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RESUMO
O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito em saúde de um programa de
ginástica laboral através da percepção do estado geral de saúde de trabalhadores.
Para tanto, realizou-se um estudo longitudinal, em que foram executadas duas
observações, uma antes e outra três meses após a implantação do programa de
ginástica laboral. Fizeram parte do estudo 30 trabalhadores, todos do sexo masculino,
com idade média de 32,4 anos. A coleta de dados foi efetuada utilizando-se um
questionário englobando dados sociodemográficos e um instrumento sobre “estado
geral de saúde” (SF-36). Aplicou-se o coeficiente alfa de Cronbach com o objetivo de
analisar a confiabilidade do instrumento. O teste t de Student para dados emparelhados
foi utilizado para a comparação dos dados antes e depois da implantação do programa.
A média (± desvio padrão) dos escores dos participantes obtidos através do instrumento
sobre o estado geral de saúde foi de 76,1 ± 9,7, antes da implantação do programa,
e de 82,4 ± 9,7 ao final do estudo (p=0,02). Conclui-se que os trabalhadores se auto-
avaliaram como em melhor condição de saúde após a introdução da ginástica laboral
na empresa.
PALAVRAS-CHAVE
Ginástica, saúde dos trabalhadores, qualidade de vida
ABSTRACT
The aim of this study was to verify differences between the workers’ self-evaluation of
their general health state before and after three months the implementation of a
gymnastic program at work. Thirty workers took part in this study, all of them were
male, and the mean age was 32,4 years. Data were collected using a survey questionnaire
divided in two blocks containing a social-demographic form and an instrument assessing
the workers general health state (SF36). The Cronbach´s Alpha coefficient was applied
in order to analyze the reliability of the instrument. The t test was used to compare
the mean scores of the SF36 before and after the program implementation. The mean
score (± standard deviation) was 76,1 ± 9,7, before the program implementation, and
82,4 ± 9,7, at the end of the study (p=0,02). We conclude that the workers reported
better general health state after the gymnastic program at work was applied.
1
Mestre em Saúde Coletiva. Docente da Fundação de Ensino Superior Helena Antipoft. End.: Rua Ermani
Agrícola, 320/1014 - Bairro Buritis. Belo Horizonte - MG - CEP: 30455-760 - e-mail:
catharinacarvalho@terra.com.br
2
Doutora em Saúde Pública. Professora da Faculdade de Saúde Pública. Universidade de São Paulo.
KEY WORDS
Gymnastics, occupational health, quality of life
1. INTRODUÇÃO
No contexto das sociedades industrializadas e em desenvolvimento, o estilo
de vida e, em particular, a atividade física, tem sido um fator decisivo na qualidade
de vida relacionada à saúde (Nahas, 2001). Os benefícios de recrutar, gerenciar e
manter um grupo de funcionários saudáveis está diretamente ligado ao desempenho
geral da empresa. Pensando neste beneficio, algumas empresas brasileiras estão
introduzindo a ginástica no trabalho como atividades de prevenção de agravos à
saúde (Marchi, 2001).
A ginástica laboral é um programa de prevenção e compensação, cujo
objetivo é a promoção da saúde dos trabalhadores e visa despertar o corpo e
reduzir acidentes de trabalho, prevenir doenças por traumas cumulativos, corrigir
vícios posturais, aumentar a disposição para o trabalho, promover integração
entre os funcionários e evitar a fadiga gerada pelo trabalho (Polito, 2002).
Segundo a definição dada pela Organização Mundial da Saúde (OMS,
1970), saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Para
Pegado (1990), saúde é um estado de plena realização do potencial do ser
humano que depende das condições de vida a que as pessoas estão expostas.
Pitanga (2002) define saúde como uma condição humana com dimensões físicas,
sociais e psicológicas, caracterizada por pólos negativos e positivos que influenciam
o indivíduo, podendo ser de caráter ambiental, social, biológico e também do
estilo de vida. Aliando-se a essa idéia, alguns autores como Pitanga (2002) e
Nahas (2001) relacionam a saúde do trabalhador à natureza da função exercida
no trabalho, assim como à sua conduta perante as requisições ambientais.
Rouquayrol e Almeida Filho (1999) tem olhar diferenciado, pois, para ela, o
adoecer e morrer dos trabalhadores extrapola os fatores presentes no ambiente
de trabalho e incorpora os significados culturais, econômicos e sociais que a
sociedade lhe atribui.
Na trajetória evolutiva do trabalho, observam-se que os processos industriais
modernos introduzem permanentes novos riscos ao ambiente de trabalho. Alguns
provocam mortes ou invalidez de trabalhadores, mas esses são rapidamente
detectados. Outros os agridem paulatinamente, levando algum tempo para se
tornar evidentes, porém, sendo igualmente incisivos e certeiros.
Dessa forma, o trabalho também leva o estigma de interferir significativamente
na deterioração da saúde dos trabalhadores. Graças ao intenso movimento social,
essa situação começa a se modificar, levando políticos e legisladores a introduzirem
2. METODOLOGIA
Realizou-se um estudo de coorte no qual foram realizadas duas observações
em momentos diferentes, antes e depois da implantação do programa de
ginástica laboral.
2.1. POPULAÇÃO
O estudo foi realizado em uma empresa de grande porte, produtora de
minério de ferro, com 500 trabalhadores, situada a 80 km da região metropolitana
2.2.2. QUESTIONÁRIOS
O questionário foi dividido em dois blocos, um com dados sociodemográficos
(Cañete, 1996), e o segundo, com a versão em português do Medical Outcomes
Study 36 – Item short form health survey, conhecido como questionário do Estado
Geral de Saúde (SF-36). Este questionário foi traduzido e validado por Ciconelli
(1997) e possui 30 itens no total, sendo que 19 relativos a dados
sociodemográficos e 11 referentes ao estado geral de saúde. Esse questionário
foi aplicado antes da implantação do programa de ginástica laboral e após
três meses de realização do programa.
Quadro 1
Protocolo de exercícios adotado na empresa.
3. RESULTADOS
Os resultados serão apresentados em dois blocos: informações socioeconômicas
e estado geral de saúde (SF-36).
Na ocasião da aplicação do questionário, 60% dos trabalhadores estavam
com idades variando dos 26 aos 42 anos. A média de idade dos participantes foi
de 32,4 anos (Tabela 1). A escolaridade predominante foi de 1ª a 5ª série do
ensino fundamental com 56,8% de trabalhadores; 36,6% encontravam-se na
faixa da 5ª a 8ª série do ensino fundamental, e apenas 6,6% estavam entre a 1ª e
a 3ª série do ensino médio.
Tabela 1
Características dos trabalhadores.
Tabela 2
Confiabilidade estatística estimada pelo coeficiente alfa de Cronbach.
4. DISCUSSÃO
O foco deste estudo foi observar se a prática de ginástica laboral influenciava
o estado geral de saúde referido pelos trabalhadores pertencentes ao setor de
o álcool está associado a mais de 100 mil mortes ao ano (Nieman, 1999). No
Brasil, o consumo de bebida de forma excessiva parece ser mais prevalente entre
os homens (Nahas, 2001). Barros (1999) verificou a inter-relação de consumo de
bebidas alcoólicas e a prática de atividade física, observando que, entre os
homens, 60,9% eram fisicamente ativos entre os alcoolistas em potencial contra
39,1% entre os etilistas moderados ou abstêmios. Esses resultados encontrados
por Barros (1999) na população masculina corroboram os dados observados no
presente estudo em que os homens que consomem mais álcool são também os
mais fisicamente ativos.
Estudos epidemiológicos mostraram que os níveis baixos da atividade física
habitual e os níveis baixos da aptidão física estão associados com aumento de
taxas de mortalidade (Blair & Chanlat, 1994). Estima-se que, das 250.000 mortes
por ano nos Estados Unidos, aproximadamente 12% do total sejam atribuídas à
falta da atividade física regular (Patê et al., 1995).
Em levantamento envolvendo servidores da Universidade Federal de Santa
Catarina, observou-se que 55% dos sujeitos não realizavam atividade física no
lazer (Nahas, 2001). Em estudos internacionais sobre esse mesmo tema, com
grandes populações, constatou-se que as prevalências de sedentarismo no tempo
de lazer foram de 28,9% para mulheres e 24,2% para homens em países da
União Européia (Martinez-González et al., 2001). As mudanças de estilo de vida
sedentária para ativa podem ocorrer à medida que as pessoas conheçam os
benefícios desta decisão (Cañete, 1996).
A população do presente estudo constituiu-se em sua maioria de eutróficos,
com média do índice de massa corporal de 24,7kg/m2. Barros (1999) encontrou
semelhante resultado em seus estudos ao constatar que 64,1% dos seus 4.225
trabalhadores estudados apresentavam peso adequado aos critérios estabelecidos
pela Organização Mundial de Saúde.
Os efeitos da ginástica laboral obtidos neste estudo foram bastante positivos e
podem ser comparados com outros estudos semelhantes que também tiveram
como objetivo avaliar a ginástica laboral em seus ambientes de trabalho para a
melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. Pode-se citar como exemplo
pesquisas realizadas por Cañete (1996), Dias (1994), Faria Junior (1990), Ladeira
(2002), Pinto (2003), Polleto (2002), e pesquisadores americanos, como Manniche
(1993) e Nieman (1999), dentre outros que constataram que atividades físicas
proporcionam bons resultados à manutenção geral da saúde.
Pinto (2003) em estudo com 37 cirurgiões-dentistas de Florianópolis constatou
que 67,5% relataram dor e desconforto corporal. Os resultados de seu estudo
mostraram que 35% já tinham contraído tendinites, 22% apontaram dores no
ombro, 19% dores na região cervical, no braço, antebraço e mão, 16% reclamaram
5. CONCLUSÕES
Os resultados desse estudo sugerem que a ginástica laboral contribua para o
aumento do bem-estar dos trabalhadores. Apesar da adoção da ginástica laboral não
modificar ou melhorar as condições de trabalho, parece ser um fator de estímulo
para a adoção de práticas saudáveis pelos trabalhadores. Tal prática pode motivar a
articulação de trabalhadores no sentido de revindicar melhores condições de traba-
lho, uma vez que estimula os trabalhadores à reflexão sobre sua saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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