Você está na página 1de 175

Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

VOLUME 05 - NÚMERO 01 - 2010 - MAGAZINE

- Pág. 1 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

É com grande satisfação que, no vigésimo segundo ano de realização do Encontro


Nacional de Atividade Física/ENAF, em sua quadragésima oitava edição, publicamos a
Revista ENAF SCIENCE Nº 09. Tal publicação pode ser traduzida como uma forma de
agradecimento e retribuição a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram
para o desenvolvimento e aperfeiçoamento desse evento que integra o universo da
atividade física e da saúde.
No decorrer desses anos acreditamos ter participado da formação de milhares de
acadêmicos e profissionais da área de educação física, fisioterapia, nutrição,
enfermagem, turismo e pedagogia. A partir de 2004 passamos a realizar o Congresso
Científico vinculado ao ENAF, dando mais um passo na construção dos saberes que
unem formação e produção.
É a partir desse contexto que a Revista ENAF SCIENCE é novamente lançada.
Esperamos que essa publicação enriqueça nossa área de ação. Nesta edição, estão
presentes todos os trabalhos apresentados no Congresso Científico, seja sob forma de
artigo completo ou como resumo na forma de pôster.
Esperamos que este seja o primeiro passo que pretendemos empreender na busca por
um novo viés de conhecimento, fazendo com que o ENAF siga seu caminho mais
essencial: participar da construção de uma ciência da atividade física.

Prof. Dennis William Abdala


Prof. Rodney Alfredo Pinto Lisboa
Prof. Arthur Paiva Neto
Prof. Sebastião José Paulino

- Pág. 2 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ÍNDICE DOS TRABALHOS


ARTIGOS ................................................................................................ 5

A IMPORTÂNCIA DO DIAGNOSTICO DE OBESIDADE AINDA NA INFÂNCIA EM


ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE CASA BRANCA. .......................................................... 5
ANÁLISE DE LESÃO MUSCULAR EM INDIVÍDUOS TREINADOS E INICIANTES EM
HIPERTROFIA ATRAVÉS DA DOSAGEM DE CREATINA KINASE (CK) ...................... 10
A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO RESISTIDO NA SÍNDROME DA LIPODISTROFIA
EM PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS .................................................................... 17
A UTILIZAÇÃO DE DECANOATO DE TESTOSTERONA E DECANOATO DE
NANDROLONA POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO NAS ACADEMIAS DE
POÇOS DE CALDAS-MG ................................................................................................. 23
ANÁLISE DO VO2MÁX EM ATLETAS DE FUTSAL SEGUNDO AS .................................. 29
DIFERENTES POSIÇÕES ................................................................................................ 29
ANÁLISE DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DO ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA DE
UM GRUPO DE PORTADORES DE DIABETES MELLITUS NA CIDADE DE SÃO JOÃO
DEL-REI (MG) ................................................................................................................... 35
ANÁLISE DO POTENCIAL DE FORÇA DE PREENSÃO PALMAR NOS PADRÕES
AERÓBIO E ANAERÓBIO DE DISTINTAS MODALIDADES ESPORTIVAS,
COMPROVADAS PELO DINAMÔMETRO JAMAR ......................................................... 40
DESENVOLVIMENTO MOTOR DE PRÉ-ESCOLARES ................................................... 46
GLICEMIA DE ATLETAS DE FUTSAL SUPLEMENTADOS COM MALTODEXTRINA .. 52
APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE ALONGAMENTO E FLEXIBILIDADE COMO
MÉTODO AUXILIAR NO CONTROLE DE ESTRESSE. ................................................... 58
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE ESTABILIZAÇÃO LOMBOPÉLVICA NA
QUALIDADE DE VIDA DE UM INDIVÍDUO PORTADOR DE LOMBALGIA CRÔNICA. . 66
O USO DOS RECURSOS AUDIOVISUAIS NA MOTIVAÇÃO DE PACIENTES EM
TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO. ............................................................................. 70
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DEPRESSÃO EM PACIENTES COM
FIBROMILAGIA ................................................................................................................ 74
PERFIL ANTROPOMÉTRICO E A APTIDÃO FÍSICA DOS POLICIAIS MILITARES DO
ESTADO DE SÃO PAULO ................................................................................................ 81
AVALIAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA ATRAVÉS DA COMPREENSÃO DOS
MERIDIANOS MIOFASCIAIS DOS TRILHOS ANATÔMICOS EM UM PACIENTE COM
LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR- RELATO DE CASO. ........................ 89
COMPARAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE TENISTAS E LUTADORES DE JIU-JÍTSU ... 94
CORRELAÇÃO ENTRE POSTURA E INCIDÊNCIA DE LESÃO EM ATLETAS DA
NATAÇÃO ....................................................................................................................... 100
COMPARAÇÃO ENTRE A FLEXIBILIDADE DA CADEIA POSTERIORA E A POSTURA
DE ATLETAS DE JIU-JÍTSU DO CENTRO UNIVERSITARIO CLARETIANO DE
BATATAIS. ...................................................................................................................... 106
PROPOSTA DE TREINANENTO FÍSICO NO PERÍODO PRÉ-COMPETITIVO PARA
UMA EQUIPE FEMININA DE VOLEIBOL ....................................................................... 113
ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE FLEXIBILIDADE EM IDOSOS .......... 119

- Pág. 3 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR ESPONTÂNEO NO DESENVOLVIMENTO DE


HABILIDADES MOTORAS EM CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................... 127
UM CONTEXTO PARA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO HUMANA ................................... 127
RELAÇÃO ENTRE A VELOCIDADE AERÓBIA E ANAERÓBIA DA CORRIDA EM
JOGADORES AMADORES DE FUTEBOL. ................................................................... 133
USO DA ACUNPUNTURA NA AÇÃO DOS MERIDIANOS DA BEXIGA E VASO
GOVERNADOR PARA O ALIVIO DA DOR LOMBAR: ESTUDO MORFOFUNCIONAL.
......................................................................................................................................... 138
AVALIAÇÃO DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO DE FLEXÃO DE JOELHO ANTES E
APÓS APLICAÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA EM PACIENTES PORTADORES DE
ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA: ESTUDO DE 2 CASOS ............. 146
TREINAMENTO DE FORÇA E ENVELHECIMENTO: UMA REVISÃO SOBRE OS
EFEITOS DO EXERCICIO RESISTIDO EM IDOSOS. .................................................... 154

PÔSTERES......................................................................................... 161

CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA ................................. 161


A TERMORREGULAÇÃO E A REPOSIÇÃO HÍDRICA DURANTE A PRÁTICA DE
ATIVIDADES FÍSICA EM CRIANÇAS. ........................................................................... 162
ABORTO PROVOCADO: VISÃO ANALÍTICA COM ENFOQUE NA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .......................................................................... 163
ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM FRENTE A UMA PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA ............................................................................................. 164
ATENDIMENTO AO PACIENTE EM CRISE HIPERTENSIVA NA AUSÊNCIA MÉDICA
......................................................................................................................................... 165
CRISE HIPERTENSIVA .................................................................................................. 166
TRATAMENTO EQUOTERAPÊUTICO APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA
ADOLESCÊNCIA: ESTUDO DE CASO .......................................................................... 167
ESTUDO QUANTITATIVO DOS HÁBITOS ALIMENTARES EM NADADORES NAS
DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS ................................................................................... 168
PROJETO “FAZENDO SAÚDE”. ................................................................................... 169
AUSENCIA DE VARIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DURANTE O CICLO MENSTRUAL EM
UNIVERSITARIAS .......................................................................................................... 170
CORRELAÇÃO ENTRE MOBILIDADE FUNCIONAL DE TRONCO, EQUILÍBRIO E
RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS COM DOENÇAS DE PARKISON ............................ 171
O EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR REALIZADO EM ACADEMIA SOBRE
PORTADORA DE HEMIPARESIA ESPÁSTICA: UM RELATO DE CASO .................... 172
ANÁLISE DA FUNCIONALIDADE DA ECOLALIA EM UM SUJEITO COM
DIAGNÓSTICO DENTRO DO ESPECTRO AUTÍSTICO, EM UM ESTUDO DE CASO,
SOB A PERSPECTIVA DA PRAGMÁTICA .................................................................... 173
ABORTO PROVOCADO: VISÃO ANALÍTICA COM ENFOQUE NA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .......................................................................... 174

- Pág. 4 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ARTIGOS
A IMPORTÂNCIA DO DIAGNOSTICO DE OBESIDADE AINDA NA INFÂNCIA EM
ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE CASA BRANCA.

Bossi Jaqueline¹
Braz Sergio Henrique²
¹ Discente Unip;
² Doscente Unip;

RESUMO
Este artigo mostra o percentual de gordura (%G) de crianças de 1ª a 4ª série, de uma
escola particular de Casa Branca, com intuito de avaliar a composição corporal dos
alunos e mostrar para os pais, autoridades e responsáveis pelos cidadãos mirim e infantil
a importância de diagnosticar a obesidade ainda na infância como forma de prevenção de
doenças e evitando um tratamento tardio; e também colaborar com o acervo bibliográfico
nacional, referente a esse tema, pois na bibliografia a maior parte dos estudos é em
populações estrangeiras.
Palavras Chave: obesidade, escolares, saúde infantil.
INTRODUÇÃO
A obesidade pode ser considerada uma alteração metabólica mais antiga já relatada, em
monografias do século XVII (OLIVEIRA et al., 2003).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a obesidade uma doença que atingem
tantos os países desenvolvidos quanto os em desenvolvimento, sendo assim,
considerada uma epidemia mundial, é uma doença crônica (SOTELO et al., 2004) e
multifatorial, onde o estilo de vida sedentário, a informatização e automatização do
trabalho, muitas horas em frente à TV e a falta de estimulo para brincadeiras infantis, vem
diminuindo as atividades e o desenvolvimento motor da criança (BETTI e ZULIANI, 2002;
MELLO et al., 2004), alimentação não apropriada com valor nutricional rico em gorduras e
em alimentos de alta densidade energética (SILVA e MALINA, 2003; MORAIS et al.,
2007), estudiosos da nutrição perceberam que um desenvolvimento antecipado e essas
mudanças alimentares podem trazer resultados negativos permanentes e que no decorrer
do crescimento podem desenvolver alterações metabólicas graves que associados a
fatores genéticos e ambientais acarretam um obesidade futura (LEMOS et al., 2007).
Mas influenciada por esses fatores, e ainda, genética, sociedade, nível de atividade física;
a obesidade pode ser desenvolvida em qualquer idade (GIUGLIANO e CARNEIRO,
2003), é um mau que tem que ser combatido, pois as doenças influenciadas pela
obesidade são também muito preocupantes, ela está diretamente relacionada a
alterações metabólicas, como dislipidemia, hipertensão, intolerância a glicose, fator de
risco para diabetes melitus tipo II e doenças cardiovasculares (OLIVEIRA e FISBERG,
2003; RIBEIRO et al., 2006), a aterosclerose, que é o acumulo de colesterol na camada
intima das artérias, tem inicio na infância (MELLO et al., 2004) e além dos fatores físicos,
os distúrbios psicossociais, depressão, isolamento e baixa auto estima são comuns em
crianças obesas (LEMOS et al., 2007; RODRIGUES et al., 2008; LUIZ et al., 2005).
Em 1989, cerca de um milhão e meio de crianças com idade menor que 10 anos eram
obesos, com a prevalência de 2,5% a 8,0%, em famílias de menor e maior renda,
respectivamente, e a maior em meninas nas regiões Sul e Sudestes. (ZAMAIA e
MORAES, 2008; SOTELO et al., 2004) e em São Paulo uma prevalência de obesidade de

- Pág. 5 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

2,5% em crianças de baixa renda e de 10,6% em grupos mais favorecidos, em crianças


com menos de 10 anos (OLIVEIRA et al., 2003).
Por volta de 1950, a síndrome metabólica foi pela primeira vez apresentada e definida
como a associação de alterações metabólicas, mas isso era observado em adultos, agora
vem sendo observado também em crianças e adolescentes obesos, ainda não há critérios
definidos para avaliação da síndrome metabólica em crianças e adolescentes, somente a
presença de uma ou outra alteração (LEMOS et al., 2007).
A obesidade quando está em estado grave, é de fácil diagnostico, mas quando é uma
obesidade leve, ou seja, bem próximo do limite entre a normalidade e o sobrepeso e de
mais difícil diagnostico (LEMOS et al., 2007). Depois de diagnosticar a obesidade se inicia
uma segunda fase tão difícil quanto o diagnostico que é o tratamento, pois a criança não
tem o entendimento de como a obesidade pode trazer danos para sua saúde e para ela
se adequar as mudanças nos hábitos diários é muito difícil além de precisarmos contar
com o apoio dos pais (MELLO et al., 2004).
A preocupação com a importância de se prevenir a obesidade ainda no espaço escolar,
vem dos muitos trabalhos publicados, falando sobre o diagnostico antecipado, assim
como o seu tratamento, o meio mais eficaz de se prevenir a obesidade e a síndrome
metabólica na vida adulta é cuidando da doença ainda na infância (LEMOS et al., 2007).
Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo mostrar a importância de se
identificar e classificar o nível de obesidade aproveitando o ambiente escolar para
investigar os fatores de influencia para o excesso de peso (MONDINI et al., 2007), usando
métodos de fácil aplicabilidade e sem auto custo.
METODOLOGIA
CLASSIFICAÇÃO
O presente estudo é uma pesquisa aplicada quantitativa descritiva experimental.
SUJEITOS
Do universo das escolas de Casa Branca, foi selecionada de forma intencional os alunos
da Escola Barão de CB. Foram avaliadas 97 crianças matriculadas no ensino fundamental
(1º ano a 4ª série), com idade entre 6 a 13anos, onde 85 alunos participaram das
avaliações e 12 não participaram, foram avaliados 43 meninos e 42 meninas.
MATERIAIS E METODOS
As avaliações consistiam de medidas antropométricas, peso, altura e dobras cutâneas
(dos músculos tríceps braquial e tríceps sural ou panturrilha). As formulas utilizadas para
as dobras cutâneas foram da Σ2DC(tríceps braquial + panturrilha) para meninos brancos
ou negros de 6–17 anos %GC=0,735(Σ2DC)+1,0 e meninas brancas ou negras de 6-17
anos %GC=0,610(Σ2DC)+5,1; segundo Slaughter et al, (1998) citado por Heyward (2004).
Os materiais utilizados durante o estudo foi um adipometro da marca Sani, (1 mm),
balança digital da marca tec line, (capacidade par 180 kg e variação de 100g) e fita
métrica. A tabela abaixo foi utilizada como padrão para avaliar os percentuais de gordura.
Tabela 1: padrão de gordura corporal relativa.
CLASSIFICAÇÃO *NR BAIXO MÉDIO ALTO OBESIDADE

MASCULINO <5 5 - 10 11 – 25 26 - 31 >31

FEMININO < 12 12 – 15 16 -30 31 - 36 >36

*NR = não recomendado;


Fonte: Lohman, Houtkooper e Going (1997) apud Heyward (2004).

- Pág. 6 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

PROCEDIMENTOS
As medidas foram realizadas no período da manhã, no horário normal das aulas, e todas
as medidas foram feitas pelo mesmo avaliador. Foram usadas as aulas de Educação
Física, as crianças foram colocadas sentadas, e foi explicado o procedimento das
medidas e o motivo da avaliação, e em grupos de 5 crianças elas forma medidas na
ordem de altura, peso e as dobras cutâneas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 2 mostra a média do percentual de gordura (%G) para o gênero masculino dentro
da faixa etária avaliada.
Tabela 2: média do %G e desvio padrão para meninos segundo grupo etário.
5 - 6 anos 7 -8 anos 9 – 10 anos 11 -12 anos
N 6 14 22 1
Média %G e 20,63% ± 19,38% ± 22,35%± 12,26%
desvio padrão 3,83 4,75 6,795

Podemos perceber que analisando a tabela 2, a média do percentual de gordura do


gênero masculino está em mais risco entre a idade de 9 a 10anos, e a preocupação é
nesta fase de difícil diagnóstico, estando no limite da normalidade e sobrepeso (LEMOS
et al.,2007).
A tabela 3 mostra a média do percentual de gordura (%G) para o gênero feminino dentro
da faixa etária avaliada.
Tabela 3: média do %G e desvio padrão para meninas segundo grupo etário.
5 -6 anos 7 – 8 anos 9 – 10anos 11-12 anos

N 12 17 11 2

Média % G 20,8% ± 3,45 23,58% ± 22,54% ± 26,85% ±


5,53 7,04 9,77

Na tabela 3 analisando o gênero feminino o que nos preocupa é a faixa etária de 11 a 12


anos que temos um caso bem claro de obesidade, e este resultado pode levar a
resultados negativos e permanentes, como uma obesidade futura (LEMOS et al., 2007).
Na tabela 4 mostra a distribuição do %G segundo o gênero.
Tabela 4: distribuição da amostra segundo gênero.
CLASSIFICAÇÃO *NR BAIXO MÉDIO ALTO OBESIDADE
MASCULINO 0 0 35 6 2
FEMININO 0 4 34 3 1

Na tabela 4 podemos notar um diferença na analise da tabela 2, onde em média não


havia meninos com índice de obesidade, mas foi de maneira intencional que não
excluímos a duas medidas com discrepância, mesmo que a média esteja ainda em
classificação alta, observamos dois casos graves de obesidade.
A tabela 5 ilustra em porcentagem a classificação das crianças segundo gênero e %G.
Tabela 5: porcentagem da prevalência de sobrepeso e obesidade segundo gênero.
CLASSIFICAÇÃO *NR BAIXO MÉDIO ALTO OBESIDADE
MASCULINO 0 0 81,40% 13,95% 4,65%
FEMININO 0 4,70% 80,95% 7,14% 2,38%

Na tabela e gráfico 5 podemos observar que o gênero masculino está em todas as faixas
etárias com média maior que o gênero masculino, o que diverge da literatura que diz que

- Pág. 7 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

a prevalência de obesidade de crianças com menos de 10 anos é maior em meninas da


região sul e sudeste (ZAMAIA e MORAES, 2008; SOTELO et al., 2003).
A nossa preocupação é que 18,60% dos meninos e 9,52% das meninas estão em índice
alto ou já em obesidade e esta está diretamente relacionada com alterações metabólicas
(OLIVEIRA e FISBERG, 2003; RIBEIRO et al.,2006). E não podemos deixar de falar dos
fatores psicológicos, como depressão e isolamento, que são comuns em crianças obesas
(LEMOS et al., 2007; RODRIGUES et al., 2008; luiz et al., 2005).
CONCLUSÃO
Podemos concluir que para um resultado mais favorável à população educacional, faz-se
necessário um estudo populacional maior, avaliando crianças de todos os níveis sociais, e
todas que estão ingressadas no ensino fundamental, mas podemos observar que em um
numero pequenos de crianças já foi encontrado uma população de risco, onde a
percepção através da observação não é eficiente.
Necessitando então de uma atenção maior por parte dos responsáveis e educadores,
para acompanhar o crescimento e também o desenvolvimento desta doença.
Fendo-se assim importante o diagnostico precoce e uma orientação adequada para pais,
alunos e educadores, para o tratamento e também prevenção da obesidade.
O trabalho sugere estudos mais aprofundados relacionados ao tema.
REFERÊNCIAS:
BETTI, M; ZULIANI, L.R. Educação física escolar: uma proposta de diretrizes
pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação física e esporte – Ano I Número I, 2002.
BRACCO, M.M; FERREIRA, M.B. R; MORCILLO, A.M; COLUGNATI, R; JENOVESI, J.
Gasto energético entre crianças de escola pública obesa e não obesas. Revista brasileira
ciência e movimento, v. 10, n. 3, p. 29-35, julho 2002.
GIUGLIANO, R. CARNEIRO, E. C. Fatores associados à obesidade em escolares, jornal
de pediatria, v. 80, n. 1, 2004.
LEMOS M. L.C, MARTINS, M. C. V, SILVA, A.C, MAGALHÃES, M. G, PAIVA, A. S,
CORDEIRO, V. F. Obesidade na infância e adolescência: critérios de diagnósticos clínicos
e laboratorial, revista pediátrica, 8(1): 8-16, jan./ jun, 2007.
LUIZ, A. M. A. G; GORAYEB, R; LIBERATORE JR, R. D. R; DOMINGOS, N. A. M.
Depressão ansiedade, competência social e problemas comportamentais em crianças
obesas. Estudo de psicologia, v. 10, n. 3, Natal, set/dez, 2005.
HEYWARD, V, H./ trad. Márcia Dornelles. Avaliação física e prescrição de exercício –
técnicas avançadas: - 4° Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2004.
MELLO, E.D; LUFT, V.C; MEYER, F. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes?
Jornal da pediatria, v. 80, n. 3, mai/jun, 2004.
MONDINI, L; LEVY,R.B; SALDIVA, S. R. D. M; VENÂNCIO, I; AGUIAR, J.A; STEFANINI,
M.L.R. Prevalência de sobrepeso e fatores associados em crianças ingressantes no
ensino fundamental em um município da região metropolitana se São Paulo, Brasil,
caderno de saúde publica, v. 23, agosto, 2007.
MORAIS, Y. C, BRANDÃO, Z. A, RASO, V. Nível nutricional e de atividade física em
estudantes da rede publica e particular de ensino, revista brasileira de obesidade, nutrição
e emagrecimento, v. 1, n. 2, p. 78-83, mar./abr, 2007.
RIBEIRO, R. Q. C, LOTUFO, P. A, LAMOUNIER, J. A, OLIVEIRA, R. G, SOARES, J.F,
BOTTER, D. A. Fatores adicionais de risco cardiovascular associados ao excesso de
peso em crianças e adolescentes, arquivos brasileiros de cardiologia, v. 86, n. 6, junho de
2006.
SILVA, R. C. R, MALINA, R. M. Sobrepeso, atividade física e tempo de televisão entre
adolescentes de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil, revista brasileira de ciência do movimento,
v. 11, n. 4, p. 63-66, out./dez, 2003.
SOTELO, Y. O. M, COLUGNATI, F. A. B, TADDEI, J. A. A. C. Prevalência de sobrepeso e
obesidade entre escolares da rede pública segundo três critérios de diagnóstico
antropométrico, Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 1, Rio de Janeiro jan./fev, 2004.

- Pág. 8 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

OLIVEIRA, A. M. A; CERQUEIRA, E. M. M, OLIVEIRA, A.C. Prevalencia de sobrepeso e


obesidade infantil na cidade de Feira de Santana-BA: detecção na família x diagnostico
clinico. Jornal da pediatria, v. 79, n. 4, Porto Alegre, jul/ago, 2003.
OLIVEIRA, C. L, FISBERG, M. Obesidade na infância e adolescência - Uma verdadeira
epidemia, arquivos brasileiros endócrinos metabólicos, v. 47, n. 2, abril de 2003.

- Pág. 9 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ANÁLISE DE LESÃO MUSCULAR EM INDIVÍDUOS TREINADOS E INICIANTES EM


HIPERTROFIA ATRAVÉS DA DOSAGEM DE CREATINA KINASE (CK)

SOUZA, Vanessa Carvalho


Graduada em Educação Física, UNIFAE – Centro Universitário das Faculdades
Associadas de Ensino
E-mail: vanessacarvalhi@yahoo.com.br
Orientador: SILVA JR, Autran José
Mestre em Ciências Fisiológicas, UFSCar – Universidade Federal de São Carlos
E-mail: autranjsilvajr@gmail.com

RESUMO

O objetivo deste estudo foi investigar as relações do treinamento de hipertrofia em onze


voluntários praticantes de musculação, divididos em 2 grupos, GT (Grupo Treinado) e GI
(Grupo Iniciante). Foram coletadas amostras sanguineas 24 horas após uma sessão de
treinamento de força, por meio da dosagem da enzima Creatina Kinase (CK), um
marcador indireto de dano muscular, para avaliar o risco de desgaste acentuado para a
musculatura esquelética, e comparar os valores de CK nesses indivíduos. Devido à
sobrecarga mecânica imposta, desencadeia-se o dano muscular, e a CK é liberada no
sangue haja vista sua incapacidade de atravessar a membrana plasmática. Uma alta
concentração dessa enzima no soro é indicativo de lesão muscular. O pico dessa enzima
é geralmente alcançado entre 24-72 horas pós-exercício. Conclui-se que a concentração
de CK nesse período provoca desgaste da musculatura esquelética, porém sem
disparidade significativa entre ambos os grupos.

PALAVRAS CHAVE: Educação Física, Hipertrofia, Creatina Kinase.

INTRODUÇÃO

Nestas últimas décadas os benefícios e os malefícios dos exercícios têm sido


evidenciados, entre eles o treinamento de força visando à hipertrofia (BARBANTI;
TRICOLI; UGRINOWITSCH, 2004). Verifica-se que nas ações excêntricas ocorre
aumento de tensão nas fibras havendo o rompimento dos sarcômeros, o que desencadeia
o dano muscular (CLARKSON; HUBAL, 2002). Para tal, existem os sistemas de
fornecimento de energia para que ocorra a contração muscular. Neste aspecto, destacam-
se as enzimas.
As enzimas são proteínas que regulam as vias metabólicas das células. Não fazem que
uma reação ocorra, mas sim, regulam a velocidade destas (RODWELL, 1998). Uma
dessas enzimas é a Creatina Fosfoquinase (CPK) ou Creatina Kinase (CK), que
apresenta um papel chave no transporte de energia das células musculares. Durante o
exercício há a constante necessidade de fornecer energia (ATP) para que a contração
ocorra (BUCCI et al., 2005; KUIPER, 2008). “Exige, predominantemente, o envolvimento
de vias de produção energética rápidas e imediatas” (MEDEIROS; SOUSA, 2009, p.102),
a saber, a doação de um grupo fosfato e de sua ligação energética da creatina fosfato
para a ADP, formando a ATP (sistema ATP-CP). Neste processo, não há utilização de O2,
portanto, denomina-se uma via anaeróbia e a reação é catalisada pela enzima Creatina
Kinase (POWERS; HOWLEY, 2000). Com a estimulação desta via pode haver um
aumento de CK em até 36% nas reservas energéticas celulares (HERNANDES JUNIOR,
2002).

- Pág. 10 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A CK se apresenta em três formas (isoenzimas), que diferem ligeiramente em estruturas e


são encontradas predominantemente no coração (CPK-MB), cérebro (CPK-BB) e músculo
esquelético (CPK-MM) (FOSCHINI; PRESTES; CHARRO, 2007). As concentrações de
CK sérica são dependentes da idade, raça, sexo, massa muscular e condicionamento
físico do indivíduo. Esse processo desencadeia a inflamação dos tecidos (NOSAKA;
NEWTON; SACCO, 2002; MALM, 2001; TRICOLI, 2001), sendo que a degeneração
ocorre segundo níveis crescentes, relacionados com miofilamentos, sarcômeros e linha Z
(CLEBIS; NATALI, 2001) bem como com as células satélites, que possibilitam respostas
adaptativas quando estimuladas (dano muscular), viabilizando o processo de construção
e reparo muscular (MORGAN; PARTRIDGE, 2006).
Algumas enzimas, como a CK “são incapazes de atravessar a membrana plasmática”
(CRUZAT, 2007, p.339). Uma alta concentração dessa enzima no soro é indicativo de
lesão muscular, principalmente nas células musculares, onde está presente em altas
proporções (GÜZEL; HAZER; ERBAS, 2007). Embora possa ocorrer um aumento
detectável da atividade imediatamente após o exercício, o pico dessa enzima é
geralmente alcançado entre 24 e 48 horas pós-exercício (CRUZAT, 2007, p.338). Esta
tem sido considerada como um dos melhores marcadores indiretos de dano muscular
(AGARWAL; ANKRA-BADU, 1999) “haja vista a sua magnitude em relação a outras
proteínas” (CLARKSON; HUBAL, 2002, p.58).
Christovam, Veiga e Navarro (2007) apontam algumas hipóteses sobre seu aumento tais
como influência dos íons de cálcio ou hipóxia tecidual, depleção das reservas de ATP-CP,
depleção de glicogênio muscular, peroxidação lipídica e aumento de radicais livres.
Nesta perspectiva, o objetivo deste estudo foi avaliar as concentrações séricas de CK 24
horas após uma sessão de treinamento de hipertrofia bem como comparar os respectivos
valores entre voluntários treinados e iniciantes.

MATERIAIS E MÉTODOS

Participaram deste estudo onze voluntários do sexo masculino, com idades entre 19 e 39
anos, praticantes de musculação. Estes foram divididos em dois grupos, Grupo Treinado
(GT) composto por cinco voluntários praticantes de musculação há mais de oito meses e
Grupo Iniciante (GI) composto por seis voluntários que iniciaram um programa de
musculação há menos de seis meses. Ambos os grupos realizaram treinos de hipertrofia
na musculação com três a quatro séries de oito a doze repetições, com intervalos de
descanso entre 1 minuto e 1 minuto e meio entre as séries, com freqüência semanal
mínima de três vezes.
A coleta de sangue foi realizada no Laboratório de Análises Clínicas da Santa Casa
Saúde da cidade de São João da Boa Vista - SP, seguindo todos os cuidados de higiene
e assepsia. As amostras foram coletadas 24 horas após o treino de hipertrofia proposto.
Os resultados foram apresentados com média  erro padrão da média (EPM) para
conduzir as análises estatísticas. Para a análise dos dados utilizou o programa Instat
Graph Pad Prisma, onde foi aceito para o nível de significância valor menor que 0,05.

- Pág. 11 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

RESULTADOS

Foi utilizado o método cinético para dosagem de CK. Este método consiste em avaliar a
atividade total desta enzima (MARTINEZ-AMAT, 2005). Os valores de referência para
dosagem total de soro ou plasma em homens são de 38 a 174 U/L a 37º (CREATINA
KINASE, 2008).
Os voluntários compuseram uma amostra heterogênea em relação à idade e aos níveis
séricos de CK, como está demonstrado na TABELA abaixo.

TABELA - Características da amostra quanto à idade e comparação de valores de CK em


treinados e iniciantes (n=11).
Variáveis GT GI

Idade (anos) 24,4 ± 4,15 27,1 ± 7,9

CK (U/L) 156,2 ± 52,0 290,1 ± 181,5


Sendo: GT = Grupo Treinado; GI = Grupo Iniciante; CK = Creatina Kinase; p<0,05

A CK teve sua concentração aumentada em ambos os grupos. O aumento significativo


desta indica desgaste na musculatura esquelética e denota que a membrana celular
sofreu alterações importantes, seja através de aumento de permeabilidade ou de
microlesões. É evidenciado que há aumento nos níveis de CK em indivíduos treinados e
iniciantes em menor e maior proporção, respectivamente. Os resultados apontam que os
níveis séricos de CK (U/L) foram maiores nos indivíduos iniciantes (290,1 ± 181,5) em
relação aos treinados (156,2 ± 52,0), o que confirma a proposta do estudo. Porém, as
variáveis não tiveram aumento estatisticamente significativo (p<0,05). Vale ressaltar que
os desvios padrões tiveram grande heterogeneidade da amostra, haja vista que os níveis
de CK de alguns voluntários foram considerados elevados em relação aos valores de
referência indicados. O fato dos indivíduos aqui estudados serem praticantes de
musculação para fins não-competitivos, sendo considerados amadores, pode ter
contribuído para a variação nos resultados em média e desvio padrão. Um possível
treinamento mais intenso também pode ter contribuído para a ocorrência de algumas
concentrações mais elevadas de CK.

DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo comparar as concentrações séricas de creatina


kinase 24 horas após uma sessão de treinamento de hipertrofia entre voluntários
treinados e iniciantes. Como indicador de lesão muscular, a hipótese seria que o grupo
treinado apresentasse valores inferiores ao grupo iniciante. Após análise dos resultados
pode-se observar que a realização de um programa de treinamento físico resistido é
capaz de reduzir as concentrações séricas e também de lesão muscular esquelética
induzida por esta atividade. Mas os valores observados pelos grupos não apresentaram
estatisticamente diferença.
O exercício físico apresenta uma característica lesional, principalmente se apresentar
contrações excêntricas. Acredita-se, que seja devido à próprias características deste tipo
de contração, que é o de promover um estiramento e uma alta tensão no músculo quando
comparada com as demais contrações. Este estiramento promove o rompimento sobre o
sarcoplasma, o que levaria ao desenvolvimento de um processo de edema muscular,
além do aumento da permeabilidade às proteínas e a outras substâncias musculares
localizadas no mioplasma, acarretando um efluxo destas substâncias para o interstício e

- Pág. 12 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

posteriormente para o plasma. O mesmo processo também ocorre nas substâncias


extracelulares (McCULLY, 1986 ; STAUBER et al, 1990; SHIMOMURA et al, 1991 ;
McNEIL et al, 1992; TIDBALL et al, 1995).
A concentração da creatina kinase no plasma sanguíneo se altera de acordo com o tipo
de contração muscular. As contrações excêntricas de alta intensidade promovem
aumentos extremamente elevados no 3° ao 4° dia após a realização do exercício. Porém,
exercícios com predomínio de contrações isométricas apresentam aumentos, mas são
bem menores (ARMSTRONG et al, 1983 ; APPLE et al, 1988; CLARKSON et al, 1992).
Outra alteração relativa à concentração de CK no plasma diz respeito à condição física e
a idade do indivíduo que realiza o esforço físico (MANFREDI et al, 1991; KATIRJI; AL-
JABERI, 2001). Em indivíduos jovens e sedentários, a concentração de CK no plasma foi
mais acentuada quando comparada em jovens atletas, para a mesma carga de esforço.
Da mesma maneira, comparando-se indivíduos mais jovens com indivíduos mais idosos,
os primeiros tiveram concentrações de CK plasmáticas menores, para a mesma carga de
esforço. As causas dessas diferenças nas concentrações dessa substância não são
conhecidas. Segundo MANFREDI et al, 1991, a diferença talvez esteja relacionada à
idade, pois há diminuição da massa muscular esquelética, o que sugere que a quantidade
de força desenvolvida durante o exercício por quilograma de músculo, é muito maior em
idosos. Ou ainda, o menor número de fibras musculares indica menor número de
unidades motoras, sendo assim, a quantidade de força aplicada por fibra muscular passa
a ser maior. E, finalmente, o idoso possui uma capacidade funcional menor, podendo
também, contribuir para esta diferença.
NOSAKA et al, 1992 realizou um estudo sobre o comportamento de várias proteínas e
outras substâncias musculares esqueléticas após exercício excêntrico em mulheres
sedentárias. As proteínas estudadas foram creatina quinase, lactato desidrogenase,
aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, gama glutamil transferase,
fosfatase alcalina, além de mioglobina, ácido úrico, creatina, fósforo e cálcio, analisadas
através de amostras sanguíneas coletadas antes e após o exercício físico. Os resultados
mostraram que a concentração de creatina kinase no plasma aumentou drasticamente
após 48 horas e seu pico máximo foi no 3º e 5º dias após o exercício (o valor de pico foi
na faixa de 6740 a 24.200 U/L). Já a aspartato aminotransferase, lactato desidrogenase,
alanina aminotransferase e mioglobina tiveram o mesmo comportamento ascendente que
a CK, embora seus valores de pico e o tempo de aparecimento tenham sido diferentes. As
demais proteínas e substâncias não tiveram alterações em suas concentrações
plasmáticas.
Outro trabalho que quantificou o efeito preventivo do treinamento físico através da dor
muscular e níveis de CK séricos foi de NEWMAN et al, 1987, que utilizaram flexões do
antebraço sobre o braço durante 20 minutos, em três ocasiões distanciadas por um
período de duas semanas. Além destes parâmetros citados anteriormente, analisaram
também a força muscular. Estes autores observaram, pelo relato dos indivíduos
participantes do protocolo, que a dor muscular foi mais intensa na primeira sessão de
contrações e decresceu significativamente durante as demais sessões. O mesmo ocorreu
com os níveis séricos de CK e a força muscular, denotando o efeito preventivo do
treinamento, mesmo que seja através de duas sessões de contrações excêntricas.
Estes resultados confirmam aqueles obtidos por BYRNES et al, 1985. Além da análise da
dor muscular e CK, foi observado o comportamento da substância mioglobina. O
protocolo consistiu em dividir 22 indivíduos (11 homens e 11 mulheres) em 3 grupos
(grupos 1, 2 e 3), que realizaram um teste em esteira rolante com declive de 10%. Após
este primeiro teste, repetiram-no, mas com intervalos de 3, 6 e 9 semanas para os grupos
1, 2 e 3 respectivamente. As análises de dor muscular, CPK e mioglobina foram 6, 18 e
42 horas após o término dos testes. Na primeira sessão, todos os grupos reportaram dor
muscular durante 42 horas e foram observados níveis elevados de CPK (340%, 272% e
286%) e mioglobina (432%, 749% e 407%) para os grupos 1, 2 e 3 respectivamente. Em

- Pág. 13 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

relação à segunda sessão, os níveis séricos de CPK foram significativamente menores,


63%, 62% e 228% e os de mioglobina foram 257%, 243% e 319% para os grupos 1, 2 e 3
respectivamente. Em relação à dor muscular, houve relatos, na primeira sessão, de
sensação de dor intensa, nos grupos 1 e 2, que foi significativamente menor após a
segunda sessão. No entanto, em relação ao grupo 3 não houve diferença entre os dois
testes nos relatos de dor muscular pelos integrantes do grupo. Os autores sugeriram que
a realização de uma simples sessão de exercício tem efeito profilático sobre a
regeneração da dor muscular e proteínas musculares (CPK e mioglobina) até seis
semanas de intervalo entre as sessões. Apesar das variáveis observadas no estudo de
BYRNES et al, 1985, serem diferentes daquelas observadas por esse estudo, pode-se
sugerir resultados semelhantes.

CONCLUSÃO

Substâncias incapazes de atravessar a membrana plasmática, como a CK, permanecem


na corrente sanguínea e tornam-se marcadores indiretos de dano celular, elevando-se
após o término do esforço. Os exercícios excêntricos são os maiores responsáveis por
causar uma resposta inflamatória, indicando desgaste na musculatura esquelética.
O presente estudo avaliou as concentrações de CK em treinados e iniciantes e observou-
se aumento nas concentrações desta enzima em ambos os grupos aderindo à afirmativa
de que os níveis séricos da enzima elevam-se principalmente em iniciantes.
As alterações estiveram presentes a nível miofibrilar em todos os indivíduos participantes,
comprovando a elevação de CK, principalmente em iniciantes no treinamento de força.
Possíveis discrepâncias podem ocorrer ao analisar individualmente os voluntários,
indicando que, cada indivíduo deve ser avaliado em relação a ele mesmo, uma vez que
os respondedores de forma aguda são individuais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGARWAL, M.M.; ANKRA-BADU, G.A. Serum creatine kinase: a marker for muscle
damage in sickle cell painful crisis. Annals of Saudi Medicine, Arábia Saudita, v.19, n.3,
p.264-266, 1999.

APPLE, F.S.; HELLSTEN, Y.; CLARKSON, P.M. Early detection of skeletal muscular
injury by assay of creatine kinase MM isoforms in serum after acute exercise. Clin Chem,
v.34, n.6, p.1102-1104, 1988.

ARMSTRONG, R.B.; OGILVIE, R.W.; SCHWANWE, J.A. Eccentric exercise-induced injury


to rat skeletal muscle. J Appl Physiol, v.54, n.1, p.80-93, 1983.

BARBANTI, V.J.; TRICOLI, V.; UGRINOWITSCH, C. Relevância do conhecimento


científico na prática do treinamento físico. Rev. Paulista Educação Física. São Paulo,
v.18, p.101-109, 2004.

BUCCI, M. et al. Efeitos do treinamento concomitante hipertrofia e endurance no músculo


esquelético. Rev. Bras. de Ciência e Movimento. Piracicaba, v.13, n.1, p.17-28, 2005.

BYRNES, W.C.; CLARKSON, P.M.; WHITE, J.S.; HSIEH, S.S.; FRYKMAN, P.N.;
MAUGHAN, R.J. Delayed onset muscle soreness following repeated bouts of downhill
running. J Appl Physiol, v.59, n.3, p.710-715, 1985.

CHRISTOVAM, C.L.; VEIGA, M.B.; NAVARRO, F. Análise da creatina quinase versus


percepção subjetiva de esforço para monitoramento do tempo de recuperação em idosos

- Pág. 14 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

fisicamente ativos. Rev. Bras. de Prescrição e Fisiologia do Exercício. São Paulo, v.1, n.3,
p.78-88, Mai. / Jun. 2007.

CLARKSON, P.M.; HUBAL, M.J. Exercise-induce Muscle Damage in Humans. Am J Phys


Rehabil, Califórmia, v.81, p.52-69, 2002.

CLARKSON, P. M., NOSAKA, K.; BRAUN, K. Muscle function after exercise-induced


muscle damage and rapid adapttation. Med Sci Sports Exer, v.24, n.5, p.512-520, 1992.

CLEBIS, N.K.; NATALI, M.J.M. Lesões musculares provocadas por exercícios excêntricos.
Rev. Bras. de Ciência e Movimento. Paraná, v.9, n.4, p.47-53, 2001.

CREATINA KINASE. Espanha: Biosystems S.A, 2008. Bula.

CRUZAT V.F. et al. Aspectos Atuais sobre Estresse Oxidativo, Exercícios Físicos e
Suplementação. Rev. Bras. Med. Esporte. Niterói, v.13, n.5, p. 336-342, 2007.

FOSCHINI, D.; PRESTES, J.; CHARRO, M.A. Relação entre exercício físico, dano
muscular e dor de início tardio. Rev. Bras. de Cineantropometria e Desempenho Humano.
São Paulo, v.9, n.1, p.101-106, 2007.

GÜZEL, N.A.; HAZER, S.; ERBAS, D. Effects of different resistance exercise protocols on
nitric oxide, lipid peroxidation and creatine kinase activity in sedentary males. Journal of
Sports Science and Medicine. Turquia, v.6, p. 417-422, 2007.

HERNANDES JUNIOR, B.D.O. Treinamento Desportivo. 2ª ed. Rio de Janeiro, Sprint,


2002.

KATIRJI, B.; AL-JABERI, M.M. Creatine Kinase Revisited. Journal of Clinical


Neuromuscular Disease. Curitiba, v.2, p.158-163, 2001.

KOH, T.J. Do small heat shock proteins protect skeletal muscle from injury? Exerc. Sport.
Sci. Rev. Chicago, v. 30, n. 3, pp. 117–121, 2002.

KUIPER J.W.P. et al. Creatine Kinase–Mediated ATP Supply Fuels Actin-Based Events in
Phagocytosis. PLoS Biol, Países Baixos, v.6, n.3, p. 568-580, 2008.

MALM, C. Exercise-induced muscle damage and inflammation: fact or fiction? Acta


Physiol Scand, Suécia, v.171, p.233-239, 2001.

MANFREDI, T.G.; FIELDING, R.A.; O'REILLY, K. P.; MERDITH, C.A.; LEE, H.Y.; EVANS,
W.J. Plasma creatine kinase activity and exercise-induced muscle damage in older men.
Med Sci Sports Exerc, v.23, n.9, p.1028-1034, 1991.

MARTÍNEZ-AMAT, A. et al. Release of a-actin into serum after skeletal muscle damage.
Br J Sports Med, Espanha, v.39, p.830–834, 2005.

McCULLY, K.K.; FAULKNER, J.A. Characteristics of lengthening contractions associated


with injury to skeletal muscle fibers. J. Appl. Physiol, v.61, n.1, p.293 - 299, 1986.

McNEIL, P.L.; KHAKEE, R. Disruptions of muscle fiber plasma membranes. Am J Pathol,


v.140, n.5, p.1097-1109, 1992.

- Pág. 15 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

MEDEIROS, R.J.D.; SOUSA, M.S.C. Adaptações Neuromusculares ao Exercício Físico:


Síntese de uma Abrangência Temática. Rev. da Faculdade de Educação Física da
UNICAMP. Campinas, v.7, n.1, 2009.

MORGAN, J.E.; PARTRIDGE, T.A. Muscle Satellite Cells. The Internacional Journal of
Biochemistry & Cell Biology, Londres, v.35, p.1151-1156, 2003.

NEWMAN, D. J.; JONES, D. A.; CLARKSON, P. M. Repeated high-force eccentric


exercise: effects on muscle pain and damage. J Appl Physiol, v.63, n.4, p.1381 - 1386,
1987.

NOSAKA, K.; CLARKSON, P. M.; APPLE, F.S. Time course of serum protein changes
after strenuous exercise of the forearm flexors. J Lab Clin Med, p.183-188, 1992.

NOSAKA, K.; NEWTON M.; SACCO P. Delayed-onset muscle soreness does not reflect
the magnitude of eccentric exercise-induced muscle damage. Scand J. Med. Sci. Sports,
Japão, v.12, p.337-346, 2002.

POWERS, S.K.; HOWLEY, E.T. Fisiologia do Exercício. Teoria e Aplicação ao


Condicionamento e ao Desempenho. 3 edição. São Paulo: Ed. Manole, 2000.

RODWELL, V.W. Enzimas: cinética. In: MURRAY, R.K. et al. Harper: Bioquímica. 8 ed.
São Paulo. Editora Atheneu, 1998.

SHIMOMURA, Y.; SUZUKI, M.; SUGIYAMA, S.; HANAKI, Y.; OZAWA, T. Protective effect
of coenzyme Q12 on exercise-induced muscular injury. Biochemical and Biophysical
Research Communications, v.175, n.1, p.349-355, 1991.

STAUBER, W.T.; CLARKSON, P.M.; FRITZ, V.K.; EVANS, W.J. Extracelular matrix
disruption and pain after eccentric muscle action. J Appl Physiol, v.63, n.3, p.868-874,
1990.

TIDBALL, J.G. Inflammatory cell response to acute muscle injury. Med Sci Sports Exerc,
v.27, n.7, p.1022-1032, 1995.

TRICOLI, V. Mecanismos envolvidos na etiologia da dor muscular tardia. Rev. Bras. De


Ciência e Movimento, São Paulo, v.9, n.2, p.39-44, 2001.

- Pág. 16 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO RESISTIDO NA SÍNDROME DA LIPODISTROFIA


EM PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS

Wlaldemir Roberto dos Santos


betoeducarp@hotmail.com
Educador Físico e graduando em Fisioterapia (UNAERP)
Mestrando em Ciências e Saúde na Escola de Enfermagem (USP/RP)

Ana Paula Morais Fernandes


Mestre e Doutorado em Imunologia Básica e Aplicada
Pós Doutorada em Enfermagem e Doenças Contagiosas
Professora Associada a USP e Coordenadora dos estudos em HIV/aids

Tadeu Paccagnella
Mestre em Psicologia na Faculdade de Psicologia (USP/RP)
Acadêmico e coordenador da Educador Físico, COC-RP/SP

Resumo

A terapia antirretroviral age aumentando a sobrevida das pessoas que vivem com
HIV/aids, não sendo capaz de erradicar a infecção, com necessidade da manutenção
prolongada deste regime terapêutico, levando a diversos efeitos colaterais, como a
síndrome da lipodistrofia, que se caracteriza pela má distribuição da gordura corporal,
através da lipoatrofia e lipohipertrofia, podendo apresentar uma ou ambas manifestações,
além de desordens metabólicas que ocorrem. O estudo teve como objetivo utilizar o
treinamento resistido como recurso terapêutico na síndrome; no qual foi composto por 6
pessoas, de ambos os sexos, portadoras do vírus e que fazem uso da terapia
antirretroviral. Foram realizadas avaliações antropométricas (dobras cutâneas e
perimetria) antes e após 60 sessões de treinamento, verificando alterações na distribuição
da gordura e com isso melhora da harmonia corporal. Os resultados mostram que o
estudo conseguiu melhorar o quadro da lipohipertrofia, além de não obter evolução da
síndrome durante o estudo.

Introdução

A introdução da Terapia Antirretroviral de Alta Potência (Highy Active Antirretroviral


Therapy- HAART) conseguiu modificar a infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV) de uma doença fatal para uma doença crônica, com o aumento da sobrevida, além
da melhoria da qualidade de vida. Entretanto o HAART não é capaz de erradicar a
infecção pelo HIV, sendo necessária a manutenção prolongada deste regime terapêutico
para o controle da multiplicação viral.
Diversos efeitos colaterais têm sido associados à terapia antirretroviral prolongada,
particularmente com o uso dos inibidores de protease, dentre esses, a síndrome da
lipodistrofia (SL), que se caracteriza pela má distribuição da gordura corporal, se
manifestando através da lipoatrofia e lipohipertrofia. A lipoatrofia se caracteriza por perda
de gordura subcutânea na face, no glúteo, nos membros superiores e inferiores, ficando
veias de braços e pernas mais proeminentes, já a lipohipertrofia por aumento da gordura
abdominal, concentração de gordura na região dorso cervical, ginecomastia e aumento
das mamas nas mulheres. Os indivíduos soropositivos podem apresentar uma ou ambas
as manifestações. Outras manifestações que ocorrem com a SL são as desordens
metabólicas como o aumento dos níveis de gordura (lipídios) no sangue, com isso acaba

- Pág. 17 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

acarretando aumento de triglicerídeos, colesterol, glicemia e resistência à insulina


podendo ocasionar diabetes, e redução dos níveis de HDL colesterol e cálcio. Mas as
relações entre as mudanças da deposição da gordura corporal e as desordens
metabólicas ainda não estão esclarecidas (AZEVEDO et al, 2006; BURATTINI et al, 2008;
CHACARA et al, 2005; GEOFFREY, SUGAR, WEINBERG, 2009).
Outras modificações também podem ocorrer com a SL, como o aumento de veias
periféricas, queda de pêlos do corpo e diminuição dos níveis de testosterona, levando a
importantes modificações no corpo dos pacientes. Alterações na gordura corpórea não
apresentam riscos substanciais à saúde no futuro, porém estas mudanças poderão
estigmatizar as pessoas sendo uma fonte potencial de stress, provocando vergonha e
receio de se expor publicamente, impedindo muitas vezes que esse indivíduo busque o
convívio social, isto os afeta psicologicamente, contribuindo para a diminuição da adesão
ao tratamento antirretroviral (BACK et al, 2009; PACCAGNELLA, 2002, 2007).
Até o momento, não há tratamento comprovado para as mudanças da gordura corporal
causadas pelos medicamentos antirretrovirais. Tratamentos vêm sendo estudados, tais
como hormônio de crescimento humano, esteróides anabolizantes e estimulantes de
apetite. Em casos extremos de lipohipertrofia, a cirurgia para remover depósitos de
gordura é utilizada, embora isto possa ser inadequado para o acúmulo de gordura no
abdômen. Em casos de lipoatrofia, para corrigir as mudanças faciais, várias formas de
cirurgias têm sido utilizadas com êxito, todas utilizando a aplicação de metacritato para
preenchimento facial (BACK et al, 2009; PACCAGNELLA, 2002, 2007).
Estudos realizados apontam que a prática de exercícios físicos como caminhada, corrida,
esportes, ginástica e o treinamento resistido (TR) ajudam no controle das manifestações
provocadas pela infecção do vírus e os efeitos adversos do seu tratamento, como a SL.
Além disso, são vários os benefícios da atividade física na promoção da saúde, tais como:
aumento da força e resistência muscular, melhora dos sistemas cardiopulmonar,
imunológico e gástrico, bem como do metabolismo glicídico, aumento da densidade
óssea, controle de doenças crônicas com implicações cardiovasculares, além de reduzir
os níveis de gordura sérica, levando à sensação de bem-estar e prazer, melhorando a
qualidade de vida (ACM’S, 2002; BAE et al, 2001; BAIROS et al, 2002; BURATTINI et al,
2008; DORAN, 2001; MEDEIROS, 2006; PACCAGNELLA, 2002, 2007).
Ademais, além dos benefícios da atividade física na promoção da saúde, estudos
mostram que o treinamento resistido aplicado a pessoas que vivem com HIV/aids tem os
mesmos benefícios da atividade física proposta a pessoas que não são infectadas com o
vírus, e se mostra eficaz para esse grupo pois age gerando ganho de força e resistência
muscular, e conseqüentemente aumento da musculatura (hipertrofia), redução dos níveis
de gordura e melhora da harmonia na composição corporal, sendo importante para essas
pessoas, já que a SL leva a má distribuição da gordura corporal. Adicionado, alivia o
estresse psicológico, diminui a ansiedade, depressão, melhora a auto-imagem,
autoconfiança, as funções imunológicas e cardiovascular, a pressão arterial, digestão, o
apetite e os padrões de sono. Sendo assim as pessoas que vivem com HIV/aids não tem
nenhum impedimento quanto à prática da atividade física, pois o treinamento apresenta
benefícios citados acarretando a promoção da saúde e conseqüentemente a melhora da
qualidade de vida (ACM’S, 2002; BAE et al, 2001; BAIROS et al, 2002; BURATTINI et al,
2008; DORAN, 2001; MEDEIROS, 2006; PACCAGNELLA, 2002, 2007).
Visto que: 1) Poucos estudos têm relatado a influência do TR nas alterações associadas
com a SL; 2) Efeitos adversos ao uso do HAART levam a alterações na deposição da
gordura corporal têm sido relatadas pelos pacientes como um visível marcador para a
identificação de pessoas infectadas pelo HIV, que remete, fatalmente, para a
estigmatizarão, desmoralização, depressão, e problemas em reações sociais, que
eventualmente os levam a perda da aderência ao tratamento e descontrole da sua
infecção; 3) As alterações metabólicas levam a doenças crônicas com implicações

- Pág. 18 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

cardiovasculares. O presente estudo teve como objetivo avaliar se o TR reduz os efeitos


adversos provocados pelo tratamento antirretroviral.

Materiais e Métodos

A amostra foi composta por 6 indivíduos, portadores do vírus HIV/aids, que fazem uso do
HAART e sofrem com a SL, de ambos os sexos e com média de idade de 41,1±11,3
anos.
Após aprovação do comitê de ética da UNAERP, a assinatura do termo de consentimento
livre e esclarecido e os atestados médicos liberatórios em mãos, foram realizadas
avaliações antropométricas (dobras cutâneas e perimetria) em todos os indivíduos no
início e no final de um programa de TR, realizado num período de 60 sessões (5 meses)
com freqüência semanal de 3 dias, sendo todas as segundas, quartas e sextas, as dobras
cutâneas verificaram a composição corporal antes e depois da atividade proposta, sendo
mensurados os seguintes pontos: subescapular, suprailíacca, tricipital, bicipital, axilar
média, abdominal, coxa e panturrilha. Já a perimetria verificada antes e depois da
atividade proposta, teve o intuito de observar a proporção e harmonia corporal,
mensurando: ombros, tórax, abdome, braços relaxados, braços fletidos, antebraços,
quadril, coxas e panturrilhas.
Para determinar a intensidade de treinamento, foi utilizado o teste de uma repetição
máxima (1RM) que é considerado pelo Colégio Americano de Medicina Desportiva (2002)
como parâmetro para se determinar carga de trabalho, os exercícios foram escolhidos de
acordo com o objetivo e as necessidades dos indivíduos, realizando 6 sessões de
adaptação com 3 séries de 15 repetições com 40% da sua carga máxima, após esse
período se realizou 12 sessões de evolução com 3 séries de 15 repetições com 50% da
carga máxima, seguido por 42 sessões do período especifico, com 3 séries de 12
repetições de 70 a 80% da sua carga máxima.
Os seguintes aparelhos foram utilizados para o estudo: cross over, estação de aparelhos,
barras, anilhas, caneleiras, colchonetes, fita métrica e adipômetro.
Os dados obtidos foram submetidos ao teste t Student p<0,05.

Resultados

Os resultados mostram que houve redução significativa de gordura nos pontos


mensurados na região do tronco. Antes do treinamento no ponto subescapular os
indivíduos tinham em média 17±4,9mm de gordura passando a ser 15,5±5,5mm, já no
suprailíaco era de 13,8±8,5mm reduzindo para 12,6±8,2mm, no axilar médio era
14,1±4,7mm passando a ser 12,5±5mm e no abdominal os níveis de gordura antes era
17,5±9,4mm reduzindo para 15±8,8mm (TABELA 1)
A redução nos níveis de gordura nas regiões do abdominal, axilar media suprailíaca e
subescapular significam que houve diminuição nos níveis de lipohipertrofia, que se
caracteriza por acumulo de gordura nessa região (abdômen, costas e pescoço).
Os resultados encontrados nas dobras cutâneas de membros superiores não mostram
diminuição significativa nos níveis de gordura, no ponto tricipital os níveis de gordura eram
em média de 11±5,1mm antes do treinamento passando a ser de 9,8±4,1mm após, já no
o bicipital, era de 7,2±1,7mm antes reduzindo para 6,8±2,1mm após (TABELA 1).
Assim como os membros superiores os inferiores não apresentaram redução significativa
nos níveis de gordura, a coxa tinha de 11,8±8,2mm de gordura, passando a ser de
11,6±7,9mm após o treinamento já na perna era de 12,5±9,3mm antes do treinamento
reduzindo para 11,5±8,4mm após o treinamento (TABELA 1).

TABELA 1: Resultados das avaliações das dobras cutâneas (mm)

- Pág. 19 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Antes Treinamento Depois Treinamento


Subescapular *17±4,9 *15,5±5,5
Suprailíaca *13,8±8,5 *12,6±8,2
Axilar média *14,1±4,7 *12,5±5
Abdominal *17,5±9,4 *15±8,8
Tricipital 11±5,1 9,8±4,1
Bicipital 7,2±1,7 6,8±2,1
Coxa 11,8±8,2 11,6±7,9
Perna 12,5±9,3 11,5±8,4
* t student – p<0,05

Na perimetria de tronco não houve uma diferença significativa, o que se verificou é que no
ombro houve um aumento no perímetro, que era 107,1±11,4cm passando a ser
108±10,8cm, no tórax era de 95,5±10,7cm passando para 95,1±8,7cm, já nos perímetros
da cintura e do abdômen onde se caracteriza a lipohipertrofia (aumento de gordura na
região abdominal) não houve diminuição significativa, na cintura era 86,1±11,4cm
passando a ser de 85,5±10,5cm, no abdômen era de 85,5±12,7cm e passou a ser de
84,7±10,6cm (TABELA 2).
Nos membros superiores não houve variação significativa, o que se pode observar foi um
pequeno aumento nas medias realizadas. No braço direito, era 28,2±5cm passando para
29±4,9cm, no braço esquerdo 27,6±4,6 cm e passou a ser 28±4,4cm, no braço direito
contraído se manteve no 30,1±5,3cm, já no braço esquerdo contraído antes do era
29,7±5,4cm passando a ser 30±4,9cm, no antebraço direito tinha 25,2±3cm e passou a
ser 25,5±3,2cm já no antebraço esquerdo antes se tinha 24,7±2,8cm passando para
25±3,2cm (TABELA 2).
As medidas de perimetria de membros inferiores não obtiveram diferença significativa, os
resultados mostram pequeno aumento na circunferência da coxa direita que antes do
treinamento era de 48,2±6,7cm e passou a ser de 48,3±6,6cm e na coxa esquerda era de
47,9±6cm antes do treinamento e 48±5,6cm após, já a panturrilha direita era de
33,1±4,2cm antes do treinamento diminuiu de maneira não significativa para 32,8±4cm e
a panturrilha esquerda tinha como medida de circunferência antes do treinamento
33,2±3,9cm e após passou a ser de 33,1±3,8cm, já o quadril também teve uma
diminuição na sua perimetria de maneira não significativa, onde antes do treinamento era
de 92,1±11,2cm passou a ser de 91,2±9,8cm após o treinamento (TABELA 2).

TABELA 2: Resultados das avaliações de perimetria (cm)


Antes Treinamento Depois Treinamento
Ombro 107,1±11,4 108±10,8
Tórax 95,5±10,7 95,1±8,7
Cintura 86,1±11,4 85,5±10,5
Abdômen 85,5±12,7 84,7±10,6
Braço Direito 28,2±5 29±4,9
Braço Esquerdo 27,6±4,6 28±4,4
Braço Direito Flexionado 30,1±5,3 30,1±5,3
Braço Esquerdo Flexionado 29,7±5,4 30±4,9
Antebraço Direito 25,2±3 25,5±3,2
Antebraço Esquerdo 24,7±2,8 25±3,2
Quadril 92,1±11,2 91,2±9,8
Coxa Direita 48,2±6,7 48,3±6,6
Coxa Esquerda 47,9±6 48±5,6
Panturrilha Direita 33,1±4,2 32,8±4
Panturrilha Esquerda 33,2±3,9 33,1±3,8

- Pág. 20 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

* t student – p<0,05

Discussão

Dos dados obtidos o único que se mostrou significativo estatisticamente, foi os de dobras
cutâneas na região do tronco, que de maneira positiva diminuiu o acumulo de gordura na
região, no qual ocorre a lipohipertrofia (acumulo de gordura). Já os outros pontos
antropométricos (dobras cutâneas e perimetria) medidos não obtiveram variação
significativa, em contra partida isso significa que não se obteve manifestação da SL
durante o estudo proposto.
Estudos realizados apontam que o TR promove alterações na SL, porém acredita-se
serem necessários maiores estudos sobre o tema, devido às alterações apresentadas,
que podem ser influenciadas por fatores além da atividade física, como os hábitos
nutricionais e o uso de fármacos não controlados (ACM´S, 2002; BAE ET AL, 2001;
BAIROS ET AL, 2002; BURATTINI ET AL, 2008; DORAN, 2001; PACCAGNELLA, 2002,
2007; MEDEIROS, 2006).

Conclusão

Conclui-se que programas de treinamento resistido, podem ser utilizados como recuso
terapêutico no tratamento da SL, utilizando protocolos de treinamentos periodizados de
acordo com o objetivo e as necessidades dos indivíduos. Com o treinamento proposto
conseguiu-se melhorar o quadro da lipohipertrofia que caracteriza o aumento da gordura
central. Além do mais, os resultados mostraram que durante o estudo, não se obteve
piora nos quadros da síndrome apresentada por essa população.
Pouco se sabe sobre os benefícios da atividade física para pessoas que vivem com
HIV/aids, busca de novos estudos são de suma importância, pois irão contribuir de
maneira que faça da atividade física uma alternativa no tratamento desses indivíduos,
conseguindo melhoras no seu bem estar físico, clínico e psico-social, levando
conseqüentemente a melhoras na qualidade de vida.

Referências

ACSM´S. American College of Sports Medicine Guidelines for Exercise Testing and
Prescription. Tradução: Giuseppe Taranto. 1ª ed. Rio de Janeiro-RJ. Editora Guanabara
Koogan S.A. 2002.

Azevedo F.Q. et al. Redistribuição da gordura corporal induzida pelos inibidores de


protease em pacientes com Aids. Revist An Bras Dermatol. 2006.

Back D. et al. Lipodystrophv in patients with HIV-1 infection: effect of stopping protease
inhibitors on TNF- α and TNF- receptor levels, and on metabolic parameters. Revisit
Antiviral Therapy. 2009.

Bae K. et al. Resistance exercise training reduces hypertriglyceridemia in HIV – infected


men treated with antiviral therapy. Journal of Applied Physiology. 2001.

Bairos L. et al. Reduction of Abdominal Obesity in Lipodystrophy Associated with Human


Immunodeficiency Virus Infection by Means of Diet and Exercise: Case Report and Proof
of Principle. Clínical Infectious Diseases. 2002.

Burattini M.N. et al. Progressive resistance training in elderly HIV-positive patients: Does it
work? Med SCI Sports Exercise. 2008.

- Pág. 21 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Chacra A.R. et al. Alterações metabólicas da síndrome lipodistrófica do HIV. Arquivo


Brasileiro de Endocrinologia metabolic. 2005.

Doran D.A. et al. Short-term exercise training improves body composition and
hyperlipidaemia in HIV-positive individuals with lipodystrophy. Revisit AIDS. 2001.

Geoffrey A., Sugar A.M.D., Weinberg M.D. Merc and the merck Manuals. 18 ed Merck &
Co.Inc. Whahouse soction NJ. 2009.

Medeiros N.B. et al. Exercise Training in HIV–1–Infected Individuals with Dyslipidemia and
lipodystrophy. Medicine and Science in Sports and Exercise. 2006.

PACCAGNELLA, T. O portador de HIV/AIDS e a prática de exercícios físicos


(musculação). Dissertação de Mestrado Apresentada ao Centro de Pós-Graduação da
UNAERP (Universidade de Ribeirão Preto).Ribeirão Preto-SP. 2002.

PACCAGNELLA, T. Avaliação de processos de apropriação de um programa de


condicionamento físico por pessoas que vivem com HIV/AIDS. Dissertação de Mestrado
Apresentada ao Centro de Pós-Graduação da Psicologia da USP (Universidade de São
Paulo). Ribeirão Preto-SP. 2007.

- Pág. 22 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A UTILIZAÇÃO DE DECANOATO DE TESTOSTERONA E DECANOATO DE


NANDROLONA POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO NAS ACADEMIAS DE
POÇOS DE CALDAS-MG

HENRIQUE MIGUEL
Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/
Mestrando em Motricidade Humana - UCA / Técnico Desportivo da Prefeitura Municipal
de Aguaí
prof.henriquemiguel@yahoo.com.br
MARCELO FRANCISCO RODRIGUES
Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/
Professor da Prefeitura Municipal de Aguaí
SÍLVIO CÉSAR DOS SANTOS SOUZA
Educador Físico – ESEFM/ Pedagogo – FACHA/ Docente da Faculdade de Ciências
Humanas de Aguaí

RESUMO

A utilização de esteróides anabólicos androgênicos tem se tornado uma constante no


contexto das academias. O presente estudo teve como objetivo observar o índice de
consumo de duas substâncias principais, o Decanoato de Nandrolona e o Decanoato de
Testosterona em seis estabelecimentos da cidade mineira de Poços de Caldas. Foram
respondidos 100 questionários de forma sigilosa, sendo que através disto, mostrou-se que
42% dos indivíduos do grupo utilizavam ou já haviam utilizado algum EAA, enquanto 32%
já haviam feito a utilização das substâncias em questão. A análise estatística foi realizada
de forma descritiva, sendo que a freqüência percentual simples foi demonstrada. Após a
análise dos dados, chegou-se à conclusão que os indivíduos entre 19 a 29 anos são os
maiores consumidores de tais substâncias. Tal fato é marcado pelo apoio da mídia ao
culto à forma e pela facilidade de adquirir determinado tipo de produto.

Palavras-chave: anabolizantes, academias, musculação.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, diversos estudos têm mostrado o avanço do consumo de esteróides


anabólicos androgênicos (EAA) nos vários âmbitos da sociedade. Estes recursos
farmacológicos possuem sua derivação no hormônio Testosterona e podem ser
adquiridos regularmente com a apresentação de receita médica, em uma farmácia. Nota-
se claramente que a busca pelos novos padrões de estética e beleza, levaram a um
aumento acentuado na utilização destas substâncias, tanto por praticantes regulares de
atividade física (principalmente adeptos da musculação), quanto por desportistas
profissionais na busca de um maior rendimento na sua modalidade específica (BUCKLEY
et al, 1988; KINDLUNDH et al, 1999).
Pesquisas apontam que nos Estados Unidos, a utilização de EAA começa na
adolescência, geralmente entre 14 e 15 anos, principalmente em indivíduos do sexo
masculino, sendo um fator alarmante dentro das academias de ginástica e musculação do
país. Também deve-se ressaltar que o maior índice de consumo por estes jovens, reflete-
se nos esportes de força, relacionando-se diretamente com o aumento da massa
muscular e da força do indivíduo (DURANT, RICKERT e ASHWORTH, 1993).
Importante tomarmos nota que, além dos relatos sobre o aumento da utilização de EAA
entre adolescentes, alguns estudos na literatura atual têm demonstrado a gama enorme
de efeitos nocivos causados por essas substâncias dentro de um processo gradativo de

- Pág. 23 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

utilização (IRIART e ANDRADE, 2002). Os sintomas colaterais variam desde o


aparecimento de espinhas (acne), passando por alterações de humor e estado emocional,
podendo culminar com impotência sexual (relacionado diretamente com a diminuição
gradativa da libido), tumores malignos hepáticos e contaminação pelo vírus HIV (adquirido
pela utilização da mesma seringa por mais de um indivíduo).
Devemos também observar que a sociedade atual é um dos principais pilares desta
questão tão contraditória. A mídia reforça um plano de repassar uma imagem da
verdadeira identidade do indivíduo perfeito como um todo. Os comerciais, os anúncios, os
programas, nada mais são que formadores de um modelo simbólico, que, visualizado de
uma maneira positiva, tenta ser seguido. O consumismo, o individualismo, a veneração do
corpo perfeito em todas suas proporções, são outras causas principais deste fenômeno
que se alarma dentro das academias, principalmente entre os jovens do sexo masculino
(IRIART, CHAVES e ORLEANS; 2009). É importante que medidas de prevenção sejam
tomadas de maneira que não permitam que este determinado acontecimento seja deixado
de lado pelas políticas públicas. Deve-se buscar um controle mais rígido na distribuição e
venda de tais substâncias, a fim de minimizar a chegada dos EAA nas mãos de indivíduos
totalmente despreparados para tal consumo, principalmente os adolescentes.
Os EAA são encontrados em farmácias e a facilidade de adquiri-los tem se tornado um
fator fundamental de utilização atualmente. Juntamente com a mídia que reforça valores
estéticos e denota a imagem de como deve ser o protótipo do individuo bem envolvido na
sua sociedade, podemos notar a situação de envolvimento entre estes fatores, o que
contribui de forma direta para a formação de um público determinado para estas drogas,
principalmente entre os adolescentes (FERREIRA, CASTRO e GOMES, 2005).
Araújo (2003) cita que a administração de hormônios, principalmente os sintetizados da
Testosterona, provoca mudanças significativas em relação à massa muscular e no peso
corporal, sendo que dessa forma, pode-se adquirir um acréscimo observável em questões
relacionadas aos fins estéticos e de rendimento desportivo.
Os relatos da manipulação destas drogas com atletas são datados dos anos 50, onde
fisiculturistas e halterofilistas, para conseguirem maior desempenho em suas respectivas
áreas de atuação (estética corporal e aumento da força muscular), utilizavam-se destes
recursos ilícitos para tais ganhos. Nos anos 70, este fenômeno se espalhou entre os
praticantes de outras modalidades desportivas e também aos indivíduos que utilizavam a
musculação de forma recreacional, tomando patamares absurdos de utilização destas
substâncias (MOTTRAM, GEORGE, 2000).
Na maioria das pesquisas realizadas sobre os EAA, podemos observar uma lista
interminável de fatores de risco e efeitos adversos em relação à utilização destas
substâncias. (SANTOS et al, 2006). Independente desta situação, cada dia mais
indivíduos se mostram interessados nos EAA, o que demonstra, uma epidemiologia
silenciosa surgindo como novo quadro dentro da sociedade (BAHRKE, YESALIS, 2004).
Com clareza, os esteróides anabólicos androgênicos, vêm ganhando espaço e sua busca
aumenta gradativamente, assim como foi o fenômeno do tabagismo no início do século
passado (SANTARÈM, 2001). É importante que um processo de conscientização seja
pleiteado para que a população conheça os efeitos adversos causados por essas drogas,
retirando o rótulo da modificação do corpo e da estética a qualquer preço (BAHRKE,
YESALIS, 2004).

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Amostra

- Pág. 24 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A presente pesquisa foi realizada em 6 academias da cidade de Poços de Caldas/MG.


Dos cerca de 500 matriculados nestas academias, exatamente 100 questionários foram
respondidos e contabilizados (20% dos matriculados). Todas as academias foram
selecionadas por estarem na área central da cidade, num raio de aproximadamente seis
km. Os participantes foram indivíduos do sexo masculino exclusivamente. A pesquisa foi
previamente divulgada pelos professores das academias, e obteve boa aceitação entre os
colaboradores.
Foram entregues nas 6 academias, 140 questionários, onde, destes 71,42% foram
preenchidos e puderam ter seu conteúdo coletado como dados para a pesquisa.
2.2. Coleta de dados

O instrumento utilizado foi um questionário individual e anônimo, baseado em 12 questões


a respeito da temática desta pesquisa. A maioria destas foi alicerçada em questionários
de trabalhos anteriores como de Araújo (2003) e de Frizon, Macedo e Yonamine (2005).
Entende-se através da idéia destes autores que, esse tipo de questionário confidencial,
torna-se um instrumento aceitável pra tal pesquisa.
Os questionários foram entregues e respondidos nas seis academias, constituindo um
espaço de tempo de quinze dias para que os indivíduos participassem.
Os responsáveis pelas academias assinaram um termo de autorização para que os
questionários fossem entregues e respondidos pelos alunos matriculados em seu
estabelecimento, sendo alertados que tanto o estabelecimento quanto os indivíduos, não
seriam de maneira nenhuma identificados.
Alguns esclarecimentos foram feitos aos professores das academias pesquisadas antes
do começo da coleta de dados: a participação era voluntária por parte dos matriculados; a
participação era anônima, tanto em relação ao estabelecimento, quanto em relação aos
seus matriculados, os dados coletados teriam apenas finalidades de pesquisa, e deveriam
pedir para seus alunos responderem com a maior fidedignidade possível, pois, tratava-se
de uma pesquisa com finalidades acadêmicas.
Os questionários então, ficaram a disposição de quem quisesse responder, em lugares
estratégicos das academias, facilitando sua visualização. Ao término de suas respostas, o
aluno dobrava o papel e o colocava na caixa lacrada sem que ninguém percebesse ou
soubesse de suas respostas.

2.3. Tratamento estatístico

Todos os dados e as freqüências das respostas foram obtidos através de porcentagens


simples num modelo descritivo simples. As prevalências entre os grupos, não foram
comparadas, por isso, relacionou-se apenas em sistemas básicos de notação utilizando
também as porcentagens absolutas simples. O “N” correspondeu ao valor absoluto de
indivíduos e a “freqüência” correspondeu à porcentagem observada. Para a realização
dos cálculos, foi utilizado o programa Excel 2003® para Windows XP®.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram desta pesquisa, 100 indivíduos do sexo masculino, praticantes de


musculação, em 6 academias diferentes da cidade de Poços de Caldas/MG. Dos 140
questionários distribuídos, 71,42% foram respondidas, média de aceitação considerável
pelo autor deste trabalho. Dos 100 indivíduos analisados, 58 coletados disseram que não
fazem ou nunca fizeram o uso de EAA (58%), enquanto 42 coletados disseram que fazem
ou já fizeram o uso de algum EAA (42%).

- Pág. 25 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Tabela 1 – Utilização de algum tipo de EAA

Utiliza(ou) EAA? N. Freq. (%)


sim 42 42
não 58 58
total 100 100

Dos 42 indivíduos que responderam positivamente à utilização dos esteróides anabólicos


androgênicos, 32 disseram que já fizeram ou fazem o uso de Deca-Durabolin®
(Decanoato de Nandrolona) ou Durateston® (Decanoato de Testosterona), mostrando
que 76% dos consumidores de anabolizantes, utilizam-se ou utilizaram destas duas
substâncias farmacológicas para algum fim.
No que diz respeito á utilização destas substâncias, 6 indivíduos disseram que fizeram a
utilização apenas de Deca-Durabolin® (19%), 9 indivíduos relataram que fizeram a
utilização apenas de Durateston® (27%), enquanto 17 indivíduos assinalaram que fizeram
a utilização das duas substâncias (54%).

Tabela 2 – Utilização de Deca-Durabolin® e Durateston® pelo grupo

N. Freq. (%)
Deca-Durabolin® 6 19
Durateston® 9 27
Deca-Durabolin® Durateston® 17 54

Em relação à faixa etária do grupo pesquisado, a utilização destas substâncias se tornou


notória entre os 23 e 35 anos. Tais relatos se enquadram em fatores abordados na
literatura e permitem-nos observar que o nível de idade dos usuários preferenciais de
EAA não varia muito pelas diferentes regiões pesquisadas anteriormente. Moreau e Silva
(2003) afirmaram que a faixa de maior utilização de EAA em academias da Cidade de
São Paulo está entre a faixa etária que permeia os 25 a 29 anos e Frizon, Macedo e
Yanomine (2005) relataram uma maior incidência de utilização entre os indivíduos entre a
idade de 21 a 25 anos. Os dados são expressos da forma que segue a tabela abaixo.

- Pág. 26 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Tabela 3 – Utilização de Deca-Durabolin® e Durateston® segundo a faixa etária

19 a 24 a Acima
Até 18 30 a 35
23 29 de 35
anos anos
anos anos anos
N % N % N % N ¨% N %
Deca-Durabolin® 1 50 3 25 1 14 1 18 0 0
Durateston® 1 50 3 25 1 14 2 33 2 40
Deca-Durabolin® e
0 0 6 50 5 72 3 49 3 60
Durateston®

A utilização de Deca-Durabolin® e Durateston® pelo grupo pesquisado pode ser vista


facilmente no âmbito das academias. Tal fato explica-se de forma simples pelo baixo
custo de determinada substância e sua oferta ser elevada no mercado negro das
academias (FRIZON, MACEDO e YONAMINE, 2005).
Também nota-se que o índice de consumo destas substâncias é elevado considerando
com outras pesquisas realizadas com o mesmo intuito. Neste presente trabalho, a média
percentual a cada 100 indivíduos é de 42 %, muito maior que pesquisas anteriores
realizadas na cidade de São Paulo, onde a média foi de 8,61% (MOREAU e SILVA,
2003), em Goiânia, onde a média foi de 4,91% (ARAUJO, ANDREOLO e SILVA, 2002) e
em Passo Fundo e Erechim, onde a média foi de 1,55% (FRIZON, MACEDO e
YONAMINE, 2005)

4. CONCLUSÃO

Nota-se com o conteúdo deste trabalho que o consumo de anabolizantes no interior das
academias se torna cada dia mais uma constante em nosso meio. A facilidade de se
adquirir tais substâncias em estabelecimentos ou através de terceiros, juntamente com a
busca do corpo perfeito a qualquer custo, leva muitos indivíduos à utilização destes. As
drogas mais utilizadas, com certeza por sua facilidade e seu preço acessível, bem como
sua fácil aplicação e manipulação são a Deca-Durabolin® (Decanoato de Nandrolona) e a
Durateston® (Decanoato de Testosterona), encontradas em farmácias como repositores
hormonais relacionados a determinadas doenças. Desta forma, é necessário que
tenhamos a consciência de que projetos de esclarecimento contra estas substâncias
devam ser mais difundidos pelos planos municipais, estaduais e federais. A utilização de
EAA tem se tornado um modismo que aumenta em proporção aos seus riscos para a
sociedade, sendo que o empirismo e a falta de informações permitem tal processo.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, L.R.; ANDREOLO, J.; SILVA, M.S. Utilização de suplementação alimentar e


anabolizantes por praticanters de musculação nas academias de Goiânia-GO. Revista
Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, n.3, p. 13-18, 2002.

ARAÚJO, J. P. O uso de esteróides androgênicos anabolizantes entre estudantes do


ensino médio do Distrito Federal. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação
em Educação Física, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2003. Disponível
em:<http://www.bdtd.ucb.br>. Acesso em 27/12/2009.

- Pág. 27 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

BAHRKE, M.S., YESALIS, C.E. Abuse of anabolic androgenic steroids and related
substances in sport and exercise. Curr. Opin. Pharmacology.n.4, p. 614-620, 2004.

BUCKLEY, W.E. et al. Estimated prevalence of anabolic steroid use among male high
school seniors. Journal of American Medical Association. P.3441-3445,1988.

DURANT, R.H.; RICKERT, V.I.; ASHWORTH, C.S. Use of multiple drugs among
adolescent who use anabolic steroids. New England Journal of Medicine, London, n.328,
p. 922-926, 1993.

FERREIRA M. E. C., CASTRO A. P. A. & GOMES G. A obsessão masculina pelo corpo:


malhado, forte e sarado. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, n. 1, p.
167-182, 2005.

FRIZON, F., MACEDO, S.M.D.; YONAMINE, M. Uso de esteróides andrógenos


anabólicos por praticantes de atividades físicas das principais academias de erechim e
Passo Fundo/RS. Revista de Ciências farmacêuticas Básica e Aplicada. n.3, p. 227-232,
2005

IRIART, J.A.B.; ANDRADE, T.M. Musculação, uso de esteróides anabolizantes e


percepção de risco entre jovens fisiculturistas de um bairro popular de Salvador, Bahia,
Brasil. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, n.18, 1379-1387.

IRIART, J.A.B.; CHAVES, J.C.; ORLEANS, R.G. Culto ao corpo e uso de anabolizantes
entre praticantes de musculação. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, n.4, 773-
782, 2009.

KINDLUNDH, A.M.S.; ISACSON, D.G.G.; BERGLUND, L. e cols. Factors associated with


adolescent use of doping agents: anabolic androgenic steroids. Addiction, n.94, p. 543,
553, 1999.

MOREAU, R.L.M.; SILVA, L.S.M.F. Uso de anabólicos androgênicos por praticantes de


musculação de grandes academias da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de
Ciências Farmacêuticas. São Paulo, n.3, p. 327-333

MOTRAM, D.R., GEORGE, A.J. Anabolic steroids. Bailliere’s Clinical Endocrinology.


London, n. 14, p. 55-69, 2000.

SANTAREM, J.M. Drogas anabolizantes: a situação atual. Fisiculturismo; Revista On-line,


2001. Disponível em < http://www.fisiculturismo.com.br>. Acesso em 12/01/10.

SANTOS, A.F. et al. Anabolizantes: conceitos sobre os praticantes de musculação de


Aracajú (SE). Psicologia em Estudo. Maringá, p. 371-380, 2006.

- Pág. 28 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ANÁLISE DO VO2MÁX EM ATLETAS DE FUTSAL SEGUNDO AS

DIFERENTES POSIÇÕES

HENRIQUE MIGUEL
Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/
Mestrando em Motricidade Humana - UCA / Técnico Desportivo da Prefeitura Municipal
de Aguaí
prof.henriquemiguel@yahoo.com.br
MARCUS VINÍCIUS DE ALMEIDA CAMPOS
Educador Físico – UNAERP/ Especialista em Nutrição HCFMRP – USP/ Técnico
Desportivo da Prefeitura Municipal de Aguaí

RESUMO

O Futsal tem se tornado todos os dias, uma das modalidades mais praticadas do Brasil.
Desta forma, o presente estudo buscou visualizar diferenças do VO2max entre os jogadores
de distintas posições da modalidade. Foram analisados 18 atletas da equipe
DERLA/Aguaí e Futsal, com média de idade 17,2±0,4 anos, 164±41 cm de estatura,
68,9±7,9 kg de massa corpórea, IMC de 22,8±1,6, 15,3±2,06 de percentual de gordura
corporal e VO2 de 41,6±3,6 (ml.kg.min-1). Utilizou-se para a avaliação do VO2, o protocolo
de 2400 metros, juntamente com a aferição do peso, da altura, percentual de gordura
corporal e índice e massa corpórea. Estatisticamente usou-se o modelo descritivo simples
através da ANOVA One Way. Após a realização dos testes em todos os jogadores, o
tratamento estatístico não encontrou nenhuma diferença significativa na variável avaliada,
o que ressalta que mais estudos nesta temática deverão ser realizados para benefício da
ciência do treinamento da referida modalidade.

Palavras-chave: Futsal, capacidade aeróbia, consumo máximo de oxigênio.

1. INTRODUÇÃO

O Futsal surgiu no Uruguai e rapidamente foi trazido ao Brasil pela proximidade do país
vizinho. Logo, este se tornou um dos esportes mais difundidos e praticados dentro dos
clubes, agremiações e até mesmo em momentos de tempo ócio. Tal fato deu à
modalidade uma estrutura completamente nacionalizada e uma imagem que se atrela aos
laços da cultura brasileira. Pelo pouco espaço necessário para sua prática e o menor
número de jogadores necessários ao exercício da modalidade, muitos autores já relatam
que o Futsal em alguns anos se tornará tão praticado, ou superará o número de adeptos
do Futebol ((FIGUEIRÊDO, 1996; LUCENA, 1994).
Surgindo como esporte amador, o Futsal não demorou a se tornar uma modalidade de
alto-rendimento. Tal fato fez com que os atletas, antes apenas amadores, conseguissem
sua profissionalização, bem como as agremiações, times e clubes, que passaram a se
tornar empresas pagando salários aos seus empregados do esporte. (SANTANA, 1996).
A profissionalização aumentou o número de competições e o número de nações que
passaram a praticar a modalidade. Vários atletas começaram a ser exportados para
outros países, difundindo ainda mais a modalidade pelo mundo. Este fato proporcionou a
criação de ligas regionais, estaduais e nacionais, campeonatos continentais de seleções
e clubes, bem como o campeonato mundial da modalidade, que nos anos 90 passou à
tutela da FIFA, onde o Brasil é o maior vencedor com seis conquistas (BRUNORO e
AFIF,1997.

- Pág. 29 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

É uma modalidade de constante confronto entre as equipes que disputam uma partida,
redobrando a atenção de todos os jogadores envolvidos num contexto de constante
ataque e defesa (GARGANTA, 2002).
Como modalidade esportiva, é classificada por ter caráter intermitente, variando de
situações de intensidade alta com períodos e momentos de curta recuperação.
(CORRADINE e TOLEDO, 2007). Desta forma é difícil o conhecimento com exatidão das
exigências físicas, fisiológicas e energéticas que necessitam os jogadores durante a
realização da atividade, sobretudo com a imprevisibilidade da partida e do adversário que
se vai enfrentar (GARCIA, 2004).
Nota-se claramente que o Futsal, em função da natureza de suas ações motoras, visa
deslocamentos variados, paradas bruscas e repentinas, acelerações e desacelerações,
saídas rápidas, trocas de direção em alta velocidade, juntamente com as ações de
fundamentos que cercam todo o âmbito da modalidade (passar, finalizar, fintar, driblar,
entre outras). Entretanto, não devemos esquecer que o desempenho de um jogador de
Futsal, é diretamente proporcional com sua capacidade de força e com o desenvolvimento
de suas capacidades físicas determinantes (resistência aeróbia e anaeróbia, coordenação
e velocidade) que sempre sofrem ajustes funcionais e morfológicos seguindo os princípios
exigidos pela modalidade (CORRADINE e TOLEDO, 2007).
Desta maneira, a avaliação física dos atletas do Futsal vem sendo cada vez mais
detalhada com o intuito de auxiliar na preparação física, técnica e tática, levando o atleta
à sua melhor forma, sendo aproveitado da maneira mais correta possível por sua
comissão técnica. Uma das avaliações mais corriqueiras realizadas pelos profissionais da
preparação física da modalidade em questão, é a avaliação do VO 2máx dos atletas. O
consumo máximo de oxigênio pode ser definido como o maior volume de oxigênio
captado por um determinado intervalo de tempo, seguindo a respiração do ar atmosférico
durante a realização de algum exercício (BARROS NETO, TEBEXRENI e TAMBEIRO,
2001). Nos desportos o VO2 tem se tornado uma ferramenta de grande importância na
predição da performance do atleta, sendo empregada principalmente para avaliar a
capacidade respiratória dos atletas (SILVA, et. all, 1998).
Garcia (2004) informa em uma de suas pesquisas com o Futsal que, uma partida pode ter
duração aproximada de 75 a 90 minutos, onde 54% deste tempo, é o resultado da soma
de todas as pausas efetuadas entre os intervalos de jogo e 46% do tempo restante
corresponde a soma de todos os intervalos de jogo em que a bola está sendo jogada.
Além disso, o Futsal demanda de um grande trabalho neuro-muscular, devido a enorme
quantidade de ações técnicas realizadas durante todo o tempo de realização da partida,
assim como as permanentes trocas de ritmo e intensidade. Neste contexto, observa-se
aproximadamente uma média de 670 ações diferentes e consecutivas em intensidades
variadas (correr, caminhar, corrida em velocidade, conduzir a bola, finalizar) durante a
partida.
Observamos dentro de tal situação que o sistema energético ATP-CP, tem participação
freqüente no abastecimento dos esforços breves de intensidade alta, alternado
permanentemente com o sistema energético aeróbio, participante das ações energéticas
de baixa intensidade (McARDLE, KATCH e KATCH, 1998). O sistema anaeróbio lático
participa quando os tempos das ações de alta intensidade tenham duração prolongada
(maior que 15 segundos). Seguindo esta linha de raciocínio, um atleta de Futsal percorre
durante a partida 3200 a 3400 metros, dos quais 57% são percorridos em intensidade alta
e 43% são realizados em baixas intensidades. Um jogador se mantém em contato com a
bola em média dois minutos e vinte segundos, o que mostra como é importante o trabalho
voltado para a técnica dentro da periodização do treinamento. É necessário que no pouco
tempo que esteja com a bola em seu domínio, saiba o que e como fazer da maneira mais
proveitosa para a equipe. Mediante tais elucidações, notamos a razão do Futsal ser uma
modalidade tão dinâmica que exige alto grau de preparo físico dos atletas que o praticam
(BELLO JUNIOR, 1998; GARCIA, 2004).A rápida troca de posições no Futsal torna a

- Pág. 30 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

modalidade constante em seu processo de rotatibilidade de atletas dentro da quadra de


jogo. Seguindo este motivo, algumas pesquisas provenientes de outros autores, vêm
tentando auxiliar na caracterização da somatotipia dos atletas em seus respectivos papéis
dentro da partida (DANTAS e FERNANDES FILHO, 2002; CHAGAS, et. all, 2005).

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Amostra

Participaram do presente estudo, dezoito atletas do sexo masculino, integrantes da


categoria Sub-18, da equipe de Futsal do Departamento de Esportes, Recreação e Lazer
da Prefeitura Municipal de Aguaí/SP (DERLA/AGUAÍ), que disputam a Liga Regional de
Futsal de São José do Rio Pardo. Os atletas são acompanhados sistematicamente nos
treinamentos pela comissão técnica do departamento, sendo que a equipe é composta
por quatro goleiros, cinco fixos, seis alas e três pivôs. Os pesquisadores responsáveis
fizeram explicação do projeto aos atletas, bem como informaram que não havia despesas
pessoais para participação no estudo, assim também, como não haveria compensação
financeira. Por fim, foi entregue o termo de consentimento livre e esclarecido que seguiu
aos pais dos jovens, validando e confirmando a participação no estudo.

2.2. Coleta de dados

2.2.1. Avaliação antropométrica


A estatura e a massa corpórea dos atletas foram mensuradas através de uma balança
mecânica com precisão de 100 gramas, com estadiômetro de tamanho total de 1,95
metros, com precisão de 1 centímetro, capacidade de 150 quilos, modelo M-33 da marca
Micheletti®. Todos os atletas foram medidos e pesados vestindo apenas o calção de
treino. A estatura e a massa corpórea foram mensuradas em todos atletas pelo mesmo
pesquisador.
Através destes dados, foi calculado o IMC dos atletas em uma tabela criada no programa
Excel 2003® para Windows XP®.
O percentual de gordura se deu pelo protocolo de Deurenberg (1991), que determina o
processo citado, partindo dos dados iniciais do IMC, relacionados a uma pequena
fórmula.

2.2.2. Teste do VO2


Devido aos vários protocolos para mensuração do VO2, seguiu-se a opinião de Marins e
Giannichi (1998), que citam o teste de 2400 metros de Cooper (Vivacqua & Hespanha,
1992), como perfeitamente adequado a atletas, principalmente para modalidades de jogos
com bola. Para que o teste se assemelhasse ao máximo com a realidade dos atletas
dentro de quadra, sua realização foi executada num circuito cíclico com extensão de 60
metros, sendo que os atletas teriam que realizar os 2400 metros no menor tempo
possível. O local de saída era o mesmo para todos os participantes e a metragem se dava
pelo número total de voltas que o atleta conseguisse, somados os metros remanescentes
a partir do ponto de saída. O tempo foi delimitado com um cronômetro da marca
Oregon®, modelo SL928M, e a distância foi medida com uma trena da marca Starret®,
comprimento de 30 metros, precisão de 1 centímetro, modelo S-510/Y5108. A
demarcação do circuito do teste pode ser visualizada na figura abaixo.

- Pág. 31 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

2.2.3. Tratamento estatístico


Os resultados encontrados foram previamente normalizados por procedimento estatístico
descritivo, sendo expressos as seguintes médias e os desvios padrão. Utilizou-se a
ANOVA One Way para comparação entre as diferentes posições de jogo, sendo o nível
de significância adotado de P≤0,05. O programa adotado para calculo estatístico foi o
GraphPad InStat®.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados da caracterização dos atletas da equipe de Futsal Sub-18 do Departamento de


Esportes, Recreação e Lazer da Prefeitura Municipal de Aguaí, (DERLA/ Aguaí), com as
variáveis: idade, estatura, massa corpórea, índice de massa corporal, percentual de
gordura e consumo máximo de oxigênio, estão representados na tabela abaixo.

Tabela 1 – Caracterização da amostra

Média ± DP
Idade (anos) 17,2±0,4
Estatura (cm) 164±41
Massa Corpórea (kg) 68,9±7,9
IMC 22,8±1,6
Percentual de gordura corporal (%) 15,3±2,06
VO2máximo (ml.kg.min-1) 41,6±3,6

Verificando o consumo máximo de oxigênio relacionado com o posicionamento dos


atletas em quadra, após os testes realizados com os componentes do grupo de
jogadores, observaram-se os seguintes resultados que são descritos na tabela a seguir.

Tabela 2 – VO2máx dos atletas segundo posicionamento em quadra

Goleiros Fixos Alas Pivôs


-1
VO2máximo (ml.kg.min ) 39,4±2,3 40,2±3,7 44±3,5 42,1±3,9

O Futsal é uma modalidade de características distintas, onde mesmo situados em


diversas problemáticas de caráter tático, seus atletas devem desempenhar uma enorme
variabilidade de movimentações que acarretam num vasto repertório no que diz respeito à
intensidade e volume e suas adaptações fisiológicas frente ao jogo. Este processo se
difere do Futebol, que possui suas posições mais bem definidas dentro de campo,
montando um modelo tático mais bem delineado com menores trocas de posições entre
os jogadores de uma determinada equipe (BALIKIAN et al., 2002).

- Pág. 32 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A análise estatística de tal variável não encontrou diferença significativa entre o consumo
máximo de oxigênio entre os quatro grupos de jogadores da equipe (p<0,05). A ausência
destas diferenças significativas no consumo máximo de oxigênio entre as posições do
Futsal, corrobora com os dados observados por Bicalho et al. (2007).
Essa similaridade pode ter sido acarretada pelas próprias características da modalidade
em questão, pois, todos seus atletas, apesar de ocupar nomenclaturas de posições que
exercem durante uma partida, estão em constante rodízio com efetivas trocas de
posições, onde tal atleta deve desempenhar outras funções várias vezes durante o jogo e
com maestria, o que potencializa seu aporte fisiológico (SANTANA, 2006).
Comparando os grupos específicos em pares, também não encontramos diferença
significativa dentro da análise estatística (p<0,05).
Desta forma, o Futsal se mostra ser uma modalidade com constante troca de posições, o
que leva seus atletas a uma generalização dos fatores fisiológicos, na questão principal, o
consumo máximo de oxigênio. Tal fato não pode ser visto da mesma forma quando
jogadores de Futsal são comparados com jogadores de Futebol, pois estes últimos,
possuem valores maiores de VO2máx pelo componente aeróbico da modalidade citada
(CHAMARI et al., 2004).

4. CONCLUSÃO
Conclui-se com o presente trabalho que, pelo Futsal ser uma modalidade onde seus
atletas estão em constantes trocas de posição, o consumo máximo de oxigênio
comparado entre os grupos de atletas das quatro posições da modalidade (goleiros, fixos,
alas e pivôs) não possui diferença estatística significativa. Também não houve diferença
significativa quando comparados em pares entre si.
Desta maneira, é importante ressaltar que novas pesquisas devem ser realizadas com o
intuito de englobar cientificamente tal proposta estudo, para que a modalidade continue
crescendo tanto no âmbito de conquistas, quanto no ramo da ciência do treinamento.

REFERÊNCIAS

BALIKIAN, P; LOURENÇÃO, A; RIBEIRO, L.F.P; FESTUCCIA, W.T.L; NEIVA, C.M.


Consumo máximo de oxigênio e limiar anaeróbio de jogadores de futebol: comparação
entre as diferentes posições. Rev Bras Med Esporte. 2002; 8 (2): 32 – 36.

BARROS NETO, T.L; TEBEXRENI, A.S; TAMBEIRO, V.L. Aplicações práticas da


ergoespirometria no atleta. Ver. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo. 2001;11:695-705.

BELLO JUNIOR, N. A ciência do esporte aplicada ao futsal. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.

BICALHO, E.L.C; PAULA, A; COTTA, D,O. Estudo da diferença do perfil físico de


jogadores de futsal por posicionamento em quadra que participaram do campeonato
Ipatinguense. Buenos Aires: Revista digita, lEF Deportes, 2007. Disponível em
<http://www.efdeportes.com/efd104/ futsal. htm> . Acesso em 22 mar. 2010.

BRUNORO, J. C; AFIF, A. Futebol 100% Profissional. Editora Gente, São Paulo, SP,
1997.

CHAGAS, M.H; LEITE, C.M.F; UGRINOWITSCH, H; BENDA, R.N; MENZEL, H.J;


SOUZA, P.R.C; MOREIRA, E.A. Associação entre tempo de reação e de movimento em
jogadores de futsal. Rev Bras Educ Fís Esp. 2005; 19 (4): 269 – 75.

- Pág. 33 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

CHAMARI, K; HACHANA, Y; AHMED, Y.B; GALY, O; SGHAIER, F; CHATARD, J.C, HUE,


O; WISLOFF, U. Field and laboratory testing in young elite soccer players. Br J Sports
Med. 2004; 38: 191–196.

DANTAS, P.M.S, FERNANDES FILHO, J. Identificação dos perfis, genético, de aptidão


física e somatotípico que caracterizam atletas masculinos, de alto rendimento,
participantes do futsal adulto, no Brasil. Fitness Perf J 2002; 1 (1): 28-36.

DEURENBERG, P; WESTSTRATE, J.A; SEIDEEL, J.C. Body mass index as a measure of


body fatness: age-and sex specific prediction formulas. British Journul of Nutrition 1991,
(65), 105-114

FIGUEIRÊDO, V. A história do futebol de salão: origem, evolução e estatísticas.


Fortaleza: IOCE, 1996

GARCÍA, G. A. Caracterización de los Esfuerzos en el Fútbol Sala baseado en el Estudio


Cinemático y Fisiológico de la Competición. Buenos Aires: Revista Digital, EF Deportes,
2004; Disponível em <http://www.efdeportes.com/efd77/futsal. htm>. Acesso em 13 mar.
2010.

GARGANTA, J. O treino da táctica e da técnica nos jogos desportivos à luz do


compromisso cognição-acção. In: BARBANTI, V.; BENTO, J.; MARQUES, A.; AMADIO, A.
Esporte e atividade física: interação entre rendimento e qualidade de vida. São Paulo:
Manole, 2002. p. 281-306.

LUCENA, R. Futsal e a iniciação. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.

MARINS, J.C.B; GIANNICHI, R.S. Avaliação & Prescrição de Atividade Física. 2.ed.
Shape Editora, Rio de Janeiro - RJ, 1998.

McARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, V. L. Fisiologia humana: energia, nutrição e


desempenho humano. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 1998. 4ª edição.

SANTANA, W. C. Futsal: metodologia da participação. Londrina: Lido, 1996.

______________ Versatilidade: um novo paradigma para ensinar futsal. In: Pedagogia do


Futsal [livro online]. 2006. Disponível em: http: //www. pedagogiadofutsal. com.br/
texto_010. asp. Acesso em 07 de mar. de 2010.

SILVA, P.R.S, ROMANO, A, YAZBEK JUNIOR, P, CORDEIRO J.R, BATTISTELLA, L.R.


Ergoespirometria computadorizada ou calorimetria indireta: um método não invasivo de
crescente valorização na avaliação cardiorrespiratória ao exercício. Rev Bras Med
Esporte. 1998;4:147-58.

TOLEDO N.; CORRADINE, T.V. Modelo das cargas concentradas de força no futsal. In:
OLIVEIRA, P.R. (Org.). Periodização contemporânea do treinamento desportivo: modelo
das cargas concentradas de força e sua aplicação nos jogos desportivos (basquetebol,
futebol de campo, futsal, voleibol) e lutas (judô). São Paulo: Phorte, 2007, p. 117-157.

VIVACQUA, R; HESPANHA, R. Ergometria e reabilitação em cardiologia. Rio de Janeiro.


Medsi, 1992.

- Pág. 34 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ANÁLISE DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DO ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA DE


UM GRUPO DE PORTADORES DE DIABETES MELLITUS NA CIDADE DE SÃO JOÃO
DEL-REI (MG)

Carolina de Carvalho Andrade¹, Luciana Moreira Maciel¹, Diogo Dias Silva¹, Alessandro
de Olivera²
¹ Discente do curso de Educação Física da UFSJ
² Docente da UFSJ
E-mail para correspondência: alessandro@ufsj.edu.br

RESUMO

Estudos têm demonstrado a importância da prática de atividades físicas para a saúde em


pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2. O propósito do estudo foi mensurar o
nível de atividade física e o índice de massa corporal (IMC) de pacientes diabéticos tipo 2
inscritos no Programa Saúde da Família de um bairro de São João Del-Rei. O estudo
descritivo realizou-se com 30 pacientes, (11 masculino e 19 feminino), com idade média
de 65,6 (10,2) anos. Visando verificar o nível de atividade física, os mesmos responderam
ao IPAQ e realizaram a mensuração do PC e EST visando cálculo do IMC. Os resultados
gerais revelaram níveis de obesidade de 86,7% apesar de 56,7% realizarem atividade
física regularmente. Foi observado ainda que todas as mulheres apresentaram sobrepeso
ou obesidade, apesar de 52,6% serem ativas.Tais tendências não foram encontradas nos
homens. Conclui-se a necessidade de estudos para compreender o comportamento
alimentar deste grupo.

Palavras-Chaves: Diabetes, Atividade Física

INTRODUÇÃO

A falha de qualquer componente de um sistema de controle biológico resulta num


distúrbio da homeostasia. Uma ilustração clássica de uma destas falhas é a diabetes
(GUYTON e HALL, 1998).
O diabetes mellitus (DM), do verbo diabetenein que significa “passar direto”, foi relatado
pela primeira vez em 1550 a.C e foi assim nomeado devido à presença dos sinais
clássicos dessa doença como sede intensa e urina excessiva (poliúria) e doce (DAMASO,
2001).
O DM pode se apresentar na mulher grávida, em indivíduos de diferentes faixas etárias,
sem discriminação de raça, sexo ou nível social - econômico. Existem quatro tipos,: tipo 1,
tipo 2, tipo gestacional e “outros tipos específicos’, sendo que a DM tipo 2 é o tipo mais
comum e ocorre em 90% dos casos, podendo ser provocada por uma resistência à
insulina, apesar de alguns autores afirmarem que a causa precisa da diabetes tipo 2 ainda
é desconhecida. (DULLIUS, 2007; LEMURA, VON DUVILLARD, 2006).
Sabe-se, porém, que ele está intimamente relacionado com vários fatores de risco, como
obesidade e estilo de vida sedentário. Esse tipo de diabetes encontra-se também
fortemente ligado a fatores hereditários. (WILLMORE, COSTILL, 2010)
Estima-se que no Brasil, em 2025 existirão cerca de 11 milhões de diabéticos, ou seja,
teremos um aumento de mais de 100% em relação aos 5 milhões presentes no ano de
2000. De acordo com este estudo realizado no país entre os anos de 1987 e 1989 cerca
de 7,6% da população de 30 a 69 anos apresentam a doença (BRASIL, 2002).
No entanto, é importante destacar um dado interessante revelado pelo censo de 1987/89,
em que foi verificado um alto grau de desconhecimento da doença sendo que 46,5% dos
diagnosticados desconheciam o fato de serem portadores do DM tipo 2.

- Pág. 35 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Tal situação para Negrão e Barreto (2005) decorre do fato do diabetes ser uma patologia
pouco sintomática e assim muitas vezes o paciente somente vem a conhecer o
diagnostico 10 anos após o inicio da doença. Além disso, o censo verificou que 22,3% dos
diabéticos pesquisados não realizavam nenhum tipo de tratamento.
Ressalta-se, porem, a importância de se controlar a doença visto que estudos
randomizados em diabéticos mostraram claramente uma redução das complicações
oriundas de um bom controle metabólico (BRASIL, 2002).
De acordo com o American College os Sports Medicine – ACSM (1997) a atividade física
tem importância fundamental na promoção da saúde e principalmente no combate ao
crescimento do DM tipo 2, visto que o mesmo encontra-se fortemente relacionado com a
obesidade e baixos níveis de atividade física.
McArdle, Katch e Katch (2003) afirmam que a falta de atividade física regular e a
obesidade, particularmente a distribuição da gordura nos segmentos superiores do corpo
são os principais riscos para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 em adultos e crianças.
Indivíduos que praticam exercícios moderados regularmente tendem, segundo Colberg
(2003) a correr menos riscos de vir a desenvolver problemas de saúde como DM tipo 2,
obesidade, hipertensão, certos tipos de câncer e outros distúrbios metabólicos. No
entanto, Pollock e Wilmore (1993) salientam que os benefícios da atividade física estão
diretamente relacionados com a prática de atividades físicas realizadas durante toda a
vida.
O exercício é uma recomendação primaria para o diabético tipo 2, para auxiliar no
controle da obesidade e da glicemia. Pesquisa realizada por Canché e Gonzalez (2005)
em Monterrey, México corroboram com tal afirmação. No referido estudo, adultos
diabéticos tipo 2, foram submetidos a sessões de exercícios de resistência muscular,
duas vezes na semana, durante uma hora. Verificou-se que esse tipo de intervenção é
capaz de ajudar de forma eficiente no controle glicêmico de diabéticos do tipo 2.
Dessa forma, diante do crescimento e desenvolvimento do diabetes e devido a grande
importância na atividade física no controle e prevenção da referida doença, o propósito do
seguinte estudo foi mensurar o nível de atividade física e o índice de massa corporal
(IMC) de pacientes diabéticos tipo 2 inscritos no Programa Saúde da Família no bairro
Guarda – Mor no município de São João Del Rei (MG).

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este tipo de trabalho caracteriza-se como um estudo observacional e descritivo, sendo


realizado no Programa Saúde da Família no bairro Guarda – Mor do município de São
João Del Rei (MG).
A população de participantes do PSF mencionado é composta de 46 indivíduos
diabéticos.. O critério de inclusão para participação na pesquisa foi que tais participantes
apresentassem comprovação clínica que são portadores de DM do tipo 2, não apresentar
nenhum tipo de lesão ósteo-muscular temporária ou permanente, além da assinatura do
termo de consentimento pós-informado. Após tal triagem a amostra contou com a
participação de 30 voluntários sendo 11 do gênero masculino e 19 do gênero feminino,
com idades que variavam de 41 a 90 anos e média de 65,6 (10,2) anos.
Os procedimentos utilizados para a realização da pesquisa seguiram padrões éticos e
científicos sugeridos por Thomas e Nelson (2002) e preconizados pelo Conselho Nacional
de Saúde de acordo com a Resolução 196/96.
O questionário sugerido para análise do nível de atividade física dos voluntários seguiu o
protocolo do IPAQ – versão curta (Questionário internacional de Atividade Física). Ele se
baseia em questões relacionadas à intensidade, freqüência e duração da atividade física
habitualmente realizada. Classificando as atividades como leves, moderadas (gasto de
3,5 a 6 MET’s) e vigorosas (gasto acima de 6 MET’s). Dessa forma, a partir dos dados

- Pág. 36 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

obtidos através do questionário os voluntários foram classificados como sedentários,


irregularmente ativos, ativo ou muito ativo.
O peso corporal foi analisado utilizando uma balança digital portátil da marca G –Teck®. A
estatura foi medida através do estadiômetro portátil da marca Sanny ®. As duas variáveis
forma mensurardas levando-se em consideração o protocolo de medidas sugerido por
Guedes, Guedes, (2006) e, serviram como base para determinar o Índice de Massa
Corporal (IMC) de acordo com a equação proposta por Quetelet, (PETROSKI, PIRES-
NETO, GLANER, 2010).
A análise estatística foi descritiva sendo que os dados estão apresentados na forma de
média e desvio-padrão. Além disso, o IMC dos voluntários foram comparados e
classificados de acordo com tabela normativa proposta por WHO, (2010) sendo os dados
gerais apresentados por meio de percentuais.

RESULTADOS

Dos 30 pacientes analisados, foi possível verificar de acordo com os dados obtidos na
amostra, que apenas 13,3% (n=4) dos voluntários apresentam IMC normal e 86,7%
(n=26) da população esta acima do peso recomendado pela OMS.
De acordo, com o questionário utilizado o IPAQ – versão curta, 17 pacientes foram
classificados como ativos, 5 como irregularmente ativo e apenas 8 foram considerados
sedentários. Portanto, 56,67% (n=17) dos indivíduos praticavam atividades físicas
regularmente.
Em relação aos pacientes do sexo feminino, 100% das mulheres encontram-se acima do
peso ideal, porém, 52,6% (n=10) são consideradas ativas.
Já em relação aos pacientes do sexo masculino, 36,4 (n=4) dos homens apresentam IMC
normal, 63,7% (n=7) encontram acima do peso ideal. Em relação ao nível de atividade
física desenvolvida, os homens foram classificados: 63,64% são ativos, 27,27% (n=3) são
irregularmente ativos e 9,09 (n=1) são sedentários.

DISCUSSÃO

Mesmo apresentando limitações metodológicas e conceituais, na falta de indicadores


quanto à quantidade de gordura corporal, muitos profissionais preocupados com o
controle do peso corporal vêm utilizando o IMC no diagnóstico e no tratamento da
obesidade. Servindo de auxílio, de acordo com Castro, Mato e Gomes (2006), como uma
maneira prática e eficiente de se avaliar a síndrome metabólica e o risco cardiovascular
em pacientes diabetes tipo 2. Neste contexto, o presente estudo verificou que o
sobrepeso está intimamente ligado aos fatores de risco, que possivelmente poderiam ser
um dos fatores causadores da diabetes tipo 2.
No estudo de Gomes et al (2006) avaliou-se 2519 diabéticos tipo 2 em diferentes regiões
do Brasil e verificou-se que 75% dos voluntários não se enquadravam na faixa de peso
ideal e um terço deles apresentava obesidade. Assim como os estudos de Silva e Lima
(2002) e Dunstan et al, que também revelaram IMC elevado, variando entre 26,8 e 27,9
kg/m² e 31,5 (3,7), respectivamente.
Torna-se relevante, no presente estudo, citar que os pacientes diabéticos tipo 2 do sexo
feminino, apresentaram em sua totalidade (100%) um peso acima do considerado ideal.
Sendo esses dados consistentes com prévios estudos de Corrêa et al, que demonstrou
que há uma prevalência de obesidade no sexo feminino de 76,9%.
Em relação à atividade física, segundo o questionário aplicado e os escores encontrados,
os indivíduos realizam atividade física regularmente, mesmo possuindo valores
considerados acima do ideal para o Índice de Massa Corporal.
Porém, de acordo com a pesquisa realizada por Assunção, Santos e Costa (2002),
apenas 1/3 dos pacientes diabéticos que haviam recebido informações acerca dos

- Pág. 37 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

benefícios da atividade física para o portador de diabetes mellitus estavam realizando


algum tipo de atividade física. O que não condiz com os achados da pesquisa.
De acordo com os valores encontrados no presente estudo foi observado que os homens
avaliados mostraram-se mais ativos que as mulheres, além de possuírem valores de IMC
dentro do limite considerado normal. Tal regularidade não foi observada nas mulheres,
que mesmo sendo consideradas ativas, possuíam IMC elevados.
Uma hipótese para tais achados seria a falta de uma dieta balanceada, com alta ingestão
de calorias. De acordo com Péres, Franco e Santos (2006), mulheres portadoras de
diabetes tipo 2 apresentam grande dificuldade em seguir uma dieta prescrita, equilibrada
e balanceada, além de especificada para o controle da doença.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que embora a mostra tenha apresentado um índice satisfatório de


atividade física, grande parte dos voluntários encontra-se acima do peso ideal,
especialmente na amostra do sexo feminino. Torna-se necessários a realização de mais
estudos para compreender o comportamento alimentar da mulher portadora de diabetes
tipo 2 em relação aos seus aspectos psicológicos, biológicos, socioeconômicos e culturais
que envolvem o ato de comer, para conseguir realizar intervenções eficientes no
tratamento e controle do diabetes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Diabetes mellitus and exercise (Position


Stament). Medicine Science Sports Exercise, v.29, n.12, 1997.

ASSUNÇÃO, M. C. F.; SANTOS, I. S. dos; COSTA, J. S. D. da. Avaliação do processo da


atenção medica: adequação do tratamento de pacientes com diabetes mellitus, Pelotas,
Rio Grande do Sul, Brasil. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p.205-211.

BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de reorganização de atenção à hipertensão arterial e


ao diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

CANCHÉ, K. A. M.; CONZALEZ, B. C. S. Ejercio de resistência muscular em adultos com


diabetes mellitus tipo 2. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.13,
n.1, p. 21-26, 2005.

CASTRO, S. H. de; MATO, H.J. de; GOMES, M. B. Parâmetros antropometricos e


síndrome metabólica em diabetes tipo 2. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e
Metabologia, São Paulo, v. 50, n. 3, p. 450-455, 2006.

COLBERG, S. Atividade física e diabetes. Barueri: Manole, 2003.

CORRÊA, F. H. S. et al. Influência da gordura corporal no controle clinico e metabólico de


pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e
Metabologia, são Paulo, v. 47, n. 1, p. 62-68, 2003.

DÂMASO, A. Nutrição e exercício na prevenção de doenças. Rio de Janeiro: MEDSI,


2001.

DULLIUS J., Diabetes mellitus: Saúde, Educação, Atividades Físicas. Brasília/DF: Editora
UnB, 2007

- Pág. 38 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

DUNSTAN et al. High-intensity resistence training improves glycemic control in older


patients with type 2 diabetes. Diabetes Care, v.25, n.10, p. 1729-1736, 2002.

GOMES, M.B. et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em pacientes com diabetes


mellitus tipo 2 no Brasil: estudo multicêntrico nacional. Arquivos Brasileiros de
Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 50, n. 1, p. 136-144, 2006.

GUEDES, D. P.; GUEDES, J.E. R. P. Controle do peso corporal: composição corporal,


atividade física e nutrição. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

McARDLE, W. D.; KATCH, F.I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e


Desempenho Motor. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

PÉRES, D. S.; FRANCO, L. J.; SANTOS, M. A. dos. Comportamento alimentar em


mulheres portadoras de diabetes tipo 2. Revista Saúde Publica, São Paulo, v. 40, n. 2, p.
310-317, 2006.

POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença: Avaliação e


prescrição para prevenção e reabilitação. Rio de Janeiro: Médica e Cientifica, 1993.

SILVA, C. A da; LIMA, W. C. de. Efeito benéfico do exercício físico no controle metabólico
do diabetes mellitus tipo 2 a curto prazo. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e
Metabologia, são Paulo, v. 46, n.5, p. 550-556, 2002.

THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3. ed. Porto


Alegre: Artmed, 2002.

WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. Barueri: Manole,


2001.

World Health Organization (WHO). Diabetes programme. 2007. Disponível em: <
http://www.who.int/diabetes/en/> . Acesso em: 20 nov. 2007.

- Pág. 39 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ANÁLISE DO POTENCIAL DE FORÇA DE PREENSÃO PALMAR NOS PADRÕES


AERÓBIO E ANAERÓBIO DE DISTINTAS MODALIDADES ESPORTIVAS,
COMPROVADAS PELO DINAMÔMETRO JAMAR

GABRIEL PÁDUA DA SILVA


- GRADUANDO DO CURSO DE FISIOTERAPIA,
- CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO DE BATATAIS
- dipadua@netsite.com.br
BRUNO FERREIRA;
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
ÉRICA MOREIRA OLIVEIRA
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
LETICIA CAROLINE SILVA
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
KENIA ROBERTA SILVA
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
EDSON ALVES DE BARROS JUNIOR
- Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais
SIMONE CECILIO HALLAK REGALO
-Livre docência/Docente-Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP
EDSON DONIZETTI VERRI.
- Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais

RESUMO

A preensão palmar é um parâmetro para mensurar a força do membro superior. O jiu-jitsu


é um esporte com demanda anaeróbia que exige uma grande força e potencia do atleta,
além de capacidade física. Já a natação é suprida pelo metabolismo aeróbio, para
sustentar as atividades físicas por um longo tempo. O trabalho teve como objetivo avaliar
a força de preensão palmar no jiu-jitsu e natação, correlacionando os padrões de força de
preensão palmar. Foram avaliados 10 sujeitos, subdivididos em 2 grupos compostos por
nadadores e lutadores de jiu-jitsu. As medidas foram colhidas através do dinamômetro
JAMAR modelo PC 5032p. No jiu-jitsu houve predomínio significativo no membro superior
direito e esquerdo de 0.0587 e 0.0110, respectivamente da força de preensão palmar.
Conclui-se que o jiu-jitsu com metabolismo anaeróbio apresenta uma maior força dos
membros superiores com relação à natação.
PALAVRAS CHAVE: Jiu-Jitsu, Preensão palmar, Natação.

INTRODUÇÃO

A mão do homem é especializada e permite a realização de várias atividades, apresenta


uma grande complexidade, além de ser um órgão sensitivo e motor. Todo membro
superior está inter relacionado a ela, para qualquer tipo de atividade, sendo capaz de
movimentos de destreza, equilíbrio, firmeza, versatilidade e para manipulação de objetos.
Há dois tipos de preensão palmar: a de precisão e a de força. A preensão de precisão se
refere a segurar objetos entre a face lateral dos dedos e polegar oposto, já na preensão
de força os dedos são parcialmente flexionados em oposição à contrapressão gerada pela
palma da mão, eminência tênar e o segmento distal do polegar. (MOURA et al, 2009).
Segundo Moura, 2009 e Magee, 2005, os estágios de preensão palmar compreendem a
abertura da mão, onde requer a ação simultânea dos músculos intrínsecos; fechamento
dos dedos e do polegar para segurar e adaptar a forma do objeto, envolvendo músculos

- Pág. 40 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

flexores intrínsecos, extrínsecos e opositores do polegar. A aplicação da força varia de


acordo com peso, características da superfície do objeto e fragilidade.
Muitos instrumentos têm sido projetados para avaliação da força de preensão palmar. Em
1954 o dinamômetro Jamar foi desenvolvido por Bechtol, este aparelho consiste em um
sistema hidráulico de aferição simples, de rápida leitura, fácil utilização, podendo ser
empregado em vários campos de pesquisa e atuação clínica. (MOREIRA et al, 2003).
Fatores relacionados ao treinamento e à aptidão física devem ser levados em conta
mediante às condições do organismo em liberar energia para certas atividades, tais como
processos aeróbios e anaeróbios, transporte de oxigênio e funções neuromusculares. O
desenvolvimento da capacidade esportiva está relacionado com a heterogeneidade da
sensibilidade do desenvolvimento físico, sendo ela indicada, como os índices somáticos
que possuem um período sensível às modificações estruturais e funcionais durante a
maturidade do indivíduo (WEINECK,1991).
O jiu jtsu foi criado à 500 anos antes de cristo na Índia, por monges budistas, a arte se
disseminou e atualmente há um crescente número de adeptos da modalidade. A luta
consiste em imobilizações, quedas e golpes traumáticos nas articulações, chegando no
limite da amplitude de movimento, o que pode sobrecarregar seus estabilizadores
estáticos e dinâmicos, tendo um grande índice de lesões. O esporte requer um grande
contato dos praticantes, sendo necessários vários movimentos de preensão palmar.
(OLIVEIRA, et al, 2006).O sistema fisiológico prioritário exigido no jiu-jitsu é relativo, pois
depende do tempo de confronto, porém com relação à demanda metabólica os momentos
de máxima exigência podem ser desenvolvidos a partir do metabolismo
anaeróbio.(RIGATTO, 2008)
A natação é influenciada pela capacidade de gerar força e minimizar a resistência imposta
pelo meio liquido isso pode acontecer pelo aprimoramento da técnica, biomecânica,
condição física do nadador, composição corporal e força. (MAGLISCHO, 2007). Durante o
exercício dinâmico, de leve a moderada intensidade, na água, a maior parte da energia
usada para sustentar a atividade física é suprida pelo metabolismo aeróbio. (CARAMANO
et al, 2003)
Este estudo teve como objetivo analisar a força de preensão palmar de modalidades
distintas, sendo jiu-jitsu que apresenta um metabolismo anaeróbio e natação com
metabolismo aeróbio, correlacionando os padrões de força de preensão palmar dos
membros superiores direito e esquerdo entre os esportes individualmente.

MATERIAIS E MÉTODOS

No presente estudo, foram avaliados 10 indivíduos, distribuídos em 2 grupos distintos,


sendo 1 grupo de praticantes de natação e outro grupo de praticantes de Jiu-Jitsu, cada
grupo composto por 5 atletas, dentre estes 1 do sexo feminino e 4 do sexo masculino,
com um tempo de prática das atividades variando entre 2 à 3 anos. Os lutadores de Jiu
Jitsu tinham uma média de idade de 30,00 ± 4,06 e altura de 180,00 ± 6,07, e os
nadadores tinham uma média de idade de 33,00 ± 6,18 anos e altura de 176,00 ± 7,11. As
medidas dos lutadores foram colhidas antes do treino no ginásio de esportes do Centro
Universitário Claretiano de Batatais. Os nadadores participavam de uma competição do
Centro de Cultura Física de Batatais. Os procedimentos realizados, como critério de
coleta de dados, foi a avaliação da força de preensão palmar, escaladas em 3 medidas
bilateralmente, para eliminação de possíveis erros, em um tempo de pré-atividades
variando de 15 à 30 minutos. Para a coleta dos dados os atletas estavam sentados, com
os joelhos e quadril à 90 º, pés apoiados no chão, ombro ao lado do corpo, cotovelo à 90
º, antebraço em posição neutra, cabeça e tronco alinhados. Todos os atletas eram
incentivados a realizar a manobra de preensão palmar começando de forma lenta até
chegar à força máxima. As medidas foram realizadas sucessivamente, primeiramente
com o membro superior direito, em seguida com o membro superior esquerdo, entre cada

- Pág. 41 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

medida era dado um intervalo de 2 minutos, até serem realizadas 3 medidas em ambos
os membros. O instrumento utilizado para coletar as medidas foi um dinamômetro de
preensão palmar da marca JAMAR, modelo PC 5032p, com mensuração de valores em
libras. Para análise estatística foi utilizado programa Excel (versão 2007), e programas
estatístico “GraphPad InStat versão 3.05.

NATAÇÃO DIREITO ESQUERDO


ATLETA 1 80,0 70,0
ATLETA 2 85,0 80,0
ATLETA 3 100,0 80,0
JIU JITSU
ATLETA 4 DIREITO
110,0 ESQUERDO
100,0
ATLETA
ATLETA5 1 110,0
90,0 100,0
100,0
ATLETA 2
MÉDIA 130,0
100,0 120,0
80,0
ATLETA 3
DP 120,0
13,96 115,0
13,42
ATLETA 4 140,0 125,0
ATLETA 5 120,0 100,0
MÉDIA 120,0 115,0
DP 18,71 11,51

RESULTADOS

A tabela 1, mostra a média individual de cada atleta de jiu-jitsu, além da média geral onde
obtiveram valores de 120 ± 18,71 libras para o membro superior direito e para o membro
superior esquerdo de 115 ± 11,51 libras.

Tabela 1- Valores da média de cada atleta, média de membro superior direito e esquerdo
e desvio padrão da força de preensão palmar no jiu-jitsu.

A natação está representada na tabela 2, contendo também os dados individuais de cada


atleta e as médias de valores para o membro superior direito de 100 ± 13,96 libras e para
o membro superior esquerdo 80 ± 13,42 libras

Tabela 2- Valores da média de cada atleta, média de membro superior direito e esquerdo
e desvio padrão da força de preensão palmar na natação.

- Pág. 42 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

O atleta 1 do jiu-jitsu (sexo feminino), apresentou à menor média da modalidade com


apenas 90 libras para o membro superior direito e 100 libras para o membro superior
esquerdo, o mesmo ocorreu com o atleta 1 da natação que também é do sexo feminino,
ela apresentou 80 libras para o membro superior direito e 70 libras para o membro
superior esquerdo.
Na média de força de preensão palmar entre os grupos, houve predomínio do membro
superior direito e esquerdo do jiu-jitsu com relação à natação (Gráfico 1). No membro
superior direito e esquerdo, houve uma diferença significativa com valor P de 0.0587 e
0.0110, respectivamente.

Gráfico 1 – Média de força entre


as modalidades de Jiu-Jitsu e
Natação.

- Pág. 43 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

DISCUSSÃO

A força muscular é um dos componentes fundamentais para avaliação da forma física. A


preensão palmar pode ser considerada como um dos parâmetros do estado geral dos
indivíduos. Esse teste tem sido utilizado de maneira sistêmica anualmente desde 1964 no
Japão. Ela pode ser mensurada com uso do dinamômetro Jamar, que é um procedimento
objetivo, simples e de fácil utilização, além de ser um parâmetro para a avaliação e
determinação de função das mãos em diversas situações. (MOREIRA et al, 2003).
O atleta 1 tanto do jiu jitsu quanto da natação tiveram a menor força sobre os demais
indivíduos da amostra, sabendo que ambos eram os únicos atletas do sexo feminino,
nosso estudo se assemelha ao de Capriorrino et al, 1998, que comparou 800 indivíduos
saudáveis de ambos os sexos com o dinamômetro Jamar, ele conclui que os valores de
preensão palmar do sexo masculino foram maiores que os do sexo feminino.
Em um estudo realizado por Oliveira, 2006, foram utilizados 100 indivíduos de jiu-jitsu,
divididos em grupo controle e amostra, do sexo masculino com idades entre 20 e 30 anos,
sendo que houve um predomínio da força da mão esquerda do grupo de atletas em
relação ao grupo controle, porém com relação ao predomínio de mão houve maior força
na mão direita.
O predomínio da força de membros superiores do jiu jitsu com relação à natação pode ter
ocorrido pela diferença das praticas esportivas. As lutas exigem uma grande demanda da
capacidade física, possuem características acíclicas, competentes mesomórficos
predominantes, e apresentam uma participação acentuada do metabolismo anaeróbio, já
a natação gera um metabolismo aeróbio levando a uma boa resistência muscular. O jiu-
jitsu é um esporte de contato e esforço atenuante durante períodos de atividade e
repouso, onde há grande mobilização de substrato energético na ausência ou déficit de
oxigênio. (RIGATTO, 2008).
Para a realização dos gestos esportivos do jiu-jitsu é necessário um grande gasto
energético e de força muscular, gerando um grande esforço, podendo ser considerado
uma modalidade realizada com metodologia especifica para o trabalho de força. (CUNHA,
2009). Para ambas as modalidades houve um predomínio de força na mão direita, isso se
da provavelmente ao fato de todos atletas serem destros.

CONCLUSÃO

Os resultados observados indicam que no jiu-jitsu houve uma maior prevalência da força
de preensão palmar em relação aos nadadores. Sendo o jiu-jitsu um esporte com
metabolismo anaeróbio, seu trabalho é voltado para ganho de força pela própria
biomecânica do esporte. A prevalência de força no membro superior direito ocorre pela
própria característica de cada atleta, pois todos eram destros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPORRINO F. A. et al. Estudo populacional da força de preensão palmar com


dinamômetro JAMAR. Revista Brasileira de Ortopedia. 1998; 33(2): 150-4.

CAROMANO F. A. et al. Efeitos fisiológicos da imersão e do exercício na água Revista


Fisioterapia Brasil - ano 4 - nº 1 - jan/2003.

CUNHA, A. S. J. Incidência e fatores de risco de lesões musculoesqueléticas em


praticantes de jiu-jitsu. Universidade da Amazônia- UNAMA. Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde -CCBS, Belém, 2009.

- Pág. 44 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

OLIVEIRA, M. et al. Avaliação da força de preensão palmar em atletas de jiu-jitsu de nível


competitivo. Revista Brasileira Ciência e Movimento, 63-70, 2006.

MAGEE D. J. Avaliação musculoesquelética. 4a ed. São Paulo: Manole; 2005.

MAGLISCHO, E. W. Nadando Ainda Mais Rápido. São Paulo: Manole, 1999.

MOREIRA, D. et al. Abordagem sobre preensão palmar utilizando o dinamômetro JAMAR:


uma revisão de literatura. Revista Brasileira Ciência e Movimento, Brasília, vol. 11, nº 2,
pág. 95-99, junho/2003.

MOURA, P. M. de L. S. et al. Força de preensão palmar em crianças e adolescentes


saudáveis. Revista Paul Pediatr, 2008.

RIGATTO, P. C. Efeito do treinamento de potencia muscular sobre o aprimoramento do


perfil metabólico e do rendimento no randori em praticantes de jiu-jitsu. Universidade
Estadual Paulista Faculdade de Ciências, Departamento de Educação Física, Bauru,
2008.

SILVA, I. O. et al. Analise da força de preensão manual e tração lombar nos atletas de
natação da Univangélica. Revista Cientifica JOPEF, 6º Fórum Internacional de Qualidade
de vida e Saúde, Curitiba, vol. 1, nº 2, 2007.

WEINECK, J. Biologia do Esporte. São Paulo, Manole, 1991.

- Pág. 45 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE PRÉ-ESCOLARES

Manoela Campos Piedade


Discente do curso de Pós-Graduação ENAF - FAGAMMON
manoelacamposp@hotmail.com

RESUMO
Este estudo teve como objetivo verificar o desenvolvimento motor de pré-escolares na
faixa etária de 5 anos e 5 anos e 11 meses, relacionando a idade cronológica com a idade
motora obtida em cada componente avaliado. A avaliação motora utilizada foi a Escala de
Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002), que envolve provas
motoras específicas por idade como: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio,
esquema corporal, organização espacial e organização temporal. Para atender ao objetivo
foi feita uma relação da idade cronológica, com as idades motoras obtidas em cada prova.
Os resultados mostraram que quanto maior a idade cronológica, maiores os valores do
componente motricidade global e organização espacial. Já o esquema corporal não
correlacionou com nenhuma variável, pois todos os valores foram iguais. Conclui-se que
cada componente específico da motricidade possui formas diferenciadas, o que
caracteriza o desenvolvimento motor como um processo dinâmico.

PALAVRAS-CHAVE: Pré-escolar. Desenvolvimento motor. Avaliação motora

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento motor é um processo de mudanças no grau de funcionamento de um


indivíduo, onde a aquisição de funções cada vez mais complexa é adquirida ao longo dos
anos. Este processo se inicia na concepção e se prolonga até a morte.
Esta contínua mudança se da devido a fatores filogenéticos (são naturais e
comuns a todas as pessoas) e ontogenéticos (que são decorrentes da maturação e
experiência adquirida ao longo da vida). As experiências motoras adquiridas ainda
quando criança, é de fundamental importância não só para atender as necessidades
desse período, como poderá implicar no processo de desenvolvimento motor desse
indivíduo no futuro.
De acordo com Santos et al. (2004), o desenvolvimento motor nessa fase caracteriza-se
pelo aprendizado de um amplo espectro de habilidades motoras, que possibilita a criança
certo domínio do seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas), locomover-se
pelo ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar, etc.) e manipular objetos e
instrumentos diversos (receber uma bola, arremessar uma pedra, chutar, escrever, etc). E
é nessa fase que elas expandem rapidamente seus horizontes, afirmando suas
personalidades e desenvolvendo suas habilidades a fim de testar seus próprios limites e
os limites das pessoas que vivem junto dela (CRIPPA, et al 2003).
Estudos sobre a motricidade infantil em geral, são realizados com o objetivo de conhecer
melhor as crianças e de poder estabelecer instrumentos de confiança para avaliar,
analisar, e estudar o desenvolvimento de alunos em diferentes etapas evolutivas (ROSA
NETO, 2002).
As formas de avaliar o desenvolvimento motor de uma criança podem ser diversas, no
entanto, nenhuma é perfeita nem engloba holisticamente todos os aspectos de
desenvolvimento (SILVEIRA, et al 2005).
Nessa perspectiva Rosa Neto (2002) propõe uma Escala de Desenvolvimento Motor -
EDM, que compreende uma bateria de testes diversificados, que permite avaliar o nível
de desenvolvimento motor de crianças de 2 aos 11 anos de idade.

- Pág. 46 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A EDM avalia os seguintes componentes motores: 1) Motricidade fina, é a coordenação


visiomanual, ela inclui a fase de transporte da mão, seguida de uma fase de agarre e
manipulação, o que da um conjunto de objeto/mão/olho. 2) Motricidade global, é a
capacidade do indivíduo de, com seus gestos, atitudes, deslocamentos e ritmos
compreender-se melhor e buscar novas informações. 3) Equilíbrio, está vinculado à
postura corporal correta onde há economia de energia, para que não ocorra a fadiga
corporal, entre outros.
4) Esquema corporal, refere-se à capacidade de discriminar as partes do corpo e
organizar as partes deste na execução de uma tarefa. 5) Organização espacial, é
compreender as dimensões do corpo com o espaço, ou seja, a organização espacial
depende ao mesmo tempo da estrutura do nosso corpo, como, da natureza do meio que
nos rodeia e suas características. 6) Organização temporal, refere-se à consciência do
tempo onde se estrutura sobre as mudanças percebidas – independentemente de ser
sucessão ou duração, sua retenção está vinculada à memória e a codificação da
informação contida nos acontecimentos (ROSA NETO, 2002). Ainda de acordo com este
autor o movimento e seu fim são uma unidade e, desde a motricidade fetal até a
maturidade plena, passando pelo movimento do parto e pelas sucessivas evoluções, o
movimento se projeta sempre frente á satisfação de uma necessidade relacional. A
relação entre o movimento e o seu fim se aperfeiçoa cada vez mais como resultado de
uma diferenciação progressiva das estruturas integradas do ser humano.
Assim, a aquisição de novas habilidades está diretamente relacionada não apenas à faixa
etária da criança, mas também as interações vividas com os outros seres humanos do
seu grupo social (SOARES, et al 2006). Essas habilidades básicas são requeridas para a
condução de rotinas diárias em casa e na escola, como também servem a propósitos
lúdicos (SANTOS, et al 2004).
É para que essas habilidades sejam desenvolvidas é necessário que se dê a criança
oportunidades de executá-las (CHIMELO, 2003).
Dessa forma o objetivo deste estudo foi por meio de testes motores avaliar o
desenvolvimento motor de pré-escolares, determinando a idade motora (IM) no aspecto
avaliado e relacionando estas as respectivas idades cronológicas (ICs).

MATERIAIS E MÉTODOS

Para este estudo foram selecionadas 29 crianças aleatoriamente de ambos os gêneros


que tinham entre 60 meses (5 anos) e 71 meses (5 anos e 11 meses), matriculados em
uma escola municipal de educação infantil localizada na região do sul de Minas Gerais,
cujos pais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. As provas motoras
foram realizadas individualmente no pátio da escola, e os alunos que participaram da
coleta de dados cursavam o período escolar diurno.
O instrumento utilizado para a avaliação motora foi a Escala de Desenvolvimento
Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002). A referida escala procura avaliar as áreas
motoras específicas, como: motricidade fina (IM1), motricidade global (IM2), equilíbrio
(IM3), esquema corporal (IM4), organização espacial (IM5) e organização temporal (IM6).
A EDM apresenta ainda um manual completo de como proceder á aplicação dos testes e
uma folha de resposta para facilitar o registro dos resultados dos alunos.
Para atender ao objetivo do estudo a análise foi feita através das variáveis
relacionadas aos componentes motores específicos de cada criança. A prova de
organização temporal não foi empregada devido à dificuldade com relação à
aplicabilidade, exigindo treinamento pormenorizado dos aplicadores.
Os resultados foram analisados por meio da idade motora que foi obtida em cada
elemento. Independente da área avaliada, cada prova foi iniciada com o teste
correspondente a sua idade cronológica. Caso o sucesso fosse obtido na tarefa
correspondente a sua idade, a tarefa de idade mais avançada foi apresentada, e

- Pág. 47 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

terminava a avaliação quando a criança não desempenhava corretamente a tarefa


proposta, neste caso foi utilizado o resultado válido obtido na prova anterior.
Após a aplicação dos testes, os resultados foram lançados em planilha onde foi
empregada a correlação linear de Pearson entre a idade cronológica (IC) e a idade
motora (IM) obtida como desempenho em cada prova.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Os resultados das idades motoras, expresso em termos de média e desvio-padrão são


encontrados na Tabela 1.

IC IM1 IM2 IM3 IM4 IM5


M 66,79 61,65 72 61,65 60 64,96
DP 2,93 2,72 4,81 4,21 0 6,01

Tabela 1. Médias (M) e Desvio-Padrão (DP)

Os resultados apresentados pelas médias e desvio-padrão para cada


componente da motricidade, sugerem que de acordo com a avaliação motora, a área de
maior déficit foi o esquema corporal (IM4), com média de 60 meses. Pode-se verificar,
desta forma um atraso de 6,79 meses em relação à idade cronológica média das crianças
que foi de 66,79 meses.
Relacionando-se a idade cronológica com a idade motora nota-se que os
resultados foram estatisticamente significativos como mostra as figuras 1 e 2
respectivamente.

85

82,5

80

77,5

75

72,5
IM2

70

67,5

65

62,5

60

57,5

55
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72
Idade Cronológica

Figura 1. Representação gráfica relacionando a idade cronológica (IC) com a motricidade


global (IM2).

- Pág. 48 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Na figura 1, observar-se que quanto maior a idade cronológica, maior e o valor da


idade motora global (IM2). De acordo com Melo 1997 (citado por Crippa, et al., 2003), a
motricidade global é entendida como “a harmonia dos movimentos voluntários dos
grandes segmentos do corpo ou a capacidade de controle dos atos motores que coloca
em ação todo o corpo humano”. Este resultado pode ser explicado pelo tipo de atividade
que as crianças realizam no seu dia-a-dia, sugerindo que esta vem estimulando e
encorajando adequadamente a motricidade global das crianças (Caetano et al, 2005).

- Pág. 49 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Na figura 2, nota-se também que quanto maior a idade cronológica IC maior e o valor do
componente referente à organização espacial (IM5).
74

72

70

68
IM5

66

64

62

60

58
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72
Idade Cronológica

Figura 2. Representação gráfica relacionando a idade cronológica (IC) com a organização


espacial (IM5)

A correlação linear de Pearson revelou outros resultados obtidos na avaliação


motora como, a relação dos alunos com maior valor no componente motricidade fina
(IM1), eram os que possuíam também os maiores valores de motricidade global (IM2),
equilíbrio (IM3) e organização espacial (IM5). Talvez o resultado se explica devido a estes
componentes motores não apresentarem linearidade em crianças pré-escolares. Já os
alunos com maiores valores de motricidade global (IM2) e equilíbrio (IM3) eram os que
tinham maior valor do componente referente à organização espacial (IM5). O esquema
corporal (IM4) não correlacionou com nenhuma variável, pois todos os valores foram
iguais. Quanto a este último componente, os resultados permitem apontar que a
experiência motora na exploração de seu próprio corpo, acumulada nos anos pré-
escolares iniciais, manifesta-se por volta dos 6 anos de idade (SILVEIRA, et al 2005).

- Pág. 50 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

CONCLUSÃO

A partir dos resultados deste estudo, nota-se que houve relação da idade
cronológica com os componentes motricidade global e organização espacial. Ao que se
refere ao esquema corporal, este foi o componente que obteve maior déficit em relação às
outras áreas avaliadas. Portanto pode-se concluir que a evolução de cada componente
especifico da motricidade apresenta formas diferenciadas, caracterizando o
desenvolvimento motor como um processo dinâmico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAETANO, M.J.D.; SILVEIRA, C.R.A.; GOBBI, L.T.B. Desenvolvimento motor de pré-


escolares no intervalo de 13 meses. Revista Brasileira de Cineamtropometria e
Desempenho Humano, v.7, n.2, p.5-13, jun.2005.

CHIMELO, M.C. Desenvolvimento motor de crianças pré-escolares entre 5 e 6 anos.


Efdeportes - Revista Digital, Buenos Aires, ano. 8, n.58, mar. 2003. Disponível em
http://www.efdeportes.com. Acesso em 22 de jul. 2009.

CRIPPA, L.R.; SOUZA, J.M.de.; SIMONI, S.; ROCCA, R.D. Avaliação motora de pré-
escolares que praticam atividades recreativas. Revista da Educação Física/UEM,
Maringá, v.14, n.2, p.13-20, set.2003.

ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.

SANTOS, S.; DANTAS, L.; OLIVEIRA, J.A.de. Desenvolvimento motor de crianças, de


idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Revista Paulista de Educação
Física, São Paulo, v.18, n.esp. 33, p.33-44, agos.2004.

SILVEIRA, C.R.A.; GOBBI, L.T.B.; CAETANO, M.J.D.; ROSSI, A.C.S.; CANDIDO, R.P.
Avaliação motora de pré-escolares: relação entre idade motora e idade cronológica.
Efdeportes - Revista Digital, Buenos Aires, ano. 10, n.83, abril 2005. Disponível em
http://www.efdeportes.com. Acesso em 20 de jul. 2009.

SOARES, A.S.; ALMEIDA, M.C.R.de. Nível maturacional dos padrões motores básicos do
chutar e impulsão vertical em crianças de 7/8anos. Movimentum-Revista digital de
Educação Física, Ipatinga: Unileste-MG, v.1, n.1, ago./dez. 2006.

- Pág. 51 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

GLICEMIA DE ATLETAS DE FUTSAL SUPLEMENTADOS COM MALTODEXTRINA

MARCUS VINÍCIUS DE ALMEIDA CAMPOS


Educador Físico – UNAERP / Especialista em Nutrição – USP / Técnico Desportivo –
Prefeitura Municipal de Aguaí
e-mail: mvacampos@yahoo.com.br
HENRIQUE MIGUEL
Educador Físico – UNIFEOB / Especialista em Treinamento Desportivo - FMU / Técnico
Desportivo – Prefeitura Municipal de Aguaí

MARCELO FRANCISCO RODRIGUES


Educador Físico – UNIFEOB / Especialista em Treinamento Desportivo - FMU

RESUMO

O futsal é uma modalidade acíclica, cujo s esforços são sustentados por um sistema
energético misto, tendo o carboidrato participação fundamental neste processo. Portanto,
com o objetivo de verificar a influencia da suplementação de maltodextrina em atletas de
futsal durante uma partida, 10 atletas foram subdivididos em 3 grupos, controle, placebo e
maltodextrina e tiveram suas respectivas glicemias mensuradas antes e após a partida,
observou-se então uma tendência no aumento da glicemia dos atletas de todos os
grupos, sendo que não verificamos variação estatística entre os grupos; nos permitindo
afirmar que a simples suplementação não é um recurso ergogênico nutricional, sendo
necessário uma intervenção mais ampla para a obtenção de resultados.

PALAVRAS- CHAVES: FUTSAL – GLICEMIA - MALTODEXTRINA

INTRODUÇÃO
O futsal é uma modalidade desportiva acíclica, caracterizado por esforços intermitentes
de extensão variada e de periodicidade aleatória; que acarretam em um alto gasto
energético, bem como uma elevada solicitação metabólica e neuromuscular do praticante
(BARROS NETO; GUERRA, 2004).
Segundo Medina (2002), a demanda energética de uma partida de futsal é sustentada por
um sistema energético misto (aeróbio-anaeróbio), com solicitação muscular dinâmica
geral, sendo que a recuperação de tais solicitações é incompleta; realizada de maneira
ativa e passiva, e com duração variada.
O glicogênio muscular e a glicose sanguínea contribuem principalmente para a energia
total, necessária durante o exercício de alta intensidade; onde a demanda de energia é
suprida pelo metabolismo anaeróbio, sofrendo a molécula de glicose proveniente dos
carboidratos uma série de reações químicas num processo denominado glicólise; que
libera energia suficiente para a ressintese de 2 ATP, formando duas moléculas de ácido
piurúvico por molécula de glicose; uma grande parcela do glicogênio muscular é
rapidamente convertida em lactato; nos exercícios anaeróbios de curta duração e
intensidade máxima, um único sprint de seis segundos pode levar a uma diminuição de
16% dos estoques de glicogênio muscular (MAUGHAN, 2002; GHORAYEB; BARROS,
2001).
Além de estar diretamente ligados a produção de energia durante exercícios intensos, o
glicogênio muscular e a glicose sanguinea são fundamentais nos primeiros minutos do
exercício moderado, quando o suprimento de oxigênio não consegue atender as
demandas do metabolismo aeróbio; entretanto, tanto o glicogênio muscular, como a
glicose sanguínea encontram-se em quantidade limitada no corpo, tendo em média um

- Pág. 52 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

atleta de 70kg, 1.600kcal de energia na forma de glicogênio muscular e 50kcal na forma


de glicose sanguínea (OLIVEIRA et al, 2008; CLARK, 1997).
Devido à importante participação do carboidrato como substrato energético, tanto em
exercícios de longa duração (mais que 90 minutos) e moderada intensidade, como em
exercícios intermitentes e de alta intensidade; Burke et. al. (2001) afirma que a
disponibilidade de CHO é um fator preponderante para o desempenho.
Em atletas de futsal, o glicogênio muscular, por desempenhar papel chave na produção
de energia durante o exercício, é freqüentemente associado à fadiga, uma vez que a
depleção de seus estoques tem como conseqüência a mesma, podendo a fadiga ser
evitada na presença de concentrações adequadas de glicogênio muscular. A glicose
sanguínea é utilizada principalmente na produção de energia para o cérebro e outras
partes do sistema nervoso, pois estes dependem basicamente dela para o metabolismo.
Assim, hipoglicemia pode prejudicar a função cerebral acarretando prejuízos para a
execução dos exercícios (MCARDLE, KATCH, KATCH, 2003; WILLIAMS; MELVIN, 2002).
Dentro desta perspectiva, a correta ingestão de carboidratos na dieta, bem como a
suplementação dos mesmos em atletas de futsal tem sido considerado um importante
recurso ergogênico; podendo ser observado na literatura uma grande quantidade de
trabalhos, onde possíveis influencias positivas da suplementação de carboidratos, bem
como adequações de dietas são investigadas (OLIVEIRA et al, 2008).
O American College Of Sport Medicine (2000) sugere a ingestão de carboidrato entre 6 e
10g/kg/dia, além de destacar que valores inferiores a 5g/kg/dia não são suficientes para a
restauração do estoque de glicogênio muscular de atletas.
Em relação a atletas jovens (12 a 18 anos), como os atletas a serem investigados neste
trabalho; é sugerido que a ingestão de carboidrato seja entre 55% e 60% do valor calórico
total da dieta (Petrie et. al., 2004).
Maffucci e Mcmurray (2000), sugerem que no período entre 3 e 6 horas antes do
exercício, os atletas façam a ingestão entre 200-350g de carboidrato de médio ou alto
índice glicêmico, sendo o mesmo ingerido através de uma refeição sólida; com o objetivo
de otimizar os estoques de glicogênio e conseqüentemente a performance atlética.
O ACSM (2000) também sugere a ingestão de carboidrato até 3 horas antes do exercício
com o objetivo otimizar a performance, destacando ainda que a ingestão de carboidrato
entre 2 e 1 hora antes da prática pode levar a hipoglicemia e a fadiga prematura.
A refeição a ser ingerida no período pré-exercício deve ser pobre em fibras, lipídeo e
proteína, além de não ser volumosa; a fim de facilitar o esvaziamento gástrico e evitar
desconforto. É sugerido ainda que esta contenha alimentos que façam parte da
alimentação habitual do atleta (SBME, 2003; GONZALES-GROSS, 2001).
No período entre 1 hora e 30 minutos antes do inicio da atividade, tem sido sugerida a
ingestão de 500 a 600ml de uma bebida contendo entre 35-50g de carboidrato de alto
índice glicêmico; que deve estar a uma temperatura de 8-12ºC. Estudos já têm
demonstrado que a ingestão de bebidas com 8-10% de carboidrato (glicose e frutose)
entre 15-30 minutos antes de exercícios de curta duração aumenta a performance atlética
(ACSM, 2000; SAWKA; MONTAIN, 2000).
Atualmente, o carboidrato mais utilizado para a suplementação de atletas tem sido a
maltodextrina, um carboidrato complexo, proveniente da conversão enzimática do amido
do milho; que tem sua absorção pelo organismo realizada de forma gradativa e lenta, uma
vez que contém polímeros de dextrose (RANKIN, 2001).
Assim procuramos verificar neste estudo, o quanto a ingestão de Maltodextrina influencia
na glicose de atletas de futsal durante uma partida, visto que a glicose sanguínea esta
relacionada a performance destes atletas, além deste carboidrato estar sendo o mais
utilizado por parte de atletas.

METODOLOGIA
2.1 Amostra

- Pág. 53 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Este estudo transversal, contou com a participação de 10 atletas, do sexo masculino, com
idade média de 17,2 anos; 176cm de altura e 76kg de massa corpórea. Todos os atletas
são integrantes da categoria Sub-18 da equipe de futsal do Departamento de Esportes
Recreação e Lazer (DERLA) da Prefeitura Municipal de Aguaí, sendo que os mesmos
representam o DERLA em competições regionais. Os atletas envolvidos na pesquisa
realizam 3 treinamentos semanais, distribuídos em treinamentos técnico, tático e físico.
Antes de iniciar a pesquisa, todos os atletas e responsáveis foram previamente
informados sobre os riscos e benefícios do estudo e os pais ou responsáveis assinaram
um termo de consentimento, concordando com a participação de seus dependentes no
estudo.

2.2 Delineamento do Estudo


Os atletas foram subdivididos aleatoriamente em 3 grupos; Grupo Controle, Grupo
Placebo e Grupo Maltodextrina. Na semana que precedeu o estudo, todos realizaram
registro alimentar de 3 dias, sendo uma terça-feira, uma quarta feira e um sábado; onde
os atletas após serem previamente orientados, especificaram os horários que costumam
realizar as refeições, assim como quantidades e tipos de alimentos ingeridos nestas.
No dia da partia, 30 minutos antes do inicio desta, os atletas tiveram sua glicemia
mensurada; para tal, um avaliador, equipado com luvas cirúrgicas descartáveis, e após
assepsia local com álcool 70%, realizou punção na região lateral da polpa digital, por meio
de lanceta descartável, sendo coletada uma gota de sangue, que foi colocada na curva da
tira (tiras de teste Accu-Check Active).
Cerca de 20 minutos antes da partida se iniciar, os atletas do Grupo Maltodextrina
realizaram a ingestão da mesma em copo numerado e os atletas do grupo palcebo
realizaram a ingestão de suco clight em copos semelhantes, sendo que todos atletas
acreditavam estar ingerindo maltodextrina.
Após a partida, a glicemia de todos foi novamente mensurada, seguindo os mesmos
critérios descritos anteiormente.

2.3 Coleta dos Dados


2.2.1 Massa Corpórea e estatura
A obtenção da massa corpórea total dos atletas foi realizada com o auxilio de uma
balança digital, da marca Filizola, com uma precisão de 50g. Para a obtenção da estatua
dos atletas utilizou-se uma fita métrica de aço com escala milimétrica e um esquadro de
madeira, sendo que tanto a avaliação da estatura como a da massa corpórea foram
realizadas por apenas um avaliador, seguindo os procedimentos propostos por Frisancho
(1990).

2.3 Características dos Jogos


Os dados foram coletados em 1 jogo treino, realizado no Ginásio de esportes
“Domingão”, na cidade de Aguaí/SP, cuja quadra possui dimensão 28x38; no dia da
coleta a temperatura ambiente estava em 24°C e a umidade relativa do ar e 65%.
A partida foi realizada em 2 tempos de 20 minutos (cronometrados).

Suplementação dos Atletas


Os atletas do Grupo Controle não realizaram 1 hora antes, e durante todo o experimento
ingestão de qualquer tipo de nutriente, que não água.
O grupo Placebo, ingeriu 20 minutos antes da partida, 250 ml de suco Clight sabor limão
O Grupo Maltodextrina ingeriu 20g de maltodextrina sabor limão, dissolvida em 250ml de
água.

Avaliação Dietética

- Pág. 54 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A avaliação do consumo alimentar foi realizada por meio de um registro alimentar de três
dias, sendo os daods fornecidos pelos atletas avaliados com o auxilio do software
AVANUTRI, versão 3.0.9; onde verificou-se o total de calorias ingeridas, a participação
dos macronutrientes no total calórico e a adequação dos micronutrientes.

Avaliação da Glicemia
A mensuração da glicemia foi realizada com o auxilio do aparelho Accu-Check Active,
sendo a determinação da glicemia realizada por fotometria de reflexão em sangue de
capilar fresco; em intervalo de 10 a 600mg/dl (0,6 a 33,3mmol/l). O volume de sangue
coletado variou de 1 a 2µl.

2.5 Tratamento Estatístico


Os resultados encontrados foram previamente normalizados por procedimento estatístico
descritivo, para obtenção do grau de parametria, sendo expressos os valores médios e
respectivos desvios padrão (±).
Para analisar possíveis diferenças estatísticas entre os níveis de glicose antes e depois
do exercício físico, utilizou-se o teste de t de Stundent (pareado). Para análise dos níveis
de glicose antes e após o exercício, comparando os diferentes grupos, utilizo-se o teste
Anova, sendo os testes realizados com o auxilio do software GraphPad Instat, versão
2.01(San Diego, CA, EUA). Para todos os testes foi considerado o intervalo de
significância de p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação à ingestão de nutrientes, observou-se que os atletas ingerem em média
2.368kcal por dia, distribuídas conforme a tabela abaixo.

TABELA 1 – características da Dieta


VARIÁVEIS % Total de Calorias

Carboidrato 52,3

Lipídeo 38,4

Proteína 9,3

Estes valores estão em desacordo ao preconizado pelo ACSM (2000), que sugere a
participação dos carboidratos em 55% a 60% do valor calórico total da dieta, ainda
observamos um excesso de ingesta de lipídeos, que não deveria ultrapassar 30% do valor
calórico total da dieta.
Em relação a ingestão de micronutrientes, foi observada ingestão insuficiente de
vitaminas do complexo B, vitaminas estas fundamentais no metabolismo de carboidratos.
Os atletas do grupo controle tiveram um aumento de 12,5mg/dl na glicemia mensurada,
quando comparado os períodos pré e pós jogo; os atletas do grupo placebo apresentaram
aumento 14,75mg/dl em igual período do grupo descrito anteriormente, e os atletas do
grupo maltodextrina apresentaram aumento de 26mg/dl na glicemia. Entretanto, quando
avaliados estatisticamente pelo teste t student, tais aumentos não foram considerados
significativos (Tabela 2).

TABELA 2 – Variação da Glicemia nos Grupos

- Pág. 55 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Grupo Aumento da Glicemia (mg/dl)

Controle 12,5

Placebo 14,8

Maltodextrina 24,3

Quando comparamos a Glicemia dos diferentes grupos verificamos que a variação


encontrada não foi considerada significativa.
Em relação ao aumento da glicemia após a realização da partida, os resultados se
assemelham a de outros estudos, onde também foram verificados aumento não
significativo da glicemia em atletas (SOARES et al, 2007).
Uma possível explicação para o aumento da glicemia é o fato do exercício intenso
aumentar a liberação de hormônios glicoliticos, tais hormônios fariam com que a taxa de
liberação de glicose no fígado e no músculo se torne muito alta ocasionando assim
provavelmente um acúmulo de glicose sangüínea, outro fator que contribui para isso é a
diminuição da liberação de insulina pelo pâncreas (MAUGHAN, GEELSON,
GREENHAFF, 2000).
Outros trabalhos também não encontraram diferença significativa na glicemia de atletas
que ingeriram maltodextrina em relação a atletas que não fizeram a ingestão da mesma
(SOARES et al, 2007; OLIVEIRA et al, 2008).

CONCLUSÕES
De acordo com os resultados, pode se concluir que a simples suplementação de
maltodextrina no período pré exercício não afeta a glicemia de atletas, que independente
da suplementação, tendem a ter um aumento da glicemia.
Portanto a adequação de estratégias nutricionais ergogênicas devem ir além da
suplementação isolada, que se mostra uma estratégia superficial; pois inadequações na
dieta do atleta pode fazer com que a maltodextrina seja utilizada apenas para compensar
desequilíbrios na ingestão de carboidratos, ou até mesmo ter sua absorção e utilização
prejudicada devido a falta de nutrientes chaves para o metabolismo de carboidratos.

REFERÊNCIAS

AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION;


DIETIANS OF CANADA. Joint Position Statement: Nutrition and Athletic Performance.
Medicine and Science in Sports and Exercise. 32(12): 2130-2145. 2000.

ARRUDA, M. et al. Efeitos da hidratação de bebida hidroeletrolítica sobre a glicemia


durante uma aula de ciclismo indoor. Movimento e Percepção, v. 6, n. 9, p. 95-108, 2006.

BARROS NETO, T.L.; GUERRA, I. Ciencia do Futebol. São Paulo: Manole, 2004.

BURKE, L.M. Energy Needs of Athletes. Can. J. Appl. Physiol. 26: 202-219. 2001.

CLARK, N. Sport Nutrition Guidebook. Champaign: Human Kinetics. 1997.


FRISANCHO, A.R. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutricional
status. Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press; 1990.
GHORAYEB, N.; BARROS, T.L. O Exercício: Preparação Fisiológica – Avaliação Médica
– Aspectos Especiais e Preventivos. Atheneu. 2001.

- Pág. 56 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

GONZALEZ-GROSS, M. et. al. La Nutrición en la Prática Deportiva: Adaptación de la


Pirámide Nutricional a las Características de la Dieta del Deportista. Archivos
Latinoamericanos de Nutrición. 51(4): 321-331. 2001.

LOPES, A.A.S.M. Futsal metodologia e didática na aprendizagem. SP, Phorte, 2004.

MACARDLE, W. D. KATCH, F. I. KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição


e Desempenho Humano. Guanabara-Kogan. Rio de Janeiro. 2003.
MAFFUCCI, D.M.; MCMURRAY, R.G. Towards Optimizing the Timing of the Pre-exercise
Meal. Int. J. Nutr. Exerc. Metab. 10 (2): 103-113. 2000.

MAUGHAN, R. The Athlete´s Diet: Nutritional Goals and Dietary Strategies. Proc. Nutr.
Soc. 61: 87-96. 2002.

MAUGHAN, R.; GEELSON, M.; GREENHAFF, P. L. Bioquímica do exercício e do


treinamento. SP, Manole, 2000.

OLIVEIRA, E.F.; PACHECO, V.D.S.; NAVARRO, F.; NAVARRO, A.C.


COMPORTAMENTO DA GLICEMIA EM JOGADORES PROFISSIONAIS DURANTE UMA
PARTIDA DE FUTSAL PELA LIGA NACIONAL. Revista Brasileira de Prescrição e
Fisiologia do Exercício. São Paulo, v.2, n.7, p.90-96. Janeiro/Fev. 2008.

PETRIE et. al. Nutritional Concerns for the Child and Adolescent Competitor. Journal of
Nutrition. 20: 620-631. 2004.
Rankin J.W. Efeito da ingestão de carboidratos no desempenho de atletas em exercícios
de alta intensidade. SSE, GSSI, Julho - Setembro, 2001.

SAWKA, M. N.; MONTAIN, S. J. Fluid and Electrolyte Suplemmentation for Exercise Heat
Stress. Am. J. Clin. Nutr. 72(2): 564-572. 2000.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE. Modificações Dietéticas,
Reposição Hídrica, Suplementos Alimentares e Drogas: Comprovação de Ação
Ergogênica e Potenciais Riscos para a Saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte.
9(2): 1-13. 2003.
Willians, Melvin H. Nutrição para a Saúde Condicionamento Físico e Desempenho
Esportivo. SP, Manole, 2002.

- Pág. 57 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE ALONGAMENTO E FLEXIBILIDADE COMO


MÉTODO AUXILIAR NO CONTROLE DE ESTRESSE.

Erick Tadeu do Prado


Graduado em Educação Física
Pós-Graduando em Fisiologia do Exercício e Avaliação Física
Mestrando em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social
Faculdade Presbiteriana Gammom, Campus Lavras, MG.
erickprado@bol.com.br
Wagner Oliveira do Espírito Santo
Graduado em Educação Física
Pós-Graduando em Fisiologia do Exercício e Avaliação Física
Faculdade Presbiteriana Gammom, Campus Lavras, MG.
wagner33oliveira@uol.com.br

Resumo

Trabalho sobre Educação Física que discorre sobre os efeitos benéficos que aulas de
alongamento e flexibilidade promovem como método auxiliar no controle de estresse,
contribuindo para a difusão de uma forma de aplicação da Educação Física que trará
benefícios físicos e mentais. Traz uma pesquisa de campo em que foram aplicados testes
do tipo "antes e depois com dois grupos" com o objetivo de mensurar o nível de estresse
no primeiro momento e após ter submetido os integrantes do grupo experimental a
aplicação das técnicas propostas. Constata que no grupo experimental ocorreu uma
estabilização no nível de estresse ao reduzir as tensões musculares através de um
processo adaptativo, atingindo resultados satisfatórios. Realizou-se, de forma
complementar, uma pesquisa bibliográfica abordando os conceitos de alongamento e
flexibilidade, suas características, técnicas e os benefícios que proporciona, e os
conceitos de estresse e as reações provocadas e influências na vida do indivíduo.
Palavras chaves: alongamento, flexibilidade e estresse.

Abstract

Work on Physical Education that discusses the benefits that classes promote stretching
and flexibility as a method to control stress, contributing to the spread of a form of
implementation of Physical Education which will benefit physically and mentally. Brings a
field in which they were applied tests "before and after the two groups" in order to gauge
the level of stress at first and after obtaining the members of the experimental application
of the proposed techniques. Notes that in the experimental group was a stabilization in the
level of stress by reducing muscle tension through an adaptive process, achieving
satisfactory results. Took place in a complementary manner, a literature search addressing
the concepts of stretching and flexibility, characteristics, techniques and the benefits it
provides and the concepts of stress and reactions to and influences the individual's life.
Keywords: stretch, flexibility and stress.

Introdução
O estresse da vida moderna provoca efeitos físicos, psicológicos e emocionais que se
intensificam a medida que cresce o envolvimento das pessoas nas preocupações diárias
resultantes do desenvolvimento global. Acreditar que o indivíduo tenha de conviver com o
estresse sem lhe fornecer alternativas para aprender a controlá-lo, seria deixar essa
pessoa transformar-se numa "fábrica de tensões", onde quanto mais situações
estressantes se envolvam, maior o nível de estresse e vice-versa. O policial militar

- Pág. 58 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

vivencia diariamente variadas situações que tendem a levá-lo ao estresse, causando


irritação excessiva, insegurança e desatenção. Essas sensações podem provocar
reações físicas tais como, tensão muscular, fadiga e indisposição, que poderão influenciar
em sua vida social, convívio familiar ou desenvolvimento profissional, fazendo com que
caia o nível de excelência das atividades desenvolvidas levando a um descontentamento
dos escalões superiores e da população.Tendo em vista o grande número de pessoas
atingidas por esse fenômeno, e buscando sua redução, foram encontradas as técnicas de
alongamento e flexibilidade que, conforme foi analisado trata-se de eficientes métodos
auxiliares no controle do estresse, existindo a necessidade de elaborar um plano de
trabalho, valendo-se destas técnicas. O presente estudo tem por objetivo verificar se
ocorrerá diferença significativa nos resultados expressos a partir da aplicação dos
exercícios propostos, visa a contribuir para a prática da Educação Física, para o controle
do estresse e saúde geral através de técnicas pouco utilizadas, mas de fácil aplicação.
Com base na pesquisa de campo, serão feitas análises sobre o estresse, fazendo uma
relação com os benefícios que programas específicos de exercícios de alongamento e
flexibilidade podem trazer para a melhora da saúde mental.
Alongamentos
Alongamento é uma extensão do músculo além de seu comprimento em repouso
(BARBANTI, 1994, p.09). Trata-se de uma forma de trabalho que visa a manutenção dos
níveis de flexibilidade obtidos e a realização dos movimentos de amplitude normal com o
mínimo de restrição física possível (DANTAS, 1995 p.65). O alongamento é o caminho
para ter e aumentar a flexibilidade (ANDERSON, 1996, p.25). Ao alongarmos suavemente
um músculo ou tendão com o corpo relaxado e ampliarmos gradativamente a intensidade,
estaremos, durante o tempo que o fizermos, aumentando seu comprimento. Finalmente o
músculo ou tendão voltará à posição anterior, porém mais flexível o que lhe permite
suportar melhor atividades físicas intensas, repentinas e prolongadas.
Flexibilidade
A flexibilidade é definida como a capacidade do organismo em sua estrutura
morfofuncional para realização de grandes amplitudes articulares, que se expressa
intrinsicamente na capacidade de alongamento dos músculos, tendões, ligamentos e
cápsulas articulares (MACÍAS et AL., 2006). É a capacidade de realizar movimentos em
certas articulações com apropriada amplitude de movimento. Ela é um pré-requisito
básico para a execução tecnicamente correta dos movimentos. Também denominada
extensibilidade ou mobilidade articular (BARBANTI 1994, p.129). A flexibilidade é definida
como uma qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de
amplitude angular, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites
morfológicos, sem causar lesão e, para este autor, a mobilidade (grau de liberdade
articular), a elasticidade (estiramento elástico de componentes musculares), a plasticidade
(deformação sofrida por músculos e articulações) e a maleabilidade (modificação das
tensões parciais da pele) representam os componentes da flexibilidade (DANTAS 1995,
p.33). Ao ato de flexionar denominamos flexionamento que é uma forma de trabalho que
visa obter uma melhora da flexibilidade através da viabilização de amplitudes de arcos de
movimento articular superiores às originais (DANTAS, 1995, p.65).
Estresse
O estresse é essencialmente o desgaste causado pela vida, em qualquer momento, sobre
o corpo (SELYE, 1956, p.286). O termo estresse pode ser utilizado em dois sentidos:
tanto para descrever uma situação de muita tensão, quanto para definir a nossa reação a
tal situação. A palavra "estresse" é utilizada neste último sentido, enquanto a palavra
"estressor" é usada para definir o evento que causa o estresse. Estresse é qualquer
situação pela qual o equilíbrio homeostático do corpo é perturbado. Pode ter a forma de
dor, infecção, adversidade, alguma força deteriorante, ou ainda, vários estados anormais
que tendem a perturbar o equilíbrio fisiológico normal do corpo (homeostase)
(BARBANTI,1994, p.115). Estresse é uma reação a algo que confunde, amedronta ou

- Pág. 59 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

emociona a pessoa profundamente. A partir disso, pode-se notar que o referente


estressor não é algo sempre negativo, podendo ser também positivo. O estresse positivo
parece motivar e inspirar. O estresse negativo pode ser agudo (muito intenso, mas que
desaparece rapidamente) ou crônico (não tão intenso, mas que perdura por períodos de
tempo mais prolongados). A ansiedade é considerada uma emoção típica do fenômeno
estresse. Pode ser considerada como uma apreensão deflagrada por uma ameaça a
algum valor que o indivíduo considera essencial para a sua existência como
personalidade, que pode ser tanto à vida física quanto à existência psicológica
(SPIELBERGUER,1981, p.45). A ansiedade pode ser vista também como uma resposta
semelhante ao medo ou a uma tendência a responder com medo a qualquer situação
presente que seja percebida como uma ameaça à auto-estima. Evidências mostram que a
diferença entre o medo e a ansiedade está no fato de que na ansiedade, a ameaça dirige-
se especificamente à auto-estima do indivíduo e não ao seu bem-estar físico
(SPIELBERGER, 1981, p.49). Estressor é qualquer coisa que cause estresse, produzindo
mais ou menos estresse em proporção ao grau de capacidade de produzi-lo (SELYE,
1956, p.74). Como agentes estressores podemos citar, entre inúmeros outros, as
condições culturais e socioeconômicas, a densidade populacional, o desemprego,
casamento e divórcio, traumas, emoções, meio ambiente e exercício físico.
Pesquisa realizada junto ao Hospital da Polícia Militar, revelou que a psiquiatria atendeu,
no ano de 2009, um total de 6.479 Policiais Militares; dos quais, 567 tratavam-se de novos
casos, o que torna a referida clínica a terceira em número de atendimento, ficando atrás
da ortopedia e cardiologia respectivamente, demonstrando um importante quadro de falta
de saúde mental em boa parte da população policial-militar. Segundo GERALDI e
colaboradores (apud RELATÓRIO N.º EEF - 001/03/00, p.02), após pesquisarem 157
policiais militares de áreas administrativas e operacionais da PMESP, abordando a
contribuição da atividade física para redução dos níveis de estresse da tropa, constatou-
se que, dos policiais pesquisados: 10% encontravam-se estressados; 53% encontravam-
se com nível de tensão emocional elevado; e somente 37% apresentavam-se em níveis
emocionais normais. Na mesma pesquisa, GERALDI encontrou significativa relação entre
aumento da tensão emocional à medida que os policiais militares tornavam-se
sedentários.
Segundo LIPP (2000, p.01), em matéria publicada pela Folha de São Paulo em 01 de
agosto de 2000, o índice regular de pessoas com estresse na população, em épocas
normais, é de 32%, podendo chegar a 70% em época de crise. Comparando-se estes
dados, pode-se verificar que na PMESP o percentual de pessoas com estresse encontra-
se acima do chamado "índice regular".
Materiais e métodos
A população avaliada nesta pesquisa de campo constituiu-se de 35 (trinta e cinco)
policiais militares, todos com o 2º grau de instrução completo. Grupo Controle (GC):
composto inicialmente por 18 (dezoito) voluntários do sexo masculino, escolhidos
aleatoriamente para a primeira avaliação, com idade (25 ± 4 anos), sendo que 50% eram
solteiros e 50% eram casados e destes todos tinham filhos. Grupo Experimental (GE):
composto inicialmente por 17 (dezessete) voluntários do sexo masculino, escolhidos
aleatoriamente para a primeira avaliação, com idade (25 ± 4 anos), sendo que 58% eram
solteiros e 52% eram casados e destes todos tinham filhos. Após o consentimento formal
dos participantes foram aplicados no início do trabalho instrumentos de avaliação de
estresse em forma de teste "antes e depois com dois grupos", seguindo o mesmo
protocolo e de forma separada ao GC e ao GE, utilizando-se dois diferentes tipos de
avaliação de nível de estresse: “Inventário de Sintomas de Estresse” (ISE), de Marilda
Emanuel Novaes Lipp (relação com vários sintomas orgânicos relativos às reações que o
indivíduo apresenta quando submetido ao efeitos dos agentes estressores) e “Escala de
Reajustamento Social” (ERS), de Homes-Rahe (escala onde são encontradas 43
situações de vida possíveis de acontecer, e, para cada uma, foram atribuídas pontuações

- Pág. 60 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

de "Unidade de Mudança de Vida"). A partir disso iniciou-se com a prática de Educação


Física com ambos os grupos, desenvolvida três vezes por semana, e com duração de
aproximadamente sessenta minutos, durante dois meses. O GE foi submetido a técnicas
de alongamento e flexibilidade, enquanto que o GC não participou destas aulas.
Figura 1: Alongamento Figura 2: Alongamento

Fonte: Os autores, 2009. Fonte: Os autores, 2009.


Resultados e discussão
Ao iniciar a pesquisa os dois grupos apresentavam características predominantes de
ausência de estresse ou baixo nível de tensão emocional (ambos com mais de 80%),
conforme os resultados obtidos na avaliação inicial:
a) GC: 1. Dados obtidos através do ISE: 83,3% dos sujeitos - ausência de estresse;
16,7% dos sujeitos - presença de estresse: fase de resistência - 11,1% com
manifestações psicológicas e 5,5% com manifestações físicas. 2. Dados obtidos através
da ERS: Leve - 66,7%; Média - 22,2%; Elevada - 11,1%
b) GE: 1. Dados obtidos através do ISE: 88,2% dos sujeitos - ausência de estresse;
11,8% dos sujeitos - presença de estresse: fase de resistência - com manifestações
psicológicas. 2. Dados obtidos através da ERS: Leve - 47,0%; Média - 53,0%

- Pág. 61 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Figura 4: “Inventário de Sintomas de Estresse”

90 70
80
60
70
60 50
50 40
40 Controle Controle
30 30
Experimental Experim ental
20 20
10
10
0
Ausência Presença 0
Estresse Estresse Leve Elevada

Figura 5: “Escala de Reajustamento Social”

Grupo Contrôle Grupo Experimental Grupo Controle Grupo Experimental


0

Ausência de
Elevada
Presença
Estresse
17%
Presença
Estresse
Estresse 11,1 Leve
Ausência de Estresse 12% Leve
Presença de Média Leve

Ausência
Presença de Estresse

Ausência
Estresse 22,2 Leve
66,7
Média Média
53
47 Média
Estresse Estresse Elevada
83% 88%
Elevada

Fonte: Os autores, 2009. Fonte: Os autores, 2009.


Fonte: Os autores, 2009.

Após dois meses de treinamento os dois grupos foram novamente submetidos aos
mesmos testes, obtendo-se os seguintes resultados:
a) GC: 1. Dados obtidos através do ISE: 47,0% dos sujeitos - ausência de estresse;
53,0% dos sujeitos - presença de estresse: fase de resistência - 29,4% com
manifestações psicológicas e 11,8% com manifestações físicas. fase de exaustão -
11,8%. 2. Dados obtidos através da ERS: Leve - 29,4%; Média - 47,1%; Elevada - 23,5%
b) GE: 1. Dados obtidos através do ISE: 88,2% dos sujeitos - ausência de estresse;
11,8% dos sujeitos - presença de estresse: fase de resistência - com manifestações
físicas. 2. Dados obtidos através da ERS: Leve - 58,8%; Média - 29,4%; Elevada - 11,8%

- Pág. 62 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Figura 6: “Inventário de Sintomas de Estresse”

100 60
80 50

60 40
Controle 30 Controle
40
Experim ental 20 Experim ental
20
10
0
Ausência Presença 0
Estresse Estresse Leve Elevada

Figura 7: “Escala de Reajustamento Social”

Grupo Contrôle Grupo Experimental Grupo Controle Grupo Experimental

Elevada Elevada
Presença Leve 11,8
Estresse 29,4
Ausência de Estresse 12% Ausência de Estresse Leve Leve
Presença Ausência 23,5
Estresse Estresse
53% Presença de Estresse Média Leve Média
47% Média
Ausência 29,4 58,8
Estresse Presença de Estresse Elevada Elevada
88%
Média
47,1

Fonte: Os autores, 2009. Fonte: Os autores, 2009.

Análise dos Resultados:


Verifica-se que o grupo controle passou de 16,7% para 53,0% em número de indivíduos
classificados com "presença de estresse", enquanto que no grupo experimental ocorreu
uma pequena variação, onde as manifestações passaram de psicológicas para físicas. A
escala de reajustamento social confirma que a maior parte dos indivíduos do grupo
controle estavam envolvidos em "situações de vida" que de um modo geral, promoviam
um estresse médio e o número de casos com nível elevado de estresse ultrapassou o
dobro em relação a primeira avaliação. Já no grupo experimental, pôde-se verificar que as
"situações de vida" em que a maioria dos indivíduos se envolveu, promoviam um nível
leve de estresse. Houve um aumento significativo do número de indivíduos do grupo
controle com propensão ao estresse em relação a primeira e segunda avaliações,
enquanto que no grupo experimental as alterações foram benéficas, havendo um
aumento do número de indivíduos com menor propensão ao estresse. Ao compararmos
os gráficos, podemos ver facilmente que na primeira avaliação ambos os grupos
encontravam-se em situação muito parecida. Já na segunda avaliação, nota-se que o
grupo controle evoluiu para um quadro de maior estresse, enquanto que no grupo
experimental os valores continuaram os mesmos. Estes gráficos corroboram com a
análise anterior, demonstrando claramente o grande aumento do nível de estresse do
grupo controle e uma gradual diminuição do nível de estresse no grupo experimental,
evidenciando que os indivíduos do grupo controle envolveram-se proporcionalmente mais
em situações que levam ao estresse do que os indivíduos do grupo experimental que por
sua vez, envolveram-se menos em situações estressantes.
Conclusão
A atividade física é um importante meio para minimizar o estresse, atuando diretamente
através de mudanças fisiológicas, cardiorrespiratórias, circulatórias e hormonais,

- Pág. 63 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

desenvolvendo uma melhor adaptação às reações provocadas pelo estresse. Em


particular, a prática de atividades de alongamento e flexibilidade, promovem inúmeros
benefícios, propiciando um bem-estar físico e mental, que se inicia no desenvolvimento da
consciência corporal, passando pela redução da tensão muscular, chegando à prevenção
de lesões. Ao iniciar este trabalho, conheciam-se apenas os conceitos e definições
expressos por vários autores, sendo que, durante a realização da pesquisa de campo e
aplicação efetiva dos métodos e técnicas referenciados, já começou-se a notar algumas
diferenças, mas somente após a conclusão da pesquisa e comparações dos resultados é
que pôde-se ter a certeza de sua eficácia. As diferenças apresentadas entre os grupos
pesquisados levam a crer que os indivíduos que foram submetidos às aulas de
alongamento e flexibilidade, envolveram-se menos em situações estressantes, ou então
passaram a sentir menos os efeitos causados por estas situações, possivelmente
ocorrendo uma adaptação do organismo. Tal evidência salta aos olhos quando
comparado ao grupo controle que não participou das atividades de alongamento e
flexibilidade, onde se verificou um aumento significativo no estresse de seus componentes
e no envolvimento em situações potencialmente estressantes. Aplicar técnicas de
alongamento e flexibilidade, além do baixo custo, tendo em vista não exigir equipamentos
ou instalações especiais, podendo ser realizado em qualquer local, fechado como na
administração ou mesmo ao ar livre no pátio dos Batalhões, mostrou-se muito viável como
método auxiliar no controle do estresse. Uma série básica pode ser realizada diariamente,
15 minutos antes do serviço e 15 minutos ao término do serviço, orientada pelos
monitores e instrutores de Educação Física, presentes nas Organizações Policiais
Militares (OPMs). Com todas as vantagens apontadas e demonstradas neste trabalho,
cremos que difundir estas atividades trará melhoras significativas na corporação como um
todo, justificadas pelo desempenho profissional e convívio social.

Referências
ALTER, Michael J. Alongamento para os esportes. Traduzido por Terezinha Oppido. 2ª
ed. São Paulo: Manole, 1999;
ANDERSON, Bob. Alongue-se. São Paulo: Manole, 1983;
_____; BURKE, Ed; PEARL, Bill. Entrando em forma: programa de exercícios para
homens e mulheres. São Paulo: Summus, 1996;
BARBANTI, Valdir José. Aptidão Física: um convite à saúde. São Paulo: Manole, 1990;
_____. Dicionário de Educação Física e do esporte. São Paulo: Manole, 1994;
BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da língua portuguesa. 11ª ed. Rio de
Janeiro: FENAME, 1980;
DANTAS, Estélio H. M. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Sharpe, 1995;
D'ONÓFRIO, Salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. São Paulo: Atlas, 1999;
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA PMESP. Relatório nº EEF - 001/03/00. Estágio
supervisionado nos gabinetes de instrução. São Paulo, 2000;
LIPP, Marilda. Estresse: como evitar. Revista Saúde Brasil n 5. Obtida via internet:
http://www.saudebrasilnet.com.br/revista_saude/saude5/estresse.asp, Acesso em Março
de 2009;
MACÍAS, Adalberto Collazo; CRUZ, Eduardo Henrique Brosco; GUERRA, Mário Luiz
Maia. Sistema de capacidades físicas: Fundamnetos teóricos, metodológicos e científicos
que sustentam seu desenvolvimento no homem. São Paulo: Ícone editora, 2006;
MC ARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício:
energia, nutrição e desempenho humano. Traduzido por Giuseppe Taranto. 4ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara, 1998;
NIEMAN, David C. Exercício e saúde. Traduzido por Marcos Ikeda. São Paulo: Manole,
1999;
SELYE, Hans. A tensão da vida. São Paulo: IBRASA, 1965;

- Pág. 64 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

SPIELPERGER, C. D. Tensão e ansiedade. São Paulo: Harper & Row, 1981;


WEINECK, J. Manual de treinamento desportivo. 2ª Ed. São Paulo: Manole, 1986;

- Pág. 65 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE ESTABILIZAÇÃO LOMBOPÉLVICA NA


QUALIDADE DE VIDA DE UM INDIVÍDUO PORTADOR DE LOMBALGIA CRÔNICA.

Paulo de Jesus Chaves – Acadêmico do 5º período de Educação Física da Universidade


Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG.
pcsaldanha@hotmail.com.
Pryscila Morais do Nascimento - Acadêmica do 5º período de Educação Física da
Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena –
MG. prymorais@hotmail.com
Simone Mara da Silva – Graduada em Educação Física da Universidade Presidente
Antônio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG.
simarapop29@hotmail.com
Katheleen S. Mello de Azevedo – Graduada em Educação Física da Universidade
Presidente Antônio Carlos – Campus I Magnus – Barbacena – MG.
tetizinha_bq@hotmail.com
Luciana Miranda Lima Teixeira – Acadêmica do 5º período de Educação Física da
Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – campus I Magnus – Barbacena –
MG. lucianamlt@hotmail.com
Claudia Heloisa da Cunha Ávila – Acadêmica do 5º período de Educação Física da
Universidade Presidente Antõnio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena –
MG. claudiaedufisica@hotmail.com
Patrícia Maria de Melo – Fisioterapeuta - Especialista em Cardiorespiratória Avançado II,
CTI, Ventilação Mecânica, Gestão em PSF, Cadeias Musculares e Traumato Ortopédico -
Professora dos cursos de Fisioterapia, Educação Física e Enfermagem, da Universidade
Presidente Antônio Carlos - UNIPAC – Campus I Magnus - Barbacena - MG.
patrícia_melo7@hotmail.com

RESUMO
O objetivo deste trabalho foi analisar os efeitos de um programa de estabilização
lombopélvica em um indivíduo sedentário, portador de lombalgia crônica não específica, e
descrever suas reações fisiológicas e psicológicas, assim como conseguir conscientizar
os pacientes lombálgicos sobre a importância de um programa de exercícios físicos
associados à estabilização lombar, para melhora na qualidade de vida. Para atingir tal
objetivo, foi utilizado um questionário de incapacidade, específico para dor lombar,
questionário Roland-Morris. A intensidade da queixa dolorosa foi avaliada pelas escalas
numérica e visual analógica. Observou-se que o indivíduo que concluiu o programa de
estabilização lombar apresentou melhoras significativas nos domínios para capacidade
funcional, na avaliação pelas escalas numéricas e analógicas da dor e questionário RM.
Não foram observados ganhos estatisticamente significantes nos domínios aspectos
sociais, emocionais e saúde mental.

PALAVRAS-CHAVE: Lombalgia, qualidade de vida, programa de estabilização


lombopélvica

INTRODUÇÃO
A dor na região lombar ou lombalgia vem assumindo na sociedade contemporânea,
proporções de uma verdadeira epidemia, com os conseqüentes custos sociais e
econômicos. A melhor compreensão da fisiopatologia e multiplicidade dos aspectos da
dor crônica, o reconhecimento da incapacidade funcional gerada pela lombalgia e os
custos da exclusão destes pacientes do ciclo produtivo possibilitaram a aplicação de uma
abordagem diagnóstica e terapêutica diferenciada e progressivamente mais complexa e
abrangente. (GREVE 1998)

- Pág. 66 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

As cinco vértebras lombares (L1 a L5) são as mais freqüentemente envolvidas na


lombalgia por suportarem a maioria da pressão do corpo (NIEMAN 1999). Sendo a dor
lombar um importante problema clínico, sócio-econômico e de saúde pública que afeta a
população em geral. A cronicidade da dor lombar pode ser um fator agravante, sendo que
acomete a população em geral, em cerca de 2,4% e 1,7%, respectivamente, para homens
e mulheres. (COSTA et al., 2008)
Programas de exercícios são altamente recomendados para pacientes lombálgicos,à
utilização dos mesmos com uma abordagem postural e funcional com ênfase na melhora
do recrutamento muscular, das estratégias de equilíbrio e do equilíbrio tóraco-abdominal
pode ser eficiente na redução dos níveis de dor, aumentando a capacidade funcional e
consequentemente a qualidade de vida de pacientes com lombalgia. (VILELA 2006)
As intervenções de prevenção mais comumente citadas na literatura são: exercício de
flexão e extensão das costas e de condicionamento geral; educação do paciente sobre a
mecânica lombar e sobre técnicas ergonômicas para prevenir a lesão; e suportes
lombares mecânicos (coletes). O exercício pode fortalecer os músculos lombares e
aumentar a flexibilidade do tronco, prevenindo a lesão e diminuindo sua gravidade;
podendo também aumentar o suporte sanguíneo para os músculos da coluna e
articulações e para os discos intervertebrais, minimizando o risco de lesão e aumentando
a cura natural do corpo e os mecanismos de reparo. Melhorando também o humor ;a
percepção da dor ; o bem-estar psicológico, reduzindo desta forma a fadiga e o estresse.
(FRONTERA et al., 2001)
Dessa forma, o estudo teve como objetivo, verificar os efeitos de um programa de
estabilização lombopélvica em um indivíduo portador de lombalgia crônica, com os
aspectos fisiológicos e psicossociais através do exercício físico associado à qualidade de
vida.

MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo analisou um adulto, do sexo masculino, sedentário, com idade de 25
anos portador de lombalgia crônica não-específica. O indivíduo foi informado
detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e concordou em participar de maneira
voluntária do estudo. O estudo foi realizado durante o período de 08 a 19 de Junho de
2009, e mediante o estudo de campo, somente foi seleto um indivíduo com histórico de
lombalgia crônica não-específica. A pesquisa foi realizada no Município de Barbacena -
MG, na clínica Pró-Fisio, situada na av. Pereira Teixeira, 482 lj 11, Bairro Centro –
Barbacena-MG.
Os instrumentos usados para essa análise incluem avaliação funcional pelo questionário
Roland-Morris (RM), e escalas numéricas e analógicas visuais da intensidade da dor. O
instrumento de avaliação de incapacidade funcional, específico para dor lombar.
È atribuído um ponto a cada frase assinalada, sendo o resultado a somatória desses
pontos. Quanto maior a pontuação final, maior será a incapacidade do indivíduo. A
pontuação mínima é zero e representa nenhum impacto da dor sobre a pessoa, o valor
máximo é 24, indicativo de incapacidade funcional total. Não há direcionamento de
atenção aos aspectos psicossociais englobados na lombalgia (TSUKIMOTO et al.,
2006).Na escala numérica zero é a ausência de dor e dez é a dor insuportável, e
supostamente, a dor leve é de 1 a 3, a moderada de 4 a 6, a forte de 7 a 9.

- Pág. 67 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Procedimentos
O indivíduo selecionado foi submetido a um programa de treinamento dividido em quatro
etapas:
Exercícios de estabilização pélvica: o indivíduo deveria se apoiar sobre uma superfície
firme na altura do seu peito e alternar flexão de pernas estabilizando a região pélvica
nessa posição. O indivíduo foi submetido a 3 séries de 15 repetições com descanso entre
as mesmas de aproximadamente 1 minuto.
Exercício para fortalecimento de multífido: o indivíduo sentado sobre uma bola suíça,
deveria contrair o abdômen e manter a coluna vertebral em uma posição ereta, resistindo
às oscilações executados pelas pesquisadoras contra a bola. O indivíduo foi submetido a
3 séries de 15 repetições com descanso entre as mesmas de aproximadamente 1 minuto.
Exercícios de extensão lombar: o indivíduo deitado em decúbito ventral alterna extensão
de ombro e quadril, enquanto é mantida uma posição neutra da região lombar. O
indivíduo executou 3 séries de 15 repetições com descanso entre as mesmas de
aproximadamente 1 minuto.
Exercício para fortalecimento de transverso: com o indivíduo deitado em decúbito dorsal
coloca-se uma bolsa de ar (Esfigmomanômetro), debaixo da região lombar do corpo do
mesmo. Pede-se para que o indivíduo inspire profundamente contraindo o abdômen o
máximo possível, repetindo o movimento por 10 vezes.
Durante a execução dos exercícios o indivíduo era estimulado verbalmente pelas
pesquisadores, e questionado sobre o algum possível desconforto. As sessões foram
realizadas em dias alternados, sendo três vezes por semana, no período de duas
semanas, totalizando 6 sessões. Ao final das mesmas, o indivíduo respondeu novamente
as escalas de percepção da dor para confirmar o resultado encontrado pelo estudo.

RESULTADO
O paciente apresentou melhoras progressivas nas dores lombares durante as seis
sessões fisioterapeuticas. Durante as sessões os pesquisadores indagaram o paciente a
todo tempo para saber melhor o tipo da dor, e onde aplicar na escala. Na 1ª e 2ª sessão,
o indivíduo relatou dor forte e contínua durante e pós-treinamento, na 3ª e 4ª sessão o
individuo informou uma dor moderada no momento dos exercícios propostos sem
agravamento da mesma. Nas duas últimas sessões (5ª e 6ª), o indivíduo relatou uma
significativa melhora da dor lombar sentindo um leve desconforto.

Escala da dor do paciente Antes da 1ª sessão

10
9 1ª e 2ª sessão - Dor
8 forte e continua -
7 Durante e pós
6 tratamento.
5 3ª e 4ª sessão - Dor
4 Moderada
3
2
1 5ª e 6ª sessão - Dor
0 leve
1

DISCUSSÃO

- Pág. 68 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A partir do treinamento realizado com o individuo percebeu-se uma melhora significativa


em relação as dores lombares do mesmo. Segundo o paciente as dores foram cessando
progressivamente durante as sessões. A qualidade de vida do paciente ficaria
comprometida se não fosse feito a manutenção do tratamento, ocorreria possíveis perdas
dos benefícios alcançados. Para um resultado mais eficaz do tratamento fisioterapeutico
seria necessário avaliar cada paciente de forma individual, a fim de proporcionar uma
reabilitação mais adequada para o mesmo. Para uma maior amplitude de conhecimento,
seria necessário outro estudo para comparação entre programa de alongamento e
estabilização.

CONCLUSÃO
Através dos resultados obtidos foi possível concluir que o aumento da amostra de
pacientes com lombalgia crônica é essencial para saber como as variáveis realmente se
comportam. Pois de acordo com a bibliografia consultada, tanto fatores psicossociais
quanto funcionais, possuem uma forte associação com lombalgia. O desenvolvimento de
um estudo com indivíduos lombálgicos do sexo feminino assim como o aumento do grupo
estudado, é recomendado para melhores resultados. Pois a complexidade do tema
evidenciado por sua abrangência e profundidade, não nos permitiu nesse trabalho buscar
esgota-lo e atingir conclusões mais direcionadas para criar subsídios concretos na
introdução de um programa de exercícios para tratamento e prevenção da lombalgia,
associado às atividades físicas mais comuns e consequentemente a uma significativa
melhora na qualidade de vida.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

COSTA, Gabriela F. et al.Avaliação fisioterápica da lombalgia crônica orgânica e não


orgânica. Revista Coluna, São Paulo, v.7, n.3, p.191-200, jul./set. 2008.

FRONTERA, David M. Dawson; David M. Slovik. Exercício Físico e Reabilitação. São


Paulo:Artmed, 2001.164p.

GREVE. Etiopatogenia das dores lombares crônicas. Revista ... . v. , n. , p. 180-186.


Disponível em: ... Acesso em:...

NIEMAN. Exercícios e Saúde. Edição. Local de publicação (cidade): Editora, data de


publicação.

TSUKIMOTO, Marcelo R. et al.Avaliação longitudinal da Escola de Postura para dor


lombar crônica através da aplicação dos questionários Roland-Morris e Short Form Health
Survey (SF-36). Revista... . v. , n. , p.63-69. Disponível em: ... Acesso em: ...

VILELA. Efeitos de um programa de exercícios baseado em abordagem postural e


funcional sobre a capacidade funcional e qualidade de vida de pacientes com lombalgia
crônica. 2006. 132f. Dissertação (Mestrado em Ciências)- Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, São Paulo.2006.

- Pág. 69 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

O USO DOS RECURSOS AUDIOVISUAIS NA MOTIVAÇÃO DE PACIENTES EM


TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO.

Pryscila Morais do Nascimento - Acadêmica do 5º período de Educação Físisca da


Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena -
MG. prymorais@hotmail.com
Paulo de Jesus Chaves – Acadêmico do 5º período de Educação Física da Universidade
Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG.
pcsaldanha@hotmail.com.
Claudecir de Souza Santana - Graduado em Fisioterapia da Universidade Presidente
Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG. claudecisouzasantana@hotmail.com.
Nayara - Acadêmica do 8º período de Fisioterapia da Universidade Presidente Antônio
Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG. nayara2006_fc@hotmail.com
Luciana Miranda Lima Teixeira – Acadêmica do 5º período de Educação Física da
Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – campus I Magnus – Barbacena –
MG. lucianamlt@hotmail.com
Claudia Heloisa da Cunha Ávila – Acadêmica do 5º período de Educação Física da
Universidade Presidente Antõnio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena –
MG. claudiaedufisica@hotmail.com
Laila Damazio – Fisioterapeuta - Ms. em Neurociência pela UFSJ/pós-graduada em
Fisioterapia Neurológica pela UFMG/Doutoranda em Biologia Celular pela UFV -
Professora dos Cursos de Fisioterapia e Educação Física, da Universidade Presidente
Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá e Campus I Magnus Barbacena – MG.
lailadamazio@yahoo.com.br

RESUMO

A motivação é a força propulsora por trás de todas as ações de um organismo. O objetivo


do estudo é analisar como os recursos audiovisuais podem auxiliar na estimulação e
reabilitação de pacientes em tratamento fisioterapêutico. A amostra constou de 5
pacientes com idade media de 59,6, sendo 3, do gênero masculino e 2, do gênero
feminino. Foi utilizada um escala de motivação para avaliação dos pacientes antes e após
assistirem o vídeo motivador. Os resultados demonstraram que três pacientes
apresentaram 2 níveis de melhora na motivação após o vídeo, um paciente ocorreu
apenas 1 nível e no ultimo 6 níveis de melhora. Foi possível identificar uma melhora
significante nos escores da escala de motivação após o vídeo, sendo que as mulheres
demonstraram mais motivadas que os homens. Conclui-se que os estímulos audiovisuais
podem beneficiar o tratamento fisioterapêutico, melhorando a auto-estima, a motivação e
o bem estar dos pacientes estudados.

PALAVRAS CHAVES: Motivação, recursos audiovisuais, tratamento fisioterapêutico.

INTRODUÇÃO
Quando o ser humano é visto apenas no seu campo físico é chamado de visão
unidimensional, infelizmente, nesse tipo de visão se preocupa apenas com músculos,
tecidos, funções, tempo de recuperação dentre outros fatores. Muitas vezes é esquecido
que o ser humano além do corpo físico possui um corpo espiritual e possui sentimentos
que não deveriam ser colocados em segundo plano. É preciso interrogar um pouco mais,
para que nossa visão do homem evolua, buscando um conhecimento além do campo
físico.1
O presente estudo tenta esclarecer um desses sentimentos ou força que os humanos são
capazes de gerar. Este sentimento deve ser aproveitado para obter melhores resultados

- Pág. 70 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

no campo físico. O sentimento humano da qual é mencionada anteriormente é a


motivação.
Em psicologia, motivação é a força propulsora (desejo) por trás de todas as ações de um
organismo. A motivação depende da interação entre a personalidade e os fatores do meio
ambiente de uma determina pessoa. Na maioria das vezes são buscadas experiências
emocionais positivas evitando as negativas, onde o positivo e o negativo são definidos
pelo estado individual do cérebro, e não por normas sociais. Uma pessoa pode ser
direcionada e motivada até a auto-mutilação ou a violência caso seu cérebro esteja
condicionado a criar uma reação positiva a essas ações. 3
No presente estudo direciona-se essa motivação para uma resposta positiva do paciente
e consequentemente do corpo. Existem várias formas de motivação, mas neste trabalho
será empregada a motivação intrínseca e a extrínseca. A intrínseca é a motivação
pessoal que vem do próprio individuo, sua vontade. Já a extrínseca vem do meio externo,
onde o individuo realiza determinadas funções para ganhar respaldo social, da família, de
amigos, dentre outros. 4
Os seres humanos são motivados pelo sistema de trabalho e recompensa. No caso de
um exercício e um programa de reabilitação fisioterapêutica, à recompensa do paciente é
um ganho de suas funções fisiológicas e biomecânicas o mais rápido possível. 4
Quando o indivíduo está feliz e motivado acredita-se que é capaz de vencer e realizar o
que é lhe for imposto com maior facilidade, seja no trabalho, nos estudos, nos esportes,
nas patologias ou a qualquer situação enfrentada por ele.
Os recursos audiovisuais têm um poder muito grande sobre as pessoas principalmente se
aliado a um ídolo ou ícone de quem esta assistindo o mesmo. Os recursos audiovisuais
também podem nos ajudar no aprendizado já que estudos comprovam que se aprende
11% ouvindo e 40% olhando. 2
O presente estudo se justifica pela falta de atenção da prática fisioterapêutica nos campos
psíquicos e emocionais do ser humano.
A motivação para realização deste estudo surgiu da afinidade pela disciplina de psicologia
e da vontade de propor um método que viesse estimular os pacientes na rotina das
sessões de fisioterapia.
A relevância deste trabalho está no fato de procurar demonstrar como o ser humano deve
ser trabalhado nos aspectos multidimensionais. Demonstrando que os seres humanos
devem ser visualizados em todos os campos, já que além de físico existem os campos
psicológicos, espirituais e emocionais.
O objetivo geral deste trabalho é analisar como os recursos audiovisuais podem auxiliar
na estimulação e reabilitação de pacientes em tratamento fisioterapêutico, como uma
abordagem multidimensional.
Os objetivos específicos constam de investigar como o indivíduo pode ser motivado
através de um vídeo e apontar um tipo de audiovisual para a motivação deste individuo.

MATERIAIS E METODOS
O estudo é do tipo original com delineamento exploratório realizado no Hospital São
Vicente de Paula de Ubá - MG.

Amostra
A amostra constou de 5 pacientes com idade media de 59,6, sendo 3, do gênero
masculino e 2, do gênero feminino. Como critérios de inclusão foram adotados pacientes
em tratamento fisioterapêutico com um número maior ou igual a dez sessões, maiores de
dezoito anos, bom nível cognitivo e sem diagnósticos de alterações psicológicas como,
por exemplo, depressão, escolaridade maior ou a quinta serie do ensino fundamental,
quando do gênero feminino somente mulheres pós-menopausa. Como critério de

- Pág. 71 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

exclusão os menores de dezoito anos, um número inferior a dez sessões de fisioterapia,


pacientes com problemas cognitivos ou diagnósticos positivos alterações psicológicas
como, por exemplo, depressão e escolaridade inferior ao ensino fundamental. Os
pacientes foram escolhidos aleatoriamente.

Instrumentos
Para avaliação do grau de motivação dos pacientes foi utilizada a escala de motivação
personalizada que permite avaliar a disposição do individuo após a realização da
intervenção fisioterapêutica.
A escala de motivação foi criada por Martins3 da Universidade Federal de Santa Catarina
e constam de faces desenhada sendo uma face neutra três faces desmotivadas e três
faces motivadas, (anexo 1).
Os instrumentos utilizados para motivação dos pacientes foi o vídeo clipe motivador, um
note book positivo com processador intel celeron -560, memória de 2Gb, HD 160 GB,
gravado de dvd e cd, caixa de som e câmera integrada.

Procedimentos
Foi aplicada a escala de motivação antes e depois do paciente assistir o vídeo, antes da
sessão de fisioterapia. O vídeo teve duração de 4 min e 20seg para avaliar os efeitos da
motivação.
O vídeo de motivação constou de um depoimento multidisciplinar sobre a lesão do
Ronaldo “fenômeno” e sua eficiente recuperação e superação da lesão ligamentar no
joelho. O vídeo é motivador no aspecto de incentivar o paciente á recuperação após uma
lesão ou patologia complicada. O vídeo foi criado pela (A.B.A) associação brasileira de
anunciantes e adaptado a uma apresentação de slides criado por Claudecir de Souza
Santana.

Analise estatística
Para analise dos dados foi utilizada uma analise descritiva do nível de motivação dos
pacientes antes e após intervenção fisioterapêutica.
Na análise estatística das médias da escala de motivação pelo teste t-student pareado,
observou-se um t-calculado de 2,98 e t-tabelado de 2,78, com 5% de significância e 4
graus de liberdade.

RESULTADOS
É possível identificar os escores da escala de motivação antes e depois do vídeo. Onde
em três pacientes foi identificado 2 níveis de melhora, na motivação após o vídeo, em um
paciente ocorreu apenas 1 nível e no ultimo paciente apresentou 6 níveis de melhora da
motivação após o vídeo (gráfico 1). Através da análise estatística da escala de motivação
pelo teste t-student pareado o t-calculado foi de 2,98 e o t-tabelado de 2,78, com 5% de
significância e 4 graus de liberdade.

- Pág. 72 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Dados da e scala de motiv açao dos


pacie nte s av aliados

8
7
6 paciente
antes do
5
escores

video
paciente
4
depois do
3 video

2
1
0
1- 2- 3- 4- 5-
av- av - av - av - av -
dv dv dv dv dv
pacientes antes e depois
do video

Gráfico 1 – Dados da escala de motivação antes e após assistirem o vídeo.

A análise da média do escore de motivação dos homens e das mulheres demonstrou que
as mulheres apresentaram uma média de 4 níveis de melhora da motivação , enquanto os
homens apresentaram uma média de 1,6, demonstrada no gráfico 2.

Escore antes e depois dividido


por gêneros

25

20
escores de motivação

homens e
15 mulhes antes

homens e
10 mulheres
depois
5

0
1 2
1-home m x 2-mulhe r

Gráfico 2 – Dados da escala de motivação antes e após os pacientes do gênero feminino


e masculino assistirem o vídeo motivador.

DISCUSSÃO

Através da análise dos resultados foi possível identificar uma melhora significante da
motivação nos pacientes estudados. Onde o t-calculado de 2,98 é maior que o t-tabelado
de 2,78 da análise do teste t-student pareado. A motivação e os estados de ânimos são
processos psicológicos importantes e relevantes no tratamento e treinamento de
indivíduos onde os mesmos promovem atenção, percepção, memória e controle
emocional durante a atividade desempenhada. 11
Os resultados demonstraram que as mulheres apresentaram melhoras mais significantes
da motivação em relação aos homens. As mulheres elevaram sua motivação em 4 níveis
e os homens em apenas 1,6. Estes dados estão de acordo com brody e hall 13 onde os
mesmos identificaram que as mulheres expressam mais emoções e são mais afetuosas
que os homens.
Desta forma, vale ressaltar que o conhecimento acerca dos aspectos psicológicos é
escasso e que é de extrema importância o conhecimento a respeito deste conteúdo, pois

- Pág. 73 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

a preparação física e psicológica são fatores importantes e juntos oferecem condições de


alcançar os resultados almejados no tratamento e treinamento dos indivíduos. 10

CONCLUSÃO
Conclui-se que os estímulos audiovisuais podem beneficiar o tratamento fisioterapêutico,
melhorando a auto-estima, a motivação e o bem estar dos pacientes estudados.
Recomenda-se a realização deste estudo com uma amostra maior, com outros vídeos de
motivação e maior tempo de duração da pesquisa para concretização dos resultados.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

1. LELOUP,Jean-yves. Terapeutas do deserto. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

2. CREMA, Roberto E. Antigos e novos terapeutas - Uma abordagem transdiciplinar em


terapia. 2 ed. Petrópolis:Vozes, 2000.

3. LUKAS, Elizabeth. Prevenção psicológica. Petrópolis: Vozes, São Leopoldo: Vozes,


1992

4. SAMULSK, Dietmar. Psicologia do esporte. 1 ed. São Paulo: Manole, 2002.

5. FRANKEL,Viktor E. Em busca de sentido. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

6. MARTINS, Caroline de O; DUARTE, Maria de Fátima da S. Revista brasileira de


atividade física e saúde, vol.2, n. 04, p.05-16, 1997.

7. XAUSA, Isar A. de M. A psicologia do sentido da vida. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

8. LELOUP, Jean-yves. O corpo e seus símbolos. Petrópolis: Vozes, 2003.

9. IAZZETA, Fernando. O que é a musica hoje. Fórum catarinense de musico terapia,


Florianópolis 31 de ago. e 01 de set.,2001.

10. M. B. Filho, D. R. Coimbra, S.S. Gomes,F.Carvalho,.....Importância da Psicologia do


Esporte para Treinadores.Revista Conexões, Campinas, v.6, n. especial,2008-ISSN:1516-
4381

11. Noce F. & Samulski, D. (2002b). Análise do stress psíquico em atacantes no voleibol
de alto nível. Revista paulista de Educação Física, 16, 113-129.

12. Briton, N. J. & Hall, J. A. (1995), Gender-Based Expectancies and Observer


Judgements of Smiling, Journal of Nonverrbal Behavior, 19, 49-65.

13. Brody, L. R. & Hall, J. (1993), Gender and emotion. In M. Lewis & J> Haviland ( Eds,),
Hndbook of emotion (pp. 447-460), New York: Guiford Press.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DEPRESSÃO EM PACIENTES COM


FIBROMILAGIA

- Pág. 74 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Mariana de Fátima Miguel1


Marília Rodrigues Gabriel1
Angela Maria Paiva Magri1
minasangel@yahoo.com.br
Karla Célia Izidoro1
Aracelly Marques Barbosa1
Miriangrei Letieri 2
mirianminas@hotmail.com
Carolina Baeta de Andrade Nogueira e Silva2
1
Acadêmicos do Curso de Fisioterapia do UNIFEG, Guaxupé, MG
2
Docentes do Curso de Fisioterapia do UNIFEG, Guaxupé, MG

Resumo
A fibromialgia é uma síndrome reumática de etiologia desconhecida, caracterizada por dor
musculoesquelética difusa que acomete mais mulheres, causando limitações à
capacidade funcional podendo interferir na qualidade de vida. O objetivo do presente
trabalho foi avaliar a qualidade de vida e depressão em pacientes com fibromialgia.
Participaram desse estudo oito pacientes que foram avaliados com a utilização de uma
ficha pré-elaborada contendo Escala Analógica Visual da Dor (EVA), Questionário sobre o
Impacto da Fibromialgia (FIQ), o Medical Outcome Short Form Health Survey (SF-36)
para medir a qualidade de vida e o Inventário de Depressão de Beck. Pode-se observar a
partir do SF-36 que os pacientes mantêm uma qualidade de vida de regular a boa, não
atingindo a excelência, com uma média de 79,125 pontos. Na Escala do Inventário de
Depressão de Beck os pacientes apresentaram uma média de 28,625, que corresponde a
uma depressão de moderada a grave.
Palavras-chave: fibromialgia, qualidade de vida, depressão.

Introdução

A fibromialgia (FM) é uma síndrome reumática de etiologia desconhecida, caracterizada


por dor musculoesquelética difusa e crônica há pelo menos três meses e pela presença
de dor em 11 ou mais dos 18 sítios dolorosos à palpação (tender points) (BRESSAN et
al., 2008; SALTARELI, 2008; MARTINEZ, 1999). Dentre os sintomas associados à
síndrome podem estar presentes fadiga, depressão, ansiedade, distúrbios do sono e
rigidez matinal. Afeta oito vezes mais mulheres do que homens, causando um impacto
negativo na qualidade de vida e atividades de vida diária dos seus portadores
(CAVALCANTE et al., 2006; MARTINEZ, 1999; MARQUES et al., 2002).
A utilização de questionários de avaliação da qualidade de vida tem sido reconhecida
como uma importante área do conhecimento científico no campo da saúde, uma vez que
permite uma avaliação mais objetiva de sintomas tão subjetivos, como dor, ansiedade,
depressão, entre outros. Na prática clínica, esses podem identificar as necessidades dos
pacientes e avaliar (estimar, calcular, dimensionar) a efetividade da intervenção. Um
instrumento para avaliação da qualidade de vida específico para FM é o Fibromyalgia
Impact Questionnaire (FIQ). Este questionário envolve questões relacionadas à
capacidade funcional, situação profissional, distúrbios psicológicos e sintomas físicos
(MARQUES et al., 2006). Os instrumentos genéricos foram desenvolvidos com o objetivo
de estudar a qualidade de vida de indivíduos com qualquer patologia, ou mesmo de
indivíduos saudáveis (SANTOS et al., 2006). O Medical Outcomes Study 36-item Short-
Form Health Survey (SF-36) é um questionário composto de 11 campos de avaliação,
abordando fatores físicos e psicológicos das últimas quatro semanas anteriores à
aplicação. (CICONELLI, 1997)

- Pág. 75 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Vários estudos têm utilizado o Inventário de Depressão de Beck para avaliar efeitos do
tratamento em pacientes com fibromialgia por ser o instrumento mais sensível para avaliá-
la. (SANTOS et al., 2006).
Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida, o grau de dor dos tender
points e o quadro depressivo dos pacientes afetados pela fibromialgia.

Materiais e métodos

O estudo foi realizado na clínica de fisioterapia Maria de Almeida Santos do Centro


Universitário da Fundação Educacional Guaxupé. Foram selecionados pacientes com
encaminhamento médico e diagnóstico clínico de fibromialgia. Os pacientes foram
avaliados por uma ficha pré-elaborada, composta pela Escala Analógica Visual da Dor
(EVA) com pontuação de 0 a 10, onde 0 é sem dor e 10 a pior dor possível e um
mapeamento corpóreo para contagem dos pontos dolorosos mediante palpação. Também
foi empregado o Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ), protocolo que envolve
perguntas relacionadas também a capacidade funcional, porém com acréscimo de tópicos
relacionados a situações profissionais, distúrbios psicológicos e sintomas físicos. O FIQ é
composto de 19 perguntas organizadas em 10 ítens, quanto maior o escore maior o
impacto da fibromialgia na qualidade de vida.
A avaliação foi finalizada com o questionário SF-36 que é um questionário genérico
de avaliação de qualidade de vida de “Medical Outcome Surgery 36 Item Short-form
Study” composto de 11 campos de avaliação, abordando fatores físicos e psicológicos
das últimas quatro semanas anteriores à aplicação abordando a saúde de uma maneira
geral, comparação com a idade há um ano, dificuldade para realizar determinadas tarefas,
e enfatizando se a saúde física e/ou problemas emocionais interferem no trabalho, na
atividade regular diária, no convívio social com a família, vizinho, parentes, quanto de dor
sentiu no corpo, o quanto esta dor interferiu no seu trabalho normal, como se sente e com
que freqüência tudo tem acontecido e o quanto é verdadeiro ou falso algumas afirmações.
O cálculo dos escores do questionário é dado por dois momentos, no primeiro momento
ocorre a ponderação dos dados e no segundo momento o valor das questões anteriores é
transformado em notas de oito domínios (capacidade funcional, limitação por aspectos
físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e
saúde mental), que variam de 0 a 100, no qual 0 é o pior estado e 100 o melhor. E o
Inventário de Depressão de Beck que consiste de 21 itens com escala que varia de 0 a 3.
Estes itens consistem em sentimentos de tristeza, pessimismo, sensação de fracasso,
falta de satisfação, sensação de culpa e punição, auto-acusação, idéias suicidas,
irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o
trabalho, distúrbios de sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso, preocupação
somática e diminuição de libido. A escala de ponderação define que: menor que 10 (sem
depressão ou depressão mínima); 10 a 18 (depressão de leve a moderada); 19 a 29
(depressão de moderada a grave); 30 a 63 (depressão grave). A escala tem objetivo
exclusivo de avaliar a intensidade da depressão de pacientes com diagnóstico
psiquiátrico. No entanto, vem sendo empregado em pacientes com dor aguda e crônica.
(DI BENEDETTO & VINHAS & MAGALHAES, 1998).

- Pág. 76 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Resultados

O estudo foi composto por 8 pacientes, sendo 7 do sexo feminino e 1 do sexo masculino,
com idade entre 38 e 68 anos.
Na avaliação inicial dos pontos dolorosos através da palpação e escala analógica visual
da dor, os pacientes apresentaram queixa em todos os pontos de dor, sendo os de maior
prevalência o grande trocanter, seguido de trapézio, segunda costela, epicôndilo lateral e
joelho demonstrado no gráfico 1.

Gráfico 1 – Dados da Escala Analógica Visual da Dor (EVA). Guaxupé - MG, 2010.

Na avaliação da qualidade de vida conforme o Medical Outcome Surgery 36 Item Short-


form Study (SF-36), o escore mais baixo foi de 59,4 e mais alto foi 104 pontos conforme
gráfico 2, a média de pontuação foi de 79,125, sendo que quanto mais baixo a pontuação
pior a qualidade de vida. (MARTINEZ, 1999)

Gráfico 2 – Apresentação dos dados do SF-36. Guaxupé, 2010.

Com relação ao impacto da fibromialgia na qualidade de vida dos pacientes avaliados


pelo Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ) a média de pontuação foi de 79 pontos,
sendo que o paciente o escore mais baixo foi de 52,99 pontos e o mais alto de 93,82
como observado no gráfico 3.

- Pág. 77 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Gráfico-3 – Apresentação dos dados do FIQ. Guaxupé, 2010.

O gráfico 4 apresenta os resultados da avaliação do Inventário de Depressão de Beck. O


paciente 6 demonstrou 46 pontos (depressão grave), enquanto o paciente 5 obteve a
menor pontuação, 11 pontos (depressão leve a moderada). A média da avaliação foi de
28,625.

Gráfico- 4 – Apresentação dos dados do BECK. Guaxupé, 2010.

Discussão

A complexidade e a subjetividade da dor dificultam sua avaliação precisa e justifica a


utilização de técnicas como questionários verbais, escala de categoria numérica, escala
analógica visual e índices não-verbais para avaliar a dor.
No presente estudo a escala visual analógica de dor demonstrou que os pontos de maior
prevalência de dor foram trocanter maior, segunda costela, epicôndilo lateral e joelho.
Todos os pacientes referiram dor à palpação dos tender points, dados encontrados por
Ferreira et al. (2002), que em seu estudo relatou que dos 32 pacientes com fibromialgia,
todos relataram dor mesmo quando submetidos à menor pressão nos pontos.
Santos et al. (2006) descrevem que o FIQ é um instrumento que tem sido usado
freqüentemente em estudos clínicos para avaliar a função física e o impacto da
fibromialgia na qualidade de vida de pacientes e para medir a eficácia de intervenções
terapêuticas, dentre elas a fisioterapia. Neste estudo foi observado um alto impacto na
qualidade de vida da maioria dos pacientes avaliados através do FIQ já que o valor médio

- Pág. 78 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

foi de 79 pontos o que, de acordo com BURCKHARDT et al. (1991), considera casos
severos aqueles que apresentam valores acima de 70 pontos.
De acordo com Sarzi-Puttini et al. (2004) a SF-36 é um instrumento que possibilita medir
estados de saúde e resultados do ponto de vista do paciente, sendo esta traduzida em
diversos idiomas. Os resultados da SF-36 obtiveram pontuação média de 79,125 e de
acordo com Martinez et al, (1999), quanto mais baixo a pontuação pior a qualidade de
vida. Ainda no estudo comparativo de Martinez et al. (1999), entre pacientes
fibromiálgicos e indivíduos sadios realizado notou-se que a fibromialgia causa um impacto
negativo importante na qualidade de vida dos indivíduos.
Na Escala do Inventário de depressão de Beck apenas 2 pacientes apresentaram
depressão leve a moderada, 2 apresentaram depressão moderada a grave e o restante
depressão grave, dados também encontrados no estudo de Di Benetto et al. (1998) e
relatado no estudo de Santos et al. (2006).

Conclusão
O estudo em questão torna a corroborar que a FM afeta com maior predominância o sexo
feminino, dentre os pacientes 87,5% eram do sexo feminino e somente 12,5% do sexo
masculino. E pode-se observar que estes pacientes, tanto do sexo feminino quanto do
sexo masculino, têm uma qualidade de vida prejudicada devido a síndrome, no qual, os
níveis de qualidade de vida variaram de regular a bom, não atingindo a excelência.
Destacando que a FM ocasiona um grande impacto na vida destes indivíduos levando a
quadros de depressão de moderado a grave.

Referências

BRESSAN, L. R. et al. Efeitos do alongamento muscular e condicionamento físico no


tratamento fisioterápico de pacientes com fibromialgia. Revista Brasileira de Fisioterapia,
v.12, n. 2, p. 88-93, mar/abr, 2008.

BURCKHARDT, C. S., CLARK, S. R., BENNETT, R. M. The Fibromyalgia impact


questionnaire: development and validation. Journal of Rheumatology, v. 18, n. 5, p. 728-
33, 1991.

CAVALCANTE, A. B. et al. A prevalência de fibromialgia: uma revisão de literatura.


Revista Brasileira de Reumatologia, v. 46, n. 1, p. 40-48, jan/fev, 2006.

CICONELLI, R. M. et al. Tradução para língua português e validação do questionário


genérico de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Revista Brasileira de Reumatologia,
v. 39, n. 3, p. 143-150, 1999.

DI BENEDETTO, L.; VINHAS, R.; MAGALHÃES, L.. Avaliação da qualidade de vida de


pacientes com fibromialgia após dois meses de hidroterapia. 1998. 4f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) - Universidade Cidade São Paulo,
1998.
ESTEVE-VIVES, J. et al. Propuesta de uma version de consenso del Fibromyalgia Impact
Questionnaire (FIQ) para la población española. Reumatologia Clínica, v. 3, n. 1, p. 21-24,
janeiro, 2007.

FERREIRA, E. A. G. et al. Avaliação da dor e estresse em pacientes com fibromialgia.


Revista Brasileira de Reumatologia, v. 42, n. 2, p. 104-110, 2002.

- Pág. 79 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

GANDINI, R. de C. et al. Inventário de depressão de Beck – BDI: validação fatorial para


mulheres com câncer. Revista de Psicologia USP, v. 12, n. 1, p. 23-31, jan/jun, 2007.

MARTINEZ, J. E. et al. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com fibromialgia


através do Medical Outcome Survey 36 Item Short-form Study. Revista Brasileira de
Reumatologia, v. 39, n. 6, p. 312-316, 1999.

MARQUES, A. P. et al. A fisioterapia no tratamento de pacientes com fibromialgia uma


revisão da literatura. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 42, n. 1, p. 42-48, jan/fev,
2002.

SALTARELI, S. et al. Avaliação de aspectos quantitativos e qualitativos da dor na


fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 48, n. 3, p. 151-156, maio/jun, 2008.

SANTOS, A. M. B. et al. Depressão e qualidade de vida em pacientes com fibromialgia.


Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 10, n. 3, p. 317-324, jul/set, 2006.

SARZI-PUTTINI, P. et al. The Italian version of the Fibrofatigue Scale, a reliable toot for
the evaluation of fibromyalgia symptoms. Journal of Psychosomatic Research, v. 56, p.
213-216, 2004.

- Pág. 80 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

PERFIL ANTROPOMÉTRICO E A APTIDÃO FÍSICA DOS POLICIAIS MILITARES DO


ESTADO DE SÃO PAULO

Luiz Fernando de Lima Paulo


Pós Graduando em Fisiologia do Exercício e Avaliação Física
FAGAMMON/ENAF
e-mail: thornando@yahoo.com.br

RESUMO
Analisou-se a antropometria e a aptidão física de 138 policiais militares do 42º BPM/M.
Em 2008, o 42º BPM/M apresentou 57,2% de Policiais com o IMC acima dos padrões
normais, de acordo com a OMS. Há um grande número de Policiais com sobrepeso e
obesos, principalmente entre os que desempenham serviços operacionais. Analisadas a
freqüência com que realizam exercícios físicos, chegou-se ao índice de 98% de
sedentários, segundo as orientações do American College Sports of Medicine. Os Testes
de Aptidão Física realizados no ano de 2007 foram analisados e observou-se que 72,4%
dos policiais realizaram os testes, sendo 29,7% destes foram reprovados. Dos
reprovados, 85% pertenciam ao serviço operacional e, desse total, 93% apresentavam
sobrepeso ou obesidade. Concluiu-se que há necessidade de incentivo a prática regular
de exercícios físicos, para manutenção da saúde e melhora da aptidão física, em
decorrência das peculiaridades da função Policial Militar.

Palavras-chave: Aptidão Física. Policiais Militares. Sobrepeso e Obesidade.

INTRODUÇÃO
O policiamento ou patrulhamento, em particular, tem sido considerado uma das atividades
profissionais mais estressantes. Brown e Campbell (1990) e Brown e Fielding (1993)
citam como exemplos de agentes estressores associados ao policiamento: a organização
complexa e burocrática da estrutura organizacional dos departamentos de polícia; a
pequena comunicação entre divisões; a rigidez de política e procedimentos e a
sobrecarga de trabalho.
Sardinas et al. (1986) acreditam a mortalidade de bombeiros e de policiais seja maior que
a encontrada em outros grupos de trabalhadores, dada à exposição daqueles a fatores de
risco que incluem condições locais únicas, variações no tempo e, a mais importante, o
comprometimento de sua saúde diante do desgaste profissional.
Esses pesquisadores compararam as mortes por isquemia cardíaca entre policiais e
bombeiros às da população masculina de Connecticut, EUA, pesquisando certidões de
óbitos, durante o período de 1960 a 1978, e encontraram índices de mortalidade de
policiais e de bombeiros maiores que os encontrados em outros trabalhadores.
A literatura médica até recentemente não apresentava dados epidemiológicos
consistentes a respeito do impacto da atividade física sobre a saúde. Em 1995, Blair e
colaboradores publicaram um estudo no qual realizaram o acompanhamento de 8.900
mulheres por 10 anos. Estes autores demonstraram que o fator mais relevante na
mortalidade geral foi a baixa aptidão física, superando todos os demais principais fatores
de risco, inclusive o tabagismo. Os benefícios da atividade física têm sido comprovados
em ambos os sexos (Leitão et al., 2000).
A saúde e a qualidade de vida do homem podem ser preservadas e aprimoradas pela
prática regular de atividade física. O sedentarismo é condição indesejável e representa
risco para a saúde e redução na qualidade de vida e, conseqüentemente, nos serviços
prestados pelos trabalhadores (Carvalho et al., 1996).
O serviço policial constitui importante instrumento do Estado na preservação da Ordem
Pública e faz parte de uma categoria considerada estressante e desgastante para o

- Pág. 81 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

indivíduo que o exerce. É uma profissão que trata com fatores de risco e envolve as
capacidades físicas e psicológicas, fatores estes que, se a pessoa não possuir o mínimo
de preparo no âmbito de corpo e mente, pode trazer sérias complicações tanto no
desempenho funcional quanto no pessoal. E é neste ponto que a atividade física entra
para desempenhar um papel fundamental visando trazer resultados reais e visíveis
(Ferreira, 2005).
Dessa forma, a Polícia Militar do Estado de São Paulo instituiu o Teste de Aptidão Física
(TAF). Este exame é composto por testes físicos destinados a selecionar candidatos para
ingresso na PMESP, avaliar a aptidão física de policiais militares para freqüentarem
cursos ou estágios dentro ou fora da PMESP, e ainda avaliar o nível de condicionamento
físico do contingente policial-militar anualmente (PMESP, 2002).
MATERIAIS e MÉTODOS
Um questionário de anamnese foi aplicado a 138 Policiais Militares do Estado de São
Paulo, de ambos os sexos, com idade média de 29 anos, pertencentes ao efetivo do 42º
Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, situado na cidade de Osasco/SP. Estes Policiais
desempenhavam funções administrativas e operacionais nos períodos diurno e noturno.
Os dados foram colhidos no período do dia 15 a 26 de dezembro de 2008.
Foram analisados ainda os Testes de Aptidão Física aplicados pela Corporação no ano
de 2007, especificamente dos 138 analisados. Os testes são padronizados pelo Programa
Padrão de Treinamento nº4, normatizado e publicado no Boletim Geral 143/2002, da
Polícia Militar do Estado de São Paulo.
O teste leva em consideração, o sexo e a idade dos avaliados, bem como condições
iniciais de saúde, ou seja, caso o avaliado apresente lesões em membros superiores ou
inferiores, um Teste de Aptidão Física diferenciado poderá ser aplicado. No presente
trabalho analisou-se apenas aqueles que realizaram os testes convencionais que devem
ser aplicados anualmente ao efetivo da Corporação, intitulado de Teste de Aptidão Física
3 (TAF-3), composto por apoio sobre o solo (Policiais com 36 anos ou mais e Policiais do
sexo feminino), barra fixa (abaixo de 36 anos), abdominal remador, corrida de 50 metros e
corrida de 12 minutos.

RESULTADOS
Abaixo a análise dos Policiais Militares de acordo com a função exercida:

Baseado no perfil dos avaliados, o Índice de Massa Corpórea é um índice com grande
validade, pois os policiais não se enquadram no perfil de atletas ou pessoas com uma
grande quantidade de massa muscular ou ainda crianças e adolescentes (Lima, 2004).

- Pág. 82 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Verificou-se a prática de exercícios físicos por parte dos Policiais Militares.

As Tabelas 1 e 2 demonstram os dados obtidos nos Testes de Aptidão Física dos


avaliados.

Tabela 1: Análise dos Policiais Militares avaliados de acordo com a função predominante
e a realização ou não do TAF

- Pág. 83 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

TAF Administrativo Operacional TOTAL

Realizaram 28 (28%) 72 (72%) 100 (72,46%)


Não realizaram 08 (21,05%) 30(78,94%) 38 (27,53%)

Tabela 2: Análise da aptidão física e do IMC dos avaliados


Avaliação Avaliados IMC-média

Aptos 70 23,73

Inaptos 30 28,67
DISCUSSÃO
Os questionários de avaliação foram aplicados propositalmente em sua grande maioria
em Policiais Militares que desempenham funções operacionais, visando a uma análise
detalhada do perfil do Policial Militar que atende constantemente à comunidade de
Osasco.
Nota-se que o Índice de Massa Corpórea dos avaliados encontra-se com um número
excessivo de Policiais Militares em condições acima das estabelecidas como normais, de
acordo com a tabela de classificação da Organização Mundial de Saúde, pois apenas
42,75% dos avaliados encontram-se dentro dos padrões normais de classificação.
Estudo realizado pelo Ministério da Saúde (2009) observou que os brasileiros estão mais
obesos. Através do IMC, o Ministério da Saúde verificou que na média, os brasileiros
estão com IMC médio de 24,7 para mulheres e 24,6 para homens (Pinho, 2009).
A pesquisa aponta ainda que, em 1974, o IMC médio da população brasileira era de 22,4
para homens e 23,1 para mulheres. Diante disso, o Ministério da Saúde conclui que o
país está diante de uma grande mudança no perfil antropométrico da população, em
decorrência da má alimentação e das práticas de exercícios físicos cada vez menores
(Pinho, 2009).
Existem diversos estudos apontando elevados índices de morbi-mortalidade por doenças
circulatórias entre policiais. Williams et al. (1987), estudando policiais da cidade de
Omaha, Nebraska, nos EUA, notaram um elevado número de policiais com fatores de
risco para doenças circulatórias. Dos 171 policiais masculinos pesquisados, 76% eram
hipercolesterolêmicos, 16% hipertensos, 22% tabagistas, 60% apresentaram obesidade
ou sobrepeso e 26% apresentavam excesso de triglicérides no sangue.
Um fator também relevante na análise dos dados obtidos é o número exorbitante de
Policiais Militares obesos, principalmente entre aqueles que desempenham funções
operacionais. Assim, dentre os 57,25% dos Policias Militares com o IMC acima do
recomendado pela OMS, temos 56,90% com sobrepeso e 49,10% de obesos. Desse
valor, pertencem ao serviço operacional 80% daqueles que apresentam sobrepeso e
64,1% dos obesos, tendo como média 77,2% de Policiais Militares acima dos padrões
normais executando funções exclusivamente operacionais.
Merino et al. (2005), analisando o Índice de Massa Corpórea de Policiais Militares
paulistas, apuraram que, dentre os 523 do sexo masculino, 59,3% estavam com peso
acima do normal e 14,5% eram obesos. Já dentre os 222 do sexo feminino, 41,0%
estavam com peso acima do normal e 15,3% eram obesos.
Merino e Roldan (2002) estudaram a ocorrência de dislipidemia em 45 Tenentes Coronéis
e Majores da PMESP que freqüentaram o Curso Superior de Polícia entre 2000 e 2001, e
verificaram a prevalência de 34,9% em hipercolesterolemia, 31,7% em alta concentração
de LDL e 20,9% em hipertrigliceridemia nos pesquisados.

- Pág. 84 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

É válido ressaltar que dentre os avaliados, dos 38 Policiais Militares que não realizaram
os testes de aptidão física no ano de 2007, 19 não o fizeram por não terem realizado a
inspeção anual de saúde e 19 por apresentarem lesões diversas, destacando-se
principalmente dores nos joelhos e coluna.
Sabe-se da obrigatoriedade da realização dos exames anuais. Os Policiais Militares que
não realizam os exames anuais correm sérios riscos de serem possuidores de doenças
silenciosas como hipertensão arterial, hipercolesterolemia, LDL elevado, dentre outras
doenças.
Outro fator de grande importância avaliado foi a prática regular de exercícios físicos. No
questionário aplicado verificou-se que 49% dos Policiais Militares não realizam nenhum
tipo de exercício físico.
Segundo pesquisa do Ministério da Saúde (2009), 29,2% dos adultos das capitais não
realizavam nenhuma atividade física nos três meses anteriores (Pinho, 2009).
Dessa forma, analisando-se os índices gerais e dos Policiais Militares, verifica-se que o
índice de sedentários entre os Policiais Militares está com níveis acima daqueles
representados pela população geral de todo o país.
Os governos, em seus diferentes níveis, as instituições profissionais e científicas e os
meios de comunicação devem considerar o sedentarismo como um problema endêmico
de saúde pública, divulgando esse tipo de informação e implementando programas para a
prática orientada de exercício físico (Leitão et al., 2000).
De acordo com os dados apresentados anteriormente, dos 138 avaliados, 100 realizaram
os Testes de Aptidão Física, sendo que 70% destes obtiveram a nota mínima para serem
considerados aptos.
Dentre os 30% que não obtiveram a nota mínima no TAF, 93% apresentavam IMC acima
do normal. Desta maneira, estes Policiais avaliados enquadram-se dentro da classificação
de sobrepeso e obesidade. O IMC médio desse grupo foi de 28,67. Isso demonstra que
diversos Policiais Militares inaptos estão com uma média próxima da classificação de
obesos.
Diante de tais informações verificou-se o IMC dos aptos no TAF, chegando-se a uma
média de 23,73.
Analisando-se individualmente o IMC dos aptos, contatou-se que há um percentual
significativo de Policiais Militares com sobrepeso. Dos 70 Policiais Militares aptos, 20
(28,57%) estão classificados como apresentando sobrepeso. Porém, nota-se que o IMC
desses avaliados está próximo aos padrões normais, ou seja, com uma média próxima de
24,9.
No grupo, observou-se ainda que dois Policiais Militares considerados obesos pela
classificação dada pelo IMC estavam entre os aptos. Nota-se que tal número representa
apenas 2,85%, sendo um número não significativo estatisticamente.
Sardinas et al. (1986) acreditam que bombeiros e policiais são saudáveis quando
comparados com a população geral e com a maioria de outras ocupações, como
resultado da seleção no recrutamento, da efetivação no trabalho e da aposentadoria.
Por outro lado, Pollock et al. (1978) contrapõem-se à tese de Sardinas et al. (1986), uma
vez que, em sua pesquisa com 50 policiais sadios, que apresentavam idade entre 36 e 52
anos, e trabalhavam na região de Dallas, nos EUA, apresentaram piores resultados do
que a população de sedentários residentes na mesma região quanto à aptidão
cardiovascular, à capacidade para o trabalho, à composição corporal e à lipidemia.
Dessa forma, considerando que o sedentarismo já é visto como fator de risco primário
para as doenças cardiovasculares, sendo identificada sua prevalência, torna-se
fundamental a identificação dos determinantes da atividade física, para em seguida serem
propostos modelos teóricos para incentivar a adoção e manutenção da prática de
atividades físicas (Pitanga, 2002).
Inúmeras são as alternativas e possibilidades de melhoria da saúde do policial, e todas
elas possuem um forte pilar de sustentação: os indivíduos promotores de saúde, que

- Pág. 85 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

podem ser o médico, o enfermeiro, o professor de educação física, o nutricionista, o


fisioterapeuta, o comandante de unidade ou qualquer outro policial ou pessoa interessada
em melhorar a sua qualidade de vida e do próximo (Merino, 2009).
Políticas preventivas e promotoras de saúde para Policiais Militares da PMESP já estão
sendo adotadas, como exame médico anual obrigatório, porém há necessidade da
vinculação de bom rendimento neste exame e no de aptidão física para progredir na
carreira, mas outras iniciativas ainda necessitam ser adotadas e aperfeiçoadas (Merino,
2009).
CONCLUSÃO
A aptidão física é algo que vem sendo considerado como fundamental para o
desempenho das atividades cotidianas e é parte essencial de determinadas profissões.
Muitos estudos experimentais randomizados têm demonstrado que programas de
exercícios físicos melhoram não apenas a aptidão física, mas também os níveis de
lipídios sangüíneos, pressão arterial, densidade óssea, composição corporal,
sensibilidade à insulina e tolerância à glicose.
De acordo com Sharkey (1998), os trabalhadores aptos fisicamente apresentam-se mais
produtivos que os sedentários.
Diante disso, são necessárias estratégias para incentivar os Policiais Militares a adotarem
práticas mais saudáveis, principalmente aqueles que desempenham funções
predominantemente operacionais.
Programas de incentivo à prática de atividade física precisam ser estimulados por
políticas públicas e corporativas.
Assim, há necessidade da Corporação analisar os estudos desenvolvidos e constantes na
Escola de Educação Física da Polícia Militar do Estado de São Paulo até o presente
momento sobre a implantação de exercícios físicos regulares para Policiais Militares,
visando a alteração do quadro apresentado.
Referências Bibliográficas
BROWN, J.M.; CAMPBELL, E.A. Sources of occupational stress in the police. Work
Stress, n.4, p.305-371, 1990.
BROWN, J.M.; FIELDING, J. Qualitative differences in men and women police officers´
experience of occupational stress. Work Stress, n.7, p.327-340, 1993.
CARVALHO, T.; NÓBREGA, A.C.L.; et al. Ver Bras Medicina do Esporte, n.2, v. 4, p.79-
81, 1996.
FERREIRA, J.I.D. O entendimento da necessidade da prática da atividade física para o
policial militar na companhia independente de policiamento turístico – ciptur. Universidade
do Estado do Pará. Trabalho de Conclusão de Curso, 2005.
LEITÃO, M.B.; LAZZOLI, J.K; et al. Rev Bras Medicina do Esporte, n.6, v.6, p.215-220,
2000.
LIMA, S.C.V.C.; ARRAIS, R.F.;PEDROSA, L.F.C. Avaliação da dieta habitual de crianças
e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Rev. Nutr., Campinas, n.17, v.4, p.469-477,
2004.

MERINO, P.S.; ROLDAN, A.V. Prevalência de dislipidemia em Policiais Militares do alto


escalão hierárquico. Trabalho apresentado no XXV Simpósio Internacional de Ciências do
Esporte, CELAFISCS, São Paulo, SP, 2002.
MERINO, P.S.; SILVA, E.A.; OHARA, G.H. Variação da pressão arterial e glicemia em
relação ao índice de massa corporal em comunidade policial militar. Trabalho apresentado
no XXVIII Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, CELAFISCS, São Paulo, SP,
2005.
MERINO, P.S. Mortalidade de Policiais Militares do Estado de São Paulo 2002 a 2006.
Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores. Monografia de Conclusão do Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais. 2009.

- Pág. 86 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

PINHO, A. Brasileiro está mais alto e mais gordo. Folha de São Paulo. 20nov09, saúde,
c11, 2009.
PITANGA, F.J.G. Epidemiologia, atividade física e saúde. Rev. Bras. Ciên. e Mov. n.10, v.
3, p.49-54, 2002.
POLLOCK, M.L.; GETTMAN, L.R.; MEYER, B.U. Analysis of physical fitness and coronary
heart disease risk of Dallas area police officers. J Occup Med, n.20, v.6, p.393-398, 1978.
SARDINAS, A.; MILLER, J.W.; HANSEN, H. Ischemic heart disease mortality of firemen
and policemen. Am J Public Health, n.76, p.1140-1141, 1986.
SHARKEY, B.J. Condicionamento Físico e Saúde;Trad. Márcia dos Santos Dornelles e
Ricardo Demétrio de Souza Petersen. – 4ª ed. – Porto Alegre: ArtMed,1998.
WILLIANS, M.; PETRATIS, M.; BAECHLE, T.; RYSCHON, K.; CAMPAIM, J.; SKETCH, M.
Frequency of physical activity, exercise capacity and arterosclerotic heart disease risk
factors in male police officers. J Occup Med, n.29, p.596-600, 1987.

- Pág. 87 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

APÊNDICE A – aNAMNESE APLICADA AOS AVALIADOS

nOME:iDADE: sEXO: m f
uNIDADE:cIA/sEÇÃO:

aS pERGUNTAS ABAIXO SERVIRÃO DE SUBSÍDIO PARA CONFECÇÃO DO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE INSTRUTOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA
DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO
PAULO:
TRABALHA PREDOMINANTEMENTE EM QUAL FUNÇÃO (ADMINISTRATIVA OU
OPERACIONAL?
ADM OPERAC
pRATICA ALGUM Exercício FÍSICo OU ESPORTE?
SIM NÃO
eM CASO AFIRMATIVO, COM QUE FREQUÊNCIA SEMANAL?
NÃO 1 2 3 4 5
pESO CORPORAL (KG)- AVALIADOR
r:____KG
ALTURA (CM)- AVALIADOR
r:____CM
IMC E CLASSIFICAÇÃO:____/__________________- AVALIADOR
rEALIZOU O TAF NO ANO DE 2007?
cASO NÃO TENHA REALIZADO, QUAL O MOTIVO?
R:
VERIFICAÇÃO DA NOTA DO TAF DO AVALIADO E SUA
CLASSIFICAÇÃO:______PONTOS- AVALIADOR

AVALIADOR: LUIZ FERNANDO DE LIMA PAULO

- Pág. 88 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

AVALIAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA ATRAVÉS DA COMPREENSÃO DOS


MERIDIANOS MIOFASCIAIS DOS TRILHOS ANATÔMICOS EM UM PACIENTE COM
LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR- RELATO DE CASO.

GABRIEL PÁDUA DA SILVA


- GRADUANDO DO CURSO DE FISIOTERAPIA,
- CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO DE BATATAIS
- dipadua@netsite.com.br
BRUNO FERREIRA;
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
KENIA ROBERTA SILVA;
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
ÉRICA MOREIRA OLIVEIRA
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
LETICIA CAROLINE SILVA
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
EDSON ALVES DE BARROS JUNIOR
- Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais
SIMONE CECILIO HALLAK REGALO
-Livre docência/Docente-Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP
EDSON DONIZETTI VERRI.
- Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais

RESUMO
Os músculos agem de forma individual, mediante conexões por todo o corpo no interior de
faixas de fáscias integradas funcionalmente. A fáscia muscular é distribuída ao longo de
linhas delimitadas: linhas superficiais anteriores (LSA), e linhas superficiais posteriores
(LSP). O objetivo é compreender as alterações posturais e da atividade muscular no
paciente com lesão do ligamento cruzado anterior (LCA). Participou do estudo um
paciente de 40 anos e lesão de 6 anos, este foi submetido a uma avaliação postural, e a 5
sessões de eletromiografia, seguindo um protocolo (Repouso (RP) e deslocamento peso
bilateral (DPD e DPE) no membro inferior direito (MID) e esquerdo (MIE), sendo 3x de 10
seg.. Houve uma diminuição da ativação muscular do membro lesado, gerando
mecanismos compensadores de outros grupos musculares ou estruturas corporais. As
mudanças no potencial da ação muscular do membro lesado podem ser classificadas em
uma desordem neuromuscular ou desordem compensatória.
PALAVRAS CHAVE: LCA, Trilhos Anatômicos, Eletromiografia

INTRODUÇÃO
Por mais que os músculos possam agir de forma individual, eles também atuam mediante
conexões por todo o corpo no interior de faixas de fáscias integradas funcionalmente
(BIENFAIT, 1999). Segundo MYERS, 2003 a biomecânica da fascia muscular pode ser
definida através da tração, tensão, fixação, compensações e a maioria dos movimentos
são distribuídos ao longo de linhas delimitadas, sendo elas: linhas superficiais anteriores
(LSA) (Vasto Medial, Vasto lateral, Reto Femural, Tibial anterior), e superficiais
posteriores (LSP) (Eretor da espinha, Longuíssimo, Multifído, Semi-tendinoso, Bíceps
Femoral, Gatrocnemio medial e lateral, Sóleo. Os trilhos anatômicos originaram-se da
experiência de anatomistas que ensinavam anatomia miofascial, fundamentando-se
desde 1930 onde anatomistas alemães já demonstravam interligações musculares.
Publicações chinesas semelhantes aos realizados pelos alemães traziam mais
fundamentações sobre os trilhos. Em 1986 um biólogo escreveu a primeira literatura
extensa sobre o assunto enaltecendo a primeira linha muscular chamada de linha espiral.

- Pág. 89 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Atualmente literaturas englobando este assunto são escassas, trazendo apenas um livro
nomeado Trilhos anatômicos descritos por Myers onde estes estudos se unem e
fundamentam-se suas linhas musculares. (MYERS, 2003)
Os trilhos anatômicos levam a hipótese de que os músculos atuam não apenas
individualmente, mas mediante conexões por todo o corpo no interior de faixas de fáscias
integradas funcionalmente. Elas compõem-se de tecido conjuntivo e tem a função
biomecânica de tração, fixação, compensações e a maioria dos movimentos são
distribuídos ao longo dessas linhas. (MYERS, 2003)
Fatarelli et al. (2004) demonstra que há vários fatores de riscos que predispõem os
indivíduos á lesão do LCA. Entre eles destacam-se os anatômicos, os neuromusculares e
os biomecânicos. Os anatômicos demonstram uma teoria em relação ao formato e o
tamanho das estruturas ósseas e ligamentares, sendo possíveis fatores predisponentes à
lesão do LCA. O mesmo autor demonstra uma analise sendo que nela fora observado
indivíduos com histórico familiar de lesão bi-lateral de LCA, os pacientes apresentavam
aumento na largura do côndilo femural lateral quando comparados com o grupo controle,
chegando a conclusão que pessoas com histórico familiar de lesão do LCA tem uma
maior predisposição a futuras lesões, comparado ao grupo controle.
Os fatores biomecânicos estão relacionados à mudanças em pequenos movimentos
translacionais e em movimentos amplos e rotacionais do joelho e quadril. Enfim os fatores
neuromusculares são caracterizados por três tipos: capacidade proprioceptiva (acredita-
se que após a lesão a articulação perde esta capacidade), resposta reflexa da
musculatura (a musculatura começa apresentar desalinhamento do tempo de reação após
estímulos) e o ultimo grupo sendo ele ordem de recrutamento (esse relacionado com
alterações nos padrões da ativação de cada musculatura). (FATARELLI et al., 2004).
As lesões de LCA geralmente acontecem quando o joelho esta com rotação interna e
extensão total em cadeia cinemática fechada, neste ponto o ligamento está totalmente
tenso. (FATARELLI et al., 2004). Com uma força exacerbada nessa posição pode gerar
lesões do ligamento. Segundo o próprio autor as lesões de LCA estão relacionada em
70% dos casos, por mecanismo de trauma.
Desta forma os trilhos anatômicos nos mostram uma nova perspectiva nunca vista antes,
sendo que estes trabalhos buscam englobar, não apenas analisando a avaliação postural
convencional, mas sim intervindo em uma fisioterapia multidisciplinar buscando relatar as
alterações dos pacientes de lesão de LCA visto pela postura e condições da biomecânica
muscular. O objetivo desse estudo é compreender as alterações posturais no paciente
com lesão do ligamento cruzado anterior, não reparada (há seis anos), através da análise
eletromiográfica e interligando os meridianos miofasciais em um sentido global do corpo
com as linhas superficiais anteriores e posteriores, dos trilhos anatômicos.

MATERIAIS E MÉTODOS
Participou do estudo um paciente, com queixa de lesão rotacional do joelho direito com
idade de 40 (quarenta) anos e tempo de lesão de 6 (seis) anos não reparada. Este foi
submetido à uma avaliação postural, através de um protocolo de avaliação
fisioterapeutica global e da escala de New York. Logo após foi submetido a 5 sessões de
análise eletromiografica, com o seguinte protocolo (Repouso (RP) em pé 3x de 10
segundo e Deslocamento de Peso bilateral (DPD e DPE) 3x de 10 segundos). Os grupos
musculares avaliados, foram selecionados através da compreensão dos Trilhos
anatômicos, seguindo a seguinte ordem: linhas superficiais anteriores (Vasto Medial,
Vasto lateral, Reto Femural, Tibial anterior) e superficiais posteriores (Eretor da espinha,
Longuíssimo, Multifído, Semi-tendinoso, Bíceps Femoral, Gatrocnemio medial e lateral,
Sóleo). Todos os eletroldos foram posicionados em ambos os membros inferiores (MID,
MIE). Foi utilizado um Eletromiógrafo EMG system Brasil modelo 810-C de 8 canais com
taxa de amostragem de 2000hz aterrado e com isolamento de rede elétrica, acoplado a
um computador Intel Pentium Dual Core de 1 Gb de memória HD de 80 Gb. O sistema de

- Pág. 90 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

aquisição de dados foi de alta performance e software para controle, armazenamento,


processamento e análise de dados. Os eletrodos utilizados foram eletrodos ativos simples
de prata, bipolares de 10,0 x 1,0mm, com gel de condução integrado, e distância de
10mm entre eles. Após os dados serem obtidos, foram organizados no programa Excel
(versão 2007) e inseridos no programa estatístico “GraphPad InStat (versão 3.05)”.

RESULTADOS
Na Linha superficial posterior através do protocolo estabelecido obteve-se os seguintes
dados (Valor p 0,0023). (Tabela 01):
MID- RP MID- DPD MID- DPE MIE- RP MIE- DPD MIE- DPE

21,31± 12,92 42,87± 38,76 54,99± 40,12 31,12± 24,36 54,63± 26,33 49,41± 23,33

Tabela 01: Média de dados em RMS das movimentações do protocolo estabelecido na


LSP.

Na Linha superficial anterior obteve-se os seguintes dados (Valor p 0,036). (Tabela 02):
MID- RP MID- DPD MID- DPE MIE- RP MIE- DPD MIE- DPE
6,52± 1,93 132,78± 31,93 31,79± 4,67 14,85± 4,89 36,90± 10,53 111,86± 38,03

Tabela 02: Média de dados em RMS das movimentações do protocolo estabelecido na


LSA.

Representação gráfica do
potencial de ação muscular em
distintas atividades.

150

100

50

0
RP DPD DPE

MID- LSP MIE- LSP MID- LSA MIE- LSA


Figura 01: Representação gráfica dos achados em RMS;
Através dos métodos de avaliações posturais, na região de cabeça, cervical e membro
superior e na região de coluna torácica, lombar e membro inferior (Tabela 03), obtiveram-
se os seguintes achados:

- Pág. 91 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Avaliação Alterações Avaliação Alterações


CABEÇA Anteriorizada TORÁCICA Escoliose D
CERVICAL Hiperlordose LOMBAR Hiperlordose alta
OMBRO Deprimido E, Rot. QUADRIL Inclinado E
Interna E
COTOVELO Hiperextendido JOELHO Hiperextendido bilateral
bilateral
PUNHO Sem alterações TORNOZELO Sem alterações
ESCÁPULA Deprimida E PÉ Rotação externa bilateral
Tabela 03: Dados da avaliação postural e avaliação através da escala de New York.

Com os resultados obtidos pela avaliação postural pela técnica de avaliação de New York,
a pontuação da vista posterior foi quantificada sendo 28 pontos e na vista de perfil de 19
pontos, totalizando 47 pontos.
O teste de força muscular, segundo MAGEE, 2005 demonstra uma visível alteração no
grau de força do membro inferior direito em relação ao esquerdo (Tabela 04):

Quadríceps Tibial Isquio- Abdutores Adutores Gastrocnêmio


anterior tibiais quadril quadril med. e lat.
4-D, 5-E 4-D, 5-E 4-D, 5-E 4-D, 5-E 4-D, 5-E 5-D, 5-E

Tabela 04: Dados da avaliação do limiar de força muscular segundo MAGEE, 2005.

DISCUSSÃO
De acordo com os trilhos anatômicos, todos os nossos músculos têm sido analisados
como se fossem unidades separadas dentro do corpo. A idéia de que existem unidades
separadas como os bíceps, psoas, o latíssimo do dorso é tão incisiva, que é difícil pensar
de outra forma. Mas, na verdade todo o tecido muscular está incorporado em uma rede
fascial única, onipresente da matriz extracelular (ECM). As fibras da ECM, especialmente
na miofascia onde as forças de tração são regulares e fortes, estão dispostas ao longo do
mesmo "grão", como as fibras musculares. O músculo pode acabar no ponto de fixação,
mas a fáscia continua ao longo de seu caminho através da ECM , ligando-se a outros
músculos em cadeias. Os conceitos de Trilhos Anatômicos mapeiam estes conjuntos de
interligações fasciais pelo corpo, seguindo o tecido muscular e a fáscia muscular para ver
estas ligações. Especialmente no hábito postural e/ou seqüelas de longo prazo de uma
lesão, a tensão se comunica ao longo destas linhas longitudinais de um músculo para
outro. Esta visão leva a novas estratégias para a resolução de problemas a longo prazo,
trabalhando no padrão de tensão, a alguma distância do local da lesão ou dor. (MYERS,
2003).
Williams et al., 2004 observaram, através da eletromiografia de superfície (SEMG),
diminuição na ativação muscular voluntária do músculo Quadríceps em indivíduos com
lesão do LCA comparados com indivíduos sem lesão durante realização de exercícios
estáticos e dinâmicos. Posteriormente, os mesmos autores verificaram fraqueza e atrofia
significativa do músculo quadríceps em indivíduos com lesão unilateral do LCA,
comparando os membros lesado e contralateral e falha na ativação voluntária em ambos
os grupos.
A lesão e a reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho têm sido
associadas a mudanças neuromusculares, como por exemplo diminuição da

- Pág. 92 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

propriocepção, alteração nos reflexos musculares iniciados pelo LCA, diminuição da força
muscular do quadríceps e alterações na marcha (HOGERVORST, 1998).
Especificamente, a lesão do LCA, de forma sutil ou marcante, parece alterar a
performance em tarefas diárias, como por exemplo o andar e, mais especificamente, a
manutenção do equilíbrio em pé, principalmente em situações que exigem o apoio
monopodal sobre o membro lesado. Tais alterações na performance dessas tarefas
parecem ser decorrentes da redução de informações sensoriais, fornecidas pelos
mecanorreceptores presentes no LCA, os quais são danificados pela lesão e/ou
reconstrução desse ligamento. (BONFIM, 2003).

CONCLUSÃO
Através deste estudo, pode-se concluir que a diminuição da ativação muscular do
membro lesado, diagnosticado pela eletromiografia, gera mecanismos compensadores de
outros grupos musculares ou estruturas corporais, visto que através dos trilhos
anatômicos o equilíbrio postural é dado pela harmonia entre as duas linhas, sendo que
um desequilibrio de uma destas linhas a biomecânica corporal sofre complicações
significativas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MYERS, Thomas W.; Trilhos Anatômicos: Meridianos Miofasciais para Terapeutas


Manuais e do Movimento, Editora Manole 1º ed., 2003.
BIENFAIT, M.; Estudo e tratamento do esqueleto fibroso, Fáscias e Pompages; São
Paulo: Summus, 1999.
MAGEE, David J. Avaliação musculoesquelética. [Título original: Orthopedic physical
assessment]. Marcos Ikeda (Trad.). 4 ed. Barueri: Manole, 2005.
WILLIANS GN, Barrance PJ, Snyder-Mackler L, Buchanan TS. Altered quadriceps control
in people with anterior ligament deficiency. Med Sci Sports Exerc. 2004; 1089-97.
HOGERVORST T, Brand RA. Mechanoreceptors in joint function. J Bone Joint Surg.
1998; 80A (9): 1365-78.
BONFIM TR, Paccola CAJ, Barela JA. Proprioceptive and behavior impairment in
individuals with anterior cruciate ligament reconstructed knees. Arch Phys Med Rehab
2003; 84(8): 1217-23.

- Pág. 93 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

COMPARAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE TENISTAS E LUTADORES DE JIU-JÍTSU

Bruno Ferreira, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais,


brunof@com4.com.br
Gabriel Pádua da Silva, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Letícia Caroline Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Érica Moreira de Oliveira, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Kenia Roberta Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Edson Alves De Barros Junior, Mestre e Coordenador do Curso de Fisioterapia do Centro
Universitário Claretiano de Batatais.
Simone Cecilio Hallak Regalo, Livre docência e Docente-Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto FORP-USP
Edson Donizetti Verri, Mestre e Coordenador do Laboratório de Analise Biomecânica do
Movimento do Centro Universitário Claretiano de Batatais.

Resumo
Os princípios biomecânicos do jiu-jítsu visam beneficiar a força muscular do praticante,
invalidando a do oponente ou até mesmo utilizar as valências físicas deste contra a ele
próprio. Resultante vetorial e distribuição de massa no momento correto são princípios
que são utilizados nos golpes de forma a comprimir, imobilizar, deitar a abaixo,
hiperextender, torcer as articulações dos adversários, neutralizar ataques e estrangular. O
tênis por sua vez estrutura-se no desenvolvimento físico e mental daqueles que a
praticam. Pressupõe-se de atributos motores básicos de força, rapidez, resistência e
destreza. Este esporte baseia-se na imprevisibilidade, pois devemos levar em conta
duração dos pontos em cada game, duração do jogo, condições climáticas e a influencia
nos aspectos fisiológicos do oponente que são variáveis. Estes esportes tem gerado um
grande interesse pelo aprimoramento das técnicas esportivas. Ela liga-se intimamente
com a flexibilidade e a postura, visto que um dano nestas estruturas pode haver grandes
prejuízos. Este trabalho busca demonstrar a relação da flexibilidade em que é gerada com
cada especificidade esportiva, comprovando qual teria um menor prejuízo a saúde e a
atuação do atleta. Este trabalho teve a participação total de 30 atletas que foram divididos
em dois grupos, o primeiro grupo (G1) era composto por 15 atletas de Jiu-jitsu do Centro
Universitário Claretiano de Batatais. Foi utilizado como critério de inclusão lutadores que
treinavam no mínimo a 7 meses. O segundo grupo (G2) era constituído por 15 tenistas
amadores que treinavam de 5 meses a 3 anos. Eles foram coletados durante o Circuito
Passaredo de Tênis realizado no segundo semestre de 2009 na 1º etapa que foi realizado
na cidade Ribeirão Preto. Os dois grupos apresentavam uma homogeneidade em estatura
e massa corporal, continham uma faixa etária de 15 a 21 anos, e todos eram do sexo
masculino. Os atletas após serem cientes da pesquisa e do termo de consentimento,
assim como tiveram suas dúvidas sanadas, assim como dos seus responsáveis. Foram
submetidos a uma de flexibilidade da cadeia posterior utilizando o Banco de Wells. Nesta
avaliação pedia-se que o atleta realizasse 3 medidas e dela era pega aquela de maior
valor. Posteriormente os dados foram tabulados no Excel 2007, filtrado suas faixa etárias,
peso e a altura, para uma amostra mais homogênea. Para os dados estatísticos utilizou-
se o programa GraphPad InStat (versão 3.05). No G1 obteve na avaliação da flexibilidade
de cadeia posterior destes atletas demonstrada uma media de 20,660± 1,77cm, com
33,33% indivíduos classificados com uma condição de flexibilidade regular, 66,66% fraco.
No grupo G2 foi constatado uma media de flexibilidade de 18,30± 1,42cm, sendo que

- Pág. 94 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

15,33% mostrou uma condição muscular regular e 86,66% fracos. Conclui-se que os
tenistas tendem a gerar uma maior perda da flexibilidade, comprovado devido
probabilidade de gerar mais microtraumas, desta forma ainda pode-se concluir que devido
a esta perda considerável de flexibilidade os atletas apresentam alterações posturais que
podem futuramente estar sendo um fator desencadeador para patologias posturais,
tendinopatias, doenças degenerativas entre outras. Prejudicando desta forma a saúde
destes atletas.
Palavras-Chaves: Jiu-Jitsu, Flexibilidade, Postura.
Introdução
Segundo TAKITO; et al (2003), o jiu-jítsu é um esporte que a graduação e a massa
corporal dos atletas interferem e suas categorias.Os princípios biomecânicos da luta
visam beneficiar a força muscular do praticante, invalidando a do oponente ou até mesmo
utilizar as valências físicas deste contra a ele próprio. Resultante vetorial e distribuição de
massa no momento correto são princípios utilizados nos golpes de forma a comprimir,
imobilizar, deitar a abaixo, hiperextender, torcer as articulações dos adversários,
neutralizarem ataques e estrangular seus adversários. (PADILHA, 2005)
As lutas segundo Del Vecchio (2006) são classificadas como acíclicas, pois os atletas
utilizam de diferentes seqüências de movimentos e manifestações de capacidade
biomotoras. Um dos princípios do jiu-jítsu é utilizar golpes que constituem alavancas
mecânicas e nesse sentido possibilitam que um indivíduo com menor força muscular
consiga vencer um adversário mais forte, porém com menor habilidade nas execuções
das técnicas.
Essa modalidade exige um conjunto amplo de movimentos motores complexos
caracterizados pelo nível de desenvolvimento da capacidade de aplicar esforços
explosivos, possuindo certa variedade de adaptação às condições variáveis de
competição. Ao mesmo tempo, é apropriado um alto nível de desenvolvimento da
capacidade de resistir à fadiga sem a diminuição da eficácia das ações técnicas e táticas
e dos métodos. (VERKHOSHANSKY, 2000).
O tênis por sua vez, segundo Deutscher (1979) estrutura-se no desenvolvimento físico e
mental daqueles que a praticam. Envolve movimentos físicos de vários outros esportes,
tais como correr, saltar e arremessar. Para tanto o tênis pressupõe os atributos motores
básicos de força, rapidez, resistência e destreza. Alem disso, o tenista deve resolver
problemas de técnica e estratégia. Visto ainda que este esporte baseia-se na
imprevisibilidade, pois devemos levar em conta duração dos pontos em cada game,
duração do jogo, condições climáticas e a influencia nos aspectos fisiológicos do
oponente que são variáveis. Kovacs (2006).

Esta modalidade emprega a capacidade anaeróbica do jogador quanto aeróbica, onde há


grandes durações das partidas, mas é apontado que os golpes e serviços ligeiros exigem
muita potencia da musculatura, promovendo assim uma grande capacidade anaeróbia do
atleta. Kovacs (2007).

Segundo Franken (2007) junto com estes esportes a evolução na modalidade de alto
rendimento, tem surgido um grande interesse pelo aprimoramento das técnicas esportivas
e tem sido enfocado bastante durante as sessões de treinamento. A técnica ainda esta
ligada intimamente com a flexibilidade e a postura do esportista, visto que um dano nestas
estruturas pode haver grandes prejuízos, limitando assim o atleta a ter um melhor
desempenho junto com a flexibilidade.
Passou a estudar a flexibilidade de forma sistemática apenas a partir da segunda metade
do século XX, como um componente extraordinário da aptidão física referenciada à saúde
e a atuação. Para uma boa qualidade de vida, atualmente é necessário níveis mínimos de
amplitude articular. A flexibilidade pode ser determinada, de forma operacional, como uma
“... qualidade motriz que depende da elasticidade muscular e da mobilidade articular,

- Pág. 95 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

expressa pela máxima amplitude de movimentos indispensáveis para uma satisfeita


realização de qualquer atividade física eletiva, sem que incidam lesões
anatomopatológicas”. (FARINATTI, 2000).
Vê-se ainda como uma característica exclusiva a flexibilidade, sendo esta para cada
articulação e pelo movimento executado, cada atividade atribui exigências reservadas aos
praticantes. Muitos especialistas em medicina esportiva confiam que a flexibilidade possa
exercer um papel fundamental na prevenção de problemas como lesões de 'over -
training' ou estiramentos e distensões. È apontado como um fator indispensável a relação
quanto a preocupação ao aspecto preventivo do trabalho da mobilidade articular na
modalidade, pois há uma alta prevalência de acidentes envolvendo tais articulações e
também um baixo nível de flexibilidade nelas descoberto (FARINATTI, 2000).
Este trabalho busca demonstrar a relação da flexibilidade em que é gerada com cada
especificidade esportiva, comprovando qual teria um menor prejuízo a saúde e a atuação
do atleta.
Metodologia
Este trabalho teve a participação total de 30 atletas que foram divididos em dois grupos, o
primeiro grupo (G1) era composto por 15 atletas de Jiu-jitsu do Centro Universitário
Claretiano de Batatais e foram coletados durante seus treinos. Apresentavam uma idade
media de 19,13± 3,77 anos contendo uma faixa etária entre 15 a 25 anos, todos do sexo
masculino que já lutavam no mínimo a 7 meses em treinos. O segundo grupo (G2) era
constituído por 15 tenistas amadores com uma idade media de 17,80± 3.62 anos com
uma faixa etária de 15 a 25 anos todos do sexo masculino que treinavam de 5 meses a 3
anos. Eles foram coletados durante o Circuito Passaredo de Tênis realizado no segundo
semestre de 2009 na 1º etapa que foi realizado na cidade Ribeirão Preto. Os dois grupos
apresentavam uma homogeneidade em estatura e massa corporal.
Os atletas ou seus responsáveis, após serem cientes da pesquisa e do termo de
consentimento, assim como suas dúvidas serem sanadas, foram submetidos a uma
avaliação de flexibilidade da cadeia posterior utilizando o Banco de Wells. Nesta avaliação
pedia-se que o atleta realizasse 3 medidas e dela era utilizada aquela de maior valor.
Ainda era recomendado que eles mantivessem os calcanhares o tempo todo sobre o
apoio do banco assim como não empurrar o marcador em um impulso, mas sim ir
gradativamente deslizando. Foi realizado também o monitoramento dos membros
inferiores para evitar flexão dos joelhos.
Após estas avaliações os dados foram tabulados no Excel 2007, então, foram
selecionados, separando a faixa etária, peso e a altura dos indivíduos, para uma amostra
homogênea. Os dados estatísticos foram gerador a partir do programa GraphPad InStat
(versão 3.05).
Resultados
No G1 obteve na avaliação da flexibilidade de cadeia posterior uma media de 20,660±
1,77cm (tabela 1), com 33,33% indivíduos classificados com uma condição de
flexibilidade regular, 66,66% fraco (Gráfico 1).
Idade Valores Obtidos Classificação
19 27 Regular
19 26 Regular
23 29 Regular
16 34 Regular
17 30 Regular
15 18 Fraco
15 20 Fraco
25 18 Fraco
15 12 Fraco
22 20 Fraco
25 9 Fraco

- Pág. 96 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

15 23 Fraco
19 9 Fraco
18 11 Fraco
24 0 Fraco
Media 20.660 ±1.722 -

Tabela 1: Flexibilidade dos Atletas segundo Wells & Dillon, 1952.


No grupo G2 foi constatada uma media de flexibilidade de 18,30± 1,42cm (tabela 2) sendo
que 15,33% mostrou uma condição muscular regular e 86,66% fracos (Gráfico 1).

Idade Valores Obtidos Classificação


15 19,5 Fraco
22 19,5 Fraco
21 28,0 Regular
25 17,5 Fraco
15 20,0 Fraco
15 19,0 Fraco
17 20,5 Fraco
17 6,5 Fraco
15 14,0 Fraco
15 24,5 Fraco
25 15,0 Fraco
15 15,0 Fraco
17 16,0 Fraco
17 26,5 Regular
16 13,0 Fraco
Media 18,30± 1,42 -
Tabela 2: Flexibilidade dos Atletas segundo Wells & Dillon, 1952.

Gráfico 1- Relação entre Flexibilidade do Jiu-Jitsu e Tenistas

Discussão
Este trabalho nós demonstra uma flexibilidade reduzida nos atletas de tenis comparado
com a dos jiu-jitsu, isto pode ser justificado por Taylor (1990) onde comprova que baixos
índices de flexibilidade podem estar coligados a problemas posturais, aumento de tensões

- Pág. 97 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

neuromusculares, algias, aparecimento das adesões, níveis de lesões, e diminuição da


vascularização local. Desta forma mesmo com perigo de lesões provenientes dos atletas
de lutas, as mesmas tem um inicio traumático em grandes amplitudes. Já no tênis pode-
se compreender que devido seu estilo de jogo é um esporte mais suscetível a
microtraumas podendo desta forma influenciar estes resultados que foram obtidos.
Devido o tênis exigir capacidades distintas do atleta, assim como várias biomecânicas
durante o jogo, pode-se notar uma menor qualidade de flexibilidade comparados com os
lutadores, Zito (1983) justifica este achando citando que atletas com treinamento intenso e
repetitivo proporcionam uma hipertrofia muscular e a concomitantemente redução da
flexibilidade, causando desequilíbrio entre a musculatura agonista e antagonista,
proporcionando a instalação de alterações posturais.
Ainda uma preocupação voltada à saúde dos atletas devem ser destacadas, pois segundo
Araújo (1998) a necessidade do treinamento de flexibilidade em diferentes faixas etárias
em função das perdas de amplitude em diversas articulações, podendo afetar
negativamente a saúde na qualidade de vida. Justificado por Alter (1996) que relaciona a
flexibilidade diretamente com o movimento humano, sendo passível de adaptações
fisiológicas e mecânicas com o treinamento.

Conclusão
Conclui-se que os tenistas tendem a gerar uma maior perda da flexibilidade, comprovado
devido probabilidade de gerar mais microtraumas, desta forma ainda pode-se concluir que
devido a esta perda considerável de flexibilidade os atletas apresentam alterações
posturais que podem futuramente estar sendo um fator desencadeador para patologias
posturais, tendinopatias, doenças degenerativas entre outras. Prejudicando desta forma a
saúde destes atletas.
Referencias Bibliográficas
Diaz, E. V. Tenis: historia técnica, aprendizagem, treinamento, alimentação, e controle
motor. Revista de educação física, 2004.
Abrahão, M. R. A. Diferenças Antropométricas Entre O Hemi-Corpo Direito E O Esquerdo
De Adultos Instrutores De Tênis E Crianças Iniciantes No Esporte E Incidência De
Desvios Posturais. Revista do Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte.
2008.
Deutscher, T. B. Tenis: Golpes Basicos. 1 ed. Rio de Janeiro, 1979.
Kovacs, M. S. Applied Physiology of Tennis Performance. www.bjsportmed.com . 2006.
Kovacs, M. S. Tennis Physiology Training the Competitive Athlete. Sports Med. 2007.
Puljak, M. Tenis: Notas de Aula. Uruguay: Imprenta Garcia, 1983.
Fraccaroli, J. L. Biomecanica: Analise dos Movimentos. 2 ed. Rio de Janeiro, 1981.
Machado, E. S.A Transmissão Da Vibração No Cotovelo Após O Impacto Da Raquete Na
Bola E Conseqüências Pelo Mau Uso Da Técnica E Do Material: Aspectos Teóricos E
Pesquisa Experimental Para A Medição Das Acelerações Do Cotovelo No Impacto Da
Bola Na Raquete Na Prática Do Saque Chapado. Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2004
Silva, C. C. et. Al. Sport and its implications on the bone health of adolescent athletes.
Revista Brasileira de Medicina Esportiva ,2003.
Ejnisman, B. et. Al. Lesões Músculo-Esqueleticas no ombro do atleta: mecanismo de
lesão, diagnostico e retorno à pratica esportiva. Revista brasileira de Ortopedia. 2001.
Silva, R. T. et. al. Avaliação das lesões ortopédicas em Tenistas Amadores Competitivos.
Revista Brasileira de Ortopedia, 2005.
ARAÚJO, C.G.S.; PEREIRA M.I.R, FARINATTI P.T.V. Body Flexibility Profile From
Childhood to Seniority – data from 1874 male and female subjects. Medicine Sciencie of
Sports and Exercises; v.30, p. S115, 1998.
Alves, L. S. Análise postural em atletas de judô da equipe da unisul. Monografia
apresentada ao Curso de Fisioterapia da Faculdade Universidade do Sul de Santa

- Pág. 98 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Catarina. Tubarão, 2005


CARVALHO, L., SIMÕES, J. A., Finite element analysis of the behavior of the human
periodontal ligament in the tooth-bone structure, 6th International Symposium on
Computer Methods in Biomechanics and iomedical Engineering, Madrid, 2004.
CARPEGGIANI, J. C. Lesões no Jiu-jitsu: estudo em 78 atletas. 36p. Graduação, 2004.
Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu – CBJJ, disponível em:
http://www.cbjj.com.br/regras.htm (data de acesso: 30/03/2010).
DEL VECCHIO, F. B.; et al.. Analise morfo-funcional de praticantes de brazilian jiu-jitsu e
estudo da temporolidade e da qualificação das ações motoras na modalidade, Movimento
e Percepção, v.7, n 10. jan/jun 2007.
FARINATTI, P. T. V. Flexibilidade e Esporte: Uma Revisão da Literatura. Rev. paul. Educ.
Fís., São Paulo, 14(1):85-96, jan./jun. 2000.
FRANCHINI, E.; TAKITO, M. Y.; PEREIRA, J. N. C. Freqüência cardíaca e força de
preensão manual durante a luta de jiu-jitsu. Revista Digital: Lécturas Educación Física y
Deportes. Buenos Aires, v.9, n. 65, 2003. http://www.efdeportes.com/efd65/jiujitsu.htm
FRANCLINI, E.; et al..Frequencia cardíaca e força de prensao manual durante a luta de
jiu-jitsu, Revista Digital, Ano 9. n 65, outubro 2003.
FRANKEN, M.; CARPES, F. P.; CASTRO, F. A. S. CINEMÁTICA DO NADO CRAWL,
CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E FLEXIBILIDADE DE NADADORES
UNIVERSITÁRIOS. Xv CONGRESSO Basileiro de ciências do esporte e II congresso
internacional de ciências do esporte, 2007.
IDE, B. N.; et al.. Possíveis lesões decorrentes das técnicas do jiu-jitsu desportivo, Revista
Digital, Ano 10. n83, abril 2005.
KANO, J. Konokan Judo. Kodansha International: New York, 1994
Júnior, J. N.; Pastre, C. M.; Monteiro, H. L. Alterações posturais em atletas brasileiros do
sexo masculino que participaram de provas de potência muscular em competições
internacionais. Rev Bras Med Esporte, Vol. 10, Nº 3, Mai/Jun, 2004.
PLATONOV,.V. N.. Teoria geral do treinamento desportivo olímpico. Porto Alegre: Artmed,
2004.
TAYLOR, D. C., DALTON, J.D., SEABER, A.V, GARRETT W. E. Viscoelastic Properties of
Muscle Tendon Units. The Biomechannical Effects of Stretching. The American Journal of
Sportes Medicine. 1990; 18(3):300-308.
VIRGÍLIO, S. Personagens e Histórias do Judô Brasileiro. Átomo: Campinas, 2002.
ZITO, M. The Adolescent Athlete: A Musculoskeletal Update. J. Orthop. Sports Phys.
Ther. 1983;5:20-5.

- Pág. 99 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

CORRELAÇÃO ENTRE POSTURA E INCIDÊNCIA DE LESÃO EM ATLETAS DA


NATAÇÃO

Bruno Ferreira, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais,


brunof@com4.com.br
Gabriel Pádua da Silva, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Letícia Caroline Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Érica Moreira de Oliveira, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Kenia Roberta Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Edson Alves De Barros Junior, Mestre e Coordenador do Curso de Fisioterapia do Centro
Universitário Claretiano de Batatais.
Simone Cecilio Hallak Regalo, Livre docência e Docente-Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto FORP-USP
Edson Donizetti Verri, Mestre e Coordenador do Laboratório de Analise Biomecânica do
Movimento do Centro Universitário Claretiano de Batatais.

Resumo
Na natação, a técnica desempenha um papel importante dentre os fatores que
determinam o desempenho. Desta forma ela apóia-se nos aspectos biomecânicos,
antropométricos e fisiológicos. A postura corporal por outro lado apresenta-se como a
posição que o corpo adota no espaço e a relação direta de suas partes com a linha do
centro de gravidade. Quando ocorrem desequilíbrios musculares, tende a gerar
movimentos corporais menos efetivos, ainda o organismo se reorganiza em cadeias de
compensação procurando uma resposta adaptativa a esta desarmonia. Autores
demonstram por outro lado que os mecanismos de lesões nos atletas de natação em sua
maioria ocorrem por meio de movimentos repetitivos. Desta forma este estudo apóia-se
na tentativa de demonstrar e comparar o padrão postural com incidência de lesão, a fim
de traçar uma relação e determinar se as alterações posturais que podem influenciar
negativamente no desempenho do atleta e tenderia a desencadear lesões. Para este
estudo foram selecionados 22 atletas de natação de ambos os sexos com idade entre 10
a 17 anos que treinavam no mínimo a 6 meses e no máximo a 3 anos, esses atletas
foram captados durante a realização da 3º Copa CCFB de Natação. Os atletas
participaram de 2 etapas de avaliação. A primeira etapa consistia em uma avaliação
postural global segundo a escala de New York, os pacientes em trajes de competição,
eram levados a um ambiente apropriado constituído de um ambiente calmo, fora do
ambiente de competição, depois do termino do aquecimento. Após a primeira etapa, o
atleta era requisitado a responder um questionário adaptado pelos próprios autores tendo
como base o protocolo de Petri (2002) aplicado a tenistas de mesa. Posteriormente os
dados foram organizados no Excel 2007, dispondo sua base estatística pelo programa
GraphPad InStat ( versão: 3.05). Após os dados serem filtrados e analisados, os atletas
apresentavam uma media de alterações posturais, que foram considerados alterações
moderadas contendo 53,49 pontos, utilizando como base o score da escala de New-York.
Já os índices de lesões destes atletas demonstraram ser desacerbadamente baixos,
contendo uma incidência de 13,63% no grupo avaliado, onde a articulação mais atingida
eram as dos ombros e joelhos com 18,57%, demonstraram ainda que na articulação do
ombro a causa da lesão era tendinite em todos os casos. Já as articulações: cervical,
cotovelo, punho, lombar e tornozelo com 4,64%. Desta forma pode-se concluir que a
biomecânica do nado tende a gerar alterações posturais que não são correlacionada com

- Pág. 100 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

a incidência de lesão, visto que, o nado utiliza-se de cadeia cinemática aberta diminuindo
a sobrecarga no momento do nado. Porem devido a esta peculiaridade do nado, contendo
uma biomecânica diferenciada surge uma grande brecha para patologias do tipo over-
user, visto que, as articulações mais afetadas são relacionadas no ombro devido seu
grande eixo de movimento e joelho provido da sua grande exigência de transferência do
torque, utilizando demasiadamente movimentações repetitivas.
Palavras-Chaves: Natação, Alterações Posturais, Incidência de Lesões
Introdução
Na antiguidade, segundo Corrêa (2003), saber nadar era mais uma arma de que o
homem dispunha para sobreviver. Os povos antigos (assírios, egípcios, fenícios,
ameríndios, etc.), eram exímios nadadores. Hoje a natação destaca-se por ser uma
atividade múltipla utilizada tanto para competições, lazer ou para fins terapêuticos e
preventivos. Com a evolução no esporte de alto rendimento, iniciou um maior interesse
dos profissionais pelo aprimoramento das técnicas desportivas. Em diversas modalidades,
a técnica ocupa, cada vez mais, espaço durante as sessões de treinamento. Na natação,
a técnica desempenha um papel muito importante dentre os fatores que determinam o
desempenho. (FRANKEN, 2007)
Franken (2007) ainda demonstra os fatores determinantes na natação que seriam
relacionados aos aspectos biomecânicos, antropométricos e fisiológicos. Dentre os
aspectos biomecânicos, destacam-se aqueles relacionados à cinética e à cinemática do
nado: freqüência de ciclos (FC), “definido como o número de ciclos de braçadas por
unidade de tempo e a distância (em metros) percorrido a cada ciclo (DC)”. FC e DC
foram, e continuam sendo, amplamente discutidos por pesquisadores e treinadores de
natação. Segundo Farinatti (2003) o desempenho de nadadores também pode depender
significativamente de sua potência aeróbia máxima.
A postura corporal segundo Monsolto (2007) apresenta-se como a posição que o corpo
adota no espaço e a relação direta de suas partes com a linha do centro de gravidade.
Pode ser definida como estado de equilíbrio entre os músculos e ossos com capacidade
de proteger as demais estruturas do corpo humano dos traumatismos, seja na posição
ereta, sentado ou em decúbito. A padronização do que seria uma boa postura é difícil de
ser estabelecida, pois existe uma dependência entre postura e individualidade
determinada por uma relação particular de suas estruturas corporais. A melhor postura
que deve ser adotada por um indivíduo é aquela que preenche todas as necessidades
mecânicas do seu corpo e também que possibilite o indivíduo manter uma posição ereta
com o mínimo esforço muscular, permitindo opor-se contra as forças externas, que lhe dê
equilíbrio na realização do movimento e que lute contra a ação da gravidade.
(MONSOLTO, 2007)
O desequilíbrio muscular, por sua vez, é uma desordem do sistema músculo-esquelético;
os movimentos corporais resultam de cadeias musculares e, quando há alterações
posturais, o organismo se reorganiza em cadeias de compensação procurando uma
resposta adaptativa a esta desarmonia. No desporto os desequilíbrios músculos-
esqueléticos tendem a gerar uma perda da eficiência no atleta provido de uma exigência
inadequada das cadeias musculares. (Junior et. al., 2004).
Voltando-se as lesões a exposição constante a modalidades esportivas diversas em
quaisquer níveis de performance, por si, constitui-se situação de risco para ocorrência de
lesões. Os fatores causais para lesões têm sido caracterizados no âmbito biomecânico.
Os mecanismos de lesões nos atletas de natação em sua maioria ocorrem por meio de
movimentos repetitivos. Neste caso pode-se inferir que o treinamento, em si,
considerando volume de trabalho ou intensidade de esforço, representa um fator causal
importante. O treinamento também é descrito como fator de risco para lesões. Contudo,
destacam a relação entre longos períodos de treinamento e o curto tempo de recuperação
entre treinos resultando em vulnerabilidade dos atletas a traumas por over-use. (Aguiar,
2009).

- Pág. 101 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Para Conte (2002) Lesão Desportiva é qualquer lesão ocasionada durante a execução de
atividades motoras, em recreação ou competição. Garrick (2001), por sua vez, a define
como acometimento que provoca o afastamento do atleta por, no mínimo, uma unidade
de treinamento, jogo, competição ou partida. O conceito que mais se aproxima da
realidade de campo para os envolvidos com as diversas práticas atléticas foi proposto por
Bennell (1996) e também adotado em outros estudos, que as define como qualquer dor
ou afecção músculo-esquelético resultante de treinamento e competições esportivas que
foram suficientes para causar alterações no treinamento normal do atleta, seja na forma,
duração, intensidade ou freqüência. (Aguiar, 2009).
Desta forma este estudo apóia-se na tentativa de demonstrar e comparar o padrão
postural com incidência de lesão, a fim de traçar uma relação e determinar se as
alterações posturais alem de influenciar negativamente no desempenho do atleta tenderia
a desencadear lesões nós atletas de natação.
Metodologia
Para este estudo foram selecionados 22 atletas de natação de ambos os sexos com idade
entre 10 a 17 anos, esses atletas foram captados durante a realização da 3º Copa CCFB
de Natação que ocorreu no mês de outubro em 2009 na cidade de Batatais. Foi utilizado
como critério de inclusão atletas que treinavam no mínimo a 6 meses e no máximo a 3
anos, assim como atletas que apresentavam um biótipo similar ao restante do grupo. Os
atletas após serem cientes do Termo de Consentimento e terem suas duvidas sanadas,
participaram em 2 etapas de avaliação.
A primeira etapa consistia em uma avaliação postural global realizada pela escala de New
York, os pacientes com trajes de competição (sunga e maiô), eram levados a um
ambiente apropriado constituído de um ambiente calmo, fora do ambiente de competição,
após o aquecimento do atleta, então pedia-se para o paciente permanecer em 4 perfis:
Anterior, Posterior e Laterais bilateralmente. A posição anterior era utilizada apenas para
fins de confirmação dos achados, já que na escala utiliza-se apenas lateral e posterior.
Ainda o examinador não foi substituído em nem um dos pontos da coleta diminuindo
assim viés inter-examinador.
Após a primeira etapa, os atletas eram requisitados a responder um questionário
adaptado pelos próprios autores tendo como base o protocolo de Petri (2002) aplicado a
tenistas de mesa. Desta forma o questionário apresentava perguntas relacionadas ao
histórico de lesões destacando-se: ciclo de braçadas, tempo de treino, tempo de pratica
esportiva não competitiva, tempo de pratica esportiva competitiva, se trabalhavam,
realizavam mais algum esporte, quantidade de torneios disputados durante o ano,
quantidade de torneio disputados durante sua pratica competitiva, índice de lesões e tipo
de tratamento utilizado para sanar o problema, assim como, o tempo de afastamento da
pratica devido a lesão.
Após a coleta dos dados, ocorreu a organização deles no Excel 2007 e os dados
estatísticos eram realizados pelo programa GraphPad InStat ( versão: 3.05).
Resultados
Após os dados serem filtrados e analisados, os atletas apresentavam uma media de
alterações posturais, (tabela 1), considerados com alterações moderadas, contendo 53,49
pontos, utilizando como base o score da escala de New-York (tabela 2).
Alterações Posturais Score
Inclinação de Cabeça 94
Inclinação de Ombro 90
Escoliose 96
Inclinação de Quadril 102
Pé Rodado 88
Desabamento do Pé 63
Anteriorização da Cabeça 78
Ângulo Esterno 100

- Pág. 102 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Rotação da Escapula 98
Hipercisofe 106
Retificação Torácica 82
Anteriorização do Quadril 92
Hiperlordose 88
Tabela 1- Alterações Posturais, segundo Escala de New-York

Desta forma os atletas obtiveram os seguintes resultados segundo a escala:


Vista Media do Score Classificação
Posterior 24,22 -
Perfil 29,27 -
Total 53,49 Moderado
Tabela 2- Media de Score Obtidos pela Escala de New-York
Já os índices de lesões destes atletas demonstraram ser desacertadamente baixos,
contendo uma incidência de 13,63% no grupo avaliado, onde a articulação mais atingida
eram as dos ombros e joelhos com 18,57%, demonstraram ainda que na articulação do
ombro a causa da lesão era tendinite em todos os casos. Já as articulações: cervical,
cotovelo, punho, lombar e tornozelo com 4,64% (gráfico 1).

Gráfico 2- Incidência de Lesão


Discussão
Com relação à incidência de lesão avaliada neste trabalho, os dados vão de contra aos
obtidos por Aguiar (2009) onde determina grandes índices de lesão avaliando nadadores
masters (com idade superior a 18 anos), relatando 121 lesões em 215 atletas. Desta
forma é inconclusivo comparado a este trabalho, pois segundo Faulkner (2008) e
Maharam (1999) que incluem perda de flexibilidade, força e potência muscular em atletas
acima de 40 anos de idade. Ainda segundo Aguiar (2009) as características
antropométricas e de treinamento tem relação entre os anos de prática esportiva e a
idade dos participantes com as ocorrências de lesão. Para os especialistas do estilo
costas e fundistas houve relação entre maior exposição e ocorrência de lesões analisando
a variáveis anos de prática.
Porem pode ser contrabalanceado, ao relacionar as posturas dos atletas que devido ao
grande tempo de treinamento já sofrido, apresentam alterações posturais moderadas.
Segundo Santos (2007) e Rupp (1995) as razões abordadas para ocorrência de tal lesão
são relacionadas comumente ao excesso de repetições associados ao desequilíbrio de

- Pág. 103 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

força muscular. As lesões musculares também foram referidas de maneira significante e,


segundo Santos (2007) e Rupp (1995) demonstram que as lesões traçam os mesmo
fatores predisponentes das tendinopatias, reiterando repetição e desequilíbrio muscular.
Segundo Rodeo (1999) Pink (2000), atletas competitivos podem nadar cerca de 10 a 20
km por dia, durante 6 a 7 vezes por semana, isso equivale aproximadamente a 2500
braçadas em um único dia, o que contribui para alto risco de lesões. Justificando assim a
presença de lesões classificadas por Tendinopatias.
Para demonstrar a relação da incidência de lesão ser mais acentuada na articulação do
ombro vemos Aguiar (2009) afirmando que o ombro foi o local mais referido entre todas
as especialidades, exceto para o nado peito. Tais achados também são relatos por
Chalmers (2003) e Wolf (2009) que descrevem os nadadores de crawl, borboleta e costas
como sendo os mais acometidos por lesões neste seguimento. Ainda Aguiar (2009)
citando Yanai (1998 e 1998), relata que a estrutura articular do ombro dos nadadores,
sofrem com o uso repetitivo e a sobrecarga. Isto ocorre principalmente durante a entrada
da mão na água, onde o ângulo de elevação do ombro atinge o seu máximo e também
durante a fase de recuperação da braçada, onde há o excesso de rotação interna do
mesmo.
A fim de comprovar a existência de lesões e dores na articulação do joelho Rodeo (1999)
demonstra na especialidade de peito os esforços repetitivos nos músculos adutores da
coxa durante o treinamento e competições que fazem com que ocorra estresse durante a
finalização da pernada, quando a adução forçada da coxa ocorre com os joelhos em valgo
e os tornozelos e pés rodados externamente.
Conclusão
Pode-se concluir que a biomecânica do nado tende a gerar alterações posturais, porem
não a correlação entre elas com a incidência de lesão visto que o nado utiliza-se de
cadeia cinemática aberta diminuindo a sobrecarga no momento do nado. Porem devido a
esta peculiaridade do nado, a biomecânica é diferenciada deixando uma grande brecha
para o surgimento de over-user, já visto que as articulações mais afetadas são
relacionadas no ombro, devido ao grande eixo de movimento e na articulação do joelho
desencadeados por uma grande exigência de transferência de torque, utilizando
demasiadamente movimentos repetitivos.
Referencias Bibliográficas
AGUIAR, P. R. C. Exploração dos Fatores de Risco na Natação. Monografia do Programa
de Pós-graduação em Fisioterapia. UNESP, Presidente Prudente, 2009.
Bennell, KL, Crossley K. Musculoskeletal injuries in track and field: incidence, distribution
and risk factors. The Australian Journal of Science and Medicine in Sport 1996; 28: 69-75.
CHALMERS DJ, MORRISON L. Epidemiology of non-submersion injuries in aquatic
sporting and recreational activities. Sports Med 2003; 33(10): 745-770.
CONTE M, MATIELLO JRE, CHALITA LVS, GONÇALVES A. Exploração de fatores de
risco de lesões desportivas entre universitários de educação física: estudo a partir de
estudantes de Sorocaba/SP. Rev Bras Med Esporte 2002; 8(4): 1-6.
CORRÊA, C. R. F.; MASSAUD, M. G.; Natação: da iniciação ao treinamento. 2 ed Rio de
Janeiro: Sprint, 2003.
FRANKEN, M.; CARPES, F. P.; CASTRO, F. A. S. CINEMÁTICA DO NADO CRAWL,
CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E FLEXIBILIDADE DE NADADORES
UNIVERSITÁRIOS. Xv CONGRESSO Basileiro de ciências do esporte e II congresso
internacional de ciências do esporte, 2007.
FAULKNER JA, DAVIS CS, MENDIAS CL, BROOKS SV. The aging of elite male athletes:
Age-related changes in performance and skeletal muscle structure and function. Clin J
Sport Med 2008; 18 (6): 501-507.].
Garrick JG, Lewis SL. Career hazards for the dancer. Occup Med 2001; 16(4): 609-618.
GOMES, W. D. F.; Natacao: uma alternativa metodologica. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.

- Pág. 104 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

YANAI T, HAY JG. Shoulder impingement in front-craw swimming: II. Analysis of stroke
technique. Med Sci Sport Exer 1998; 32: 30-40.
YANAI T, HAY JG, MILLER GF. Shoulder impingement in front-craw swimming: II.
Analysis of stroke technique. Med Sci Sport Exer 1998; 32: 21-29.
JÚNIOR, J. N.; PASTRE, C. M.; MONTEIRO, H. L. Alterações posturais em atletas
brasileiros do sexo masculino que participaram de provas de potência muscular em
competições internacionais. Rev Bras Med Esporte, Vol. 10, Nº 3, Mai/Jun, 2004.
MAHARAM LG, BAUMAN PA, KALMAN D, SKOLNIK H, PERLE SM. Masters Athletes:
factors affectting performance. Sports Med 1999; 28 (4): 273-285.
MANSOLDO,A. C., NOBRE, D. P. A. Avaliação postural em nadadores federados
praticantes do nado borboleta nas provas de 100 e 200 metros. O MUNDO DA SAÚDE
SÃO PAULO: 2007: out/dez 31(4):511-520.
Petri, F. C., Rodrigues, R. C.; Cohen, M.; Abdalla, R. J. Lesões musculo-esqueléticas
relacionadas com a prática do tênis de mesa. Rev. bras. ortop; 37(8):358-362, ago. 2002.
PINK MM, TIBONE JE. The painful shoulder in the swimming athlete. Orthop Clin Noth Am
2000; 31(2): 247-261.
RODEO SA. Knee pain in competitive swimming. Clin Sports Med 1999; 18(2): 379- 387.
RUPP S, BERNINGER K, HOPF T. Shoulder problems in high level swimmers –
impigement, anterior instability, muscular imbalance?. Int J Sports Med 1995; 16(8): 557-
562.
SANTOS MJ, BELANGERO WD, ALMEIDA GL. The effect of joint instability on latency
and recruitment order of the shoulder muscles. J Electromyogr Kinesiol 2007; 17(2): 167-
175.
WOLF BR, EBINGER AE, LAWLER MP, BRITTON CL. Injury patterns in division I
collegiate swimming. Am J Sports Med 2009; 37(10): 2037-2042.

- Pág. 105 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

COMPARAÇÃO ENTRE A FLEXIBILIDADE DA CADEIA POSTERIORA E A POSTURA


DE ATLETAS DE JIU-JÍTSU DO CENTRO UNIVERSITARIO CLARETIANO DE
BATATAIS.

Bruno Ferreira, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais,


brunof@com4.com.br
Gabriel Pádua da Silva, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Letícia Caroline Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Érica Moreira de Oliveira, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Kenia Roberta Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de
Batatais.
Edson Alves De Barros Junior, Mestre e Coordenador do Curso de Fisioterapia do Centro
Universitário Claretiano de Batatais.
Simone Cecilio Hallak Regalo, Livre docência e Docente-Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto FORP-USP
Edson Donizetti Verri, Mestre e Coordenador do Laboratório de Analise Biomecânica do
Movimento do Centro Universitário Claretiano de Batatais.

Resumo
O jiu-jítsu é uma modalidade que apóia seus princípios biomecânicos na otimização da
força muscular do praticante, anulando a do oponente ou até mesmo utilizar as valências
físicas deste contra ele próprio. Entretanto com a evolução do esporte de alto rendimento,
tem gerado um interesse de profissionais pelo aprimoramento das técnicas desportivas. A
técnica ainda esta relacionado com a postura e a flexibilidade do atleta visto que uma
perda destas podem acarretar condições posturais que impossibilitaria o atleta a ter a
melhor performance. Este trabalho tente a demonstrar e comparar a flexibilidade e a
postura de atletas do jiu-jítsu para realizar uma correlação entre adaptações posturais e
flexibilidade, para poder evitar um dos acarretadores de perda do rendimento no atleta.
Buscou-se 25 atletas de jiu-jítsu do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Que
apresentavam idade media de 23.2± 1.535 anos, todos do sexo masculino que já
treinavam no mínimo a 7 meses, contendo um porte físico semelhante, mostrando uma
homogeneidade na coleta. Após os indivíduos serem selecionados, cientes sobre o que
seria realizado e terem assinado o termo de consentimento livre, foram submetidos a 2
tipos de avaliação fisioterapeutica que continham 3 etapas. A primeira contou com
achados posturais derivando de uma avaliação postural global utilizando um protocolo
determinado pelos próprios pesquisadores, onde era definido as alterações por cada
articulação dos membros apendiculares e coluna. Os indivíduos eram submetidos ainda a
uma sessão fotográfica obtendo um registro das seguintes posições: Anterior, Posterior e
Lateral bilateralmente, a fim de confirmar os achados do examinador posteriormente. A
segunda avaliação contemplou-se por avaliação da flexibilidade da cadeia posterior dos
atletas, utilizando o Banco de Wells. Nesta avaliação pedia-se que o atleta realiza-se 3
medidas e dela era utilizada aquela de maior valor. Após estas avaliações os dados foram
tabulados no Excel 2007, selecionados, separando a faixa etária, peso e altura dos
indivíduos, para uma amostra mais homogênea. Os dados estatísticos foram realizados
pelo programa GraphPad InStat (versão 3.05). Os dados obtidos da avaliação na
flexibilidade de cadeia posterior destes atletas demonstram uma media de 20,660± 1,772,
com 36% indivíduos classificados com uma condição de flexibilidade regular, 60% fraco e
4% bom. Na avaliação postural, foram verificadas alterações significativas, sendo 89,47%
com alterações na coluna lombar com prevalência de 78,94% de hiperlordose, 84,21%

- Pág. 106 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

com alterações em cabeça com prevalência de 68,42% de cabeça anteriorizada, 73,68%


demonstraram alterações no quadril com uma maior incidência de 63,15% de
anteroversão pélvica; 73,68% apresentavam alterações no joelho com maior achado de
47,36% joelhos hiperextendidos. Desta forma este trabalho conclui-se que as alterações
posturais tendem a gerar alterações da flexibilidade do atleta, influenciando diretamente
no seu rendimento, assim como, esta diminuição de flexibilidade, quando apresentada em
condições severas podem gerar riscos para saúde do individuo. Completa-se ainda
demonstrando que o jiu-jítsu não depende apenas da potencia muscular e força, pois
devido a retrações e alterações posturais esta é derrubada devido uma diminuição das
capacidades principais da luta.
Palavras-Chaves: Jiu-Jítsu, Flexibilidade, Postura.
Introdução
No Brasil, o jiu-jítsu iniciou-se por volta de 1917, com a chegada do professor da arte
Mitsuyo Maeda, conhecido como Conde Koma. Em Belém do Pará, Conde Koma
efetuava demonstrações da luta, sendo assistido por Carlos Gracie, que se interessou
pela forma de combate, aprofundando-se nesta habilidade (VÍRGILIO, 2002).
Ele divide-se segundo Franchini (2003), o jiu-jítsu é uma modalidade que apóia seus
princípios biomecânicos visando otimizar a força muscular do praticante anulando a força
do oponente ou até mesmo utilizando as valências físicas contra ele próprio. Princípios
como, resultante vetorial e distribuição de massa no momento correto, são usados nos
golpes de forma a imobilizar, derrubar, neutralizar ataques, pressionar, estrangular,
hiperextender e torcer as articulações dos adversários. (PADILHA, 2005).
Junto com estas modalidades segundo Franken (2007) a evolução no esporte de alto
rendimento tem feito com que o interesse de profissionais pelo aprimoramento das
técnicas desportivas aumente a cada dia. Em diversas modalidades, a técnica tem sido
ocupa cada vez mais o espaço durante as sessões de treinamento. A técnica ainda está
relacionada com a postura e a flexibilidade do atleta visto que, uma perda dessas
estruturas podem acarretar condições posturais que impossibilitaria o atleta a ter uma
melhor performance.
Por outro lado apenas a partir da segunda metade do século XX passou-se a estudar a
flexibilidade de forma sistemática, como um componente importante da aptidão física
referenciada à saúde e ao desempenho. Hoje é bem aceita a idéia de que níveis mínimos
de amplitude articular são necessários para uma boa qualidade de vida. A flexibilidade
pode ser definida, de forma operacional, como uma “... qualidade motriz que depende da
elasticidade muscular e da mobilidade articular, expressa pela máxima amplitude de
movimentos necessários para a perfeita execução de qualquer atividade física eletiva,
sem que ocorram lesões anatomopatológicas”. (FARINATTI, 2000).
Vemos ainda a flexibilidade sendo uma característica específica para cada articulação e
para o movimento realizado, cada atividade impõe exigências particulares ao praticante.
Muitos especialistas em medicina esportiva acreditam que a flexibilidade possa
desempenhar um papel importante na prevenção de problemas como distensões,
estiramentos ou lesões de 'over - training'. A alta prevalência de acidentes envolvendo
essas articulações e o baixo nível de flexibilidade nelas encontrado apontaria para a
necessidade de uma maior preocupação com o aspecto preventivo do trabalho da
mobilidade articular no esporte. (FARINATTI, 2000).
Desta forma este trabalho tente a demonstrar e comparar a flexibilidade e a postura de
atletas do jiu-jítsu para realizar uma correlação entre adaptações posturais provenientes
da diminuição da flexibilidade, que podem acarretar perda do rendimento no atleta.
Metodologia
Este trabalho buscou um total de 25 atletas de Jiu-jitsu do Centro Universitário Claretiano
de Batatais. Eles apresentavam uma idade media de 23.2± 1.535 contendo uma faixa
etária entre 18 a 31 anos, todos do sexo masculino que já lutavam no mínimo a 7 meses
em treinos, eles ainda tinham um porte semelhante entre eles mostrando uma

- Pág. 107 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

homogeneidade na coleta. A amostra de idade segundo o programa estatistico foi


considerado muito significativo, obtendo um p= 0.0069.
Após os indivíduos serem selecionados, cientes sobre o que seria realizado e terem
assinado o termo de consentimento livre, foram submetidos a 2 tipos de avaliação
fisioterapeutica. A primeira contou com achados posturais derivado de uma avaliação
postural global utilizando um protocolo determinado pelos próprios pesquisadores, onde
eram definidas as alterações por cada articulação dos membros apendiculares, assim
como alterações globais da coluna visto como todo. O paciente era mantido na posição
ortostática habitual para ele em quatro vistas: anterior, posterior e lateral bilateralmente.
Ainda era recomendado que o avaliador que iniciou esta etapa realizasse todas as
avaliações, diminuindo viés de inter-examinador. Após esta parte os indivíduos eram
submetidos a uma sessão fotográfica das posturas: Anterior, Posterior e Lateral
bilateralmente, a fim de confirmar os achados do examinador. Para isto foi utilizado à
padronização da biofotogramétria, porém nem um dado foi submetido aos programas
gramétricos. A câmera recebeu uma padronização de 3m entre o paciente, 30cm entre a
parede e o atleta, com uma altura de tripé de 90cm.
A segunda avaliação contemplou-se por avaliação da flexibilidade da cadeia posterior dos
indivíduos utilizando o Banco de Wells. Nesta avaliação pedia-se que o atleta realizasse 3
medidas e dessa medida era utilizada aquela de maior valor. Foi orientado sobre a
recomendação de manter o calcanhar o tempo todo sobre o apoio no banco, assim como
não empurrar o marcador em um impulso, mas sim ir gradativamente deslizando, esta
fase era acompanhada com uma monitoração visual do examinador nos membros
inferiores para evitar flexão dos joelhos.
Após estas avaliações os dados foram tabulados no Excel 2007, selecionados, separando
a faixa etária, peso e altura dos indivíduos, para uma amostra mais homogênea. Para
conversão em dados estatísticos foi utilizado o programa GraphPad InStat (versão 3.05).
Resultados

- Pág. 108 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Os dados obtidos da avaliação na flexibilidade de cadeia posterior destes atletas


demonstraram uma média de 20,660± 1,772 (tabela 1), com 36% indivíduos classificados
com uma condição de flexibilidade regular, 60% fraco e 4% bom (gráfico 1) .
Idade Valores Obtidos Classificação
31 28 Regular
19 27 Regular
19 26 Regular
30 20 Fraco
20 29 Regular
20 34 Regular
21 30 Regular
25 18 Fraco
29 14,5 Fraco
27 12 Fraco
22 35 Bom
29 26 Regular
25 20 Fraco
15 18 Fraco
19 12 Fraco
18 20 Fraco
26 27 Regular
31 26 Regular
24 9 Fraco
31 24 Fraco
19 23 Fraco
19 9 Fraco
25 11 Fraco
27 18 Fraco
23 0 Fraco
Media 20.660 ±1.722 -
Tabela 1: Flexibilidade dos Atletas segundo Wells & Dillon, 1952.

Gráfico 3: Flexibilidade dos Atletas

Na avaliação postural, foram verificadas alterações significativas, sendo 89,47% com


alterações na coluna lombar com prevalência de 78,94% de hiperlordose, 84,21% (gráfico
2) com alterações na cabeça com prevalência de 68,42% de cabeça anteriorizada,
73,68% demonstraram alterações no quadril com uma maior incidência de 63,15% de
anteroversão pélvica; 73,68% apresentavam alterações no joelho com maior achado de
47,36% de joelhos hiperextendidos (gráfico 3).

- Pág. 109 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Gráfico 4: Prevalência das alterações posturais

Gráfico 5: Alterações Posturais nos Atletas de Jiu-Jítsu

Discussão
Assim pode-se observar uma relação entre as alterações posturais com a perda de
flexibilidade, isto justifica-se juntamente com Taylor (1990) onde demonstra que baixos
índices de flexibilidade podem estar associados a problemas posturais, algias, níveis de
lesões, diminuição da vascularização local, aparecimento das adesões, e aumento de
tensões neuromusculares. Vindo de encontro com o trabalho proposto onde demonstra
que alterações posturais em cadeia posterior e assim como uma flexibilidade regular
foram detectadas. Contudo ainda pode ser observado segundo zito (1983), que
demonstra as alterações posturais dos atletas ocorrendo devido ao treinamento intenso e
repetitivo de uma modalidade esportiva, proporcionando a hipertrofia muscular e a
diminuição da flexibilidade, causando desequilíbrio entre a musculatura agonista e
antagonista, favorecendo a instalação de alterações posturais.
Atentando ao fato de lesões que podem gerar alterações posturais, vê-se que Segundo
Carpeggiani (2004) o local anatômico mais freqüentemente acometido por lesões, foi o
joelho (27%), diferindo dos resultados encontrados em trabalhos focados no judô,
modalidade esportiva que mais se aproxima do jiu-jítsu, apontaram o ombro como região
anatômica mais lesada (72,13%).
Ainda vemos uma preocupação voltada à saúde dos atletas, pois segundo Araújo (1998)
evidencia também a necessidade do treinamento da flexibilidade em diferentes faixas
etárias em função das perdas de amplitude em diversas articulações, podendo afetar
negativamente a saúde na qualidade de vida. Confirmado por Alter (1996) que relaciona a

- Pág. 110 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

flexibilidade diretamente com o movimento humano, sendo possíveis adaptações


fisiológicas e mecânicas com o treinamento.
Desta forma derruba-se por terra a idéia de Farenatti (2000) onde cita que enquanto o
desempenho de corredores de longa distância e nadadores pode depender
significativamente de sua potência aeróbia máxima, em modalidades como o judô ou luta
greco-romana onde a força e a potência muscular seria mais importante, enquanto que na
ginástica e nado sincronizado a flexibilidade é destacada. Concordando com a quebra
desta fundamentação Carvalho (2004) sita que quando um músculo se encurta para gerar
força e concomitantemente potencializa ao levantar uma carga constante, a tensão
desenvolvida em uma determinada amplitude de movimento depende do comprimento do
músculo, do ângulo de tração do músculo sobre o esqueleto e da velocidade do
encurtamento.
Conclusão
Desta forma este trabalho conclui-se que as alterações posturais tendem a gerar
complicações da flexibilidade do atleta, influenciando diretamente em seu rendimento,
assim como a diminuição da flexibilidade quando não observado pode gerar riscos para a
saúde do indivíduo. Completa-se ainda demonstrando que o jiu-jítsu não depende apenas
da potencia muscular e força, pois devido às retrações e alterações posturais gerarem
uma diminuição das capacidades principais da luta.

Referencia Bibliográfica
ARAÚJO, C.G.S.; PEREIRA M.I.R, FARINATTI P.T.V. Body Flexibility Profile From
Childhood to Seniority – data from 1874 male and female subjects. Medicine Sciencie of
Sports and Exercises; v.30, p. S115, 1998.
Alves, L. S. Análise postural em atletas de judô da equipe da unisul. Monografia
apresentada ao Curso de Fisioterapia da Faculdade Universidade do Sul de Santa
Catarina. Tubarão, 2005
CARVALHO, L., SIMÕES, J. A., Finite element analysis of the behavior of the human
periodontal ligament in the tooth-bone structure, 6th International Symposium on
Computer Methods in Biomechanics and iomedical Engineering, Madrid, 2004.
CARPEGGIANI, J. C. Lesões no Jiu-jitsu: estudo em 78 atletas. 36p. Graduação, 2004.
Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu – CBJJ, disponível em:
http://www.cbjj.com.br/regras.htm (data de acesso: 30/03/2010).
DEL VECCHIO, F. B.; et al.. Analise morfo-funcional de praticantes de brazilian jiu-jitsu e
estudo da temporolidade e da qualificação das ações motoras na modalidade, Movimento
e Percepção, v.7, n 10. jan/jun 2007.
FARINATTI, P. T. V. Flexibilidade e Esporte: Uma Revisão da Literatura. Rev. paul. Educ.
Fís., São Paulo, 14(1):85-96, jan./jun. 2000.
FRANCHINI, E.; TAKITO, M. Y.; PEREIRA, J. N. C. Freqüência cardíaca e força de
preensão manual durante a luta de jiu-jitsu. Revista Digital: Lécturas Educación Física y
Deportes. Buenos Aires, v.9, n. 65, 2003. http://www.efdeportes.com/efd65/jiujitsu.htm
FRANCLINI, E.; et al..Frequencia cardíaca e força de prensao manual durante a luta de
jiu-jitsu, Revista Digital, Ano 9. n 65, outubro 2003.
FRANKEN, M.; CARPES, F. P.; CASTRO, F. A. S. CINEMÁTICA DO NADO CRAWL,
CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E FLEXIBILIDADE DE NADADORES
UNIVERSITÁRIOS. Xv CONGRESSO Basileiro de ciências do esporte e II congresso
internacional de ciências do esporte, 2007.
IDE, B. N.; et al.. Possíveis lesões decorrentes das técnicas do jiu-jitsu desportivo, Revista
Digital, Ano 10. n83, abril 2005.
KANO, J. Konokan Judo. Kodansha International: New York, 1994
Júnior, J. N.; Pastre, C. M.; Monteiro, H. L. Alterações posturais em atletas brasileiros do
sexo masculino que participaram de provas de potência muscular em competições
internacionais. Rev Bras Med Esporte, Vol. 10, Nº 3, Mai/Jun, 2004.

- Pág. 111 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

PLATONOV,.V. N.. Teoria geral do treinamento desportivo olímpico. Porto Alegre: Artmed,
2004.
TAYLOR, D. C., DALTON, J.D., SEABER, A.V, GARRETT W. E. Viscoelastic Properties of
Muscle Tendon Units. The Biomechannical Effects of Stretching. The American Journal of
Sportes Medicine. 1990; 18(3):300-308.
VIRGÍLIO, S. Personagens e Histórias do Judô Brasileiro. Átomo: Campinas, 2002.
ZITO, M. The Adolescent Athlete: A Musculoskeletal Update. J. Orthop. Sports Phys.
Ther. 1983;5:20-5.

- Pág. 112 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

PROPOSTA DE TREINANENTO FÍSICO NO PERÍODO PRÉ-COMPETITIVO PARA


UMA EQUIPE FEMININA DE VOLEIBOL

MARCELO FRANCISCO RODRIGUES


Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/
Professor da Prefeitura Municipal de Aguaí
marcelo.edufisica@hotmail.com
HENRIQUE MIGUEL
Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/
Mestrando em Motricidade Humana - UCA / Técnico Desportivo da Prefeitura Municipal
de Aguaí
SÍLVIO CÉSAR DOS SANTOS SOUZA
Educador Físico – ESEFM/ Pedagogo – FACHA/ Docente da Faculdade de Ciências
Humanas de Aguaí

RESUMO

Com a evolução e espetacularização do voleibol, este se tornou uma modalidade muito


praticada e rentável. Todo esse processo vigente a cidade de São João da Boa Vista,
após investimentos relevantes a sua equipe de voleibol feminino adulto, aprimorou os
treinamentos da mesma, propondo uma periodização especifica onde foram combinados
os treinamentos físicos os quais anteriormente não faziam parte da programação, sendo
esses trabalhos físicos, os quais foram investigados os treinamentos compostos por
treinamento de força na academia e treinamentos em quadra, a fim de observar o
processo de elevação dos níveis físicos da equipe, sendo esses treinamentos
observados através de testes de controle durante três semanas, trabalhos físicos esses
tão exigidos dentro do Voleibol, seguindo uma coerência o qual o esporte em si.
Provocando com esse trabalho futuras discussões sobre treinamentos físicos em períodos
específicos na programação das equipes de Voleibol.

Palavras-chave: Voleibol; Treinamento Físico; Periodização.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Rizzola Neto (2003), o voleibol foi o esporte que mais modificou suas regras
sem modificar sua estrutura de jogo. Com o passar do tempo foi se moldando à medida
que os interesses comerciais se acharam necessários, fazendo dele hoje, um dos
esportes mais praticados e assistidos no mundo. A plasticidade e a constante passagem
de situações entre defesa e ataque, despertam um enorme interesse do público, levando
a uma grande atividade econômica dentro de nosso país. O voleibol se tornou um dos
jogos esportivos mais praticados no mundo com mais de 200 milhões de jogadores. Esse
fator se dá pelo esporte requerer uma quantia mínima de implementos e uma variável
situação nos níveis de habilidades. (TILMAN et all, 2004) Como relata Marchi Júnior
(2001), a passagem do amadorismo para o profissionalismo, e, consequentemente para a
espetacularização da modalidade, fez com que houvesse um número grande de novos
adeptos a este esporte, aumentando o interesse da mídia em comprar direitos de imagem
e uma enorme busca pela audiência televisiva.
Tais situações fizeram com que a modalidade evoluísse em todos seus âmbitos
competitivos. Profissionais e atletas eram cada vez mais postos a prova, e o treinamento
passou a ser fundamental para que essa espetacularização fosse observada com bons

- Pág. 113 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

olhos para torcedores, meros espectadores e até mesmo, os donos dos direitos de
transmissão dos jogos. Isso não ocorreu apenas com o voleibol. Quanto mais rendimento
um atleta conseguia em determinado esporte, mais ele ajudaria sua equipe, deixando o
espetáculo muito mais belo, atraindo cada vez maiores massas para dentro de um estádio
ou até mesmo de um ginásio. O atleta precisaria estar sempre em ótimas condições,
muito bem preparado para desempenhar o papel que lhe era atribuído dentro da
modalidade em que exercera sua profissão. Certamente, com o estalar da modalidade, o
profissionalismo dos atletas se tornou uma forma grande de renda para as equipes antes
ditas como amadoras, fazendo com que o trabalho propriamente dito com os atletas, até
mesmo nas categorias de base, fossem levados a um âmbito totalmente atípico
(GUIMARÃES e MATTA, 2004). Com certeza, como citado acima, foi a modalidade
coletiva que mais sofreu modificações em suas regras desde sua invenção, passando a
dar a cada atleta, uma condição específica dentro das posições em que atuam,
distribuindo tarefas para o bom rendimento da equipe. Observando tais situações, os
autores deste estudo tomaram por base estas circunstâncias para desenvolver uma
abordagem de trabalho para preparação física de levantadores de alto-rendimento,
através de uma longa pesquisa bibliográfica dos maiores autores sobre o assunto.
O treinamento físico se realiza para o aprimoramento das capacidades motoras,
melhorando o nível de desempenho em atividades musculares específicas. Barbanti
(1996, p.52) relata que “o treinamento físico é uma repetição sistemática de movimentos
que produzem reflexos de adaptação morfológica e funcional, com o objetivo de aumentar
o rendimento num determinado espaço de tempo”. Estudos sobre a preparação específica
de determinado atleta são muito raros na literatura, principalmente em um esporte que
vem desenvolvendo seu interesse maior há poucos anos, fazendo com que isso se torne
um ponto fundamental de interesse dos autores deste estudo. Para Borsari (1996), os
atletas do voleibol, com a evolução atual do jogo, foram obrigados a se tornarem
jogadores mais atléticos, com movimentos que exigem muita velocidade e violência,
sempre enfocando a habilidade,. Hoje, devem ter uma estatura privilegiada, facilitando
seus ataques e bloqueios. Segundo Bizzochi (2004), com as mudanças para as regras
atuais, o jogo passou a se tornar mais dinâmico, e as partidas quase nunca passam de
uma hora e meia de duração, assim, o metabolismo predominante para a atividade
realizada é composta por estímulos anaeróbios, ou seja, de máxima intensidade e curta
duração.
Conseqüentemente essa evolução do esporte, proporcionou a equipe de Voleibol de São
João da Boa Vista a investir firmemente, pois os resultados regionais que obtiveram foram
muito satisfatórios e a comissão técnica, viu-se obrigada a procurar novos métodos de
treinamento, inclusive a parte física, onde recebe uma atenção especial o qual é um dos
fatores primordiais para o sucesso da equipe.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Amostra

Os indivíduos participantes desse estudo fazem parte da equipe de Voleibol Feminino


Adulto da cidade de São João da Boa Vista, com uma média de idade de 19,5 ± 0,7 anos,
com uma média de 66,5 kg e com uma altura média de 1,76 ± 0,7 cm. Onde foram
avaliados a partir de testes controles no inicio do período pré competitivo, levando em
conta os treinamentos físicos, divididos entre trabalhos de musculação e trabalhos
combinados em quadra, de acordo com o período especifico pré competitivo propostos
neste trabalho. A partir dessas avaliações observaremos todos os resultados dos
treinamentos físicos propostos durante as três semanas conseqüentes ao período pré-
competitivo.

- Pág. 114 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

2.1.1. Testes de Força Explosiva

Impulsão Vertical

Material:
- Fita métrica fixada verticalmente na parede, de maneira descente, onde a marca zero
deve ficar no ponto mais alto da parede.
- Pó de giz
- Cadeira

Procedimentos
O avaliado deve estar em pé, de lado para a parede, com os braços estendidos acima da
cabeça. Nessa posição, deve marcar com pó de giz o ponto alto que posso alcançar. Em
seguida, deve fazer pequena flexão de pernas e saltar, marcando com a ponta dos dedos
o ponto mais alto atingido. Devem ser realizadas três tentativas. Para determinar a
impulsão, deve-se subtrair o valor inicial do maior valor alcançado durante as tentativas.
Exemplo: o avaliado na posição inicial toca o ponto 100 da fita métrica. Durante a série de
saltos atinge 65,66 e 64. Como a fita está no sentido descendente, a melhor marca é 64.
Para obter o resultado, deve-se efetuar 100 – 64 = 36. Esse valor corresponde a impulsão
vertical em centímetros.

Impulsão Horizontal

- Fita métrica
- Pó de giz

Procedimentos
O avaliado deve estar com os pés paralelos, no ponto de partida. Ao sinal do avaliador,
deve saltar no sentido horizontal, tentando alcançar o ponto mais distante possível. É
permitida a movimentação livre de braços e tronco. São realizadas três tentativas,
registrando-se a marca na parte posterior do pé, sendo considerada a maior distancia
alcançada.

2.1.2. Testes de Agilidade

A agilidade é caracterizada pela capacidade de realizar trocas rápidas de direção e


deslocamento do centro de gravidade do corpo. Para avaliar a agilidade, podemos utilizar:

Teste de Shuttle Run

O avaliado coloca-se na linha de partida. Ao ouvir o comando de partida, deve correr o


mais rápido possível ate a outra linha, pegar o primeiro bloco, voltar até a linha de partida
e depositar o bloco, voltar ate a outra linha e pegar o segundo bloco, voltar ate a linha de
partida, depositar o bloco e ultrapassá-la. Nesse momento, o avaliador deve registrar o
tempo gasto para a realização do trabalho descrito. Ao pegar e deixar os blocos, o
avaliado deve seguir uma regra básica: transpor com pelo menos um dos pés as linhas
que demarcam o espaço. Os blocos devem ser jogados, mais colocados no solo

2.2. Tratamento estatístico

- Pág. 115 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

As médias das variáveis pré e pós-treinamento foram descritas por média aritmética e
desvio padrão e foram comparadas pelo teste t de Student para amostras dependentes,
com nível de significância de p<0,05.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das variáveis discutidas, neste trabalho, no período pré-compettivo das


atletas, no pré-teste de impulsão horizontal obteve o valor médio de 198,0±9,8 cm sendo
o pós teste de impulsão horizontal após 3 semanas de treinamento físico foi de 208,0±9,0
cm, mostrando que o treinamento obteve resultado satisfatório e significativo
estatisticamente.
No resultado do pré-teste de impulsão vertical obtivemos a variável de 42,3±13,2 cm, e o
pós teste a variável satisfatória e significativa estatisticamente de 42,3±13,2 cm segundo
o teste T de Stundent. Consequentemente o único teste que não houve melhora
significativa estatisticamente foi o de agilidade ( shuttle run ).
Segundo Newton, Kraemer e Hakkinen (1999), demonstraram num programa de 8
semanas de treinamento com sobrecarga que o treinamento com sobrecarga, é
importantíssimo para o aumento significativo no nível de saltos verticais em atletas de
voleibol de alto nível. Verkhonshanski (1990), em um estudo com atletas de voleibol de
alto nível, que adquiriam a maestria técnica, principalmente em relação aos saltos a partir
de trabalho de força especial, a medida que o nível dos grupos musculares são mais
exigidos.

Tabela 1 – valores de média aritmética (X), desvio padrão (SD) referente á comparação
das variáveis antropométricas antes e após um programa de treinamento de força.

Variáveis antropométricas Pré Pós t p


X ± SD X±S
Impulsão Horizontal (cm) 198,0±9,8 208,0±9,0 4,344 0,002
Impulsão Vertical (cm) 42,3±13,2 44,6±13,4 -9,496 0,001
Agilidade (seg) 11,89±0,65 11,50±0,75 -1,112 0,456
*p<0,05 diferença estatística significativa entre os valores médios pré e pós treinamento

4. CONCLUSÃO

Podemos concluir nesse trabalho, que a preparação física se faz cada vez mais
importante no Voleibol, esse sendo um diferencial predominante na busca do alto nível de
resultados, e que ficou evidente a evolução física da equipe, levando em conta ser a
primeira vez que a questão física tem uma relevância, porém isso abre discussões para
novos pressupostos e também para novas pesquisas e elaboração dos treinamentos
físicos da equipe. Os resultados dos testes mostraram uma diferença significativa na
impulsão horizontal e impulsão vertical, levando a crer que os trabalhos físicos foram
benéficos para os membros inferiores, já o teste de agilidade mostrou um valor não
significativo, nos mostrando assim que os trabalhos de agilidade não surtiram um efeito
tão aparente, sendo que agilidade é um dos fatores determinantes no voleibol já que se
trata de um esporte dinâmico e ágil. Partindo desse pressuposto, novos treinamentos
deverão ser elaborados visando aumentar ainda mais esses resultados, buscando a
excelência dos resultados.

- Pág. 116 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

REFERÊNCIAS

ARRUDA, M. Fisiologia do Voleibol. São Paulo: Phorte, 2008

BOMPA, Tudor O. Periodização: teoria e metodologia do Treinamento/ Tudor O. Bompa;


[Tradução de Sergio Roberto Ferreira Batista].Phorte Editora, 2002

BARRIEL, G.P.; FONTOURA, A.; FOPPA, G. Avaliação quantitativa de saltos verticais em


atletas de voleibol masculino na Superliga 2002/2003. Disponível em:
www.efdeportes.com/efd73/volei.htm. Acesso em 26 de março 2009.

BIZZOCHI, C. O voleibol de alto nível: da iniciação a competição. 2.ed. Barueri: Manole,


2004.

BOJIKIAN,J,C. Ensinando Voleibol. 4ª edição ampliada e revista – São Paulo, 2008.

BORSARI, J.R. Volibol: Aprendizagem e treinamento. Um desafio constante. Variações do


Volibol: Vôlei de praia. Fut-Volei. Vôlei Quarteto. 2.ed. São Paulo: EPU, 1996.

BOSSI, L.C. Musculação para o Voleibol. São Paulo: Phorte, 2007.

KAUTZNER, Jr. N.M. Voleibol: Biomecânica e musculação Aplicadas. Rio de Janeiro:


Palestra Sport, 2001

MATVEIÉV, L. Treinamento Desportivo: O treino e a sua organização. Lisboa: 1990

MESQUITA, M.M. Voleibol: Fundamentos técnicos e treinamento dos fundamentos


técnicos. São Bernardo do Campo: BD Empreendimentos, 2001.

NEWTON, R.U.; KRAEMER, W.J, HAKKINEN, K. Effects of ballistic train on preseason


preparation of elite volleyball players. Medicine and Science in Sports and Exercise. 31(2)
323-329, 1999.

OLIVEIIRA, P, R,Efeito Posterior de Treinamento Duradouro (EPDT) das cargas


concentradas de Força – Investigação a partir de ensaio com equipe infantojuvenil de
voleibol, 1997. 187p Dissertação (Doutorado) Faculdade de Educação Física
Universidade Estadual de Campinas, Campinas 1997.

OLIVEIIRA, P, R. Periodização Contemporânea do Treinamento Desportivo: Modelo de


Cargas Concentradas de Força. São Paulo: Phorte, 2008.

RIZOLA NETO, A. Uma proposta de preparação para equipes jovens de voleibol feminino.
2003. 114p. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Educação Física. Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2003..

PITANGA, J.F. Testes, Medidas e Avaliações em Educação Física,3ª ed. São Paulo,
Phorte, 2004.

UCHIDA, M, C. Manual de Musculação:Uma abordagem Teórico-prática do Treinamento


de Força,.São Paulo: Phorte, 2005

- Pág. 117 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

VERKHONSHANSKY, Y.V. Entrenamiento deportivo: planificacion y programacion.


Martinez Roca. Barcelona 1990.

- Pág. 118 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE FLEXIBILIDADE EM IDOSOS

Leandro Macedo Brites, graduado em Educação Física


pela Faculdade Presbiteriana Gammon.
lmb.bs@hotmail.com

Orientador: Alan Peloso Figueiredo


Mestre em Biotecnologia em Saúde
alanpf@terra.com.br
Resumo

Com o passar dos anos o idoso perde o diálogo harmonioso com o seu corpo e sofre
modificações que alteram os aspectos biológicos, funcionais, psíquicos e sociais. Estas
alterações podem causar certo declínio na capacidade funcional do idoso, limitando sua
independência e conseqüentemente sua qualidade de vida. Esta pesquisa tem por
finalidade demonstrar a possibilidade de avaliação da flexibilidade, componente de
extrema importância para a saúde humana, em 16 pessoas de melhor idade, do sexo
feminino dos municípios de Bom Sucesso e São João Del rei. Através do teste de sentar e
alcançar do banco de adaptado, a fim de atender os diferentes biótipos existentes e
avaliar a amplitude total de flexibilidade. Percebe-se necessidade de novos estudos antes
de afirmar a eficácia dos métodos ativo e passivo. Entretanto, esta pesquisa comprovou
que ambos os grupos melhoraram seu desempenho de flexibilidade.

Palavras chaves: 3ª idade, flexibilidade, banco de Wells

ABSTRACT
Over the years the elderly lose the harmonious dialogue with your body and undergoes
changes which alter the biological aspects, functional, psychological and social. These
changes may cause some decline in functional capacity of the elderly, limiting their
independence and consequently their quality of life. This research is to demonstrate the
possibility of assessing the flexibility, component of extreme importance to human health in
16 people with better age, sex female of the municipalities of Bom Sucesso and São João
del Rei, through the sit and reach test of the bank of wells, upgraded, in order to meet the
different biotypes exist and to evaluate the full range of flexibility. Realizes the need for
new research before you say the effectiveness of the method assets and liabilities.
However this research showed that both groups improved their performace for flexibility.
Words keys: 3ª age, flexibility, bank of Wells

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e segundo Gonçalves, (2001),


em 2025, 15% da população brasileira (34 milhões) estará acima de 60 anos, sendo que
nesse período haverá um aumento médio de 6,5% de idosos ao ano e, ao mesmo tempo,
uma redução nos números absolutos de jovens entre 0 e 14 anos. Esse mesmo autor
relata que, com o envelhecimento da sociedade, o brasileiro vai conviver mais com
idosos, permitindo às gerações que amadurecerem ter um paradigma do que é ser velho.
Para combater a inércia à qual os idosos estão confinados, nada melhor do que o
movimento. É uma forma de adiar o repouso absoluto.
Atualmente, vários autores estão fazendo estudo sobre o envelhecimento e suas
degenerações, transmitindo à sociedade considerações importantíssimo sobre as
perspectivas de vida na melhor idade. Dentre essas degenerações, a atrofia muscular
deve ter uma atenção especial, pois ela proporciona varias limitações como: dificuldade

- Pág. 119 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

em agachar, amarrar sapatos, enxugar-se, pentear-se; pouca flexibilidade articular e


dores em extensão de membros. Essas limitações comprometem a qualidade de vida e a
auto-estima. Verificar o grau de flexibilidade e mostrar o quanto o exercício físico é
importante contra o encurtamento muscular é o objetivo do presente estudo.
Nos estudos de Zauadski (2007) demonstra que a classe da melhor idade necessita de
um maior incentivo à prática esportiva ou atividades físicas constantes. Sugere ainda que
o treino de flexibilidade proporciona bem-estar, força muscular e acima de tudo, bom
condicionamento físico.
Flexibilidade foi definida por Holland citado por Dantas e Soares (2001) como a qualidade
física responsável pela “... amplitude de movimento disponível em uma articulação ou
conjunto de articulações”. Essa variável é um importante componente da capacidade
física e relaciona-se com a execução de tarefas específicas do dia-a-dia. A idade, o
sedentarismo e doenças como diabetes e hipertensão arterial da maior parte dos idosos,
diminuem a capacidade de flexionar ossos e músculos e costumam impossibilitar muitas
atividades físicas, devido ao risco de futuros problemas.
Segundo Achou Júnior citado por Guadagnine e Olivoto (2004) “avaliar a flexibilidade
usando o teste de sentar e alcançar é importante porque avalia duas importantes regiões
corporais (coluna lombar e isquíotibiais)” Analisando esses estudos, podemos notificar a
real situação da “atrofia” muscular e sugerir a manutenção da flexibilidade através de
exercícios que provoquem uma regressão nesse encurtamento.
Por tanto, na Melhor Idade, selecionar atividades físicas de acordo com a capacidade
individual proporciona segurança e prazer para desenvolver as atividades da vida diárias,
tornando a vida mais ativa.

REVISÃO DE LITERATURA

A prática regular de exercícios físicos é uma estratégia preventiva, primária, atrativa e


eficaz para manter e melhorar o estado de saúde física e psíquica em qualquer idade.
Tendo efeitos benéficos diretos e indiretos para prevenir e retardar as perdas funcionais
do envelhecimento, reduzindo o risco de enfermidades e transtornos freqüentes na
terceira idade tais como as coronariopatias, hipertensão, diabetes, osteoporose,
desnutrição, ansiedade, depressão e insônia (POLIDORI et al CITADO POR REBELATTO
JR, 2006).
Ainda o autor cita que os exercícios contribuem significativamente para a flexibilidade e
estabilidade das articulações. Exercícios resistidos melhoram a força tensora dos tendões
e ligamentos, os exercícios de flexibilidade mantêm a elasticidade dos tendões
Ligamentos e músculos permitindo, assim, uma melhor amplitude de movimento articular.
Os exercícios de alongamento são fundamentais para os idosos recuperarem a confiança
nos movimentos e se livrarem do fantasma da invalidez.
Em relação à recuperação da força muscular em idosos, estudos têm demonstrado que
ela pode ser conseguida mediante programas de condicionamento físico, de força e
resistência, de alta ou baixa intensidade, inclusive em nonagenários (CHARETTE et al,
CITADO POR REBELATTO JR, 2006).
A capacidade que os idosos têm de manter-se independentes, parece depender, em
grande parte, da manutenção da flexibilidade, força e resistências musculares,
características que em seu conjunto poderiam ser consideradas como componentes da
aptidão muscular. (PENDERGAST, et al citado por FARINATTI E LOPES, 2004).
Um exemplo da influência desses componentes sobre a aptidão físico-funcional no
envelhecimento, diz respeito à alteração no padrão normal da marcha. O processo de
envelhecimento parece associar-se a modificações desfavoráveis na forma de andar, no
aumento do tempo necessário para se percorrer certa distância, na necessidade de se
utilizar apoio para o deslocamento (ALTER citado por FARINATTI E LOPES, 2004). A
prática regular de atividade física beneficia variáveis fisiológicas, psicológicas e sociais. O

- Pág. 120 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

aumento da força muscular, o aumento do fluxo sangüíneo para os músculos, o


aprimoramento da flexibilidade e amplitude de movimentos, a diminuição do percentual de
gordura, a melhora dos aspectos neurais, a redução dos fatores que causam quedas, a
redução da resistência à insulina, a manutenção ou melhora da densidade corporal óssea,
a melhora da postura, podem ser considerados alguns dos benefícios fisiológicos que a
atividade física propicia ao organismo (NAHAS citados por GÁSPARI E SCHWARTZ,
2005).
A atividade física regular na terceira idade proporciona múltiplos efeitos benéficos a nível
antropométrico, neuromuscular, metabólico e psicológico, o que além de servir na
prevenção e tratamento das doenças próprias desta idade, melhora significativamente a
qualidade de vida do indivíduo e sua independência (MATSUDO E MATSUDO, 1992)

Métodos para o desenvolvimento da flexibilidade:

Segundo Ghorayeb e Barros (1999):


Alongamento Balístico - Consiste em executar um movimento de forma explosiva,
procurando dessa forma, atingir o limite da articulação. Na medida em que o segmento se
aproxima do limite articular, perde velocidade em função da resistência elástica dos
componentes articulares. É muito suscetível a lesões, mas comum em alguns esportes
como lutas e dança.
Alongamento por Insistência - é executado de forma menos explosiva que o
primeiro, porém, ao final do movimento, quando os componentes elásticos e
neuromusculares provocam o retorno do segmento à posição inicial, procura-se insistir o
movimento de amplitude máxima por várias vezes.
Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) (Método ativo/passivo) - esse
método é calcado no acionamento do fuso muscular durante a primeira fase, que ira
provocar uma contração involuntária. Logo após, o individuo somará a essa contração, a
sua contração volitiva, acionando o órgão tendinoso de golgi, que irá provocar um
relaxamento reflexo. O resultado desse método é um aumento de flexibilidade com
grande trabalho de plasticidade.
Alongamento Estático: move-se o grupo muscular lentamente até uma determinada
amplitude de movimento que cause certa tensão (desconforto) muscular, permanecendo-
se nessa posição por um tempo. É importante para eliminar algum encurtamento
muscular.
Alongamento Passivo: é feito com a ajuda de forças externas (aparelhos, companheiros),
em um estado de relaxamento da musculatura a ser alongada. É fundamental para
diminuir as possibilidades de lesões e tem como objetivo a recuperação ou manutenção
da flexibilidade.
Alongamento Ativo: É determinado pelo maior alcance do movimento voluntário,
utilizando-se as forças dos músculos que realizam o movimento e o relaxamento dos
músculos opostos. É considerado funcional nos movimentos diários.
Alongamento Postural: Diminui as tensões musculares e favorece o bem-estar,
estimulando a consciência corporal.
A escolha do exercício físico para idosos é mais complexa do que para os jovens, pois,
normalmente, são sedentários há muitos anos e a perda de aptidão física impossibilita
algumas atividades. Salgado citado por Zimermann (2007) acredita que a longa história
da vida acentua as diferenças individuais. E, por tais motivos, SANTARÉM citado por
Zimermann (2007) sinaliza para os programas individuais sistematizados de
condicionamento físico, como a melhor opção de exercícios físicos para idosos.

METODOLOGIA

- Pág. 121 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Utilizou-se para a realização dessa pesquisa, uma abordagem analítica – crítica, de


natureza qualitativa e quantitativa, com pessoas que fazem parte do grupo da Melhor
Idade dos municípios de Bom Sucesso e São João Del Rei, baseado na metodologia do
banco de Wells, para realizar o teste “sentar e alcançar” de flexibilidade, onde as
seqüências das referência são as seguintes;

Excelente 22 cm ao mais
Bom Entre 19 e 21 cm
Médio Entre 14 e 18 cm
Regular Entre 12 e 13 cm
Fraco 11 cm ou menos

O universo do estudo foi constituído em:

Amostra – envolvimento de 2 grupos de 8 idosos com idade entre 58 e 79 anos, do sexo


feminino, que não praticam atividades físicas regularmente
Procedimento – entrevista, com duração máxima de 5 minutos, para não estressar os
idosos sobre identidade e hábitos de vida; aplicação do teste de sentar e alcançar,
envolvendo as pessoas de maneira que são avaliadas sentadas no colchonete, da marca
Caloi, com os pés encostados embaixo da caixa, pernas estendidas, as mãos
sobrepostas deslizando sobre a caixa, sem a ajuda do treinador, até alcançar a distância
máxima conseguida, em três tentativas, sendo anotada a maior. ( Freitas JR & BARBANTI
citado por Guadagnine e Olivoto (2004); treinamento com exercícios de alongamentos,
com o grupo de Bom Sucesso para método ativo e o de São João Del rei com o método
passivo, de acordo com as possibilidades de cada membro.
Avaliação – análise do desempenho, através de gráficos, com dados dos testes dos
idosos coletados antes e depois de trinta dias de treinamento.

RESULTADOS e DISCUSSÃO
MÉTODO ATIVO

- Pág. 122 -

Indivíduo Alteração(%)
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

1 100
2 30,76923077
Bom
3 Sucesso (ativo)
15,38461538
teste1 teste2 Metodo Ativo
4 4,761904762
4
5 8-4
13
6 17
66,66666667 30

Alongamento (cm)
7
13 0
15
25
821 7,142857143
22
20
25 24 1º Teste
15
3 5 2º Teste
10
11 11
5
14 15
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Individuos

Media 13 14,625
Porcentagem de Melhora na media
12,5
Desv. Pad. 7,502381 6,523309852

- Pág. 123 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

FIGURA 1 – QUADROS E GRÁFICO DO TESTE


MÉTODO DE FLEXIBILIDADE – GRUPO ATIVO
PASSIVO

SJDR (passivo) Metodo Passivo

teste1 teste2
35
5 11
24 21 30

10 17

Alongamento (cm)
25
9 10
20 1º Teste
28 28
15 2º Teste
26 30
21 28 10
18 17 5

0
1 2 3 4 5 6 7 8
Individuos

Media 17,625 20,25


Porcentagem de Melhora na media
14,89361702
Desv. Pad. 8,634441 7,814821084

Indivíduo Alteração(%)
1 120
2 -12,5
3 70
4 11,11111111 FIGURA 2 – QUADROS E GRÁFICO DO TESTE DE
5 0 FLEXIBILIDADE – GRUPO PASSIVO
6 15,38461538
7 33,33333333 Os testes realizados nos municípios de Bom Sucesso e São
8 -5,555555556 João Del Rei, avaliaram dezesseis pessoas do sexo feminino,
com idades variando entre 58 e 79 anos. A classificação da
flexibilidade, medida no banco de Wells, depois de um mês de treinamentos, apresentou o
método passivo uma melhora das médias de 14,89% em relação ao método ativo
(12,5%), conforme demonstrado mediante as figuras acima:
As estatísticas apresentadas acima referem-se a pessoas que não praticavam atividades
físicas com um índice médio de flexibilidade. No entanto, treinadas duas vezes por
semana, durante um mês, melhoraram seu desempenho, demonstrando que apesar da
perda natural de força muscular com o envelhecimento as atividades físicas podem
melhorar a flexibilidade, componente de extrema importância para vida e independente.
De uma forma geral, o processo de envelhecimento envolve uma perda progressiva das
aptidões funcionais do organismo (ALVES et al. citado por FARINATTI E LOPES, 2004),
sendo que, do ponto de vista fisiológico, algumas degenerações comuns a esse processo
envolvem diminuição de força e resistência muscular, amplitude articular, perda de massa
corporal magra, redução da flexibilidade (LEITE, citado por FARINATTI E LOPES, 2004).
Além disso, a teoria de WEINEK citado por Guadagnine e Olivoto (2004), esclarece que
um treinamento causa adaptações energéticas metabólicas que em contraposição as

- Pág. 124 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

seqüências de movimento aprendido, são anuladas novamente, através de falta de


movimento.

CONCLUSÃO
Os testes de “sentar e alcançar” realizados nos municípios de Bom Sucesso e São João
Del Rei com idosos do grupo da Melhor Idade que não praticavam atividades físicas
comprovaram que embora o método passivo em termos percentuais seja mais eficiente
para ganho de flexibilidade, os resultados não são conclusivos devidos primeiros a
valores próximos das porcentagens e segundo, ao pequeno número de participantes.
Sugere-se que mais pesquisas sejam executadas antes de se afirmar que um ou outro
método seja mais eficaz. Mas, o dado mais importante da pesquisa, é que ambos os
grupos tiveram uma melhora na que tange a flexibilidade. Mesmo que alguns integrantes
tenham regredido no teste a maioria obteve melhoras. Sabendo-se que a flexibilidade na
melhor idade é componente da qualidade de vida, acredita-se que ambos os métodos
obtiveram sucesso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, R.V.; MOTA, J.; Costa, M.C; Alves, J.G.B. Aptidão física relacionada à saúde de
idosos: influência da hidroginástica Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.10, n1,
p.31-37, 2004

DANTAS EHM, SOARES JS - Flexibilidade aplicada ao Personal Training Revista Fitness


e Performance - afpconsultoria.com.br 2001

FARINATTI, P.T.V. LOPES.L.N.C.Amplitude e cadência do passo e componentes da


aptidão muscular em idosos: um estudo correlacional multivariado. Rev Bras Med
Esporte, Sept./Oct. 2004, vol.10, no.5, p.389-394.

GASPARI.J.C. e SCHWARTZ.G.M. O idoso e a ressignificação emocional do lazer. Psic.:


Teor. e Pesq., Jan./Apr. 2005, vol.21, no.1, p.069-076.

GONÇALVES AK. Novo ritmo da terceira idade. Pesquisa Fapesp; 67: p. 68. 2001.

GUADAGNINE P. E OLIVOTO.R Comparativo de flexibilidade em idosos praticantes e


não praticantes de atividades físicas Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 69 -
Febrero de
2004JR

REBELATTO, JIC ARENILLAS O comportamento do VO2max de mulheres idosas


participantes de um programa prolongado de atividade - Fisioter. Bras, 2006 -
bases.bireme.br

MATSUDO SM, MATSUDO VKR Prescriçäo e benefícios da atividade física na terceira


idade- Rev. bras. cienc. mov, 1992 - bases.bireme.br

PICKLES,B; et al Fisioterapia na 3ª idade. 1ª reimpressão. Editora, Santos – SP. 2002

RIVERA.F.J.U E ARTMANN.E Planejamento e gestão em saúde: flexibilidade metológica


e agir comunicativo Ciênc. saúde coletiva vol.4 no.2 Rio de Janeiro 1999

- Pág. 125 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ZIMERMANN.M Exercícios físicos para pessoas maiores de cinqüenta anos as


perspectivas do trabalho coletivo e individualizado: um estudo de caso. Revista
catarinense de educação física. Ed 4º. 2007

ZAUADSKI.A.B.R. Motivos que levam os idosos a freqüentarem a sala de


musculação. Revista Movimento Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP v.7.
n.10 jan/jun. 2007.

- Pág. 126 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR ESPONTÂNEO NO DESENVOLVIMENTO DE


HABILIDADES MOTORAS EM CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

UM CONTEXTO PARA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO HUMANA

João Paulo Pomarico Lopes Oliveira


Fisioterapeuta
Universidade Federal de São Carlos de Minas Gerais
Pontifícia Universidade Católica
jp.oliveira.fisio@hotmail.com
Karla Aparecida Zucoloto
Pedagoga

Resumo

O processo através do qual o brincar se estrutura e daquele pelo qual o brincar se


desenvolve e se situa na origem de outras esferas da atividade humana foi mais
procurada por outras ciências, notadamente a fisioterapia, a pedagogia e a psicologia. O
presente trabalho tem como objetivo observar se desenvolvimento motor, compreensão
da linguagem e aprendizagem. As brincadeiras, naturalmente desenvolvem o sensório-
motor. Como a brincadeira é parte integrante da formação do ser, vemos que é simples
de ser assimilada e, com criatividade, torna-se uma forma de estimular a criança,
principalmente dentro da pré-escola. O brincar é assim compreendido como uma
atividade que possa haver a presença da imaginação, do prazer, do esforço criativo. É a
partir dela, que formamos nossas concepções de vida futura, aprendizado, diferenciar o
“ser do não ser” a dividir bens materiais, construir novas idéias e trilhamos caminhos para
o desenvolver saudável. O não brincar, pode atrapalhar o desenvolvimento emocional,
afetivo e cognitivo principalmente em crianças em fase pré-escolar. “É no brincar, e
somente no brincar, que o individuo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua
personalidade integral: e é somente sendo criativo que o individuo descobre o seu eu”.
Busca-se compreender se a criança capaz de melhorar as suas capacidades e
habilidades motoras grossas e finas, como o sentar, o deitar, o rolar, ficar em pé e a
marcha, até se a criança é capaz de usar os polegares e dedos médios para atividades de
preensão, por meio de brincadeiras espontâneas e se há aprimoração de tais atividades
por meio de brincadeiras dirigidas.
O presente estudo teve como objetivo avaliar as possíveis mudanças no comportamento
de habilidades motoras em crianças de cinco anos após breves intervenções lúdicas,
utilizando recursos pedagógicos.
Avaliar o antes e o depois da brincadeira em sala, o comportamento da criança e observar
se ela torna-se mais apta a desenvolver suas atividades com mais precisão e atenção.
PALAVRAS CHAVES: Brincar, Desenvolvimento, Habilidades Motoras

Introdução
A importância do brincar dentro da escola é tão importante quanto o brincar fora dela,
facilitando que a criança tenha um desempenho de suas habilidades motoras através das
brincadeiras utilizando seu próprio corpo no espaço. A utilização de seu corpo na hora do
brincar aprimora o seu desempenho motor para as atividades de vida diária como o
sentar, o deitar, o rolar, engatinhar, levantar e ficar em pé até a marcha adequada e
movimentos finos como colocar um feijão dentro de uma garrafa (PIAGET, 1975).
Na atualidade, a criança é socialmente valorizada e sua assistência baseia-se em
algumas premissas bastante difundidas, embora nem sempre presentes em nossas
atitudes profissionais, tais como: a criança não é um adulto em miniatura, mas um ser em

- Pág. 127 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

processo de crescimento e desenvolvimento; o principal objetivo de qualquer assistência


prestada à criança é proteger e favorecer seu crescimento e desenvolvimento. A criança é
um ser social, que têm direitos e necessidades que precisam ser atendidas, para que
possa crescer e desenvolver-se.
O processo de crescimento e desenvolvimento a marca característica da infância é
imprescindível o conhecimento desse processo para que possamos atender a criança, em
qualquer ambiente: no lar, na creche, na escola e nos diferentes serviços de saúde. Neste
conhecimento, todas as ações e atitudes do profissional devem estar respaldadas para
que os processos de crescimento e desenvolvimento sejam favorecidos, afim de que o
profissional encontre satisfação para poder compreender as mensagens das crianças e
responder de modo adequado (SANTOS 2004).
Porém, introdução de um espaço de brincadeira constitui uma atividade que não é fácil de
propor, uma vez que requer o desenvolvimento da habilidade de brincar do professor.
Nesse sentido, a criação desse espaço da brincadeira, no qual a relação professor aluno
se diferencia daquela da sala de aula, necessita de um aprendizado de ambas as partes
(PEDROZA, 2005).
Através da sua experiência na clínica infantil, Roza (1999) mostrou como o brincar, na
perspectiva da psicanálise se torna muitas vezes o único veículo possível de expressão
para as crianças. Como meio privilegiado de expressão e de apreensão da realidade, o
brincar permite o acesso ao simbólico e aos processos de complexificação da vida.
(PEDROZA, 2005).
De acordo com Vygotsky (1984), o brincar não pode ser definido como atividade que dá
prazer à criança porque outras atividades dão experiências de prazer mais intensa e
outras não são agradáveis e só dão prazer de acordo com o resultado. No entanto, é
necessário compreender a brincadeira como atividade que preenche necessidades da
criança (PEDROZA, 2005).
A infância hoje é entendida como período crucial do desenvolvimento, pois é nessa fase
que a criança acumula maior quantidade de informações que serão utilizadas durante
toda sua vida, formando o alicerce para todas as suas futuras aquisições. É neste
momento que devemos propiciar estímulos variados e reforçar as aquisições
psicomotoras da criança dentro de um ambiente social, rico de atitude positiva,
predominando um clima de segurança, afeto, alegria e liberdade. Para que isso ocorra, é
preciso entender que o desenvolvimento infantil encontra-se influenciado por uma série de
fatores, hereditários e ambientais, levando a um desenvolvimento motor, cognitivo e
afetivo entrelaçados no decorrer do processo de desenvolvimento do indivíduo (ROSA
NETO, 2004).
O corpo cresce à medida que o Sistema Nervoso modifica pelo crescimento. As conexões
entre as células nervosas estão na dependência do uso da estimulação, pois a criança se
desenvolve através de sua interação com o meio e com os adultos, que lhe oferecem
condições e orientações necessárias para explorar tudo àquilo que a cerca, adquirindo
assim, experiências que servirão de suporte para o conhecimento de seu corpo e de suas
possibilidades de movimento. É graças às explorações motoras que a criança desenvolve
consciência de si mesma e do mundo exterior, sendo que as habilidades motoras ajudam
na conquista de sua independência (ROSA NETO, 2004).
Segundo Kishimoto, citado por SANTOS (1999), Fröebel foi o primeiro educador que
justificou o uso do brincar no processo educativo. Ele tinha uma visão pedagógica do ato
de brincar. O brincar, pelo ato de brincar desenvolve os aspectos físicos, moral e
cognitivo, entre outros, mas o estudioso defende, também, a necessidade da orientação
do adulto para que esse desenvolvimento ocorra.
Pelo brincar, as crianças crescem. Elas estimulam os sentidos, aprendem a usar os
músculos, coordenam o que vêem com o que fazem, adquirem domínio sobre seus
corpos. Elas exploram o mundo e a si mesmas. Elas adquirem novas habilidades.
Tornam-se mais proficientes na língua, experimentam diferentes papeis e ao

- Pág. 128 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

reencenarem situações da vida real manejam emoções complexas. Os pré-escolares


brincam de modo diferentes em idades diferentes, têm estilos próprios de brincar. Uma
criança pode vestir roupas formais com um amigo, enquanto outra está concentrada
construindo uma torre de blocos. O que podemos aprender sobre as crianças se
observamos sua maneira de brincar? Os pesquisadores categorizam o brincar das
crianças tanto em termos cognitivos quanto sociais. O brincar social reflete o grau no qual
as crianças interagem umas com as outras. O brincar cognitivo revela o nível de
desenvolvimento mental da criança (PAPALIA & OLDS, 2000).
Crianças jovens que brincam sozinhas podem estar em risco de desenvolverem
problemas sociais, psicológicos e educacionais. Na verdade, contudo, uma grande
parcela do brincar não-social consiste de atividades construtivas ou educativas que
estimulam o desenvolvimento cognitivo, físico e social. Assim, muitos tipos de
brincadeiras solitárias podem refletir independência e maturidade em vez de fraca
adaptação social. Outro estudo observou o brincar não-social em relação à competência
cognitiva e social de crianças de quatro anos de idade, avaliadas por meio de tomada de
papéis e testes com resolução de problemas avaliação dos professores e popularidade
com outras crianças. Alguns tipos de brincar não-social mostraram estar associados com
alto nível de competência. Por exemplo, o brincar construtivo paralelo (atividades como
brincar com blocos ou montar quebra-cabeça perto de outra criança) é muito comum entre
crianças que são boas na resolução de problemas, são populares e são vistas pelos
professores como socialmente habilidosas. As crianças precisam de um pouco de tempo
sozinhas para se concentrarem em tarefas e problemas, e algumas simplesmente gostam
mais de atividades não-sociais do que atividades em grupo. Precisamos prestar atenção
no que as crianças fazem quando brincam, não apenas em se brincam sozinhas
(PAPALIA & OLDS, 2000).
Para entendermos o desenvolvimento da criança é preciso conhecer suas necessidades e
interesses para que os incentivos sejam eficazes a fim de promover o avanço de um
estágio do desenvolvimento para outro. O brinquedo possibilita a criação de um mundo
onde os desejos possam ser realizados através da imaginação. No entanto, a imaginação
é uma atividade psicológica específica da consciência humana, presente apenas na
criança mais velha (PEDROZA, 2005).
Vygotsky (1984) conclui que no brinquedo a criança cria uma situação imaginária. Na
evolução do brinquedo temos a mudança da predominância de situações imaginárias para
a predominância de regras. Não existe brinquedo sem regras, mesmo que não sejam
regras formais estabelecidas a priori. Nesse sentido, da mesma forma que o brinquedo
deve conter regras de comportamento, todo jogo com regras contém uma situação
imaginária. O maior autocontrole da criança ocorre na situação de brinquedo e a
subordinação a uma regra passa a ser uma fonte de prazer (PEDROZA, 2005).
Ainda segundo Vygotsky (1984) o brinquedo não é simbolização, mas sim atividade da
criança. Isso porque o símbolo é um signo e no brinquedo a criança opera com
significados desligados dos objetos aos quais estão habitualmente ligados. Mesmo sem
considerar o brinquedo como um aspecto predominante da infância, Vygotsky ressalta a
importância dessa atividade para o desenvolvimento mostrando que ela cria uma zona de
desenvolvimento proximal, pois, ao brincar, a criança está acima das possibilidades da
própria idade, imitando os mais velhos nos seus comportamentos (PEDROZA, 2005).
O brincar é a forma infantil de aprender para a necessidade inata de atividade. É o
negócio ou a carreira profissional da criança. Nela a criança envolve-se com a mesma
atitude e energia que nos engajamos em nosso trabalho. Para a criança a recreação é
uma incumbência séria que não deve ser confundida com a diversão ou uso ocioso do
tempo. A criança necessita de envolvimento na atividade proposta com auxilio de
brinquedos para uma resposta motora mais ativa.
Método

- Pág. 129 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

O presente estudo teve como objetivo avaliar as possíveis mudanças no comportamento


de habilidades motoras em crianças de cinco anos após breves intervenções lúdicas,
sendo então uma pesquisa qualitativa.
O estudo foi realizado no Lar de Irmã Catarina, uma instituição educacional filantrópica,
localizada em um bairro próximo ao centro da cidade de Poços de Caldas – MG. A
instituição foi fundada em 30 de outubro de 1951; e o destino da entidade foi administrado
por voluntários até 30 de janeiro de 1980, o Lar de Irmã Catarina passou a ser
administrado por membros da Loja Maçônica Estrela Caldense e conta com parcerias da
Prefeitura Municipal de Poços de Caldas e da Secretaria Municipal de Poços de Caldas e
da Secretaria Municipal de Assistência Social.
O Lar tem como fim a prática da fraternidade, acolher as crianças de famílias carentes em
especial aquelas cujas mães ou responsáveis legais trabalhem em período integral,
proporcionando às mesmas: educação, aprendizagem, higiene, lazer, ludicidade,
alimentação, e carinho, fundamentais à formação integral dessas crianças; considerando
que cada uma é um ser completo e indivisível, completando a ação da família e da
comunidade.
São atendidas hoje, aproximadamente 120 crianças de quatro meses a cinco anos. Entre
os alunos matriculados, 70% dos familiares moram em casa alugadas sendo distribuídos
em todas as partes da cidade e a renda total de 65% destas famílias oscila em torno de
R$ 600,00; os outros 35% possuem rendas R$ 700,00 a R$ 2.000,00.
Trata-se de pais comprometidos com a educação de seus filhos. Estão sempre presentes
no cotidiano escolar acompanhando o desenvolvimento da criança e como ele ocorre.
A instituição conta com uma cozinha devidamente estruturada, obedecendo sempre os
padrões de higiene; refeitório mobiliado com mesas e cadeiras adequadas para crianças
de até seis anos de idade; dois banheiros no andar superior contendo quatro vasos
sanitários e dois chuveiros cada, adequado para a idade. No andar de baixo temos um
banheiro com um sanitário feminino e outro masculino. Seis salas de aula, devidamente
mobiliadas destinadas aos quatros maternais e jardins; sala para a coordenação;
biblioteca; vestiário para funcionários com armário individual e uma instalação sanitária;
lavanderia com uma maquina de lavar e secadora de roupas; uma centrifuga; gabinete
dentário onde as crianças são atendidas gratuitamente; um parquinho; pátio coberto; dois
pátios ao ar livre; sala de espelho; sala de vídeo.
A escola conta com dezesseis funcionarias (berçaristas, monitoras, professoras,
coordenação pedagógica, cozinheira e serviços gerais).
O calendário escolar, este projeto político pedagógico, o regime escolar, o plano de ação
e o cronograma das atividades serão desenvolvidos durante o ano letivo, que conta com
mais de 200 dias em período integral de oito horas diárias, seguindo orientações do ECA
(Estatuto da criança e do adolescente), da LDB 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional) e demais legislações vigentes.
São servidas às crianças quatro refeições diárias, sendo café da manhã, almoço, lanche
da tarde e jantar. A Instituição preocupa-se com as questões nutricionais das crianças e
também em proporcionar rituais que reforce a socialização e que estimule o prazer em
alimentar-se. A partir de um ano e três meses as berçaristas estimulam a criança a se
alimentar sozinha.
Na sexta feira é o dia do brinquedo, a criança pode trazer um brinquedo de casa, e a
monitora reserva um horário para a turma brincar.
Pré-escola
Jardim II – uma turma com 22 alunos.
No projeto participaram quinze crianças do Jardim II na faixa etária dos cinco anos de
idade de ambos os sexos, dos quais serão escolhidas aleatoriamente pelo pesquisador.
Foi apresentado às famílias, um termo de consentimento livre e esclarecido. Por meio do
qual serão informados da natureza deste estudo e de que poderão não consentir com a
participação neste estudo a qualquer tempo.

- Pág. 130 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

As crianças brincaram espontaneamente e separadamente com atividades propostas


pelo pesquisador através do sentar, deitar, rolar, deitar, ficar em pé e marcha, com auxilio
de cantigas infantis e brinquedos pedagógicos (bola, cadeira, boneca, colchão, jogos
educativos).
Foram realizadas três visitas semanais no horário da manhã no Lar de Irmã Catarina,
antes do inicio das atividades rotineiras das crianças para adaptação do pesquisador com
as crianças os professores e a instituição. Após o período de familiarização foi iniciado o
processo de intervenção terapêutica por meio de cinco visitas de trinta minutos no período
da manhã. As crianças precisam se adaptar ao pesquisador para que os dados sejam
fidedignos. A adaptação se dará por meio de brincadeiras espontâneas.
O processo de brincar espontâneo com as crianças é parte do processo de coleta de
dados e se constitui em processo etnográfico de coleta de dados permitindo uma maior
aproximação do pesquisador com o objeto da pesquisa. Esta modalidade possibilita uma
maior compreensão de dados.
Após este processo foi utilizada uma ficha de avaliação das Desordens do Movimento em
Crianças com Disfunções Sensórias Integrativas (questionário designado para guiar o
processo de observação). Não existe uma correlação direta entre o número de respostas
“sim” e o aumento do risco de problemas de movimento (Adaptado de Exner, C. 1992.
Desenvolvimento das funções da mão. Em Terapia Ocupacional para Crianças, editado
por P. N. Pratt e A S. Allen, 235-259. St. Louis: Mosby).
Na escala foi observados os seguintes pontos: Sim, Não ou Às vezes.
Controle Antigravitacional durante o movimento.
Postura do corpo durante o suporte de peso em pé e sentada.
Suporte de peso nos braços estendidos.
Atividades motoras finas.
A intervenção ocorreu nas dependências da instituição de acordo com a atividade
proposta no dia. O pesquisador pode determinar o nível relativo de habilidades motoras
que não estão completamente desenvolvidas por uma criança, identificou habilidades que
estão completamente desenvolvidas ou que não esteja no repertório da criança planejar
um programa de instruções para o desenvolvimento de tais habilidades.
Análise de dados
Primeira etapa:
Descrição dos dados observados no brincar espontâneo e no processo de intervenção.
Segunda etapa:
Analise qualitativa destes dados.
Observar se através da brincadeira se criança tem a capacidade de melhor
desenvolvimento motor, compreensão da linguagem e aprendizagem.
Avaliar o antes e o depois da brincadeira em sala, o comportamento da criança e observar
se ela torna-se mais apta a desenvolver suas atividades com mais precisão e atenção.
Observar o seu relacionamento com os colegas de sala, com os professores e
dentro do ambiente familiar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. 1998. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular para a educação infantil. Brasília. Vol.1.
CARVALHO, Alysson Massote; ALVES, Maria Michelle Fernandes; GOMES, Priscila de
Lara Domingues. Brincar e educação: concepções e possibilidades. Psicol. estud.,
Maringá, v. 10, n. 2, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
CONTI, Luciene de e SPERB, Tânia Mara. O brinquedo de pré-escolares: um espaço de
ressignificação cultural. Psic.: Teor. E Pesq [on line]. 2001, vol. 17, no. 1, pp. 59-67.
Disponível em: <http://www.scielo.br.
EXNER. C. 1992. Desenvolvimento das funções da mão. Em Terapia Ocupacional para
Crianças, editado por P. N. Pratt e A S. Allen, 235-259. St. Louis: Mosby).

- Pág. 131 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

LEVEFRE. Renata. Brincar – A linguagem do corpo e do movimento – Disponível em:


www.pedagogico.com.br. Acesso em: 5 de maio 2007.
MALUF. Ângela Cristina Munhoz. Brincar na escola. Disponível em:
www.psicopedagogia.com.br. Acesso em 5 de maio 2007.
MOURA, Elcinete Wentz de. SILVA, Priscila do Amaral Campos e. Fisioterapia: Aspectos
Clínicos e Práticos da Reabilitação, secção 1.1 – São Paulo. Ed. Artes Medicas, 2005.
PAPALIA, DIANE E. Desenvolvimento humano / Diane E. Papalia e Sally Wendkos Olds;
trad. Daniel Bueno. – 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000, p 219 – 220.
PEDROZA, Regina Lúcia Sucupira. Aprendizagem e subjetividade: uma construção a
partir do brincar. Rev. Dep. Psicol.,UFF., Niterói, v. 17, n. 2, 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e
representação. 2. e., Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
ROSA NETO, F.; POETA, L. S.; COQUERE, P. R. S.; SILVA, J.C. da. Perfil motor em
crianças avaliadas em um programa de psicomotricidade. Temas sobre desenvolvimento.
v.13, n. 74, p.19-24, 2004.
SANTOS, Lana Ermelinda da Silva dos. Creche e pré-escola: uma abordagem de saúde.
São Paulo: Artes Médicas, 2004. p 81.
VALSINER, J. (1998). Ontogeny of co-contruction of culture within socially organized
environmental settings. Em J. Valsiner (Org), Child developmental within culturally
structured environments, vol. 2 (pp. 283-297). New Jersey: Ablex Publishing Corporation.
VYGOSTSKY, L. 1984. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.
KISHIMOTO. Tizuko. A brincadeira e a cultura infantil – Disponível em:
www.fe.usp.br/laboratorios/labrimp/cullt.htm. Acesso em: 19 de abril 2007.
WASJKOP, G. Brincar na pré-escola. 5º ed, Cortez Ed. São Paulo, 1996.

- Pág. 132 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

RELAÇÃO ENTRE A VELOCIDADE AERÓBIA E ANAERÓBIA DA CORRIDA EM


JOGADORES AMADORES DE FUTEBOL.

Cristiano Lélis Silva Gomes


Bacharel em Educação Física, pela UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
brancogomes@yahoo.com.br

Resumo

O Futebol é o esporte, mais conhecido do mundo. Envolve grandes manifestos populares,


movimenta a economia e é uma das grandes paixões brasileiras. Hoje sabe-se da
necessidade do atleta estar bem preparado tecnicamente, mentalmente e fisicamente
devido ao nível de competitividade que o esporte se encontra e a importância que ele
recebe da mídia. Com a modernização do futebol os jogadores passaram a ser tratados
como máquinas, onde estes têm que render o seu máximo,visando sempre a vitória, que
envolve muitos aspectos extra campo. O futebol exige que o atleta esteja bem fisicamente
para as solicitações que são impostas, pois é um esporte dinâmico que o jogador corre os
90 minutos, exigindo muito da sua condição aeróbia, e precisa estar bem
anaerobicamente para os momentos cruciais da partida. Este trabalho analisou 7
jogadores amadores com o objetivo de relacionar a velocidade aeróbia com a anaeróbia
procurando identificar a relação existente entre as duas valências físicas. Conclui-se que
há uma inversão nas duas valências físicas, mostrando que o atleta que foi melhor no
trabalho anaeróbio teve um rendimento pior no aeróbio. Por isso, é importante um estudo
minucioso e concreto para estes resultados, já que é de suma importância para a
prescrição do treinamento adequado para melhores resultados.
Palavras Chaves: Futebol, Exercício Aeróbio e Anaeróbio.

Introdução

O futebol é um dos esportes mais praticado no mundo. Segundo a Federação


Internacional de Futebol (FIFA) o futebol é jogado por aproximadamente 243 milhões de
pessoas sendo que 80% são do sexo masculino (PEREIRA, 2004).
E ainda Silva et al 1997 afirma que o futebol é o esporte mais popular do mundo e é alvo
de atenção de milhares de espectadores que com a globalização transforma os
atletas,deixando-os cada vez mais parecido com o “Super Homem”.
Mesmo o futebol sendo um esporte coletivo com muitas variáveis, que precisam ser
exploradas e bem estudadas, para tentar assim ser mais bem compreendida e realizada,
deve tratar o atleta como um ser humano e não como uma máquina (SPIGOLON, 2007).
O futebol está entre as modalidades esportivas competitivas e coletivas que inicia mais
precocemente seus processos formativos de forma sistemática, entretanto há
necessidade de muitos estudos sobre os efeitos das atividades aplicadas a milhares de
pessoas seja em sua formação ou no seu desempenho (FRISSEL, 1999).
Devido o aumento das exigências deste esporte na capacidade física, técnicas e táticas
em busca de resultados mais específicos tentando tirar sempre o máximo de cada atleta
dentro de suas características (MENDES et al. 2005), faz-se necessário mais trabalhos
científicos em relação ao desempenho do jogador para que haja mais eficiência nas
técnicas a ser aplicadas.
Pois a carência ou a ausência destes conhecimentos científicos e a tradicional atuação
dos treinadores baseada apenas na intuição pessoal não pode, resolver com eficácia os
complexos modelos de treinamentos, onde as elevadas cargas de treinamentos atuais
podem colocar em risco a saúde do atleta (VERKHOSHANSKI, 1999 apud BORIN et AL,
2007).

- Pág. 133 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Sendo o futebol moderno, dinâmico, com um jogador que quase não para em campo,
ele precisará de variáveis fisiológicas importantes para conseguir se destacar como:
eficiência no transporte de oxigênio, a boa capacidade de tolerar o exercício de longa
duração sem fadiga, ser veloz e ágil e ter boa habilidade motora (SILVA et al,2002).
E assim, as habilidades individuais, o sistema de jogo e o nível de desenvolvimento das
capacidades biomotoras podem estar contribuindo para o aumento do desempenho na
competição. Os futebolistas realizam esforços decisivos relacionado ao metabolismo
anaeróbico alático com uma pequena participação lática (CAMPEIZ et al,2006).
Partindo que o futebol é caracterizado pela realização de esforço de alta intensidade e
curta duração, sendo utilizados diferentes sistemas energéticos tanto o anaeróbio quanto
o aeróbio (BARROS, 2004). É necessário saber que a resistência aeróbia é caracterizada
através da capacidade de participar do jogo por um período de tempo prolongado, sem
que haja comprometimento na técnica. A resistência anaeróbia é a capacidade de
aceleração por um curto espaço de tempo para realizações de saltos, dribles e chutes ao
gol com o ritmo máximo de velocidade (WEINECK, 2004).
Por isso, a necessidade de conhecer se há uma intima relação entre a duas variáveis,
para que o técnico consiga desenvolver o seu trabalho,objetivando o crescimento do
jogador e maximizando o seu potencial.
O objetivo do presente estudo foi a correlação entre a velocidade média de corrida
durante o teste de Cooper com a velocidade média de corrida anaeróbia.

Materiais e Métodos

Para a realização deste projeto a população selecionada constou de 7 homens


escolhidos, aleatoriamente, participantes do Campeonato Municipal da Cidade de
Gonçalves MG 2009. Foi fácil o contato com todos, pois a cidade é pequena e ainda tive o
apoio da comissão de esporte e dos jogadores, pois era um trabalho benéfico para eles.
Os 7 jogadores escolhidos realizaram o teste de Cooper, que avalia o
condicionamento aeróbio e no intervalo de 24 horas realizaram o teste anaeróbio, que
consiste em dar 3 tiros de 40 metros.
Foram incluídos no projeto homens com mais de 18 anos, participantes do
Campeonato Municipal de Gonçalves MG, que tenha assinado o termo de consentimento
livre e esclarecido concordando com os critérios pré - estabelecidos nele.
Foram excluídos do Projeto homens que não concordaram plenamente com o termo
de compromisso, os menores de18 anos, e os não participantes do Campeonato.
Para verificarmos se há uma relação entre os condicionamentos físicos anaeróbio
e o aeróbio aplicamos 2 testes, em dias diferentes, permitindo assim a recuperação do
atleta.
O teste aeróbio foi o protocolo de Cooper de12 minutos, onde o atleta no campo
teve que percorrer a maior distância procurando manter a velocidade constante, sendo
proibido dar piques no final do teste (FONTOURA et al 2008).
Para o teste anaeróbio usamos o protocolo de Baganha et al 2007 onde o atleta
tem que dar 3 piques de 40 metros no máximo de sua velocidade, onde será tirado a
média dos 3 piques.

Resultado e Discussão
Para a análise estatística utilizamos a correlação de PEARSON entre as variáveis:
velocidade aeróbia e velocidade anaeróbia.

Tabela 1: Características físicas dos atletas


Idade (anos) Peso (Kg) Estatura (m) IMC (Kg/m²)

- Pág. 134 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

21,6(4,5) 64,05(6,16) 1,68(0,09) 22,6(2,04)

Tabela 2: Correlação entre velocidade aeróbia e velocidade anaeróbia


Atleta Tiro (m/s) Cooper (m/12min.)
1 6,13 2680
2 6,9 2200
3 7 2700
4 6,23 2480
5 5,39 2780
6 7,69 2320
7 6,27 2680

Gráfico 1: Correlação entre velocidade aeróbia e velocidade anaeróbia

3000
2800
2600
Velocidade aeróbia(m/s)

2400
2200
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Velocidade média(m/s)

Segundo ACSM, 2000 apud Fontoura et al 2008, 2537metros (média) é considerado um


nível bom de condicionamento aeróbio,sendo o Vo2 Max de 45,7ml.
A correlação do proposto trabalho teve o seguinte resultado: quando maior a velocidade
anaeróbia menor a velocidade aeróbia.
Soares (2001), coloca que a capacidade aeróbia realiza um papel decisivo no futebol,
pois a grande maioria das ações é aeróbia. Isso mostra que os atletas que participaram
do estudo encontram se bem, no que refere ao condicionamento físico aeróbio.
A distância de um jogador percorrer durante uma partida, na média, é de 11 km, por isso
a importância da resistência aeróbia.
Com a modernização do futebol as equipes terão que adotar um esquema tático tipo
“sanfona” onde os jogadores terão que atacar e defender com o maior número de
jogadores possíveis.Portanto este conceito muda significativamente a exigência da
capacidade física do atleta,sendo assim exige pesquisa que avance cada vez mais para a
melhoria das qualidades técnicas do atleta.
SOUZA et al, 2003, comenta que a resistência aeróbia parece ser uma capacidade
motora muito importante para a existência de um melhor nível de desempenho físico do
futebolista, sendo um fator indispensável no programa anual de treinamento.

- Pág. 135 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Contudo nas ações especificas do jogo, a produção de energia anaeróbia parece ser
determinante, principalmente na hora das finalizações e nos arranques, seja para conter
um adversário ou para sair com a bola em melhor condição, por isso é necessário que o
atleta seja trabalhado nos dois sistemas energéticos, estando apto para realizar o melhor
do seu desempenho.
O presente estudo mostra que há uma inversão nas duas fontes de energia, o mais rápido
no teste de Cooper (aeróbio) mostrou um pior resultado no de pique (anaeróbio), isto
pode estar relacionado com algumas hipóteses: melhor utilização da fibra de contração
lenta ou rápida, espaço do campo que o jogador atua ou até mesmo a falta de
condicionamento especifico para a fonte destacada.
Quem treina a resistência aeróbia de maneira exagerada torna-se lento devido às
adaptações metabólicas ocorrida nos músculos, isso para o futebol não é interessante,
pois prejudica assim algumas ações de saída explosiva, como o chute ao gol, salto ou
drible (LOPES, 2005).
Por outro lado, a pesquisa realizada, nos mostra que os atletas participantes do projeto
estavam em uma condição física aeróbia considerada boa, e tinham uma boa resistência
anaeróbia para os momentos de explosão, que são os momentos cruciais dos jogos.
Em concordância com o nosso trabalho Lopes 2005 cita que “O futebol exige um bom
condicionamento físico tanto na capacidade aeróbica quando na capacidade anaeróbia,
devido as suas características, com esforços ao longo do jogo de diferentes intensidades
e duração. Isso impõe que o jogador tenha bem desenvolvido as capacidades de força e
potência muscular, mas que também possua uma capacidade de recuperação eficiente e
resistência de fazer vários tiros curtos consecutivos, para que possa estar apto as funções
do jogo com o seu melhor rendimento.
Fica nítido a importância do treinador saber trabalhar os dois sistemas energéticos, pois o
jogador utiliza de forma constante estas variáveis, sendo que uma completa a outra.

Considerações Finais

Sem dúvida que a modalidade futebol precisa de meios mais sólidos para prescrever o
seu treinamento, tendo em vista o seu valor financeiro, emocional e cultural que
representa.
Fica claro que os jogadores exigem ao máximo do seu condicionamento durante uma
partida, este, por muitas vezes não consegue visualizar a situação de estresse que
impõem ao seu corpo.
Dentro do trabalho é possível visualizar as situações de jogo que os atletas são
submetidos, tendo que ter um bom condicionamento aeróbio para resistir os 90 minutos, e
um bom condicionamento anaeróbio para que nos momentos cruciais da partida ele
esteja no melhor do seu estado físico para conseguir realizar a técnica desejada.
Observa-se também a relação do condicionamento físico dos jogadores, que quanto
maior a velocidade anaeróbia menor a velocidade aeróbia. Este resultado pode ser listado
por três motivos: área de atuação no campo, tipo de fibra muscular predominante no
jogador e o treinamento realizado por ele.
Precisamos de um maior amparo científico para chegarmos a conclusões definitivas
sobre este assunto, mas é nítido que o trabalho especifico dentro desta modalidade
coletiva é a melhor maneira de se intervir com qualidade, suprindo assim as necessidade
individuais do atleta e colocando-o de maneira que possa realizar o seu melhor jogo.

Referências
BAGANHA, R.J.; MOREIRA, R.A.C. Relação entre força máxima e comprimento de
membros inferiores com a velocidade media da corrida em jogadores de futebol da
categoria infanto-juvenil. Movimento e percepção. Espírito Santo do Pinhal, SP, v.8, n. 11,
jul/dez 2007- ISSN 1679-8678.

- Pág. 136 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

BARROS, T.L. GUERRA, I. Ciência do futebol. Barueri, SP: Manole, 2004.


BORIN, J.P; GOMES, A.C; LEITE, G.S. Preparação esportiva: aspectos do controle da
carga de treinamento nos jogos coletivos. Revista da Educação Física/UEM. Maringá,
v.18, n.1, p.97-105. 1. Sem.2007.
CAMPEIZ, J.M. OLIVEIRA, P.R. Análise comparativas de variáveis antropométricas e
anaeróbicas de futebolistas profissionais, juniores e juvenis. Movimento e percepção.
Espírito Santo do Pinhal, SP, V.6, n.8, jan./jun.2006.
FONTOURA, A.S. FORMENTIN. C.M. ABECH. E.A. Guia prático de avaliação física, uma
abordagem didática, abrangente e atualizada. São Paulo: Phorte, 2008.
LOPES, C. R. Analise das Capacidades de Resistência, Força e Velocidade de
Periodização de Modalidades Intermitentes. Dissertação de Mestrado, Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), 2005.
FRISSELLI, A. MANTOVANI, M. Futebol: teoria e prática.São Paulo: Phorte, 1999.
WEINECK, J. Futebol total, o treinamento físico no futebol.São Paulo: Phorte, 2004.
PEREIRA, J.L. Correlação entre desempenho técnico e variáveis fisiológicas em atletas
de futebol. Tese de mestrado Universidade Federal do Paraná, 2004.
SPIGOLON, L.M. P.; BORIN, J.P.; LEITE, G.S.; PADOVANI, C.R.P.; PADOVANI, C.R.
Potência anaeróbica em atletas de futebol de campo: diferenças da categoria. Coleção
Pesquisa em Educação Física, Vol.6, junho, p.421-428, 2007. ISSN: 1981-4313, 2007.
MENDES, R.P.; MISUTA, M.S.; FIQUEROA, P.J. CUNHA, S.A. BARROS, R.M.L.
Variabilidade da representação dos componentes principais das posições dos jogadores
de futebol. IX Congresso Brasileiro de Biomecânica, ISBN#XICBB’2005.
SILVA, P.R.S.: PEDRINELLI, A.; TEIXEIRA, A.A.A. ANGELINI, F.J.; GALOTTI, R.; FACCI,
E.GONDO, M.M.; FAVANO, A., GREVE, J.M.A. AMATUZZI, M.M. Aspectos descritivos da
avaliação funcional de jogadores de futebol. Revista Brasileira de Ortopedista –Vol.37,n
6- junho 2002.
SOARES, M. J.: SANTOS, P.J Capacidade aeróbia em futebolista de elite em função
especifica do jogo. Revista Portuguesa de Ciência e Desporto, 2001. VOl.1, Nº 2 [7-12].
SOUZA. J.: ZUCAS .S .M. Alterações da resistência aeróbia em jovens futebolistas em
um período de 15 semanas de treinamento. Maringá, v.14,n.1,p.31-36,1.sem.2003.

- Pág. 137 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

USO DA ACUNPUNTURA NA AÇÃO DOS MERIDIANOS DA BEXIGA E VASO


GOVERNADOR PARA O ALIVIO DA DOR LOMBAR: ESTUDO MORFOFUNCIONAL.

GABRIEL PÁDUA DA SILVA


- GRADUANDO DO CURSO DE FISIOTERAPIA,
- CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO DE BATATAIS
- dipadua@netsite.com.br
BRUNO FERREIRA;
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
EDER PEDRO LOURO;
- Fisioterapeuta
RENATO RAMOS PEREIRA;
- Fisioterapeuta
ELIZABETE DIAS FLAUZINO;
- Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais
EDSON DONIZETTI VERRI.
- Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais

RESUMO

A dor lombar pode ser decorrente de vários fatores como posturas viciosas, alterações de
elementos estruturais, excesso de uso, ou até mesmo mau funcionamento de órgãos e ou
vísceras pélvicas. A acupuntura baseia-se em reconhecer o canal de energia afetado e
promover a estimulação deste canal. Este estudo teve como objetivo avaliar os resultados
da acupuntura através da EVA no controle da dor lombar, e a relação entre os meridianos
da bexiga e do vaso do governador com o plexo lombossacral. Foram tratados oito (8)
indivíduos, durante quatro semanas com um total de 12 sessões. Na avaliação antes e
após o programa de tratamento foi observada a diminuição da dor em todos os indivíduos
da amostra. Os dados obtidos neste trabalho confirmam a eficácia da acupuntura no
tratamento da dor lombar e a relação direta da ação de analgesia da acupuntura com a
arco reflexo somato-visceral e ou viscero- somático.
Palavras chave: Dor lombar, EVA, Acupuntura.

INTRODUÇÃO

A dor lombar pode ocorrer sem motivo aparente, mas geralmente é relacionada a algum
tipo de trauma com ou sem esforço. Pode ter origem em várias regiões tais como:
estruturas da própria coluna, estruturas viscerais, podendo ainda ter origem vascular ou
psicogênica. (LEMOS, et al, 2004). Pode ser classificada como estática, quando é
causada por má postura, ou seja, vinculada a um quadro postural, e cinética quando é
decorrente de uma biomecânica incorreta ou por sobrecargas cinéticas (COX 2002). São
classificadas como agudas quando duram até sete dias, subagudas quando duram de 7
dias a 3 meses e crônicas quando os sintomas duram mais de 3 meses (
MACHENELSOM 1996).
A dor é decorrente de forças excessivas, sejam internas ou externas. São consideradas
forças excessivas as atividades repetidas como extensão, flexão ou rotação de um
segmento corporal. E chamadas de perturbadoras as forças internas que enfraquecem a
função neuromusculoesquelética, portanto consideradas excessivas ou inadequadas,
entre elas a fadiga, o ódio, a depressão, a falta de atenção, a ansiedade, a falta de
treinamento e a distração que podem ser decorrentes de fatores psicogênicos e
psicossociais, como estresse e falta de motivação.

- Pág. 138 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Segundo a Medicina Tradicional Chinesa a dor lombar possui diferentes etiologias. O


trabalho físico excessivo quando realizado com regularidade, sobrecarrega os músculos
da região e os rins, enfraquecendo os músculos desta região e no aspecto energético o Qi
do Rim. Na fase aguda o desgaste físico também causa estagnação local de Qi e sangue
nesta região gerando dor. Em segundo, o excesso de atividade sexual, sob a visão
energética, enfraquece as costas, pois esgota o Qi do Rim. Este, quando deficiente deixa
de nutrir e fortalecer os músculos das costas. A invasão externa de frio e umidade
acomete a residência do Qi original que se encontra na região das costas, por isso esta
deve ser aquecida e protegida. O frio e a umidade favorecem a invasão de fatores
patogênicos nos músculos, tendões e meridianos das costas. O excesso de trabalho sem
pausa para descanso por longas datas leva ao esgotamento do Yin do Rim. Este deixa de
nutrir corretamente as costas causando dor. E por último os exercícios inadequados, a
falta de exercício (sedentarismo), principalmente da sociedade ocidental, gera o
enfraquecimento dos ligamentos da coluna, predispondo o indivíduo a problemas de
disco, principalmente se combinado com posturas inadequadas. Devem ser aconselhados
exercícios moderados e regulares.
Os nervos dos rins são derivados do plexo celíaco dos nervos esplanicos
abdominopélvico para os gânglios pré-vertebrais consiste em fibras simpáticas que
atravessam os gânglios paravertebrais sem fazer sinapse. A principal inervação eferente
do rim é feita por nervos autônomos vasomotores que suprem as artérias aferentes e
eferentes (MOORE, 2007).
O meridiano da bexiga tem seu início no ângulo medial dos olhos, subindo pela região
frontal, parietal e occipital da cabeça. Tem um ramo que desce da região parietal para o
ouvido, retornando para o trajeto principal na fossa suboccipital. Possui outro ramo que,
sai da parte mais alta e superficial da cabeça, se introduz no cérebro, voltando ao trajeto
principal na fossa suboccipital. Da nuca, ao longo dos músculos paravertebrais, o trajeto
principal desce pelas costas, até a região sacral, pela nádega, por trás da coxa até a
fossa poplítea. Há um ramo nas costas que se liga aos rins e depois a bexiga, descendo
pelo lado da virilha e por trás da coxa até a cavidade poplítea. Da nuca sai outro ramo,
que desce pelo lado medial da escápula e pelo lado dos músculos ílio-costais até a
nádega, liga-se com o meridiano da vesícula biliar, atrás da região trocanteriana, desce
pelo lado do músculo biceps femural até a fossa poplítea desce entre os músculos
gastrocnêmio e sóleo, passa na face lateral entre tendão do calcâneo e o maléolo lateral
até a borda lateral do quinto dedo do pé (YAMAMURA,1993).
O meridiano do vaso do governador tem início no períneo, passa pelo ânus, chegando a
extremidade do cóccix. Sobe, então, ao longo da coluna sacral, lombar, dorsal e cervical
até atingir o crânio. O ramo mais profundo entra no cérebro pela nuca, saindo pelo nariz,
há ainda outro ramo que sobe pelo períneo, passa por baixo do abdôme, ligando-se a
bexiga e aos rins(YAMAMURA,1993).
O esquema terapêutico da acupuntura baseia-se em reconhecer o canal de energia
afetado (ou raízes nervosas) e promover a estimulação do canal por meio da inserção e
manipulação de agulhas de acupuntura (YAMAMURA,1995). Dessa maneira, pode-se
explicar o efeito da inserção da agulha de acupuntura realizada nos pontos que se
correlacionam com as fibras nervosas do ramo medial do ramo dorsal do nervo espinhal,
assim, como nos pontos de acupuntura localizados nos membros superiores e inferiores e
relacionados, tanto com os nervos plurissegmentares, que têm efeito sobre a inervação
da região lombar, como com as fibras autônomas dos órgãos internos e dos vasos
sanguíneos. Por outro lado, a inserção de agulha na região paravertebral, no canal da
bexiga, estimula também os nociceptores situados no músculo multífidio (LIANG,1992). A
Acupuntura pode também ter efeito na região lombar, por estímulos de pontos situados
em áreas distantes, como por exemplo no membro inferior. Essa ação faz-se através da
inervação plurissegmentar dos plexos lombar e sacral (YAMAMURA,1994). O objetivo
desse trabalho foi analisar a eficácia da acupuntura no tratamento de oito (8) indivíduos

- Pág. 139 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

num período de doze (12) sessões com diagnóstico clínico de dor lombar. O nível de dor
de cada paciente foi registrado através escala analógica de dor no início e final de cada
sessão.

MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Clinica Multidisciplinar do Centro Universitário Claretiano, na
cidade de Batatais e contou com a participação de oito (8) voluntários, os critérios de
seleção considerados, incluíram indivíduos com diagnóstico clínico de dor lombar, que
não estivessem sendo submetidos a tratamento fisioterapêutico, embora continuassem o
tratamento clinico/medicamentoso, com idade entre 20 e 60 anos de ambos os sexos. O
nível de dor foi mensurado através da escala analógica de dor (EVA) no inicio e final de
cada sessão. O grupo foi submetido a tratamento com acupuntura onde foram utilizados
pontos dos meridianos da bexiga e vaso governador: B24 – B25 – B28 - B40- B60 e VG4.
Estes acupuntos foram selecionados em conformidade aos trajetos dos meridianos e o
plexo lombosacral.
Foram realizadas doze (12) sessões, três vezes por semana, com duração de 30 minutos
cada. Os pacientes foram posicionados em decúbito ventral, com a região lombar e
membros inferiores expostos, na seqüência foi feita assepsia das regiões com algodão
embebido em álcool 70%. Foram utilizadas onze (11) agulhas de aço inoxidável com
medidas de 25X40, da marca Dongbang- acupunture needle, As agulhas foram
estimuladas a cada 5 minutos com rotação para os dois lados (harmonizar). Para
preservar a integridade física dos voluntários que se submeteram ao estudo, todo o
material utilizado é descartável e a introdução das agulhas de acupuntura efetuada por
profissional acupunturista devidamente qualificado e sobre supervisão.
Todos os participantes foram devidamente esclarecidos quanto as técnicas a serem
utilizadas e o objetivo específico da pesquisa antes da aplicação das sessões, sendo que
para tanto, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Todos os pacientes
foram orientados quanto aos cuidados que devem ter tanto postural, quanto nas suas
atividades de vida diária e receberam uma lista de orientações a serem seguidas no seu
dia a dia.
Os acupontos utilizados foram:
B- 24: Localização: Situa-se a 1,5 cun lateral à linha média, na horizontal abaixo do
processo espinhoso da 3ª vértebra lombar.
Indicação: Dor lombar, menstruações irregulares, hemorróidas, hemorragia uterina
disfuncional (YAMAMURA, 1993).
A agulha é inserida lateralmente ao processo espinhoso entre a 3ª e 4ª vértebras
lombares atingindo a raiz nervosa que se origina nesse segmento.
B- 25: Localização:Situa-se a 1,5 cun lateral à linha média, na horizontal traçada abaixo
do processo espinhoso da 4ª vértebra lombar.
Indicação: Disenteria, constipação intestinal, dor lombar, ciatalgia, paralisia de membros
inferiores, distensão abdominal, flatulência (YAMAMURA, 1993).
A agulha é inserida lateralmente ao processo espinhoso entre a 4ª e 5ª vértebras
lombares atingindo a raiz nervosa dessa região.
B- 28:Localização: Situa-se a 1,5 cun lateral à linha média, na horizontal traçada abaixo
pelo segundo forame sacro.
(Indicação: Patologias urogenitais, sacralgias, sacroileíte, ciática, diarréia, constipação
intestinal, glicosúria, retenção urinária YAMAMURA, 1993).
A agulha é inserida em direção ao 2º forame sacral atingindo a raiz nervosa de S2.
VG- 4: Localização: Situa-se na região lombar, entre os processos espinhosos das 2a e
3a vértebras lombares, ou se localiza no ponto oposto à cicatriz umbilical.
Indicações: Dor lombar, espermatorréia, impotência sexual, febre alta, cefaléia e zumbido,
endometrite, leucorréia, pés frios, enurese noturna, peritonite, mielite espinhal, nefrite,
seqüela de paralisia infantil (YAMAMURA, 1993).

- Pág. 140 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A agulha é inserida em direção à medula espinhal entre os processos espinhosos da 2ª e


3ª vértebras lombares.
B- 40: Localização: Situa-se no meio da fossa poplítea, numa reentrância das partes
moles localizada na prega de flexão do joelho.
Indicação: Dor lombar, dorsalgia, colite espasmódica, dor no joelho, paralisia de membro
inferior, hemiplegia, insolação, gastroenterite aguda, espasmos dos gastrocnêmios,
polaciúria, disúria, ciática, dor no cravo poplíteo, gonalgia (YAMAMURA, 1993).
A agulha é inserida na fossa poplítea medialmente atingindo ramificações do nervo tibial
que é uma ramificação do nervo ciático com origem nas raízes de (L4-S3).
B- 60: Localização: Situa-se a meia distância entre o maléolo lateral e o tendão do
calcâneo.
Indicações: Cefaléia, rigidez do pescoço, contratura muscular e dores da região lombar,
vertigens e zumbidos, retenção placentária, epilepsia e convulsões, afecções do
tornozelo, todas as algias periféricas e viscerais (YAMAMURA, 1993).
A agulha é inserida na face lateral do pé entre o maléolo lateral e o tendão do calcâneo
atingindo fibras do nervo sural, ramo terminal do nervo fibular comum que é ramificação
do nervo ciático com origem nas raízes de (L4-S3).

RESULTADOS
Foram submetidos a tratamento de acupuntura oito (8) indivíduos com dor lombar.
Foi aplicada a escala analógica visual da dor (EVA) antes do início da 1ª sessão e
após o término da mesma (Tabela 1).

Tabela 1
Paciente
1 2 3 4 5 6 7 8
s
Antes 8 8 6 4 9 9 8 1

Após 5 3 2 0 3 7 8 0
Tabela 1: Valores da EVA antes e após a 1ª sessão
Assim observou-se uma redução considerável na EVA em todos os indivíduos
(Figura 1).
Índice da EVA antes e após a 1ª sessão

9
8
7 Figura 1: Índice da EVA
6
5
antes e após a 1ª sessão
EVA
4 Antes
3 Após
2
1
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Indivíduos

No decorrer das doze (12) sessões de acupuntura foi observado através da média
da EVA de todos os indivíduos, antes e após cada sessão um decréscimo gradual
dos valores (Tabela 2) e (Figura 2).

Tabela 2
Sessõe
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª
s

- Pág. 141 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Antes 6,6 4,9 3,1 2,9 3,1 2,3 1,6 2 1,2 1,5 1,4 0,7

Após 3,5 2,2 1,7 0,9 1,4 0,6 0,7 1,1 0,7 0,4 0,6 0,2
Tabela 2: Média dos valores da EVA antes e após aplicação da acupuntura

Média de valores da EVA antes e após a aplicação


da acupuntura

7
6
5
EVA

4 Antes
3 Após
2
1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Sessões

Figura 2: Média de
Em relação aos valores individuais foi valores da EVA antes e
confirmado ao término das doze (12) sessões de após a aplicação da
acupuntura a redução dos valores da EVA. acupuntura
Sendo que os valores da EVA demonstraram
ausência (valor zero) para sete (7) dos oito (8) indivíduos tratados.
Para o indivíduo número seis (6) houve uma redução para dois (2) demonstrando
também resultado satisfatório (Tabela 3) e (Figura 3).

Tabela 3

Pacientes 1 2 3 4 5 6 7 8

Antes 8 8 6 4 9 9 8 1

Após 0 0 0 0 0 2 0 0

Tabela 3: Valores da EVA antes e após o programa de tratamento

- Pág. 142 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Comparação dos valores antes e após o


programa de tratamento

9
8
7
6
5
EVA
4 1ª sessão
3
12ª sessão
2
1
0 Figura 3: Comparação dos
1 2 3 4 5 6 7 8
valores antes e após as 12
Indivíduos
sessões
DISCUSSÃO
Baseada na fisiopatologia da dor lombar, a inserção das agulhas de acupuntura em
pontos relacionados com as fibras do nervo espinhal pode interromper ou atenuar o
processo álgico (YAMAMURA, 1995).
O esquema terapêutico da acupuntura baseia-se em reconhecer o canal de energia
afetado (ou raízes nervosas) e promover a estimulação do canal por meio da inserção e
manipulação de agulhas de acupuntura (YAMAMURA,1995). Dessa maneira, pode-se
explicar o efeito da inserção da agulha de acupuntura nos pontos correlacionados com as
fibras nervosas dos nervos espinhais plurissegmentares, localizadas nos pontos de
acupuntura dos membros superiores e inferiores, com efeito sobre a inervação da região
lombar( Somática e Visceral). Por outro lado, a inserção da agulha na região
paravertebral, no meridiano da bexiga, estimula também os nociceptores situados no
músculo multífido (LIANG,1992).
Yamamura,(1994), obteve melhora estatisticamente significante em 100% dos casos
como tratamento pela acupuntura, utilizando pontos de acupuntura locais (região lombar)
e pontos à distância relacionados aos nervos espinhais plurissegmentares.
Pesquisas realizadas com acupuntura em dor lombar vêm sendo desenvolvidas há
alguns anos e comprovam a redução de 50% das dores, definindo como satisfatório
o resultado de redução da dor nesses pacientes (LEMOS, 2004). Autores obtiveram
uma melhora de 42% na dor realizando sete aplicações de acupuntura em
portadores de dor lombar (NACHEMSON, 1994). Pesquisadores submeteram 82
pacientes com dor lombar ao tratamento com acupuntura (trinta sessões) e
obtiveram significativa melhora em todos os parâmetros estudados entre eles a dor
lombar (YAMAMURA, 1996)
A utilização da acupuntura buscando efeito analgésico vem sendo amplamente
questionada pela comunidade médica e científica. Mediante diversos trabalhos
realizados, evidencia-se que esta apresenta bons resultados para os pacientes
portadores de dores lombares (BRAVERMAN, 2003).
A ação analgésica da acupuntura pode ser explicada com base em três
mecanismos, bloqueio aferente segmentar, bloqueio descendente supra-espinhal,
mediante as vias piramidais (OLIVER, 1999) e ativação de processos analgésicos
endógenos (liberação de encefalinas e endorfinas) (ERNEST, 2001).
Além do alívio da dor, a produção aumentada de endorfinas pode dar a sensação de
satisfação (MA, 2006).
Embora os efeitos analgésicos da acupuntura sejam inquestionáveis, eles não
podem ser generalizados, uma vez que não se aplicam a todos os pacientes. Alguns
autores demonstram que apenas parte da amostra de pacientes tratados se
beneficia efetivamente com o alivio da dor após tratamento pela acupuntura
(ERNEST, 2001). Nesta pequena amostra todos pacientes se beneficiaram com
alívio da dor.

- Pág. 143 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Os resultados finais desse trabalho apontam para uma eficácia da acupuntura no


tratamento da dor lombar comprovado através da EVA, e confirma a relação entre o
trajeto dos meridianos da bexiga e do vaso governador com os pontos de
acupuntura correlacionado com a inervação do plexo lombossacral.
Observou-se uma efetiva ação da acupuntura como recurso analgésico para
pacientes com dor lombar, uma vez que, para todos os pacientes, houve uma
redução do nível de dor mensurado através da EVA, no decorrer das sessões.
Apesar das limitações do estudo em questão torna-se importante por contribuir
com novos dados e estimular pesquisas com acupuntura.

CONCLUSÃO
Os dados obtidos neste trabalho confirmam a eficácia da acupuntura no tratamento
da dor lombar e a relação direta da ação de analgesia da acupuntura com a arco
reflexo somato-visceral e ou viscero- somático.
Porém, novos estudos são necessários para novas descobertas sobre os efeitos da
acupuntura e como ela pode contribuir para proporcionar ainda mais o bem-estar do
indivíduo.

- Pág. 144 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

→ BRAVERMAN DI,Erickisen jj. Intervension in chronic pain menagement. Méd Rehabil,


2003.
→ COX JM. Dor Lombar. Mecanismos Diagnósticos e Tratamento. 6.ed. São Paulo:
Manole, 2002.
→ ERNEST E, WHITE A. Acupuntura: Uma avaliação cientifica. 1ª Ed. São Paulo:
Manole;2001.
→ LEMOS TV. Acupuntura e Mackenzie Para Lombociatalgia: Um Estudo de Caso. Soc
Brás Fis Acunp. 2004.
→ LIANG, C.I.: Anatomical Atlas of Chinese Acupuncture Points, Beijing,
Shandsny Science and Technology Press, 1982.
→ MA, Y. T. Acupuntura para o tratamento da dor: Um enfoque integrado. São Paulo:
ROCA, 2006
→ MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F. Anatomia orientada para a clínica. 5 ed Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
→ NACHEMSON A. O Manejo da lombalgia recorrente. Moderna terapia manual. São
Paulo: Editora Panamericana; 1994.
→ OLIVER J. Cuidados com as costas: Um guia para terapeutas. São Paulo: Manole,
1999.
→ YAMAMURA, YSAO. Acupuntura Tradicional, A Arte de Inserir Agulhas.São Paulo:
Roca, 1993.
→ YAMURARA Y, LAREDO FILHO, J., ISHIDA, A., OLIVEIRA, E.F. & GUIMARÃES,
C.M.: Tratamento da distrofia simpático-reflexa do joelho pela acupun-
tura. F Med 108: 119-123, 1994.
→ YAMAMURA, Y.;LAREDO,F.J.; NOVO, N. F.; PUERTAS, E.B.; VASCONCELOS,
L.P.W.C. Tratamento da Hérnia do disco intervertebral lombar pela acupuntura Análise de
41 pacientes. Revista Paulista de Acupuntura, 1996; Vol.2.
→ YAMAMURA, Y.; TABOSA, A. Aspectos integrativos das medicinas occidental e
chinesa. Rev Paul Acupuntura, 1995.

- Pág. 145 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

AVALIAÇÃO DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO DE FLEXÃO DE JOELHO ANTES E


APÓS APLICAÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA EM PACIENTES PORTADORES DE
ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA: ESTUDO DE 2 CASOS

Charles Silva Rossi


Especialista em Ortopedia e Traumatologia Funcional pela FAGAMMON-ENAF
Faculdade Presbiteriana Gammon
charlessrossi@gmail.com
Norberto Ribeiro Neto
Especialista em Ortopedia e Traumatologia Funcional pela FAGAMMON-ENAF
Liliane Negrão Serafim
Especialista em Ortopedia e Traumatologia Funcional pela FAGAMMON-ENAF
Luiz Henrique Gomes Santos
Orientador e Docente do curso de Especialização em Ortopedia e Traumatologia
Funcional pela FAGAMMON-ENAF

Resumo

A espasticidade é um quadro freqüentemente associado à hipertonia que é um aumento


da resistência passiva ao alongamento muscular e movimento dos membros, e está
associada a sinais como fraqueza muscular, perda de destreza e alteração da
sensibilidade, e é uma manifestação comum a uma gama de patologias, como a paralisia
cerebral. Nesse estudo foram avaliados dois casos de pacientes que realizaram
aplicações no quadríceps bilateralmente para melhora da espasticidade, causada pela
encefalopatia crônica não progressiva (paralisia cerebral), com a toxina botulínica do tipo
A, ambas do sexo feminino e estudantes da APAE Poços de Caldas MG, os resultados
foram positivos havendo melhora não apenas da espasticidade como também na
amplitude de movimento. Os indícios apontam que a utilização da toxina botulínica no
tratamento da espasticidade possuiu um papel de auxiliador da fisioterapia para o ganho
de amplitude de movimento em indivíduos espásticos.

Palavra chave: Espasticidade, Toxina Botulínica, Fisioterapia.

Introdução

Espasticidade é uma hiper-reflexia velocidade dependente e sensibilidade dependente


que resulta de doenças do sistema nervoso central. Clinicamente é um quadro
freqüêntemente associado à hipertonia, aumento da resistência passiva ao alongamento
muscular e movimento dos membros. É geralmente associada a sinais como fraqueza,
perda de destreza e alteração da sensibilidade (GRACIES, et al. , 2003).
Possui etiologia diversa, incluindo acidente vascular encefálico, esclerose múltipla,
paralisia cerebral, trauma cranioencefálico, trauma raquimedular, tumores cerebrais e da
medula espinhal, esclerose lateral amiotrófica.
O termo paralisia cerebral (PC) é usado para definir qualquer desordem caracterizada por
alteração do movimento secundária a uma lesão não progressiva do cérebro em
desenvolvimento. O desenvolvimento do cérebro tem início logo após a concepção e
continua após o nascimento. Ocorrendo qualquer fator agressivo ao tecido cerebral antes,
durante ou após o parto, as áreas mais atingidas terão a função prejudicada e,
dependendo da importância da agressão, certas alterações serão permanentes
caracterizando uma lesão não progressiva. Dentre os fatores potencialmente
determinantes de lesão cerebral irreversível, os mais comumente observados são
infecções do sistema nervoso, hipóxia (falta de oxigênio) e traumas de crânio. O

- Pág. 146 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

desenvolvimento anormal do cérebro pode também estar relacionado com uma desordem
genética, e nestas circunstâncias, geralmente, observa-se outras alterações primárias
além da cerebral. Em muitas crianças, a lesão ocorre nos primeiros meses de gestação e
a causa é desconhecida.
A toxina botulínica é produzida pelo Clostridium botulinum e consiste, em uma mistura
complexa de proteínas que contêm a neurotoxina botulínica e várias proteínas não-
tóxicas. A neurotoxina botulínica consiste em uma cadeia pesada e em uma cadeia leve
ligadas junto por uma única ponte dissulfeto. Quando a toxina é injetada em um tecido
alvo, a cadeia pesada da neurotoxina botulínica se liga às estruturas da glicoproteína
encontradas especificamente em terminais colinérgicos do nervo. Esta ligação específica
é a razão para a seletividade elevada da toxina para sinapses colinérgicas. Após a
internalização, a cadeia leve da neurotoxina botulínica se liga com especificidade elevada
à proteína do complexo. Quando a toxina é injetada em um músculo estriado, a paresia
ocorre após dois a cinco dias e dura dois a três meses até que comece gradualmente a se
degradar. Quando os anticorpos vão de encontro à toxina, a duração da ação e a
extensão do efeito terapêutico máximo estão reduzidas geralmente após poucas
aplicações (falha parcial da terapia) antes da falha completa da terapia ocorrer
(DRESSLER, SABERI, BARBOSA, 2005).

Epidemiologia

Em estudos recentes não foi encontrada diferença estatística relevante na


prevalência de PC entre o sexo feminino e masculino.
Como fatores de risco mais citados, foram encontrados: prematuridade, hipóxia-
isquemia perinatal e infecção materna intra-uterina. Foram citados gestação múltipla,
corioamnionite e trombofilia, embora estas duas últimas não tenham sido encontradas por
dois autores. Alguns fatores individuais foram referidos como preocupantes e são eles:
pressão sistólica baixa (menor que 33 mmHg) nas primeiras 12 horas de vida,
recebimento de fluidos nas primeiras 12 horas de vida, necessidade de
ressuscitação cardiopulmonar nas primeiras 72 horas de vida e pneumotórax nas
primeiras 72 horas. A presença de anormalidade congênita também pode contribuir
para o desenvolvimento de PC e uma interrupção no suprimento de oxigênio durante
o nascimento contribui com aproximadamente 6% para a PC espástica (PATO
SOUZA, LEITE, 2002).
Uma criança com PC pode apresentar alterações que variam desde leve
incoordenacão dos movimentos ou uma maneira diferente para andar até inabilidade para
segurar um objeto, falar ou deglutir, além da presença de aumento do tônus, que resulta
em uma diminuição da amplitude de movimento, levando a contraturas musculares, se
não tratada.
Dentre os vários mecanismos fisiopatológicos que causam a paralisia, sobressai a teoria
clássica do aumento do tônus, secundário à perda das influências inibitórias
descendentes (via retículo-espinhal), como resultado de lesões comprometendo o trato
córtico-espinhal (via piramidal, agora melhor definido como vias mediadoras de
influências supra-espinhais sobre a medula espinhal). A perda da influência inibitória
descendente resultará em aumento da excitabilidade dos neurônios fusimotores gama e
dos moto-neurônios alfa. Os principais neurotransmissores envolvidos no mecanismo do
tônus muscular são: ácido gamaminobutírico (GABA) glicina (inibitórios) e glutamato
(excitatório), além da noradrenalina, serotonina e de neuromoduladores como a
adenosina e vários neuropeptídeos.
A espasticidade nos membros superiores predomina nos músculos flexores, com postura
em adução e rotação interna do ombro, flexão do cotovelo, pronação do punho e flexão
dos dedos. Nos membros inferiores, a espasticidade predomina nos músculos extensores,
com extensão e rotação interna do quadril, extensão do joelho, com flexão plantar e

- Pág. 147 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

inversão do pé. Esta postura característica recebe a denominação de atitude de


Wernicke-Mann. Na prática as etiologias mais frequentemente encontradas têm sido a
esclerose múltipla, o trauma crânio-encefálico e raqui-medular, a paralisia cerebral e o
acidente vascular encefálico (AVE). Ao exame físico os membros espásticos demonstram
aumento de resistência ao movimento passivo, que é mais acentuado com o aumento da
amplitude e da velocidade imposta. O aumento de resistência ao estiramento passivo é
maior no início do movimento e diminui com a continuação dele, caracterizando o
chamado "sinal do canivete". A espasticidade pode ser avaliada através de escalas.
Dentre estas citamos a de Ashworth (Tabela 1) e a de espasmos (Tabela 2). (TEIVE,
ZONTA, KUMAGAI, 1998).

Fonte: Teive, H. et al Tratamento da espasticidade: uma atualização

Tratamento

Dentre os tratamentos disponíveis incluem-se: a fisioterapia, os agentes farmacológicos


(por via oral ou intratecal), a quimiodesinervação dos músculos com o uso de injeções de
fenol, e os tratamentos cirúrgicos como o alongamento de tendões, transferência de
tendões, liberação capsular, neurotomia, cordotomia e a rizotomia, e ultimamente uma
técnica utilizada é a aplicação de toxina botulínica.
Os medicamentos mais utilizados no tratamento da espasticidade são o baclofen, o
diazepam, dantrolene, a clonidina, a tizanidina, a clorpromazina e também a morfina. A
ação desses medicamentos resulta na diminuição da excitabilidade dos reflexos
espinhais.
Os tratamentos cirúrgicos para a espasticidade mais comumente utilizados são divididos
em neurocirúrgicos e ortopédicos. Os tratamentos neurocirúrgicos mais comuns são a
rizotomia dorsal e, eventualmente, as mielotomias e cordotomias, além da estimulação da
coluna dorsal da medula espinhal.
O fenol atua como agente neurolítico de duas formas: como anestésico local em nível de
fibras gama e provocando axonotmese química. A condução nervosa é bloqueada e o
arco reflexo, interrompido, provocando diminuição do tônus muscular e paresia muscular.
A duração do efeito pode variar de 2 a 743 dias, em média 300 dias. As doses utilizadas
variam de 1 a 5 ml de uma solução a 3% em diferentes pontos de bloqueio. Os músculos
mais comumente tratados com fenol incluem o triceps sural, o tibial posterior, os
posteriores da coxa e os flexores do punho e dos dedos. As complicações incluem
parestesias dolorosas (10-30%), fraqueza muscular permanente, tromboflebite e aumento
da espasticidade em músculos antagonistas. A utilização de fenol, ou eventualmente de
álcool, deve ser reservada para casos de espasticidade que não respondem aos
tratamentos conservadores (TEIVE, ZONTA, KUMAGAI, 1998).
A toxina botulínica (TBA) age seletivamente no terminal nervoso periférico colinérgico,
inibindo a liberação de acetilcolina. Por outro lado, não ultrapassa a barreira cerebral e
não inibe a liberação de acetilcolina ou de qualquer outro neurotransmissor a esse nível,
sendo este um tratamento atual e promissor.

- Pág. 148 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A TBA liga-se ao terminal da placa motora. Há evidências de que a cadeia pesada seja a
responsável por esta ligação. A ligação acontece no nível dos receptores específicos
existentes na membrana da terminação nervosa. A cadeia pesada é neurotrópica, seletiva
para as terminações nervosas colinérgicas.
Uma vez no citoplasma da célula, a cadeia leve faz a quebra das proteínas de fusão,
impedindo assim a liberação da acetilcolina para a fenda sináptica. Esse processo produz
uma denervação química funcional, reduzindo a contração muscular de forma seletiva. A
propagação da potencial de ação, a despolarização do nervo terminal e os canais de Na +,
K+, e Ca2+ não são afetados pela toxina. A despolarização induz a um fluxo de cálcio e
momentaneamente há um aumento do cálcio intracelular, que induz a um release
sincrônico e a um potencial. A toxina reduz esse potencial a um simples estímulo.
A TBA não afeta diretamente a síntese ou o armazenamento da acetilcolina ou a
condução de sinais elétricos ao longo da fibra nervosa. Há evidências de que a
denervação química induzida pela toxina estimula o crescimento de brotamento axonais
laterais. Através destes brotamentos nervosos o tônus muscular é parcialmente
restaurado. Com o tempo há o restabelecimento das proteínas de fusão e a involução dos
brotamentos de modo que a junção neuromuscular se recupera.
A administração deste fármaco está limitada a músculos específicos em doses
controladas. Recomenda-se a injeção intramuscular. Injeções subcutâneas podem ser
indicadas em situações especiais.
Os efeitos da injeção podem ser sentidos entre o terceiro e o décimo dia após a aplicação
e duram em torno de seis semanas a seis meses, ocasião em que o paciente poderá ser
avaliado quanto à possibilidade de se recomendar uma nova aplicação em tempo devido.

No tratamento da espasticidade a toxina botulínica possui efeitos significantes quando é


injetada junto os pontos motores dos músculos. Se a dose e a diluição se mantêm
constantes o aumento da distância entre o ponto de injeção e o ponto motor diminui
drasticamente a resposta. Além disso, os resultados são dose-dependentes.
Em crianças, especialmente quando se associa procedimento de neurólise com fenol,
está indicada a sedação ou mesmo a indução anestésica para a realização do
procedimento. Em adultos esta medida não é necessária.
As doses para uso pediátrico variam entre 10 a 20U/kg, e recomenda-se uma dose total
por procedimento de 600U em adultos. A dose total deve ser distribuída entre os
músculos a serem tratados de modo que se observe o efeito terapêutico desejado. Assim,
devemos considerar na distribuição da dose os seguintes fatores: grau de espasticidade,
tipo e tamanho do músculo a ser tratado, trofismo e massa muscular, padrões sinérgicos
de movimentos, potencial de recuperação neurológica, potencial funcional e intensidade e
duração da resposta individual em casos de repetição do procedimento.
O padrão de flexão de membros superiores e extensão de membros inferiores são o mais
comumente visto nos pacientes espásticos.
As contra-indicações e reações adversas para o tratamento da espasticidade com toxina
botulínica incluem perda funcional e a dispersão do produto para músculos adjacentes,
com comprometimento funcional do membro tratado.
Uma vez que a toxina botulínica tipo A age minimizando o estímulo motor ao músculo, o
papel do terapeuta consiste no controle da hipertonia decorrente do desuso e dos
encurtamentos miogênicos.
Enquanto o segmento está sob efeito da TBA, é aconselhável a realização da
cinesioterapia com maior freqüência e intensidade.
O músculo agonista (injetado) deve ser alongado e seu antagonista fortalecido,
promovendo a facilitação do ato motor, do posicionamento e da função do membro, no
alongamento, o estiramento deve ser suave e lento, visando o restabelecimento do
comprimento da fibra muscular, que está encurtada por fatores mecânicos remanescentes
após o bloqueio neural e já o fortalecimento, os músculos agonistas podem ser

- Pág. 149 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

exercitados de forma isométrica ou isotônica. A estimulação elétrica funcional (FES) pode


ser utilizada como adjuvante no fortalecimento.
Órteses de posicionamento ou funcionais complementam a cinesioterapia e
previnem posturas inadequadas e deformidades osteomusculares decorrentes da
hipertonia espástica.
Como mencionado, a espasticidade é umas das situações clínicas que mais impõe
dificuldades ao processo de reabilitação, visto que impede a mobilização do músculo ou
grupo muscular onde está instalada, consequentemente, afetando o posicionamento, a
deambulação, a alimentação e a performance nas atividades da vida diária (AVD's), o
que, obviamente, interfere negativamente no restabelecimento do segmento. Portanto, ela
sempre foi um obstáculo a ser vencido pelo fisioterapeuta e pelo próprio paciente. A
toxina botulínica foi uma das soluções encontradas pela ciência para auxiliar a terapia do
paciente espástico. E como sua eficiência tem sido comprovada ao longo dos anos e,
principalmente, sem oferecer efeitos colaterais ao paciente, tornou-se uma arma
importante na reabilitação e, como tal, deve ser utilizada, de maneira adequada para
melhorar a qualidade de vida do paciente.
No entanto, para que sua eficácia seja plena, é importante que haja uma boa
interação entre a equipe multidisciplinar (EMD) que acompanha o paciente. Antes de
realizar uma aplicação, o médico deve estar ciente de quais os músculos serão melhores
aproveitados quando relaxados, isto é, a aplicação deve ser feita com objetivos pré-
estabelecidos em conjunto com o fisioterapeuta, que conhece as metas a serem atingidas
com cada paciente. Por exemplo, o relaxamento dos músculos adutores do quadril em um
paciente que apresenta MMII em padrão tesoura, com dificuldade para deambulação,
pode gerar benefícios na adução, abdução, flexão e extensão, em pacientes com paralisia
cerebral quadriplégica. E o fisioterapeuta é o profissional qualificado para orientar o
médico, visto que acompanhava o paciente antes da aplicação e continuará a
acompanhar após a mesma, portanto, tem conhecimento das limitações e dos objetivos a
serem alcançados. Desse modo, uma vez aplicada, a toxina botulínica age nos grupos
musculares adequados e a musculatura que se encontrava espástica agora assume a
postura flácida (paralisia flácida), sendo permitida a livre movimentação e alongamento da
mesma e também, a prevenção de deformidades, as quais são muito freqüentes em
pacientes espásticos (SPOSITO, 2004).
Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar através do ganho de amplitude de
movimento os efeitos da administração de toxina botulínica em pacientes com paralisia
cerebral.

Métodos

Foi avaliada a amplitude de movimento através de goniometria de flexão de joelho


bilateral em movimento ativo e passivo (ativo com comando de voz) em 2 crianças do
sexo feminino, portadoras de encefalopatia crônica não progressiva e estudantes da
APAE de Poços de Caldas. Estas que foram realizadas em momentos diferentes (antes e
depois da aplicação de toxina botulínica em quadríceps bilateralmente realizado na
unidade da AACD em Campinas). A primeira paciente, M.F.S. 12 anos, com diagnóstico
de encefalopatia crônica não progressiva e epilepsia desde o parto, não há dados sobre
como a paciente sofreu a patologia, pois não foi possível coletar os dados com a família e
não há informações no relatório da APAE. Paciente com marcha muito precária, feita
somente com ajuda de outra pessoa. Foi feita a avaliação e recomendado a aplicação de
toxina botulínica na própria AACD, para melhorar a condição da marcha, trabalhar os
músculos isquiotibiais que estão muito enfraquecidos por serem os antagonista pela sua
condição de espasmo muscular de quadríceps. Foi avaliada sua goniometria de flexão de
joelho bilateral 5 dias antes e 5, 15 e 30 dias após a aplicação de 150U de Toxina
Botulínica Tipo A em 4 regiões do quadríceps bilateralmente, segundo dados do relatório

- Pág. 150 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

da AACD, e foi associada fisioterapia já no 3º dia após a aplicação. A segunda paciente,


A.M.F.R. 14 anos, com diagnóstico de encefalopatia crônica não progressiva desde o
parto, a mãe da paciente refere que sentia contrações e somente foi feita cesariana 72h
após sua internação na unidade hospitalar, a criança nasceu com 40 semanas de
gravidez com problemas respiratórios e ficou internada na UTI neonatal por 15 dias,
quando foi feito o diagnóstico da patologia. Somente começou a andar com muita
dificuldade aos 4 anos e 6 meses de vida mas nunca desenvolveu uma marcha sem
apoio. Foi recomendada pela unidade da A.A.C.D. de Campinas, aplicação de toxina
botulínica tipo A em quadríceps para desenvolver um pouco mais a marcha facilitando o
trabalho da fisioterapia. Foi realizada a goniometria ativa e passiva da paciente 5 dias
antes de fazer a aplicação, 5, 15 e 30 dias após a aplicação com realização de fisioterapia
3 vezes por semana depois de 3 dias da aplicação. Segundo dados do relatório da AACD,
foram feitas 4 aplicações de 140U de Toxina Botulínica Tipo A em quadríceps esquerdo e
direito da paciente que respondeu bem ao procedimento e não obteve rejeição ao
medicamento utilizado.

Resultados

As duas crianças avaliadas tiveram melhora do quadro de espasticidade e na amplitude


de movimento (ADM), com a aplicação da toxina botulínica, sendo que a criança M.F.S.
apresentou melhora gradativa em relação ao ganho de ADM nos momentos avaliados e
cada momento esta apresentou ganho de aproximadamente 15º em média (Tabela 3).

- Pág. 151 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Flexão de 5 dias antes 5 dias após 10 dias após 30 dias após


Joelho “E” da aplicação aplicação aplicação aplicação

Passiva 17° 43° 44° 68°

Ativa 12° 30° 37° 60°

Flexão de
Joelho “D”
Passiva 26° 46° 60° 85°

Ativa 20° 43° 50° 76°

Tabela 3– Análise da amplitude de movimento obtida através da análise


goniométrica da Paciente M.F.S.

Flexão de 5 dias antes 5 dias após 10 dias após 30 dias após


Joelho “E” da aplicação aplicação aplicação aplicação

Passiva 30° 52° 69° 90°

Ativa 23° 45° 64° 82°

Flexão de
Joelho “D”
Passiva 24° 50° 69° 94°

Ativa 18° 43° 66° 90°

Tabela 4 – Análise da amplitude de movimento obtida através da análise


goniométrica da Paciente A.M.F.S.

Conclusão

A toxina botulínica é um tratamento eficaz, seguro e consistente para a espasticidade na


paralisia cerebral, principalmente como coadjuvante na fisioterapia, trazendo facilidade no
manuseio do paciente e mais eficácia no tratamento como um todo. Esta se dá tanto na
qualidade de vida dos pacientes quanto nos objetivos da reabilitação, e conforme os
resultados obtidos nas avaliações goniométricas, mostra que logo após sua aplicação e
auxílio fisioterapêutico há uma melhora progressiva no grau da espasticidade do músculo
em questão e consequentemente do movimento tanto ativamente quanto passivamente
realizado aumentando a amplitude de movimento.

- Pág. 152 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Referências Bibliográficas

GRACIES, B., HELFTER J. M., SIMPSON H., MOORE, P. D.M.; Spaticity in adults. IN;
Handbook of botulinum toxin treatment. Moore P., Naumann M., Blackwell
Massachussetts, 219-269,2003.

DRESSLER D., SABERI, F. A., BARBOSA E. R.; Botulinum Toxin: Mechanism of Action.
Arq. de Neuro-Psiquiatria, São Paulo SP, v.63, n 1, págs. 180-185, março 2005.

SPOSITO M. M. M.; Toxina Botulínica Tipo A: Propriedades Farmacológicas e Uso


Clínico, Acta Fisiátrica, São Paulo SP, suplemento 01, 2004.

PATO T. R., SOUZA D. R., LEITE, H. P.; Epidemiologia da Paralisia Cerebral, Acta
Fisiátrica, São Paulo SP, suplemento 9, p. 71-76, 2002.

GUYTON, C. A., HALL, J. E.; Tratado de Fisiologia Médica, 10ª ed., Mansfield
Pennsylvania EUA, Ed. Guanabara Koogan Rio de Janeiro RJ, 2002, Caps. 6 e 7.

TEIVE, H. A. G.; ZONTA, M.; KUMAGAI, Y.; Tratamento da espasticidade: uma


atualização. Arq. Neuro-Psiquiatria, São Paulo SP, v. 56, n. 4, págs 852-858, 1998.

- Pág. 153 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

TREINAMENTO DE FORÇA E ENVELHECIMENTO: UMA


REVISÃO SOBRE OS EFEITOS DO EXERCICIO RESISTIDO EM
IDOSOS.

Márcio Luiz de Almeida Bueno1 , Rafaela Silva Brício Rezende¹, Autran José da
Silva Jr2 , Arthur Paiva Neto2
1
Instituto Federal de Educação Ciência e Técnologia do sul de Minas/ Muzambinho/
Minas Gerais/ Brasil
2
Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé /LAPEHA /Guaxupé/ Minas
Gerais/ Brasil
marcio.bueno@eafmuz.gov.br

Resumo
Durante o processo de envelhecimento são observados declínios significativos nos
diferentes componentes da capacidade funcional (CF), em especial, nas expressões da
força muscular. A prática regular do treinamento de força tem se mostrado efetiva para
trazer vários benefícios à vida dos indivíduos idosos, auxiliando no aumento da
capacidade funcional, principalmente pelo aumento da força muscular causada pelo
treinamento com pesos. Logo, este estudo teve por objetivo identificar, por meio de uma
revisão bibliográfica, os relatos dos benefícios que o treinamento de força pode trazer
para os idosos. Pode-se observar que o treinamento de força retarda os processos
degenerativos que ocorrem durante o envelhecimento humano e auxilia para uma
melhoria na saúde e qualidade de vida dos idosos.
Unitermos: Treinamento de força - Envelhecimento - Força

Abstract
During the aging process are significant declines observed in the different components of
functional capacity (FC), in particular in terms of muscle strength. . The regular practice of
strength training has been shown to provide many benefits to the lives of the elderly,
helping to increase functional capacity, primarily by increasing muscle strength caused by
weight training soon, this study aimed to identify, for means of a literature review, studies
that report the benefits that strength training can bring to the elderly. It can be observed
with this review that strength training slows the degenerative processes that occur during
human aging and helps to improved health and quality of life for seniors.
Keywords: Strength training - Aging - Force

I INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o número de idosos cresceu significativamente, refletindo nos dias
atuais. Embora esse crescimento seja um importante indicativo da melhoria da qualidade
de vida, o processo de envelhecimento está relacionado a perdas importantes em
inúmeras capacidades físicas, as quais culminam, inevitavelmente, no declínio da
capacidade funcional e da independência do idoso (MATSUDO et al 2001).
O envelhecimento humano é conceituado como um processo dinâmico e
progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas
que determinam perda de capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente,
ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que
terminam por levá-lo a morte (PAPALÉO NETTO, 2001).

- Pág. 154 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Durante o processo de envelhecimento são observados declínios significativos nos


diferentes componentes da capacidade funcional (CF), em especial, nas expressões da
força muscular (força muscular concêntrica, excêntrica e isométrica máxima, resistência
de força, potência muscular, entre outras), (FLECK e KRAEMER, 2006).
A diminuição de força muscular traz consequências para a autonomia funcional de
idosos (KAMEL, 2003), deixando-os assim incapacitados de realizarem as tarefas mais
simples do dia a dia, tornando-os muitas vezes dependentes dos que os cercam, o que
acaba por reduzir em grande escala a qualidade de vida desses indivíduos, ( RODHES et
al 2000).
Segundo FLECK e KRAEMER (2006), o desenvolvimento de exercícios com pesos é
muito importante, especialmente em idosos, pois o aumento de força muscular favorece a
movimentação, como também facilita a recuperação de pós-operatório, além de contribuir
para a diminuição das quedas e traumatismos, que são muito frequentes nas pessoas
idosas. Nesse sentido o objetivo do presente estudo é revisar e mostrar os benefícios do
treinamento de força em idosos.

II REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Conceitos de Envelhecimento

O envelhecimento tem, sobretudo, uma dimensão existencial e, como todas as situações


humanas, modifica a relação do homem com o tempo, com o mundo e com sua própria
história, revestindo-se não só de características biopsíquicas, como também sociais e
culturais (BEAUVOIR, 1970).
VARGAS (1994), define envelhecimento como um fenômeno biopsicossocial que atinge o
homem e sua existência na sociedade, como um processo dinâmico e variável que
conduz o organismo do nascimento à morte, distinguindo-se, assim, três fases diversas e
contínuas: crescimento; maturidade e senescência.
NETTO (1996), define o envelhecimento como um processo irreversível, que se
inscreve no tempo entre o nascimento e a morte do indivíduo. Neste sentindo, é durante a
vida inteira que envelhecemos.
Para ERMINDA (1999), o envelhecimento é um processo de diminuição orgânica e
funcional, não decorrente de doença, e que acontece inevitavelmente com o passar do
tempo.
O envelhecimento é sem dúvida, um processo biológico cujas alterações
determinam mudanças estruturais no corpo e, em decorrência, modificam suas funções.
Essa fase inicia-se no momento da concepção culminando no período denominado
velhice (OKUMA, 1998).

2.2 Efeitos fisiológicos do envelhecimento

Os efeitos fisiológicos decorrentes do envelhecimento são relatados


freqüentemente na literatura (ADAMS e O’SHEA 1999, FRONTERA et al 1991,
HAKKINEN, 2001).
Para OKUMA (1998), do ponto de vista fisiológico, não ocorre necessariamente em
paralelo ao avanço da idade cronológica, apresentando considerável variação individual.
Este processo é marcado por um decréscimo das capacidades motoras, redução da força,
flexibilidade, velocidade e dos níveis de VO2 máximo, dificultando a realização das
atividades diárias e a manutenção de um estilo de vida saudável.
A diminuição de massa magra nos tecidos e um aumento de massa gordurosa, além de
uma progressiva atrofia muscular e perda de minerais ósseos, são aspectos fisiológicos
decorrentes do envelhecimento. A soma destes fatores leva à diminuição da mobilidade
das articulações, o que leva a uma diminuição ainda mais acentuada nas atividades

- Pág. 155 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

físicas, (SHEPHARD, 2003). A atrofia muscular, principalmente de membros inferiores,


tem sido associada ao maior risco de quedas, a diminuição da densidade mineral óssea
(DMO) e a maior probabilidade de fraturas (CAMPBELL, 1999).
Para FLECK e KRAEMER (2006), a perda de massa muscular acarreta,
consequentemente, queda na força e potência muscular tanto em homem quanto em
mulheres, destacando assim a importância da manutenção de massa muscular, força e
potência à medida que envelhecemos.
Estudos de CHARETTE, GUIDO e PIKA, (1991) têm demonstrado que a força pode ser
aumentada mediante programas de condicionamento físico, de força e resistência, de alta
ou baixa intensidade, inclusive em nonagenários.
Outra capacidade fisiológica afetada é a capacidade aeróbia máxima. Segundo
MCARDLE, KATCH e KATCH (2003), o consumo máximo de oxigênio (VO 2máx) decresce
a partir da segunda década de vida, e chega a atingir a magnitude de 1% ao ano.
O VO2máx é caracterizado por COSTILL et al. (1973) como consumo máximo de oxigênio
e é uma variável tradicionalmente aceita como um bom indicador da capacidade para o
exercício prolongado. Esta variável, segundo FLEGG e LAKATTA et al. (1988), declina
com o avanço da idade a partir da segunda década de vida, dependendo de fatores
genéticos e o nível de atividade física realizada pelo indivíduo.
ADES et al (1996) verificaram, após 12 semanas de TP, melhorias significantes no tempo
de caminhada a 80% do VO2máx na ordem de 38% em idosas com 65 a 78 anos, sem
que tenha ocorrido alteração no VO2máx. Os resultados também indicaram que a
melhoria do tempo de caminhada estava significativamente relacionada com os aumentos
da força muscular.
A fraqueza muscular pode avançar para um estágio no qual o indivíduo idoso não
possa realizar atividades físicas da vida diária comuns. Dessa forma, a massa muscular, a
força e a potencia musculares são igualmente importantes e devem ser mantidas à
medida que envelhecemos. (FLECK e KRAEMER, 2006).
Dentre os benefícios buscados pelo idoso, os principais destacados são a melhoria da
saúde, melhoria da qualidade de vida e das habilidades funcionais (FLECK e KRAEMER,
2009). Segundo os mesmos autores, um programa individualizado de treinamento de
força é um caminho para diminuir os declínios da força e massa muscular relacionadas a
idade, bem como melhoras nas outras capacidades funcionais.

2.3 Treinamento de força para idosos e seus benefícios

Hoje, a musculação está sendo prescrita por médicos que antes apenas sugeriam
caminhadas para a manutenção do condicionamento geral e emagrecimento. Os
benefícios do treino com pesos, em termos de saúde e qualidade de vida, igualam-se ou
mesmo superam os obtidos pelos jovens, ou seja, nunca é tarde para se iniciar um
programa de musculação. Também já se sabe que após os 30 anos, estima-se que a
perda de força seja de 1% por ano até os 60 anos, de 15% por década entre os 60 e os
70 anos e, daí em diante, 30% por década, (KRAEMER, FLECK e EVANS,1996).
Segundo HUNTER, MCCARTHY e BAMMAN (2004), se apenas uma forma de
exercício tiver que ser escolhida para promover melhoria na capacidade funcional de
idosos, o treinamento com pesos parece a melhor opção, se comparada aos exercícios
aeróbios. Essa opção se fundamenta na observação de que as principais atividades
cotidianas, presentes na vida de idosos, envolvem capacidades que são aprimoradas
durante a prática do treinamento com pesos.
Para UCHIDA et al (2003), o treinamento de força além da força e massa muscular,
também proporciona ao praticante freqüência cardíaca e pressão arterial menor em
repouso devido ao efeito do treinamento.

- Pág. 156 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

O treinamento de força para idosos leva a incrementos das capacidades funcionais. Os


aspectos funcionais relativos à marcha, ao equilíbrio (quedas) e as outras ações motoras
serão altamente beneficiados por esse tipo de treinamento (OKUMA, 1998).
O treinamento sistemático de força para FLECK e KRAEMER (2009), desacelera a perda
de massa muscular e assim mantém seus níveis. Ele observa que a atividade física
moderada, para indivíduos de 30 a 70 anos pode resultar em um ganho de força de 10%
a 20%. Acrescenta também que atletas que treinam sistematicamente, a força mantém
valores altos de força e de potência muscular até a sexta década de vida.
De acordo com SIMÃO (2004), os benefícios do treinamento incluem adaptações
psicológicas, metabólicas e funcionais à atividade física, contribuindo também
substancialmente na melhora da qualidade de vida da população idosa. Dentre os
benefícios estão: minimização das alterações biológicas do envelhecimento, reversão da
síndrome do desuso, controle das doenças crônicas, maximização da saúde psicológica,
incremento da mobilização e função e assistência à reabilitação das enfermidades agudas
e crônicas para muitas das síndromes geriátricas comuns a essa população vulnerável.
Em 1990, estudo realizado por FIATORE (1990) APUD FLECK E KRAEMER (2009) com
homens e mulheres com idades de 87 á 96 anos submetidos a treinamento de extensão
de joelho durante 8 semanas, demonstrou que a melhoria de força muscular é preservada
mesmo nos muito idosos.
ANIASON et al (1984), realizou treinos isométricos, durante 10 meses, com frequência de
2 vezes por semana com idosos. Tal metodologia apontou um incremento de 6% a 13%
na força muscular dos extensores do joelho.
ANTONIAZZI et al (1999), após 12 semanas de treinamento, com freqüência semanal de
2 dias em indivíduos entre 50 e 70 anos, com intensidade de 65% de 1RM, identificaram
aumento de força muscular de membros superiores e inferiores e VO 2máx, promovendo
adaptações cardiovasculares expressivas com o treinamento de força.
GERALDES (2002), após 12 semanas de treinamento resistido para idosas em uma
frequência de 2 vezes na semana, com a utilização de 3 séries de 8 a 10 repetições de
1RM, apontou ganhos significativos de força de até 36% após submetidas ao treinamento.

2.4 Desenvolvimento do treinamento de força para idosos

Segundo FLECK E KRAEMER (2009), os fundamentos e princípios para montagem do


treinamento de força são os mesmos, independente da idade do indivíduo treinado,
devendo adequar o melhor programa para atender as necessidades e particularidades
médicas de cada um.
Na escolha dos exercícios deve-se enfocar os grandes musculares (de 4 a 6 exercícios) e
para grupos musculares pequenos (3 a 5 exercícios), ordenando sempre de exercícios de
grandes grupos musculares e posteriormente pequenos grupos musculares (FLACK E
KRAEMER 2009).
Para MEIRELLES (1997), o intervalo entre as séries deve ser relativamente longo,
geralmente acima de 1 ou 2 minutos, aumentando a freqüência cardíaca muito pouco,
com pesos baixos, fazendo assim o duplo produto (pressão arterial sistólica x freqüência
cardíaca) dos exercícios.
No que se refere à intensidade das cargas, o percentual indicado segundo FLECK e
KRAEMER (2009) é de 50% a 85% de 1RM para 8 a 12 repetições, recomendando
inicialmente cargas mais leves. Vários esquemas de cargas tem sido aconselhado
durante a progressão de treinamento desde os mais leves, até moderados e
moderadamente pesados.
A duração do treinamento resistido, em geral, para se alcançar o maior efeito de saúde, é
de 45 minutos, praticado 3 vezes por semana (BRINGMANN APUD WEINECK 2000) .
De acordo com FLECK e KRAEMER (2009), o consentimento de um médico é
recomendado em todos os casos. Para indivíduos que realizam um treinamento de força

- Pág. 157 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

em um programa de condicionamento, um teste de força ou protocolo de exercícios é


indicado para a avaliação dos sintomas específicos a modalidade do exercício. Ainda
segundo os mesmos autores, deve-se tomar cuidado com a população idosa em relação
à taxa de progressão, pois se for muito rápida, pode causar lesão. O indicado para que
isso não aconteça é um programa de treinamento com variação, sobrecarga progressiva,
especificidade e atenção especial à recuperação.

III CONCLUSÃO
Os aspectos positivos e negativos da participação dos idosos em programas de
treinamento de força são similares aos da população mais jovem. Investigações cientificas
demonstram êxito do treinamento de força na população mais velha. O fortalecimento
muscular reflete em uma melhoria das atividades diárias e da qualidade de vida dos
idosos.
De acordo com o objetivo proposto nesta revisão, é possível concluir que através
do treinamento com peso, há uma melhora significativa na qualidade de vida dos
indivíduos idosos sendo muito benéfica para a saúde e tornando possível retardar os
processos degenerativos que ocorrem durante o envelhecimento humano.

IV REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS, K. O. P.; O’SHEA, K.L Aging: its effects on strength, power, flexibility, and bone
density. Natl Strength Cond Assoc J 21: 65-77, 1999.

ADES, P.A.; BALLOR, D.L.; ASHIKAGA, T.; UTTON, J.L; NAIR, K.S. Weight training
improves walking endurance in healthy elderly persons. Ann Intern Med. 124(6):568-72;
1996.

ANIANSSON, A; LJUNGBERG, P.; RUNDGREN,A.; WETTERQVIST, H. Efecct os a


training programe for pensioners on condition ad muscular strength. Arch Gerontol
Geriatric, v.3, n.3, 1984.

ANTONIAZZI, R.C.; PORTELA, L. O.; DIAS, J. F. S.; SÁ, C. A.; MATHEUS, S. C.; ROTH,
M. A.; MORAES, L. B.; RADINS, E.; MORAES, J.O. Alterações do VO 2máx. de indivíduos
com idades entre 50 e 70 anos, decorrente de um programa de treinamento com pesos.
Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v.4, n.3, p.27-34, 1999.

BEAUVOIR, S. A Velhice – A Realidade Incômoda. São Paulo. Difusão Européia do Livro,


1970.

CAMPBELL, A.J.; ROBERTSON, M.C.; GARDNER, M.M.; NORTON, R.N.; BUCHNER,


D.M.Falls prevention over 2 years: a randomized controlled trial in women 80 years and
older. Age Aging 28: 513-518, 1999.

CHARRET, S.L.; MCEVOY, L.; PYKA. A.G. GUIDO. D.; WISWELL, A. Muscle hypertrophy
response to resistance training in older women. J Appl Physiol 1991; 70: 1912-16, 1991.

COSTILL, D.L.; THOMASON, H.;ROBERTS, E. Fractional utilization of the aerobic


capacity during distance running. Medicine Science Sports, 1973.

ERMINDA, J.G. Os idosos: Problemas e realidades. 1ª Ed, Editora Formasau, 1999.

FLECK, S.J; KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força muscular, 3ª ed.


Porto Alegre: Artes Médicas sul, 2006.

- Pág. 158 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

_______________________. Otimizando o treinamento de força: programas de


periodização não-linear. São Paulo: Manole, 2009.

FLEGG, J.L.;LAKATTA, E.G. Role of muscle loss in the age related associated reduction
in VO2max. J Appl Physiol. 65:1147-1151 1988.

FRONTERA, W.R.; HUGHES, V.A.; LUTZ, K.J, EVANS, W.J. Across-sectional study of
muscle strength and mass in 45- to 78-yr-old men and women. J Appl Physiol 71: 644-
650,1991.

GERALDES, A. A.R. Efeitos do treinamento contra resistência sobre a força muscular e o


desempenho de habilidades funcionais selecionadas em mulheres, 233f. Disser tação
(Mestrado em Ciência da Motricidade Humana). Universidade Castelo Branco, UCB, RJ;
2002

HAKKINEN, K.; KRAEMER, W.J.; NEWTON, R.U.; ALEN, M. Changes in


electromyographic activity, muscle fibre and force production characteristics during heavy.
Acta Physiologica Scandinavica, Vol 171, 2001.

HUNTER, G.R.; MCCARTHY, J.P.; BAMMAN, M.M. Effects of resistance training on older
adults. Sports Med; 34(5):329-48, 2004.

KAMEL, H.K. Sarcopenia and aging. Nutr Rev. 61:157-67, 2003.

KRAEMER,W.J.; FLECK, S.J.; EVANS, W.J. Strenght and power training: Physiological
mechanisms of adaptation. Exercise and sport sciences reviews, 363-398, 1996.

MATSUDO, S.M.M. MATSUDO, V.K.R. ARAÚJO, T.L. Perfil do nível de atividade física e
capacidade funcional de mulheres maiores de 50 anos de idade de acordo com a idade
cronológica. Rev Bras Ativ Fís Saúde, 6(1): 12-24, 2001.

McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício- energia, nu trição e


desempenho humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

MEIRELLES, M.E.A. .Atividade física na 3ª idade.Rio de Janeiro: Sprint, 1997.

NETTO, M.P. A velhice e o envelhecimento em Visão Globalizada. Ed Atheneu, 1996.

OKUMA, S.S. O idoso e a atividade física. Campinas, São Paulo: Papirus;1998.

PAPALÉO NETTO, M.B.Urgências em geriatria: epidemiologia, fisiopatologia, quadro


clínico e controle terapêutico.São Paulo, Rio de Janeiro,Belo Horizonte: Atheneu ,2001.

RHODES, E.C.; MARTIN, A.D.; TAUTON, J.E.;DONNELLY, M.; WARREN, J.E. Effects of
one year of resistance training on the relation between muscular strength and bone
density in elderly women. Br J Sports Med. 2000.

SHEPHARD, R. J. Envelhecimento, atividade física e saúde. Trad. Maria Aparecida da


Silva Pereira Araújo. São Paulo: Phorte, 2003.

SIMÃO, R. Treinamento de Força na Saúde e Qualidade de Vida. São Paulo: Phorte,


2004.

- Pág. 159 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

VARGAS, H. S. Psicogeriatria Geral. Vol. 1. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1994.


UCHIDA, M.C.; CHARRO, M.A.; BACURAU, R.F.P.; NAVARRO, F.; PONTER JÚNIOR,
F.L. Manual de musculação, São Paulo: Phorte, 2003.
WEINECK. J. Biologia do Esporte. Editora Manole Ltda. São Paulo, 2000.

- Pág. 160 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

PÔSTERES
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA

Angélica Oliveira Veríssimo da Silva


Graduada em Enfermagem, Faculdade Nossa Senhora do Patrocínio CEUNSP
angelicaverissimo@hotmail.com

Neumar Gianotti Fonseca


Graduada em Enfermagem, Faculdade Nossa Senhora do Patrocínio CEUNSP
enfermeirane@hotmail.com

RESUMO

É um desafio discorrer sobre a oncologia pediátrica, pois a criança é sinônimo de alegria,


esperança, crescimento, vida e futuro, tornando essa imagem da infância abalada com o
aparecimento do câncer que, ao contrário, envolve sofrimento, dor e estresse. Para que o
tratamento em oncologia pediátrica ocorra de maneira primorosa, é necessário que o
enfermeiro esteja imbuído de um conhecimento amplo sobre a fisiopatologia do câncer e
seus tratamentos, além disso, é de suma importância que a equipe multidisciplinar seja
especializada no cuidado à criança, sendo assim, a enfermagem encara como seu grande
desafio em oncologia pediátrica, não só entender, mas auxiliar no enfrentamento do
processo saúde-doença, proporcionando uma assistência humanizada, resgatando assim
o lado sadio da criança doente. Objetivo: Identificar na literatura científica os cuidados de
enfermagem em oncologia pediátrica. Metodologia: Estudo de revisão bibliográfica,
retrospectivo e quantitativo. Resultados: Observou-se que há poucas publicações
concernentes aos cuidados em oncologia, sendo que a maioria está no idioma espanhol.
Apesar do cuidado paliativo ser uma área em expansão, há pouco interesse na realização
de estudos para ofertar uma assistência de qualidade ao paciente oncológico.
Conclusão: Cuidar em oncologia pediátrica é ter, sobretudo, sensibilidade suficiente a fim
de se colocar no lugar do outro nos momentos de dor, angústia e sofrimento, pois se faz
necessário não só o cuidar técnico, mas também o humanizado. O profissional de
Enfermagem deve cuidar não apenas do corpo como da subjetividade, oferecendo à
criança um tratamento voltado para suas necessidades. O Enfermeiro, no que diz respeito
ao cuidado paliativo, deve focar-se na pessoa e não na doença, enxergando-a como um
todo, pois a chance de cura já não existe, então, cabe-lhe proporcionar um morrer com
dignidade.

Descritores: Enfermagem, Cuidados, Oncologia e Criança.

- Pág. 161 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

A TERMORREGULAÇÃO E A REPOSIÇÃO HÍDRICA DURANTE A PRÁTICA DE


ATIVIDADES FÍSICA EM CRIANÇAS.

Carolina de Carvalho Andrade¹, Fabrício Neves Mendonça³, Alessandro de Oliveira²,


¹ Discente do curso de Educação Física da UFSJ
² Docente do Depto. das Ciências da Educação Física e Saúde da UFSJ

E-mail para contato: alessandro@ufsj.edu.br

Nos últimos anos o número de trabalhos abordando questões ligadas à termorregulação e


a reposição hídrica em repouso e no exercício tem crescido. Este estudo buscou
contribuir nesta discussão por meio de uma pesquisa analítica e de revisão bibliográfica
levando em consideração os mecanismos termorregulatórios e a manutenção do
equilíbrio hídrico no exercício em crianças. A maioria dos estudos analisados
demonstraram um impacto negativo da tolerância ao calor em crianças, devido à menor
superfície corporal total e menor massa muscular. Tais diferenças se devem ao fato de
que o fluxo sanguíneo é direcionado para a região cutânea, podendo provocar restrição
de suporte circulatório aos músculos e outros órgãos. Com isso, a produção de suor é
alterada, para garantir a manutenção da estabilidade térmica durante o exercício, porém
em temperaturas elevadas, o risco é maior, pois a menor sudorese provoca uma absorção
do calor do ambiente pelo organismo. Sabendo destas diferenças, torna-se essencial um
controle da perda hídrica em crianças, pois o incentivo e a disponibilização de fluidos para
este grupo da população podem não ser suficientes para manter a hidratação. Tal cuidado
deve ser aumentado quanto é realizada uma atividade em ambientes quentes e úmidos,
mesmo que o risco não seja significante diante da hipohidratação apresentada. Apesar
dos vários estudos encontrados, ainda existe uma dificuldade na obtenção dos dados
acerca deste tema fora de ambientes laboratoriais. Esta escassez dificulta a aplicabilidade
e uma quantificação de possíveis reposições hídricas levando em consideração a
intensidade e a duração de exercícios físicos. Após a análise dos referenciais
encontrados, pode-se concluir que existem diferenças notórias nos mecanismos
termorregulatórios em crianças quando comparados aos adultos sendo necessária a
conscientização de pais, diretores e professores de escolas na prevenção de um possível
estado de desidratação nesta faixa etária, que poderá acarretar distúrbios graves na
homeostase.

Palavras-chaves: termorregulação, crianças, hidratação.

- Pág. 162 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ABORTO PROVOCADO: VISÃO ANALÍTICA COM ENFOQUE NA SISTEMATIZAÇÃO


DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Pedro Henrique Rodrigues Senteio


Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB,
pedrosenteio@msn.com

Laércio Fabrício Alves


Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB,
laerciotatu@hotmail.com

RESUMO

Atualmente no Brasil o aborto é considerado crime, exceto nas situações de estupro e de


risco de vida materno. A proposta de um Anteprojeto de Lei, que está tramitando no
Congresso Nacional, alterando o Código Penal, inclui uma terceira possibilidade quando
da constatação anomalias fetais. Atualmente o grande problema e meta a corrigir, seria
minimizar o grande problema de saúde publica que o aborto se tornou. Já quando falamos
do aborto em países desenvolvidos, observamos que o consenso se sobrepõe, no qual o
aborto é considerado uma pratica normal, com a justificativa, de manter a estabilidade
econômica, diminuir complicações materno-fetal e eliminar a probabilidade de ter clínicas
clandestinas. Em relação á enfermagem é inevitável salientar que atualmente a equipe de
enfermagem não está preparada para vivenciar e agir frente à situação do processo de
abortamento. Objetivo: Identificar as complicações psico-socio-biológicas acerca do
aborto provocado, com enfoque na Sistematização da Assistência de Enfermagem, para
assim identificar os principais problemas ocorridos, para elaboração de intervenções de
enfermagem. Método: pesquisa quantitativa e qualitativa de caráter exploratória baseado
na revisão bibliográfica. Resultados: Durante o levantamento de dados na Medline, Lilacs
e Scielo, foi possível encontrar uma grande divergência de opiniões frente a este tema,
pois legislação, população e autores se contradizem, ou seja, não conseguem si quer
chegar a um conceito universal para “aborto”. Conclusão: O aborto ainda não pode ser
visto com um beneficio para a população, no entanto, é indiscutível que o tema seja
polêmico, devido à grande divergências de opiniões existentes. O aborto provocou um
grave problema de saúde publica, no qual parte deste problema pode ser remediado caso
a equipe de enfermagem realize a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE),
minimizando complicações. Nossos estudos são necessários para compreender o real
problema do Brasil sobre o Aborto.

Descritores: Aborto Provocado, Assistência de Enfermagem, legislação.

- Pág. 163 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM FRENTE A UMA PARADA


CARDIORRESPIRATÓRIA

Pedro Henrique Rodrigues Senteio


Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB,
pedrosenteio@msn.com

Laércio Fabrício Alves


Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB,
laerciotatu@hotmail.com

RESUMO

A PCR é sem duvida a situação de maior urgência clinica hospitalar. Por se tratar de um
momento de risco iminente a vida, causa um grande estresse a vitima e aos profissionais
da saúde, já que as chances de sobrevivência do paciente estão vinculadas a
intervenções eficazes e rápidas tomadas de decisões. Apesar do conhecimento
desenvolvido e capacitação dos profissionais da saúde, muitas dificuldades vêm sendo
observadas no atendimento a PCR no meio hospitalar. Sendo o enfermeiro o primeiro a
diagnosticar a PCR e a iniciar as manobras de RCP, este deve estar preparado para
atender de forma rápida e segura, além de tomar decisões, afim preservar a vida do
paciente. Objetivo: pesquisa bibliográfica sobre o tema, observar e analisar os resultados
de publicações encontrados em bases de dados sobre o treinamento de enfermagem na
PCR. Metodologia: Pesquisa descritiva, com abordagem em estudo bibliográfico, com
aspectos quantitativos e retrospectivos. Resultados: Estudos demonstram que a maioria
dos enfermeiros tem dificuldades em diagnosticar corretamente uma PCR, bem como
tomar as condutas imediatas. Os resultados apontam um déficit de conhecimento em
identificar a PCR, as principais causas, e medicações utilizadas na PCR. Apesar dos
inúmeros treinamentos oferecidos a equipe de enfermagem, este conhecimento é
demonstrado em pesquisas, não permanecer por muito tempo, sendo necessária a
capacitação continua. Pesquisas desenvolvidas no ano de 2004 revelam que o
profissional enfermeiro se sente mais confiante em diagnosticar uma PCR e realizar as
manobras de RCP após o curso, mas com o passar do tempo, sentiam-se incapazes de
realizar as competências sem supervisão, reforçando assim a necessidade de
treinamento freqüente. Conclusão: É preciso evoluir muito em relação a trabalhos sobre
treinamento em PCR, e mais ainda em enfermagem, principalmente pelos trabalhos
encontrados serem recentes, e por existir um numero inexpressivo de publicações frente
à importância do assunto.

Descritores: enfermagem, cardiorrespiratória, parada e treinamento.

- Pág. 164 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ATENDIMENTO AO PACIENTE EM CRISE HIPERTENSIVA NA AUSÊNCIA MÉDICA

Laércio Fabrício Alves


Mestrando em Ciências da Saúde, Universidade São Francisco - USF,
laerciotatu@hotmail.com
Pedro Henrique Rodrigues Senteio
Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB,
pedrosenteio@msn.com

RESUMO

A crise hipertensiva é definida como uma elevação abrupta da pressão arterial (PA), no
qual pode ser classificada como urgência ou emergência, e se diferem pela presença ou
não de dano agudo e progressivo aos órgãos-alvo. Habitualmente, a crise hipertensiva é
associada á pressões arteriais diastólicas superiores á 120 mmHg. Nas emergências, a
elevação da pressão arterial está associada à ocorrência de dano agudo ou progressivo
de órgãos-alvo, no sistema nervoso central, no sistema hematológico, no miocárdio e nos
rins. Nas urgências, o potencial de dano agudo ou progressivo de órgãos-alvo acaba
sendo grande e provável se a PA não for controlada. Durante o atendimento, deve-se
levar em consideração uma abordagem sistemática, inclusiva e rápida. O diagnóstico e
tratamento são realizados conforme a intensidade do quadro clínico, com o objetivo de
interromper o aumento ou surgimento de lesão de órgão-alvo. Os fármacos do tratamento
são baseados nos vasodilatadores diretos, ß-bloqueadores, antagonistas do cálcio,
inibidores da enzima conversora de angiotensina, agonista central e diuréticos. Em
relação à enfermagem, ainda há necessidade de mais estudos frente ao que o enfermeiro
(a) pode fazer frente a uma crise hipertensiva na ausência do médico, entretanto, cabe ao
enfermeiro (a), monitorar PA, observar alterações no nível de consciência, monitorar
sinais de congestão pulmonar, acompanhar exames laboratoriais, monitorar ECG e
efeitos adversos decorrentes de medicamentos. Este estudo qualitativo foi baseada em
uma revisão descritiva da literatura e teve por objetivo a identificação dos sinais, sintomas
e condutas do enfermeiro frente a um paciente em emergência hipertensiva, na ausência
médica. Os resultados mostram que há necessidade de mais trabalhos de enfermagem
pertinente ao tema, pois, ainda é escasso na literatura artigos que abordem função do
enfermeiro no atendimento à crise hipertensiva na ausência médica.

Descritores: Crise Hipertensiva, Emergência e Assistência de Enfermagem.

- Pág. 165 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

Quadro 01: Triagem ao Atendimento da crise hipertensiva

CRISE HIPERTENSIVA

Pressão Arterial Diastólica > ou = 120mmHg (1)

Lesão de órgão alvo presente? (2)

SIM SIM NÃO


Emergência Hipertensiva (3) Urgência Hipertensiva (4) Pseudo-crise Hipertensiva (5)

Sala de Emergência Sala de Observação (4 )


a
a
- Acesso venoso, Oxigênio, Monitorização ALTA (5 )
- Medicação via Oral: Captopril
cardíaca, PA não invasiva 25mg ou Clonidina 0,1-0,2mg
a
- ECG, Rad.do tórax, Laboratório (3 )

-Alteração da consciência -Papiledema -Dor isquêmica -Dor toráxica dorsal -Congestão Gestação
-Alteração campo visual -Exudatos -ECG: Alterações -Pulsos assimétricos pulmonar
-Sinais neurológicos focais -Hemorragias isquêmicas -Rx-Alargamento do -B3
-Rigidez de nuca (isolados) mediastino -Hipóxia

NÃO SIM Hipertensão Fluxograma de Fluxograma de Fluxograma de Eclâmpsia (7)


Papiledema? Acelerada Insuficiência Dissecção de Edema Agudo
Maligna (6) Coronariana Aguda Aorta de Pulmão

Nitroprussiato
de Sódio

ÑÃO Sinais neurológicos SIM


compatíveis com 1
Encefalopatia território arterial?
Hipertensiva

Fluxograma AVC Fluxograma AVC


TC crânio normal
Acidente hemorrágico (8) isquêmico (9)
Vascular
Cerebral?

Aval Neuro TC
crânio sem
contraste
(emergência)

- Pág. 166 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

TRATAMENTO EQUOTERAPÊUTICO APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA


ADOLESCÊNCIA: ESTUDO DE CASO

Autor 1: Lucas de Lima


Dicente do 4º ano do Curso de Fisioterapia
Instituição: Universidade São Francisco, Bragança Paulista – SP
e-mail: lucas.lyma@hotmail.com

Autor 2: Milena Suguiyama Bacci


Dicente do 4º ano do Curso de Fisioterapia
Instituição: Universidade São Francisco, Bragança Paulista – SP
e-mail: mikazinha@hotmail.com

Autor 3: Carolina Camargo de Oliveira


Mestre e Doutoranda em Ciências Biomédicas pela Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas
Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco
e-mail: ccamargoofisio@yahoo.com.br

A Organização Mundial da Saúde estabeleceu em 2006, que Acidente Vascular Cerebral


(AVC) constitui quadro agudo, decorrente de alterações vasculares, isquêmicas ou
hemorrágicas no sistema nervoso central com sintomas e sinais persistindo por 24 horas
ou mais. Com os avanços dos estudos na saúde, os recursos para tratamento das
seqüelas dos transtornos neurológico vão além da prática clínica. São muitos os trabalhos
com resultados positivos utilizando novas abordagens complementares, trazendo novas
perspectivas ao tratamento, à estudos e pesquisas, como a equoterapia. O objetivo geral
desse trabalho é avaliar a independência funcional, postura e equilíbrio de um adulto, com
história de AVC na adolescência, antes e após tratamento equoterapêutico. Após
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco, o paciente,
atualmente com 22 anos de idade, concordou em participar deste estudo, assinando
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Posteriormente, foi realizada a avaliação
inicial, no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Equoterapêutico de Bragança Paulista,
com os instrumentos: Medida de Independência Funcional (MIF); Escala de Equilíbrio de
Berg; e Avaliação Neurológica. Após a avaliação inicial, foi estabelecido o programa
terapêutico e atualmente, o paciente faz sessões de equoterapia com trinta minutos de
duração, duas vezes por semana, realizando treino de equilíbrio, fortalecimento de
membros inferiores, exercício de rotação de tronco, exercícios de correção postural,
alongamento global e trabalho de percepção corporal. Após sete meses de tratamento,
portanto em setembro de 2010, será realizada a avaliação final com os mesmos
instrumentos da inicial, para posterior comparação dos resultados antes e após o
tratamento equoterapêutico. Como resultado parcial, foi detectado na avaliação inicial,
escore 99 da MIF (maioria dos itens com dependência mínima ou moderada); escore 37
da Berg (aproximadamente 54% de risco para queda). Na avaliação neurológica foi
constatado hemiparesia espástica à esquerda e dificuldade na marcha.

- Pág. 167 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ESTUDO QUANTITATIVO DOS HÁBITOS ALIMENTARES EM NADADORES NAS


DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS

CAROLINE BONFIM NOVENTA


- GRADUANDO DO CURSO DE NUTRIÇÃO,
- CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO DE BATATAIS
- carol_90_bonfim@hotmail.com.br
PRISCILA FIGUEIRA
- Graduando do curso de Nutrição, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
GABRIEL PÁDUA DA SILVA;
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
BRUNO FERREIRA;
- Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais,
ADRIANA LUCIA CAROLO
- Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais
ÉRIKA DA SILVA BRONZI
- Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais
SIMONE CECILIO HALLAK REGALO
-Livre docência/Docente-Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP
EDSON DONIZETTI VERRI.
- Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais

INTRODUÇÃO: A alimentação é o processo que permite chegar ao organismo os


nutrientes necessários para o seu bom funcionamento. O desenvolvimento de um atleta é
conseqüência de um volume de treinamento técnico e físico bem elaborado, obedecendo
a modalidade esportiva e o perfil corporal do atleta que o pratica.
OBJETIVO: Analisar a freqüência das refeições diárias nas diferentes faixas etárias dos
atletas da natação.
MATERIAIS E MÉTODOS: Participaram do estudo 44 indivíduos, sendo 20 indivíduos do
sexo masculino com idade entre 07 a 19 anos e 24 indivíduos do sexo feminino com idade
entre 07 a 17 anos, divididos em subgrupos: Escolar de 07 a 09 anos e adolescente de 10
a 19 anos, participantes do Torneio de Natação do Centro de Cultura Física de Batatais.
Foi utilizado o método de avaliação quantitativo, através de um questionário de freqüência
alimentar com 24 perguntas. A coleta de dados foi realizada pelos pesquisadores,
acadêmicos do curso de Nutrição do Centro Universitário Claretiano de Batatais.
RESULTADOS: Os dados demonstram que no período escolar feminino as refeições de
café da manhã 87,5%, almoço 100% e jantar 100% foram as de maior predominância, e
no sexo masculino o café da manhã 80%, almoço 100% e Jantar 100%. Nos adolescentes
as refeições predominantes no sexo feminino foram, café da manhã 87,5%, almoço
93,75% e jantar 87,5% e no sexo masculino café da manhã 53,34%, almoço 80% e jantar
86,67%. Pode-se observar que os escolares realizam as seis refeições diárias
recomendadas. Já os adolescentes, pois ignoram algumas refeições tais como: Café da
Manha e Lanche da Manha.
CONCLUSÃO: Esta pesquisa mostra que há falta de acompanhamento das demandas
nutricionais dos atletas de ambos os sexos e idades o que requer a elaboração de um
cuidadoso planejamento alimentar, adaptada à sua modalidade esportiva e estilo de vida.
PALAVRAS CHAVE: Natação, Alimentação, Faixa Etária.

- Pág. 168 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

PROJETO “FAZENDO SAÚDE”.

MARIA APARECIDA DA SILVA E SILVA


ANTONIO DONIZETE DE SOUZA

tiacidasilva@yahoo.com.br
bie_souza@yahoo.com.br

PREFEITURA MUNICIPAL - FLORÍNEA- SÃO PAULO-BRASIL


prefeitura@florinea.sp.gov.br

O Município de Florínea possui aproximadamente 2980 habitantes carente de


alternativas na promoção e prevenção de saúde. Com o intuito de reverter a situação
desenvolveu com o Governo Federal / MS, um projeto de atividades físicas destinadas a
população pertencente aos grupos de riscos: Sedentários, Obesos, Diabéticos,
Hipertensos, entre outros. O Projeto visa promover e melhorar a qualidade de vida,
implantando e incentivando hábitos saudáveis através de atividades físicas a fim de
reduzir a vulnerabilidade aos riscos a saúde da população pertencente ao grupo. Este
trabalho é realizado semanalmente, sendo desenvolvidas atividades físicas como:
caminhadas, alongamentos, exercícios físicos, passeios, danças, atividades recreativas,
entre outras e eventualmente palestras de sensibilização e orientação sobre a importância
da conscientização desse projeto. Os resultados vêm sendo comprovados positivamente,
observando diariamente o controle da pressão arterial, exames de glicemia e I.M.C. com
registros de avaliação. Enfim concluímos que o projeto trouxe benefícios à população de
risco, considerando a redução de medicamentos, internações, controle da hipertensão,
diabetes, diminuiu o sedentarismo e consequentemente a obesidade , elevando a auto
estima, prevenindo e promovendo uma melhor qualidade de vida. Essa conclusão deu-se
através de avaliação da equipe multiprofissional, onde todos se empenham para adquirir
resultados. O grupo faz depoimentos de melhorias, trazendo satisfação para a equipe de
trabalho. Enfim concluímos que a atividade física é uma importante e forte aliada na
qualidade de vida.

Palavras - Chaves: Atividade Física na Qualidade de Vida.

- Pág. 169 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

AUSENCIA DE VARIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DURANTE O CICLO MENSTRUAL EM


UNIVERSITARIAS

Pryscila Morais do Nascimento - Acadêmica do 5º período de Educação Físisca da


Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena -
MG. prymorais@hotmail.com
Paulo de Jesus Chaves – Acadêmico do 5º período de Educação Física da Universidade
Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus Magnus I – Barbacena – MG.
pcsaldanha@hotmail.com.
Nayara - Acadêmica do 8º período de Fisioterapia da Universidade Presidente Antônio
Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG – nayara2006_fc@hotmail.com
Luciana Miranda Lima Teixeira – Acadêmica do 5º período de Educação Física da
Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – campus I Magnus – Barbacena –
MG. lucianamlt@hotmail.com
Claudia Heloisa da Cunha Ávila – Acadêmica do 5º período de Educação Física da
Universidade Presidente Antõnio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena –
MG. claudiaedufisica@hotmail.com
Laila Damazio – Fisioterapeuta - Ms. em Neurociência pela UFSJ/pós-graduada em
Fisioterapia Neurológica pela UFMG/Doutoranda em Biologia Celular pela UFV -
Professora dos Cursos de Fisioterapia e Educação Física, da Universidade Presidente
Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá e Campus I Magnus Barbacena – MG.
lailadamazio@yahoo.com.br

Algumas variáveis da aptidão física são marcadamente influenciadas pelas fases do ciclo
menstrual. Contudo, há pouca informação sobre eventuais modificações na flexibilidade.
O presente estudo procurou analisar o comportamento da flexibilidade durante as
diversas fases do ciclo menstrual sem precisar modificar a atual rotina das participantes.
Para realizar essa análise consideraram-se universitárias aparentemente saudáveis do
ponto de vista de hormônios sexuais e que diferiam apenas quanto à utilização ou não de
anovulatórios
hormonais, tem como objetivo verificar possíveis alterações de flexibilidade durante todo o
ciclo. O ciclo menstrual dura, em média, 28 dias, podendo ser dividido em três fases
distintas: folicular, ovulatória e lútea. Foram utilizadas como amostra 15 mulheres adultas
jovens, em que o grupo experimental era de mulheres que não faziam uso de
anticoncepcional oral e o grupo controle era constituído de mulheres que utilizavam algum
anticoncepcional oral há pelo menos um mês. Para a medição da flexibilidade foi utilizado
o Flexisteste no grupo experimental e o teste ANOVA ou teste t, no grupo controle. Em
ambos os grupos a medição foi feita por articulação, por movimento e sua variabilidade.
Analisando as articulações e os índices de variabilidade, não foram encontradas
diferenças significativas com as fases do ciclo menstrual, com a exceção do índice de
variabilidade distal-proximal entre as fases ovulatória e folicular no grupo experimental.
Porém não se pode concluir que definitivamente não há variações da flexibilidade durante
o ciclo menstrual, pois há a possibilidade de limitações do Flexiteste em identificar
mínimas variações, sendo necessário a realização de outros estudos.

PALAVRAS CHAVE: ciclo menstrual; flexibilidade; atividade física

- Pág. 170 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

CORRELAÇÃO ENTRE MOBILIDADE FUNCIONAL DE TRONCO, EQUILÍBRIO E


RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS COM DOENÇAS DE PARKISON

Paulo de Jesus Chaves – Acadêmico do 5º período de Educação Física da Universidade


Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus Magnus – Barbacena – MG –
pcsaldanha@hotmail.com.
Pryscila Morais do Nascimento - Acadêmica do 5º período de Educação Físisca da
Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC – Campus Magnus – Barbacena - MG
- prymorais@hotmail.com
Luciana Miranda Lima Teixeira – Acadêmica do 5º período de Educação Física da
Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – campus I Magnus – Barbacena –
MG – lucianamlt@hotmail.com
Claudia Heloisa da Cunha Ávila – Acadêmica do 5º período de Educação Física da
Universidade Presidente Antõnio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena –
MG. claudiaedufisica@hotmail.com
Nayara - Acadêmica do 8º período de Fisioterapia da Universidade Presidente Antônio
Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG – nayara2006_fc@hotmail.com
Laila Damazio - Fisioterapeuta. Professora do Curso de Fisioterapia da UNIPAC de Ubá.
Ms. em Neurociência pela UFSJ/pós-graduada em Fisioterapia Neurológica pela UFMG
da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG –
lailadamazio@yahoo.com.br

RESUMO
A Doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa crônica e progressiva do
sistema nervoso central que acomete principalmente, o sistema motor desencadeando
tremor, bradicinesia, rigidez e instabilidade postural que variam de acordo com evolução
da doença. O presente estudo tem como objetivo avaliar o equilíbrio, a mobilidade de
tronco e o risco de quedas em pacientes com Doença de Parkinson. Foram avaliados seis
idosos, de ambos os sexos, com idade igual ou maior que 60 anos portadores dessa
doença. A pesquisa utilizou uma ficha de avaliação para coleta dos dados da anamnese,
uma escala para avaliação do equilíbrio corporal (escala de Berg), outra escala (Downton)
para avaliar risco de queda e o teste de Alcance Funcional para mensurar a mobilidade do
tronco e equilíbrio estático. A análise estatística utilizada foi o teste de correlação de
Pearson com nível de significância de 5% e 1%. Os resultados encontrados foram a
correlação entre o equilíbrio corporal e o risco de quedas com r de -0,8083, a correlação
entre a idade e o risco de quedas com r de 0,7394, a não correlação entre o alcance
funcional e o risco de quedas com r de – 0,3593 e o tempo de lesão com o risco de
quedas com r igual a -0,2292.Conclui-se que a diminuição do equilíbrio está diretamente
relacionada com o maior risco de quedas e que o teste de Alcance Funcional não permite
predizer sobre o risco de quedas entre a população estudada, uma vez que, este teste
avalia o equilíbrio estático e as quedas estão mais relacionadas com o equilíbrio
dinâmico.

PALAVRAS CHAVES: risco de quedas, equilíbrio corporal, Doença de Parkinson.

- Pág. 171 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

O EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR REALIZADO EM ACADEMIA SOBRE


PORTADORA DE HEMIPARESIA ESPÁSTICA: UM RELATO DE CASO

CIBELE LEMOS DA SILVEIRA KALLAS

O estudo está direcionado às academias de ginástica, para inclusão de alunas portadoras


de deficiências físicas em aulas coletivas, tendo como objetivo a redução da gordura
corporal. Conforme orientação médica fisiatra e ortopédica de S.S.C, com Hemiparesia
Espastica à esquerda, 41 anos, foi aplicada uma programação, durante 16 semanas, com
frequência de quatro aulas semanais. Devido sua paralisia cerebral ter provocado a
diminuição parcial da força muscular de um lado do corpo, os exercícios prescritos foram
aplicados em 60% das aulas para trabalhar força e resistência com a ginástica localizada
(halteres, tornozeleiras e barra), 20% para flexibilidade, equilíbrio e postura com aulas de
Alongamento e Mat Pilates (no solo e na bola) e 20 % de aulas para perda de peso,
diminuição de gordura corporal, condicionamento e coordenação motora com a Ginástica
Aeróbica (Jump, Step e Dança). Na Avaliação Nutricional inicial de S.S.C seu peso foi de
94 Kg, estatura de 1,57m, IMC 38 Kg/m2 (obesa, segundo WHO, 1995), 21,7% de gordura
total e 5,7% de excesso de gordura corporal. Após período de intervenção a mesma
apresentou 94,2 Kg, IMC 38,2 kg/m2, 18,8% de gordura total. Observou que houve uma
redução de 3% de gordura corporal, acréscimo de 2,9% de massa magra segundo
Faulkner (2002), justificando a estabilidade do peso corporal. Na avaliação médica final a
voluntária apresentou diminuição da espasticidade, melhora na deambulação e trofismo
muscular. O estudo concluiu que a prática regular de exercícios físicos e as orientações
nutricionais contribuíram para a redução de gordura corporal, além de melhora na
capacidade motora e auto-estima. Contudo, alunas portadoras de algumas deficiências
físicas, apesar de suas limitações, podem obter importantes ganhos em uma academia de
ginástica através de aulas coletivas.

- Pág. 172 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ANÁLISE DA FUNCIONALIDADE DA ECOLALIA EM UM SUJEITO COM


DIAGNÓSTICO DENTRO DO ESPECTRO AUTÍSTICO, EM UM ESTUDO DE CASO,
SOB A PERSPECTIVA DA PRAGMÁTICA

Danielle Janaína Prates


Graduação em Fonoaudiologia, Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio -
CEUNSP,
danyprates.fono@hotmail.com

Laércio Fabrício Alves


Mestrando em Ciências da Saúde, Universidade São Francisco - USF,
laerciotatu@hotmail.com

RESUMO

O autismo infantil é um distúrbio global do desenvolvimento, que ocorre tipicamente antes


dos 03 anos de idade, caracteriza-se sempre por desvios qualitativos na comunicação, na
interação social e no uso da imaginação. Sabe-se que o autismo infantil está incluído
entre as psicoses, e é considerado um distúrbio global do desenvolvimento. A sua
etiologia ainda é obscura, apesar de que nos últimos tempos, o autismo infantil vem
sendo objeto de estudo de muitas pesquisas, principalmente a que envolve as hipóteses
organicistas e perspectivas psicodinâmicas. A Teoria Pragmática em uma terapia
fonoaudiológica leva em conta o contexto em que a fala aparece. A pragmática dá valor
social à linguagem. A ecolalia é definida como a repetição não significativa da fala dos
outros, podendo ser classificada como: Ecolalia Tardia, Ecolalia Imediata e Ecolalia
Mitigada. Este trabalho tem como objetivo Analisar a funcionalidade da ecolalia em um
sujeito com diagnóstico dentro do espectro autístico, em um estudo de caso, sob a
perspectiva da pragmática. Foi utilizada uma análise descritiva de 7 filmagens
consecutivas do sujeito em interação com o terapeuta, analisando as ecolalias com e sem
intenção comunicativa. O Pressuposto Teórico que embasou a pesquisa foi a Teoria
Pragmática e sua contribuição para a Fonoaudiologia. A pesquisa foi qualitativa,
quantitativa e transversal. Utilizou-se os seguintes materiais: Filmadora Playpak; 03 Fitas;
Protocolo de Pragmática do ABFW (Fernandes, 2004); Jogos, Brinquedos e Músicas
Infantis. Os resultados demonstram que houve uma melhora qualitativa e quantitativa no
uso de ecolalias após o tratamento fonoaudiológico, o uso da ecolalia interativa aumentou
significativamente. Para concluirmos, é importante salientar que apareceram mais
ecolalias com Intenção Comunicativa, o que proporcionou interação, linguagem e fala
espontânea.

Descritores: Ecolalia, Transtorno Autistico e Linguagem.

- Pág. 173 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

ABORTO PROVOCADO: VISÃO ANALÍTICA COM ENFOQUE NA SISTEMATIZAÇÃO


DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Laércio Fabrício Alves


Mestrando em Ciências da Saúde, Universidade São Francisco - USF,
laerciotatu@hotmail.com

Pedro Henrique Rodrigues Senteio


Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB,
pedrosenteio@msn.com

RESUMO

Atualmente no Brasil o aborto é considerado crime, exceto nas situações de estupro e de


risco de vida materno. A proposta de um Anteprojeto de Lei, que está tramitando no
Congresso Nacional, alterando o Código Penal, inclui uma terceira possibilidade quando
da constatação anomalias fetais. Atualmente o grande problema e meta a corrigir, seria
minimizar o grande problema de saúde publica que o aborto se tornou. Já quando falamos
do aborto em países desenvolvidos, observamos que o consenso se sobrepõe, no qual o
aborto é considerado uma pratica normal, com a justificativa, de manter a estabilidade
econômica, diminuir complicações materno-fetal e eliminar a probabilidade de ter clínicas
clandestinas. Em relação á enfermagem é inevitável salientar que atualmente a equipe de
enfermagem não está preparada para vivenciar e agir frente à situação do processo de
abortamento. Objetivo: Identificar as complicações psico-socio-biológicas acerca do
aborto provocado, com enfoque na Sistematização da Assistência de Enfermagem, para
assim identificar os principais problemas ocorridos, para elaboração de intervenções de
enfermagem. Método: pesquisa quantitativa e qualitativa de caráter exploratória baseado
na revisão bibliográfica. Resultados: Durante o levantamento de dados na Medline, Lilacs
e Scielo, foi possível encontrar uma grande divergência de opiniões frente a este tema,
pois legislação, população e autores se contradizem, ou seja, não conseguem si quer
chegar a um conceito universal para “aborto”. Conclusão: O aborto ainda não pode ser
visto com um beneficio para a população, no entanto, é indiscutível que o tema seja
polêmico, devido à grande divergências de opiniões existentes. O aborto provocou um
grave problema de saúde publica, no qual parte deste problema pode ser remediado caso
a equipe de enfermagem realize a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE),
minimizando complicações. Nossos estudos são necessários para compreender o real
problema do Brasil sobre o Aborto.

Descritores: Aborto Provocado, Assistência de Enfermagem, legislação.

- Pág. 174 -
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926

- Pág. 175 -

Você também pode gostar