Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Neste trabalho são estudadas algumas variáveis que influenciam na produção de
compósitos a partir da casca de eucalipto, como por exemplo, granulometria e
proporções mássicas diferenciadas entre casca e resinas melamina-formaldeído e
uréia-formaldeído. A produção e caracterização dos compósitos foram obtidas
através do processo de beneficiamento das cascas, seguida da confecção dos
compósitos e realização dos ensaios de tração, densidade, térmico e acústico. Os
procedimentos adotados são adaptações das metodologias de IWAKIRI (2005),
RAZERA (2006), BATTISTELLE et al. (2006), NETO et al. (2008) e GUEDES (2007),
dentre outros de grande relevância, avaliando e adaptando as metodologias de
produção desse material, atendendo aos objetivos propostos por este presente
trabalho. Diante dos estudos aplicados, foi possível obter compósitos a partir da
casca de eucalipto que promova isolamento térmico e acústico. Sugerem-se
adaptações às técnicas aplicadas para um aumento significativo dos resultados
apresentados.
ABSTRACT
In this work is studied some variable that influences in composites production out of
eucalyptus bark as for example granulation and massive ratios differently between
bark and resin melanin-formaldehyde and urea-formaldehyde. The production and
characterization of composites it were gotten through the process of benefitiant of
barks, next of the confection of composites realization of the attempt of traction,
density, thermal and acoustic. The procedures adopted are adaptation of the
methodology of IWAKIRI (2005), RAZERA (2006), BATTISTELLE et al. (2006),
NETO et al. (2008) and GUEDES (2007), as well as others of big relevance,
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2835 2013
evaluating and adapting the methodologies of production of this material, serving the
purposes proposed by this current work. Formerly of the applied studies, it was
possible to obtain composites from eucalyptus bark which promote acoustic and heat
insulation. It suggest adaptations to the techniques applied to an significant increase
of the presented results.
KEYWORDS: Composites. Acoustic Insulation. Thermal Insulation.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E METODOS
Para garantir uma boa secagem e assim a boa desagregação das partículas
para facilitar a moagem, as cascas permaneceram em estufa por 24 horas à 80 °C.
Em seguida, passaram por um moinho de facas, devidamente separadas nas
peneiras de 10 #, 20# e 30 # depois de trituradas.
O primeiro passo seria a determinação dentre varias resinas daquelas que
melhor serviriam para confecção dos compósitos. Testes prévios com quatro
diferentes tipos de resina foram realizados, foram utilizadas as resinas fenol-
formaldeído (FF), melamina-formaldeído (MF), tanino-formaldeído (TF) e ureia-
formaldeído (UF).
Posterior ao tratamento das cascas, a etapa de produção dos compósitos
iniciou-se com a mistura entre a matriz e a resina seguindo o fluxograma da figura 3.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2841 2013
FIGURA 3 – Ordem de realização da produção de compósitos
Fonte: Os autores
Na primeira etapa de mistura das matérias primas, as fibras da casca de
eucalipto pré-tratadas, eram misturadas com as diferentes resinas pré-determinadas
em recipiente apropriados e transferidas para moldes com dimensões 20cm x 20cm
(figura 4) e tipo gravata (figura 5) com auxílio de uma espátula metálica.
Os moldes e suas tampas foram forrados com plástico resistente a
temperatura, e, com o objetivo de facilitar a desmoldagem dos compósitos foi
utilizada cera de automóvel em seu interior e sobre o plástico.
Posteriormente, o molde foi fechado, a mistura foi prensada aplicando-se uma
carga de 100 kg durante 10 minutos através de uma prensa hidráulica. Após este
procedimento foram desmoldados.
Após a confecção dos corpos de prova, os compósitos eram submetidos ao
processo de cura a diferentes temperaturas. Considerando que das quatro resinas
propostas foram utilizadas apenas duas para o desenvolvimento do trabalho, foram
utilizadas duas condições de cura. Como a cura da resina MF é a 115ºC e para a
resina UF pode variar até 160ºC, nesta etapa ambos os compósitos desmoldados
foram encaminhados a estufa e mantidos a uma temperatura de 115°C por 1 hora.
Granulometria (#) X1 30 20 10
1 -1 -1
2 1 -1
3 -1 1
4 1 1
5 0 0
6 0 0
7 0 0
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2843 2013
Ensaios de Caracterização
Após serem produzidos, cada um dos corpos de prova de cada tipo de resina
passou por ensaios de natureza mecânica: tração, que seguiram a ASTM C638 e
ensaios físicos que seguiram a norma NBR 14810-3 para determinação da
densidade. Com relação ao isolamento acústico seguiu-se a metodologia
desenvolvida por GUEDES (2007), e finalmente os ensaios de isolamento térmico
foram de acordo com BATTISTELLE et al. (2006).
Para os ensaios de tração, cada corpo de prova foi devidamente
confeccionado. Suas espessuras foram aferidas, com a utilização de um paquímetro
de resolução 0,1mm. As larguras de cada lado do corpo de prova também foram
aferidas com o auxílio de um paquímetro de mesma resolução. Obteve-se, então, a
espessura e largura e o comprimento de cada corpo de prova.
A máquina utilizada para os testes foi a EMIC DL 60000 (Figura 6), célula Trd
13, onde cada corpo de prova do tipo gravata foi afixado nas garras da máquina e
após a mesma foi ligada de modo a aplicar uma força média de 40 Kgf. Desse
modo, dados como tensão máxima suportada foram calculados.
Para os testes de densidade, cada espessura dos corpos de prova foi aferida
nos quatro vértices da placa, com a utilização de um paquímetro de resolução
0,1mm. As medidas de largura também foram aferidas de cada lado do corpo de
prova com o auxílio de um paquímetro de mesma resolução. Obteve-se, então, a
espessura e largura média de cada placa e dessa forma o volume de cada corpo de
prova foi calculado.
Os corpos de prova foram levados à estufa durante 24 horas, a uma
temperatura de 80°C, e em seguida colocados em um d essecador para que
resfriassem sem reabsorção de umidade. Assim, os corpos de prova foram pesados
em uma balança analítica e a densidades calculadas.
Para realização dos testes de isolamento acústico, foi necessária a
construção de uma caixa reverberante, que não permitisse a passagem de som por
suas paredes, baseando-se na metodologia de GUEDES (2007). A caixa foi
construída no Laboratório de Mecânica (LABMEC) das FAACZ – Faculdades
Integradas de Aracruz.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2844 2013
Foram utilizadas folhas de compensado de madeira nas seguintes
quantidades e dimensões: 2 folhas de 0,8m x 1,2m, 2 folhas de 0,8m x 1m e 2 folhas
1m x 1,2m, totalizando seis folhas de compensado de espessura igual a 20mm.
Foi montada uma caixa com uma abertura frontal para adaptação do corpo de
prova de modo a não permitir vazamento acústico (Figura 7).
FIGURA 8 – Decibelímetro
utilizado no trabalho
Fonte: Os autores
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2845 2013
O teste para cada corpo de prova teve duração de 1 minuto, e os resultados
obtidos foram tratados graficamente através do programa BZ5503 – Measurement
Partner Suite (BRÜEL & KJAER, 2013).
Mediram-se também as intensidades do som sem barreira acústica e de uma
placa de EVA e outra de isopor para possíveis comparações nas mesmas
condições.
O ensaio de isolamento térmico foi realizado a partir da adaptação da
metodologia utilizada por BATTISTELLE et al. (2006).
Nesse ensaio, uma placa de aço 1020 estava afixada em pés metálicos , suas
dimensões eram 30mm x 30mm x 13mm. Um fogareiro foi posto a 40 cm de
distância da placa. E cada corpo de prova foi posto em contato com a placa, do lado
oposto ao do fogareiro. A figura 9 mostra o esquema utilizado durante o ensaio para
isolamento térmico.
Utilizaram-se três multímetros do tipo ET-1110, da marca DMM, previamente
testados com água para calibragem da medição de temperatura, instalando-se cada
um da seguinte forma: um em contato com a face da placa em frente ao fogareiro,
outro na interface entre a placa e o corpo de prova, e outro em contato apenas com
o corpo de prova.
As temperaturas iniciais foram registradas antes da propagação da chama
pelo fogareiro e, desta forma, iniciou-se o fluxo de calor através do fogareiro para a
placa de aço. O teste teve duração de cinco minutos para cada corpo de prova, e as
temperaturas foram registradas a cada 30 segundos.
RESULTADOS
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2846 2013
FIGURA 10 – Compósitos com 10%, 30% e 40% de casca de eucalipto
respectivamente
Fonte: Os autores
FIGURA 11 – Compósitos
formado com resina
fenol-formaldeído
Fonte: Os autores
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2847 2013
FIGURA 12 – Compósitos formado
com granulometria de 10,
20 e 30# respectivamente
Fonte: Os autores
FIGURA 14 – Compósito na
forma de placa
Fonte: Os autores
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2848 2013
Com base no planejamento experimental realizado os corpos de prova foram
montados seguindo as proporções indicadas no Quadro 3.
Testes de tração
Nos quadros 4 e 5, é possível observar o comportamento dos compósitos em
relação à tração, considerando as diferentes granulometrias e proporções de resina,
além dos dois tipos de resina, UF e MF. As tensões máximas suportadas pelos
corpos de prova foram de valores muito baixos, entre 1,94 e 3,08 Mpa e 1,92 e 3,72
respectivamente. Os compósitos obtidos possuem valores inferiores aos observados
na literatura para sistemas parecidos como é o caso de EL BANNA et al. (2012) (12
Mpa), considerando que são materiais diferentes. Assim no teste de tração não se
obteve resistência mecânica dentro dos valores desejáveis, fator que descredencia
os compósitos produzidos.
1 30# 3 3,08
2 10# 4 3,24
3 30# 4 3,89
4 10# 3 2,70
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2849 2013
7 20# 3,5 1,94
Tensão
Amostra Mesh Proporção
Máxima (Mpa)
1 30# 3 3,01
2 10# 4 3,18
3 30# 4 3,72
4 10# 3 2,61
Teste de densidade
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2850 2013
FIGURA 15 – Densidade dos Compósitos de MF
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2851 2013
Segundo CALLISTER (2008, p. 64) materiais como o vidro, poliestireno e
polietileno apresentam densidades iguais a 2,23g/cm³, 1,05g/cm³, 0,925g/cm³,
respectivamente. Ainda, segundo a análise de resultados de NETO et al. (2008),
quanto maior a densidade dos compósitos, maior será o isolamento do compósito,
no entanto, é necessário vincular esse fator ao parâmetro relatado por CALLISTER
(2008, p. 64). Nesse caso, através da Figura 15 verifica-se que para os compósitos
de MF, o de composição 20# e 3,5 de proporção de resina possui melhor densidade,
que é de 0,988g/cm³. A Figura 16 mostra que para os compósitos da resina UF, a
melhor composição foi a de 10# e 4 de proporção de resina, cuja densidade é de
0,9671g/cm³. Assim, por meio da Figura 17 concluiu-se que o resultado de mais
significância para a densidade foi ligeiramente melhor para a resina MF, de
0,988g/cm³ , que está na faixa desejável quando comparadas à desses materiais,
utilizados como isolantes térmicos e acústicos.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2854 2013
FIGURA 23 – Comparação da Temperatura nas Faces dos
Compósitos para as resinas MF e UF
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
NETO, A.L., SILVA J.R.M., LIMA, J.T. e RABELO, J.F. Efeito das diferentes
madeiras no isolamento acústico. v. 38, n. 4, Curitiba, 2008.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2857 2013
RAZERA, I. A. T. Fibras lignocelulósicas como agente de reforço de
compósitos de matriz fenólica e lignofenólica. 2006. 189 f. Tese (Doutorado em
Química) - Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, São
Carlos, 2006.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2858 2013