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Ana Paula Fernando Domingos Braço

Cadeira de Antropologia Cultural

Resumo

Antropologia
A antropologia - etimologicamente vem da junção de duas palavras Anthropos palavra grega
que significa homem e lógia-estudo, sendo estudo ou tratado acerca do homem, dai que a
antropologia é ciência que estuda acerca do homem. Ela se difere das outras ciências sociais que
estudam o homem, a partir do seu objeto, uma vez que ela estuda o homem como um todo.

A antropologia se subdivide em tantos ramos, onde Félix Keesing apresenta-nos o esquema


seguinte:

Etnologia Etnologia

Antropologia Física Etnografia

Antropologia

geral Linguística Antropologia social

Antropologia Cultural Arqueologia Pré-histórica

Antropologia física- estuda os aspectos biológicos do homem, da história natural e ciência


natural do homem, não só lhe interessa o estudo das populações modernas, mas também do
estudo da evolução da espécie humana, estuda os problemas da origem do homem, as
semelhanças e as diferenças entre os povos, o antropólogo físico deve conhecer todos processos
vitais da evolução, e o ambiente geográfico que ocorre essa evolução.

Antropologia Cultural é o ramo da antropologia geral que estuda a obra humana, a cultura, que é
o conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, lei, costumes e quaisquer
outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro duma sociedade.

Antropologia social se aproxima muito da sociologia, preocupando se com a instituição de


generalizações sobre uma cultura, a sociedade e a personalidade em um sentido mais universal.

O objeto de estudo da antropologia cultural é o comportamento de todos seres humanos, para


a antropologia cultural todas as Actividades humanas, quer das sociedades não primitivas ou
ocidentais oferecem tanto interesse como as Actividades das sociedades primitivas ou não
ocidentais.

Campo de abordagem
O maior foco dum antropólogo cultural são os padrões culturais, não implicando
necessariamente que não se interesse com outras partes que compõem a antropologia, mas sim
tem o dever de conhecer a arqueologia sobre tudo, que é o estudo das culturas extintas, da
antropologia social, económica, da psicanálise etc. Ao estudar a cultura devem compreender os
aspectos que nela interagem, a política, arte, religião, a própria cultura dos povos já extintos e
presentes.

Métodos e técnicas de investigação em antropologia

Método etnográfico
Etnografia a partir do seu termo é a discrição dos costumes, da cultura e da vida dos povos, é a
coleta de documentos e discrição completa e pormenorizada de determinadas culturas. Para Lévi-
Strauss a etnografia corresponde aos primeiros estágios da pesquisa, observação e discrição,
trabalho de campo, ela engloba ainda os métodos e as técnicas que se relacionam com o trabalho
de campo, com a classificação, descrição e análise dos fenómenos culturais particulares; quer
trate de armas, instrumentos, crenças ou instituições; e a etnologia faz a sistematização dos dados
fornecidos pelos etnógrafos e mais outras informações.

Trabalho de campo é um processo que envolve mais aspectos da conduta social, dentro dos
quais o comportamento manifesto é observado, o antropólogo durante o trabalho de campo
procura no conjunto de informações sobre o passado e o presente, contextualizar as relações
sociais que observa.

Observação participante é o envolvimento direto que um investigador de campo na disciplina


de antropologia cultural tem com um grupo social em estudo, dentro dos parâmetros das próprias
normas do grupo, a observação participante é pontual, onde despe o investigador dos seus
conhecimentos culturais próprios, enquanto veste o do grupo investigado, é o exercício que faz,
tentando ultrapassar o etnocentrismo cultural espontâneo em que cada ser humano define o seu
estar na vida.

Interpretação
Consiste na interpretação e análise de dados recolhidos no trabalho de campo, esta interpretação
deve ser bem cuidada na medida em que deve se analisar os dados recolhidos por meio de
entrevista ou inquéritos, uma vez que os informadores ou inqueridos podem não ter sido fieis nas
informações fornecidas ou podem ter omitido algumas informações, no que concerne a cultura
existe hábitos ou leis que existem como regras o que uma determinada comunidade crê, mas
essas leis não fazem parte do seu quotidiano. Deve existir cuidado também com os interpretes,
uma vez que as interpretações não podem ser fidedignas.

O Marxismo e a Antropologia

O interesse dos marxistas pela antropologia data do século XIX, com Karl Marx e Fredrich
Engels. Marx se preocupava pelas causas do surgimento do capitalismo. Nisto ele se interessa
pelo feudalismo e pelas sociedades primitivas. No fim da sua vida, Marx se preocupou em
estudar as sociedades rurais da Índia e da China. Seus estudos foram publicados em 1972 por L.
Krader, sob o título The Ethnological Notebooks of Karl Marx (Manual da Etnografia de Karl
Marx).

Karl Marx e Friedrich Engels, apoiando-se dos trabalhos da antropologia, desejavam estabelecer
três pontos fundamentais:

1. Os diversos aspectos da vida em sociedade estavam organicamente ligados uns dos


outros.

2. Os conceitos de amor e da sociedade são aspectos específicos de situações históricas


ligadas aos níveis particulares do desenvolvimento económico e social.

3. As principais transformações ocorridas na história são resultado das contradições entre a


organização da produção e a organização social.

Para coroar seu ponto de vista evolucionista, Friedrich Engels apresenta cinco modos de
produção, isto é, cinco estádios de uma evolução geral das sociedades humanas:

A. Primitivo, B. Antigo, C. Feudal, D. Capitalismo, E. Comunismo

A antropologia marxista passou a ser maioritariamente do terceiro mundo. Ela se centra sobre a
análise das formas de exploração (sexual Andro centrismo; laboral eurocentrismo, etc.); para
outros, a diferenciação sexual é cultural e não biológica. Ela será empregue como expressão da
emancipação de uma classe social oprimida.
Capítulo III: CULTURA E DINÂMICA CULTURAL
A cultura é usada pela nossa sociedade com uma infinidade de sentidos. Ao longo da história o
conceito de cultura foi evoluindo até aos nossos dias. Junto as escolas de pensamento, os autores
criaram definições, que configuraram o edifício do que hoje consideramos cultura no sentido
antropológico. Com as suas teorias os estudiosos enriqueceram o sentido de cultura e lhe
abriram perspetivas novas. Este movimento de constante sistematização do conceito de cultura,
chegou até aos nossos dias aparecendo novas teorias e novas reformulações. Portanto, o processo
de globalização em que estamos mergulhados, levanta novas questões e desafios novos a
reflexão antropológica.

Há teorias que põe em relevo a tendência sociológica; outras que consideram a cultura como algo
indefinido, algo que já não serve para a pesquisa científica, um obstáculo, um enredo de difícil
solução, uma atrapalhação, algo assim como um texto estruturado de símbolos e significados,
uma sobrevalorização do conceito, uma invenção dos antropólogos. As definições são do tipo
analítico, umas e de tipo mais sintético, outras.

ETIMOLOGICAMENTE o vocábulo Cultura provem do particípio passivo do verbo latino


colo, colis, colere, colui, cultum, que significa: cultivar, cuidar, ter cuidado, prestar atenção.
Expressa a relação dinâmica e estável a um lugar. Os seus derivados são: agri-cola=cultivador da
terra; agri-cultura=cultivo do campo; in-cola=morador; colonus=a pessoa que cultiva;
colonia=local cultivado.

Uso do termo cultura com diversos sentidos:

 Sentido material: colere terram = cultivar a terra; é o primeiro sentido de cultura;


 Sentido espiritual: colere deos loci; cultus deorum: venerar (prestar atenção) os deuses
protetores do lugar, cuidar os deuses da terra;
 Sentido social: a partir do século XVII, o termo cultura começou a usar-se no sentido
coletivo, algo que tem que ver não apenas com o individuo, mas com as populações e
nações.
 sentido étnico: também começou o uso particularista e étnico (a cultura de uma
determinada sociedade);
 sentido universalíssimo: no sentido universalista (a cultura de toda a humanidade, a
cultura universal). Neste sentido a cultura equivale a civilização.
DEFINIÇÕES DA CULTURA
Em 1869, Matthew Arnold definiu a cultura como o conseguimento da perfeição, que implica
uma condição interna da mente e do espírito (doçura e luz), através do bom e do melhor que se
pensou e se diz na história. (Arnold, 1975:23,24)

Vinigi L. Grotanelli, afirma que «a cultura é toda atividade consciente e deliberada do homem
como ser racional e como membro de uma sociedade e o conjunto das manifestações concretas
que derivam daquela atividade» (Grotanelli,1965:27). Desta definição, podemos olhar para a
cultura como que a expressão do homem, como individuo e como membro integrante de uma
sociedade.

Mas de todas ate então apresentadas, a definição de Tylor, na sua obra, intitulada Cultura
Primitiva de 1871, «Conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis,
costumes e várias outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma
sociedade» (Tylor, 1871:5), conseguiria ser o mais abrangente conceito de cultura no sentido
antropológico ate então criado. Ela contem acima de tudo afirmações importantes que devemos
sublinhar: a cultura é adquirida, não transmitida biologicamente; o homem adquire acultura
como membro de uma sociedade; existem tantas culturas quantas são as sociedades; todas as
culturas são igualmente dignas; a cultura é um conjunto complexo, isto é, composta por
entidades que se podem decompor nos seus variados elementos ou traços (símbolos, ritos,
normas, instituições); necessidade do estudo comparativo. Ela é património específico de um
determinado grupo social. É portanto, preciso não esquecer que, a cultura é um modo coletivo de
provar a sobrevivência de todos e de cada um dos membros da população.

FACTORES DE CULTURA
O conceito de cultura atrás apresentado mostra que a cultura compreende traços ou elementos
de duas ordens: espiritual e material.

Os elementos espirituais compreendem as ideias, crenças, normas, valores, usos e costumes do


grupo. Neste conjunto, revestem-se de especial importância os valores, já que toda a vivencia
coletiva se realiza e se ajuíza em função deles. As ideias de bem e de mal, de justiça, de beleza,
de bondade, de liberdade, etc., condicionam efetivamente, a atividade dos indivíduos.

Ora, quais seriam então os factores da cultuar? Sumariamente, diríamos que são quatro factores
essenciais da cultura. O anthropos, ou seja, o homem na sua realidade individual e pessoal; o
ethnos, comunidade ou povo, entendido como associação estruturada de indivíduos; o oikos, o
ambiente natural e cósmico dentro do qual o homem se encontra a atuar; o chronos, tempo,
condição ao longo da qual, em continuidade de sucessão, se desenvolve a atividade humana.

CULTURA E SOCIEDADE
Sabemos que o ser humano tem vivido, desde sempre, em grupo. Neste sentido, o homem é um
ser social. Mas, de igual modo podemos afirmar, também, que viveu sempre num estado cultural,
afastando-se do estado de natureza característico das restantes sociedades animais.

A vida em grupo tem conduzido ao desenvolvimento e procedimentos que, espelhando valores


aceites, concorrem para a satisfação das necessidades da coletividade, afastando-a de um estado
selvagem.

Em todos os tempos e lugares, a vida social tem, na verdade, suscitado crenças, criado normas,
idealizado valores, encontrado soluções organizativas e institucionais, inventado instrumento de
trabalho, desenvolvido capacidades, aperfeiçoado habilidades, produzido obras artísticas,
técnicas, literárias, etc., que a caracterizam e lhe conferem originalidade. Numa palavra, a vida
em grupo é uma vida em estado de cultura. Isto é, cada sociedade exprime-se e realiza-se
através de uma cultura.

DIVERSIDADE CULTURAL
As diversidades culturais são diferenças culturais que existem entre o ser humano. Há vários
tipos, tais como: a linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições como a organização
da sociedade. A diversidade cultural é algo associada à dinâmica do processo associativo.
Pessoas que por algumas razões decidem pautar suas vidas por normas pré-estabelecidas tendem
a esquecer suas próprias idiossincrasias (Mistura De Culturas). Em outras palavras, o todo
vigente se impõe às necessidades individuais. O denominado "status quo" deflagra natural e
espontaneamente, e como diria Hegel, num processo dialético, a adequação significativa do ser
ao meio. A cultura insere o indivíduo num meio social.

O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ou


elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente. Cultura (do latim
cultura, cultivar o solo, cuidar) é um termo com várias aceções, em diferentes níveis de
profundidade e diferente especificidade. São práticas e ações sociais que seguem um padrão
determinado no espaço/tempo. Se refere a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras
morais que permeiam e "preenchem" a sociedade. Explica e dá sentido a cosmologia social, é a
identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período.
extintos.

FUNÇÃO E ENERGIA
Uma vez individualizados os elementos constitutivos das formas particulares da cultura
espontaneamente interrogarmo-nos: qual é a causa pela qual um antropema, qualquer que seja a
sua proveniência a intenção humana ou a aplicação de um princípio estrutural, é acolhido pela
comunidade e transformado em etinema? Qual é a causa pela qual um etinema se articula com
outros etnemas, como se tratasse de um organismo vivo? Quais as razões porque, num certo
momento, um etnema é recusado ou abandonado, deixado de ser integrante?

Portanto, esta problemática ocasionou pesquisas discussões sobre dinâmica da cultura,


definitivamente assinalados pelo pensamento antropológico.

O DINAMISMO E MUDANCA CULTURAL


A cultura tem sofrido um crescimento ao longo dos tempos, desde os primeiros hominídeos -
crescimento esse que proporcionou uma evolução cada vez mais rápida. Claro que toda a
rapidez é relativa! Atualmente, a evolução cultural atinge um ritmo sem precedentes, algo
que seria impensável sem a proximidade das populações e, por conseguinte, das suas
culturas, pela tecnologia.

ENCULTURAÇÃO
Este é um processo educativo através do qual os indivíduos (regra geral pensamos nas
crianças como o único alvo, mas este é um processo que acontece ao longo de toda uma
vida) apreendem os elementos da sua cultura, quer informal, quer formalmente. Este
processo acontece informalmente de um modo contínuo, seja consciente ou
inconscientemente, pois processa-se essencialmente pela imitação e pelo envolvimento com
grupos espontâneos, e não instituições sociais. A família e os amigos são um bom exemplo
de grupos fundamentais à enculturação informal. Pelo contrário, a enculturação formal é
pautada pelo aspectos normativo e obrigatório inspirado por instituições sociais, o que
diminui a iniciativa espontânea (embora raramente a anule). A escola é, supostamente, uma
das instituições principais da enculturação formal.

A enculturação implica ainda um outro fator: a iniciação. Quando se fala de iniciação,


referimo-nos a todos e quaisquer tipos de rituais de iniciação:

 De puberdade e tribais;
 Religiosos e de outros mistérios;

 Escolares e académicos;

 Desportivos e militares;

No entanto, estamos habituados a pensar em iniciações como uma celebração ou situação


evento que marca um certo acontecimento, quando, na realidade, a iniciação não é um evento
único, mas uma série de estádios. Em certos casos, uma iniciação implica toda a instrução
que um indivíduo recebe. Assim, independentemente de ser uma iniciação que acompanha o
desenvolvimento fisiológico (início da menstruação, por exemplo) ou a maturidade
fisiológica (como o estádio da adolescência ou de adulto), existem três tipos de iniciação:

 Instrutiva onde cada individuo aprende as tradições e os comportamentos através das


instituições direta.
 Dramática onde a Acão cénica é o método preferencial de ensino.
 Visão onde o individuo entra em contacto com o mundo dos espíritos através de
isolamento, jejum ou drogas, interpretando as visões que dai advirem.

Então, por exemplo, conclui o leitor, a praxe universitária é uma iniciação! Absolutamente
correto. O primeiro ano que um aluno passa como caloiro, digamos, numa faculdade
corresponde ao período de iniciação - um período longo em que passa pelo menos por três
estádios: o da chegada, o do período da praxe propriamente dita, e o um período de
aprendizagem que termina com o final do primeiro ano. Infelizmente, e apesar do efeito
estrutural da praxe acontecer de facto (ocorre uma mudança de status social), o efeito
psicológico falha pois não consegue transmitir a dignidade da passagem de caloiro para um
"estádio acima".

Para terminar, vamos apenas ver por que tipos de acontecimentos ocorre a mudança de status
social:

 Ritos de Separação em que o individuo é retirado do seu mundo anterior quase que
por uma morte simbólica.
 Ritos marginais ou de Liminalidade, o momento de passagem sagrada em que o
individuo já tem ou ainda tem uma nova qualificação (pertença ao nível do status)
 Ritos de Agregação, que transformam o individuo num novo membro da sociedade,
quase que por meio de uma ressurreição simbólica.

ACULTURAÇÃO
O processo de aculturação acompanha e pode até sobrepor-se à enculturação. São, assim,
processos muito semelhantes, mas enquanto a enculturação é a aquisição de cultura por um
membro dessa mesma cultura, a aculturação é a aquisição de elementos culturais de culturas
externas. Claro que essa assimilação, integração e fusão de elementos, por muito que os
agentes da aculturação sejam intencionais, não é um ponto assente na medida em que a
cultura recetora é muitas vezes seletiva face aos elementos culturais estrangeiros. Por
exemplo, os ameríndios, de um modo geral, assimilaram o cavalo no seu modo de vida; no
entanto, os índios Soshone não os conseguem criar visto o seu território não proporcionar o
pasto necessário. Por outro lado, se a força de aculturação se tornar opressiva contra a
seletividade natural do povo "aculturado", podem gerar-se crises de mal-estar social que
podem explodir e também originar movimentos religiosos ou crenças de salvação.

A aculturação é, basicamente, o resultado das relações culturais que podem ser de ordem
diversa:

 Simbiose Cultural

Ocorre quando há coexistência ou convivência entre duas ou mais culturas (subculturas, por
exemplo)

Esta coexistência ou convivência não pode ser ocasional ou temporária.

 Osmose Cultural

Ocorre quando, por mais que as culturas sejam diferentes, alguns elementos culturais
unificam-se devido a alianças matrimonias, trocas comerciais, escaramuças e lutas ou
guerras.

Esta é típica em zonas fronteiriças. Com a cultura espanhola invasora dando origem a actual
cultura mexicana.

 Fusão Cultural

Ocorre quando os elementos culturais de duas ou mais culturas se misturam de tal modo que
dão origem a outra cultura como aconteceu, por exemplo, no México: a cultura azteca nativa
fundiu-se com a cultura espanhola invasora dando origem a actual cultura mexicana.

DESCULTURAÇÃO
Relativamente à desculturação não há muito mais a dizer: é o processo de perda ou
destruição do património cultural, o que pode incluir apenas alguns elementos culturais ou
toda uma cultura. Este processo pode acontecer de um modo impercetível, como acontece
com a constante evolução e renovação da língua; ou pode acontecer de modo traumático,
como em situações de extermínio e genocídio, que visam acabar com todo um povo e sua
cultura, ou "moldá-los" para escravatura.

Desenvolvimento das Ciências Sociais

As ciências sociais são uma criação histórica recente de uma civilização, onde o seu
desenvolvimento é marcado por diversos factores, a sua própria evolução teórica, o
dinamismo de outras ciências e formas de saber, as características desiguais de diferentes
contextos institucionais em geral, sociais.

Elas são um campo intelectual muito heterogéneo, em que a configuração é o resultado


conjuntural de uma história que continua. Foi no início do século XIX que vários autores
evidenciaram a autonomia e a profundidade do social. Onde o social é irredutível ao
individuo, foi com a consolidação desta tese que surgem as ciências sociais e também com o
impacto crescente do saber lógico matemático, físico e biológico que elaborava um modelo
de estratégia de investigação que ia servindo de referencial aos estudiosos sociais e com as
transformações económicas, demográficas, políticas e culturais dos oito cientistas do
ocidente, referente aos anos 1800, ou ao século XIX.

Pluralidade, diversidades e interdisciplinaridade das ciências sociais

As ciências sociais são pluridimensionais na medida em que, um único fenómeno pode ser
foco de estudo de muitas ou de quase todas disciplinas sociais, em que tais estudos são feitos
de pontos de vistas diferentes, isto é, em perspetivas bastantes diversas.

Uma vez que o mesmo facto social estudado sob ponto de vista sociológico ganha uma
perspetiva diferente quando o mesmo facto for submetido ao estudo sob ponto de vista
psicológico, económico, antropológico entre outras disciplinas que fazem parte das ciências
sociais.

Os factos sociais são designados de factos sociais totais na medida em que podem ser
estudados sob várias perspetivas que compõem o ramo das ciências sociais.

A ruptura com o senso comum

A ruptura das ciências no geral com senso comum é sobretudo no que diz respeito aos
preceitos ou mecanismo pelos quais um determinado saber deve passar para que se considere
de científico, a verificação, tese bem elaborada e lógica. No concernente a ciência social
sobretudo se distancia do senso comum à medida em que um determinado saber ou teoria
deve ser interligado e que seja verificável, na medida em que ela obedece aspectos lógico-
matematicamente aceites nos padrões científicos e não apenas uma mera dedução.

História do Pensamento antropológico. A curiosidade intelectual e o interesse pelo


exótico
Do colonialismo a crise da antropologia, Etnocentrismo. A universalidade da
antropologia

A antropologia é sem dúvida a mais antiga das ciências humanas, atribui se ao grego
Heródoto (480 ou 425-499), desde o século V a.C., o herói mítico, fundador da história, da
geografia comparada e da etnologia, este que efetuou várias viagens, nessas viagens fazia
discrições narrativas acerca dos povos que encontrava nos locais visitados, destacando as
suas semelhanças e diferenças.

O estudo sobre os outros se efetua desde a antiguidade, onde os não gregos eram chamados
de bárbaros, e era necessário descreve-los para saber até que ponto eles são ou não bárbaros,
descobrir as diferenças e as semelhanças.

Na idade média o discurso passa a ser da diferença entre os cristãos e os não cristãos é sob
este pretexto que se fundamentaram as primeiras conquistas e explorações do renascimento,
da exploração dos povos não europeus.

Esta exploração e ocupação teve vários pretextos, de evangelizar os povos não ocidentais que
tinham suas religiões tradicionais, de educa-los sob modelos ocidentais, tais povos foram
considerados de povos sem cultura, sem civilização, tinham modelos de vida diferentes dos
europeus, por isso foram alvos de grandes práticas desumanos.

As correntes teóricas da antropologia


Evolucionismo é uma corrente segunda a qual as sociedades primitivas ou diferentes das do
ocidente representavam um estágio de evolução em que a sociedade ocidental já tenha
passado. A noção de evolução levou numerosos autores a estabelecerem uma sequência das
diferentes etapas da humanidade válida para todos os povos e em todo tempo. Os estados
diferentes de evolução observados seriam explicados não por conceções de tipo
aparentemente não racista, mas através da justificação de ordem cronológica.

Para os evolucionistas a existência de povos atrasados e avançados em determinada época


apenas significava que estavam em estado de evolução diferente e que os atrasados eram
imagem do passado dos grupos considerados avançados.

Para os evolucionistas os povos existentes no mundo deveriam pertencer a uma única


civilização, a ocidental, quer tanto no passado assim como no presente. Dai que o outro,
diferente do ocidental era visto em função da realidade ocidental, onde o ocidente
ocupava naturalmente a última etapa da evolução.

O grande e principal teórico do evolucionismo foi L. Morgan que dividiu a humanidade


em três fases Selvajaria, barbaria, civilização que dividiu cada fase em três partes também

-Selvajaria antiga Linguagem

Selvajaria -Selvajaria media-Fogo, lanças, machadas

-Selvajaria recente- arco e flecha

-Barbaria antiga - cerâmica

Barbaria -Barbaria média - domesticação, agricultura

-Barbaria recente metalurgia

-Civilização antiga - escrita

Civilização - Civilização media -pólvora, bússola, papel

- Civilização recente vapor, eletricidade e noção de evolução

John Lubbock que dividiu as fases de evolução em ateísmo, feiticismo, naturalismo,


xamanismo, antropomorfismo, deísmo.

Difusionismo é uma corrente contrária ao evolucionismo que encontrou muitos adeptos na


Alemanha, EUA dentre eles encontramos RATZEL, FROBENIU e sobretudo GRAEBNERS
que é considerado verdadeiramente o teórico do Difusionismo.

Esta teoria defende que os elementos que constituem uma dada sociedade fossem recebidos
de outras sociedades. As sociedades difusoras são em pequenos números uma vez que criar
seria difícil que adotar.

Para os difusionistas quando sociedades apresentam estados idênticos de desenvolvimento


significaria que tinham adaptado por contacto direto ou indireto as mesmas características,
contrariamente ao evolucionismo seria que as sociedades estivessem no mesmo ou idêntico
estágio de evolução.

Culturalismo de R. Benedict
Culturalismo é uma teoria segundo a qual o indivíduo deve ser compreendido como um ser
que existe a partir de uma determinada cultura e que a cultura é determinada pelo indivíduo.

Cada pessoa é acima de tudo uma acomodação aos padrões de forma e de medida
tradicionalmente transmitidos na sua comunidade de geração em geração, onde o indivíduo
desde que vem ao mundo é moldado de acordo com os padrões existentes na sociedade onde
ele faz parte.

Funcionalismo

É uma corrente criada por Bronislaw Malinowski este que foi um dos etnólogos a considerar
que os etnólogos deviam abandonar os gabinetes, tendo sido um dos pioneiros no trabalho de
campo.

Estruturalismo

O estruturalismo de C. Levi-Strauss remonta a linguística de Ferdinand de Suassure em que


um determinado termo não pode ser percebido apenas através de um certo som com o seu
conceito, mas devendo se perceber os termos a partir de todo e não a partir do som e do seu
conceito.

A corrente Marxista

Para Marx o individuo é aniquilado em favor do coletivo, aqui valoriza-se as questões


ligadas ao todo, não existe o individualismo, a história é que determina a vida dos indivíduos
em que tudo já esta predeterminado na vida dos homens.

Organização sociopolítica: Parentesco, Família e Casamento em Moçambique

Introdução ao estudo do parentesco


Parentesco é a relação decorrente da posição ocupada pelo indivíduo no sistema de
parentesco, é um vínculo entre membro de uma família.

O parentesco pode ser dividido em dois níveis, no sentido amplo e no sentido restrito. No
sentido amplo significando a inclusão das relações afins que surgem por matrimónio ou
casamento e as de laços de sangue, podendo encontra três tipos de parentesco: laços de
sangue {descendência}, laços de afinidade {casamento ou matrimónio} e laços fictícios
{adoção}. E no sentido restrito refere-se apenas aos laços de sangue, de consanguinidade.

Descendência refere-se aos laços ou relações do indivíduo com seus parentes de sangue, e o
critério da descendência é biológico, mas estão também incluídos elementos culturais.
Encontramos na descendência a bilateral esta que considera como ancestrais do indivíduo
tantos parentes paternos assim como os maternos, o que caracteriza as sociedades modernas.

Descendência unilinear dupla trata se de sociedade onde não se considera a descendência


pelas duas linhas, paterna e materna, onde mesmo aceitando a descendência unilinear, fazem
de modo a reconhece-la patrilinear para certos propósitos e exclusivamente matrilinear para
outros propósitos.

Pai e Genitor

Genitor se refere ao pai biológico e Pai se refere ao pai social, este que é reconhecido
socialmente, tendo muito a ver com questões culturais, onde as posições sociais são fruto do
aprendizado cultural, sendo que nas sociedades matrilineares, o pai biológico não tem um
reconhecimento, só desempenha o papel de genitor, e que as responsabilidades em relação
aos descendentes são exercidas pelo tio paterno e nas patrilineares a mãe biológica não
desempenha o papel de elemento na linhagem.

Nomenclatura de parentesco, simbologia e características do parentesco (filiação,


aliança e residência)
Nomenclatura ou terminologia do parentesco é sistema simbólico de denominação das
posições relativas aos laços de descendência e de afinidade. Encontrando pai, mãe, irmão,
irmã, tio, tia, esposo, sogro, sogra, avo, neto como terminologia de parentesco. Os
antropólogos falam de dois tipos de terminologia de parentesco: descritivo e classificatório.

Clã e gens

Clã refere-se a um grupo de pessoas dotado de nome, de descendência unilinear, um


conjunto de pessoas que acreditam derivar do mesmo antepassado ou ancestral comum
mesmo que ele seja mítico e que seguem as regras de descendência masculina ou feminina,
nunca de ambas parte simultaneamente.

Realidades Moçambicanas sobre o parentesco


No pais podemos encontrar a realidade semelhante a o que acontece em todo mundo, que
segue a questão biológico, mas que não esta alheia a questão cultural, onde esta vai
determinar as responsabilidade em relação aos filhos, em que o parentesco no sul e centro do
país encontramos a consideração de clã patrilinear, significando que os filhos são
responsabilidades dos parentes paternos, o consenso é observado através da reunião de
parentes paternos, significando que a descendência ou a linhagem que se observa é a aquela
que tem como base a ligação através do homem, que se chama ágnata ou agnática, em que o
genitor, que é o pai biológico, desempenha e é reconhecida igualmente esta tarefa sob ponto
de vista social, em que abundantemente se não no seu todo, os patrilineares abunda a
realização de lobolo, que uma cerimonia tradicional, que tem como fim a entrega de um dote
à família da noiva.

Família em contexto de Mudança em Moçambique

Origem e evolução histórica do conceito de família


O conceito família em alguns casos é considerado de clã, e alguns consideram como sendo a
unidade social menor ligada aos laços de consanguinidade, afinidade e adoção, o termo
família pode ser visto em comparação com o termo parentesco, o de família sendo usado
para estudar as sociedades de larga escala e parentesco as sociedades de menor escala, as
sociedades ditas primitivas.

Capítulo VI: O domínio do simbólico


1. Animismo: Edward Burnett Tylor (1832-1917), em Primitive Culture, 2 volumes,
1871.

A alma é a causa de todos os fenómenos vitais e psíquicos. O animismo, (do latim anima, do
qual vem a palavra animal, significa o que vive, o que se mexe), é considerado falsamente
religião por excelência dos africanos, da Oceânia e dos aborígenes da Austrália. O animismo,
porém, encontra-se sob suas diversas formas em todas as partes do universo (Europa,
América do Norte, Malásia, Austrália). O animismo pode apresentar três formas diferentes:

a) Manismo de Manes, antepassados o culto dos antepassados. Herbert Spencer


(1820-1903) em Principles of Sociology, 3 volumes (1876, 1882, 1896).
Todos os povos acreditam numa vida nova dos mortos e muitos destes
apresentam cultos dos antepassados. Manismo consiste na sobrevivência dos
antepassados. Segundo Spencer, o culto dos antepassados é a raiz de toda a
religião”. Os que morreram não desapareceram totalmente, mas sobrevivem
em condições especiais, nalguma parte. O heroísmo praticado desde os
tempos antigos na Grécia é um exemplo disto.

b) Naturismo de natura, natureza crença na alma das coisas. Tudo se move tem
alma.

c) Espiritismo crença em seres incorporados. O espiritismo se apresenta na


forma de consulta de alma dos mortos.

1. Magia: James George Frazer (1854-1941) em The Golden Bough 1890.


Para Frazer, apoiando-se em argumentos de ordem psicológica e histórica, a Magia é a
primeira forma da religião. Muitos antropólogos aderiram a teoria de Frazer: Bronislaw K.
Malinowski, Marcel Mauss. Magia é crença

2. Totemism: John Ferguson MacLennan (1827-1881) em Primitive Marriage (1866) e


Study in Ancient History (1876). O Totemismo é visto como fonte de toda a
expressão cultural, nas suas formas zoolátricas e litolátricas. Muitos outros
antropólogos estudaram o totemismo: James George Frazer em Totemism and
Exogany, 4 volumes, (1935); Claude Lévi-Strauss, em Le Totemisme Aujourdhui,
(1962); A. R. Radcliffe-Brown em Structure and Function in Primitive Society
(1912) e Emile Durkheim em As Formas Elementares da vida Religiosa e Sigmund
Freud em Totem e Tabu. O Totemismo pode ser definido como relação entre um clã
ou uma tribo com um herói mítico que tenha vivido em tempos remotos e que se
tenha encarnado em um animal ou em uma planta. E o totemismo que fundamenta as
adorações a animais ou a plantas.

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