uma dilatação vascular, que forma a cabeça do boneco de neve.

2 – Anomalia de Ebstein

Anomalia de Ebstein: coração em caixa (especialmente no perfil). Transposição da Artéria pulmonar,


que fecha a via de saída do VD, dilatando muito o AD.
Não precisa fazer o índice Cárdio-Torácico do paciente aqui.
9 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

3 – Tetralogia de Fallot

Tetralogia de Fallot (sinal do tamanco holandês): artéria pulmonar com comunicação interventricular,
transposição da aorta. Isso causa hipertrofia do VD, em função da estenose da valva pulmonar.

DIFERENÇAS ENTRE AS DUAS CARDIOMEGALIAS

• Quando a cardiomegalia é mais avançada, todas as câmaras estão dilatadas. Mas, algumas vezes,
umas câmaras predominam sobre as outras.
• A: Hipertrofia de VD → pontuda.
• B: Hipertrofia de VE → cresce e mergulha no diafragma.
o Predomínio de VD: a ponta sobe, porque é a câmara cardíaca mais anterior. Quando ele
começa a crescer, ele esbarara no esterno e começa a girar o coração, jogando a ponta para
cima.
o Predomínio do VE: mais inferior. Quando cresce, mergulha no diafragma.
10 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

4 – Derrame pericárdico

Sinal da moringa ou da bailarina: massa (linfonodomegalia), que cresce por baixo da bifurcação
traqueal, horizontalizando os brônquios. O AE está posterior a bifurcação traqueal, então um
tumor no AE pode causar esse sinal também.
• Índice aumentado. Derrame pericárdico, NÃO POSSUI CARDIOMEGALIA NESSE CASO!
• Contorno definido e simétrico. Ultrassom ajuda a fechar o diagnóstico.

Derrame pericárdico: saco cheio de água, contorno mais simétrico e liso, que faz pensar em um
líquido ao invés de aumento de câmara cardíaca.

AORTA

• Trajeto: aorta ascendente a direita. Sobe, vai para trás e para esquerda, formando o botão
aórtico. Transforma-se em Aorta descendente, que desce em uma linha paralela à coluna.
11 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

Raio-X pouco penetrado dificulta a visualização da descendente.

• Raio X mais penetrado: atravessa mais a sombra cardíaca e visualiza melhor a aorta
• Idosos: muita calcificação da Aorta, que fica muito branca
• Ramos do Arco Aórtico: Tronco Braquiocefálico, Carótida Comum Esquerda e Subclávia Esquerda.

V. braquiocefálica esquerda e direita → Veia cava superior → dá o contorno mediastino superior do


lado direito
12 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

AORTA ASCENDENTE
Contorno da aorta ascendente não pode ser mais lateral do que o contorno direito do coração (que
é medial), ou seja, nunca deve ultrapassar o bordo cardíaco.

Linha roxa está tangenciando a ascendente e a linha laranja tangenciando o contorno cardíaco (AD).
O roxo tem que ser medial ao laranja.

• Aorta ascendente com calibre diminuído: defeito do septo atrial


• Aorta ascendente com calibre aumentado: aumento do fluxo ou da pressão na aorta (estenose
aórtica, regurgitação aórtica ou doença aterosclerótica avançada – principal causa -)

BOTÃO AÓRTICO

• Arco aórtico + aorta descendente (não ultrapassa 4 cm). Borda mais medial (divisa com traqueia)
até contorno lateral.
• É um marco radiográfico, e não anatômico
• Mede cerca de 4 cm
• Aneurisma pode dilatar essa medida. Ex.: paciente com tosse e febre faz raio X e descobre
acidentalmente que possui um aneurisma.
o Na maioria das vezes, os aneurismas são assintomáticos, exceto se romperem.
o USG de abdome em ambos os sexos em pacientes acima de 65 anos é uma
recomendação para identificação precoce de aneurismas.

Botão aórtico normal e dilatado.


13 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

AORTA DESCENDENTE

• Visualizada através da sombra cardíaca


• Pode estar dilatada e tortuosa, especialmente em idosos
• Normalmente, está paralela à coluna vertebral.

Normal.

Nesse caso a ascendente está mais lateral que a sombra cardíaca, botão aórtico gigante e a
descendente bem afastada da coluna dilatada e tortuosa. Grande aneurisma da aorta.

Imagem 1 é normal. Imagem 2 a ascendente está mais proeminente. Imagem 3 ascendente mais lateral
que o átrio e a descendente se afastou da coluna e ficou mais tortuosa.
ANEURISMA AÓRTICO:

• Dilatação da aorta maior que 150% que o diâmetro normal


• Aorta torácica
o Acima de 3,5: dilatada
o Acima de 4,5: aneurisma
14 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

• Pode ser fusiforme (dilata e volta) ou sacular (abaulamento focal, geralmente associado a infecção)

Fusiforme (primeira imagem) é o mais comum → principal causa: doença aterosclerótica.

• Indicação de correção cirúrgica:


o Ruptura
▪ O risco de ruptura é proporcional ao diâmetro:
• >5,5 cm: ascendente
• >6,5 cm: descendente
• Em relação a exames comparativos: risco de ruptura grande em casos de
crescimento maior que 1 cm por ano.
o Dissecção
o Pacientes sintomáticos (dor, compressão de outros órgãos ou insuficiência aórtica).
• Diagnóstico: exames vasculares devem ser utilizados, por meio de contraste injetado por bomba
injetora (para opacificar rapidamente estruturas calibrosas).
• Obs.: Lembrando que a RNM não é um bom exame para ver cortical óssea (por ter pouca água e
pouco próton de hidrogênio).
• Um aneurisma de aorta descendente parcialmente trombosado pode impedir a passagem do
contraste, dando aspecto de um vaso com diâmetro normal.
• Tomógrafos multidetectores permitem fazer uma varredura de toda a aorta, até as Ilíacas, mostrando
dilatações e tortuosidades. Isso ajuda no planejamento cirúrgico e para saber o tamanho da prótese.

Botão aórtico e aorta dilatados.

Descendente tortuosa e dilatada.


15 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

Qual segmento da aorta está dilatado? Ascendente!


Coluna → posterior
DISSECÇÃO AÓRTICA

• Separação das camadas da parede da artéria (íntima, média e adventícia)


• Normalmente ocorre entre a íntima e a média, criando uma nova luz. Assim, o vaso fica com uma
luz verdadeira e com uma falsa luz.
• Pode ou não ter contraste passando, depende se a falsa luz trombosou (mais propensa a trombosar,
pelo fluxo lento e turbilhonado) ou não.
• Um flap no meio da imagem do vaso no plano transversal indica dissecção (linha no meio mostra a
presença de duas cavidades). Ambas as luzes estão preenchidas por contraste nesse caso.

Ruptura, extravasamento de sangue → criação de uma nova luz na parede da aorta.


16 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

No RX vemos a dilatação, a dissecção não, deve ser vista na tomografia.


Flap intimal: ruptura e extravasamento de sangue para a nova luz (camada de íntima boiando entre a
luz falsa e verdadeira do arco aórtico)

Dissecção de aorta ascendente.

• F: flap
• T: luz verdadeira

Flap: dividindo luz verdadeira de falsa da aorta ascendente. Dissecção de aorta ascendente.
17 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

• Classificação:
o De Bakey
▪ 1: dissecção na ascendente e descendente
▪ 2: dissecção só na ascendente
▪ 3: dissecção só na descendente
o Stanford
▪ A: pegou ascendente
▪ B: não pegou ascendente (mais rara)
o A classificação muda a abordagem cirúrgica (dependendo do grau é mais emergencial
ou não) e o tipo de prótese.

RNM. Flap é sempre essa linha que divide a luz na imagem.


18 Ian Dondoni | Radiologia | Medicina Ufes

No ultrassom. Linha branca. Em tempo real, o flap bate no meio, ou seja, ele responde a pulsação
aórtica (ele se movimenta).

• Diagnóstico
o Na Aorta Abdominal, o USG permite identificar.
o No tórax, costelas e outras estruturas dificultam a visualização, a menos que seja feito
um eco trans-torácico.
o O ultrassom permite a visualização do flapping em tempo real. Pode utilizar o doppler
para visualização do fluxo (que normalmente é dirigido para a luz verdadeira).
4) NOVAS APLICAÇÕES
“TRIPLE RULE OUT”

• Paciente com dor torácica indeterminada. Devem ser feitos 3 exames (Angiotomografia torácica e
cardíaca):
o Doença coronariana → cateterismo cardíaco
o Embolia pulmonar → arteriografia até o tronco pulmonar e injetar contraste
o Aneurisma/Dissecção aórtica: arteriografia aórtica (aneurisma ou dissecção)
• Tomografia detectora com 32 canais: triplo descarte (um exame permite avaliar as 3 condições).
De forma não invasiva, usa cateter.
• Falha de enchimento pelo contraste branco pode ser por trombos na artéria pulmonar esquerda
e direita. Pode ser aplicado um filtro de perfusão pulmonar para avaliar a perfusão do
parênquima. Áreas mais escuras indicam hipoperfusão pulmonar secundária a trombos, com
sério risco de originar um infarto pulmonar.
• Imagens pós-processamento usam filtros e reconstruções específicas.
• Cine-Ressonância: feita com o órgão em movimento, para pesquisar incompetência das valvas
cardíacas, e se a área infartada não bate de maneira adequada.
• RNM tem boa sensibilidade e acurácia para identificar miocardiopatias e infartos, mas o
cateterismo ainda é muito forte entre os cardiologistas. A RNM é um exame menos invasivo, e
o contraste é menos tóxico.

Olá! Gostou do resumo? Tem muito mais no meu perfil do passei direto! Me siga e
confira outros materiais legais por lá!
Se puder, curta os meus materiais!! Obrigado :)

https://www.passeidireto.com/perfil/ian-dondoni/

Você também pode gostar