O exame físico pode ser dividido em duas etapas: a primeira etapa constitui o que se costuma
designar como exame físico geral, somatoscopia ou ectoscopia, por meio do qual são obtidos
dados gerais, independentemente dos vários sistemas do corpo (obtém-se, com isso, uma
visão do paciente como um todo); a segunda etapa corresponde ao exame dos diferentes
sistemas e aparelhos, com metodologia própria.
As preliminares para um exame físico adequado são: local adequado, iluminação correta e
posição do paciente. O paciente deve ser examinado nas posições de decúbito, sentado, de pé
e andando.
Pode ser:
֍ Estado de vigília
֍ Obnubilado
֍ Coma:
֍ Nível I – leve
֍ Nível 2 – médio
֍ Nível 3 – carus
֍ Nível 4 – depassé
Avalia-se:
֍ Perceptividade
֍ Reatividade
֍ Deglutição
֍ Reflexos
A partir desses dados, é possivel avaliar o estado de coma com base na seguinte graduação:
CLASSIFICAÇÃO DA FALA:
A fala depende de fatores bastante complexos, e suas alterações podem ser classificadas da
seguinte maneira:
Disfonia ou afonia: é uma alteração do timbre da voz causada por alguma alteração no
órgão fonador. A voz fica rouca, fanhosa ou bitonal.
Dislalia: são alterações menores da fala, comuns em crianças, como a troca de letras.
Uma forma especial é a molalia, que são distúrbios no ritmo da fala, como a gagueira e
a taquilalia.
Disartria: decorre de alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral (voz
arrastada), hipertonia do parkinsonismo (voz baixa, monótona e lenta) ou perda do
controle piramidal.
Disfasia: pode ser de recepção ou sensorial (o paciente não entende o que se diz a ele)
ou de expressão ou motora (o paciente entende mas não consegue se expressar).
No estado de hidratação normal, em pessoas de cor branca, a pele é rósea com boa
elasticidade e com leve grau de umidade, as mucosas são úmidas, não há alterações oculares
nem perda abrupta de peso. No caso de crianças, as fontanelas são planas e normotensas, e o
peso mantém curva ascendente.
Na desidratação, observa-se:
Sede
Diminuição abrupta do peso
Pele seca, com elasticidade e turgor diminuídos
Mucosas secas
Olhos afundados (enoftalmia) e hipotônicos
Fontanelas deprimidas no caso de crianças
Estado geral comprometido
Excitação psíquica ou abatimento
Oligúria
Psiu! Deve-se ter em mente que a altura do idoso é quase sempre menor do que a que este
alcançou ao final da sua fase de crescimento em razão do encurtamento da coluna vertebral.
PESO:
O peso médio do recém nascido a termo é de 3,3kg. Logo após o nascimento, ocorre uma
perda fisiologica de 3 a 5%, a qual se recuera entre o 7º e o 10º dia de vida. Geralmente, a
criança dobra de peso entre o 4º e o 5º mês, triplica com 1 ano de idade e quadruplica aos 2
anos. Do 2º ano até a puberdade, apresenta um ganho de peso relativamente estável de 2 a
2,5kg/ano.
Peso ideal: para determinar o peso ideal, usa-se a regra simples de Broca: o peso ideal se
aproxima do número de centímetros que excede um metro de altura.
CIRCUNFERENCIA ABDOMINAL:
Mulheres: até 88 cm
Peso
Musculatura
Panículo adiposo
Desenvolvimento físico
Estado geral
Pele, pêlos e olhos
No excesso de peso o peso está acima do normal e o paniculo adiposo ultrapassa os niveis
normais.
Desnutrição é uma condição na qual o peso está abaixo dos valores minimos normais, a
musculatura é hipotrófica e o panículo adiposo escasso.
Nos olhos podem-se observar uma sequidão da conjuntiva bulbar, perda do reflexo à luz, falta
ou diminuição das lágrimas, fotofobia e dificuldade de acomodação em ambiente pouco
iluminado. As alterações oculares estão relacionadas com a avitaminose A (xeroftalmia).
Obs! A quantidade minima necessária para uma pessoa adulta manter-se em estado de
nutrição razoável é de 2.300 calorias (3.000 caloria seria a quantidade ideal) e a ingestão de
65g de proteínas por dia conforme os critérios de Food and Agriculture Organizaion (FAO).
DESENVOLVIMENTO FÍSICO:
Desenvolvimento normal
Hiperdesenvolvimento
Hipodesenvolvimento
Hábito grácil
Infantilismo
Hábito grácil corresponde à constituição corporal frágil e delgada, com ossatura fina,
musculatura pouco desenvolvida, e com altura e peso abaixo dos niveis normais.
Fácies leonina: são produzidas pelas lesões do mal de Hansen. A pele, além de
espessa, é sede de grande número de lepromas de tamanhos variados e confluentes,
em maior número na fronte. Os supercílios caem, o nariz se espessa e se alarga. Os
lábios se tornam grossos e proeminentes, e a bochecha e o mento se deformam pelo
aparecimento de nódulos. A barba escasseia ou desaparece. Essas alterações dão ao
paciente uma face com aspecto de leão.
Fácies de depressão: o paciente fica cabisbaixo, com olhar fixo em um ponto distante
e sem brilho, voltado para o chão. O conjunto denota indiferença, tristeza e
sofrimento moral. Esse tipo de fácies é observado em transtornos de humor.
Fácies pseudobulbar: há súbitas crises de choro ou riso, involuntárias mas conscientes,
que levam o paciente a tentar contê-las, dando um aspecto espasmódico à fácies.
Aparece geralmente na paralisia pseudobulbar (arterosclerose cerebral).
Fácies da paralisia cerebral periférica: chama a atenção da assimetria da face, com
impossibilidade de fechar as pálpebras, repuxamento da boca para o lado são e
apagamento do sulco nasolabial.
Fácies mastênica ou fácies de Hutchinson: caracterizada por ptose palpebral bilateral
que obriga o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça. Ocorre na miastenia gravis
e em outras miopatias que comprometem os músculos da pálpebra superior.
Fácies do deficiente mental: é muito característica, mas de difícil descrição. Os traços
faciais são apagados e grosseiros; a boca fica entreaberta, às vezes com salivação. O
olhar é desprovido de objetivo, e os olhos de movimentam sem se fixarem em nada,
traduzindo um constante alheamento ao meio ambiente.
Fácies etílica: olhos avermelhados, ruborização da face, hálito etílico, voz pastosa e
sorriso meio indefinido.
Fácies esclerodérmica: face de múmia. A face é quase imobilizada, em decorrência de
alterações na pele.
TIPOS DE MARCHA:
O paciente para caminhar acentua a lordose lombar e vai inclinando o tronco ora para a
direita, ora para a esquerda, alternadamente, lembrando o andar de um pato. É encontrada
em doenças musculares e traduz diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas.
Marcha parkinsoniana.
O doente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento automático dos braços. A cabeça
permanece inclinada para a frente, e os passos são miúdos e rápidos, dando a impressão de
que o paciente "corre atrás do seu centro de gravidade" e vai cair para a frente. Ocorre nos
portadores da doença de Parkinson.
Marcha escarvante.
Quando o doente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé, ao tentar caminhar, toca
com a ponta do pé o solo e tropeça. Para evitar isso, levanta acentuadamente o membro
inferior, o que lembra o "passo de ganso" dos soldados prussianos.
Atitude é a posição adotada pelo paciente no leito ou fora dele, por comodidade, hábito ou
com o objetivo de conseguir alívio para algum padecimento. Algumas posições são
conscientemente procuradas pelo paciente (voluntárias) ou são resultantes de estímulos
cerebrais (involuntárias).
Atitudes voluntárias:
Ortopneica: nessa atitude, o paciente adota essa posição para aliviar a falta de ar
decorrente de insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascites volumosas. Ele
permanece sentado à beira do leito com os pés no chão ou em uma banqueta, e as
mãos apoiadas no chão para melhorar um pouco a respiração, que se faz com
dificuldade.
O paciente também pode, em casos graves, permanecer deitado com os pés
estendidos ao longo da cama, mas recosta-se com ajuda de dois ou mais travesseiros.
Genupeitoral: o paciente posiciona-se de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas,
enquanto a face anterior do tórax (peito) põe-se em contato com o solo ou colchão. O
rosto descansa sobre as mãos, que também ficam apoiadas no solo ou colchão. Isso
facilita o enchimento do coração em caso de derrame pericárdico.
Posição de cócoras: é observada em crianças com cardiopatia congênita cianótica. Ela
proporciona algum alívio da hipóxia generalizada, que acompanha essas cardiopatias,
em decorrência da diminuição do retorno venoso para o coração.
Parkinsoniana: o paciente com doença de Parkinson, ao se pôr de pé, apresenta
semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores e, ao caminhas, parece estar
correndo atrás de seu próprio eixo de gravidade.
Decúbito:
Atitudes involuntárias:
Passiva: quando o paciente fica na posição em que é colocado no leito, sem que haja
contratura muscular. É observada nos pacientes inconscientes ou comatosos.
Ortótono: todo o tronco e os membros estão rígidos, sem se curvarem para diante,
para trás ou para um dos lados.
Opistótono: é a atitude decorrente de contratura da musculatura lombar, sendo
observada nos casos de tétano e meningite.
Pleurostótono: é raro, observado no tétano, na meningite e na raiva. O corpo se curva
lateralmente.
Posição em gatilho: encontrada na irritação meníngea, caracteriza-se pela
hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre as coxas e encurvamento do tronco
com concavidade para diante.
Torcicolo e mão pêndula da paralisia radial: são atitudes involuntárias de
determinados segmentos do corpo.
MUSCULATURA:
MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS:
Os principais são:
ENSFISEMA SUBCUTÂNEO:
CIRCULAÇÃO COLATERAL
É a presença de circuito venoso anormal visível ao exame da pele. Pessoas brancas e de pele
fina têm uma rede venosa desenhada com certa facilidade. Isso é o desenho venoso. Distinguir
desenho venoso de circulação colateral é fácil na maioria das vezes: a rede visível está na
topografia normal, simétrica, e não é intensa, e as veias não são sinuosas. A circulação
colateral indica dificuldade ou impedimento do fluxo venoso através dos troncos venosos
principais. Por causa desse obstáculo, o sangue se desvia para as colaterais previamente
existentes, tornando-se um caminho variante capaz de contornar o canal ocluído, parcial ou
totalmente.
EDEMA:
Havendo edema, comprime-se a pele e ao ser retirado o dedo vê-se uma depressão, no local
comprimido, que costuma ser chamada de fóvea. Estabelece-se a intensidade do edema
referindo-se à profundidade da fóvea graduada em cruzes (+,++,+++,++++).
Obs! Todo paciente que apresenta edema deve ser pesado diariamente.
As principais causas de edma generalizado são:
Síndrome nefrítica
Síndrome nefrótica
Pielonefrite
Insuficiência cardíaca
Cirrose hepática
Hepatite crônica
Desnutrição proteica
Fenômenos angineuróticos (edema alérgico)
Gravidez
Toxemia gravídica
Obesidade
Hipotireoidismo
Medicamentos (corticosteroides, anti-inflamatórios, antagonistas do cálcio).
Varizes
Flebites e trombose venosa
Processos inflamatórios
Afecções dos linfáticos
Postura
ROTEIRO DE SOMATOSCOPIA
EXAME FÍSICO GERAL: SOMATOSCOPIA
1) Identificação do paciente:
2) Estado geral: (bom, regular e ruim)
3) Fácies: (atípica-normal)
4) Nível de consciência: (estado de vigília, obnubilado e coma)
5) Estado de hidratação: (língua, olhos, pele[turgor e elasticidade], fontanela, sede, perda de peso,
vômito e diarreia)
6) Mucosas: (secas, hidratadas)
7) Respiração:
8) Postura:
9) Biotipo: longilíneo, brevilíneo, normolíneo
10) Peso: quilogramas
11) Altura: metros
12) IMC: (massa/[altura]^2)
13) Temperatura axilar
14) Panículo adiposo
15) Musculatura: (tônus e trofismo)
16) Pele
17) Fâneros
18) Estado nutricional
19) Edema
20) Fala e linguagem: (articulada, desarticulada)
21) Marcha