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04/02/2021 Nova política de drogas de São Paulo foge de polêmicas e destaca prevenção - 07/10/2019 - Cotidiano - Folha

Nova política de drogas de São Paulo foge de


polêmicas e destaca prevenção
Texto que aguarda sanção de Doria evita termos associados à direita é à esquerda

7.out.2019 às 2h00

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2019/10/07/)

Paulo Gomes (https://www1.folha.uol.com.br/autores/paulo-gomes.shtml)

SÃO PAULO Nem internação involuntária (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/08/1908040-


apenas-17-dos-pacientes-concluem-internacao-em-acao-anticrack-de-doria.shtml), nem redução de danos

(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/03/1751392-gestao-haddad-muda-estrategia-e-tenta-afastar-viciado-da-

cracolandia.shtml).
A ser instituída nos próximos dias a partir de sanção do
governador João Doria (PSDB), a diretriz estadual de São Paulo sobre drogas
chama atenção por não utilizar os termos mais frequentes na discussão
sobre o tratamento de dependentes químicos.

A omissão é intencional, diz o autor do projeto de lei, o deputado Heni Ozi


Cukier (Novo). “Não uso esse linguajar porque não quero polarização, não
quero gatilhos ideológicos”, diz o parlamentar, para quem a cartilha não é
“nem à direita, nem à esquerda”. 

Isso não significa, porém, que os conceitos não estejam presentes. “Estou
tentando construir uma saída com o melhor dos dois lados. Não existe
nenhuma solução no mundo feita só com um ou com outro.”

A Política sobre Drogas do Estado de São Paulo vem na esteira de novas


diretrizes oficiais nas esferas federal (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/04/nova-

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/10/nova-politica-de-drogas-de-sao-paulo-foge-de-polemicas-e-destaca-prevencao.shtml 1/4
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politica-de-drogas-exclui-reducao-de-danos.shtml)e municipal
(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/05/programa-de-covas-para-cracolandia-prioriza-acolhidas-

terapeuticas.shtml)(no caso da capital paulista), anunciadas no primeiro semestre.

Entre as formas mais populares de tratamento, redução de danos e


abstinência ocupam extremos opostos. Uma é vista como permissiva, a outra
como rígida demais.

O debate esquentou no âmbito político-partidário quando Doria sucedeu o


petista Fernando Haddad na prefeitura e atacou o problema da cracolândia,
no centro de SP.

O tucano desmobilizou o programa municipal Braços Abertos


(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/07/1792502-maioria-apoia-mas-ve-baixa-eficacia-em-plano-de-haddad-na-

cracolandia.shtml), com base em redução de danos, que dá autonomia ao


dependente químico e permite a continuidade do consumo de entorpecentes
oferecendo mais segurança —de saúde, social e econômica—, e implementou
o programa Redenção (https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/06/redencao-dificil.shtml).

Na época, em 2017, Doria manobrou para liberar a internação contra a


vontade do indivíduo, o que foi visto por críticos como uma política
higienista, uma tentativa de se obter carta branca para a remoção forçada
dos frequentadores da cracolândia.

A autorização foi barrada na Justiça, (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/05/1887840-


doria-vai-precisar-de-aval-de-juiz-para-internacao-a-forca-na-cracolandia.shtml)mas o tema voltou à baila

agora que a Política Nacional sobre Drogas, aprovada no Senado em maio,


prevê estímulo ao tratamento baseado em abstinência no lugar da redução
de danos.

A diretriz paulista é uma espécie de modelo híbrido, em que ambas as


abordagens poderão ser utilizadas, a depender do caso e da etapa. 

Segundo o psicanalista José Waldemar Turna, supervisor clínico de serviços


sociais e saúde mental da cidade de São Paulo, as diferentes formas de

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tratamento são como “tamanhos de camisa” —servem para alguns e não


servem para outros.

Para o coordenador do programa Redenção, Arthur Guerra, o projeto de lei


foi feliz ao não eleger um único tema para o tratamento, sob o risco de
aparentar superficialidade. “Vejo como uma politica bem genérica."

"O nuclear é como esse projeto vai ser executado. Como essa política é
colocada na prática para que se façam resultados.”

Guerra afirma que a discussão deve evoluir não apenas entre os governantes,
mas entre as ONGs, a sociedade civil e as famílias de usuários. 

“É essencial a conversa. Não adianta chegar na ponta [atendimento] e ter um


técnico que não gosta de redução de danos e outro que não gosta de
abstinência”, diz.

Para combater o uso abusivo de substâncias ilícitas e os prejuízos em


decorrência dela, a nova diretriz estadual prevê sobretudo ações de
prevenção, como o estímulo a atividades culturais e práticas esportivas para
jovens, como uma forma de afastá-los das drogas. 

“A crise com dependência gera um custo avassalador para o Estado, no SUS.


Se você não reeducar as pessoas, não ensiná-las, nosso Estado vai quebrar”,
diz o autor do projeto, o primeiro do Novo a ser aprovado em São Paulo.

O deputado Cukier utiliza como exemplo de melhor emprego de verbas


públicas um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) feito em 34 países que apontou que cada U$ 1
gasto em prevenção na área da saúde economiza U$ 4 em tratamento.

A política nacional, que tem como base texto de autoria do ministro da


Cidadania, Osmar Terra, firma posição contra a descriminalização das
drogas, em especial da maconha. A estadual não entra nessa discussão.

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“Independentemente disso [ser legal], as pessoas se viciam. E isso tem um


custo enorme, com impacto na saúde, na produtividade, nas famílias. Temos
que lidar com a dependência, com o uso abusivo. Não estou falando do uso
recreativo”, diz Cukier.

No projeto, o deputado estadual sugere ainda a criação de um fundo estadual


antidrogas (Funead) para custear os gastos com as políticas de prevenção e
tratamento. As verbas seriam oriundas de fontes diversas, que poderiam ir
de leilões de bens apreendidos do tráfico a repasses do fundo nacional
(Funead).

“O Estado de São Paulo não tem uma política de Estado sobre o assunto, tem
política de governo. Cada novo que vem muda. Minha motivação é resolver
esse problema”, afirma.

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