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Wundt e a consciência:

Dados biográficos:
 
Wilhelm Wundt nasceu em 1832, na Alemanha.
Com dezenove anos, formou-se em medicina, mas rapidamente se apercebeu de
que o seu interesse não era este, tendo-se, então, especializado em fisiologia. Enquanto
professor investiga o modo como se processa a informação sensorial, o que o leva a
orientar-se para a psicologia. Na sua obra Contributos para uma Teoria das Percepções
Sensoriais, utiliza pela primeira vez a designação de “Psicologia Experimental”.
Tomando como modelo as ciências experimentais, propõe-se constituir a
psicologia como uma nova área da ciência objetiva e experimental.
Na obra Princípios da Psicologia Fisiológica, estabeleceu os princípios da psicologia como a
ciência experimental independente.
Durante 10 anos, dedicou-se à investigação de uma área da psicologia na qual foi o primeiro
investigador sistemático: a Psicologia Cultural. Na sua obra Psicologia Cultural, abordou o
desenvolvimento do pensamento humano manifestado na linguagem, nos costumes, nos mitos, nas artes,
nas leis e na moral.
Morreu em 1920.
 
 
A Consciência:
 
O objeto de estudo de Wundt era a consciência e os processos mentais. A consciência era
constituída por várias partes distintas. Para ele, “ a primeira etapa da investigação de um fato deve ser
uma descrição dos elementos individuais (…) dos quais consiste”. Tal como os átomos constituem as
substâncias químicas, as sensações seriam os elementos simples da mente e da consciência. Mas não
aceitava que os elementos constitutivos da mente se combinassem de forma passiva através de um
processo mecânico de associação. E aqui diverge dos empiristas e dos associacionistas, com quem só
partilha o reconhecimento dos elementos simples como forma de se poder conhecer os processos
psicológicos complexos. Para Wundt, os elementos da consciência não eram estáticos: a consciência tinha
um papel activo na organização do seu próprio conteúdo.
Era este processo ativo de organização que mais interessava a Wundt. Ele considerava que era
compatível o reconhecimento dos elementos simples da consciência e a afirmação de que a mente
consciente tem capacidade para proceder a uma síntese desses elementos em processos cognitivos de
nível mais elevado.
A metodologia a seguir deveria partir dos elementos básicos dos processos conscientes.
 
 
As sensações e os sentimentos:
 
            Os elementos simples que constituem a consciência eram as sensações e os sentimentos. As
sensações ocorrem sempre que um órgão dos sentidos é estimulado e esta informação é enviada ao
cérebro. O sentimento é a componente subjetiva da sensação. Assim, uma sensação pode ser
acompanhada de um sentimento de alegria ou tristeza, como acontece, por exemplo, com as cores
(sensação visual). Ele decidiu submeter a sua turma a uma experiência: Levou para a sala de aula um
metrónomo, e registrou as reações dos seus alunos ao incomodativo som. De notar que o sentimento
subjetivo acontece ao mesmo tempo em que as sensações físicas. A emoção é, assim, constituída por um
conjunto complexo de sentimentos.
            Segundo Wundt, partindo de elementos simples como as sensações, a consciência, no seu
processo criativo de organização, produziriam ideias.
            Mas, se o estudo dos processos mentais deveria seguir o percurso do mais simples ao mais
complexo, o mesmo não se passava com a forma como conhecemos o real. Assim, quando
percepcionamos uma casa percebemo-la como uma unidade, um todo, e não como uma soma de
elementos que podem ser estudados num laboratório. Wundt recorre ao conceito de a percepção para
explicar esta experiência consciente unificada: processos de organização dos elementos mentais que
formam uma unidade. Esta unidade não é a soma dos elementos constitutivos, mas uma combinação que
gera novas propriedades e características. Wundt afirma: “Todo o composto psíquico é dotado de
características que de modo algum consistem na mera soma das características das partes.” Com esta
citação, Wundt quer dizer que as características da consciência não são as mesmas do que as dos seus
constituintes.
 
 
Metodologia de investigação:
 
Wundt utiliza como método a introspecção controlada: só o sujeito que vive a experiência a
pode descrever introspeccionando-se, fazendo autoanálise dos seus estados psicológicos em condições
experimentais.
            Na sua experiência com o metrónomo, Wundt exigia um grande rigor nas descrições, que seriam
quantificadas. O objeto da introspecção é o próprio sujeito, enquanto o objeto das observações que se
fazem nas outras ciências é o real exterior ao sujeito.
            Contudo, a introspecção controlada só dava a conhecer os elementos básicos da consciência, as
sensações e as percepções; os processos mentais complexos, como a memória e a aprendizagem, não
poderiam ser estudados experimentalmente, tendo de se recorrer a metodologias qualitativas.
 
 
Conclusão:
           
            Wundt teve um papel importante na história da psicologia. Demarcou-se do pensamento
dominante da época, procurando autonomizar a psicologia da filosofia. Definiu um objeto, a consciência,
e um método de investigação, a introspectiva controlada. Procurou ainda desenvolver uma teoria sobre a
natureza da mente humana que conjugasse a componente biológica e a componente social, o mundo
interno e o mundo externo, a dimensão individual e a coletiva.
            Por esta altura, várias criticas foram feitas ao seu trabalho. Um dos que mais criticou o seu método
(introspecção controlada) foi Sigmund Freud, que afirmava que este método era demasiado ridículo para
ser utilizado na sua investigação. Sugeriu então o método psicanalítico.

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