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Mandado de Segurança: Uma visão singela sob a

Lei.
Security Mandate: A simple view under the Law.

Eloir Aroon Gomes¹

Gustavo Teixeira Holz²

Resumo: O presente artigo tem como objetivo, ainda que de forma


resumida e rápida, analisar a Lei do Mandado de Segurança, e ajudar a
entender a aplicação desse remédio Constitucional na prática do
cotidiano da sociedade Brasileira, assim como, saber identificar sua
abrangência e suas limitações no que tange a sua aplicação ao caso
concreto.
PALAVRAS CHAVE: Constituição Federal, Lei, Aplicação.

Introdução

A Lei do mandado de segurança 12016 de 2009 é nova, e


substituiu a Lei 1533 de 1951, que vigorou no país por mais de
sessenta anos, trouxe divergências e inovações da lei anterior, iremos
analisar de forma breve, sua aplicação no âmbito do Direito.
Tem como objetivo cobrir as lacunas que não são amparadas por
Habeas Corpus e Habeas Data, e que tem por escopo proteger direitos
individuais e coletivos incontestáveis.

¹Estudante de Direito na Faculdade Pitágoras- Faculdade Pitágoras-Betim-MG,


Brasil
²Estudante de Direito na Faculdade Pitágoras- Faculdade Pitágoras-Betim-MG,
Brasil
Um pouco da história
A lei existe no âmbito jurídico brasileiro desde a Constituição de
1934, ausente na Carta Constitucional de 1937, e ressurgiu na
Constituição de 1946. O Mandado de Segurança na atual
Constituição(CF88), foi ampliado e modificado em alguns aspectos,
passando não mais a se restringir à proteção do direito individual, mas
conter também em seu escopo o direito coletivo, aumentando assim
sua abrangência no artigo 5º, e incisos LXIX e LXX, a garantia prevista
na Constituição anterior (1967).

A nova Lei
A lei do Mandado de segurança reiterada na nossa carta magna a
Constituição Federal de 1988, no Art. 5º inciso LXVIII ao LXX, foi criada
em forma de Lei no ano de 1951, com o objetivo de proteger direitos
individuais.
Vigorou no país por quase sessenta anos quando veio ser
substituída, por uma nova lei de numero 12016, em 07 de Agosto do
ano de 2009.
A nova Lei do Mandado de Segurança trouxe consigo mudanças
divergentes e inovações com relação à primeira, como por exemplo, a
ampliação de proteção aos direitos coletivos. A Lei em si, é uma classe
de ação judicial que visa resguardar Direito liquido e certo, não sendo
amparado por um Habeas Corpus ou por um Habeas Data, que seja
negado, ou mesmo ameaçado, por autoridade pública ou no exercício
de atribuições do poder público.
Mandado de Segurança designa o processo judicial pelo qual se
pleiteia a expedição de uma ordem, um mandado à autoridade
impetrada para que faça ou não faça alguma coisa. Pode significar
também o ato judicial produto da atividade processual, o próprio
mandado. Vejamos o que diz no seu Artigo 1º:
Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, sempre que ilegalmente ou com abuso de poder,
qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo
receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for
e sejam quais forem as funções que exerça.
§ 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os
representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores
de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas
jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do
poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
§ 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão
comercial praticado pelos administradores de empresas públicas,
de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço
público.
§ 3º Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias
pessoas,
qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.

Conforme explica Cássio Scarpinella Bueno “um dos objetivos do


novo diploma legislativo foi o de incorporar avanços e consolidações
doutrinárias e jurisprudenciais acerca dos temas nela regulados.”

Direito liquido e certo, é aquele que pode ser provado


simplesmente por documentos e para constatá-lo o juiz não precisa de
maiores delongas processuais em busca de outras provas. Pode se
considerar também Direito liquido e certo, aquele sobre cujo conteúdo
não há duvida e cuja existência é clara. Direito certo é aquele que não
esta condicionada a nenhuma circunstância, podendo ser plenamente
exercido no momento da impetração do mandato.

O parágrafo 1º do artigo 1º da Lei n. 12.016/2009 é bem mais


amplo que o anterior, equiparando à autoridade os representantes ou
órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades
autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as
pessoas naturais no exercício das atribuições do poder público. O
parágrafo 2º do artigo 1º da nova Lei, por outro lado, reflete inovação
legislativa, prevendo que não cabe mandado de segurança para
questionar “atos de gestão comercial”, praticados pelos gestores de
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
concessionária de serviço público, contrapondo-se à previsão contida
no parágrafo 1º supracitado.

Art. 2º. Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as


consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer
o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade
por ela controlada.
Deve-se dizer ainda, por oportuno, que a entidade será
considerada federal não só apenas quando a União ou autarquia
estiver em juízo, mas toda vez que a autoridade coatora for vinculada a
fundação federal, empresa pública federal ou sociedade de economia
mista federal, independentemente de estas duas últimas serem
prestadoras de serviço público ou exploradoras de atividade
econômica.

Art. 3º. O titular de direito líquido e certo decorrente de direito,


em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de
segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer,
no prazo de 30(trinta) dias, quando notificado judicialmente.
Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste
artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da
notificação.

Este artigo citado anteriormente trata-se à hipótese de substituição


processual, que admite ajuizamento por parte de terceiro em favor de
direito de outrem, desde que o direito do terceiro decorra de direito não
exercido a tempo e modo oportunos.

Art. 4º. Em caso de urgência, é permitido, observados os


requisitos legais,
impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou
outro
meio eletrônico de autenticidade comprovada.
§ 1º Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por
telegrama,
radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do
documento e a
imediata ciência pela autoridade.
§ 2º O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5
(cinco) dias
úteis seguintes.
§ 3º Para os fins deste artigo, em se tratando de documento
eletrônico, serão
observadas as regras da Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira – ICPBrasil.
O artigo 4º da Lei anterior é um desdobramento do caput do
parágrafo 1º da Lei n. 12.016/2009, autoriza a impetração do mandado
de segurança, bem como a notificação da autoridade coatora sejam
feitas por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de
autenticidade comprovada, demonstrando inequívoca preocupação
com a atualidade e com o futuro processo digital.
O parágrafo 2º estabelece que o original da petição seja apresentado
no prazo de 5
(cinco) dias úteis seguintes e só merece aplicação quando se tratar de
processo ainda físico,
nos termos da Lei n. 9.800/1999. Nas hipóteses em que se tratar de
processo virtual, previsto
pela Lei n. 11.419/2006, não há o que se falar em apresentação do
original, que já se
encontrará nos autos.

Art. 5º. Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:


I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo,
independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado.
Parágrafo único. (VETADO).

Esse corrente artigo 5º o os incisos I e II da nova lei tratam das


hipóteses em que o mandado de segurança não será concedido.

Quero me ater de analisar artigo por artigo da devida Lei, quero


passar para pontos práticos, como a petição inicial normalizada no
artigo 6º, veja:

Art. 6º. A petição inicial, que deverá preencher os requisitos


estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas)
vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos
na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa
jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual
exerce atribuições.
§ 1º No caso em que o documento necessário à prova do alegado
se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de
autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o
juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse
documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o
cumprimento da ordem, o prazo de 10(dez) dias. O escrivão
extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da
petição.
§ 2º Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a
própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da
notificação.
§ 3º Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o
ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.
§4º (vetado).
§ 5º Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo
art. 267 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de
Processo Civil.
§ 6º O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado
dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe
houver apreciado o mérito.

Como podemos ver o Art. 6º trata da petição inicial do mandado de


segurança estabelecendo, no caput, que esta deverá obedecer aos
requisitos previstos nos artigos 282 e 283 do CPC. Observa-se tambem
que prevalece a exigência constante da norma anterior no sentido de
que a cópia da petição inicial e dos documentos deverá ser
apresentada em tantas vias quantas forem as autoridades coatoras,
procurando, assim, agilizar a notificação das mesmas e a apresentação
de suas respostas.
Uma modificação trazida pelo caput do artigo 6º da nova Lei reside
no sentido de que, além da indicação da autoridade coatora, a petição
inicial deverá elencar “a pessoa jurídica que a esta integra, à qual se
acha vinculada ou da qual exerce atribuições”.
Trata-se da requisição de documentos, os parágrafos 1º e 2º do
artigo 6º ora comentado à autoridade coatora, praticamente repetindo a
regra constante do parágrafo único do mesmo.

Prazo decadencial de impetração

O prezo para impetração do Mandado de Segurança é de 120 dias


sendo este Mandado repressivo, da ação ou omissão causadora do
dano. Contados da ciência do ato impugnado pelo interessado (Art.
23). Já o Mandado de segurança preventivo não há prazo, pois como
trata apenas da ameaça, poderá ser impetrado a qualquer tempo.
Se o direito caducar ou se o direito não for liquido e certo, o
cidadão poderá utilizar uma ação judicial ordinária, pois o Mandado é
uma proteção com rito especial. A Lei 12016/2009 veio atualizar as
normas disciplinadoras do Mandado de Segurança, abrindo a
possibilidade de encaminhamento da petição inicial por telegrama,
radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada,
em caso de urgência como já vimos anteriormente.

Liminar em mandado de segurança

É possível a obtenção de medida liminar cautelar no Mandado de


Segurança, desde que existente os pressupostos para a sua
concessão: plausibilidade da alegação(Fumus boni juris) e urgência
(Periculum in mora).
Igualmente, é possível a obtenção da tutela antecipada em medida
liminar, desde que presente os requisitos do art. 273, do código de
Processo Civil (STJ. AgRg no Mandado de Segurança Nº 14.210 – DF
(2009/0047260-3): a) prova inequívoca e verossimilhança da alegação
e b) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou
abuso de direito de defesa ou manifesto proposito protelatório do réu.
É permitido ao juiz conceder a cautela sem a oitiva da parte
contraria, desde que relevante o fundamento e do ato impugnado poder
resultar a ineficácia da medida (Art.7º, inciso III, da Lei 12016/2009).
Trata-se de medida excepcional devido a postergação do exercício do
direito ao contraditório pela autoridade impetrada (Art. 5º, LV, CF88),
sendo facultado ao juiz , na hipótese, exigir caução, fiança ou deposito
com o objetivo de resguardar a pessoa publica do risco do dano
inverso.
Art. 302, independentemente da reparação por dano processual, a
parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência
causar a parte adversa , se I – a sentença lhe for desfavorável; (Art.
302, inciso I, da Lei 13.105, de 16 de Março de 2015)
Não é cabível medida liminar que tenha por objeto a compensação
de créditos tributários, a entrega de mercadoria e bens proveniente do
exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a
concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamentos de
qualquer natureza (Art. 7º, da Lei 12016/2009).
Há fungibilidade entre as tutelas de urgências (tutela cautelar e
tutela antecipada).
Nestes termos, havendo decisão de indeferimento do pedido de
liminar, caberá agravo de instrumento, nos termos da lei 12016,
podendo ter seu efeito devolutivo ou suspensivo.
Ainda havendo a sentença denegatória de liminar, não havendo
agravo, pode haver a interposição do recurso de apelação, ocasião que
o pedido de reapreciação da liminar deve ser feito de forma expressa.
A apelação tem efeito apenas devolutivo nos casos dos inscisos I a VII,
do Art. 520. Nesse caso, poderá o relator suspender o comprimento da
decisão até o pronunciamento definitivo da câmara ou turma (CPC, Art.
558, parágrafo único).

Efeito Preventivo

Os ditames da Constituição de 1988 também emprestam ao


Mandado de Segurança, assim como a qualquer ação, o caráter
preventivo, isto é, ameaça de lesão.

Mandado de Segurança Coletivo

Trata-se de ação igualmente de rito especial que determina


entidades, enumeradas expressamente na Constituição, podem ajuizar
para defesa, não de direitos próprios inerentes a essas entidades, mas
de direito liquido e certo de seus membros, ou associados, ocorrendo,
no caso, o instituto da substituição processual.
Conforme art. 5º, inciso LXX da Constituição Federal, pode ser
impetrado por:
- a) partido politico com representação no congresso Nacional;
- b) organização sindical
- c) entidade de classe
- d) associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seu
membros.

Conclusão

Faço aqui as ultimas considerações a respeito da Lei n.


12.016/2009.
Há de se esclarecer, ainda, que referida norma deve ser
interpretada, no âmbito da Justiça do Trabalho, à luz dos princípios que
regem o Direito Processual do Trabalho, pois só assim poderá ocorrer
a utilização correta da medida.
Remédio Constitucional são os meios ( ações judiciais ou direito
de repetição) postos a disposição dos indivíduos e cidadãos para
ilegalidade ou abuso de poder.

Referencias Bibliográficas

Bueno, Cássio Scarpinella. A nova Lei do Mandado de Segurança, 2ª ed. rev.


atual. e ampl.; São Paulo: Saraiva, 2010.

Vade Mecum Saraiva. Obra coletiva com colaboração de Luís Roberto Curia,
Lívia Célpes, e Fabiana Dias da Rocha; 21ª ed. rev. atual. e ampl.; São Paulo:
Saraiva, 2016.

Blog: Mandado de segurança- Comentários sobre a nova Lei 12016/2009.

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