EDUCAÇÃO
Ângela Ribas
Pedagoga
Especialista em Gestão Educacional
Mestre em Ciências Sociais
ISBN 978-85-9502-231-7
CDU 316.42:37.015
Introdução
Procurar entender como a sociedade age, como estabelece suas in-
terações e como suas ações são determinadas foi objeto da chamada
Sociologia clássica, que traz em suas origens os pensadores Auguste
Comte, Émile Durkheim, Max Weber, Karl Marx e Friedrich Engels.
Ao analisarmos a vida em sociedade, percebemos que uma das insti-
tuições que é projetada para fazer com que o projeto de sociedade que
se queira estabelecer seja cumprido, sobretudo o projeto moderno. As
discussões em torno do estabelecimento da escola como mecanismo
de reprodução dos pensamentos dominantes e de controle social foram
acirradas no início do surgimento da Sociologia e, na verdade, ainda hoje
se mostra presente cotidianamente.
Neste capítulo, você vai analisar como a Sociologia da Educação
surge, embalada pela ideia de analisar a instituição escolar no contexto
social, suas funções e problematizações, seus autores e principais ideias.
2 História da sociologia da educação
Como podemos perceber pela citação dos autores, a escola, dentro destas
perspectivas positivistas e funcionais, serve para a difusão deste conhecimento
racional e também para a inserção de seus egressos na sociedade dentro de
uma lógica de acesso universal que proporcionaria igualdades de oportunidade
a todos. Porém, estas ideias não serão estabelecidas e a própria escola servirá
como grande elemento de produção de desigualdades sociais, dado o grande
número de problemas enfrentados pela mesma. Dessa forma, essas ideias
entram em crise nos anos 1960, proporcionadas por alguns movimentos de
pesquisa como o Relatório Coleman, nos Estados Unidos. Surgiria, então, a
necessidade de que fossem investidos esforços mais específicos nas análises
sobre a escola, o que passará a ser executado pela Sociologia da Educação.
Em resumo, a pesquisa realizada pelo Relatório Coleman fez análises sobre
o desempenho escolar apresentado por alunos norte-americanos em toda a
sua extensão territorial e verificou que havia muita disparidade entre os seus
resultados, a partir do que chegou-se à constatação, através do uso de métodos
quantitativos e qualitativos, de que outros aspectos influenciavam o desempe-
nho dos alunos no interior da escola, e não somente os aspectos propriamente
escolares. Entre estes aspectos, destacou-se a influência da cultura familiar
em que estas crianças se encontravam inseridas. Logo, fica evidente, através
deste relatório, que as condições socioeconômicas dos alunos é que faziam
com que as diferenças nos resultados da escolarização se acentuassem, uma
vez que a estrutura das escolas e o seu funcionamento eram muito semelhantes.
Considerando que aqueles que são responsáveis por fazer com que as ideias
sejam concebidas e, por sua vez, que as ações se realizem na sociedade a
partir dessas ideias, o intelectual se faz de importância fundamental. Como a
escola é o local onde se formam os intelectuais, a educação cumpre o papel de
produzir estes intelectuais que possam entender a sociedade de forma crítica.
História da sociologia da educação 7
A escola, por sua vez, não deveria atender de forma diferenciada à formação
dos filhos de uma elite dominante, e sim, de forma pública, ser estendida a
todas as classes sociais.
Outro filósofo e sociólogo importante para o desdobramento inicial da
Sociologia da Educação contemporânea foi Karl Mannheim, que entendia
que os estudos sociológicos poderiam contribuir para o aprimoramento da
educação. Considerava que o papel das teorias, de modo geral, não deveria ser
a busca por explicações gerais sobre os fatos, e sim a compreensão de como
as pessoas pensam sobre a sociedade. Aqui, percebemos a forte influência das
ideias de Max Weber neste pensador, porém, numa roupagem mais esperançosa
em relação ao futuro da sociedade.
Ao referir-se ao pensamento de Mannheim, Rodrigues (2007, p. 81) co-
menta que:
Para aprender mais sobre os conteúdos abordados neste capítulo, leia os artigos
“Equidade e eficácia escolar: histórico dos estudos”, de Gislaine Nunes de Oliveira
Guedes e colaboradores (2015) e “A educação em Gramsci”, de Paolo Nosella e Mário
Luiz Neves de Azevedo (2012).
Leituras recomendadas
DIAS, F. C. Durkheim e a sociologia da educação no Brasil. Em Aberto, Brasília, DF, v.
9, n. 46, abr./jun. 1990. Disponível em: <<http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/
emaberto/article/viewFile/1773/1744>. Acesso em: 28 set. 2017.
KUENZER, A. Z. Exclusão includente e inclusão excludente: a nova forma de dualidade
estrutural que objetiva as novas relações entre educação e trabalho. In: LOMBARDI,
J. C; SAVIANI, D; SANFELICE, J.L. (Org.). Capitalismo, Trabalho e Educação. Campinas:
Autores Associados, 2002. v. 1. p. 77-96. Diposnivel em: <http://www.gestaoescolar.
diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/fev_2009/exclusao_includente_aca-
cia_kuenzer.pdf>. Acesso em: 28 set. 2017.
PIRES, M. F. C. O materialismo-histórico dialético e a educação. Comunicação, Saúde,
Educação, Botucatu, v.1, n.1, 1997. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bits-
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em: 28 set. 2017.