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“Mas, não será a ideologia também o processo inverso de não reparar na necessidade, de
aprendê-la erroneamente como urna contingência insignificante (desde o tratamento
psicanalítico, no qual uma das principais formas de resistência do analisando é sua
insistência em que seu sintomático ato falho verbal foi um mero lapso, sem nenhuma
significação, até o campo da economia, no qual o procedimento ideológico por
excelência consiste em reduzir a crise a uma ocorrência externa e, em última instância,
contingente,deixando assim de levar em conta a lógica inerente do sistema que a
gerou)?” Zizek, 2010, p.08)
Introdução
A fundação da psicanálise guarda estreitas relações com a sociedade e a cultura, dado o fato
de Freud ter percebido desde o início, e de maneira pioneira, que a moral repressiva de sua
época levava os pacientes a produzir sintomas. O preço da civilização, nos termos do
pensador, era a neurose. Após os horrores da primeira guerra mundial Freud passou a pensar
com mais profundidade as vicissitudes da agressividade, do ódio e da formação de massas,
quando produziu a teoria das pulsões, da pulsão de morte e seus chamados textos
sociológicos”A moral sexual civilizada e a doença nervosa moderna \" Considerações atuais
sobre guerra e morte\" \"Totem e tabu\" \"Psicologia das Massas e a análise do Eu\" \"O mal
estar na cultura\”\O homem Moisés e a religião monoteísta”. Nesse período Freud teve
dificuldades financeiras causadas pela primeira guerra, a convocação de seus pacientes e
amigos, livros queimados pelos nazistas, irmãos e irmãs levados a campos de concentração e
por fim condenado ao exílio na Inglaterra até o final da vida. A famosa tópica, \"id\" \"ego\" e
\"superego\" representa instâncias conscientes e inconscientes em interface com o coletivo. Na
psicologia das Massas (1920)Freud afirma que toda psicologia é uma psicologia social. O
objetivo deste projeto é, partindo das obras sociais freudianas e de alguns de seus
desdobramentos no campo dos pensadores psicanalistas, bem como em meio à teoria social
que o sucede, produzir uma interface entre a Psicanálise e as ciências sociais.
Justificativa
Fundamentação Teórica
Em 1956, um dos maiores representantes do pensamento social brasileiro, Florestan
Fernandes proferiu uma palestra em comemoração ao centenário de Sigmund Freud, em
evento promovido pela Sociedade Psicanalítica do rio de Janeiro. Em sua fala, o sociólogo
buscou estabelecer algumas aproximações entre a Psicanálise e a Sociologia,
fundamentalmente, no sentido de apontar as contribuições da teoria freudiana para o
pensamento sociológico no que toca a forma como a organização social propicia a construção
da personalidade e a identificação dos indivíduos com coletivos e instituições. Nas palavras de
Florestan:
Em que pese as críticas, Freud não parecia preocupado, ao contrário dos sexólogos da
época, em em classificar, caracterizar nem julgar “pervertidos” ou “invertidos”, pois seu foco
era o custo psíquico (neurose) cobrado pela “normalidade sexual” e pelos processos
civilizatórios (RUBIN, 2003, p.183).
No mesmo solo de produção da segunda metade do século XX, das chamadas teorias
pós-estruturalistas, situamos como iniciativa de compreensão da sociedade num viés
psicológico e social que busca abarcar a subjetividade, as máquinas desejantes produzidas
pelo sistema capitalista, as teorias de Deleuze e Guatari. Os autores constroem o que será,
possivelmente, a crítica mais enfática, direcionada ao pensamento psicanalítico,
principalmente, Freudiano e Lacaniano, por meio da obra, O anti-Édipo - capitalismo e
esquizofrenia. Em linhas gerais, como argumento central da crítica, os autores apontam que o
complexo de Édipo, mais do que explicar o desejo e a fundação do sujeito, pode ser entendido
como parte de um mecanismo de captura das subjetividades. Ao vincular o desejo com a
família edípica, a psicanálise naturalizaria como ponto de partida do desejo, aquilo que precisa
ser desmontado para deixar de ser entendido como falta e sim como potência de acontecer, o
complexo de Édipo.
Política, conservadorismo e mídias digitais: a interface entre psicanálise e sociologia no
Brasil atual