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Giovana Rodrigues

ADVANCED TRAUMA LIFE SUPPORT – ATLS

Avaliação e Atendimento Iniciais.

ATLS – PREMISSAS

 Atendimento inicial dado de forma adequada, em tempo hábil, poderia melhorar


significativamente o prognóstico de traumatismos graves.

AVALIAÇÃO INICIAL

 O tratamento de vítima de trauma grave requer avaliação rápida e obtenção de


medidas terapêuticas de suporte de vida sistematizadas que possam ser revistas e
aplicadas.

1. Preparação;

2. Triagem;

3. Avaliação Primária;

4. Reanimação e medidas auxiliares à avaliação primária;

5. Avaliação Secundária;

6. Medidas auxiliares à avaliação secundária;

7. Tratamento definitivo;

PREPARAÇÃO

 Fase Pré-Hospitalar

 O sistema deve ser estruturado de maneira que o hospital de referência seja


notificado antes da chegada da vítima, mobilizando a “equipe de trauma”.

 Ênfase na manutenção da via aérea, controle da hemorragia externa e choque.


Imobilização para transporte apropriado abreviando o tempo de permanência no
local do evento.

 Documentação da hora do trauma, eventos associados, história do doente e


mecanismo de lesão.

 Fase Hospitalar

 Planejamento antecipado à chegada do doente, com área de reanimação,


equipamentos apropriados testados e colocados de forma a estar disponíveis para
equipe.

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 Soluções cristalóides, equipamentos de monitorização, rotina para utilização de
laboratório e radiologia previamente preparados.

 Proteção da equipe contra doenças transmissíveis (máscara, proteção dos olhos,


avental impermeável, perneiras e luvas).

TRIAGEM

 A triagem tem como objetivo principal avaliar e identificar os pacientes que


podem ser atendidos na Instituição e verificar os recursos disponíveis para esse
atendimento.

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

 Esse processo constitui o ABCDE dos cuidados do doente traumatizado e


identifica as condições que implicam em risco de vida através da seguinte
sequência:

A- Vias aéreas com cuidados da coluna cervical.

 A oferta inadequada de sangue oxigenado ao cérebro e outras estruturas vitais é


o fator que mais rapidamente causa morte no traumatizado. A prevenção da
hipoxemia requer via aérea protegida e desobstruída e uma ventilação adequada,
por isso esta etapa merece prioridade absoluta sobre as demais.

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 Poli traumatizados com TCE + nível de consciência com Glasgow < 8
necessitam de via aérea definitiva.

 Deve-se tomar grande cuidado com a movimentação excessiva da coluna


cervical, colocando um colar cervical semirrígido.

B – Ventilação e Respiração.

 A troca adequada de gases é necessária para que seja possível oxigenação e


eliminação de CO2.

 Uma boa ventilação exige funcionamento adequado de pulmões da parede


torácica e do diafragma.

 O tórax deve estar exposto devendo-se avaliar inspeção da expansibilidade,


palpação, ausculta e percussão.

 Lesões ameaçadoras à vida a serem reconhecidas no exame primário:

• Pneumotórax;

• Pneumotórax Hipertensivo;

• Tórax Instável (2 ou mais fraturas em 2 ou mais arcos);

• Contusão Pulmonar;

• Hemotórax;

• Hemotórax Maciço (1.500 ml);

• Pneumotórax Aberto;

• Hematomas;

• Fraturas de Costelas;

C – Circulação com controle da hemorragia.

 A hemorragia é a causa mais frequente de óbito no período pós-trauma. Toda


hipotensão em pacientes traumatizados deve ser considerada hipovolêmica até
prova em contrário. É necessária uma avaliação rápida do estado hemodinâmico
do paciente traumatizado, para isto lança-se mão de três elementos que fornecem
informações preciosas em poucos segundos: o nível de consciência, cor da pele e
pulso.

• Nível de consciência: diminuição da perfusão cerebral;

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• Cor da pele: coloração acinzentada da face e pele esbranquiçada nas
extremidades;

• Pulso: pulso central deve ser examinado;

• Hemorragia externa: deve ser identificada e controlada na avaliação primária.

D – Disfunção neurológica.

 Avaliação neurológica rápida, estabelecendo nível de consciência, avaliação


pupilar e sua reação.

E – Exposição.

 Despir totalmente o doente prevenindo a hipotermia com uso de cobertores


dispositivos de aquecimento externos.

 Fluídos intra venosos previamente aquecidos.

Décio Pedro

AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

DEFINIÇÃO

 Trata-se de um exame do doente traumatizado, consistindo de uma história


clínica e um exame físico completo.

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 Somente deve ser iniciado após a avaliação primária (ABCDE).

 O objetivo é procurar lesões não identificadas na avaliação primária.

 Inclui a reavaliação de todos os sinais vitais.

HISTÓRIA CLÍNICA

A = alergias.

M = medicamentos de uso habitual.

P = passado médico /prenhez.

L = líquidos e alimentos ingeridos recentemente.

A = ambiente e eventos relacionados ao trauma.


EXAME CLÍNICO

1. CABEÇA: buscar ferimentos, fraturas, assimetria óssea, abaulamentos, avaliar


pupilas, sinais de hemorragia (rinorragia , rinorreia , otorragia , otorreia ), corpos
estranhos .

2. PESCOÇO: inspecionar alinhamento da traqueia, turgência jugular, carótidas,


cervical (TRM), lembrar-se da estabilização cervical.

3. TÓRAX: sinais de ferimentos abertos ou fechados, crepitações, arcos costais,


deformidade, flacidez, retalho costal.

4. ABDOME: escoriações, marca do sinto mal posicionado ( sinais de lesões em


vísceras ocas ) , abdome em tábua.

5. PELVE: fraturas, hemorragias, palpar púbis, comprimir bexiga (pulso femoral).

6. MMI: fraturas, luxações, deformidades, hemorragias, pulso poplíteo, tibial


posterior, pedioso, testar sensibilidade, motricidade, enchimento capilar, seguido
do teste de Babinski.

7. MMSS: mesma investigação dos MMSS, pulso braquial, radial.

8. DORSO: realizar manobra de 90 graus palpar , toda a coluna em busca de


fraturas , hemorragias , alinhamento.

9. SINAIS VITAIS: freq. cardíaca, freq. respiratória, pressão arterial, temperatura.

TRAUMA FECHADO

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Ocorre quando há transferência de energia cinética para os órgãos internos, sem ruptura
profunda da pele.

TRAUMA ABERTO

Ocorre abertura profunda da região visceral, por penetração de objetos ou provocada


por esmagamentos.

CHOQUE

DEFINIÇÃO

 É a situação de falência do sistema cardiocirculatório em manter a distribuição


de sangue oxigenado para os tecidos.

 Vítima de trauma que recebe o tratamento definitivo em 1 hora após sofrer a


lesão, tem maior sobrevida (hora ouro).

 O choque está relacionado à: coração (falha da bomba), perda de sangue ou


plasma, dilatação dos vasos ( capacidade do sistema maior que o volume
disponível para enchê-lo.

CHOQUE HIPOVOLÊMICO

É o tipo mais comum de choque diminuição acentuada do volume de sangue.

CAUSADO POR FATORES

 PERDA DIRETA DE SANGUE – causada por hemorragia interna e externa.

 PERDA DE PLASMA- queimaduras , contusões , lesões traumáticas.

 PERDA DE LÍQUIDO DO TGI – vômitos, diarreia.

SINAIS E SINTOMAS

 Ansiedade e inquietação;

 Palidez;

 Cianose;

 Pele fria e úmida;

 Enchimento capilar acima de 2 segundos;

 Taquipneia profunda;

 Taquicardia e pulso fraco;

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 Náusea e vômitos;

 Fraqueza, frio;

 Hipotensão;

 Olhos vitrificados, pupilas dilatadas.

 Disúria.

CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE

Evandro Lopes

TRAUMA TORÁCICO

OBJETIVOS
- Identificar lesões com risco de vida imediato.
- Identificar lesões potencialmente fatais.

INTRODUÇÃO
- Trauma fechado: < 10% requer operação.
- Ferimento penetrante: 15% a 30% requer operação.
- Maioria: requer procedimentos simples.

LESÕES COM RISCO IMINENTE DE VIDA

1. - Pneumotórax hipertensivo;
2. - Pneumotórax aberto;
3. - Tórax instável;
4. - Hemotórax maciço;
5. - Tamponamento cardíaco.

PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO
- Lesão de parênquima pulmonar. Ocorre
vazamento de ar do pulmão para a cavidade
torácica. O ar entra para cavidade pleural sem
possibilidade de sair.

QUADRO CLÍNICO
- Desvio da traquéia.

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- Desconforto respiratório.
- Ausência unilateral do M.V.
- Estase jugular.
- Percussão com hipersonoridade.
- Dor torácica.

TRATAMENTO IMEDIATO
- Descompressão imediata.

TRATAMENTO DEFINITIVO
- Dreno torácico.
Diagnóstico é clínico, não radiológico!

PNEUMOTÓRAX ABERTO
- Grandes ferimentos da parede torácica, que permanecem
abertos resultam em pneumotórax aberto.
- O equilíbrio entre as pressões intratorácica e atmosférica é
imediato.
- A ventilação efetiva é prejudicada, resultando em hipóxia e
hipercapnia.

TÓRAX INSTÁVEL

Ocorre quando um segmento da parede torácica não tem mais continuidade óssea com a
caixa
Torácica.
- Resulta em grave prejuízo dos movimentos
normais da parede torácica.
- As maiores repercussões do tórax instável
provêm da lesão pulmonar subjacente.

TRATAMENTO IMEDIATO
A administração de oxigênio e a reposição volêmica
constituem-se nas medidas terapêuticas iniciais.
TRATAMENTO DEFINITIVO
- A terapia definitiva consiste em garantir a melhor
oxigenação possível, administrar líquidos cautelosamente e providenciar analgesia para
melhorar a ventilação.

HEMOTÓRAX MACIÇO
- O hemotórax maciço resulta do rápido acúmulo de
1.500 mL de sangue ou de um terço ou mais do
volume de / sangue do doente na cavidade torácica.
- Ausência de M.V.
- Percussão com maciez no hemitórax afetado.

TRATAMENTO
- Reposição volêmica.
- Dreno de tórax.
- Auto-transfusão.

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- Toracotomia de emergência.

TAMPONAMENTO CARDÍACO
Derrame pericárdico de sangue proveniente do coração. O pericárdio é uma estrutura
fibrosa inelástica; uma pequena quantidade de sangue já é suficiente para restringir a
atividade cardíaca e interferir no enchimento cardíaco.

“Tríade de Beck”
� Abafamento de Bulhas
� Hipotensão Arterial
� Turgência Jugular

TORACOTOMIA NA SALA DE EMERGÊNCIA


Os objetivos da toracotomia na sala de emergência são:

- Abertura do saco pericárdico.


- Clampeamento cruzado da aorta torácica.
- Controle digital das lesões cardíacas ou de grandes vasos.
- Massagem cardíaca interna.

LESÕES POTENCIALMENTE FATAIS

- Pneumotórax simples.
- Hemotórax.
- Contusão pulmonar.
- Lesão tráqueo-brônquica.
- Contusão cardíaca.
- Ruptura traumática de aorta.
- Ruptura traumática de diafragma.
- Ruptura esofágica por trauma fechado.

Arthur, Camilo Daniel e Sophia Barreto

TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)

 Qualquer agressão de ordem traumática que acarrete lesão anatômica ou


comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges, encéfalo ou
seus vasos.
 O trauma é a principal causa de morte em pessoas entre 1 e 44 anos.
 É o principal determinante de morbidade, incapacidade e mortalidade dentro
deste grupo.
 TCE grave está associado a uma taxa de mortalidade de 30% a 70%.
 Recuperação dos sobreviventes é marcada por sequelas neurológicas graves e
por uma qualidade de vida muito prejudicada.
 São classificados de acordo com o mecanismo, gravidade e morfologia.

MECANISMO

Fechado (não há exposição de estruturas do crânio).

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Alta velocidade (colisão de veículos automotivos).

Baixa velocidade (queda, agressão).

Penetrante (há exposição de


estruturas do crânio).
Ferimento por arma de fogo.

Outras lesões penetrantes.

GRAVIDADE

LEVE Escore ECG 13-15

MODERADO Escore ECG 9-12

GRAVE Escore ECG 3-8

MORFOLOGIA

FRATURA DE CRÂNIO

Estão presentes em 50% a 60% dos


pacientes com TCE grave. Pode ser de
calota (linear ou com afundamento) ou de
base de crânio.

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BASILARES

Geralmente envolvendo o osso temporal, occipital, esfenóide,


e/ou etmoide.

Ocorre em apenas 4% dos pacientes com TCE grave.

Ao exame, o médico pode antecipar o diagnóstico das


fraturas basais observando alguns sinais típicos.

a) FÍSTULA LIQUÓRICA vazamento de líquido cefalorraquidiano pelo nariz ou


ouvido.

b) SINAL DE BATTLE descoloração cutânea devido ao extravasamento de


sangue no tecido subcutâneo atrás da orelha e sobre o processo mastoide.

c) SINAL DO GUAXINIM Equimoses periorbitárias.

d) LESÃO DOS NERVOS CRANIANOS Queixas como fraqueza na face, perda


da audição, perda do olfato, redução visual ou visão dupla.

LESÕES INTRACRANIANAS

FOCAIS
.
.
.

HEMATOMAS EPIDURAIS
Forma BICONVEXA.

Frequentemente localizados na região temporal ou


temporoparietal.

Resultam da ruptura da artéria meníngea média.

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O hematoma extradural, em sua forma clássica é caracterizado por um intervalo lúcido
(Período em que o paciente permanece consciente e assintomático desde o trauma até o
aparecimento dos sintomas.).

HEMATOMAS SUBDURAIS

30% dos TECs graves.

Assumem o contorno do cérebro.

Côncavo convexa.

Podem crescer e cobrir todo o hemisfério.

O comprometimento cerebral costuma ser mais


grave do que os hematomas epidurais. Taxa de
mortalidade de 60-80% .

Pode ocorrer episódios de intervalo lúcido.

HEMATOMAS INTRACEBRAIS

20-30% dos traumas cranioencefálicos graves

A maioria das lesões ocorrem nos lobos frontal e


temporal.

DIFUSAS
Lesão axonal difusa (LAD)

O mecanismo de trauma baseia-se na diferença de movimentação entre estruturas


encefálicas de diferentes densidades durante a ação de uma abrupta força de
aceleração/desaceleração fazendo com que haja estiramento, cisalhamento e rotura de
fibras axonais e de pequenos vasos sanguíneos perfurantes existentes na interface entre
estas estruturas.

 Lesões mais frequentem ente em TCEs graves, 50% .


 Taxa de mortalidade – 10% .

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 Acentuado rebaixamento do nível de consciência .

PIC – PRESSÃO INTRACRANIANA

 Homeostasia.
 Funcionamento normal
depende do fluxo normal,
depende da pressao.
 PIC normal = 10mmHg.
(pressao arterial media –
PIC).
 Pressão intracraniana: Após a
agressão inicial, o aumento
da PIC, decorrente de
formações expansivas e do
edema cerebral, se não
controlado pode levar a
isquemia por redução do fluxo sanguíneo encefálico.
 Entre aqueles que morrem em decorrência do TCE, a maioria morre em
consequência do aumento incontrolado da PIC.
 Conteúdo intracraniano deve ser constante, pois a caixa craniana é rígida, não se
expande.

1. Cérebro;
2. Volume arterial;
3. Volume venoso;
4. LCR.

*** OS DOIS ULTIMOS PODEM SER REDUZIDOS.

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TRAUMA RAQUIMEDULAR

OBJETIVOS
a) Avaliação correta do trauma raquimedular.
b) Identificar a lesão vertebral.
c) Definir o tratamento e a Imobilização adequada.

EPIDEMIOLOGIA

 Ocorre com frequência até quatro vezes maior em homens que em mulheres.
 Apresenta taxa de incidência em torno de 11mil casos por ano no Brasil.
 Acomete em sua maioria pessoas jovens, entre 18 e 40 anos.

CAUSAS PRINCIPAIS LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA


Acidentes Automobilísticos 70% Cervical
Queda de Altura/ Mergulho 20% Torácica
Acidentes Esportivos 10% Lombar
Atos de Violência

COMO SE DEVE PROCEDER

A- AVALIAÇÃO PRIMÁRIA E REANIMAÇÃO

O doente deve ser mantido em posição neutra, supina usando técnicas adequadas de
imobilização.

ETAPA 1. Via aérea livres com proteção da coluna cervical;


ETAPA 2. Ventilação;
ETAPA 3. Circulação e controle da hemorragia ;
ETAPA 4. Disfunção Neurológica- Exame Neurológico Sumário:
a) Nível de consciência e avaliar as pupilas;
b) Escala de Coma de Glasgow (GCS);
c) Reconhecer paralisia/paresia;

B- AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA- AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA

ETAPA 1. Obter a história AMPLA;


ETAPA 2. Realizar o nível de consciência;;
ETAPA 3. Reavaliar Escore na GCS;
ETAPA 4. Avaliar a Coluna;
ETAPA 5. Reavaliar – Avaliar para identificação de lesões associadas /ocultas.

ETAPA 4. AVALIAR A COLUNA

A. Palpação da coluna cuidadosamente utilizando a manobra de rolamento em


bloco para identificar:
 Deformações e/ ou edema
 Crepitações
 Piora da dor à palpação

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 Contusões e lacerações/ ferimentos penetrantes
B. Avaliar a dor,paralisia e parestesia
C. Testar a sensibilidade ao estimulo doloroso: em todos os dermátomos e anotar o
dermátomo mais caudal onde existir sensibilidade a esse estimulo.
D. Avaliar a função motora.
E. Medir os reflexos tendinosos profundos OBS!
F. Documentar e Reavaliar: anotar o exame neurológico e repetir frequentemente o
exame motor e sensorial até que se realize uma consulta com o especialista.

PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO

ETAPA 1. Aplicação de colar cervical semirrígido e prancha


longa, utilizando manobra do rolamento em bloco.
ETAPA 2. Reanimação com Fluidos e Monitoração.

ACIDENTES OFÍDICOS

São acidentes causados por animais peçonhentos.

São animais peçonhentos “aqueles que produzem ou modificam algum veneno e


possuem algum aparato para injetá-lo na sua presa ou predador”.

Exemplos : serpentes, escorpiões, aranhas, lepidópteros (mariposas e suas larvas),


Himenópteros (abelhas, formigas e vespas), Coleópteros (besouros) , Quilópodes
(lacraias), Peixes, Cnidários (águas-vivas e caravelas), Outros.

SERPENTES

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Bothrops (jararaca)
Crotalus (cascavel);
Lachesis (surucucu-pico-de-jaca);
Micrurus e Leptomicrurus (coral-verdadeira)

JARARACA

ATIVIDADES PRINCIPAIS DO VENENO: proteolítica (atividade inflamatória


aguda), coagulante e hemorrágica.

SINTOMAS DA VÍTIMA: dor, sangramento no local da picada, edema (inchaço) no


local da picada e pode evoluir por todo membro, hemorragias (gengivorragia,
hematúria, sangramento em ferimentos recentes), equimose, abscesso, formação de
bolhas e necrose. Hipotensão e choque periférico em acidentes graves. Tempo de
coagulação sanguínea prolongado. Risco de insuficiência renal aguda.

SORO: Anti-botropico ou anti-botropicolaquetico ou anti-botropicocrotalico.

CASCAVEL

ATIVIDADES PRINCIPAIS DO VENENO: neurotóxica, miotóxica e coagulante.

SINTOMAS DA VÍTIMA: edema discreto ou ausente, dor discreta ou ausente,


parestesia, ptose palpebral, diplopia, visão turva, urina avermelhada ou marrom.
Insuficiência respiratória aguda em casos graves. Tempo de coagulação sanguínea
prolongado.

SORO: Anti-crotálico ou anti-botropicocrotalico

SURUCUCU

ATIVIDADES PRINCIPAIS DO VENENO: proteolítica (atividade inflamatória


aguda), hemorrágica, coagulante e neurotóxica.
SINTOMAS DA VÍTIMA: semelhante ao acidente botrópico com dor,edema e
equimose, formação de bolhas, gengivorragia e hematúria.Difere do acidente botrópico
devido ao quadro neurotóxico: bradicardia, hipotensão arterial, sudorese, vômitos,
náuseas, cólicas abdominais e distúrbios digestivos (diarréia). Risco de insuficiência
renal aguda.

SORO: Anti-botropicolaquetico.

COBRA CORAL

ATIVIDADE PRINCIPAL DO VENENO: neurotóxica.

SINTOMAS DA VÍTIMA: dor local, parestesia, ptose palpebral, diplopia, sialorréia


(abundância de salivação), dificuldade de deglutição e mastigação, dispnéia. Risco de
insuficiência respiratória nos casos graves.

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SORO: Anti-elapídico.

ESCORPIÃO

 99% Leves
 Dor
 Atenção crianças menores 7 anos
 Analgesia
 Observação

ÁGUA VIVA

 Lavar o local imediatamente com água do mar.


 Não usar água doce ou álcool.
 Aplicar vinagre.
 URINA ( *amônia).

ARANHAS

ARANHA-ARMADEIRA causa dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis no


local da picada. Raramente crianças podem apresentar agitação, náuseas, vômitos e
diminuição da pressão sanguínea.

ARANHA-MARROM, a picada é pouco dolorosa e uma lesão endurecida e escura


costuma surgir várias horas após, podendo evoluir para ferida com necrose de difícil
cicatrização; raramente podem provocar escurecimento da urina.

VIÚVA-NEGRA leva a dor na região da picada, contrações nos músculos, suor


generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.

PEIXES
 Termoterapia ( GELO NÃAAAO!).
 Analgesia.
 Desbridamento.

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REVISÃO PROVA PRÁTICA

HABILIDADES MÉDICAS II – Prof. Nelson Coutinho.

ENGASGO NO BEBÊ

 Tentar tirar apenas o que estiver bem superficial e de fácil acesso (com o
polegar e o indicador), não tentar tirar objetos localizados profundamente
ou de difícil manuseio.
 Fazer um V com os dedos entre sua boca e nariz, ele deverá estar
levemente inclinado (cabeça mais para baixo) em decúbito dorsal,
apoiado no seu antebraço e perna. Seu antebraço dever estar entre as
pernas do bebê para apoiar melhor a manobra.
 Fazer 5 batidas (bate e empurra) no dorso, entre as escápulas, com a
região hipotênar da mão. Olhar se o objeto saiu.
 Se não saiu: 5 compressões (como RCP) com uma mão, dois dedos, na
linha intermamilar, numa superfície rígida. Ventilar 2.
 Repetir o processo (batidas e compressões).

*geralmente apresenta-se cianótico.

ENGASGO NO ADULTO

Manobra de Heimlich – formato de J.

 Ficar atrás da vitima e envolver seu abdome com os braços, mais ou


menos na altura da cintura e por baixo dos brações do vitimado (como
um abraço). Posicionar a uma das pernas entre as pernas da vítima, de
forma que sua coxa fique em contato com as nádegas do acidentado, caso
ele desmaie você terá apoio.
 Posicionar uma mão fechada (mão dominante) entre o umbigo e o
processo xifoide, envolver o punho com a outra mão.
 Agarrar firmemente o punho com a outra mão.
 Efetuar 5 compressões abdominais para dentro e para cima (j).
 Reavaliar a vitima – verificar se o corpo estranho saiu.
*repetir a manobra até obter êxito ou a vítima perder a consciência.
* em casos complicados (ex: obesos.) a manobra deve ser realizada com
a vitima em decúbito dorsal e o socorrista “em cima” dela. Em grávidas
as compressões devem ser feitas no tórax.
* lança as vísceras contra o diafragma, diminuindo o volume
intratorácico, aumentando a pressão externa para expulsar o corpo
estranho.

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INTUBAÇÃO

 Retirar os adereções e colocar os EPIs.


 Separar o material (seringa, tubos p testar o Cuff, e colocar fio guia.).
 Escolher o tamanho da lâmina (lóbulo da orelha ate o ângulo da boca).
 Testar o laringoscópio.
 Com a mão não dominante lateralizar a língua para a esquerda.
 Colocar a ponta da lamina na valécula.
 PASSAR O TUBO. (ate 22+-).
 Tirar o laringo e insuflar o Cuff.
 Tirar o fio guia.
 Fazer 1 ventilação a cada 6 segundos.
 Verificar a expansibilidade/auscultar.

TRAUMA

 Segurança do ambiente.
 Chamar SAMU (192).
 Biossegurança.
 Se identificar.
 Controle da cervical/ avaliar vias aéreas.
 Ventilação e respiração.
 Circulação/ palpação do pulso central.

Se parar: CAB  30compressoes/ 2 ventilações. (5 ciclos)

 Avaliação neurológica.
 Exposição/controle de hemorragias.
 Controle da hipotermia.

RCP EM BEBÊ

 Checar pulso (*pulso braquial ou femoral*) e respiração.


 Podemos bater palma em cima na face do vitimado, a certa distancia,
para verificar se ele responde a estimulo sonoro, ou estimulo de dor,
realizando pressão progressiva no pé. Constatado não reação, iniciar o
protocolo.
 Abrir via área (cabeça em posição neutra) e realizar 2 ventilações
iniciais. Se não tiver AMBU, lembrar-se de cobrir nariz e boca, e ventilar
com o volume residual.
 Posicionar os dedos indicados e médio um pouco abaixo da linha
intermamilar ( um dedo mais ou menos) e iniciar as compressões. (1 a
2,5cm). Se estiver acompanhado de outro socorrista o posicionamento
das mãos é diferente, como se fosse segurar o bebê.
 Ao final de 5 ciclos fazer nova checagem.

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30compressoes / 2 ventilações (1 socorrista);

15 compressões / 2 ventilações (2 socorristas).

RCP EM ADULTO

 Segurança.
 Se identifique. Checar responsividade.
 Se posicionar ao lado direito.
 Checar o pulso central (carotídeo) e a respiração (ar nas narinas ou
expansão da caixa torácica).
 Pedir ajuda: CHAME O SAMU (192) E BUSQUE UM DEA.
 Iniciar o procedimento. Lembre-se do posicionamento: joelhos
flexionados, braços retos e jogar o peso do corpo para se cansar menos.
Comprimir com vigor aproximadamente 5cm e permitir o retorno da
caixa. Também lembre-se do ritmo que deve ser empregado a fim de
manter aproximadamente 100 compressões por minuto.
 Mão dominante em cima, pressionar com a região hipotenar. Linha
intermamilar como parâmetro, um pouco abaixo e a esquerda.
 30/2 (5 ciclos ou ate chegar um DEA).
 Cada ventilação dura aproximadamente 1 segundo.
 Colocar o DEA na região subclavicular, ictus cordis, indicada no
aparelho.
 Desfibrilar.
 Palpar o pulso.
 30/2 (5 vezes).
 Palpar o pulso.
 DEA novamente.

*o correto posicionamento da mascara no paciente: ponte nasal como guia, a


melhor maneira é formar um C com o indicador e o polegar no alto da mascara.
Abrir a via aérea, elevar a mandíbula e pressionar a mascara firmemente.

AFOGAMENTO

 Lembrar-se da abordagem da vítima se ela ainda estiver na água. Se a vitima


estiver boiando você deve a abordar pelo lado, por baixo do braço, segure-a pelo
queixo e com a outra mão controle a cervical, já checo aí se ele está em PCR.
Caso ela esteja se debatendo a abordagem deve ser por trás dela, de forma que
você consiga a controlar.
 Já fora da água, se não estiver em PCR: deitar a vitima do lado direito (para não
engasgar caso vomite), lembre-se de dobrar a perna esquerda do vitimado para

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apoia-lo nesse rolamento de 90° para a direita, bem como o paio do braço direito
para a cabeça.
*o pulmão esquerdo é mais curvado e menor, permite mais facilmente a
desobstrução.

INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL - DETALHADA

 Procedimento avançado de manutenção da vi aérea.


 Tubo inserido diretamente na traqueia.
 Indicado em qualquer situação que exige controle definitivo das
vias aéreas.
 ECG menor ou igual a 8.
 Parada respiratória e/ou cardíaca.
 Ineficácia em ventilar adequadamente um paciente com AMBU.
 Presença ou iminência de obstrução da via aérea (lesão por inalação, anafilaxia).
 Insuficiência respiratória (EAP, asma grave, tórax instável, contusão pulmonar).
 Suporte ventilatório prolongado necessário.

CONTRA INDICAÇÕES

 Pessoas não treinadas.


 Transecção parcial da traqueia ( risco de transecção completa e perda da via
aérea, nesse caso via aérea cirúrgica torna-se necessária).

OBS: trauma cervical não é contra indicação, no entanto é preciso estabilizar a coluna
durante todo o processo.

MATERIAL

 EPIs (luvas, mascaras, óculos);


 Aspirador;
 Cabo/lâminas laringoscópio;
 Pilhas;
 Tubos traqueais de vários tamanhos;
 Seringa de 10mL;
 Fio guia;
 Lubrificante hidrossolúvel;
 Fixador;
 Ambu;
 Cânula naso ou orofaríngea;
 Esteto;

COMO ESCOLHER A LÂMINA?

 Se não tiver certeza é melhor pegar uma maior.


 Lobulo da orelha ao ângulo da boca.

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TUBOS TRAQUEAIS?

É de acordo com seu diâmetro interno:

Mulheres adultas = 7 a 8mm.

Homens adultos= 8 a 8,5mm.

POSICIONAMENTO

 Posição olfativa, auxilio de um coxim occiptal para elevar de 8 a 10 cm.


 Isso vai alinhae os eixos oral, laríngeo e faríngeo. Facilitando a visualização das
cordas vocais.

***obesos= coxim Inter escapular.

PREOXIGENAÇÃO

Fluxo máximo por pelo menos 3min.

***na PCR não há indicação.

*** retirar dentaduras.

PASSO A PASSO

1. Tirar os adornos.
2. Checar os equipamentos.
2.1 Insuflar o Cuff.
2.2 Inserir o fio guia prendendo p não machucar, afastado 1cm do
olho de Murphy.
2.3 Moldar o tubo em U.
2.4 Luz do laringo.

3. Segurar laringo mão esquerda.

4. Inserir o laringo pela direita lateralizando a língua para a


esquerda.

5. Levar a ponta da lamina ate a valécula ( entre a base da língua e a


epiglote).

6. Posicionar o laringo caudal e superiormente.

CUIDADO COM OS DENTES/MOVIMENTO EM LAVANCA

7. Inserir o tubo pelo canto direito ate 19-23cm em relação aos


dentes incisivos frontais.

8. Retira o fio guia.

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9. Insufla o Cuff 6-10mL.

10. Coloca o ambu e ventila.

***na PCR a intubação tem que ser feita em 10seg.

CONFIRMAÇÃO

 Auscultar primeiro o epigástrico que deve estar silencioso.


 Depois ambos hemitorax na hemiclavicular e axilar media,
expansão plena.
 Capnografo.
 Depois que confirmou, fixa.

***PCR= 8 a 10 ventilações por min, ou seja, 1 a cada 6-8seg. não


sincronizadas com as compressões torácicas.

INTUBAÇÃO ESOFÁGICA

 Se verificada murmúrio vesiculares ausentes bilateralmente e


ruídos no epigástrico.
 Desinflar o balão, retirar o tubo e ventila antes de tentar intubar
novamente.

INTUBAÇÃO SELETIVA

 Murmúrio diminuído na esquerda, mas presente à direita.


 Mais comum ocorrer no brônquio principal direito devido à
anatomia, ângulo mais aberto que facilita.
 Desinfla o balão, puxa um pouco, insufla e ausculta novamente.

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PRÁTICA ATLS- DETALHADA

 Até 1 hora pós o trauma.


 A avaliação da vítima de trauma é dividida em primaria e secundária.
 A avaliação primária baseada em 5 etapas:
A) Responsividade, vias aéreas com controle da coluna cervical.
B) Ventilação/ Respiração.
C) Circulação ( compressões torácicas).
D) Incapacidade neurológica.
E) Exposição e prevenção de hipotermia.

PASSO A PASSO – PANORAMA GERAL

Primária – 40 segundos.

1. Segurança da vítima e dos socorristas (ambiente + EPIs). Se aproximar no


sentido dos pés para a cabeça da vitima.
2. Um dos socorristas fica estabilizando a coluna cervical, posicionado atrás da
cabeça da vitima com os joelhos no solo.
3. Outro socorrista avalia a responsividade da vitima. Se responder avalia a
respiração.
4. Caso não responda é necessário realizar abertura de via aérea. O profissional que
esta atrás da cabeça vai realizar a manobra de elevação da mandíbula (apoiar as
mãos em ambos os lados da face com os dedos indicador, médio e anular abaixo
do ângulo da mandíbula emburram para frente e para cima sem hiper estender o
pescoço) ou ( apoiar os dedos indicador, médio e anular de uma das mão abaixo
do queixo da vitima e com o polegar da mesma mão posicionado anteriormente
ao mento traciona a mandíbula para frente e para cima, segurando firmemente ,
mantendo a boca aberta. A outra mão devera estar na testa da vitima, mantendo a
cabeça fixa).
5. Avaliar o pulso carotídeo e verificar sinais de hemorragia externa. Nos
sangramentos visíveis a iniciativa de contê-los deve ser imediata, contudo a
perda já ocorrida deve ser quantificada e valorizada.

Secundária

1. Um dos profissionais faz as perguntas do AMPLA ( alergia, medicamentos,


passado médico, líquidos e alimentos, e ambiente do trauma). Enquanto isso
outro socorrista faz o exame físico do sentido cefalo-podalico.
2. Na cabeça devemos pesquisar edemas, hematomas, crepitações e lesões. Ossos
da face. Verificar secreções em nariz boca e ouvidos. Pupilas avaliadas em
relação a tamanho, simetria e reatividade.
2.1 No pescoço: possíveis lesões, desvio de traqueia, êxtase jugular, e
desalinhamento ou crepitação de vertebras cervicais.
2.2 Ossos da clavícula e cintura escapular. No tórax, simetria do espaço torácico,
integridade da pele, costelas e esterno.

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2.3 Palpar o abdome nos 4 quadrantes. Observar dores, hematomas e rigidez.
2.4 Palpar a pelve no sentido anteroposterior e latero lateral. Se sentir dor ou for
identificada instabilidade, PARE.
2.5 Nos membros devemos observar desvios, crepitação, pulso distal, sensibilidade
e motricidade.
3. Mensurar e colocar colar cervical. Sempre com a vítima com a cabeça
estabilizada.
4. Aferir sinais vitais: FC, FR, PA.
5. Oximetria, temperatura e glicemia.
6. Aplicar ECG para avaliar nível e consciência.
7. O transporte será realizado em prancha rígida. Duas técnicas podem ser
utilizadas: Cavalera (um dos socorristas permaneça na estabilização da coluna.
O restante da equipe se posiciona na altura da cintura escapular, pélvica,
membros superiores e inferiores. A um único comando, o da cabeça, a vitima
vai para a prancha) ou Rolamento 90° ( profissionais posicionados nos mesmos
locais da técnica anterior. A vitima é lateralizada a um único comando e a
prancha é arrastada para baixo dela, a um comando novamente ela é colocada na
prancha em movimentos de zigue zague).
8. Já na prancha são fixados os imobilizadores laterais de cabeça e cintos.
Instalamos oxigênio e manta aluminizada.

OBS: o passo a passo pode variar de acordo com as condições do paciente


acidentado.

Vitima responsiva, respiração e pulso presentes.

Inconsciente, respiração e pulso.

Parada respiratória, apresenta pulso: o segundo socorrista deve realizar 1 ventilação


a cada 5 segundos, por 2 minutos ( 24 ventilações), observando a expansão torácica,
enquanto o primeiro socorrista mantes a estabilização cervical manual. Feito isso o
socorrista volta a inspecionar a respiração e palpar o pulso. Conter grandes hemorragias
se presente.

PCR: estabilização cervical. O primeiro socorrista abre a via aérea e o segundo


socorrista realizará duas ventilações. Iniciar RCP.

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