Você está na página 1de 24

Hoje é Natal

A história de um avô que diz ao neto que dentro de um saco está o


Espírito de Natal e é com ajuda do avô que Mário descobre o que é o
Espírito de Natal.

O avô Fernando chegou de longe com uma mala muito pesada. Ajudei-o a levá-
la para o meu quarto e não o larguei mais, enquanto não a abriu. O que traria ele
dentro daquela mala tão grande? Prendas de Natal? Surpresas? Brinquedos?
Livros? – perguntava a mim próprio. Mortinho de curiosidade, andei à sua volta
como uma mosca, a zumbir perguntas.

— Ó avô, o que é que trazes?

— Tem calma, tem paciência, que logo te mostro! – aconselhou, ainda com a
voz ofegante por ter carregado comigo aquela mala.

— Anda lá, diz-me só a mim, que eu não digo a mais ninguém!

— As prendas e as surpresas só se mostram logo, depois da ceia. Não sejas


chato!
— Diz-me, que eu prometo guardar segredo! – insisti.

Como tinha de entregar à minha mãe uns produtos para a ceia, que tinha trazido
da sua terra, começou a abrir a mala devagarinho e eu fiquei à espera que de lá
de dentro saísse qualquer coisa de mágico: um avião que voasse – vrrruuum,
vrrruuummm – ou uma coisa assim… capaz de fazer pasmar os meus amigos.

Mas não. Apareceram, entre a escova de dentes, a gilete, o pincel da barba, uma
toalha de rosto e o pijama do meu avô, vários embrulhinhos amarrados com fitas
coloridas, uma garrafa de azeite, um queijo, uma broa de Avintes, um frasco de
azeitonas e uma garrafa que parecia ter dentro água amarela.

— Avô, que prenda me vais oferecer?

— Que prenda me vais dar a mim?

Não lhe respondi. A um canto, estava um rolo envolvido em papel azul-


marinho, prateado.

— E isso, o que é? É um telescópio? É um caleidoscópio?

— Olha que tu és muito pegajoso! Está bem, pronto! Eu digo-te, se não, nunca
mais te calas. Isso é uma luz para o Natal!

— É de ligar à eletricidade? É de acender? É uma estrela para pôr no presépio?


– perguntei, agitado.

— Não. Isto é o Espírito do Natal! – exclamou o meu avô, com mistério na voz.

— Espírito? Igual àquele da Lâmpada do Aladino? Se esfregar, sai um génio


que faz tudo o que a gente quer? Ó avô és mesmo fixório! Mostra, avô, mostra!

Para não me aturar mais, ele ia a desembrulhar o rolo de papel prateado, quando
foi salvo da minha curiosidade pelo chamamento da minha mãe:

— Venham para a mesa!

O meu avô, ainda a arfar da viagem, desceu devagar com a mão no corrimão, e
eu acompanhei-lhe os passos.
O meu pai fechou-se na sala de jantar e, querendo fazer um bonito, não nos
deixou entrar na sala, onde a mesa já estava posta para a ceia.

As luzes estavam apagadas e a porta fechada. Quando íamos para entrar, o meu
pai, muito teatreiro e eufórico, fez:

— Te te te tzzéééé! ! ! – e abriu a porta e as luzes.

Senti uma baforada quente e fui abraçado por um cheirinho a rabanadas, a


sonhos, a filhoses, a aletria com desenhos de canela e a bilharacos, que era um
doce que o meu avô apreciava muito.

A iluminação da sala estava um espanto, a mesa um espetáculo, a lareira soltava


línguas de fogo e a música ambiente eram as vozes de anjos de um CD que a
minha mãe comprara de propósito para aquela noite.

Por cima da lareira, o meu pai pôs o presépio e ao canto construiu uma Árvore
de Natal, apenas com ramos de pinheiro, porque pensava ele que as árvores não
se deviam abater.

Disse-me uma vez:

— Se um dia tiveres de cortar uma árvore, deves pedir-lhe desculpa, ouviste?


Uma árvore é um ser vivo!

O meu avô dirigiu-se ao presépio, mirou-o e remirou-o e, por fim, disse:

— Que engraçado! Nunca vi um presépio assim: o Menino Jesus está ao colo da


mãe e a manjedoura vazia. Ó Castro, dou-te os meus parabéns, o presépio está
muito bonito!

Os olhos do meu pai brilharam com o elogio.

E sabem porquê? É que o meu avô achava que o meu pai era um bocado
azelhote para fazer coisas e habilidades com as mãos.

Era a primeira vez que ele vinha a nossa casa, depois do segundo casamento da
minha mãe.

Para o impressionar, os meus pais receberam-no com mimos e atenções como se


fosse um rei.
Por causa disso, eu comecei a ficar um bocado chateado. Até parecia que os
meus pais, naquela noite, decidiram riscar-me do mapa das suas atenções.

Mas não, para mim, aquele Natal não foi só uma noite de paz, foi uma noite de
pazes.

— Ah, já me esquecia… Olha, Mário, vai à minha mala buscar o Espírito do


Natal, mas trá-lo com cuidado, não lhe mexas, ouviste? – pediu-me o avô
Fernando.

O meu pai e a minha mãe cruzaram os olhos de interrogação, ao saber que o


meu avô tinha trazido para casa um espírito.

Subi a correr as escadas que davam para o meu quarto e senti que os bichos
carpinteiros da curiosidade me atacavam com perguntas:

— O que estaria dentro daquele rolo de papel prateado? Seria mesmo um


espírito? E os espíritos têm a forma de um charuto comprido? Seria uma
brincadeira ou uma história do meu avô? Pelo sim e pelo não, passei os dedos,
ao de leve, pelo rolo.

E se o tal espírito saísse do tubo e me falasse: “Diz-me, Mário, meu amo, que
desejas? Diz-me, que a tua vontade será satisfeita!”

Se isso me acontecesse, o que é que eu desejaria? Sei lá, se não ficasse


atrapalhado, era capaz de pedir:

— Ó alma boa, ó espírito da luz, quero que arranjes alguém que me faça os
deveres de casa, quero um avião a sério que aterre no meu pátio e quero uma
moto a motor!

Estava a minha imaginação com gás na tábua quando ouvi a voz do meu avô:

— Então, vens ou não?!

Desci as escadas a correr e entreguei-lhe o rolo de papel prateado. Fiquei à


espera, para ver o que de lá saía.
Era agora, era agora que eu ia conhecer o tal Espírito do Natal. Como o avô
desembrulhou o rolo com muito cuidadinho, eu comecei a acreditar que, se
calhar, havia ali mesmo qualquer mistério.

Desenrolou, desenrolou, até que… apareceu uma simples vela de cera branca.

— Oooohhhh! Uma vela! – disse de mim para mim, muito desiludido.

Embora a sala estivesse inundada de luz, o avô Fernando riscou um fósforo,


pediu à minha mãe um castiçal, acendeu a vela e colocou-a no centro da mesa.
Depois, disse:

— Na chama desta vela mora o Espírito do Natal! Nesta noite, nesta mesa e
nesta chama, para mim estarão presentes todos os nossos antepassados, todas as
nossas recordações e todas as pessoas de quem gostamos. Está o meu pai e a
minha mãe, está a tua… está a tua… avó que Deus tenha…

O meu avô parou de falar e, em vez de palavras, saíram apenas lágrimas grossas
que escorreram pela cara abaixo.

O silêncio que se fez foi tão grande que ficámos todos muito encolhidos, sem
saber o que dizer.

Quem nos salvou do peso do silêncio e das lágrimas foi a minha mãe:

— Então, então, pai, hoje é Natal! – falou baixinho a minha mãe, misturando a
fala com um beijo.

— Vamos à ceia! – disse, por fim, o avô, ainda com a coragem engasgada.

Depois, comemos, rimos, jogámos ao rapa, ao tira, ao deixa e ao põe até que
chegou a hora da distribuição das prendas.

O meu pai deu-me um livro, a minha mãe uma camisa aos quadrados e o meu
avô umas grossas meias de lã.

Eu fiquei muito desconsolado porque esperava um brinquedo de espanto,


daqueles que fizessem roer de inveja os colegas da rua. O meu avô andava
sempre com os pés frios e trouxe meias de lã porque, se calhar, pensou que
sofríamos todos do mesmo mal.
Estava tudo a correr bem. Até o meu pai, que andava quase sempre,
“cabisbundo” e “meditabaixo”, ria-se, ria-se até mais não. A certa altura, o avô
chamou-me para a sua beira e disse-me:

— Olha para a luz da vela. Fixa o Espírito do Natal! O que vês? Eu lá olhei, mas
o que via era que a chama se inclinava, lenta mente, ora para um lado, ora para o
outro.

— Vês alguma coisa?

— Não vejo nada. Só a chama a dizer não, devagarinho!

— Para mim, na Noite de Natal, esta chama significa tudo o que o ser humano
tem de bom dentro de si: a saudade do amor, da amizade e da partilha das
coisas. É por isso que lhe chamo o Espírito do Natal. Nesta noite, quando fixo a
luz da vela, diante dos meus olhos passam, como se fosse em cinema, histórias e
vidas das pessoas que amei e se cruzaram comigo ao longo dos anos.

Estou agora a olhar para ela e estou a lembrar-me do Natal mais lindo que eu
tive em toda a minha vida. Queres que te conte?

— Conta, avô, conta!

— Mas olha que é uma história triste! Mas verdadeira!

— Não faz mal! Mesmo assim, conta!

A minha mãe e o meu pai aproximaram-se do sítio onde nós estávamos. O avô
fixou os seus olhos de formiga na chama da vela e, com uma voz quente e
pausada…

— No tempo em que o Natal custava a chegar, vivia eu numa casa pequenina.


Eu era pobre e não tinha brinquedos, mas não me importava. Bastava o cheiro
que andava pelas ruas e pelos caminhos a fazer miminhos de fraternidade no
coração das pessoas.

Era por isso que, quando tinha a tua idade, na véspera de Natal, ao passar pelas
outras pessoas, dizia, cheio de alegria:

— Hoje é Natal!
A pouca distância de minha casa, havia uma outra, que não era bem casa. As
paredes eram de chapa velha e o chão de terra batida.

O vento entrava por tudo o que era frincha e o frio estava ali plantado.

Uma fogueira fazia de fogão e a única cama que havia era feita de paus de
pinheiro, ainda por descascar.

E nessa casa que não era bem casa, tão pequenininha e tão pobre de tudo,
morava a Ti Adelaide Tintureira e os seus filhos: a Rosa e o Domingos.

Esta mulher de pele enrugada, de olhos verdes e vida amargurada foi, um dia,
transformada em pássaro negro. Por duas vezes se quis matar, atirando-se da
ponte de D. Luís para o rio Douro.

Da primeira vez, as saias largas que usava amorteceram a queda e um barqueiro


que por ali andava viu-a e, remando rapidamente, retirou-a do rio, ainda com
vida.

Da segunda vez que se quis matar estava muito vento. Ao atirar-se da ponte,
uma rajada empurrou-a contra os fios de electricidade e neles ficou enrodilhada.
Os bombeiros tiraram-na com vida, apenas ficando magoada no peito.

Disseram as velhas da aldeia que tudo isso aconteceu porque o Anjo da Guarda
da Ti Adelaide Tintureira, cansado de a proteger durante uma vida cheia de
aflições, adormeceu duas vezes.

E, nessas duas vezes, a Morte, ao ver aquela mulher de olhos tristes,


transformada em ave negra, não a quis e devolveu-a, sã e salva, para viver o
resto do seu destino.

Naquele tempo, a Ti Adelaide Tintureira e os filhos viviam da venda da lenha,


apanhada nos pinhais, e de pequenos serviços que lhe encomendavam. Ela e os
filhos vestiam do que algumas “almas caridosas” lhe davam.

Passavam muito mal e, quando se vive assim, nem é bom sentir o cheiro do
Natal nem ouvir falar de prendas nem de rabanadas. Isso só serve para
entristecer a vida de quem tem pouquinho.
— Natal é um dia como os outros! – dizia a Ti Adelaide Tintureira para tentar
convencer os filhos a não olharem para as roupas novas que os outros meninos
vestiriam no dia seguinte.

Na noite de Natal, em cima da nossa pequena mesa, já fumegava a travessa de


bacalhau cozido com batatas e couves-galegas.

Nesse ano, para além das rabanadas, havia um bocadinho de queijo, uns pastéis
comprados no Porto e uma garrafa de vinho fino, oferecida pelo Ti Zé Estureta,
como consoada, por lhe gastarmos da mercearia.

Para operários de vida dura, aquela ceia de Natal era quase um banquete de rei.

Quando íamos iniciar a refeição da noite de Natal…

— E se fôssemos chamar a Ti Adelaide Tintureira e os seus filhos para cearem


com a gente? – propôs o meu pai.

A minha mãe disse que sim e, momentos depois, eu batia à porta da barraca da
Ti Adelaide Tintureira.

Lá dentro, a chama da candeia de azeite furava a escuridão e os olhos da Rosa e


do Domingos enchiam de tristeza aquela noite, que não era bem igual às outras.

Sem saber o que dizer nem fazer, seguiram-me até à porta da minha cozinha.

Disseram boa noite com voz sumida e, quando se sentaram à volta da mesa
daquela família de pobres operários, que era a minha, dei com uns olhos verdes,
acesos de alegria.

Eram os da Ti Adelaide Tintureira que pagava aquele gesto bonito com um


olhar que já não usava há muito tempo: um olhar de felicidade.

Quando acabámos de comer e de jogarmos o rapa a pinhões, vim cá fora e, pelo


intervalo das folhas de uma laranjeira, vi, lá longe, o brilho de uma estrelinha
que mais ninguém viu.

Agora, quando olho para o céu, lembro-me dos olhos acesos da Ti Adelaide
Tintureira, que foram morar para as estrelas e que me aparecem, na noite de
Natal, para me recordarem dos bons sentimentos que ainda não foram apagados
do coração das pessoas.

Quando o avô Fernando se calou, olhei para a chama da vela e senti que o
Espírito do Natal estava ali e me tinha visitado naquela noite.

José Vaz, Hoje é Natal, Ed. Gailivro, 2000


A arvorezinha de Natal. Conto de Natal para as crianças
Um conto natalino que ensina valores e o sentido do Natal às crianças
O Natal não só nos traz comidas gostosas, cantigas natalinas, decoração festiva, como
também um montão de estorias e contos que nos ajudam a explicar aos nossos filhos o
que realmente representa o Natal. Este conto da 'Arvorezinha de Natal', por exemplo,
trata dos valores e do espírito que envolvem as festas natalinas. Leia o conto e depois o
compartilhe com os seus filhos. Seguramente, vocês vão curtir muito esta leitura tão terna
e profunda, sobre o Natal.
Conto de Natal para as crianças: A arvorezinha de Natal

Numa pequena cidade havía somente uma loja que vendia árvores de Natal. Ali era
possível encontrar árvores de todos os tamanhos, formas e cores. O dono da loja tinha
organizado um concurso para premiar a árvore mais bonita e melhor decorada do ano, e o
melhor de tudo é que seria o próprio São Nicolau que iria entregar o prêmio no dia de
Natal.
Todas as crianças da cidade queriam ser premiadas pelo Papai Noel e correram para a loja
para comprar sua árvore para decorá-la e poder participar do concurso.
Por sua vez, as arvorezinhas se emocionavam muito quando viam os meninos, que
decididos a ganhar o concurso, gritavam: Pra mim... pra mim... Olhem pra mim! Cada vez
que entrava uma criança na loja era igual, as arvorezinhas começavam a se esforçar para
chamar a atenção e serem escolhidas.
Escolha-me porque sou grande!... Não! Escolha-me porque sou gordinha!... Ou A mim, que
sou de chocolate!... Ou a mim que posso falar!... É o que se ouvia em toda a loja. Os dias
foram se passando e somente se escutava a voz de uma arvorezinha que dizia: A mim, a
mim... Que sou a mais pequenina!
Quase às vésperas do Natal, chegou à loja um casal muito elegante que queria comprar
uma arvorezinha.
O dono da loja informou-lhes que a única árvore de Natal que havia sobrado era muito
pequenininha. Sem se importar com o tamanho, o casal resolveu levá-la.
A arvorezinha pequenina se alegrou muito, porque finalmente alguém ia poder decorá-la e
poderia participar do concurso.
Ao chegar na casa onde o casal morava, a arvorezinha ficou surpresa: Como eu sendo tão
pequenina, poderei brilhar diante de tanta beleza e imponência?
Assim que o casal entrou na casa, começaram a chamar a filha: Regina!...Venha filha!
Temos uma surpresa para você! A arvorezinha escutou umas rápidas pisadas vindas do
andar de cima.
Seu coraçãozinho começou a bater com força. Estava contente por poder deixar aquela
linda menininha feliz.
Quando a menina desceu, a pequenina árvore se surpreendeu com a reação dela: Essa é
minha arvorezinha? Eu queria uma árvore grande, frondosa, enorme e alta até o céu para
decorá-la com milhares de luzes e bolas. Como vou ganhar o concurso com essa
arvorezinha anã? Disse a criança chorando.
- Regina, era a única arvorezinha que sobrou na loja, explicou seu pai.
- Não a quero! É horrível... Não a quero! Gritava a furiosa criança.
Os pais, desiludidos, pegaram a pequenina árvore e levaram de volta à loja. A arvorezinha
estava triste porque a menina não a quis, mas tinha esperança de que alguém viria levá-la
para decorá-la a tempo para o Natal. Uma hora mais tarde se escutou a porta da loja se
abrir.
A mim... A mim... Que sou a mais pequenina! Gritava a arvorezinha cheia de felicidade. Era
um casal robusto, com mãos enormes. O dono da loja lhes informou que a única árvore
que havia sobrado era aquela pequenina perto da janela. O casal pegou a arvorezinha, e
sem dar importância ao tamanho, foi embora com ela.
Quando estavam chegando em casa, a arvorezinha viu quando dois menininhos gordinhos
vinham ao seu encontro e gritavam: Encontrou papai? É como pedimos à senhora,
mamãe? Quando os pais desceram do carro, as crianças foram em cima da pequenina
árvore.
O que aconteceu depois? Vocês podem terminar a estória! Que tal consultar a família?

TEATRO: HISTÓRIA DE NATAL

CENÁRIO: Uma floresta com várias árvores. Estavam felizes com o nascimento
do Menino Jesus e por terem a oferecer maravilhosos presentes.
MÚSICA 1: NATAL
NARRADOR: Conta-se que, quando os pastores foram adorar o Menino Jesus,
decidiram levar-lhe frutos e flores produzidos pelas árvores. Depois dessa
colheita, houve uma conversa entre as plantas, num bosque. Alegravam-se elas
de ter podido oferecer algo ao seu Criador recém-nascido: uma, as suas
tâmaras; outra, as amêndoas; outra ainda, como a cerejeira, que havia
oferecido tanto flores quanto frutos. Do pinheiro, porém, ninguém colheu
nada. Pontiagudas folhas, ásperas pinhas, não eram dons apresentáveis.
TAMAREIRA: __ Que honra poder oferecer ao Menino Deus minhas deliciosas
tâmaras.
AMENDOEIRA: __ E minhas amêndoas poderão manter a sedosidade da pele
do pequeno Rei.
CEREJEIRA: __ E eu então que além de doces cerejas, posso oferecer também
minhas perfumadas flores.
PINHEIRINHO: __ E eu, minhas amigas? O que posso oferecer ao Menino Jesus?
Também gostaria de poder presenteá-lo.
TAMAREIRA: __ Você?! És tão pequeno!  Nem sequer podes dar sombra!
AMENDOEIRA: __ Além disso, tens agulhas em vez de flores!
CEREJEIRA: __ É mesmo. Suas pinhas ásperas e seus espinhos não são
presentes para se dar a um Rei.
PINHEIRINHO (triste, reconhecendo sua insignificância e olhando para o alto.):
__ O que vou oferecer ao Deus recém-nascido? Minha pobre e nula existência?
Estrela cintilante, faça com que eu seja uma verdadeira árvore.
NARRADOR:  Dizem que Deus ficou comovido com a humildade do pinheiro e,
em recompensa, fez descer do céu a estrela mais bonita que havia no
firmamento: a Estrela Cintilante. Mas junto com ela, Deus resolveu mandar
também um inverno muito rigoroso. Tão rigoroso que todas as árvores
adormeceram. Somente o pinheirinho se manteve acordado a tempo de
receber a visita que pediu.
(NEVE CAINDO)
(A Estrela Cintilante entra ao som de uma música suave.)
MÚSICA 2: JINGLE BELLS
ESTRELA CINTILANTE: __ Pinheirinho, por que se julgas tão insignificante e
incapaz? Então não conheces a verdadeira história daquele a que queres
homenagear? A tua força, pinheirinho, assim como a de todos os seres da Terra
não vem de fora; está dentro de você.

ESTRELA CINTILANTE (canta na melodia de Jingle Bells):


Pinheirinho, pinheirinho
De ramos verdinhos
P'ra enfeitar, p'ra enfeitar
Bolas, bonequinhos. (bis)

Com uma bola aqui


E outra  acolá
Luzinhas  que tremem
Lindo ficará.
Pode o Papai  Noel
De barbas branquinhas
Trazer o saco cheio
De lindas prendinhas.

É Natal! É Natal!
Salvação e Luz!
Alegria, cristãos,
Já nasceu Jesus. (bis)

(A Estrela Cintilante sai. O pinheirinho cai em sono profundo.)


NARRADOR: Depois que a Estrela Cintilante se foi, o pinheirinho caiu em sono
profundo e, dizem, que o sonho que teve foi assim...
MÚSICA 3: A HORA DO ÂNGELUS
(Entram Maria e José com um burrinho. Chegam a uma estalagem.)
ESTALAJADEIRO: __ Não, Senhor! Não temos mais como hospedar ninguém.
Todas as estalagens estão lotadas devido ao recenseamento imposto por
César. Mas por que tomaram viagem nestas condições?
JOSÉ: __ Temos de chegar a Belém, nosso lugar de origem. Minha esposa está
perto de dar à luz. Já viajamos há alguns dias e deixa-la para trás também seria
perigoso. Não tem ao menos um quarto?
ESTALAJADEIRO: __ Não, não tenho como acomodá-los!
MARIA: __ Vamos, José. Sinto que a hora está próxima. Também já podemos
avistar as colinas de Belém bem ao longe. Estamos acostumados à simplicidade
e ao cansaço da viagem. Sendo assim, qualquer lugar nos serve. Não se
esqueça, o Pai poderia ter resolvido tudo sozinho, mas preferiu contar
conosco. Tudo isso poderia estar acontecendo em um palácio, mas é em meio
à simplicidade que o Filho de Deus irá nascer.
JOSÉ: __ Vamos, mulher. Às vezes invejo essa tua vontade de agradar ao
Criador. Mas se assim está escrito, assim será. A Palavra será cumprida.
(Saem. Entram os reis magos e o pedinte.)
MÚSICA 4: NOITE FELIZ
BELCHIOR: __ Vamos, amigos, o nosso Salvador homenagear. Sigamos a estrela
mais brilhante e ela certamente nos levará ao local onde o Menino Deus
nascerá.
GASPAR: __ Sim, vamos todos! Não devemos estar longe, pois o rastro da
estrela ainda podemos ver. Não vejo a hora de poder vislumbrar o Verbo que
se fez carne.
BALTAZAR: __ Também anseio muito por isso, amigo! Mas por que Deus
preparou para Ele caminhos tão difíceis?
BELCHIOR: __ Meu amigo, os caminhos estipulados por Deus podem parecer os
mais difíceis, mas são os caminhos que vão nos levar à verdadeira maturidade,
entendendo que o maior presente que recebemos é o dom da vida. Por falar
em presente, vou levando ouro, verdadeiro presente para um rei. E vocês?
GASPAR: __ Eu vou levando incenso que representa a espiritualidade.
BALTAZAR: __ E eu levo mirra que representa a imortalidade.
PEDINTE (à beira da estrada): __ Desculpem-me, nobres senhores! Não pude
deixar de ouvi-los. Que inveja tenho dos senhores! Como gostaria de oferecer
um presente digno ao Menino Deus, mas o que sei fazer além de pedir esmolas
e contar histórias?
BELCHIOR: __ Ninguém é tão pobre que não tenha nada a oferecer. Pois
parece-me que a habilidade de contar histórias pode ser bastante útil. Se for
mesmo bom nisso, poderá alegrar as noites do pequeno rei. Então, levante-se
e venha conosco.
(Saem.)
NARRADOR: Após este sonho que durou dizem que muito tempo, o inverno se
foi. Os pássaros e outros animais voltaram a frequentar novamente os campos.
MÚSICA 5: SOM DE NATUREZA
(Entram a coruja, o mocho e a ovelha.)
NARRADOR: As árvores se refizeram do rigoroso frio se cobrindo com folhas
novas. O pinheirinho como não poderia deixar de ser, acordou do sono com
uma alegria tão grande que não pode se conter.
PINHEIRINHO: __ Vejam só, amigas! O que me dizem agora? Não estou grande
o suficiente para presentear o Menino Jesus?
TAMAREIRA: __ Quanto ao tamanho, você tem razão. Como conseguiu crescer
assim tão depressa em tão pouco tempo?
AMENDOEIRA: __ É... mas não mudou nada com relação aos espinhos e às
frutas ásperas. Portanto, continuas sem ter nada a oferecer ao Menino Deus.
CEREJEIRA: __ Elas têm razão pequeno pinheiro. Não tens nada a oferecer. Fica
aí. Quem sabe algum lenhador aparece para te fazer de lenha!
(O pinheirinho ficou triste, mas em silêncio. Entram os outros personagens.)
MÚSICA: PINHEIRINHO
Mocho: __Olá meninos! Aqui estou eu! Wooo-Wooo! Mas… que caras são
essas, estão tão tristes, o que vos aconteceu?
Menino Alberto: __ É que o Natal está chegando e gostaríamos muito de ter
uma árvore para enfeitar.
Menina Inês: __ Mas não está fácil…
Menino João: __ Não a podemos cortar as árvores.
Mocho: __ Ora, vamos cá por a cabeça a pensar… para quê cortar as árvores,
se elas são tão importantes para a nossa vida!
Ovelha: __ É isso aí. Vocês aprendem isso na escola não é mesmo. Agora é hora
de colocar em prática. Pensem em outro jeito, mas cortar árvores, nem pensar.
Menina Inês: __ Mas então como vamos fazer a nossa árvore de Natal?
Mocho: __ É fácil… Wooo-Wooo… corram para casa e façam uma com papel de
muitas cores, estrelinhas, laços e bolas. Vai ficar um pinheiro lindíssimo!
Menino Alberto: __ Mas… não percebo nada! Continuaremos a não ter um
pinheirinho!
Ovelha: __ Mas terão uma árvore criada por vocês e ainda estarão preservando
o meio ambiente.
Menina Inês: __ Então para que servem tantos enfeites de Natal?
Pinheirinho: __ Esperem, esperem crianças!  Estou a ouvir a conversa de vocês!
Podem enfeitar-me à vontade! Assim poderei alegrar ao Menino Jesus com os
enfeites coloridos.
Menino João: __ Mas nós não te podemos cortar! Isso é alguma piada?
Pinheirinho: __  Claro que não! Podem-me enfeitar aqui, vou ficar tão bonito.
Além disso, a cidade inteira poderá ver a árvore de vocês aqui em cima! O
importante é não me arrancarem, porque senão eu morro!
Todos os meninos:  __ Você é mesmo muito esperto. Não tínhamos pensado
nisso!  Vamos começar a trabalhar!
MÚSICA: PINHEIRINHO
(As crianças enfeitam o pinheirinho.)
(A árvore fica pronta e a noite cai. Os meninos olham da janela.)
MÚSICA 6: BARULHO DA NOITE
Menina Inês: __Oh,  o nosso pinheirinho ficou tão bonito, mas está tão
escuro…
Menino Alberto: __ É... ele podia estar mais brilhante… ficaria mais alegre…
Menina Inês: __ E nós também!
Coruja: __ Venham cá fora!
Mocho: __ Apreciar a vossa árvore!
Ovelha: __ Ficou linda, como vocês queriam!
(Eles saem.)
Menino João: __ Está tão brilhante!
Todos: __ Como é que conseguiste? Está mesmo alegre, e nós também.
Coruja: __ Tenham calma, tenham calma, porque as surpresas estão só a
começar! Hi-hi-hi! Reparem só noutra magia…
Mocho: Woo-Woo… plim plim plim, bato duas palmas e vocês aparecem
assim… Magia!
(Entram a dançar os pirilampos)
Pirilampos: __ Somos nós, os pirilampos mágicos.
Que andamos pelos campos
Não podíamos faltar
Nesta noite muito escura
Aqui estamos, aqui estamos
Para a vossa noite iluminar!
Meninos: __ Mas vocês são mesmo mágicos, são tão brilhantes!
Menina Inês: __ Obrigado, pirilampos amigos…
Menino Alberto: __ Coruja, Mocho e Pinheirinho também…
Meninos: __ Tornaram a nossa noite de Natal ainda mais mágica e fizeram-nos
muito felizes!
(Depois que eles se vão, o pinheirinho olha para as outras árvores.)
PINHEIRINHO: __ E agora, o que me dizem? Minhas luzes e enfeites vão fazer
os olhinhos do Menino Jesus brilharem de alegria. Não é este um belo
presente?
TAMAREIRA: __ Desculpa, pinheirinho! Aprendemos uma bela lição.
AMENDOEIRA: __ Aprendemos que não importa o que temos.
CEREJEIRA: __ Mas importa o que podemos vir a ser na vida das outras
pessoas.
TODAS: __ Assim como Jesus que veio na simplicidade nos mostrar que nossa
maior riqueza é a vida.
MÚSICA 7: Então É Natal
NARRADOR: E vocês, já sabem qual presente irão oferecer ao Menino Jesus
neste Natal? Nós, alunos do 5º ano, em nossa última apresentação oferecemos
ao pequeno rei tudo o que passamos durante este ano: nossos medos, nossos
progressos, nossos choros, nossos risos, o nosso estudo, as nossas brincadeiras
e, principalmente, a nossa vontade de continuarmos crescendo mais e mais.
Esperamos que todos possam ter um Natal de muita alegria junto aos seus
familiares. Nesta nossa despedida queremos agradecer a todos aqueles que
nos conduziram até aqui: nossos pais, nossos professores, diretoras,
supervisoras, auxiliares de serviços e nossos amigos. Foram momentos que não
poderemos viver em nenhum outro lugar. Momentos muito especiais que
levaremos conosco, guardados na memória e no coração. Sentiremos saudades
de todos, mas sabemos que esta escola estará aqui para receber nossos filhos e
netos e oferecer a eles a mesma educação de qualidade que recebemos. Nosso
muito obrigado! Um feliz natal e um ano novo cheio de realizações!
(Textos retirados da  Internet com complementação de Rogério Trindade)

Teatro:OS ENFEITES DE NATAL


Que tal neste ano fazer um grande teatro de natal? Você pode usar o roteiro abaixo para
criar uma linda encenação natalina e que pode ser apresentadas aos pais e responsáveis
na festinha de natal da sua escola ou grupo educacional. 

Então separe as cadeiras, prepare o palco, apronte as fantasias que o show vai começar!

Menina - Que bom que o Natal está chegando. Eu adoro ver a cidade toda enfeitada, com
luzinhas coloridas brilhando.

Mãe – Já que você gosta tanto, que tal você me ajudar a arrumar a nossa árvore de Natal?

Menina – Claro, mamãe. Posso pegar as bolinhas?

Mãe – Pode. Elas estão ali.

(Menina pega pela mão as `'bolinhas'', que são as crianças, e passa-as para a Mãe que as
ajuda a subirem na árvore).

Menina – Falta a estrela, mãe.

Mãe – Ela está ali. (Colocaram a `'estrela'')

Menina – Está lindo!

Mãe – Sim. Agora vem me ajudar na cozinha. (As duas saem)

Bolinha 1 – Aqui estamos nós de novo.

Bolinha 2 – É. Todo o ano é a mesma coisa.

Bolinha 3 – Isso mesmo. Ficamos pendurados nessa árvore.

Estrela – E eu sempre fico aqui em cima.


Bolinha 4 – Por que será?

Bolinha 5 – Eu acho que é por causa do Natal.

Bolinha 4 – E o que é esse tal de Natal?

Bolinha 1 – Isso eu sei. É o aniversário de Jesus.

Bolinha 6 – E quem é esse tal de Jesus?

Bolinha 2 – Jesus foi um homem que viveu há mais de 2 mil anos.

Bolinha 3 – E ensinou muitas coisas para as pessoas.

Bolinha 1 – Era um espírito muito evoluído.

Bolinha 5 – E até hoje ele é sempre lembrado, mas bem pouco seguido.

Estrela – E eu? Porque sempre sou colocado aqui bem no alto da árvore?

Galho da Árvore 1 – Vocês não sabem?

Todos – Não!

Galho da Árvore 2 – É que no Natal, para comemorar o dia que Jesus nasceu, as pessoas
costumam enfeitar e iluminar suas casas.

Estrela - Mas por que eu fico aqui em cima? Você ainda não explicou.

Galho da Árvore 1 – É que quando Jesus nasceu, uma estrela ficou brilhando muito forte,
mostrando o lugar aonde ele havia nascido.

Bolinha 4 – Por isso que as pessoas enchem as casas de luzinhas?

Galho da Árvore 2 – Sim.


Bolinha 4 – Mas isso vale a pena?

Bolinha 5 – E por quê não?

Bolinha 4 – Porque tudo isso é artificial, não é luz de verdade.

Bolinha 6 – Como assim? Luz de verdade?

Bolinha 1 – Entendi o que ela falou. Ela está falando da luz que vem de dentro.

Estrela – E como faz para ter luz dentro? Engole uma lâmpada acesa?

Bolinha 2 – Claro que não.

Bolinha 3 – Essa luz que ela disse é a luz da bondade.

Bolinha 1 – Do amor...

Bolinha 2 – Da caridade...

Bolinha 4 – Do perdão...

Bolinha 5 – Da amizade...

Bolinha 6 – Da alegria...

Estrela – De brincar sem brigar também?

Galho da Árvore 1 – Também. Tudo o que fazemos de bom faz acender uma luzinha
dentro de nós.

Galho de Árvore 2 – E nós vamos desejar neste ano que todos façam brilhar seus corações.

Bolinha 1 – Que a gente lembre que o aniversário é de Jesus.

Bolinha 2 – E o maior presente que podemos lhe dar...


Bolinha 3 – É nossa vontade de nos modificarmos...

Bolinha 4 – Para melhor, é claro.

Bolinha 5 – Que haja mais compreensão em todas as famílias.

Bolinha 6 – Que haja mais respeito entre as pessoas.

Estrela – E que todas as pessoas lembrem de amar ao próximo.

(Menina e Mãe voltam com todas as crianças, e ficam em volta da árvore).

Mãe – E agora crianças, vamos cantar a CANÇÃO DO NATAL, em homenagem a todos que
estão aqui.
(Aí todos cantam Noite Feliz, ou outra música de Natal que eles saibam)
Gostou desse teatro com o tema natalino? Esperamos que sim. Visite nossos outros posts
sobre atividades educativas para o natal e também nos ajude deixando seu comentário e
compartilhando nas redes sociais!

Você também pode gostar