RESUMO INTRODUÇÃO
6!\
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C(x) =I
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Carvalho, E.A. & Tavares, L.M.
onde d 1 representa o tamanho da menor partícula a ser A principal desvantagem do modelo de Whiten é o
comprimida, enquanto d2 representa o tamanho acima fato de considerar a existência de apenas urna região de
do qual a partícula será seguramente fragmentada. O compressão do material no britador. Essa descrição do
valor da constante n na Equação (I) está diretamente processo corno urna "caixa preta" permite, diretarnente,
relacionada à forma da função de classificação e apenas a previsão do efeito da APF e da distribuição
descreve a probabilidade variável de partículas de granulornétrica da alimentação na operação do britador,
tamanho intermediário serem encaminhadas para a impossibilitando a previsão da iní1uência do
fragmentação. Os parâmetros d~o d2 e n são ajustados comprimento e perfil dos revestimentos, da freqüência
através de técnicas de regressão não-linear a partir de de rotações do cone, das características mecânicas da
resultados experimentais de britagem, sendo comum rocha e da taxa de alimentação, por exemplo.
assumir o valor de 2,3 para o parâmetro n [7].
Além disso, as características intrínsecas de quebra
Em geral tem sido observado que tanto d 1 quanto do material, descritas pela função de quebra, são
d 2 dependem diretamente da abertura de posição somente determinadas a partir de dados obtidos
fechada (APF) do britador, do tamanho da alimentação diretamente em equipamentos industriais, não podendo,
e características operacionais, sendo relativamente portanto, ser previstas a partir de ensaios em laboratório.
independentes das propriedades do material [6,7]. Devido a essas limitações, o modelo de Whiten não
pode ser considerado corno uma ferramenta para
No modelo de Whiten o material não fragmentado
projeto. A sua simplicidade, entretanto, faz com que o
é simplesmente descarregado para fora da câmara de
modelo de Whiten mantenha urna posição de destaque
britagem, seguindo para etapas subsequentes do
na simulação de circuitos industriais em operação.
processo de tratamento do minério.
A função de quebra, Bij, é deíinida pela fração de
partículas menores que um tamanho x;, resultante da Modelo de White n-A wachie
quebra de partículas de tamanho Xj que ocorre em cada
Com o intuito de estabelecer urna relação mais
ciclo de carregamento, sendo descrita com sucesso por
efetiva entre o consumo de energia e a fragmentação
meio da Equação 2 [7]. O parâmetro K representa a
resultante, e também permitir a estimativa da função de
proporção de produtos tinos obtidas em eventos de
quebra a partir de ensaios de laboratório sob condições
quebra simples de partículas dentro do britador. Os
controladas, Awachie [6] adaptou o modelo original de
valores dos parâmetros K, n 1 e n2 dependem
Whiten. A partir de informações sobre as características
principalmente do minério, sendo também iní1uenciado
de fragmentação do minério, da redução de tamanhos do
pelo tipo de equipamento, sendo independente das
minério pelo britador e da eficiência de utilização da
condições operacionais do britador. Whiten sugeriu os
energia relativa do britador, ele foi capaz de prever a
valore~ de 0,5 e 4,5 para n 1 e n 2 , respectivamente,
energia realmente consumida na britagern do minério.
quando for utilizado um britador cônico do tipo padrão
[7]. Para britadores cônicos de cabeça curta, valores de As características de fragmentação do minério são
0,52 e 2,48 para n 1 e n2 , têm sido sugeridos, determinadas através de ensaios de quebra de partículas
respecti varnente [7]. individuais, realizadas em um equipamento de pêndulo
duplo instrumentado [6]. Os ensaios de pêndulo duplo
,, ( ]"2 permitem estabelecer a relação entre a energia utilizada
B(x;,xj) = Bij = K
(~ ] + (1-K) ~
X
1
X
1
(2) na quebra e a distribuição granulornétrica do produto
r e sul tan te.
A distribuição granulométrica do produto é A função de quebra é, alternativamente, descrita a
determinada através de um vetor p, obtido segundo a partir do parâmetro t 10 (proporção de material passante
equação de balanço de massa (Equação 3 ). em 1/10 do tamanho original da partícula). No caso dos
britadores, o parâmetro t 10 é função do equipamento c
p =(I -C)(! -BC)-l f (3)
das condições operacionais. A relação entre esse
onde C é a matriz de classificação, B é a matriz de parâmetro e a energia de corninuição específica é
quebra, I é a matriz unitária e f é o vetor relativo à determinada empiricamente. A partir da energia prevista
distribuição granulornétrica da alimentação. pelo pêndulo e a energia consumida pelo britador
operando com câmara vazia, o modelo permite estimar a
O uso do modelo de Whiten, juntamente a alguma energia gasta pelo britador quando carregado.
das "leis" de cominuição (de Bond, Kick ou Rittinger),
permite que também seja estimada a energia consumida Embora seja capaz de oferecer urna previsão do
no processo de britagern. consumo energético na britagern e utilizar dados da
fragmentação do material determinados
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f produto
final
+ + + + + +
(s/b)
ef,1
Caract. Mat. (slb)et,2 Caract. Mat. (slb~f,N Caract. Mat.
produto
.,t produto
leito etetivo - é utilizado para determinar os valores de
B; e S;, e é calculado no centro geométrico de gravidade
para as seções de cada zona. As tronteiras são
Figura 3 - Seção vertical do britador cônico mostrando
calculadas a partir da descarga da câmara (Figura 4 ). A
o princípio de operação.
posição de descarga representa um limite perfeitamente
Nesse modelo os autores consideram que a definido (APF), enquanto a entrada é obtida através do
velocidade de rotação do excêntrico cm britadores estabelecimento das demais zonas.
industriais é significativamente maior que aquela crítica
(que corresponde à velocidade de rotação do excêntrico
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1
sef =2 rsenq>osc(1 +cosa;) MODELO EM MICROESCALA DA BRITAGEM
(8)
_ hp, -bPt 1
bef- (r-rP 1 )+bP1 +-rsenq>osc
r Pz -rPt 2 Os avanços obtidos recentemente na modelagem
matemática de britadores fazem com que hoje seja
onde p 1 e p 2 , correspondem as posições inicial e final possível dispor de descrições mecanísticas bastante
do côncavo, respectivamente. precisas do transporte das partículas ao longo da câmara
Este modelo permite demonstrar que a capacidade de britagem. Entretanto, esses modelos ainda sofrem
de um determinado britador é fortemente dependente da limitações com relação à descrição do processo de
velocidade do excêntrico [4]. A velocidade afeta tanto a quebra das partículas nas várias zonas da câmara de
capacidade total quanto a forma das curvas de britagem, sendo ainda excessivamente simplistas.
distribuição granulométrica dos produtos obtidos após a Aliado a isso está o fato que esses modelos não
fragmentação. permitem prever o consumo energético no processo, o
que é de grande importância para o projeto e operação
de britadores.
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Produto
Capacidade
Energia consumida
Dist. Granul.
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de quebra, seleção e de repartição de energia hipotéticos descrição precisa da quebra de partículas em leitos, que
e foram considerado os seguintes valores para as emprega dados de fratura de partículas individuais,
diversas variáveis: encontra-se em desenvolvimento. Resultados
preliminares mostram que o modelo é capaz de prever
- Abertura de posição fechada (APF): 20mm
adequadamente o efeito da geometria da câmara e da
-Abertura de posição aberta (APA): 38mm velocidade do excêntrico na capacidade e granulometria
do produto.
- Largura da câmara na alimentação: lOOmm
-Comprimento do manto: 450mm
AGRADECIMENTOS
-Coeficiente de atrito (!.!): 0,3
Os autores agradecem os auxílios financeiros do
- Ângulo de inclinação do cone ('ljl): 55° CNPq e da FAPERJ, que viabilizaram a realização
A Figura 7 mostra a variação do tamanho médio desse trabalho.
do produto do britador (d 50 ) e da capacidade obtidos
para simulação do britador cônico com a velocidade do
excêntrico calculados usando a metodologia ilustrada na REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Figura 6 e o modelo de transporte de Evertsson-Gaudie 1. LIMA, J .R.B - Estudo da modelagem matemática
[4]. Observa-se que o aumento na velocidade do de classificação de minérios ultrajinos - XVII
excêntrico não implica em aumento de capacidade, Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e
sendo a maior capacidade obtida para velocidade de 305 Metalurgia Extra ti v a, Águas de São Pedro, v . I,
rpm. Veritica-se um aumento demasiado do d 50 pp. 81-99, 1998.
passando aproximadamente 2,0 mm para cerca de 14
mm, quando a velocidade foi elevada de 360 rpm para 2. CONCHA, F. - Value of first principies and
415 rpm. Tal fato se deve em parte~~ redução do número phenomenological modeling in mineral processing,
de zonas de fragmentação, que passou de 9 para 3. Anais, XIX International Mineral Processing
Congress, San Francisco, v. 2, pp. 9-15 , 1995.
250,00 16,00
14,00 3. EVERTSSON, C.M.; BEARMAN, R.A.
•• 200,00 lnvestigation of interparticle breakage as applied
.<: 12,00
?..
~ 150,00 10,00 Ê to cone crushing- Miner. Eng., v . lO, pp . l99-214 ,
,"' 8,00 .§.
1997.
·~ 100,00 ,~
"'
t.l
50,ql
4. EVERTSSON, C.M - Output prediction of cone
crushers-Miner. Eng, v.! I, pp. 215-231,1998.
0,0011 1\ t I t :: I
140 165 195 217 250 305 360 415 470 525 600 700 800 5. EVERTSSON, C.M - Modelling of flow in cone
crushers- Miner. Eng, v.l2, pp. 1479-1499, 1999.
Velocidade (rpm)
6. MORREL, S.; NAPIER-MUNN; ANDERSEN , J.-
Figura 7 - Variação do d 50 do produto e da capacidade The prediction of power draw in comminution
do britador cônico simulado, para diferentes velocidades machines- Comminution- Thcory and Practice, S.
do excêntrico. L. Kawatra (Editor), Society for Mining,
Metallurgy and Exploration, INC, Littleton, USA ,
pp. 233-247, 1992.
SUMÁRIO E CONCLUSÃO
7. KING, R.P. - Simulation - the modern cost-
e.ffective way to solve crusher r:ircuil processing
problems - lnt. J. Miner. Process., v. 29, pp. 249-
Esse trabalho demonstra o avanço significativo na
265, 1992.
modelagem matemática matemática de britadores nas
últimas décadas . Embora diversas linútações das 8. LIU, J., SCHÜNERT, K . - Modelling <~l
primeiras metodologias empíricas e fenomenológicas interparticle breakage, Int. J . Miner. Process., v.
tenham sido sanadas, os modelos disponíveis 44-45,pp.101-115, 1996.
atualmente ainda não descrevem adequadamente o
9. TAVARES, L.M., KING, R.P.- Estudo de quebra
processo de quebra que ocorre dentro da câmara de
de partículas na Célula de Carga Ultra-Rápida
britagem. Um modelo, que alia a descrição do transporte
aplicados a cominuiçüo industrial- XVII Encontro
das partículas dentro da câmara de britagem (oferecida
pelos modelos mecanísticos recentes da literatura) à
Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia
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