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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL


COORDENAÇÃO GERAL DE RECURSOS HUMANOS
Coordenação de Ensino

_____________________________________________________________________

PROJETO DE ACONSELHAMENTO PASTORAL NO ÂMBITO DA


ACADEMIA NACIONAL DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL - ANPRF

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FLORIANÓPOLIS - SC
2015
PROJETO DE ACONSELHAMENTO PASTORAL NO ÂMBITO DA ACADEMIA
NACIONAL DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL - ANPRF1

Fábio Rodrigues da Silva2

1 INTRODUÇÃO

O aconselhamento pastoral deriva do serviço de capelania, que é a organização responsável


junto às entidades civis e militares, pela transmissão dos cuidados pastorais às pessoas que estão em
crises. O aconselhamento pastoral visa colaborar na formação integral do ser humano, oferecendo
oportunidades de conhecimento, reflexão, desenvolvimento e aplicação dos valores e princípios ético-
cristãos e da revelação de Deus para o exercício saudável da cidadania. Os termos capelania e
aconselhamento pastoral serão usados como sinônimos na maior parte desse projeto, apenas
distinguindo-se quando da justificativa legal, a qual será claramente explicitada.

Vive-se hoje em um mundo imediatista e mercantilista, onde as mudanças são severas e por
isso, em muitos casos, as pessoas não estão preparadas para estas mudanças, ocasionando distúrbios na
saúde, relacionamentos e vivência pessoal. Isso pode produzir uma série de doenças psicossomáticas
afetando os relacionamentos familiares, amizades, desempenho no trabalho dentre outros problemas.
Sendo assim, pessoas precisam de cuidados e buscam em profissionais o tratamento devido para seus
problemas. Entretanto, por muitas vezes, esses problemas estão relacionados à alma e espírito do ser
humano e quando a necessidade é na alma e espírito, cabe ao sacerdote a intervenção por meio de
aconselhamento.

1
O presente projeto é uma compilação dos projetos dos policiais rodoviários federais Robinson Luis de Araújo e Alexandre
Antonio Gonçalves. O projeto do primeiro, já foi autuado sob nº 08669008203/2013-25, tendo parecer favorável da DISAS
e o segundo está em fase de autuação junto a 8ª SRPRF/SC.
2
O autor é policial rodoviário federal da turma de 1994, lotado na ANPRF. Instrutor do DPRF, responsável pela Divisão de
Acompanhamento e Planejamento Pedagógico da Academia. Também exerceu a função de Superintendente da 12ª SRPRF/
ES, nos anos de 2007 à 2011. O autor é bacharel em direito e ciências contábeis, pós-graduando em Gestão Pública
Avançada na Escola Nacional de Governo – ENA. É Capelão, tendo concluído o curso de capelania escolar pela Rádio
Trans Mundial e cursou as disciplinas de Evangelismo e Missiologia no Seminário Teológico Batista do Estado do Espírito
Santo e é membro da Igreja Batista Nacional do Norte da Ilha em Florianópolis-SC desde 2014.
Em suas mais variadas formas e nas diferentes culturas e períodos históricos a religião se mostra
como experiência universal do ser humano. O termo religião é anterior ao surgimento do cristianismo e
O significado etimológico do termo religião é incerto. Uma das compreensões atesta que o
termo latino religio deriva de religere, que denota a atitude de estar atento, refletir e observar. Nesse
sentido, religião diz respeito àquilo que exige cuidado, zelo e dedicação por parte do ser humano. A
outra possibilidade é a de que o termo provenha de religare, descrevendo a busca do ser humano por
ligar-se novamente a Deus. Pode-se perceber que ambas as explicações etimológicas do termo religião
iluminam características intrínsecas às religiões. Ainda hoje o ser humano busca sentido para a sua
existência e repete as perguntas fundamentais: Qual a minha origem? Para onde caminho? Deus existe?
Durante séculos de história a religião foi referência para as pessoas. Se existe um elemento que é
universal em meio à diversidade cultural humana é a tendência a transcender o mundo aparente. O
sobrenatural e o divino estão relacionados ao homo religiosus. Neles o homem busca respostas e
soluções para seus problemas existenciais. O ser humano é um ser religioso complexo, que dependendo
da sua cultura, lugar ou necessidade busca encontrar-se com o sobrenatural, porém com um único
objetivo: responder aos anseios e pobrezas humanas, dando a ele a capacidade de sair de seu
antropocentrismo, ceticismo ou racionalismo mórbido, para uma vida de experiências de fé, de amor,
de afetividade, generosidade e dignidade. O homem é um ser relacional, que mantém ligações com o
outro, com o mundo, mas sem deixar de levar em conta a dimensão individual das realizações e
frustrações de qualquer pessoa.

Nesse campo relacional é que entra também a experiência religiosa, que é a relação com o
transcendente, onde, segundo Croatto, é algo santo, separado, reservado. Assim, conceitua o sagrado
como sendo uma relação entre Deus e o homem que se mostra nos gestos, palavras, objetos etc. (2001,
p. 61). O transcendente é inexprimível, mas precisa ser expresso e essa tentativa de comunicação nos
conduz ao símbolo. O símbolo é a chave da linguagem inteira da experiência religiosa. Ele sustenta as
outras linguagens. Símbolo significa união de duas coisas com uma parte remetendo a outra. Destarte, o
símbolo transignifica, enquanto significa algo além de seu próprio sentido primário. Sem os objetos
convertidos em símbolos, apaga-se a percepção do sagrado na forma como se experimenta, e tampouco
se pode expressá-la (CROATTO, 2001, p. 81, 87 e 90).

A manifestação gestual da religião, diz respeito ao rito, ou seja, para Croatto, rito é uma
imitação do que os deuses fizeram, é a participação no divino, possibilitando a comunhão com o
transcendente. O rito é coletivo, já que os atos religiosos (adoração, sacrifício…) são sociais, e é,
sobretudo, através dos ritos que o grupo expressa sua identidade. No aspecto do espaço sagrado existe
ainda a sacralidade da pessoa ligada ao rito e este fato acontece em todas as religiões. Como exemplo,
temos o pajé, bruxos, sacerdotes e porque não incluir os capelães que promovem o aconselhamento
pastoral, objetivo desde projeto. O rito produz um efeito, pois é uma ação dos deuses para o homo
religiosus. O que foi criado pelos deuses é recriado na repetição das manifestações gestuais dos ritos
(CROATTO, 2001, p. 343 e 350).

Outro aspecto importante que Croatto menciona em seu livro, é com relação às religiões
literárias, as quais colocam em seus textos aquilo que acreditam ser revelação e esta geralmente está
ligada a um personagem que a recebeu e registrou. A formação do cânon3 se torna importante para o
grupo que o define, porque significa que os textos e sua interpretação estão “fechados” para esse grupo
e também porque após a definição do cânon ocorre a sacralização, a elevação desses textos como
Palavra de Deus. Os textos, constituídos como doutrina, instauram o reflexo de tudo isso na vida social
através de comportamentos éticos definidos por essas crenças do grupo. A doutrina precisa ser relida a
todo instante, originando a tradição que permite aos participantes do grupo “situar-se no mundo e
interpretar a realidade” (2001, p. 409 – 413).

Após analisarmos o homem como ser religioso, é mister destacarmos o símbolo religioso que
possui duas realidades, a primeira no seu sentido próprio e, a segunda realidade, aquela que não está
ligada diretamente nas coisas, mas é particular para cada pessoa, evidenciando aí manifestações das
suas experiências com o transcendente. Nesse sentido, as coisas não são simbólicas por elas mesmas,
mas se tornam simbólicas em virtude da experiência humana que se tornam cristalizadas em seus
significados e que têm como conseqüência uma tradição religiosa. Por esse motivo, em algumas
instituições, existe a figura do capelão. Garantida pela Lei de número 6.923/81 4 aos militares, a
capelania é uma atividade cuja missão é colaborar na formação integral do ser humano, oferecendo
oportunidades de conhecimento, reflexão, desenvolvimento e aplicação dos valores e princípios éticos
cristãos. É uma assistência religiosa prestada por um ministro devidamente ordenado. O capelão é um
ministro religioso devidamente preparado, autorizado a prestar assistência religiosa a pessoas carentes,
deprimidas, com problemas diversos e a realizar cultos religiosos em comunidades religiosas,

3
Cânon literalmente significa “vara”, que era usada como medida padrão desde os tempos do antigo Egito. O cânon no caso
descrito aqui é o conjunto de escritos considerados sagrados pela religião, conforme critérios teológicos, antropológicos,
exegéticos e históricos, que venham a compor um livro, no caso do cristianismo, a Bíblia.
4
Dispõe sobre o Serviço de Assistência Religiosa nas Forças Armadas.
conventos, colégios, universidades, hospitais, presídios, corporações militares e outras organizações
que assim requeiram seus serviços.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu Art. 5º, incisos VI, VII e
VIII declara que:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;  
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;  
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Observa-se, entretanto, que o inciso VII garante a assistência religiosa somente às entidades
civis ou militares que estiverem em internação coletiva, não podendo ser aplicada para a Polícia
Rodoviária Federal. Desta forma, apresenta-se o projeto como Aconselhamento Pastoral, para que,
após análises, possa ser implantado no âmbito da Academia Nacional de Polícia Rodoviária Federal,
iniciando, em caráter experimental, conforme plano de trabalho em anexo. Sendo exitosa a experiência,
poderá estender-se para todo o Departamento de Polícia Rodoviária Federal, caso este manifeste
interesse no projeto. Importante destacar que um projeto semelhante já foi autuado na 3ª SRPRF/MS,
sob número 08669008203/2013-25 e teve sua viabilidade aprovada pela equipe do PROSSERV da
mesma superintendência, conforme se pode ver no despacho descrito às folhas 21:

Também houve despacho favorável do chefe da seção de administração financeira da 3ª SRPRF,


conforme reprodução abaixo (fl. 33):
E por último, o despacho do chefe da Divisão de Saúde e Assistência Social, atestando a
necessidade de se executar um projeto piloto, tal como está descrito no presente projeto, para posterior
ampliação, com a concordância do atual Coordenador Geral de Recursos Humanos, Antonio Paim de
Abreu Junior (fl. 36):

E ainda:

No presente projeto estão contemplados os pedidos propostos pelo chefe da DISAS, quais
sejam, um projeto experimental (piloto) que terá um prazo de um ano e um plano de trabalho com o
cronograma, indicadores e os critérios objetivos de seleção dos servidores e alunos que serão atendidos.

2 JUSTIFICATIVA

O Capelão deve ser o guia espiritual a quem Jung, na obra Psicologia da Religião Oriental e
Ocidental, atribui o papel de sujeito facilitador do encontro do homem com sua dimensão espiritual
(JUNG, 1988, p. 64). Cabe reafirmar que o homem é passível de necessidades espirituais que só podem
ser supridas por sua experiência de reencontro com o sagrado. O facilitador deste encontro é o guia
espiritual, que neste projeto entende-se ser o Capelão. Nesse sentido, aponta-se um caminho para
compreender o sentido do fenômeno religioso dentro e fora da PRF, o caminho do aconselhamento
pastoral. E é justamente nesse sentido que há uma reflexão da religiosidade nas pessoas e grupos em
sua forma de viver a fé, ou seja, até que ponto aquilo que nós fazemos, que nós escolhemos e como
vivemos a vida, levando em conta a atividade singular do policial rodoviário federal, está sendo
saudável (dimensão salugênica), ou ainda, aquilo que se está fazendo, está num caráter doentio
(dimensão patogênica).

A fim de ilustrar com mais ênfase a necessidade da capelania, é imperioso destacar um pouco
mais de sua história. Em 1944, relatos orais dão conta que após o desfile dos Expedicionários que
partiram para a Itália, o então Presidente Getúlio Vargas perguntou ao Cardeal do Rio de Janeiro, Dom
Jaime de Barros Câmara, qual era sua opinião sobre o desfile, ao que respondeu: “que apreciara, (…),
mas faltava os Capelães para dar a assistência ao soldado no campo de batalha”. Getúlio Vargas se
comprometeu ali mesmo a suprir tal deficiência, criando um “Serviço de Assistência Religiosa” através
do Decreto-Lei n.º 5.573 de 26 de maio de 1944. Seguiram com a Força Expedicionária Brasileira
(FEB) para a Itália, 30 padres católicos e dois pastores evangélicos (ALMEIDA, 2006, p. 24). Os dois
primeiros Capelães protestantes do Brasil foram o pastor metodista Juvenal Ernesto da Silva, e o pastor
batista João Filson Soren (1908-2002), ambos atuando na Segunda Guerra Mundial, servindo a FEB
entre 1944 e 1945 (CLIVELARI, 2008).

Embora não se tenham os dados referentes ao número de policiais rodoviários federais que
professam a fé protestante, pode-se dizer com bastante possibilidade de acerto que é um número
representativo, visto a religião protestante, no Brasil, ter em 2010, segundo dados do IBGE, cerca de
42,2 milhões de seguidores, representando, ainda em 2010, 22,2 % da população brasileira. Apenas por
esse número já se justificaria a criação de um serviço de assistência religiosa visando atender esse
crescente grupo em nossa PRF. Entretanto, podem-se enumerar motivos de ordem social e
comportamental que podem valorar essa necessidade. O Capelão como aconselhador cristão dedica-se
a ajudar indivíduos, famílias ou grupos a lidarem com as pressões e crises da vida. Para Gary Collins,
os objetivos do aconselhamento são: a evangelização, o discipulado, a autocompreensão, a
comunicação, o aprendizado, a modificação do comportamento, a autorrealização e o apoio. Segundo
Gary Collins:

O processo de aconselhamento pode estimular o desenvolvimento sadio da personalidade;


ajudar as pessoas a enfrentar melhor as dificuldades da vida, os conflitos interiores e os
bloqueios emocionais; auxiliar os indivíduos, famílias e casais a resolver conflitos gerados por
tensões interpessoais, melhorando a qualidade de seus relacionamentos; e finalmente, ajudar as
pessoas que apresentam padrões de comportamentos autodestrutivos ou depressivos a mudar de
vida. O conselheiro cristão procura levar as pessoas a ter um relacionamento pessoal com Jesus
Cristo, ajudando-as, assim, a encontrar perdão e a se livrar dos efeitos incapacitantes do pecado
e da culpa. O objetivo final do aconselhamento cristão é ajudar os outros a se tornar discípulos
de Cristo e a discipular outras pessoas (COLLINS, 2004, p. 17).

3 RESULTADOS ESPERADOS

O aconselhamento pastoral se utiliza de técnicas para auxiliar no enfretamento dos problemas


em concordância com os ensinos cristãos, objetivando a saúde interior do indivíduo. Assim, podemos
afirmar que o aconselhamento pastoral é um caminho para relacionamentos interpessoais que
promovem a vida e o bem estar social e mental. No Antigo Testamento, o cuidado pastoral vinculava-
se à aliança com Deus. Quando essa aliança era quebrada, as pessoas eram convidadas a reatá-las com
o propósito de voltar à vida. É justamente neste ponto que entra o Capelão como facilitador deste
reencontro com o sagrado. Já no Novo Testamento, o cuidado com as pessoas projetava-se no exemplo
de Cristo, que apresentou um modelo de vida saudável, demonstrando a misericórdia divina em todos
os momentos. O específico do aconselhamento pastoral está nas suas raízes bíblicas, ou seja, na forma
de ver o ser humano na relação com o sagrado. Assim, o Capelão se utilizará do aconselhamento
pastoral tendo como referência o agir poimênico 5 de Jesus Cristo. Isso, por si só, traduzir-se-á em
benefícios diretos ao servidor policial rodoviário federal, dando-lhe suporte para enfrentar os
momentos difíceis em sua vida pessoal e profissional, tendo reflexos diretos na melhoria do
atendimento ao público e ao serviço prestado a sociedade, finalidade máxima de nossa instituição.

Na cultura policial em geral, observa-se a atitude de reclamação contra a instituição. Reclama-


se da situação física das instalações, da manutenção do espaço (higiene e apoio logístico), de recursos
materiais inadequados, da falta do efetivo profissional, do atendimento médico/hospitalar, da
indisponibilidade de instrumentos de trabalho (armas, munições, coletes, viaturas, computadores,
softwares, impressoras internet, etc.), dos baixos salários, etc. Enfim, todo apoio humano e material a
ser utilizado no, e para o serviço. Trata-se de uma cultura de insatisfação, do que propriamente uma
insatisfação real. A pessoa que passa por crises internas ou externas de âmbito particular, tende a
extravasar estas crises projetando-as nestes momentos de “insatisfação generalizada”, que acontecem
nos momentos informais nas unidades. O Policial Rodoviário Federal trabalha com as limitações

5
O termo poimênico vem do grego e significa pastor. Sendo assim, a poimênica tem a ver com o trabalho pastoral de forma
geral.
humanas, sofre a influência perniciosa de substâncias químicas liberadas na corrente sanguínea, que
reduzem a imunidade orgânica, trabalha no “pico do estresse”, deve cuidar e proteger, mas não tem
quem o cuide e o proteja. Os problemas vivenciados dentro da instituição podem prejudicar
essencialmente a vida familiar e social do policial. Pressões psicológicas a que estão sujeitos esses
profissionais influenciam comportamentos, deixando-os frágeis no campo espiritual. Neste ambiente, a
forma de assistência religiosa, através do aconselhamento pastoral, pode-se revelar como oportunidade
de influência do Capelão tanto na contribuição para a saúde espiritual do policial, quanto para o auxílio
ao Departamento.

4 OBJETIVO GERAL

4.1 PROPORCIONAR O PROCESSO DE ACONSELHAMENTO AOS POLICIAIS RODOVIÁRIOS


FEDERAIS, SERVIDORES E ALUNOS DA ANPRF.

4.2 ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO SADIO DA PERSONALIDADE.

4.3 AJUDAR A ENFRENTAR MELHOR AS DIFICULDADES DA VIDA, OS CONFLITOS


INTERIORES E OS BLOQUEIOS RELACIONAIS.

4.4 AUXILIAR OS INDIVÍDUOS, FAMÍLIAS E CASAIS A RESOLVEREM CONFLITOS


GERADOS POR TENSÕES INTERPESSOAIS.

4.5 AJUDAR AS PESSOAS COM PADRÕES DE COMPORTAMENTO AUTODESTRUTIVOS E


DEPRESSIVOS.

Enfim, o aconselhamento pastoral procura levar as pessoas a terem um relacionamento pessoal


com os ensinamentos de Jesus Cristo, ajudando-as, assim, a encontrar perdão e a se livrar dos efeitos
incapacitantes do pecado e da culpa. O objetivo final do aconselhamento cristão é ajudar os outros a se
espelharem nos discípulos de Cristo, vivendo uma vida plena e abundante consigo mesmas e com as
que estão ligadas em seus relacionamentos. (COLLINS, 2004, p. 17)

5 MÉTODOS E ATUAÇÃO
O Policial que exercerá a função de Capelão, propocionando a aconselhamento pastoral previsto
neste projeto terá como atribuições, as mesmas de um ministro religioso, ou seja, poderá:

5.1 OFICIAR AS CERIMÔNIAS RELIGIOSAS

Matrimônios, apresentação de recém nascidos, funerais, formaturas, datas comemorativas e


realizar cultos exclusivamente evangélicos ou ecumênicos na Academia, sem prejuízo do serviço do
administrativo ou docente da Academia. Também realizar semanalmente, reuniões de oração e estudo
bíblico com os servidores e alunos da Academia, sem prejuízo dos trabalhos e atividades. Além disso,
quando houver reuniões de trabalho, poder haver a oportunidade de o capelão dirigir uma palavra de
oração e leitura da bíblia, antes e depois destas reuniões.

5.2 ACONSELHAMENTO PASTORAL

Desenvolver o trabalho de aconselhamento pastoral, dando auxílio mediante solicitação dos


servidores ou de seus chefes imediatos.

5.3 VISITA AOS POLICIAIS E SERVIDORES

Fazer visitas aos policiais e servidores em suas casas ou internados nos hospitais, e aos reclusos
internados em estabelecimentos prisionais, ou mesmo os que estão afastados por por recomendação
médica e também os aposentados que estejam necessitando de ajuda para enfrentar as dificuldades de
adaptação da mudança de rotina.

É importante destacar que há uma prática da religiosidade por parte dos que ingressam na PRF,
fato este, constatado através das mais variadas expressões, como por exemplo, os cultos e reuniões de
oração já promovidos no âmbito do DPRF, Superintendências e nos cursos de formação profissional
desde o ano de 2002. É lamentável a falta de registros que possam fornecer informações mais
completas acerca do censo religioso na PRF.

5.4 REALIZAÇÃO DE PALESTRAS EDUCATIVAS


Realizar palestras educativas, ministradas por profissionais e instiuições parceiras sobre temas
correlatos com o projeto, identificando fatores envolvidos no adoecimento mental nos locais de
trabalho, mapeando os locais e o ambiente de trabalho, se necessário, com o intuito de valorizar o
servidor e diminuir o sofrimento psíquico por meio de um relacionamento interpessoal com Deus.

5.4 INTEGRAÇÃO AO PROSSERV

Dentro dessa metodologia, é objetivo desse projeto promover uma integração com o o projeto já
existente no âmbito da ANPRF denominado PROSSERV (Projeto Servidor Saudável, Escolha Racional
e Viável), por estar inserido na metodologia do programa, servindo como apoio nos programas pré-
estabelecidos, sendo parte da definição de saúde, dentro do PROSSERV: corpo e mente; cultura e
espaço social. Quando solicitado pela instituição ou servidores, fazer visitas assistenciais aos policiais
que estejam com problemas de saúde, vislumbrando saúde em seu significado holístico, realizando
todas as atividades já descritas nos itens 5.1 à 5.3.

6 REQUISITOS PARA O SERVIDOR EXERCER O SERVIÇO DE CAPELANIA

6.1 SER POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL ESTÁVEL

O policial rodoviário federal que exercerá a função de capelão, não deixará de exercer suas
funções ordinária na academia, podendo ser dispensado destas funções apenas para atender as
demandas da capelania, com autorização expressa de sua chefia imediata ou por convocação. Para
tanto, necessita ter passado pelo período de estágio probatório.

6.2 SER VOLUNTÁRIO

6.3 SER MEMBRO DE UMA IGREJA CRISTÃ ESTABELECIDA

Deverá apresentar carta de recomendação do ministro titular de sua Igreja, contendo declaração
de que é membro ativo em sua igreja e tem bom testemunho e boa conduta em sua comunidade cristã.

6.4 TER CONCLUÍDO O CURSO DE CAPELANIA OU CURSO TEOLÓGICO RECONHECIDO


POR QUALQUER DENOMINAÇÃO RELIGIOSA DE CONFISSÃO CRISTÃ NO BRASIL

6.5 DEMAIS QUALIDADES E ATITUDES

É necessário que o Capelão possua um diálogo interconfessional permanente, para que faça a
harmonia entre os diferentes credos, demonstrando um espírito ecumênico, para o exercício da
capelania. Nesse sentido, o Capelão tem o dever de se comportar como padrão a ser imitado dentro e
fora do trabalho. O Capelão deve olhar o indivíduo como alguém que tem capacidade e desenvolver
nele potencialidades. Segundo Martin Buber (1878 – 1965), conhecer a Deus é ter um relacionamento
entre pessoas: a pessoa humana e a pessoa de Deus, pois Deus é um ser pessoal. Todo relacionamento
entre pessoas deve haver diálogo, aliás, afirma Buber, a Bíblia é o Diálogo de Deus com a humanidade
(ALVES, s.d., p. 1). O capelão não só utilizará o diálogo como a própria vida. A comunidade cristã,
principalmente a protestante, tem a característica de tomar a iniciativa para a realização dos cultos e
reuniões. Este fator é, ainda hoje, o responsável por haver muitos trabalhos religiosos regulares na
rotina de muitas unidades da PRF, uma vez que esta não dispõe oficialmente de um serviço de
capelania ou aconselhamento pastoral. Para o desenvolvimento do projeto piloto no âmbito da ANPRF,
o autor do projeto será o primeiro voluntário, já seguindo os critérios acima propostos.

7 CUSTOS DO PROJETO

Não haverá custos com o projeto, pois sua extensão será limitada à ANPRF onde o autor do
projeto, principal voluntário, está lotado. Para as visitas solicitadas e devidamente autorizadas pela
chefia imediata, haverá a necessidade de disponibilização de viatura descaracterizada, de preferência, e
inclusão em banco de horas do período usado para estas visitas, tal como ocorre atualmente com os
membros da CRET6, onde os lançamentos de horas em palestras desenvolvidas nas empresas
solicitantes são inseridos na parte diária informatizada. Também será indispensável a disponibilização
de uma sala na Academia para a realização das reuniões e atendimentos aos servidores e alunos.

8 CRONOGRAMA

O projeto piloto estender-se-á por um ano, a fim de que, após esse período, seja avaliada a
viabilidade da continuidade do mesmo e/ou sua extensão para outras unidades do DPRF, não
6
Comissão Regional de Educação de Trânsito
necessitando para isso, um novo projeto, apenas planos de trabalho anexos a este. Os demais itens do
cronograma estão no plano de trabalho anexo ao presente projeto.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Marcelo Coelho. A religião na caserna: O papel do capelão militar. São Paulo:
Mackenzie, 2006. 103 p. Disponível em
<http://www.acmeb.com.br/acmebnew/acervo/tese_cpl_m.pdf.pdf>. Acesso em 09 ago. 2014.

ALVES, Sérgio Pereira. Salud somática x salud mental. Belo Horizonte: [s.n.], [s.d.]. Trabalho não
publicado. Disponível em <http://www.salves.com.br/txt_mbuber.htm#top>. Acesso em 15 mar. 2015.

COLLINS, Gary R. Aconselhamento cristão: edição século 21. Tradução Lucília Marques Pereira da
Silva. São Paulo: Vida Nova, 2004.

CRIVELARI, Ubiratan Nelson. A importância do profissional “Capelão”: força vital na


consolidação do Exército Brasileiro. São Paulo: Mackenzie, 2008. 105 p. Disponível em:
<http://mx.mackenzie.com.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1209.com>. Acesso em: 17
mai. 2015.

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa: uma introdução à fenomenologia


da religião. 2ª ed. Tradução de Carlos Maria Vásquez Gutiérrez. São Paulo: Paulinas, 2001.

JUNG, Carl Gustav. Psicologia da religião ocidental e oriental. 3 ed. Trad. Mateus Ramalho de
Rocha. Petrópolis: Vozes, 1988.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BOSCH, David J. Missão transformadora: mudanças de paradigma na teologia de missão. São
Leopoldo: Sinodal, 2002.

BRAKEMEIER, Gottfried. O ser humano em busca de identidade: contribuições para uma antropologia
teológica. 2ª ed. São Leopoldo/São Paulo: Sinodal/Paulus, 2002.
CASTRO, Clóvis Pinto de. A cidade é minha paróquia. São Bernardo do Campo: Editeo, 1996.

COLLINS, Gary R. Ajudando uns aos outros pelo aconselhamento. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2005.

COMBLIN, José. Teologia da cidade. Trad. Célia Maria Leal. São Paulo: Edições Paulinas, 1991.

NETO, Custódio Alves Barreto. O policial: um servo de Deus. 3ª ed. São José dos Campos: Ed. JAC,
2002.

SANTOS, Luiz Carlos Viana dos; VILELA, José Robson dos Anjos. A importância do serviço da
capelania dentro da Polícia Militar de Alagoas. Maceió/AL: Academia de Polícia Militar Senador
Arnon de Melo, 2009. 69 p. Disponível em:
<http://www.pm.al.gov.br/apm/gerenciador/admin/downloads/11.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2014.

SILVA, Aluísio Laurindo da. Capelania Militar: contribuições pastorais de João Wesley. Caldas
Novas: UMESP, 2005, 21 p. Disponível em:
<http://www.acmeb.com.br/acmebnew/acervo/Capelania.pdf>. Acesso em 02 nov. 2015.

SILVA, Geoval Jacinto da. et. al. Itinerário para uma pastoral urbana: ação do povo de Deus na cidade.
São Bernardo do Campo: Editeo, 2008.

TERRA, Alexandre Marcondes; SILVA, Miguel Adailton da (Orgs.). Com o sacrifício da própria vida.
São Paulo: APMESP, 2007.

Fábio Rodrigues da Silva


Policial Rodoviário Federal – Classe Especial
Matrícula 1071203
ANEXO ÚNICO – PLANO DE TRABALHO

1 DADOS DO PROJETO
Local de Execução
Academia Nacional da Polícia Rodoviária Federal - ANPRF
Endereço
Rod. SC 401, Km 19, Vargem Pequena, Florianópolis-SC
Cidade UF CEP DDD/Telefone
Florianópolis SC 88052-401 (48) 3878-3800 / 8803-9272
Nome do Responsável CPF
Fábio Rodrigues da Silva 017.375.017-67
Matrícula SIAPE Função/Classe
1071203 Policial Rodoviário Federal/Classe Especial

Identificação do Objeto Período de vigência


O presente projeto tem por objetivo implantar o aconselhamento Início Término
pastoral no âmbito da ANPRF. O objetivo é estimular o processo sadio Trinta (30) dias Um (01) ano após a
da personalidade dos policiais, servidores e alunos, dar amparo após a aprovação implantação do projeto na
espiritual aos que estão passando por processos dolorosos em sua vida do projeto. Academia, podendo ser
pessoal e melhorar as relações no trabalho e na família destes mesmos ampliado para a SEDE do
policiais e servidores e alunos. DPRF, após avaliação.

2 JUSTIFICATIVA

Tendo em vista as características estressantes, insalubres e perigosas do trabalho do policial


rodoviário federal e os conflitos constantes encarados por estes profissionais quando de sua atividade
fiscalizatória, percebe-se a necessidade de um amparo que ultrapasse os limites dos programas de saúde
já implantados no âmbito do DPRF. Enxergando o homem de uma maneira holística, percebe-se que
suas necessidades transcendem as necessidades que possam ser elencadas materialmente. Dentro desse
contexto urge a necessidade do serviço do capelão, aquele que desenvolve o aconselhamento pastoral, a
fim de suprir aquilo que nenhum outro serviço psicológico ou médico pode suprir. Em todas as culturas
há expressões fortes religiosas, demonstrando a grande necessidade de o homem de ter um
relacionamento, um contato com Deus. O capelão surge como um facilitador desse contato,
propiciando o equilíbrio interior do ser humano, especificamente, do policial rodoviário federal
atingido. Essa necessidade já foi claramente percebida em outros órgãos policiais e desde a segunda
guerra mundial, em nossas forças armadas, que inclusive criou um cargo específico de oficial capelão.

3 IDENTIFICAÇÃO DO OBJETO

O presente projeto tem por finalidade implantar o aconselhamento pastoral no âmbito da


ANPRF, iniciando como um projeto piloto, podendo ser ampliado para a Sede do DPRF, após
aprovação. Tem por objetivo promover o bem estar social e espiritual dos policiais através de
aconselhamento, visitas, promoção de eventos, seja por solicitação do policial ou por sugestão de sua
chefia imediata, a fim de melhorar a qualidade de vida destes e promover um ambiente melhor de
trabalho, através da solução de conflitos internos oriundos da falta de promoção espiritual individual e
coletiva. O projeto visa também ser um apoio ao projeto já implantado na ANPRF, o PROSSERV,
ampliando a área de alcance deste na vida do policial.

4 METAS DE EXECUÇÃO

4.1 Dar atendimento satisfatório aos policiais rodoviários federais, servidores e alunos solicitantes,
promovendo sua saúde espiritual e conseqüentemente mental e física.
4.2 Melhorar o ambiente de trabalho na Academia, o desempenho profissional dos servidores
envolvidos, diminuir as animosidades e ajudar a propiciar um clima agradável no ambiente de trabalho.

5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Não é possível estabelecer um cronograma com datas fixas, tendo em vista que o projeto
depende de aprovação e não há como se saber quanto tempo levará para ser analisado e aprovado.

Etapa Especificação Período


1 Solicitar ao Setor de Gestão de Pessoal - SEGEP a relação dos aposentados e Início: 30 dias após
pensionistas que residem na área de circunscrição da ANPRF, seus endereços aprovação do projeto.
eletrônicos e telefones para fins de realização da etapa 2. Término: 15 dias
2 Realizar pesquisa com todo o efetivo da ANPRF, utilizando-se de formulário do Início: 5 dias após
google (efetivo ativo) e telefonemas e e-mail (efetivo inativo e pensionistas) com recebimento das
o objetivo de coletar informações sobre a religiosidade e vontade dos mesmos em informações da SRH
participar do programa. Término: 30 dias
3 Envio dos resultados da pesquisa para a SEGEP ou PROSERV, que será Início: 5 dias após o
encarregado de supervisionar o projeto. término da pesquisa
4 Distribuição gratuita de cartilhas sobre capelania e aconselhamento pastoral, Início: 5 dias após envio da
confeccionadas pela Sociedade Bíblica do Brasil para os interessados no projeto. pesquisa
Término: 20 dias
5 Início dos trabalhos e visitas a todos os policiais ativos, inativos e pensionistas que Início: 10 dias após a
se interessaram em participar do projeto, ou que forem indicados pela chefia entrega das cartilhas
imediata. Término: 12 meses
6 Envio do relatório final do projeto para a COEN com o pedido de amplitude do 30 dias após o término do
projeto para o DPRF. período do projeto piloto

6 CRONOGRAMA ORÇAMENTÁRIO- FINANCEIRO

Não há cronograma nesse sentido, visto não haver custos positivos no projeto. Os
deslocamentos para as visitas serão feitos com uso de viatura oficial, de preferência descaracterizada.
Os telefonemas para pesquisa junto aos inativos e pensionistas serão feitos da sede da Academia e
serão para as localidades abrangidas pela ANPRF. Os e-mails serão enviados através dos
computadores e da rede da ANPRF e, por fim, as cartilhas serão doadas pela Sociedade Bíblica do
Brasil.

7 LANÇAMENTO DAS HORAS TRABALHADAS EM BANCO DE HORAS

Durante a fase de implementação do projeto, estritamente na etapa 2 do cronograma de


execução, será necessário computar 2 h, que será feita sem prejuízo ao serviço. Para as etapas 4 e 5, os
deslocamentos serão feitos após solicitação e devida autorização do Coordenador de Ensino ou seu
substituto, sendo lançadas as horas desde a saída até a chegada na Academia, com o uso de viatura
oficial, conforme é feito nas palestras dos membros das CRETs.

8 DA PREVISÃO DE INÍCIO E FIM DA EXECUÇÃO DO OBJETO, BEM ASSIM DA


CONCLUSÃO DAS ETAPAS OU FASES PROGRAMADAS

O cronograma de execução não especificou datas devido impossibilidade de precisar o dia exato
em que o projeto será autorizado. Entretanto, foi feito um cronograma do tempo de execução do
projeto, que será de 4 meses para implantação do projeto (120 dias), mais 12 meses de execução
propriamente dita e mais 30 dias para envio do relatório final, perfazendo um total de 17 meses.

Florianópolis, 20 de julho de 2015.

FÁBIO RODRIGUES DA SILVA


Policial Rodoviário Federal – Classe Especial
Matrícula 1071203

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