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Handbook Transmissão

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Handbook Transmissão

Samuel Rocha

Studium Telecom
1ª Edição

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Eng. Telecomunicações Samuel Rocha, 1954-
Handbook Transmissão
ISBN 978-85-908626-0-4
Rio de Janeiro, Studium Telecom, 2007

Copyright ©2007 – Todos os direitos reservados.


Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro através de
quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.

Projeto gráfico, fotos, capa e conteúdo: S. Rocha

Studium Telecom
www.studiumtelecom.com
Caixa Postal 3454 – Rio de Janeiro – R.J. – 20010-970
Pedidos para rocha@studiumtelecom.com
ISBN 978-85-9086260-0-4

Impresso no Brasil

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Prefácio da 1° Edição

Agradeço aos amigos e colaboradores o incentivo da 1°Edição deste livro, que tem como
propósito auxiliar a Radioamadores, estudantes e Profissionais de Telecomunicações a compreen-
der os avanços através da História, os princípios básicos da radiotransmissão desde seus primór-
dios, com circuitos básicos para quem deseja construir o seu primeiro transmissor de radiação
restrita, o qual não exige licença para operação. Aprenda a realizar corretamente diversas medidas
em transmissores e como evitar interferências prejudiciais em outros Serviços de Telecomunica-
ções.

Assim, a exemplo das publicações anteriores Antenas e Propagação e Radiointerferên-


cia, o texto também é constantemente atualizado e comercializado de maneira independente para
diminuição dos custos finais de edição e distribuição ao leitor.

Todas as contribuições ao texto serão bem recebidas, em caso de alguma dúvida ou su-
gestão solicito entrar em contato diretamente com o autor através do e-mail:
rocha@studiumtelecom.com.

O conteúdo deste material representa o esforço profissional de pesquisa e experiência


de 30 anos em engenharia de telecomunicações e não pode ser copiado, duplicado ou reproduzi-
do de qualquer outra forma, sem a permissão expressa do Autor, de acordo com a Lei de Direitos
Autorais Nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Os outros livros disponíveis atualmente do autor podem ser visualizados na página


www.studiumtelecom.com e são os seguintes:

-Antenas e Propagação
-Radiointerferência- Causas e Soluções
-Ingresso no Radioamadorismo
-Tecnologia de Televisão Analógica e Digital
-Áudio Valvulado – Construção e Manutenção de Amplificadores Valvulados
-Radio Recepção
-Acústica e Sonorização

Eng. Samuel Rocha

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SUMÁRIO

1 História das Telecomunicações


2 O Invento do Padre Landell de Moura
3 Homenagem a um amigo e Radioamador Pioneiro
4 Noções sobre Modulação
4.1 Tipos de Modulação para Portadoras Senoidais
4.1.1 Modulação Angular em Frequência ou Fase - FM e PM
4.1.2 Modulação em Amplitude com banda Lateral Dupla -AM –DSB
4.1.3 Modulação em Amplitude com Portadora Suprimida - AM-DSC/SC
4.1.4 Modulação em Amplitude com banda Lateral Simples AM-SSB
4.1.5 Modulação em Amplitude com banda Lateral Vestigial AM-VSB
4.2 Outros Tipos de Modulação para Portadoras com Trem de Pulsos
4.3 Princípios de Transmissão e Classificação dos Serviços de Radiodifusão
4.3.1 Classificação dos Serviços de Radiodifusão por Frequência
4.4 Considerações sobre o Alcance de uma transmissão em HF e VHF
4.5 Diagrama de Blocos de um Transmissor FM
4.5.1 Distorção Linear em FM
4.5.2 Distorção Não - Linear em FM
4.5.3 Efeito de Limiar
4.6 Construção de um Transmissor de FM de Radiação Restrita
4.7 Fotos de Transmissores de Radiodifusão em FM
4.8 Características de um Transmissor AM
4.8.1 Tabela de Níveis das Emissões Espúrias
4.9 Diagrama de Blocos de um Transmissor em AM
4 .10 Transmissão estereofônica em AM
4.11 Classes das emissoras

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SUMÁRIO

4.12 Fotos de Transmissores de Radiodifusão AM


4.13 Construção de um Transmissor Transistorizado em AM de Baixa Potência
4.14 Acopladores de Antena
5. Cuidados Necessários na Manutenção e nas Medidas em Transmissores
5.1 Proteção contra choques elétricos
5.2 Medidas de Potência
5.2.1 Medidas de Potência PEP em Transmissores SSB
5.3 Medidas de Frequência
5.3.1 Transmissor AM
5.3.2 Transmissor FM
5.3.3 Medida da Largura de faixa Ocupada por um Transmissor em FM
5.3.4 Montando e Utilizando um Grid Dip Meter
5.3.5 Diagrama de Atenuador de 6 dB para Impedância de 50 Ohms
5.3.6 Filtro Passa-Alta para TV
5.3.7 Filtro Passa Baixa para Transmissores
5.4 Medidas de Intensidade de Campo
6. Linhas de Transmissão
6.1 Baluns
7. Casamento de Impedâncias entre o Transmissor e a Antena
7.1 A ROE e suas Conseqüências
7.2 Montagem de uma carga resistiva de 50 Ohms
8. Aterramento
8.1 Algumas Regras para o aterramento
8.2 Interferência em Aeroportos de Transmissores em FM 88 a 108 MHz
9. Licenciamento de Estações de Radiodifusão
9.1 Estudo de Viabilidade Técnica Para Estações de Radiodifusão
9.2 Serviço Limitado Privado
9.2.1 Serviço Móvel Privado
9.2.2 Serviço de Radiochamada Privado
9.2.3 Serviço de Rede Privado
9.2.4 Serviço de Rede Especializado

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SUMÁRIO

9.3 Serviço Limitado Especializado


9.3.1 Serviço Móvel Especializado
9.3.2 Serviço de Circuito Especializado
9.3.3 Serviço de Rede Especializado
9.3.4 Serviço de Rádio-Táxi Especializado
9.4 Serviço de Radiodifusão Comunitária em FM
9.5 Serviço de Radioamador
9.5.1 Faixas de Radiofrequências
9.5.2 Faixas de Radiofrequências
9.5.3 Limites de Potência para as diversas Classes
9.5.4 Certificação de Equipamentos de Radioamador
9.5.5 Exame de Radioamador
9.6 Serviço de Rádio do Cidadão
9.7 Serviço de Retransmissão de Televisão
9.8 Serviço de Internet Via Rádio
9.9 Serviço de Voz sobre IP (VoIP)
10. Outras tecnologias de Transmissão
10.1 PLC – Power Line Communications
10.2 Bloqueadores de Celular
11. Tabelas de Frequências e Tolerâncias
11.1 Tabela de Tolerâncias de Medidas para todos os Serviços de Telecomunica-
ções
11.2 Tabelas de Faixas de Frequências de Radioamadores e Ondas Curtas para a
Região II da UIT – Brasil
11.3 Frequências dos Canais do Sistema Doméstico Brasileiro de Satélite utiliza-
dos em Antena Parabólica
11.4 Tabelas de Frequências do Serviço Móvel Pessoal
12. Bibliografia e Referências

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13. Notas

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Handbook Transmissão – S. Rocha

1. HISTÓRIA DAS TELECOMUNICAÇÔES

A história das Telecomunicações remonta ao final do século XVIII, quando foram


descobertos os princípios da eletricidade necessários para a transmissão dos sinais
à distância e os grandes avanços ocorreram na segunda metade do século XX, em
conseqüência do avanço acelerado da eletrônica e da miniaturização.

Várias descobertas foram responsáveis pelo avanço e evolução das telecomunicações até
os dias de hoje, cada um dos inventores relacionados levaram a descoberta do “rádio” e
contribuíram gradualmente para o nosso progresso atual:

SAMUEL MORSE, O INVENTOR DO TELÉGRAFO

“Nascido nos U.S.A., Samuel Morse realizou uma viagem de pesquisas à


Europa, em 1832 e idealizou o telégrafo por meio do registro
eletromagnético dos seus sinais, que formam o Alfabeto Morse,
formado da combinação de sons longos e curtos, equivalentes a traços e
pontos. Seu primeiro projeto no telégrafo, utilizando a eletricidade para
enviar mensagem a longas distâncias, não foi aprovado pelos governos
francês e inglês, tendo superado dificuldades econômicas. Em 1843, o
congresso dos E.U.A concedeu-lhe uma verba par que pudesse terminar
uma linha telegráfica, entre Washington e Baltimore e que conseguiu
êxito. Essa linha foi inaugurada em 24 de maio de 1844. Depois de muita
luta, fez-se conhecer como o inventor do telégrafo.”

A simples interrupção da onda portadora constitui o modo de telegrafia, conhecido como


CW (Continuous Wave), é utilizada devido ao sigilo e alta eficiência mesmo em condições
adversas de propagação por radioamadores, inclusive as forças armadas empregaram
muito essa modalidade.

JAMES CLERK MAXWELL

Maxwell lecionava física na Universidade de Cambridge e lançou em 1873 uma teoria des-
crevendo o eletromagnetismo e as ondas eletromagnéticas, diferentes entre si pelo com-
primento de onda. Maxwell estabeleceu as principais características das vibrações das
ondas eletromagnéticas através das expressões matemáticas conhecidas como as “equa-
ções de Maxwell”.

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Handbook Transmissão – S. Rocha

HEINRICH RUDOLPH HERTZ

Hertz, físico alemão, demonstrou em 1885, a existência na prática da energia prevista por
Maxwell sob a forma de ondas eletromagnéticas. Estas ondas passaram a ser denomina-
das de “ondas hertzianas”. Hertz usou como gerador das oscilações eletromagnéticas uma
bobina de Ruhmkorff e como receptor um anel com duas bobinas separadas em 0,2 mm
entre si, confirmando experimentalmente, as previsões de Maxwell sobre as propriedades
de propagação das ondas, como reflexão, refração e polarização. Em seu laboratório,
Hertz determinou a velocidade de propagação e a comprimento das ondas eletromagnéti-
cas geradas por seu aparelho. A velocidade de propagação encontrada por Hertz foi de
300.000 km/s e a longitude de onda de 0,5 a 3 metros. Seus aparelhos representam em
forma embrionária um transmissor e um receptor de oscilações eletromagnéticas.

EDUARDO BRANLY

Branly, físico francês, foi o criador em 1890 do “Coesor”, o primeiro detector das oscila-
ções eletromagnéticas, de sensibilidade suficiente para permitir a construção dos primei-
ros receptores de ondas eletromagnéticas, de grande aplicação prática no futuro.

SIR WILLIAM CROOKES

Físico inglês que construiu o tubo de raios catódicos de dois eletrodos em 1892 e previu a
possibilidade de emprego das ondas eletromagnéticas para transmissão de sinais.

NICOLAS TESLA

Outro físico, porém iugoslavo, teve a idéia de construir em 1893 geradores rotativos que
forneciam correntes de alta frequência com grande potência, que ligados a antenas de até
50 metros de altura, transmitiam em telegrafia para grandes distâncias. Tesla criou o co-
nhecido transmissor de centelha. As bobinas inventadas e outras idéias de Tesla foram
utilizadas mais tarde por Marconi em seus transmissores.

SIR OLIVER LODGE

Físico inglês realizou suas próprias experiências com dispositivos usados para transmitir e
receber sinais a várias dezenas de metros em 1894.

ALEXANDRE POPOV

Físico russo que realizou as primeiras demonstrações públicas em 7 de maio de 1895 com
seu transmissor e receptor, utilizando o “coesor” de Branly. No ano seguinte, numa confe-
rência pública, recebeu o primeiro radiograma transmitido por seu assistente que se en-

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contrava num outro prédio da Universidade de São Petersburgo. O telegrama constava de


duas palavras: “Heinrich Hertz”.

GUGLIELMO MARCONI

No mesmo ano de 1895, na Itália, o jovem Guglielmo Marconi, de 21 anos de idade, discí-
pulo do professor de física Augusto Righi ficou conhecido no mundo científico por suas
experiências com as ondas hertzianas, aperfeiçoando os aparelhos usados por Hertz. Mar-
coni e Righi também chegaram a aplicar em suas experiências o “coesor” de Branly e os
aparelhos semelhantes usados pelo professor Popov.

Em 1896, Marconi chegou a Londres onde requereu uma patente do transmissor e recep-
tor de rádio. No ano seguinte seguiu, seguiu para Nova York onde repetiu com êxito a
mesma manobra. No ano de 1901, Marconi enviou sinais com a letra “S” da Inglaterra
para os Estados Unidos. Ainda em Londres, foi fundada com sua ativa participação, a
Companhia Marconi, com o fim de explorar comercialmente todas as patentes. A referida
empresa, sendo uma organização exclusivamente comercial, fundada com fins lucrativos,
possibilitou um rápido aproveitamento do novo sistema, popularizando e divulgando o
interesse pelas radiocomunicações. Neste sentido, não deve ser negado o mérito a Mar-
coni pelas suas pesquisas e desenvolvimento na engenharia, sua visão e oportunismo co-
mercial que lhe garantiu sucesso e fama. Em 1943, a Suprema Corte dos U.S.A. após gran-
de disputa, deu ganho de causa a Nikola Tesla sobre patentes do rádio devido as suas des-
crições nas patentes anteriores.

ALEXANDER GRAHAM BELL

O protótipo do microfone de Bell

Graham Bell era professor de surdos-mudos, estudava a fisiologia do ouvido e procurava a


maneira de tornar as ondas sonoras visíveis. Por acaso e ele colocou uma bobina em volta
de uma barra magnetizada, envolvida em uma membrana. De acordo com seu relato, le-
vou bastante tempo até aperfeiçoar o microfone em forma de funil e a membrana recep-
tora para melhorar a qualidade na percepção da voz humana. Como um grande empreen-

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dedor e visionário da praticidade do seu invento, Graham Bell se destacou,criando o pri-


meiro protótipo do telefone, aos 29 anos.

Em 14 de fevereiro de 1876, ele ingressou com o pedido de patente de seu invento no


escritório de patentes, o Patent Office, duas horas antes de outro inventor, Elias Gray,
patentear o seu. Os historiadores costumam dizer que Gray perdeu a chance de obter o
título de inventor do telefone porque lhe faltou a sorte e não pode contar com um proje-
tista talentoso como Thomas Watson que trabalhou juntamente com Bell no desenvolvi-
mento do protótipo do primeiro telefone.

Na exposição do Centenário da Independência dos Estados Unidos, na Filadélfia, ocorrida


em 25 de junho de 1876, Graham Bell demonstrou, pela primeira vez em público, que seu
invento falava. O imperador D. Pedro II, único monarca convidado para aquela festa, inau-
gurou a nova invenção, o telefone. A uma distância de 150 metros, ele ouviu Graham Bell
declamar o famoso verso de Shakespeare: “To be or not to be...” e com o fone no ouvido
ele respondeu maravilhado: “My God, it talks!”. Segundo os registros históricos, o impe-
rador do Brasil era um humanista muito interessado pela tecnologia de seu tempo. A ele é
atribuída a credibilidade ao invento de Graham Bell. Também se deve a ele um período de
intenso desenvolvimento no Brasil, que foi um dos primeiros países do mundo a inaugurar
e desfrutar do invento de Bell em 1877. Os primeiros telefones começaram a funcionar no
Rio de Janeiro em 1979.

O MARECHAL DESBRAVADOR, RONDON

Em 1852 aconteceu a implantação do primeiro sistema de


telégrafo no Brasil. Dois anos mais tarde, o imperador na Quinta
da Boa Vista já podia se comunicar diretamente com o Ministério
da Guerra. Em 1889, Cândido Mariano da Silva tornou-se chefe
do distrito telegráfico de Mato Grosso e participou na construção
das linhas telegráficas de Cuiabá. Nos próximos seis anos, dirigiu
a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e
Corumbá, alcançando as fronteiras do Paraguai e da Bolívia. Sua
obra mais importante, a linha telegráfica de Cuiabá a Santo
Antonio do Madeira, começou a ser construída logo em seguida,
em 1907. A comissão de Rondon foi a primeira a alcançar a
região amazônica, na mesma época em que era construída a
ferrovia Madeira-Mamoré. As duas obras ajudaram a ocupar a
região do atual estado de Rondônia, que recebeu esse nome, em
1956, em homenagem ao marechal desbravador. Em
homenagem ao marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, o
dia 5 de maio passou a ser comemorado como o Dia das
Comunicações.

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2. O INVENTO DO PADRE LANDELL DE MOURA

Em 3 de junho de 1900 o cientista e Padre Landell de Moura realizou uma bem sucedida
experiência de transmitir a voz humana, a uma distância de cerca de 8 km, em São Paulo,
através da modulação de um feixe luminoso na presença da imprensa. Esses inventos fo-
ram patenteados na época, porém Landell posteriormente foi convencido pela Igreja a
não continuar com seus experimentos. É creditada a Marconi em 1895 a comunicação
através do emprego da telegrafia utilizando o Código Morse, mas não a fonia, como Lan-
dell realizou anteriormente com êxito, por isso é considerado pelos Radioamadores o Pa-
trono das Telecomunicações.

Aparelho destinado à transmissão fonética à distância, com fio e sem fio através do espaço, da terra e do
elemento aquoso

Esquema do genial invento de Landell de Moura

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2. HOMENAGEM A UM AMIGO E RADIOAMADOR PIONEIRO

Para quem está acostumado a Internet, Telefonia Celular e TV a Cabo e não acompanhou
o início das primeiras transmissões comerciais, incluo como ilustração uma história inte-
ressante de um grande amigo meu, já falecido, Elias do Amaral, um dos primeiros radioa-
madores brasileiros, que operou como BZ 1 IV,BZ 1 IC, PY1 MS e posteriormente PY1 AEB,
um verdadeiro radioamador pioneiro.

“Elias do Amaral Souza nasceu em 28 de junho de 1910 e começou a se interessar por ele-
tricidade desde pequeno. Aos cinco ou seis anos já fazia ligações de lâmpadas e pilhas
secas. Suas primeiras experiências com rádio foram com 11 anos apenas.Nesse ano, cur-
sava o Ginásio Anglo Brasileiro, onde o apertado regime de segunda a sábado proporcio-
nava folgas somente aos domingos, caso as notas não fossem inferiores a oito. Esse casa-
rão ficava onde hoje é o Hotel Sheraton, em Copacabana. Nas aulas de Física, Elias repara-
va que o professor sempre pedia aos alunos folhas de estanho. O material da doação era
destinado à fabricação de capacitores, segundo foi descoberto mais tarde.

Um dia, olhando para a direção da praia, Elias divisou um fio sobre o refeitório separado
por dois isoladores com um fio de descida. Estranhando a ausência do outro condutor de
energia, tomou coragem e perguntou ao professor de Física o que significava aquilo. O
mestre explicou-lhe que se tratava simplesmente de uma antena preparada para receber
os sinais de um transmissor que seria instalado no Corcovado para irradiar programas du-
rante a grande exposição do Centenário da Independência. Explicando-lhe sucintamente o
mágico processo, o professor convidou-o para ouvir o rádio galena no Laboratório de Físi-
ca. Após descobrir o ponto na pedra de galena detetora, passou-lhe os fones, e o menino
Elias, deslumbrado, ouviu pela primeira vez aquele encantador som, que atravessava o
espaço, penetrava em um simples pedaço de fio levando música sem nenhuma bateria ou
energia para funcionar!

Conversando com o pai na sua casa em Petrópolis, ele ganhou um livro prático em francês
chamado “Construa você mesmo um receptor de Telegrafia sem Fio”, do Abade Th. More-
aux. Elias devorou o didático livro que continha esquemas de galena, receptores desde
uma até quatro válvulas e resolveu montar o seu próprio galena, adquirindo o detetor
pronto e confeccionando a bobina conforme as instruções do livro. Mas, seu rádio nada

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captou, pois a estação montada por americanos no Corcovado possuía apenas 500 Watts
e não podia ser recebida por um rádio galena em Petrópolis!

Em São Paulo já existia a Rádio Cultura, mas logo depois, a Repartição Geral dos Correios,
instalou no Rio um transmissor da Western Electric com uma antena com cerca de 500
metros localizado entre o morro da Urca e o morro em frente, com o fio descendo verti-
calmente na direção da estação dos bondinhos, onde ficava o transmissor. Essa estação,
com prefixo SPC, cheia de estática e ruído, foi finalmente, recebida em Petrópolis por Eli-
as!

A estação de rádio montada no Pavilhão da Exposição em 1922 por Henrique Mourize e


outros pioneiros, com apenas 10 Watts, também não era recebida em Petrópolis.Em 1923,
Elias retorna a Petrópolis, para estudar no Instituto Lafayette. Lá, encontra José Luís No-
vaes, futuro médico oftalmologista. Esse amigo o acompanhou nas diversas montagens
dos rádios galena até que conheceram o Maia Monteiro, futuro PY 1 CK, que montava e
vendia esses rádios por 100.000 réis!

Um trem parte de Petrópolis às seis e dez da manhã. Nele encontramos um jovem de de-
zesseis anos com mais de 100000 réis no bolso com a permissão de comprar uma válvula
para o seu primeiro rádio. Às 7h50 chega ao Rio. Após as aulas preparatórias para o exame
vestibular da Politécnica, Elias adquire a tão desejada UV-199 com cálculos complexos de
descontos de 30 mais 5 por cento sobre cento e trinta e cinco mil reis, segundo o vende-
dor Oliveira, dando o valor de 89775 réis. Nesse mesmo dia, à noite vamos encontrar Elias
ouvindo a SPE, através do Regenerativo Tuska. Elias explicou-me que o segredo desse rá-
dio era a válvula pequena UV-199, que consumia 1,5 Volt e apenas 0,06 Ampere para o
filamento e 22,5 Volt para a alimentação de placa. O rádio utilizava uma bobina fixa e ou-
tra bobina interna (tickler) e conseguia receber a rádio SPE, que transmitia de 4 horas da
tarde até 9 horas da noite e a do Corcovado, que transmitiu somente durante a exposição
de 1922. Essa escuta diária sacrificava bastante os ouvidos, pois a estática em Petrópolis
era grande. A técnica na época recomendava empregar uma antena mais comprida possí-
vel e como o terreno na Rua Alberto Torres permitia, Elias tinha mais de 100 metros de
antena!

Para testar um rádio galena sem a presença das estações, seu amigo José Luis Novaes des-
cobriu um método singular! Colocava areia nos trilhos do bonde, que passava em frente
ao seu QTH na Rua Piabanha e quando se ouvia o ruído provocado pelo mau contato das
rodas no trilho era porque o detector do galena estava no ponto exato! Após o Ginásio
Pinto Ferreira de Petrópolis, já com dezesseis anos e Elias cursa o exame preparatório pa-
ra a Escola Politécnica. Sucessivos circuitos de rádio Neutrodino, Autodino e Superhete-
rodino foram experimentados pelo Elias, melhorando sempre sua estação.

E agora, o próximo passo seria a montagem de um transmissor, sugerido pelo Novaes.


Mas isso era proibido e a transmissão seria clandestina! Os prefixos escolhidos foram BZ 1
IX (Novaes) e BZ 1 IV (Elias). Os primeiros amadores do estado do Rio de janeiro foram o

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Handbook Transmissão – S. Rocha

Álvaro Freire, BZ1 IB, de Niterói, Humberto, BZ1 IA, em Nilópolis,BZ1 ID o Novaes e BZ1 IC,
o próprio Elias.Mais tarde, depois de uma Convenção Internacional em 1928 nos U.S.A., o
prefixo do Brasil passou a SB (S de South America e B de Brazil).A licença para estação de
radioamador custava 200000 réis por ano.

As férias de Elias eram passadas em São Paulo com seus primos, dentre eles o 2 AY, Samu-
el Toledo, que o acompanhava na visita ao 2AU, e o 2AR, Arthur Reis, que tinha uma esta-
ção bem simples de CW, única modalidade utilizada na época.Seu primeiro transmissor,
recorda Elias, foi montado em 1927, sobre uma armação de madeira, segundo o equipa-
mento do 2 AR, Arthur Reis, e utilizava uma válvula UX-210 em um circuito auto-oscilante,
com saída de 7,5 Watts, alimentado pela rede de 127 VCA diretamente na placa, sem reti-
ficador nem filtro, provocando um ronco que lembrava o avião italiano Caprone da época.
O Novaes usava um receptor com circuito Reinartz e um transmissor com uma válvula UX-
210 com 500 Volts com uma corrente de 400 mA, com 80 Watts na faixa de 35 metros. O
ondâmetro de absorção era usado para verificar a frequência transmitida.

Elias gentilmente me presenteou com uma válvula UV-201A e a bobina utilizada em seu
primeiro transmissor. O fio de cobre utilizado é chato, diferente dos usuais. Naquele tem-
po os transformadores inter-etapa casadores de impedância dos receptores queimavam
com frequência devido à oxidação, pois o fio utilizado era muito fino (#40 a
#45),obrigando a trocar a cada 6 meses. Os fones eram “aproveitados” da Light, mas a
impedância era muito baixa, cerca de 200 ohms.

Em 1924, Elias já possuía uma permissão para fazer e instalar uma antena para fins recrea-
tivos na rua Ypiranga 1152, Petrópolis. A sua primeira licença de radioamador constava a
faixa de 33 a 36 metros, potência do transmissor declarada de 7,5 W, utilizando um osci-
lador Hartley indutivo, licença pela qual Elias pagou os anos de 1927 e 1928. Posterior-
mente, em 1937, substituíram seu prefixo para PY 1 MS e mais tarde para PY 1 AEB, que
permaneceu por toda a sua vida de radioamador.”

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Handbook Transmissão – S. Rocha

4. NOÇÕES SOBRE MODULAÇÃO

Como a transmissão de um sinal elétrico em baixas frequências sofreria grande atenuação


e exigiria grandes antenas, utilizamos o sinal de frequência mais baixa para modular uma
onda de frequência mais alta, denominada de onda portadora, a qual serve de transporte
para a informação e dados desejados.

Portadora e(t)= Eo. cos wo.t sendo wo.= 2Π f0

Sinal Modulante= em(t)= Em.cos wm . t

4.1 Tipos de modulação para portadoras senoidais

4.1.1 Modulação angular em frequência ou fase - FM e PM

Em 1933, Edward Armstrong, o precursor da alta-fidelidade, inventou a modulação em


frequência após ter idealizado os circuitos superheterodino e super-regenerador. Mas a
industria da radiodifusão não se interessou na época pela FM porque estava envolvida
com o progresso da televisão. Desanimado e vendo suas patentes e trabalhos copiados
pela indústria, Armstrong suicidou-se. A vantagem da FM é a maior imunidade à ruídos, já
que o ruído é geralmente modulado em amplitude.

 Vejamos agora a forma geral de um sinal gerado em FM:

em(t) = E0 cos (w0t+β sem wmt)

onde β representa o índice de modulação, que define a FM faixa estreita ou faixa larga,
que determina a largura do canal ocupado.

Ao modular uma onda em frequência (FM), provocamos variações na sua fase, assim co-
mo ao modular uma onda em fase (PM) causamos respectivas variações na sua frequên-
cia.

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Handbook Transmissão – S. Rocha

Índice de modulação = Desvio da portadora em FM/Frequência de áudio máxima que


produz esse desvio

Exemplo: Para um desvio máximo de ± 15 kHz e uma frequência de modulação máxima de 3 kHz, o
índice de modulação será de 15/3=5

A Radiodifusão Sonora em FM emprega um transmissor com potência constante na


faixa compreendida entre 87,5 a 108,0 MHz . A modulação do programa de áudio produz
desvios ou excursões de frequência da referida portadora para cima ou para baixo do seu
valor nominal ou valor central, o valor deste desvio é igual à frequência do sinal de áudio.
A largura do canal autorizado para o sinal FM faixa larga para 100% de modulação é de
150 kHz, sendo 75 kHz para cima e 75 kHz para baixo da frequência nominal. A modulação
de FM transmite, praticamente, quase toda a faixa de frequências do espectro audível,
respeitando a dinâmica sonora, nominalmente de 50 Hz a 15 kHz.

4.1.2 Modulação em amplitude com banda lateral dupla - AM – DSB

Na modulação por amplitude os sinais são modulados por uma variação da ampli-
tude na onda portadora, porém a frequência da portadora é constante e sua tolerância é
de no máximo ± 10 Hz.
As emissões em AM não ultrapassam a faixa de 5 kHz, limitando assim, a fidelidade
e reprodução de música. Os transmissores utilizados nas Estações de Radiodifusão em
Onda Médias possuem baixa eficiência devido ao desperdício da energia empregada na
portadora onde a emissão ocupa uma faixa de 10 kHz. Os principais fatores de degradação
de uma portadora modulada são aqueles que alteram sua amplitude de forma indesejável
tal como o ruído térmico ou a distorção não-linear. Como a modulação em amplitude está
diretamente relacionada com a amplitude do sinal modulado, tanto o ruído térmico como
a distorção não-linear são fatores que influenciam negativamente na qualidade do sinal
demodulado.

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Handbook Transmissão – S. Rocha

4.1.3 Modulação em amplitude com portadora suprimida - AM-DSC/SC

Apresenta características semelhantes ao AM-DSB, porém com a economia da su-


pressão da portadora. Ocupa uma faixa de 10 kHz.

4.1.4 Modulação em amplitude com banda lateral simples AM-SSB

Muito utilizada por radioamadores em contatos à longa distância (DX), esta modali-
dade de transmissão possui maior eficiência e economia de ocupação do canal, pois a
informação ocupa apenas uma das bandas adjacentes à portadora, que também é su-
primida. Sob condições adversas de propagação, uma transmissão em SSB transmite
com maiores condições que o AM-DSB ou FM a informação desejada. A portadora só
aparece quando tem informação de áudio presente. A faixa lateral inferior é denomi-
nada LSB e a superior USB, ocupando uma faixa do espectro de apenas 3 a 4 kHz.Como
o ruído presente na recepção é proporcional a banda ocupada do sinal, o AM-SSB tem
metade do ruído presente em relação ao AM-DSB. Os processadores de áudio (speech
processor) são eficientes em SSB, pois aumentam o nível médio da modulação e, con-
sequentemente, a potência de saída de RF. Os receptores são complexos e os trans-
missores com circuitos simples, observe a economia do espectro e a eficiência na utili-
zação de apenas umas das bandas laterais. No exemplo a seguir, é mostrado um es-
pectro de um transmissor em 1 MHz, modulado com um tom senoidal fixo em 1 kHz
na faixa lateral inferior (LSB).

21
Handbook Transmissão – S. Rocha

4.1.5 Modulação em amplitude com banda lateral vestigial AM-VSB

Empregada, inicialmente para baratear os custos do sistema AM-SSB, utiliza um fil-


tro com atenuação menor e gradual em função da frequência. Utilizada na modulação
do sinal de vídeo em transmissores de TV.

4.2 Outros tipos de modulação para portadoras com trem de pulsos

PAM – Modulação pela Amplitude dos Pulsos


PWM- Modulação por Largura dos Pulsos
PPM – Modulação pela Posição dos Pulsos
PCM – Modulação pela Codificação dos Pulsos

4.3 Princípios de transmissão e classificação dos serviços de radiodifusão

As comunicações em alta capacidade são normalmente realizadas através de um meio


físico ou do espaço livre. A escolha entre o meio guiado e não guiado depende de fatores
econômicos e de segurança. Para pequenas distâncias a comunicação via cabo é mais e-
conômica. Quando a distância aumenta o custo por quilômetro por canal cresce para o
cabo até que se iguale a um sistema equivalente via rádio. As condições geográficas e de
instalação são também importantes nessa escolha. Em uma grande cidade a ligação entre
dois pontos às vezes é mais econômica e de operação mais fácil via rádio. Entretanto, se
existem obstáculos para a propagação das ondas de rádio o cabo é a opção preferida.

Na análise dos serviços de radiodifusão é interessante que se apresente, inicialmente, a


classificação dos mesmos quanto à faixa de frequências. A Tabela l mostra essa classifica-
ção de acordo com o Regulamento dos Serviços de Radiodifusão (RSR), do Ministério das
Comunicações.

22
Handbook Transmissão – S. Rocha

4.3.1 Tabela l - Classificação dos serviços de radiodifusão por frequência

Faixa de Frequên- Banda de Fre- Ondas Classificação


cias MHz quências
535 a 1,605 Média - HF Hectométrica Onda Média

2,300 a 2,490 Média - HF Hectométrica Onda Tropical


3,200 a 3,400 Alta - HF Decamétrica Onda Tropical

4,750 a 4,995 Alta - HF Decamétrica Onda Tropical

5,005 a 5,060 Alta - HF Decamétrica Onda Tropical

5,950 a 21,750 Alta - HF Decamétrica Onda Curta

30 a 300 Muito Alta - VHF Métrica Onda Muito Curta


300 a 3000 Ultra Alta - UHF Decimétrica Onda Ultra Curta

A faixa de ondas médias (MF) é utilizada nas emissões locais, em ondas terrestres. Ela
está presente na maioria dos receptores portáteis de AM. A faixa de ondas curtas (HF) é
ocupada com vários tipos de serviços. Como ela é extensa, muitos receptores normal-
mente a dividem no mínimo em duas: SW-l e SW-2 (SW = Short Wave.= onda curta). As
ondas curtas se utilizam a onda celeste e são empregadas nas emissões de alcance mun-
dial. A faixa de VHF, de 88 a 108 MHz, ficou reservada para emissoras de radiodifusão em
FM.

4.4 Considerações sobre o alcance de uma transmissão em HF e VHF

Os sistemas rádio em HF utilizam a propagação por refração ionosférica, normalmen-


te designado como reflexão ionosférica, apresentando baixa capacidade (tipicamente até
6 canais de voz), o que permite somente transmissão adicional (além de sinais de voz) de
telegrafia, fac-símile e telefoto. Esses sistemas de comunicação a longa distância são de
baixa capacidade e sujeitos aos problemas de propagação das ondas ionosféricas.

Os transmissores operam com potências na faixa de 1 kW a 30 kW, usando em geral está-


gios de saída valvulados. Para o serviço de radiodifusão podem atingir potências bem mais
elevadas como 50 kW, 100 kW ou mais.

Os valores de potência e de campo elétrico costumam ser dados em dB(decibel), pois a


resposta dos receptores é sensível ao logaritmo da grandeza física, como o dB é uma uni-
dade grande utilizamos seus submúltiplos, como o dBm:
A Potência em dBm (Potência relativa a 1 mW ) é dada por:

P (dBm) = 10 . log10 ( P (mW) / 1mW) = 10 . log10 (P(W)) + 30

23
Handbook Transmissão – S. Rocha

Campo elétrico em dBmV/m (Campo relativo a 1 mV /m ):

E (dBµV) = 20 . log10 (E(µV/m) / 1 µV/m) = 20 . log10 (E(V/m)) + 120

A conversão entre potência em dBm e tensão elétrica em dBmV, para um instrumen-


to como o analisador de espectro com impedância de 50 ohms é dada por:

E (dBµV) = P (dBm) + 107

Os sistemas em HF foram os primeiros a serem operados, dando lugar atualmente aos


de maior capacidade e confiabilidade. Dada a possibilidade de alcance mundial, não usam
repetidoras. Eles têm várias aplicações, destacando-se a radiodifusão local e distante, ser-
viços de interligação terra-navio (estações costeiras), comunicações de rede militar e liga-
ções de baixa capacidade a longa distância em geral como fazendas e na região Amazôni-
ca.
À medida que a frequência cresce (VHF) a propagação das ondas de rádio se proces-
sam em linha reta (a menos do fenômeno de refração). As ondas podem ser focalizadas
por antenas e refletores convenientes, difratadas por obstáculos ou difratores artificiais,
refletidas etc.
Os sistemas rádio em VHF e UHF operam com propagação em visibilidade, pois
nessas faixas de frequências as antenas já permitem focalizar as ondas, de modo a mini-
mizar a influência do terreno na energia propagada. Também utiliza o fenômeno da di-
fração, estabelecendo-se ligações mesmo onde existem obstruções na linha de visada.
Esses sistemas são em geral de média capacidade, tipicamente até 60 canais de voz. Eles
são normalmente utilizados para comunicações a média distância, envolvendo poucas
repetidoras (de 2 a 4). Apresentam confiabilidade elevada em relação aos sistemas de
HF, sendo de mais fácil operação, mas conforme citado possuem menor alcance. Como
exemplo de aplicação dos sistemas VHF e UHF pode-se citar: as redes estaduais de tele-
comunicações, os sistemas particulares de empresas (de energia elétrica, ferroviárias
etc), os sistemas de transmissão de TV (difusão em VHF e retransmissão na faixa superior
de UHF), os serviços de segurança pública (polícia, bombeiros), os sistemas de telefonia
móvel e as estações costeiras (VHF) para comunicações de aproximação de navios no
porto.
Uma distinção que se pode fazer entre os diversos sistemas via rádio é com rela-
ção às antenas dos transmissores. No caso AM, em ondas médias, a intenção é abranger
o máximo de área permitida pela potência do transmissor. A propagação do sinal emitido
ocorre através da onda terrestre e, para isto, se utiliza uma torre metálica como mono-
polo vertical. Em ondas curtas, o objetivo é atingir longas distâncias intercontinentais,
usando a onda celeste. Assim sendo, as antenas devem ser apontadas, na direção dese-
jada, com um determinado ângulo em relação ao horizonte.
Este ângulo muitas vezes é referido como "ângulo de tiro". Se o ângulo de tiro é
baixo, o raio emitido sai tangente a Terra e se reflete mais adiante na ionosfera, atingindo
maiores distâncias. Se este ângulo é grande, o tiro sai mais verticalmente, a reflexão é
mais próxima e a distância atingida é menor. As áreas atingidas pelos vários pulos da on-
da celeste dependem, também, da potência da emissora e das condições de propagação.

24
Handbook Transmissão – S. Rocha

Para concentrar a energia da onda na direção desejada são usadas antenas com
dipolos horizontais, acrescidos de elementos diretores e refletores e não mais um simples
monopolo. Podem ser construídos de fios, estendidos entre altos postes ou finas torres e
isolados deles. No caso da antena dipolo, o condutor irradiante é interrompido no meio,
para ser ligado à linha de transmissão, a qual conduz a energia de radiofrequência do
transmissor. O seu comprimento de um dipolo é dimensionado em função da frequência
de transmissão. Imagine que a frequência da emissora seja de 20 MHz. Como λ = v/f, te-
mos 300 / 20 = 15 m. Se o dipolo for do tipo um λ, o comprimento total é de 15 m. Se for
do tipo λ/2, o comprimento será de 7,5 m. Com a correta orientação deste dipolo, na
transmissão distante, pode-se receber, por exemplo, programações das estações em on-
da curta da Europa, da China ou de qualquer parte do mundo.

A energia que vai do transmissor à antena caminha sobre uma linha de transmis-
são. Geralmente, na base das torres ou dipolos se coloca uma caixa de sintonia, que aco-
plam a RF evitando reflexões desta energia. Elas fazem com que a energia seja transferi-
da, realizando um casamento entre a linha de transmissão e a antena. A programação das
emissoras de radiodifusão é feita nos estúdios. Sob o aspecto da transmissão, no estúdio
se encontram os ambientes dos locutores com microfones, cujos sinais seguem para uma
mesa de som. Nesta mesa os sinais são equalizados e podem ser misturados com sinais
de música ou outras fontes. O estúdio também pode receber sinais de reportagens exter-
nas que chegam via rádio (link) ou linha telefônica privada, como no caso de eventos es-
portivos, ou via sistemas de telecomunicações interurbanos ou internacionais.

4.5 Diagrama de blocos de um transmissor FM

Além dos transmissores de radiodifusão FM, o processo semelhante de modulação é


também utilizado em transmissores na faixa de SHF (micro-ondas) e em outros serviços de
telecomunicações. O princípio básico é mostrado a seguir para um transmissor de FM mo-
no.

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Handbook Transmissão – S. Rocha

Diagrama de blocos de Transmissor FM Estéreo

O modulador envolve os circuitos de amplificador de áudio e limitador, atuando


para que o desvio de modulação máximo não ultrapasse o valor legal. Para as faixas de
VHF e UHF – Serviço Limitado privado e Radioamador é utilizada a faixa estreita de 5 kHz e
a modulação em faixa larga de 75 kHz é empregada na faixa de Radiodifusão de FM.

Para estações de radiodifusão sonora em frequência modulada, um desvio de frequência


de +/- 75 kHz é definido como 100% de modulação. A técnica de pré-ênfase é utilizada no
modulador de FM para reforçar as frequências de áudio mais altas (agudos) enquanto a
curva inversa de-ênfase é utilizada na recepção de sinais modulados em frequência para
diminuir o efeito do ruído ( processo semelhante na gravação de discos de vinil). A percen-
tagem de modulação é a relação entre o desvio de frequência e o desvio de frequência
definido como 100% de modulação, expresso em %.

4.5.1 Distorção linear em FM

A distorção linear presente no módulo das funções de transferência dos circuitos que
compõem tanto o modulador como o demodulador FM não é significativa, visto que o
sinal FM não contém informação em sua amplitude, entretanto, a distorção linear presen-
te na fase das funções de transferência pode alterar o sinal demodulado. A análise mate-
mática deste tipo de distorção é muito complicada para que se tenham resultados de sim-
ples aplicação prática. Desta forma, resta como alternativa a análise qualitativa, ou seja,
quanto menor a distorção linear na fase da função de transferência, menos distorcido será
o sinal demodulado.

26
Handbook Transmissão – S. Rocha

4.5.2 Distorção não-linear

A modulação FM é imune à distorção não-linear, uma vez que é utilizado limitador e de-
tetor de fase para a demodulação. Esta característica permite o máximo aproveitamento
do amplificador de potência do modulador, o qual não é necessariamente um amplifica-
dor linear.

4.5.3 Efeito de limiar

Quando a potência do sinal recebido pelo demodulador FM é demasiadamente baixa, o


limitador ou o detector de fase não consegue mais manter constante a amplitude do sinal
recebido. Como o sinal demodulado é função da amplitude do sinal FM recebido, será
gerada uma distorção a ponto de anular completamente a inteligibilidade do sinal demo-
dulado.

4.6 Construção de um oscilador a cristal com 2 transistores

O circuito simples a seguir opera na faixa de frequências de 12 a 20 MHz, com capacitân-


cia de carga no cristal de 20 pF.

4.6.1 Construção de um transmissor de FM de radiação restrita com um transistor

O circuito do transmissor a seguir funcionará automaticamente quando o telefone


for retirado do gancho, pois fluirá corrente no resistor em série com a linha telefônica.
Este transmissor pode ser empregado para escuta telefônica a curta distância.

27
Handbook Transmissão – S. Rocha

Simples e com ótima performance, projeto de TX para ligação na linha telefônica em experiências.

Dados da bobina para a faixa de 88 a 108 MHz:

5 a 6 espiras de fio #20 AWG enroladas sobre núcleo de ar de ¼”(6,1mm), espaçadas de


½” (12,5 mm); deverá ser verificada a ressonância da mesma com um trimmer de 10 pF
em paralelo com a bobina para a frequência desejada.
Colocar um varistor após a ponte de diodos para proteção do transistor contra transien-
tes. Empregar resistores de ¼ W, capacitores de disco de ceramica e transistor BF-495.

4.6.2 Construção de um transmissor de FM de radiação restrita com dois transistores

28
Handbook Transmissão – S. Rocha

Dados de L1 e L2: 9,5 espiras com fio de


diâmetro de 1 mm, enrolados sobre uma
forma de 3 mm de diâmetro,comprimento
total de 11 mm

Amplificador de Microfone e de Entrada de Linha

Esse transmissor não requer licença devido a sua baixa potência (inferior a 100 mW)

4.6.2 Transmissor de FM com 3 transistores

29
Handbook Transmissão – S. Rocha

Transmissor de FM com potência de saída de 80 mW, de radiação restrita, alcance de cerca de 100 metros
dependendo das condições do terreno

Modulador Estéreo

A parte de radiofrequência (RF) consiste em um oscilador alimentado por uma tensão es-
tabilizada e um estágio separador. A frequência de saída (88-108 MHz) é ajustada pelo
capacitor C1. O varicap BA138 é responsável pela modulação em FM e o ajuste por C8.

30
Handbook Transmissão – S. Rocha

Especificações:
Voltagem: 9 a 12 VDC, consumo de corrente: 8 mA

Indutores:
L1: 3 voltas, núcleo de ar com diâmetro 5mm, fio de diâmetro de 1mm cobre com uma
derivação a partir de um comprimento de 12 mm, medido do terminal do terra.
L2: 2 voltas, núcleo de ar com diâmetro 5mm, fio de diâmetro de 1.5mm
RFC1-3: 5 voltas, ferroxcube de 6 furos, fio de cobre fino.

4.7 Fotos de transmissores de radiodifusão em FM

Rack de 19” com Excitador

4.8 Características de um transmissor AM

Os sinais emitidos devem ser modulados em amplitude, com ambas as faixas late-
rais e a portadora. Eles devem ser mantidos com índice de modulação o mais elevado
possível, sem, contudo, ultrapassar o valor de 1 nos picos negativos e de 1,25 nos picos
positivos. Em qualquer condição de funcionamento da emissora, os picos positivos cuja
repetição é freqüente (acima de 15 por minuto) deverão ter um valor percentual de, pelo
menos, 85%.

31
Handbook Transmissão – S. Rocha

A variação de frequência da portadora não deve ultrapassar o valor de +/- 10 Hz,


sob quaisquer condições de funcionamento da emissora. O nível de zumbido e de ruídos
espúrios da portadora, na faixa de frequências de 30 a 20.000 Hz deve estar, no mínimo,
45 dB abaixo do nível de um sinal senoidal de 400 Hz que module a portadora em 95%.
Para qualquer índice e frequência de modulação, as emissões espúrias devem ser atenu-
adas, no mínimo, aos níveis relacionados na Tabela abaixo.

4.8.1 Tabela de níveis das emissões espúrias

Afastamento da frequência do espúrio e Nível máximo em relação ao nível da portadora sem


da portadora (kHz) modulação (dB)
De 10,2 a 20 -25
Maior que 20 até 30, inclusive -35
Maior que 30 até 60, inclusive -( 5+ 1 dB/kHz)
Maior que 60 até 75 inclusive -65
Maior que 75 -[73 + P (dBk)], para potências até 5,0 kW, inclusive
Maior que 75 - 80 para potências maiores que 5,0 kW

4.9 Diagrama de blocos de um transmissor em AM

Diagrama de Blocos de um Transmissor AM Cristal Oscilador tipo HC-6U

4.10 Transmissão estereofônica em AM

Para emissão estereofônica em AM, devem ser observados os seguintes itens:

a) a onda transmitida pelo sistema estereofônico deve atender aos limites estabelecidos
na
Tabela 4.8.1.
b) o sistema de transmissão estereofônico é de Modulação em Amplitude, em Quadratura
Compatível (C-QUAM);

32
Handbook Transmissão – S. Rocha

c) o canal principal (soma do sinal esquerdo com o sinal direito), L + R deve modular a por-
tadora em amplitude. Sob todas as condições de modulação em amplitude, no sistema
estereofônico, o índice de modulação em amplitude não deve exceder o valor de 1 nos
picos negativos;
d) somente o sinal esquerdo (ou somente o sinal direito), separadamente, sob todas as
condições de modulação, no sistema estereofônico, não deve exceder o índice de modu-
lação de valor 1 nos picos negativos;
e) o canal estereofônico (diferença entre o sinal esquerdo e o sinal direito), L - R, deve
modular a portadora em fase, em quadratura, com faixas laterais compatíveis;
f) a máxima modulação angular nos picos negativos do sinal esquerdo ou direito, cada um
na ausência do outro, não deve exceder a 1,25 radianos;
g) um pico de modulação de fase de +/- 0,785 radianos pelo canal estereofônico (L – R),
na ausência do canal principal (L + R) e do sinal piloto, representa o índice de modulação 1
do canal estereofônico;
h) o sinal composto deve conter um tom piloto de 25 Hz, que module a portadora em fa-
se, com pico de +/- 0,05 radianos, que corresponde a 5% da modulação do canal quando
nenhuma outra modulação estiver presente. O nível de injeção do tom piloto deve ser de
5% com tolerância de 1 %;
i) a diafonia no canal principal, causada pelo sinal do canal estereofônico, deve estar pelo
menos, 30 dB abaixo do nível correspondente a 75% de modulação, para sinais de áudio
de 50 a 7.500 Hz;
j) a diafonia no canal estereofônico, causada pelo sinal do canal principal, deve estar. pelo
menos, 30 dB abaixo do nível correspondente a 75% de modulação, para sinais de áudio
de 50 a 7.500 Hz.

4.11 Classes das emissoras

Para adoção de critérios técnicos, as emissoras são classificadas nas Classes A, B e


C. As características que definem as diversas classes são:

a) Classe A - é a estação destinada a prover cobertura às áreas de serviço primária e se-


cundaria estando protegida contra interferência objetável nestas áreas. Seu campo carac-
terístico mínimo é de 310 mV/m e suas potências máximas são de 100 k W (diurno ) e 50
kW (noturna);

b) Classe B - é a estação destinada a prover cobertura regional das zonas urbana e subur-
bana e rurais de um ou mais centros populacionais contíguos contidos em sua área de
serviço primária, estando protegida contra interferências objetáveis nesta área. Seu cam-
po característico mínimo é de 295 mV/m e sua potência máxima diurna ou noturna é de
50 kW:

c) Classe C - é a estação destinada a prover cobertura local das zonas urbana e suburbana
de um centro populacional contidas em sua área de serviço primária, estando protegida
contra interferências objetáveis nesta área. Seu campo característico mínimo é 280
mV/m. Quando instaladas na Zona de Ruído 1, a potência máxima diurna e noturna é de 1

33
Handbook Transmissão – S. Rocha

kW. E se instaladas na Zona de Ruído 2, a potência máxima diurna é de 5 kW e a noturna


de 1 kW.
O campo característico acima mencionado é definido como a intensidade de cam-
po elétrico do sinal da onda de superfície propagada através de solo perfeitamente con-
dutor a distância de 1 km na direção horizontal, para uma estação de 1 k W de potência,
consideradas perdas em uma antena real omnidirecional. No caso de estações diretivas,
para determinar o campo característico será considerada a imensidade de campo na dire-
ção horizontal de máxima radiação.

4.12 Fotos de transmissores de radiodifusão AM

TX AM - 5 kW Gates TX AM Oscilador a Cristal Estágio de Saída


com Triodos 5680

Válvulas triodos de transmissão 811A E 813A utilizadas como válvulas excitadoras ou diretamente nos
estágios de saída, sendo empregadas em amplificadores lineares

As válvulas são mais resistentes às descargas atmosféricas na antena e suportam


períodos maiores de tempo de sobrecargas quando o estágio final está fora de sintonia e
outros transientes que o transistor não suportaria devido à incapacidade de dissipar po-
tência ao longo do tempo em um invólucro menor.
O famoso amplificador Linear 30 L1 da Collins para bandas de radioamador utiliza
quatro válvulas 811A em paralelo, para conseguir 1kW CW ou 2kW PEP de saída, sendo
um equipamento até hoje procurado pela sua confiabilidade pelos radioamadores em
todo o mundo.

34
Handbook Transmissão – S. Rocha

4.13 Construção de um transmissor transistorizado em AM de baixa potência

O tanque de saída é sintonizado para a frequência do cristal oscilador. Por exem-


plo, para 1 MHz, a tabela indica 500 pf and 35 uH, podendo ser utilizado 550 pF e 33 uH,
conforme a tabela a seguir:

35
Handbook Transmissão – S. Rocha

Essa tabela assume que um capacitor de 220 pF é conectado entre o coletos e a


base do transistor de saída como indicado no esquema de forma que a capacitância indi-
cada é somada ao 220 pF. Um indutor variável ou capacitor permitirá uma sintonia fina ao
tanque final de RF para a máxima leitura do medidor sem antena conectada, alguns volts
em um voltímetro de impedância de 10 Megohm ou cerca de 50 microamperes em um
amperímetro. Depois de conectada a antena um indutor em serie para carga com a ante-
na é escolhido pra a mínima leitura, que corresponde ao melhor casamento de impedân-
cias, uma antena de comprimento de 1 metro precisará de 820 µH para a frequência de
1.6 MHz, com esse comprimento é difícil o casamento devido a baixa resistência de radia-
ção em série com um capacitor de pequeno valor. A potência de RF dissipada na resistên-
cia de radiação é a potência transmitida. Antenas mais compridas ou operação em fre-
quências mais altas precisarão de maior indutância. Uma bobina de carga na antena ajuda
a ressonar com menor capacitância em serie, aumentando a corrente na antena e a po-
tencia radiada. A leitura do medidor deverá cair para mais da metade com uma antena de
razoável comprimento físico. Alguma ressintonia do tanque final poderá ser necessária
quando o valor da bobina de carga é alterado

O cristal é escolhido na frequência fundamental entre 530 kHz and 1.7 MHz, fun-
cionando melhor nas frequências mais altas acima de 800 kHz para maior alcance. Escolha
uma frequência onde não exista estação operando na faixa de Ondas Médias.

A antena é um pedaço de fio de 3 metros de comprimento, no mínimo. O oscilador


pode ser verificado com uma ponta de prova de alta impedância no ponto da junção dos
dois capacitores de 1000 pF com um osciloscópio ou frequencímetro. A modulação plena
pode ser conseguida aplicando 2 volts pico a pico na base do transistor no amplificador
diferencial. A tensão de modulação incrementará a corrente desse amplificador diferenci-
al do mínimo de 20 mA até uma voltagem maior, senoidal, pelo circuito de saída, podendo
ser monitorada com o osciloscópio acoplado próximo à antena.

4.14 Acopladores de antena

Na prática, dificilmente haverá um casamento de impedâncias perfeito entre o


transmissor e o sistema irradiante. A impedância da antena deverá ser a mesma do cabo e
a de saída do transmissor para que haja a maior transferência de energia. Nos transmisso-
res de saída em estado sólido, podemos fazer com que ele enxergue uma impedância de
50 ohms através de um acoplador de antena. Isso fará com que o rádio forneça uma po-
tencia maior, já que os circuitos de proteção de rádio atuam para diminuir a potência em
caso de existir ondas estacionárias presentes. Em instalações marítimas, temos uma única
antena vertical que irá operar em diversas frequências com a ajuda do acoplador. Atual-
mente já existem transmissores multibanda com acoplador automático embutido, mas o
circuito abaixo fornece a idéia básica de funcionamento do mesmo.

36
Handbook Transmissão – S. Rocha

Podemos ter o indutor L com diversas seções, escolhendo a frequência de opera-


ção e o mínimo de Relação de Ondas Estacionárias através de uma chave ou utilizando um
indutor variável em conjunto com dois capacitores variáveis com o espaçamento de acor-
do com a potência de operação do transmissor. Dependendo da frequência em HF, utili-
zamos o capacitor de placa (entrada de TX) de 100 pF a 250 pF e o de antena de 410 pF a
820 pF.

O acoplador sem o ultimo capacitor é dito em “L”, enquanto a configuração em “PI” consiste na
utilização de dois capacitores variáveis

Fotos de acopladores de antena de construção caseira e do indutor variável

5. Cuidados necessários na manutenção e nas medidas com transmissores

Transmissores de potência elevada utilizam


altas tensões. É necessário descarregar para
a terra todos os capacitores da fonte antes
de realizar a manutenção ou as medidas.

Verifique o funcionamento do interruptor


que desliga a alta-tensão da fonte na porta
do gabinete (inter-lock).

37
Handbook Transmissão – S. Rocha

Resistores de Sangria (Bleeders)


da Fonte de Alimentação

5.1 Proteção contra choques elétricos

O gabinete do transmissor deve estar convenientemente aterrado e ligado ao condutor


externo da linha de transmissão de RF. Todas as partes elétricas submetidas a tensões
maiores que 350 volts deverão estar protegidas e ter placas de aviso para se evitar o con-
tato inadvertido das pessoas.

5.2 Medidas de potência

O método indireto de medida


para transmissores de alta potên-
cia é obtido multiplicando a ten-
são pela corrente do estágio final
de saída e o resultado multiplica-
do pela eficiência do estágio.

A medida deve ser realizada com uma carga de impedância conhecida, 50 Ohms,
pois a antena pode apresentar valor diferente da carga, fornecendo um valor diferente do
valor de potência RMS nominal a 50 ohms. Em caso de transmissores de AM, a potência
de saída pode ser estimada multiplicando a tensão pela corrente do estágio final de saída
de RF e descontando a eficiência do sistema, dado obtido no manual do transmissor, ge-
ralmente de 70 a 80 %. Nas fotos acima, temos cerca de 10 kV e quase 3 Amperes de cor-
rente no estagio final, como uma eficiência de 80%, teríamos 24 kW de saída. À noite a
redução de potência nos transmissores de Ondas médias é obrigatória, comutando-se
para o transmissor auxiliar devido à propagação nessa faixa melhorar a noite e alcançar
maiores distâncias.

Wattímetro BIRD modelo 43

TRANSMISSOR

SAÍDA DA
ANTENA CARGA FANTASMA
50 OHMS ou antena

Método para medir potência com o Wattímetro e Carga

38
Handbook Transmissão – S. Rocha

Para pequenos transmissores AM ou CW (telegrafia), caso não seja disponível um


medidor, podemos improvisar com uma lâmpada com a potência coerente com a de
transmissão e realizar ajustes preliminares antes de colocar a estação no ar. Lembrando
apenas que a impedância característica de uma lâmpada não será igual a impedância de
saída do transmissor e que a mesma varia também com a temperatura, devido a variação
da resistência do filamento.

5.2.1 Medidas de Potência em Transmissores SSB

É necessário injetar um tom na entrada de áudio do transmissor SSB, de preferência


de 1 kHz, para se obter potência de R.F. na saída, sendo a mesma proporcional a amplitu-
de do sinal de entrada. Observar que uma leitura igual a 500 WRMS é aproximadamente
equivalente a 1000 W PEP. Processadores de áudio são empregados para conseguir maio-
res valores médios de potência PEP.

Para sintonizar um estágio de saída valvulado de um transceptor AM ou SSB utiliza-


mos o seguinte processo:
Fechar o capacitor variável de placa e o de antena (valor máximo). Sintonizar o capacitor
de placa até a corrente cair (dip), abrir as placas do capacitor variável de antena até a cor-
rente subir e assim sucessivamente até o amperímetro não registrar maior valor. Desta
forma a energia do transmissor será transferida para a antena.

5.2.2. Potência RMS – Transmissores AM e FM

A Potência RMS (Root Mean Square) é a potência dissipada na carga, ou o valor efetivo de
uma tensão ou corrente média ao longo do tempo de transmissão, ignorando o pico.Na
pratica, consideramos a equivalência de Potência PEP (Watts) = 2 x Potência RMS (Watts)

5.2.3 Potência PEP – Transmissores SSB

A Potência PEP (Peak Envelope Power) é a potência média suprida na linha de


transmissão durante um ciclo de RF no pico do envelope de modulação, durante condi-
ções normais de operação que varia ao longo do tempo mas não passa de um valor máxi-
mo. A potencia máxima para radioamadores classe A é de 2 kW PEP ou 1kW em CW ou
AM.

5.2.4 Potência efetiva irradiada

A potência efetiva irradiada ou ERP (Effective radiated power) é a potência nomi-


nal entregue na saída da antena descontadas as perdas da potência refletida e a perda na
linha de transmissão, multiplicada pelo ganho da antena relativo ao dipolo de meia onda

39
Handbook Transmissão – S. Rocha

naquela direção. Desta forma, um transmissor de 200 kW ERP pode ser um transmissor
com 40 kW acoplado a uma antena com ganho igual a 5, descontadas as perdas na linha
de transmissão. Quando a antena é isotrópica, utilizamos a potência denominada de EIRP.

Um receptor de comunicações possui um medidor de sinal calibrado em Unidades


“S” conhecido também como S-Meter. Para incrementar uma unidade "S" é necessário
multiplicar por 4 a potência transmitida pois a diferença entre 2 unidades no S-meter cali-
brado é igual a 6 dB! Um aumento de 3 dB equivale a dobrar a potência. Por exemplo: S-4
com 10 watts; S-5 com 40 watts e S-6 com 160 watts, logo o aumento da potência não
refletirá muito no sinal recebido, valendo mais a pena o investimento no sistema irradian-
te.

5.3 Medidas de frequência

5.3.1 Transmissor AM

Podemos medir a frequência do transmissor em AM mesmo com o sinal modulante


através do método direto ou indireto com um frequencímetro ou analisador de espectro,
conforme mostrado a seguir.

5.3.2 Transmissor FM

Se um transmissor tem sua frequência nominal igual a 95,700 MHz, a modulação


total de áudio produzirá excursões da portadora nas frequências de 95,625 kHz e 95,775
kHz. Por isso, devemos medir a frequência do transmissor sem o sinal modulante, sendo a
tolerância de frequência +/- 2000 Hz. O espaçamento entre os canais é de 200 kHz. Obser-
var que não podemos ligar um frequencímetro diretamente na saída de um transmissor,
pois queimará os circuitos de entrada do instrumento! A saída atenuada da carga de 20,
30 ou 40 dB permitirá a leitura sem riscos para o frequencímetro.

Linha de transmissão e conector com a saída atenuada

TRANSMISSOR CARGA
FANTASMA
50 OHMS
SAIDA
SAIDA DA ATENUADA
ANTENA

ESPECTRO
Frequencímetro ou Analisador de Espectro

Método através de uma carga fantasma, utilizando frequencímetro ou analisador de espectro

40
Handbook Transmissão – S. Rocha

LINHA TX OU ANTENA

TRANSMISSOR

TANQUE
FINAL FREQUENCÍMETRO OU
ANALISADOR
ESPECTRO ESPECTRO
SPECTRUM ANALYZER
FREQUENCÍMETRO OU
ANALISADOR
EEEESPECESPECTRO

Método indireto por indução na bobina do tanque final, linha de transmissão, filtro de harmônicos
ou por captação da antena

Atenção: Observar o nível de sinal na entrada de 50 Ohms do instrumento para não danificar o
atenuador de entrada! Exemplo: No frequencímetro Digital MFJ-886, Faixa: 1 MHz - 3 GHz, nível
de sinal máximo é de 15 dBm.

IMPORTANTE: Na medição de harmônicos e espúrios é importante verificar que o analisa-


dor de espectro não esteja saturando com sinais fortes. Para certificar que o sinal não está
em excesso, utilizo o seguinte método: reduzo no atenuador do instrumento 10 dB e veri-
fico se na tela o sinal cai correspondentemente de 10 dB. Se cair menos, é porque o sinal
está saturando a entrada e podemos colocar um atenuador a mais antes do analisador
como solução.

Analisador de Espectro Rohde & Schwarz


modelo FS315, Faixa: 9kHz até 3GHz

Frequencímetro com resolução de 1 Hz; fai-


xa dinâmica: >137 dB

Entrada máxima de sinal: +33 dBm

Tela de um Analisador de Espectro


mostrando as portadoras corres-
pondentes às Estações na faixa de
88 MHz a 108 MHz x Amplitude
Sinal

41
Handbook Transmissão – S. Rocha

Instrumental Básico: Medidor de Potência Bird 43 e elementos para as potências e fre-


quências de trabalho, duas cargas resistivas de diferentes potências, amperímetro alicate
para medidas de altas correntes para estimar a potência de saída, multímetro digital e um
frequencímetro. O analisador de espectro é um instrumento caro, porém necessário para
a solução de alguns casos de radiointerferência.

5.3.4 Montando e Utilizando um Grid Dip Meter

O Grid Dip Meter ou Ressonímetro é um equipamento simples destinado a radio-


amadores e técnicos em eletrônica. Através da troca de bobinas, uma para cada faixa de
frequência, é capaz de determinar a frequência de ressonância de conjunto LC ou de uma
antena e serve também como gerador de sinais de RF para calibrar ou reparar um recep-
tor. No caso da antena, basta enrolar 2 ou 3 espiras em torno da bobina do Ressonímetro
e ligar os terminais da bobina no conector da antena. Utilizo um Heathkit modelo GD-1B e
um Tradiper mostrado abaixo:

Esquema do Grid Dip Meter ou Ressonímetro

42
Handbook Transmissão – S. Rocha

5.3.4 Medida da largura de faixa ocupada por um transmissor em FM

A modulação de um transmissor na faixa de FM deve estar compreendida entre +/-


75 kHz. A sobre modulação deve e pode ser evitada a todo custo com a ajuda de um moni-
tor de modulação, pois provoca espalhamento da transmissão,invadindo os canais adja-
centes.

Tela do analisador de espectro de uma Estação em FM

Método: Utilizando um analisador de espectro no modo de Max Hold, poderemos verifi-


car a largura de faixa ocupada pela portadora modulada se enquadra na seguinte másca-
ra:

* Observar que o nível excessivo do sinal no compressor de áudio aplicado no transmissor poderá
ocasionar largura de banda excessiva, com a produção de espúrios fora da banda autorizada, po-
dendo ocasionar interferência prejudicial em outros serviços.

43
Handbook Transmissão – S. Rocha

5.3.5 Diagrama de atenuador de 6 dB para impedância de 50 Ohms

Um atenuador de 6 dB poderá ser montado para diminuir a intensidade de sinal na entra-


da de 50 Ohm no frequencímetro. Utilize uma caixa blindada para o atenuador e empre-
gue conectores tipo BNC.

5.3.6 Filtro passa-alta para TV

Incluo o circuito de um filtro passa-alta cuja finalidade é filtrar os sinais interferen-


tes provenientes da faixa de HF de transmissores de radioamadores e PX, devendo ser
instalado próximo ao televisor. As bobinas podem ser confeccionadas utilizando-se como
forma uma broca de diâmetro 1/8 “ enrolando 28 espiras de fio esmaltado #30 AWG. Os
capacitores são de 12 pF, disco de cerâmica.Utilize uma caixa de alumínio blindada.

5.3.7 Filtro passa baixa para transmissores

Para atenuar os harmônicos e espúrios provenientes da saída de RF de um transmissor


podemos empregar um filtro denominado passa baixa, onde os sinais acima da frequência
de corte são atenuados. O material para a montagem do filtro é a seguinte:
Para operação na faixa de 28 MHz: a capacitância total do capacitor ajustável (trimmer)
com o capacitor fixo é de 110 pF. As bobinas possuem 0,3 uH, 6 espiras de fio #12 AWG,
diâmetro de 0,5”, comprimento de ¾”. C3 será o dobro desse valor, 220 pF.

44
Handbook Transmissão – S. Rocha

5.4 Medidas de intensidade de campo de um transmissor

Para realizar medidas de Intensidade de Campo necessitamos de uma antena cali-


brada para a faixa de frequências a ser utilizada e um analisador de espectro como mos-
trado na foto ou um receptor de comunicações calibrado em dBµv/m. Para uma medida
correta, devemos subtrair do resultado obtido a perda de inserção (em dB) que depende
do comprimento do cabo e a perda dos conectores, informado pelo fabricante. Podemos
traçar no mapa algumas radiais em torno do transmissor e ir anotar os valores medidos,
plotando com o auxílio do GPS os resultados obtidos em um mapa para futura análise.

O procedimento de medida de intensidade de campo é


realizado pelas Operadoras de Telefonia Celular para de-
terminar pontos onde o sinal fica abaixo do limiar de utili-
zação pelo terminal móvel. É utilizada uma viatura dotada
de um GPS, um receptor e um micro onde são registrados
em um mapa os valores medidos.

45
Handbook Transmissão – S. Rocha

6. Linhas de transmissão

Uma linha de transmissão ideal seria sem resistência, que não irradiasse e que pos-
suísse a mesma impedância característica do que a antena, para total transferência da
potência do transmissor à antena. Sabemos que diversos fatores influenciam a impedân-
cia de uma antena, tais como: altura do solo, objetos metálicos e antenas próximas, influ-
ência da resistividade do solo, vegetação, que reflete ou absorve a R.F..Em uma torre
composta de diversas antenas, a menor deverá ficar mais alta do que as antenas menores.

6.1 Baluns

Como uma antena dipolo é uma estrutura balanceada, onde cada condutor tem o
mesmo potencial, utilizamos um casador denominado balun ( balanced/unbalanced) para
adaptar uma linha desbalanceada (cabo coaxial) até a antena. Seu comprimento (L) é cal-
culado como um submúltiplo de λ e multiplicado pelo fator de velocidade do cabo, que
varia de 0,66 até 0,82 conforme o material que constitui o cabo (para o RG-58U comum, o
fator é 0,66 enquanto para o cabo com revestimento celular é 0,81). Os baluns podem
atuar como transformadores com relação de 1:1; 1:4; etc. A impedância característica de
um dipolo de meia onda é próxima de 75  e de um dipolo dobrado é de 300  devido a
seu comprimento físico. Conforme a figura acima, caso seja utilizado um cabo coaxial de
75 ohms, deverá ser empregado um balun 4:1 para transformar a impedância para 300
ohms ( ou 200  para 50  ). As perdas inseridas pelo balun são inferiores a 0.5dB e po-
dem ser fabricados pelo amador utilizando um núcleo de ferrite toroidal ou com o próprio
cabo coaxial.

7. Casamento de impedâncias entre o transmissor e a antena

7.1 A relação de Ondas Estacionárias - ROE e suas consequências

A construção física da linha de transmissão faz com que ela tenha uma impedância
característica fixa, não dependente da frequência, sendo um dos fatores que determinam
o descasamento e a alta ROE. O outro fator é a impedância da terminação, característica
de cada tipo de antena, método de conexão e frequência de funcionamento, além de ou-
tros fatores. Se a impedância da antena for igual a da linha de transmissão, o casamento
será perfeito. Porém, o caso mais freqüente é o descasamento. Parte da energia será ab-
sorvida e irradiada pela antena e outra parte será refletida e retornará na direção do
transmissor. Mas o transmissor continua a mandar energia de R.F. para a antena, de modo

46
Handbook Transmissão – S. Rocha

que teremos a linha de transmissão conduzindo energia nos dois sentidos. As tensões di-
retas e refletidas se combinam, produzindo ondas cujas cristas e depressões não se mo-
vem ao longo da linha, mas são fixas e, por isso, são chamadas ondas estacionárias. A re-
lação de ondas estacionárias é simplesmente a relação entre os valores máximos e míni-
mos de tensão ou corrente da onda estacionária. Representa, também, a relação de im-
pedância de carga – ZL, ou impedância da antena para a impedância característica da linha
– Z0

Transmissor de radiodifusão em FM e respectivo conector na saída de RF para medida de ROE

Em estações de radioamadores, PX e outros transmissores de outros Serviços devemos


verificar se há descasamento entre a linha de transmissão e a antena, o que pode provo-
car a emissão de sinais harmônicos e espúrios e interferências em outros receptores pró-
ximos. Para isso é necessário medir a Relação de Ondas Estacionárias do transmissor a fim
de assegurar a máxima transferência de energia do transmissor para a antena. Podemos
considerar como valor limite de 1:2. Em seguida é apresentado um diagrama de um medi-
dor de ondas estacionárias capaz de medir em linhas de transmissão de 75 e 50 Ohms.
Verificar a existência de conectores oxidados e garantir uma boa ligação à terra do trans-
missor. Podemos verificar a existência de interferência conectando o transmissor a uma
carga resistiva de 50 Ohms e colocando o receptor próximo ao conjunto. Nesse caso, se o
transmissor estiver com a atenuação dos sinais harmônicos e espúrios correta, não poderá
existir sinal interferente.

Circuito de um medidor de ondas estacionárias

47
Handbook Transmissão – S. Rocha

 Instrução para o uso do medidor de ROE :


- Com um cabo de 50 ohms de 30 cm interligue o medidor
de ROE onde está escrito TRANSMISSOR até o rádio. A an-
tena é ligada diretamente no medidor de forma que ele fi-
que intercalado entre a antena e o transmissor.
- Transmita e ajuste para o final da escala na posição
DIRETA
- Vire a chave para REFLETIDA e verifique o valor.
Até 1 :2,0 é aceitável, porém além deste valor as perdas
são altas!

7.2 Montagem de uma carga resistiva de 50 Ohms

Para medidas de potência em transmissores e testes, incluo o circuito de monta-


gem de uma carga resistiva de 50 Ohms para 50 Watts contínuos ou 100 Watts por curtos
períodos de sintonia, de fácil construção. A saída de J2 é para um miliamperímetro de 0-1
mA, que pode ser ligado diretamente ao medidor caso disponível. A inserção de óleo mi-
neral poderá aumentar a capacidade de dissipação dos resistores, mas a caixa de alumínio
deverá ser bem vedada contra vazamento do óleo. Deixar os terminais dos resistores o
mais curto possível para que a ROE permaneça baixa nas frequências mais altas. Uma
lâmpada deverá ser utilizada como carga somente em emergência ou rápidos testes, pois
não terá a impedância correta de 50 Ohms. Com o uso da carga, evitamos colocar no ar
um transmissor por períodos prolongados durante os testes.

Diagrama de construção de uma carga resistiva de 50 Ohms para testes em transmissores

A resistência combinada dos 22 resistores que formam R1 e das lâmpadas I1 e I2 fornece a


impedância adequada no conector de entrada J1 para o correto casamento com 50
ohms.Para maior dissipação pode ser empregado óleo mineral, desde que a caixa fique
hermeticamente fechada para evitar vazamentos.

48
Handbook Transmissão – S. Rocha

7.2.1 Relação de componentes da carga resistiva de 50 Ohms :

C1 – Capacitor de disco de cerâmica de 2KpF – 600 Volts


Ret 1- Diodo 1N34A de germânio ou equivalente
I1,I2 – Lâmpadas piloto de 2,5 V – 0,5 A (GE #43)
J1 – Conector coaxial fêmea tipo UHF – SO 239 ou BNC
J2 – Jaque fêmea BNC ou P2 para saída do miliamperímetro 0-1 mA.
R1 – Conjunto de resistores com 49 ohms, formado pelos 22 resistores de 270 Ohms/2 W,
também podem ser empregados 20 resistores de 1k /3W
R2 – Resistor de 10 K
Diversos: Caixa de alumínio com dimensões de 11 x 6 x 6 cm, parafusos,etc.

Um transmissor não pode emitir sinais harmônicos e espúrios além dos permitidos
quando ligado em uma carga resistiva; para isso é conveniente verificar a correta sintonia
de todos os estágios. Isso é um fator importante para se evitar interferência prejudicial em
outros serviços de telecomunicações e em receptores próximos ( leia o capítulo 8.2).

8. Aterramento

Uma norma básica do aterramento elétrico é a IEC 200 dos Estados Unidos, segundo a
qual todos os aterramentos têm de estar interligados fisicamente, em toda a estrutura
física de uma cidade. Os cabos elétricos naquele país possuem três pólos: fase, neutro e
terra. Cada prédio novo que é construído deve interligar seu fio terra com os dos demais
criando uma Gaiola de Faraday, uma espécie de malha ou rede subterrânea que evita a
diferença de potencial no solo.

Se dois prédios vizinhos possuem aterramentos diferentes e não são interligados, um re-
gistra 5 ohms enquanto o outro tem 20 ohms, por exemplo, quando a descarga elétrica
bate no solo, retorna pelo fio-terra do prédio onde há menor resistência elétrica, com
todas as conseqüências como se o raio tivesse caído nesse outro prédio.

49
Handbook Transmissão – S. Rocha

8.1. Algumas regras para o aterramento

ATENÇÂO: O cabo de Terra conectado à base da torre e do bastidor garante a segurança


de quem opera o transmissor no caso de descargas atmosféricas induzidas pela antena.
Existe o perigo é ficar intercalado entre o equipamento ligado e a conexão de aterramen-
to, por isso desligue o equipamento e antena ao realizar a ligação!

1 - Localize um local onde possam ser enterradas as 3 hastes. De preferência, que seja
úmido e sem dificuldades para enterrar as hastes e o fio; não se esqueça de desligar a
chave geral ao lidar com os fios da tomada.
2 - Conecte o fio terra nas hastes ou haste e leve-o até a tomada sem emendas;
3 - Faça as conexões bem firmes com conectores apropriados;
4 - Faça uma medição com um multímetro para verificar que:
O valor da resistência do Terra-Neutro deve ser o menor valor quanto possível, enquanto
a resistência do fio Fase-Neutro deve ser igual ao Fase-Terra.
5 - Verifique a posição da fase e do neutro na tomada para não inverter na instalação.

8.2 Interferência em aeroportos de estações de transmissores em FM 88 a 108 MHz

Os aeroportos operam na faixa de frequências de 118 a 136 MHz. Como as aerona-


ves passam sobre diversas estações e algumas Estações de potência elevada, caso alguma
estação tenha algum sinal espúrio nessa faixa, irá interferir no receptor da aeronave.
Os transmissores operando entre 88 a 108 MHz, caso estejam desajustados, como em
muitas estações não outorgadas, conhecidas como rádios piratas poderão causar interfe-
rências indesejáveis em Torres de Aeroportos e Aeronaves. A atenuação dos sinais har-
mônicos e espúrios na saída do transmissor deverá ser de no mínimo de:

A (dB)= 43 + 10 log (Potência do Transmissor ) em Watts.


Exemplo: Para um transmissor de 1000 W, a atenuação mínima em relação à portadora
(sinal fundamental ) será de:

A(dB)=43+10 log 1000= 43+30=73 dB

50
Handbook Transmissão – S. Rocha

Solução: Meça a atenuação de sinais harmônicos e espúrios e coloque um filtro passa bai-
xa ou ajuste esse filtro e os circuitos sintonizados na saída do transmissor de FM, caso
necessário. Reduza a potência do transmissor enquanto não é resolvido o problema.

9. Licenciamento de estações de radiodifusão

Apenas os transmissores de radiação restrita (microfones sem fio, transmissores pa-


ra abrir portas de garagens, etc.) são dispensados de licença de funcionamento. A conces-
são da licença de funcionamento de Estações de radiodifusão é dada pelo Ministério das
Comunicações e o estudo técnico referente a instalação e utilização de qualquer transmis-
sor depende de prévia autorização da ANATEL. Serão autorizados transmissores certifica-
dos e transmissores que tenham sido ensaiados individualmente na(s) potência(s) de ope-
ração e cujo parecer conclusivo de atendimento aos requisitos mínimos tenha sido sub-
metido à apreciação da ANATEL. Somente será autorizado o uso de transmissor que seja
certificado em potência nominal superior ao(s) valor(es) previsto(s) no respectivo plano
básico, se o transmissor for modificado para operação apenas na(s) potência(s) prevista(s)
no plano básico e inibidos os dispositivos que permitam sua operação em potência maior.
Esta modificação deverá ser comprovada através de declaração emitida por profissional
habilitado, a qual deverá acompanhar o parecer conclusivo referente ao Laudo de Ensaio
individual do transmissor.

ATENÇÂO:
Nunca opere um transmissor sem a respectiva licença! Além de causar interferências
prejudiciais em outras estações e outros Serviços de Telecomunicações, você estará su-
jeito a ter o equipamento lacrado pela Anatel e responder a um processo!

9.1 Estudo de viabilidade técnica para estações de radiodifusão

Os estudos de viabilidade técnica de emissora e os respectivos projetos de instalação se-


rão sempre elaborados por um profissional da área. O estudo de viabilidade técnica de
uma emissora trata da fixação ou alteração de suas características técnicas através da ve-
rificação da sua proteção e a das emissoras existentes ou planejadas, devendo ser apre-
sentado à Anatel.

9.2 Serviço limitado privado

Constituem sub-modalidades do Serviço Limitado Privado:

9.2.1 Serviço móvel privado

Serviço móvel, não aberto à correspondência pública, destinado ao uso próprio do execu-
tante, que utiliza sistema de radiocomunicação basicamente para operações do tipo des-
pacho nas faixas de radiofrequências de VHF e 460, 800 e 900 MHz (UHF);

51
Handbook Transmissão – S. Rocha

9.2.2 Serviço de radiochamada privado

Serviço não aberto à correspondência pública, destinado ao uso próprio do executante,


com características específicas, destinado a transmitir informações unidirecionais origina-
das em uma estação de base e endereçados a receptores fixos ou móveis, por qualquer
forma de telecomunicações;

9.2.3 Serviço de rede privado

Serviço não aberto à correspondência pública, destinado a prover telecomunicação a uma


mesma entidade, entre pontos distribuídos, de forma a estabelecer uma rede de teleco-
municações privada;

9.2.4 Serviço de Rádio-Táxi privado

Serviço de radiocomunicações bidirecional, destinado ao uso próprio do executante, do-


tado ou não de sistema de chamada seletiva, por meio do qual são trocadas informações
entre estações de base e estações móveis terrestres instaladas em veículos de aluguel,
destinadas à orientação e à administração de transporte de passageiros. Não é mais per-
mitida a operação na Faixa de 26 MHz.

9.3 Serviço limitado especializado

9.3.1 Serviço móvel especializado

Serviço móvel, não aberto à correspondência pública, que utiliza sistema de radiocomuni-
cação basicamente para a realização de operações do tipo despacho nas faixas de radio-
frequências de 460, 800 e 900 MHz.

9.3.2 Serviço de circuito especializado

Serviço fixo, não aberto à correspondência pública, destinado a prover telecomunicação


ponto a ponto ou ponto multiponto mediante a utilização de circuitos colocados à disposi-
ção dos usuários.

9.3.3 Serviço de rede especializado:

Serviço não aberto à correspondência pública, destinado a prover telecomunicação entre


pontos distribuídos, de forma a estabelecer redes de telecomunicações distintas a grupos
de pessoas jurídicas que realizam uma atividade específica;

9.3.4 Serviço de rádio-táxi especializado

Serviço de radiocomunicações bidirecional, destinado a prestação a terceiros, dotado ou


não de sistema de chamada seletiva, por meio do qual são trocadas informações entre

52
Handbook Transmissão – S. Rocha

estações de base e estações móveis terrestres instaladas em veículos de aluguel, destina-


das à orientação e à administração de transporte de passageiros.

9.4 Serviço de radiodifusão comunitária em FM

Segundo o Ministério das Comunicações, que concede a outorga e licença para esse Servi-
ço de radiodifusão sonora, em frequência modulada, de baixa potência, 25 Watts e cober-
tura restrita a um raio de 1 km a partir da antena transmissora. Podem explorar esse
serviço somente associações e fundações comunitárias sem fins lucrativos, com sede na
localidade da prestação do serviço. As estações de rádio comunitárias devem ter uma
programação pluralista, sem qualquer tipo de censura e devem ser abertas à expressão de
todos os habitantes da região atendida. Para o primeiro passo necessário à habilitação de
emissoras de radiodifusão comunitária, as entidades competentes para pleitear tal Servi-
ço, associações comunitárias e fundações também com essa finalidade, ambas sem fins
lucrativos, deverão fazer constar em seus respectivos estatutos o objetivo "executar o
Serviço de Radiodifusão Comunitária". Depois dessa providência, deverão as interessadas
retirar da página na Internet do Ministério das Comunicações o formulário de demonstra-
ção de interesse em instalar rádio comunitária e enviar para o seguinte endereço:

Ministério das Comunicações


Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica
Departamento de Outorga de Serviços
Esplanada dos Ministérios, Bloco R, Anexo, Sala 300 - Ala Oeste
Brasília – DF - 70044-900

Somente após a análise do Congresso Nacional e a publicação de um Decreto Legislativo,


as rádios comunitárias recebem uma licença definitiva de funcionamento. Contudo, desde
a publicação da Medida Provisória 2.143, o Ministério das Comunicações pode emitir uma
licença provisória para funcionamento das rádios comunitárias se o Congresso não avaliar
o respectivo processo dentro do prazo de 90 dias contado a partir da data do recebimento
dos autos. Transcorrido esse prazo, a entidade deverá requerer ao MC a emissão da licen-
ça provisória.

ATENÇÂO: Quem escolhe a frequência de operação não é o usuário e sim o estu-


do de viabilidade realizado pelo Ministério das Comunicações a Anatel. Em caso de im-
possibilidade técnica quanto ao uso desse canal em determinada região, a Anatel pode-
rá designar um canal alternativo, que pode variar de 88 a 108 MHz.

9.5 Serviço de radioamador

O Serviço de Radioamador é um serviço de radiocomunicações, realizado por pessoas


autorizadas, que se interessem pela eletrônica e a técnica em radiocomunicação, sem fins
lucrativos, tendo por objetivo a intercomunicação, a instrução pessoal e os estudos técni-

53
Handbook Transmissão – S. Rocha

cos, sendo vetada a utilização para outros fins. O equipamento caseiro, montado pelo
próprio radioamador é isento de homologação. Veja também a minha publicação Inicia-
ção ao Radioamadorismo que possui informações relativas ao assunto e uma coletânea
de questões e respectivas respostas para a Prova.

9.5.1 Faixas de radiofrequências

As faixas de radiofrequências listadas a seguir são destinadas à execução dos Servi-


ços de Radioamador em caráter primário e de forma não exclusiva:

I. 1800 – 1850 kHz


II. 3500 – 3800 kHz
III. 7000 – 7100 kHz
IV. 7100 – 7300 kHz
V. 14000 – 14250 kHz
VI. 14250 – 14350 kHz
VII. 18068 – 18168 kHz
VIII. 21000 – 21450 kHz
IX. 24890 – 24990 kHz
X. 28000 – 29700 kHz
XI. 50 – 54 MHz
XII. 144 – 146 MHz
XIII. 146 – 148 MHz
XIV. 220 – 225 MHz

As faixas de radiofrequências listadas a seguir são destinadas à execução dos Servi-


ços de Radioamador em caráter secundário, isto é, sem direiro a proteção contra possíveis
interferências de outros serviços:

I. 10138 – 10150 kHz


II. 430 – 440 MHz
III. 902 – 907,5 MHz
IV. 915 – 928 MHz
V. 1240 – 1260 MHz
VI. 1260 – 1300 MHz
VII. 2300 – 2450 MHz
VIII. 3300 – 3400 MHz
IX. 3400 – 3600 MHz
X. 5650 – 5725 MHz
XI. 5725 – 5830 MHz
XII. 5830 – 5850 MHz
XIII. 5850 – 5925 MHz
XIV. 10 – 10,45 GHz
XV. 10,45 – 10,5 GHz

54
Handbook Transmissão – S. Rocha

Para tornar-se um radioamador é necessária a autorização, que depende da prévia ve-


rificação da capacidade operacional e técnica do interessado, mediante exames aplicados.
De acordo com habilitação técnica e operacional demonstrada, o radioamador é incluído
nas classes “A”,”B”, “C” ou “D” (Vide Iniciação ao Radioamadorismo do mesmo autor).

- Classe C – Aprovados nos testes de Técnica e Ética Operacional e Legislação de Te-


lecomunicações;Transmissão e Recepção Auditiva de Sinais em Código Morse.

9.5.2 Faixas de radiofrequências de operação do radioamador classe C

Comprimento de Onda Faixa de Radiofrequências

Faixa de 160 metros 1800 kHz a 1850 kHz


Faixa de 80 metros 3500 kHz a 3800 kHz
Faixa de 40 metros 7000 kHz a 7040 kHz
Faixa de 15 metros 21000 kHz a 21150 kHz
Faixa de 12 metros 24890 kHz a 24990 kHz
Faixa de 10 metros 28000 kHz a 29700 kHz
Faixa de 6 metros 50 MHz a 54 MHz
Faixa de 2 metros 144 MHz a 148 MHz
Faixa de 1,3 metro 220 MHz a 225 MHz
Faixa de 70 centímetros 430 MHz a 440 MHz
Faixa de 33 centímetros 902 MHz a 907,5 MHz e 915 MHz a 928 MHz
Faixa de 23 centímetros 1240 MHz a 1300 MHz
Faixa de 13 centímetros 2300 MHz a 2450 MHz
Faixa de 9 centímetros 3300 MHz a 3600 MHz
Faixa de 5 centímetros 5650 MHz a 5925 MHz
Faixa de 3 centímetros 10 GHz a 10,50 GHz

- Classe B – As Estações operadas por Radioamador Classe B, devem limitar suas o-


perações à faixa de radiofrequências de 7040 kHz a 7300 kHz, 21150 kHz a 21300
kHz, além das previstas para Classe C,
- Classe A - Acesso restrito ao radioamador classe "B", depois de decorrido um ano
da data de expedição do certificado COER - Certificado de Operador de Estação de
Radioamador na classe "B"; opera em todas as frequências da classe B e as listadas
a seguir.

9.5.3 Faixas de radiofrequências adicionais para radioamador classe A

Comprimento de Onda Faixa de Radiofrequências


Faixa de 30 metros 10138 kHz a 10150 kHz
Faixa de 20 metros 14000 kHz a 14350 kHz
Faixa de 17 metros 18068 kHz a 18168 kHz
Faixa de 14 metros 21150 kHz a 21450 kHz

55
Handbook Transmissão – S. Rocha

- lasse D – Deverá ser maior de 10 anos, aprovado nos testes de Técnica e Ética O-
peracional e Legislação de Telecomunicações. Os radioamadores Classe D confor-
me prazo determinado no Regulamento do Serviço de Radioamador poderão con-
tinuar suas operações nas seguintes faixas de radiofrequências:

Comprimento de Onda Faixa de Radiofrequências

Faixa de 10 metros 29300 kHz a 29510 kHz


Faixa de 6 metros 50 MHz a 54 MHz
Faixa de 2 metros 144 MHz a 148 MHz
Faixa de 1,3 metro 220 MHz a 225 MHz
Faixa de 70 centímetros 430 MHz a 440 MHz
902 MHz a 907,5 MHz e 915 MHz a
Faixa de 33 centímetros
928 MHz
Faixa de 23 centímetros 1240 MHz a 1300 MHz
Faixa de 13 centímetros 2300 MHz a 2450 MHz
Faixa de 9 centímetros 3300 MHz a 3600 MHz
Faixa de 5 centímetros 5650 MHz a 5925 MHz
Faixa de 3 centímetros 10 GHz a 10,50 GHz

9.5.3 Limites de potência para as diversas classes

I – A potência na saída do transmissor de uma estação do serviço de radioamador


quando operada por radioamador classe A, deve estar limitada a 1000 watts RMS, exceto
na faixa de radiofrequências de 10138 kHz a 10150 kHz (faixa de 30 m), que deve estar
limitada a 200 watts RMS;

II – A potência na saída do transmissor de uma estação do Serviço de Radioamador


quando operada por radioamador classe B, deve estar limitada a 1000 watts RMS, exceto
nas faixas de radiofrequências de 28000 kHz a 28500 kHz e de 29300 kHz a 29510 kHz (fai-
xa de 10m), que deve estar limitada a 100 watts RMS;

III – A potência na saída do transmissor de uma estação do Serviço de Radioama-


dor quando operada por radioamador classe C, deve estar limitada a 100 watts RMS;

IV – A potência na saída do transmissor de uma estação repetidora do serviço de


radioamador deve estar limitada a 100 watts RMS.
V - A potência na saída do transmissor de uma estação do Serviço de Radioamador
quando operada por Radioamador Classe D deve estar limitada a 50 watts RMS.

56
Handbook Transmissão – S. Rocha

9.5.4 Certificação de equipamentos de radioamador

As estações devem ser licenciadas e os equipamentos industrializados de radioco-


municações, inclusive os sistemas radiantes, devem cumprir os requisitos do Regulamento
para Certificação e Homologação de Produtos para Telecomunicações, aprovado pela Re-
solução n° 242, de 30 de novembro de 2000, da Anatel. Estão dispensados de atender a
esses requisitos, os equipamentos produzidos de forma eventual ou artesanal e sem pro-
pósito comercial. As estações também deverão atender à Resolução n° 303, de 02 de julho
de 2002, sobre Limitação da Exposição a Campos Elétricos, Magnéticos e Eletromagnéticos
na Faixa de Radiofrequências entre 9 kHz e 300 GHz.

9.5.5 Exame de radioamador

Para fazer exame de Radioamador, o interessado deve procurar as Diretorias do


LABRE (Liga Brasileira de Radioamadores), nas capitais dos Estados, ou nos Escritó-
rios/Unidades Operacionais da Anatel, para verificar o calendário anual de realização de
testes para obtenção do Certificado de Operador de Estação de Radioamador - COER. Não
existe possibilidade de transformar uma Estação do Serviço Rádio do Cidadão (PX) em
uma Estação do Serviço de Radioamador (PY). Para operar Estação de Radioamador é ne-
cessário obter o Certificado de Operador de Estação de Radioamador - COER.

9.6 Serviço de rádio do cidadão

No Brasil, inicialmente na década de 70, a canalização era somente do canal 2 ao 7 canais,


ampliando para 60 canais espaçados de 10 kHz, enquanto nos Estados Unidos é de 40 ca-
nais.
O serviço rádio do cidadão - Norma 01A/80 Serviço Rádio do Cidadão, aprovada pela Por-
taria 218 do MC, de 23/09/80 é o Serviço de radiocomunicações de uso compartilhado
para comunicados entre estações fixas e/ou móveis, realizados por pessoas físicas, utili-
zando o espectro de frequências compreendido entre 26,96 MHz e 27,61 MHz (canal 1 ao
60 ). A potência média permitida à saída do transmissor será de 7 W para operação em
AM e de 21W PEP ( Peak Envelope Power) para emissões em faixa lateral singela com por-
tadora suprimida. Os transmissores com potência igual ao inferior a 100 mW (Walkie-
Talkies) não precisam de licença.
Os interessados em operar na faixa do cidadão devem se dirigir a Anatel e apresentar a
carteira de identidade e CPF e preencher requerimento próprio padronizado para obter a
autorização do serviço rádio do cidadão é necessário o recolhimento de Taxa de Fiscaliza-
ção da Instalação (TFI), por meio de boleto bancário.

Caso o interessado tenha domicílio fora de uma capital brasileira, poderá enviar o reque-
rimento preenchido e assinado, acompanhado de cópia da documentação necessária, pe-
los Correios, para a representação regional da Anatel, na capital do Estado de seu domicí-
lio.

57
Handbook Transmissão – S. Rocha

9.7 Serviço de retransmissão de televisão

É a estação capaz de captar sinais de sons e imagens e retransmiti-los, simultaneamente,


para recepção pelo público em geral. Em regiões de fronteira de desenvolvimento do país,
poderá inserir-se publicidade local conforme legislação vigente (Decreto 3.451). A outorga
para execução dos serviços de Radiodifusão TV será precedido de um processo licitatório,
observadas as disposições legais e regulamentares. Toda a parte referente à utilização do
espectro radioelétrico é administrada pela Anatel, no Plano Básico de Radiodifusão ou o
Sistema de Reserva de Canais.

9.8 Serviço de internet

O provimento de conexão à internet via acesso discado, ADSL, radiofrequência em 2.4


GHz, cable modem, entre outras tecnologias, deverá estar associado a um serviço de tele-
comunicações devidamente regulamentado pela Anatel. Os serviços de telecomunicações
que dão suporte ao provimento de conexão à internet, por sua vez, só deverão ser explo-
rados por empresas que possuam concessão, permissão ou autorização emitida pela Ana-
tel.

Ao contratar um serviço de acesso à internet, há a necessidade de se contratar não ape-


nas o provimento de conexão à internet, que é um serviço de valor adicionado, mas tam-
bém um prestador de serviços de telecomunicações que lhe dê suporte. O usuário do ser-
viço de telecomunicações tem a opção de contratar o provedor de serviço de conexão à
internet da própria prestadora ou outro que seja por ela habilitado.

Empresas que oferecem acesso à internet banda larga precisam de autorização da Anatel
para explorar o serviço de telecomunicações que irá suportar a conexão. Já para instalar
ou operar serviços de comunicação de dados dentro de uma instituição - quando a ativi-
dade de telecomunicações estiver restrita aos limites de uma mesma edificação ou pro-
priedade móvel ou imóvel - não há necessidade de concessão, permissão ou autorização
da Anatel.

9.9 Serviço de voz sobre IP ( VoIP)

Voz sobre IP (VoIP) é um conjunto de tecnologias de transmissão por redes convergentes


que usa a internet ou as redes IP privadas para a comunicação de voz, substituindo ou
complementando os sistemas de telefonia convencionais. A Anatel não regulamenta as
tecnologias, mas os serviços de telecomunicações que delas se utilizam. O VoIP permite a
digitalização, codificação de voz, empacotamento destes dados em pacotes IP para trans-
missão em uma rede que utilize o protocolo TCP/IP. Esses pacotes, ao passarem por dife-
rentes roteadores, podem degradar a qualidade de voz no destino. Por isso, a Internet não
assegura parâmetros QoS exigidos para esse serviço.A qualidade de voz depende do trafe-
go de dados existente em cada momento. Nesse contexto, o uso da tecnologia de VoIP
deve ser analisado sob três aspectos principais:

58
Handbook Transmissão – S. Rocha

 A comunicação de voz efetuada entre dois computadores pessoais, utilizando pro-


grama específico e recursos de áudio do próprio computador com acesso limitado
a usuários que possuam tal programa não constitui serviço de telecomunicações.
Constitui um Serviço de Valor Adicionado, conforme entendimento internacional,
não sendo necessária autorização da Anatel para prestá-lo. É um meio de trans-
missão de baixo custo comparado ao sistema telefônico.
 A comunicação de voz no âmbito restrito de uma rede corporativa ou na rede de
uma prestadora de serviços de telecomunicações, de forma transparente para o
assinante, efetuada entre equipamentos que podem incluir o aparelho telefônico,
é caracterizada como serviço de telecomunicações. Neste caso, é exigida a autori-
zação para exploração de serviço de telecomunicações para uso próprio ou para
prestação a terceiros;
 A comunicação de voz de forma irrestrita com acesso a usuários de outros serviços
de telecomunicações e numeração específica (objeto de controle pela Anatel) é ca-
racterizada como serviço de telecomunicações de interesse coletivo. É imprescin-
dível autorização da Agência e a prestação do serviço deve estar em conformidade
com a regulamentação.

10. Outras tecnologias de Transmissão

10.1 PLC – Power Line Communications

A tecnologia PLC - Power Line Communications é uma tecnologia utilizando rádio


frequência, que utiliza a rede elétrica de distribuição (tipicamente as redes de média e
baixa tensão) como meio de transporte para a transmissão de dados em alta velocidade
possibilitando a transmissão de sinais de dados em sistemas de cabos de eletricidade.

A tecnologia usada é o Spread Spectrum Carrier (portadora com espalhamento por fre-
quência), ou seja, os dados são enviados em várias frequências diferentes, o que permite
a reconstrução do sinal no receptor, apesar da interferência do ruído. O sinal mesmo com
distorções será identificado na outra ponta. A tecnologia PLC foi desenvolvida para permi-
tir o aproveitamento suplementar de uma rede de distribuição de energia elétrica para
prestação de serviços de dados e permitir a inclusão digital, nomeadamente banda larga,
perfilando-se como uma possível oferta alternativa já existindo em Porto Alegre uma ins-
talação de alguns quilômetros de comprimento para atender hospitais e escolas. Muitos
radioamadores têm reclamado nos USA a interferência provocada pelo PLC. Os equipa-
mentos mais recentes possuem a capacidade de receber o espectro e evitar a transmissão
sobre a frequência das portadoras detectadas. No Japão, porém, a tecnologia PLC só foi
liberada para uso dentro de residências, ou seja, uso indoor devido ao ruído propagado
pelas linhas de alimentação que pode afetar a recepção de sinais em ondas curtas e ou-
tros serviços de telecomunicações. Os fabricantes estão realizando testes e pesquisas e
empregando filtros nessas faixas de frequências do espectro radioelétrico para evitar tais
interferências.

59
Handbook Transmissão – S. Rocha

10.2 Bloqueadores de Celular

Apesar do estágio atual da tecnologia da telefonia celular de possibilitar realizar e


receber chamadas dos mais diversos pontos de uma cidade existe lugar onde seu uso não
é permitido, como teatros, salas de cinema, salas de reunião, salas de aula e unidades
prisionais.

Apenas o bom senso não é suficiente para inibir o uso em certos locais, e por este motivo,
bloqueadores e materiais especiais vêm sendo empregados para atenuar o nível de sinal e
dificultar o uso indevido ou não autorizado. Os primeiros testes com um Bloqueador de
Celular na cidade do Rio de Janeiro foram realizados pela Anatel em fevereiro de 2002. Foi
solicitada pelo Departamento de Sistema Penitenciário (Desipe) uma instalação piloto
para estudo de viabilidade técnica e testes com celulares de diversas operadoras. A dúvida
consistia se o bloqueador teria eficiência para bloquear o funcionamento de todo e qual-
quer telefone celular apenas no perímetro da unidade prisional e não prejudicaria o tráfe-
go telefônico fora dessa área, penalizando a população que utiliza o Serviço Móvel Pesso-
al. Como se sabe, os telefones móveis utilizam duas frequências simultâneas, em opera-
ção full-duplex para transmitir e receber. O transmissor do bloqueador interfere direta-
mente na frequência de recepção do telefone. Na modulação em frequência modulada -
FM - o maior sinal sobrepõe ao menor, diferentemente do modo de amplitude modulada
– AM, onde os sinais se somam e provocam batimento. É necessário que, em todos os
pontos, o sinal do bloqueador seja superior ao da Estação Rádio Base correspondente ao
sinal fornecido pela torre da estação rádio base da Operadora mais próxima instalada.

Fotos de bloqueadores portáteis modelo CPB-2000P. As unidades de baixa potência têm um al-
cance de apenas 9 m, enquanto unidades para uso em prisões podem alcançar de 1,6 km até 8
km.

Muitos executivos têm instalado nas salas de reunião de suas empresas esses equipamen-
tos, porém seu uso não é permitido no Brasil. Também não é permitido instalar amplifica-
dores de sinais, que podem interferir com o desempenho do Serviço Móvel Pessoal.

Os componentes básicos de um Bloqueador são:

Oscilador controlado por voltagem – VCO - gera o sinal de RF que irá interferir na recep-
ção do telefone móvel.

60
Handbook Transmissão – S. Rocha

Circuito de Sintonia – Controla os grupos das frequências de varredura escolhidas através


de voltagens específicas enviadas ao oscilador VCO.

Gerador de Ruído – Produz um sinal de saída aleatório em cada frequência especifica ne-
cessária para bloquear o sinal da rede de telefonia celular

Estágio de amplificação linear de RF – amplifica o sinal de RF até atingir o nível de potência


desejado.

11. Tabelas de frequências e tolerâncias de medidas

11.1 Tabela de tolerâncias de medidas para todos os serviços de telecomunicações

TOLERÂNCIA HARMÔNICOS E/OU


SERVIÇO POTÊNCIA ALTURA AZIMUTE
FREQUÊNCIA ESPÚRIOS
RADIODIFUSÃO SONORA EM
ONDA MÉDIA
Afasta- Nível
mento (dB)
(kHz) -25
10 Hz 10 a 20 -35
5
20 a 30 -(5+1dB/kHz)
(plano de
30 a 60 +10% a -
525 a 1705 kHz 5% antenas de
15%
sistema
-[73+P(dBk)]
diretivo)
se P<=5 kW
>75 -80
se P>5 kW

RADIODIFUSÃO SONORA EM 5


ONDAS TROPICAIS (OT) (plano de
10 Hz/MHz -[43 + 10 log P (dBk)] sem + 10% a -
5% antenas de
Max 100 Hz exceder 50 mW 15%
2300 a 2495 kHz sistema
diretivo)
RADIODIFUSÃO SONORA EM
ONDAS DECAMÉTRICAS
(OT/OC)
3200 a 3400 kHz
4750 a 4995 kHz
5005 a 5060 kHz
5950 a 6200 kHz 5
9500 a 9775 kHz 10 Hz/MHz +10% a - (orientação
-[43 + 10 log P (dBk)] 5%
11700 a 11975 kHz Max 100 Hz 15 % de redes de
15100 a 15450 kHz dipolos)
17700 a 17900 kHz
21450 a 21750 kHz
25600 a 26100 kHz

61
Handbook Transmissão – S. Rocha

RADIODIFUSÃO SONORA EM
FREQUÊNCIA MODULADA
Afasta-
Nível
mento
(dB)
(kHz)
120 a 240 -25
88 a 108 MHz 2000 Hz 240 a 600 -35 10% 5% 5%

Maior atenuação= -80 dB

RADIODIFUSÃO DE SONS E
IMAGENS/ SERVIÇO ESPECIAL
DE REPETIÇÃO DE TELEVISÃO
VÍDEO(OU
NOMINAL
OU
500 Hz
OPERAÇÃO
Canais 2 a 13 e 14 a 83 vídeo/áudio
Ver tabela abaixo(**) ):2% 5% 5
(54 a 800 MHz) Ver observação
ÁUDIO:
abaixo(*)
10%A 12%
DA
NOMINAL
Estabilidade da frequência das portadoras

A estabilidade de frequência das portadoras e do oscilador local, quando o mesmo estiver sujeito a
variações de temperatura entre + 10° e + 50° C e de tensão de alimentação entre ± 15 % da tensão
nominal, deverá ser tal que mantenha a frequência de operação dentro de ± 500 Hz.

Emissões fora da faixa(**)


Separação com relação à Separação com relação à Atenuação mínima com relação
extremidade inferior do canal extremidade superior do canal à potência de pico de vídeo
(MHz) (MHz) (dB)
0 0 20
-2,33 - 42
40 + 10 log P(W)
para P 100 W;
60
≥ -3,00 ≥ +3,00
para P > 100 W, limitada
a 1 mW em VHF e
12 mW em UHF

62
Handbook Transmissão – S. Rocha

TOLERÂNCIA HARMÔNICOS E/OU


SERVIÇO POTÊNCIA ALTURA AZIMUTE
FREQUÊNCIA ESPÚRIOS

746 a 890 MHz 20 Hz / MHz -60 dB


100Hz/ MHz
2300 a 2450MHz (P<=100W) 10% 5% 5
-50dB
2450 a 2690MHz 200 Hz/MHz
(P<=100W)
SERVIÇO ESPECIAL DE
RETRASMISSÃO DE TELEVISÂO
Potência Nível
54 MHz a 216 MHz
(W) (dB)
(canais 2 a 13)
 1000 Hz até 1 - 30 10% 5% 5
470 a 890 MHz
entre 1 e 100 - 50
(canais 14 a 83)
maior que 100 - 60
SERVIÇOS AUXILIARES DE
RADIODIFUSÃO E
CORRELATOS

Reportagem Externa
Ordens Internas
200 Hz/MHz
Telecomando e Telemedição
50 Hz/MHz
26,10 a 26,48 MHz - Grupo A
42,54 a 42,98 MHz - Grupo B

Reportagens Externas -60 dB


10% 5% 5
Ordens Internas
Lig. p/ Tx Programas
Telecomando e Telemedição
153,0 a 153,6 MHz 20 Hz/MHz
164,0 a 164,6 MHz
450,0 a 451,0 MHz
455,0 a 456,0 MHz

SERVIÇOS AUXILIARES DE
RADIODIFUSÃO E
CORRELATOS
(continuação)

63
Handbook Transmissão – S. Rocha

Lig. P/Tx Programas


Telecomando e Telemedição
+ - 300 Hz/MHz 60 dB
942 e 960 MHz

Ligação para Tx Programas


Reportagens Externas 10% 5% 5
Reportagens Externas
+ - 50 Hz/MHz 50dB
2300 a 2450 MHz
2450 a 2690 MHz

TOLERÂNCIA HARMÔNICOS E/OU


SERVIÇO POTÊNCIA ALTURA AZIMUTE
FREQUÊNCIA ESPÚRIOS

SERVIÇO LIMITADO PRIVADO


DE RADIOCHAMADA

Faixa de 25 MHz 10 Hz/MHz 43 + 10 Log P ou 80 dB

Para P<= a 500


W
 20 Hz/MHz
Faixa de 35 MHz
Para P<= 50 W 43 + 10 Log P ou 70 dB
Faixa de 450 MHz
 30 Hz/MHz
Para P<= 5 W:
 40 Hz/MHz
 15 Hz/MHz
Mo=  10% 5% ___
Faixa de 900 Mhz 15Hz/MHz 43 + 10 Log P ou 70 dB
Mo=P<=3W=15
Hz/MHz

Faixa de 25 MHz 10 Hz/MHz 43 + 10 Log P ou 80 dB

Para P<= a 500


W
Faixa de 35 MHz  20 Hz/MHz
43 + 10 Log P ou 70 dB
Faixa de 450 MHz Para P<= 50 W
 30 Hz/MHz
Para P<= 5 W:

64
Handbook Transmissão – S. Rocha

 40 Hz/MHz

SERVIÇO ESPECIAL DE
RADIOCHAMADA
(continuação)

 15 Hz/MHz
Mo= 
Faixa de 900 Mhz 15Hz/MHz 43 + 10 Log P ou 70 dB 10% 5% ---
Mo=P<=3W=15
Hz/MHz

SERVIÇO MÓVEL PESSOAL

65
Handbook Transmissão – S. Rocha

Subfaixa “A”
Estação Móvel
824 a 835 MHz
845 a 846,5 MHz
Estação Rádio-Base
869 a 880 MHz 0,00015%
890 a 891,5 MHz (Estação de
Base) 43 + 10 log P (W) 10% 30% 15
Subfaixa “B” 0,00025%
Estação Móvel (Estação móvel)
835 a 845 MHz
846,5 a 849 MHz
Estação Rádio-Base
880 a 890 MHz
891,5 a 894 MHz

SERVIÇO MÓVEL
AERONÁUTICO
20 Hz
2850 a 23350 kHz Móvel até 25 W 43 dB, s/ exceder 50 mW
=  50 Hz
43 + 10 Log P(W)
máx 80 dB ___ ___ ___

117,975 - 137 MHz 20 Hz/MHz

SERVIÇO DE RÁDIO DO
CIDADÃO

60 dB ___ ___ ___


26,965 a 27, 805 MHz 50 Hz/MHz
40dB (Telecomando)

SERVIÇO LIMITADO MÓVEL


PRIVATIVO
Faixa de 460 MHz
460 a 462 e 465 a 467 MHz
Faixa de 900 MHz
896 a 901 MHz
935 a 940 MHz 0,00015% -[ 43 + 10 Log P(W)] 10% 10% 5
Faixa de 800 MHz
806 a 821 e 851 a 866 MHz
821 a 824 e 866 a 869 MHz
896 a 901 e 935 a 940 MHz
SERVIÇO MÓVEL MARÍTIMO
Navio : -[43 + 10 Log P(W)]
415 a 525 kHz ___ ___ ___
40 Hz para P <= 50 W, e
1606,5 a 4000 kHz
Costeira: -80 dB, P > 50 W.

66
Handbook Transmissão – S. Rocha

 20 Hz
4000 a 23000 kHz + - 50 Hz
 10Hz/MHz
para P até 5W
156 a 174 MHz  5 Hz/MHz -[43 + 10 Log P(W)]
para P acima de
5W
450 a 470 MHz 5 Hz/MHz
SERVIÇO DE RADIOAMADOR
Faixas para Classes
A, B e C
1.800 a 1.840 kHz - Classe C
Até 30 MHz:
1.840 a 1.850 kHz
-40 dB, sem exceder
3.500 a 3.635 kHz
50 mW
3.650 a 3.800 kHz
30 a 960 MHz:
7.000 a 7.150 kHz
-60 dB para P > 25 W
21.000 a 21.150 kHz
-40 dB para P < = 25 W,
28 a 28,3 MHz
sem exceder 25 mW ___ ___ ___
28,3 a 28,5 MHz
960 MHz a 17,7 GHz:
Faixas para Classes
-50 dB, sem exceder a 100
A, B, C e D
mW para transmissores de
50 a 54 MHz
P > 10 Watts
144 a 148 MHz
100 mW para transmisso-
220 a 225 MHz
res de
P < = 10 Watts

SERVIÇO DE RADIOAMADOR
(continuação)
Até 30 MHz:
430 a 440 MHz -40 dB, sem exceder
902 a 928 MHz 50 mW
Base secundária 30 a 960 MHz:
902 a 928 MHz -60 dB para P > 25 W
902 a 928 MHz -40 dB para P < = 25 W,
1240 a 1300 MHz sem exceder 25 mW ___ ___ ___
2300 a 2450 MHz 960 MHz a 17,7 GHz:
-50 dB, sem exceder a 100
mW para transmissores de
P > 10 Watts
100 mW para transmisso-
res de
P < = 10 Watts
ESTAÇÃO REPETIDORA NO
SERVIÇO RADIOAMADOR
28 a 29,7 MHz
50 a 54 MHz -40dB, sem exceder 50
50 Hz/MHz 10% 10% ___
144 a 148 MHz mW
220 a 225 MHz
SERVIÇO DE RÁDIO TAXI
Faixa de 26 MHz Est. Base/Móvel -60 dB (2º Harmônico) 10% 5% ___

67
Handbook Transmissão – S. Rocha

26.700 a 26.890 MHz 15 Hz/MHz/ -40dB(demais emissões)


 50 Hz/MHz

Est. Base/Móvel
Faixa de 33 MHz
15 Hz/MHz/
33,560 a 33,910 MHz
50 Hz/MHz

Est. Base/Móvel
Faixa de 34 MHz
15 Hz/MHz/ -[43 + 10 Log P(W)]
34,480 a 34,570 MHz
50 Hz/MHz

Faixa de 34 MHz Est. Base/Móvel


34,740 a 34,820 MHz 20 Hz/MHz

Est. Base/Móvel
Faixa de 33 MHz
15 Hz/MHz/
33,560 a 33,910 MHz
50 Hz/MHz

SERVIÇO DE RÁDIO TAXI


(continuação)

Est. Base/Móvel
Faixa de 34 MHz
15 Hz/MHz/
34,480 a 34,570 MHz
50 Hz/MHz

Faixa de 34 MHz Est. Base/Móvel


34,740 a 34,820 MHz 20 Hz/MHz
Faixa de 38 a 39 MHz
38,740 a 38,980 MHz
38,320 a 38,560 MHz 20 Hz/MHz
39,000 a 39,120 MHz
39,140 a 39,820 MHz

Faixa de 150 a 160 MHz -[43 + 10 Log P(W)]


Est. Base/Móvel
152,01 a 152,59 MHz
P<= 50W: 10% 5% ___
158,71 a 159,37 MHz
10Hz/MHz
159,41 a 159,99 MHz
P<=5W:
160,01 a 160,59 MHz
5 Hz/MHz
163,31 a 163,97 MHz

Est. Base/Móvel
Faixa de 173 MHz P <= 50W:
173,81 a 173,99 MHz
10Hz/MHz
P <=5W:
5 Hz/MHz
P <= 50W:
Faixa de 173 MHz
10Hz/MHz
173,81 a 173,99 MHz
P <=5W:

68
Handbook Transmissão – S. Rocha

5 Hz/MHz
P<= 50W:
Faixa de 240 MHz 7Hz/MHz
243,825 a 257,625 MHz P > 5W:
 5 Hz/MHz
Faixa de 460 MHz
5 Hz/MHz
462,675 a 467,725 MHz
SERVIÇO LIMITADO PRIVADO
(VHF/UHF)

30 a 50 MHz +/ - 20 Hz/MHz

P>5W:+-5
Hz/MHz
148 a 174 MHz
P<5W+-
10Hz/MHz

-[43 + 10 Log P(W)] 10% 5% 5

P>5W:+-5
Hz/MHz
450 a 470 MHz

P<5W+-
7Hz/MHz
SERVIÇO LIMITADO PRIVADO
(HF/AM/SSB)

+ - 15 Hz/MHz
2 a 30 MHz
Obs.: Parâmetros válidos tam-
para estações 40dB,sem exceder a
bém para Serviços Limitados
móveis menor 50mW
Intinerantes.
ou igual a 25W
+/- 50Hz/MHz

10% 5% 5


estações costeiras - SMM +/-20Hz/MHz 43 dB sem exceder a
50mW

Radio Digital:

Faixa de 400MHz + - 5 Hz/MHz 43+10 logP(W)

Faixa de 900MHz + - 5 Hz/MHz

69
Handbook Transmissão – S. Rocha

11.2 Tabela de faixas de radioamadores e de ondas curtas – Região II da UIT – Brasil

O espectro de radiofrequências é de uso finito, assim a sua boa administração reco-


menda que seja utilizado por estações com critérios planejados e estudados para minimi-
zar ou eliminar possíveis interferências entre estações do mesmo ou de diferentes países.
O Brasil é signatário da União Internacional das Telecomunicações (UIT), com sede em
Genebra, Suíça e fundada em 1865, onde existe o compromisso dos países membros de
participarem em conjunto de normas e procedimentos estudados e debatidos continua-
mente para a melhor utilização do espectro.

As frequências podem ser remanejadas ou compartilhadas, conforme a criação ou extin-


ção de novos Serviços de Telecomunicações. Alguns equipamentos europeus possuem
canalização diferente das faixas utilizadas no Brasil. Como exemplo as faixas de radioama-
dores em outras Regiões da UIT podem ser diferentes das utilizadas aqui.

Espectro de Radiofrequências
Ondas Longas (Long Wave) • 30 - 300 kHz
150 - 280 KHz LW – Radiodifusão 2 000 m - 1 071 m
Rádio-farol, navegação
Ondas Médias (Medium Wave) • 300 - 3 000 kHz
530 - 1 710 KHz MW - Radiodifusão 565 m - 187 m

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Handbook Transmissão – S. Rocha

1 830 - 1 850 KHz 160 Metros - Radioamador - LSB 160 m


Ondas Curtas (Short Wave) • 3 000 kHz - 30 000 kHz
3 150 - 3 450 KHz SW - Radiodifusão 90 m
3 600 - 3 800 KHz 80m Metros - Radioamador - LSB 80 m
3 850 - 4 050 KHz SW - Radiodifusão 75 m
4 700 - 5 100 KHz SW - Radiodifusão 60 m
5 900 - 6 250 KHz SW - Radiodifusão 49 m
7 040 - 7 100 KHz 40 Metros - Radioamador - LSB 40 m
7 100 - 7 400 KHz SW - Radiodifusão 41 m
9 400 - 10 000 KHz SW - Radiodifusão 31 m
10 000 – 10150 kHz 30 Metros - Radioamador - LSB 30 m
11 500 - 12 150 KHz SW - Radiodifusão 25 m
13 500 - 13 900 KHz SW - Radiodifusão 22 m
14 100 - 14 350 KHz 20 Metros -Radioamador - USB 21 m
15 000 - 15 700 KHz SW - Radiodifusão 19 m
17 450 - 18 000 KHz SW - Radiodifusão 16 m
18 068 - 18 155 KHz 17 Metros Radioamador – USB 17 m

Ondas Curtas (Short Wave) • 3 000 kHz - 30 000 kHz


21 100 - 21 450 KHz 15 Metros Radioamador - USB 15 m
21 450 - 21 950 KHz SW - Radiodifusão 13 m
24 890 - 24 990 KHz 12 Metros -Radioamador -USB 12 m
25 600 - 26 100 KHz SW - Radiodifusão 11 m
26 965 - 27 605 KHz CB - Faixa do Cidadão –60 canais 11 m
28 000 - 29 700 KHz 10 Metros Radioamador - USB / FM 10 m
VHF - Frequências Muito Altas • 30 - 300 MHz
50 - 68 MHz TV - VHF Banda Baixa 6m-4m
50 - 54 MHz 6 Metros - Radioamador 6m
87.5 - 108 MHz FM - Radiodifusão 3m-2m
117.975 a 137 MHz Serviço Móvel Aeronáutico - AM
144 - 146 MHz 2 Metros - Radioamador - FM 2m-2m
180 - 230 MHz TV - VHF Banda Alta 1m-1m

UHF - Frequências Ultra Altas • 300 - 3 000 MHz

222 – 225 MHz 1,25 m - Radioamador - FM 1,25 metros


430 - 440 MHz 70 cm - Radioamador - FM 70 cm

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Handbook Transmissão – S. Rocha

475 - 865 MHz TV - UHF 63 cm - 34 cm


1 240 -1 300 MHz Radioamador - FM / Satélite 24 cm - 23 cm
2 300 - 2 450 MHz Radioamador 13 cm - 12 cm
SHF - Frequências Super Altas • 3 000 - 30 000 MHz
5 650 - 5 850 MHz Radioamador / Satélite 53 mm - 51 mm
10 000 - 10 500 MHz Radioamador / Satélite 30 mm - 28 mm
10 700 - 12 800 MHz TV - Satélite 28 mm - 23 mm
BANDA C – 3,6 A 7,025 GHz
BANDA X – 7.25 A 8.4 GHz SATÉLITE
BANDA Ku – 10,7 A 14,5 GHz
BANDA Ka – 17.3 A 31 GHz
Veja a tabela completa de alocação de frequências em:
http://www.ntia.doc.gov/osmhome/chp04chart.pdf

11.3 Frequências dos canais do sistema doméstico brasileiro de satélite utilizados em


antenas parabólicas

Frequência (MHz) Polarização Transponder Emissora

3720 H 1A Rede Globo


3734 V 1B SBT
3750 H 2AL Rede Brasil
3770 H 2AU TV Escola
3780 V 2B Rede TV
3860 H 3A Rede Bandeirantes
3860 V 4B Rede Record
3870 H 5AL Canal do Boi
3890 H 5AU Rede Vida
3910 H 6AL Canal Saúde e TV Jockey
3930 H 6AU Rede Internacional de TV
4066 V 9B TV Canção Nova
4070 H 10AL TV Diária
4090 H 10AU TV Câmara
4090 V 10BL Canal Futura
4110 V 10BU Shoptime

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Handbook Transmissão – S. Rocha

4110 H 11AL TV Gazeta


4130 H 11AU TV e Rádio Senado FM
4150 V 11BU Rede Mulher
4150 H 12AL TV Século XXI
4170 H 12AU Canal Rural
4170 V 12BL Canal Amazônia

11.4 Tabela de frequências do serviço móvel pessoal

BANDA Serviço Móvel Pessoal – SMP Frequências (MHz)


Estação Móvel (MHz) ERB (MHz)
Banda A 824-835 869-880

845-846,5 890-891,5
Banda B 835-845 880-890

846,5-849 891,5-894
Banda D 910-912,5 955-957,5

1710-1725 1805-1820
Banda E 912,5-915 957,5-960

1740-1755 1835-1850
Sub-faixas de Extensão 898,5-901 943,5-946

907,5-910 952,5-955

1725-1740 1820-1835

1775-1785 1870-1880

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Handbook Transmissão – S. Rocha

As sub-faixas de extensão em 1800 MHz foram divididas em 10 blocos de extensão apre-


sentados na tabela a seguir.

Blocos de Extensão Serviço Móvel Pessoal - SMP


Frequências (MHz)
Frequência Estação Móvel (MHz) Estação Móvel (MHz)
1 1.725 a 1.727,5 1.820 a 1.822,4
2 1.727,5 a 1.730 1.822,5 a 1.825
3 1.730 a 1.732,5 1.825 a 1.827,5
4 1.732,5 a 1.735 1.827,5 a 1.830
5 1.735 a 1.737,5 1.830 a 1.832,5
6 1.737,5 a 1.740 1.832,5 a 1835
7 1.775 a 1.777,5 1.870 a 1.872,5
8 1.777,5 a 1.780 1.872,5 a 1.875
9 1.780 a 1.782,5 1.875 a 1.877,5
10 1.782,5 a 1.785 1.877,5 a 1.880

12. Bibliografia e referências

The Radio Amateur’s Handbook, Edição de 2001


Antenas e Propagação – S. Rocha
Iniciação ao Radioamadorismo – S. Rocha
Revista Eletrônica Popular – Maio de 1967

Sites da Internet:
www.thomson.com
www.anatel.gov.br
www.minicom.gov.br
www.rlandell.hpg.ig.com.br/antena.htm
www.anacom.com
www.ntia.doc.gov/osmhome/chp04chart.pdf
http://electronics.howstuffworks.com/

13. Notas

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