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REVISÃO PARA O XVII CONCURSO DE

JUIZ FEDERAL DO TRF3 – 2013


Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL
PRINCIPAL NOVIDADE LEGISLATIVA SOBRE DIREITO CONSTITUCIONAL DE 2012

A Lei 12.711/2012, que prevê o SISTEMA DE COTAS:

Em que instituições? Em favor de quem:


 nas universidades federais; e  estudantes que tenham estudado integralmente em escolas públicas

 nas instituições federais de  pretos


ensino técnico de nível  pardos
médio  e indígenas

Qual é o percentual de vagas?


A Lei prevê que 50% das vagas serão destinadas às cotas.
No caso dos autodeclarados pretos, pardos e indígenas, o número de vagas a eles destinado será
proporcional à quantidade de pretos, pardos e indígenas que morem no local onde está instalada a
Instituição, segundo dados do último censo do IBGE.
A Lei deverá ainda ser regulamentada para que sejam definidos os percentuais exatos segundo cálculos a
serem ainda realizados.

Prazo para que as Instituições cumpram a Lei:


As Instituições terão o prazo máximo de 4 anos para o cumprimento integral do sistema de cotas da Lei.

PRINCIPAIS DECISÕES SOBRE DIREITO CONSTITUCIONAL DE 2012 E 2013

O sistema de cotas em universidades públicas, com base em critério étnico-racial, é CONSTITUCIONAL.


No entanto, as políticas de ação afirmativa baseadas no critério racial possuem natureza transitória.
STF. Plenário. ADPF 186/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25 e 26/4/2012 (Info 663 STF).
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É também constitucional fixar cotas para alunos que sejam egressos de escolas públicas.
STF. Plenário. RE 597285/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 9/5/2012 (Info 665 STF).

Revisão de véspera de prova – XVII Concurso para Juiz Federal do TRF3 – 2013
O TCU não detém legitimidade para requisitar diretamente informações que importem quebra de sigilo
bancário. STF. Segunda Turma. MS 22934/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 17.4.2012.

Segundo o art. 12, § 4º, I, da CF/88, após ter sido deferida a naturalização, seu desfazimento só pode
ocorrer mediante processo judicial, mesmo que o ato de concessão da naturalização tenha sido
embasado em premissas falsas (erro de fato).
O STF entendeu que os §§ 2º e 3º do art. 112 da Lei n. 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) não foram
recepcionados pela CF/88.
STF. Plenário. RMS 27840/DF, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 7/2/2013 (Info 694 STF).

É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em recurso extraordinário com repercussão geral
reconhecida. Para que seja realizada esta modulação, exige-se o voto de 2/3 (dois terços) dos membros
do STF (maioria qualificada).
STF. Plenário. RE 586453/SE, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, 20/2/2013 (Info 695 STF).

O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado configura pressuposto


indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal.
Para que seja decretada a intervenção federal em um Estado-membro que tenha deixado de pagar
precatórios é necessário que fique comprovado que esse descumprimento é voluntário e intencional. Se
ficar demonstrado que o ente não pagou por dificuldades financeiras não há intervenção.
STF. Plenário. IF 5101/RS, IF 5105/RS, IF 5106/RS, IF 5114/RS, Min. Cezar Peluso, 28.3.2012 (Info 660 STF).

O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos determinantes”.


Não se pode utilizar a reclamação, que é uma via excepcional, como se fosse um incidente de
uniformização de jurisprudência.
STF. Primeira Turma. Rcl 11477 AgR/CE, rel. Min. Marco Aurélio, 29/5/2012 (Info 668 STF).

Se a petição inicial da ADI ou da ADC for assinada por advogado, deverá ser acompanhada de
procuração. Exige-se que essa procuração tenha poderes especiais e indique, de forma específica, os atos
normativos que serão objeto da ação.
STF. Plenário. ADI 4430/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 27, 28 e 29/6/2012 (Info 672 STF).

A emissão de parecer sobre as medidas provisórias, por comissão mista de deputados e senadores antes
do exame, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das casas do Congresso Nacional (CF, art. 62, §
9º) configura fase de observância obrigatória no processo constitucional de conversão dessa espécie
normativa em lei ordinária.
Vale ressaltar, no entanto, que o parecer da comissão mista (previsto no § 9º do art. 62 da CF/88) é
obrigatório apenas para as medidas provisórias assinadas e encaminhadas ao Congresso Nacional a partir
do julgamento da ADI 4029.
As medidas provisórias anteriores a essa ADI 4029 não precisaram passar, obrigatoriamente, pela
comissão mista por estarem regidas pelas regras da Resolução n.º 01, do Congresso Nacional.
Os arts. 5°, caput e 6°, §§ 1° e 2° da Resolução n.° 1, do CN foram reconhecidos inconstitucionais pelo STF,
no entanto, a Corte determinou que essa declaração de inconstitucionalidade somente produz efeitos ex
nunc (a partir da decisão);
Todas as leis aprovadas segundo a tramitação da Resolução n.° 1 (ou seja, sem parecer obrigatório da
comissão mista após o 14° dia) são válidas e não podem ser questionadas por esta razão.
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STF. Plenário. ADI 4029/DF, rel. Min. Luiz Fux, 7 e 8/3/2012 (Info 657 STF).
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Não existe óbice a que o julgador, ao proferir sua decisão, acolha os argumentos de uma das partes ou de
outras decisões proferidas nos autos, adotando fundamentação que lhe pareceu adequada. O que
importa em nulidade é a absoluta ausência de fundamentação.
A adoção dos fundamentos da sentença de 1ª instância ou das alegações de uma das partes como razões
de decidir, embora não seja uma prática recomendável, não traduz, por si só, afronta ao art. 93, IX, da
CF/88.
A reprodução dos fundamentos declinados pelas partes ou pelo órgão do Ministério Público ou mesmo
de outras decisões proferidas nos autos da demanda (ex: sentença de 1ª instância) atende ao art. 93, IX,
da CF/88.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.021.851-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgados em 28/6/2012 (Info 500 STJ).

É inconstitucional lei estadual que preveja que o serviço de “assistência jurídica gratuita” será feito
primordialmente por advogados dativos e não pela Defensoria Pública.
É possível a realização de convênio com a OAB para que ela desenvolva serviço de assistência jurídica
gratuita por meio de defensoria dativa, desde que como forma de suplementar a Defensoria Pública ou
de suprir eventuais carências desta.
STF. Plenário. ADI 3892/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, 14/3/2012 (Info 658 STF).

DIREITO ADMINISTRATIVO
O prazo prescricional aplicável às ações de indenização contra a Fazenda Pública é de 5 (CINCO) anos,
conforme previsto no Decreto 20.910/32, e não de três anos (regra do Código Civil), por se tratar de
norma especial, que prevalece sobre a geral.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.251.993-PR, Rel. Min. Mauro Campbell, julgado em 12/12/2012 (Info 512 STJ).

Se o servidor público responder a processo administrativo disciplinar e for absolvido, ainda assim poderá
ser condenado a ressarcir o erário, em tomada de contas especial, pelo Tribunal de Contas da União.
STF. 1ª Turma. MS 27867 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18/9/2012 (Info 680 STF).

A partir da entrada em vigor da EC n. 41/2003 (que deu nova redação ao art. 37, XI, da CF), o servidor não
pode alegar direito adquirido ao recebimento de remuneração, proventos ou pensão acima do teto
remuneratório.
Não prevalece a garantia da irredutibilidade de vencimentos diante da nova ordem constitucional
imposta pela emenda.
STJ. 2ª Turma. RMS 32.796-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/6/2012 (Info 500 STJ)

O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de ser irrelevante o fato de a pensão e a
complementação previdenciária serem legalmente acumuláveis, tendo em conta o fato de serem pagas
pelo mesmo ente, visto que até mesmo a remuneração decorrente do exercício de mais de um cargo
público, a princípio, submete-se conjuntamente (somadas) ao teto constitucional.
É consolidada nesta Corte Superior a compreensão de que não há direito adquirido à percepção de
vencimentos, proventos, remuneração ou proventos acima do teto estabelecido pela EC n. 41/2003,
nem mesmo ofensa à garantia de irredutibilidade de vencimentos, devido à alteração constitucional.
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no RMS 29.457/CE, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/12/2012.

A acumulação de proventos de servidor aposentado em decorrência do exercício cumulado de dois


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cargos de profissionais da área de saúde legalmente exercidos, nos termos autorizados pela CF/88, NÃO
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se submete ao teto constitucional, devendo os cargos ser considerados isoladamente para esse fim.
STJ. 2ª Turma. RMS 38.682-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/10/2012 (Info 508 STJ).

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Tratando-se de cumulação legítima de cargos, a remuneração do servidor público não se submete ao teto
constitucional, devendo os cargos, para este fim, ser considerados isoladamente.
Se houvesse vinculação ao teto haveria um enriquecimento sem causa por parte do Poder Público.
STJ. 2ª T. AgRg no AgRg no RMS 33.100/DF, Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 07/05/2013.

Não é possível exigir a devolução ao erário dos valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, quando
pagos indevidamente pela Administração Pública, em função de interpretação equivocada de lei.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.244.182-PB, Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/10/2012 (recurso repetitivo).

A nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial NÃO gera direito à indenização.
STJ. 3ª Turma. REsp 949.072-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 27/3/2012 (Info 494 STJ).

O STJ entende que os prefeitos podem responder por improbidade administrativa, ação que será julgada
em primeira instância.
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 46.546/MA, Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 14/02/2012 (Info 495 STJ).

Para que seja reconhecida a improbidade administrativa é necessário que o agente tenha atuado com
DOLO nos casos dos arts. 9º (enriquecimento ilícito) e 11 (violação dos princípios da Administração
Pública) e, ao menos, com culpa nas hipóteses do art. 10º (prejuízo ao erário) da Lei n. 8.429/92.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.192.056-DF, Rel. para o acórdão Min. Benedito Gonçalves, j. 17/4/2012 (Info 495 STJ).

O inquérito civil, como peça informativa, pode embasar a propositura de ação civil pública de
improbidade administrativa contra agente político, sem a necessidade de abertura de procedimento
administrativo prévio.
STJ. 1ª Turma. AREsp 113.436-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/4/2012 (Info 495 STJ).

A petição inicial na ação por ato de improbidade administrativa, além dos requisitos do art. 282 do CPC,
deve ser instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da existência do
ato de improbidade.
Assim, diz-se que a ação de improbidade administrativa, além das condições genéricas da ação, exige
ainda a presença da justa causa.
STJ. 1ª Turma. REsp 952.351-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 4/10/2012 (Info 506 STJ).

A falta de notificação do acusado para apresentar defesa prévia na ação de improbidade administrativa
(art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/1992) é causa de NULIDADE RELATIVA do feito, devendo ser alegada em
momento oportuno e devidamente comprovado o prejuízo à parte.
STJ. 1ª Turma. EDcl no REsp 1.194.009-SP, Min. Arnaldo Esteves Lima, julgados em 17/5/2012 (Info 497 STJ).

De acordo com a orientação jurisprudencial do STJ, existindo meros indícios de cometimento de atos
enquadrados como improbidade administrativa, a petição inicial da ação de improbidade deve ser
recebida pelo juiz, pois, na fase inicial prevista no art. 17, §§ 7º, 8º e 9º, da Lei n. 8.429/92, vale o
princípio do in dubio pro societate, a fim de possibilitar o maior resguardo do interesse público.
No caso concreto, o STJ entendeu que deveria ser recebida a petição inicial de ação de improbidade no
caso em que determinado prefeito, no contexto de campanha de estímulo ao pagamento do IPTU, fizera
constar seu nome, juntamente com informações que colocavam o município entre outros que detinham
bons índices de qualidade de vida, tanto na contracapa do carnê de pagamento do tributo quanto em
outros meios de comunicação.
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STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.317.127-ES, Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/3/2013 (Info 518 STJ).
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INDISPONIBILIDADE DE BENS NA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Para a decretação da indisponibilidade de bens pela prática de ato de improbidade administrativa que
tenha causado lesão ao patrimônio público, não se exige que seu requerente demonstre a ocorrência de
periculum in mora.
Nesses casos, a presunção quanto à existência dessa circunstância milita em favor do requerente da
medida cautelar, estando o periculum in mora implícito no comando normativo descrito no art. 7º da Lei
n. 8.429/1992, conforme determinação contida no art. 37, § 4º, da CF.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.229.942-MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/12/2012
(Info 515 STJ).

A indisponibilidade pode ser decretada antes do recebimento da petição inicial da ação de improbidade?
SIM. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a decretação da indisponibilidade e do sequestro de bens
em improbidade administrativa é possível antes do recebimento da ação (AgRg no REsp 1317653/SP, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 07/03/2013, DJe 13/03/2013).

Tendo sido instaurado procedimento administrativo para apurar a improbidade, conforme permite o art.
14 da LIA, a indisponibilidade dos bens pode ser decretada antes mesmo de encerrado esse
procedimento?
SIM. É nesse sentido a jurisprudência do STJ.

Essa indisponibilidade dos bens pode ser decretada sem ouvir o réu?
SIM. É admissível a concessão de liminar inaudita altera pars para a decretação de indisponibilidade e
sequestro de bens, visando assegurar o resultado útil da tutela jurisdicional, qual seja, o ressarcimento ao
Erário.
Desse modo, o STJ entende que, ante sua natureza acautelatória, a medida de indisponibilidade de bens
em ação de improbidade administrativa pode ser deferida nos autos da ação principal sem audiência da
parte adversa e, portanto, antes da notificação para defesa prévia (art. 17, § 7º da LIA).

Para que seja decretada a indisponibilidade dos bens da pessoa suspeita de ter praticado ato de
improbidade exige-se a demonstração de fumus boni iuris e periculum in mora?
NÃO. Basta que se prove o fumus boni iuris, sendo o periculum in mora presumido (implícito). Assim, é
desnecessária a prova do periculum in mora concreto, ou seja, de que os réus estejam dilapidando seu
patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, exigindo-se apenas a demonstração de fumus boni iuris, consistente
em fundados indícios da prática de atos de improbidade.
A medida cautelar de indisponibilidade de bens, prevista na LIA, consiste em uma tutela de evidência, de
forma que basta a comprovação da verossimilhança das alegações, pois, pela própria natureza do bem
protegido, o legislador dispensou o requisito do perigo da demora.

Então, pode ser decretada a indisponibilidade dos bens ainda que o acusado não esteja se desfazendo de
seus bens?
SIM. A indisponibilidade dos bens visa, justamente, a evitar que ocorra a dilapidação patrimonial. Não é
razoável aguardar atos concretos direcionados à sua diminuição ou dissipação. Exigir a comprovação de
que tal fato esteja ocorrendo ou prestes a ocorrer tornaria difícil a efetivação da medida cautelar e, muitas
vezes, inócua (Min. Herman Benjamin).
Vale ressaltar, no entanto, que a decretação da indisponibilidade de bens, apesar da excepcionalidade legal
expressa da desnecessidade da demonstração do risco de dilapidação do patrimônio, não é uma medida de
adoção automática, devendo ser adequadamente fundamentada pelo magistrado, sob pena de nulidade
(art. 93, IX, da Constituição Federal), sobretudo por se tratar de constrição patrimonial (REsp 1319515/ES).
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Pode ser decretada a indisponibilidade sobre bens que o acusado possuía antes da suposta prática do ato
de improbidade?
SIM. A indisponibilidade pode recair sobre bens adquiridos tanto antes como depois da prática do ato de
improbidade.

A indisponibilidade pode recair sobre bem de família?


SIM. Segundo o STJ, o caráter de bem de família de imóvel não tem a força de obstar a determinação de
sua indisponibilidade nos autos de ação civil pública, pois tal medida não implica em expropriação do bem
(REsp 1204794/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 16/05/2013).

A indisponibilidade é decretada para assegurar apenas o ressarcimento dos valores ao Erário ou também
para custear o pagamento da multa civil?
Para custear os dois. A indisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimônio do réu de modo suficiente a
garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se em consideração, ainda, o valor
de possível multa civil como sanção autônoma (STJ. AgRg no REsp 1311013 / RO).
Vale ressaltar que é assegurado ao réu provar que a indisponibilidade que recaiu sobre o seu patrimônio foi
muito drástica e que não está garantindo seu mínimo existencial.

É necessário que o Ministério Público (ou outro autor da ação de improbidade), ao formular o pedido de
indisponibilidade, faça a indicação individualizada dos bens do réu?
NÃO. A jurisprudência do STJ está consolidada no sentido de que é desnecessária a individualização dos bens
sobre os quais se pretende fazer recair a indisponibilidade prevista no art. 7º, parágrafo único, da Lei n.
8.429/92 (AgRg no REsp 1307137/BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em
25/09/2012). A individualização somente é necessária para a concessão do “sequestro de bens”, previsto no
art. 16 da Lei n. 8.429/92.

A indisponibilidade de bens constitui uma sanção?


NÃO. A indisponibilidade de bens não constitui propriamente uma sanção, mas medida de garantia destinada
a assegurar o ressarcimento ao erário (DPE/MA – CESPE – 2011).

DIREITO CIVIL
Existe ofensa mesmo que a veiculação não tenha caráter vexatório
A ofensa ao direito à imagem materializa-se com a mera utilização da imagem sem autorização, ainda
que não tenha caráter vexatório ou que não viole a honra ou a intimidade da pessoa, e desde que o
conteúdo exibido seja capaz de individualizar o ofendido.
A obrigação de reparação decorre do próprio uso indevido do direito personalíssimo, não sendo devido
exigir-se a prova da existência de prejuízo ou dano. O dano é a própria utilização indevida da imagem.
STJ. REsp 794.586/RJ, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 15/03/2012.

A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 do Código Civil de 2002, é a SELIC.
A incidência da taxa Selic como juros moratórios exclui a correção monetária, sob pena de bis in idem,
considerando que a referida taxa já é composta de juros e correção monetária.
STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp 1.025.298-RS, Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Luis
Felipe Salomão, julgados em 28/11/2012.
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CAPITALIZAÇÃO DE JUROS
Quatro conclusões importantes do STJ sobre o tema:
I – A capitalização de juros, também chamada de anatocismo, ocorre quando os juros são calculados
sobre os próprios juros devidos.
II – A capitalização ANUAL de juros é permitida, seja para contratos bancários ou não-bancários.
III – A capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano, em regra, é vedada. Exceção: é
permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em contratos BANCÁRIOS
celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da MP 1.963-17/2000 (atual MP 2.170-
36/2001), desde que expressamente pactuada.
IV – A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir pactuada de forma expressa e
clara. Para isso, basta que, no contrato, esteja prevista a taxa de juros anual superior ao duodécuplo da
mensal. Os bancos não precisam dizer expressamente no contrato que estão adotando a “capitalização
de juros”, bastando explicitar com clareza as taxas cobradas.
STJ. 2ª Seção. REsp 973.827-RS, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para o acórdão Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 27/6/2012.

Súmula 472-STJ: A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui a exigibilidade dos juros
remuneratórios, moratórios e da multa contratual.
STJ. 2ª Seção, DJe 19.6.2012.

Sempre que ocorrer ofensa injusta à dignidade da pessoa humana restará configurado o dano moral, não
sendo necessária a comprovação de dor e sofrimento. Trata-se de dano moral in re ipsa (dano moral
presumido).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.292.141-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012.

Não constitui ato ilícito apto à produção de danos morais a matéria jornalística sobre pessoa notória a
qual, além de encontrar apoio em matérias anteriormente publicadas por outros meios de comunicação,
tenha cunho meramente investigativo, revestindo-se, ainda, de interesse público, sem nenhum
sensacionalismo ou intromissão na privacidade do autor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.330.028-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 6/11/2012.

A relação da Google® com seus usuários é uma relação de consumo, mesmo sendo gratuita.
A Google® não responde objetivamente pelos danos morais causados por mensagens ofensivas
publicadas pelos usuários do Orkut®.
Ao oferecer um serviço por meio do qual se possibilita que os usuários externem livremente sua opinião,
deve o provedor de conteúdo ter o cuidado de propiciar meios para que se possa identificar cada um
desses usuários.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.306.066-MT, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 17/4/2012.

No entanto, ao ser comunicada pelo ofendido de que determinado texto ou imagem que está em uma
rede social (Orkut®, Facebook®, Twitter® etc.) possui conteúdo ilícito, deve a empresa provedora da rede
retirar a página do ar no prazo máximo de 24 horas, sob pena de responder solidariamente com o autor
direto do dano, em virtude da omissão praticada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.308.830-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/5/2012.
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Os serviços prestados pela Google® na internet, como é o caso de seu sistema de buscas, mesmo sendo
gratuitos, configuram relação de consumo.
O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de Internet ser gratuito não desvirtua a relação de
consumo, pois o termo “mediante remuneração”, contido no art. 3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado
de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor.
O provedor de pesquisa é uma espécie do gênero provedor de conteúdo.
A filtragem do conteúdo das pesquisas feitas por cada usuário não constitui atividade intrínseca ao
serviço prestado pelos provedores de pesquisa, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos
termos do art. 14 do CDC, o site que não exerce esse controle sobre os resultados das buscas.
Os provedores de pesquisa não podem ser obrigados a eliminar do seu sistema os resultados derivados
da busca de determinado termo ou expressão, tampouco os resultados que apontem para uma foto ou
texto específico.
Não se pode, sob o pretexto de dificultar a propagação de conteúdo ilícito ou ofensivo na web, reprimir o
direito da coletividade à informação. Sopesados os direitos envolvidos e o risco potencial de violação de
cada um deles, o fiel da balança deve pender para a garantia da liberdade de informação assegurada pelo
art. 220, § 1º, da CF/88, sobretudo considerando que a Internet representa, hoje, importante veículo de
comunicação social de massa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.316.921-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/6/2012.

A Caixa Econômica Federal não tem legitimidade para figurar no polo passivo de ação que objetive
reparar danos materiais e compensar danos morais causados por roubo ocorrido no interior de agência
lotérica.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.317.472-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/3/2013.

Súmula 496-STJ: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não
são oponíveis à União.
STJ. 1ª Seção, DJe 13/8/2012.

É possível a adoção de uma criança por casal homoafetivo. É possível também a adoção unilateral do
filho biológico da companheira homoafetiva. Ex: João é filho biológico de Maria. A criança foi fruto de
uma inseminação artificial heteróloga com doador desconhecido. Maria mantém união estável
homoafetiva com Andrea, que deseja adotar o menor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.281.093-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/12/2012.

É possível o reconhecimento da paternidade biológica e a anulação do registro de nascimento na


hipótese em que isso for pleiteado pelo filho que foi registrado conforme prática conhecida como
“adoção à brasileira”.
Caracteriza violação ao princípio da dignidade da pessoa humana cercear o direito de conhecimento da
origem genética, respeitando-se, por conseguinte, a necessidade psicológica de se conhecer a verdade
biológica.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.167.993-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/12/2012.

Para que a ação negatória de paternidade seja julgada procedente não basta apenas que o DNA prove
que o “pai registral” não é o “pai biológico”. É necessário também que fique provado que o “pai registral”
nunca foi um “pai socioafetivo”, ou seja, que nunca foi construída uma relação socioafetiva entre pai e
filho.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.059.214-RS, Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/2/2012.
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É possível a flexibilização da coisa julgada material nas ações de investigação de paternidade, na situação
em que o pedido foi julgado improcedente por falta de prova.
Contudo, não se admite o ajuizamento de nova ação para comprovar a paternidade mediante a utilização
de exame de DNA em caso no qual o pedido anterior foi julgado improcedente com base em prova
pericial produzida de acordo com a tecnologia então disponível.
STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 929.773-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 6/12/2012; REsp
1.223.610-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 6/12/2012.

O abandono afetivo decorrente da omissão do genitor no dever de cuidar da prole constitui elemento
suficiente para caracterizar dano moral compensável.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.159.242-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/4/2012.

DIREITO DO CONSUMIDOR
Conceito de consumidor e teoria finalista aprofundada
Em regra, somente pode ser considerado consumidor, para fins de aplicação do CDC, o destinatário fático
e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica.
Com isso, em regra, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como
aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto,
o preço final) de um novo bem ou serviço.
Embora consagre o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a jurisprudência do
STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor desse critério para
admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre fornecedores e sociedades empresárias em que,
mesmo a sociedade empresária utilizando os bens ou serviços para suas atividades econômicas, fique
evidenciado que ela apresenta vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a teoria finalista
mitigada, abrandada ou aprofundada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.195.642-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012.

Se houver descredenciamento de médicos ou hospitais, a operadora de plano de saúde tem o dever de


informar esse fato individualmente a cada um dos associados.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.144.840-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/3/2012.

O banco pode ser condenado a pagar reparação por dano moral coletivo, em ação civil pública, pelo fato
de oferecer, em sua agência, atendimento inadequado aos consumidores idosos, deficientes físicos e
com dificuldade de locomoção.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.221.756-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 2/2/2012.

A instituição financeira não pode ser responsabilizada por assalto sofrido por sua correntista em via
pública, isto é, fora das dependências de sua agência bancária, após a retirada, na agência, de valores em
espécie, sem que tenha havido qualquer falha determinante para a ocorrência do sinistro no sistema de
segurança da instituição.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.284.962-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/12/2012 (Info 512 STJ).

A inversão do ônus da prova de que trata o art. 6º, VIII, do CDC é REGRA DE INSTRUÇÃO, devendo a
decisão judicial que determiná-la ser proferida preferencialmente na fase de saneamento do processo
ou, pelo menos, assegurar à parte a quem não incumbia inicialmente o encargo a reabertura de
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oportunidade para manifestar-se nos autos.


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STJ. 2ª Seção. EREsp 422.778-SP, Rel. para o acórdão Min. Maria Isabel Gallotti (art. 52, IV, b, do RISTJ),
julgados em 29/2/2012.

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Súmula 479-STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
STJ. 2ª Seção, DJe 1/8/2012.

O prazo prescricional nas ações de responsabilidade civil por acidente aéreo é de 5 anos, com base no
Código de Defesa do Consumidor.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.281.090-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/2/2012.

Súmula 477-STJ: A decadência do artigo 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários.
STJ. 2ª Seção, DJe 19/6/2012.

É vedada a denunciação da lide para que ingresse terceiro em processo de autoria do consumidor,
cuidando-se de relação de consumo, propiciando ampla dilação probatória que não interessa ao
hipossuficiente e que apenas lhe causa prejuízo.
STJ. 4ª Turma. REsp 1305780/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 04/04/2013.

Não cabe a denunciação da lide nas ações indenizatórias decorrentes da relação de consumo, seja no
caso de responsabilidade pelo fato do produto, seja no caso de responsabilidade pelo fato do serviço
(arts. 12 a 17 do CDC).
Assim, a vedação à denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe à responsabilidade de
comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável também nas demais hipóteses de
responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e 14 do CDC).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.165.279-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/5/2012 (Info 498 STJ).

A responsabilidade por débito relativo ao consumo de água e serviço de esgoto é de quem efetivamente
obteve a prestação do serviço. Trata-se de obrigação de natureza pessoal, não se caracterizando como
obrigação propter rem. Assim, não se pode responsabilizar o atual usuário por débitos antigos contraídos
pelo morador anterior do imóvel.
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1.313.235-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/9/2012
(Info 505 STJ).

DIREITO AMBIENTAL
A responsabilidade por dano ambiental é OBJETIVA e pautada no RISCO INTEGRAL, não se admitindo a
aplicação de excludentes de responsabilidade.
STJ. Quarta Turma. REsp 1.346.430-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/10/2012.

A responsabilidade civil do transportador de carga perigosa é objetiva, na modalidade “risco integral”,


em que não se admite qualquer causa excludente de responsabilidade.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.114.398-PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 8/2/2012 (recurso repetitivo)
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
A eventual nulidade declarada pelo juiz de ato processual praticado pelo serventuário não pode retroagir
para prejudicar os atos praticados de boa-fé pelas partes.
Dessa forma, no processo, exige-se dos magistrados e dos serventuários da Justiça conduta pautada por
lealdade e boa-fé, sendo vedados os comportamentos contraditórios.
Em outras palavras, aplica-se também o venire contra factum proprium para atos do juiz e dos
serventuários da justiça.
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 91.311-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 6/12/2012.

O STF entende que a OAB não é uma autarquia. A Ordem é um serviço público independente, categoria
única no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. No entanto, apesar disso, as
funções atribuídas à OAB possuem natureza federal. Portanto, o Presidente da seccional da OAB exerce
função delegada federal, motivo pelo qual a competência para o julgamento do mandado de segurança
contra ele impetrado é da Justiça Federal.
STF. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.255.052-AP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/11/2012.

De quem é a competência para julgar as causas propostas contra instituições de ensino (ou seus
dirigentes) em demandas envolvendo educação?

I – Ensino Fundamental: a competência será, em regra, da Justiça Estadual (MS ou outras ações).

II – Ensino Médio: a competência será, em regra, da Justiça Estadual (MS ou outras ações).

III – Ensino Superior:

Mandado de segurança Outras ações


 Impetrado contra dirigente de Instituição  Propostas contra a União ou suas
de ensino federal ou particular: Justiça autarquias: Justiça FEDERAL
FEDERAL.  Propostas apenas contra Instituição
 Impetrado contra dirigentes de estadual, municipal ou particular: Justiça
Instituições de ensino estaduais e ESTADUAL.
municipais: Justiça ESTADUAL.

Se ficar melhor de entender, o quadro pode ser assim exposto:


Instituição superior FEDERAL Instituição superior Instituição superior
ESTADUAL/MUNICIPAL PARTICULAR
 Mandado de segurança:  Mandado de segurança:  Mandado de segurança:
Justiça Federal. Justiça Estadual. Justiça Federal.
 Outras ações: Justiça  Outras ações: Estadual.  Outras ações: Justiça
Federal. Estadual.

A União deverá figurar como litisconsorte necessária em ação na qual se discute com particulares se
determinada área é remanescente das comunidades dos quilombos (art. 68 do ADCT), mesmo que na
ação já exista a presença da Fundação Cultural Palmares (fundação federal).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.116.553-MT, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 17/5/2012.
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Súmula 481-STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que
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demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.


STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

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É ônus do Estado arcar com os honorários periciais na hipótese em que a sucumbência recai sobre
beneficiário da assistência judiciária, tendo em vista o dever constitucional de prestar assistência
judiciária aos hipossuficientes.
STJ. 2ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1.327.281-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/10/2012.

O Ministério Público e a Defensoria Pública possuem a prerrogativa de intimação pessoal das decisões
em qualquer processo ou grau de jurisdição, sendo que o prazo de recurso deve ser contado a partir do
recebimento dos autos com vista.
Caso o processo tenha sido remetido à Instituição para intimação pessoal com vista dos autos, a
contagem dos prazos para a Defensoria Pública ou para o Ministério Público tem início com a entrada dos
autos no setor administrativo do órgão, sendo despicienda a aposição no processo do ciente por parte do
seu membro.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.278.239-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/10/2012.

Se ocorrer alguma OMISSÃO, ATRASO ou EQUÍVOCO na divulgação da tramitação processual no site do


Tribunal, isso constitui justa causa a ensejar a devolução do prazo processual?
• Omissão ou atraso: NÃO HÁ JUSTA CAUSA
• Equívoco: PODE CONFIGURAR JUSTA CAUSA
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 76.935-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 18/10/2012.

Nas ações para fornecimento de medicamentos, apesar de a obrigação ser solidária entre Municípios,
Estados e União, caso o autor tenha proposto a ação apenas contra o Estado, não cabe o chamamento ao
processo da União, medida que apenas iria protelar a solução da causa.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.009.947-SC, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/2/2012.

Independentemente de requerimento, os réus com diferentes procuradores têm prazo em dobro para
contestar, mesmo sendo casados entre si.
STJ. 4ª Turma. REsp 973.465-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/10/2012.

O recurso produz efeitos somente ao litisconsorte que recorre, ressalvadas as hipóteses de litisconsórcio
unitário, em que se aplica a extensão prevista no art. 509 do CPC. O art. 509 do CPC aplica-se tão
somente às hipóteses de litisconsórcio unitário, não havendo espaço para incidência deste quando se
trata de litisconsórcio simples.
STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 908.763-TO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/10/2012.

O autor ingressa com uma ação e pede a tutela antecipada. O juiz defere. Na sentença, o juiz julga
improcedente a demanda e revoga a tutela antecipada.
Ocorre que a tutela antecipada causou danos morais e materiais ao réu.
O autor da ação tem a responsabilidade objetiva de indenizar o réu quanto a esses prejuízos,
independentemente de pronunciamento judicial e pedido específico da parte interessada.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.191.262-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/9/2012.

ASTREINTES
 O juiz pode arbitrar as astreintes de ofício (STJ. REsp 1.198.880-MT).
 É cabível a cumulação de astreintes com juros de mora (STJ. REsp 1.198.880-MT).
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 O destinatário das astreintes é o autor da demanda (STJ. REsp 949.509-RS).


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DESISTÊNCIA DA AÇÃO

Neste tópico vamos tratar sobre “desistência da ação” (ou, como preferem alguns autores mais rigorosos,
“desistência do prosseguimento do processo”).

Gostaria de chamar a atenção para 10 pontos relevantes acerca do tema:

1) O autor, depois de ter proposta a ação, pode desistir?


 Se o réu não tiver apresentado defesa: o autor pode desistir normalmente.
 Se o réu tiver apresentado defesa: o autor só pode desistir com o consentimento do réu (§ 4º do art.
267).
 Se já houver sentença: o autor não pode desistir nem mesmo com o consentimento do réu (STJ).

2) Cuidado com a redação do § 4º do art. 267 do CPC:


§ 4º Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir
da ação.

É importante que você conheça a redação deste dispositivo porque pode ser cobrado na prova exatamente
como está escrito. No entanto, a doutrina afirma que o mais correto seria esse parágrafo falar o seguinte:
“o autor não poderá desistir da ação sem o consentimento do réu se este já tiver apresentado sua defesa”.
Duas situações mostram que a redação do dispositivo não é completamente correta:
 Se o réu tiver apresentado sua defesa antes do fim do prazo para a resposta (o prazo é de 15 dias e o
réu apresenta a defesa já no 2º dia), se o autor quiser desistir da ação no 5º dia, mesmo assim o réu
terá que ser ouvido para que seja homologada a desistência.
 Se já tiver decorrido o prazo para a resposta e o réu não tiver apresentado defesa (foi revel), não será
necessária nova intimação do réu para se manifestar sobre a desistência.

3) Por que o réu deve consentir com o pedido de desistência da ação?


Porque o réu que apresentou contestação, assim como o autor, também tem direito a uma sentença de
mérito. Na contestação, o réu formula pedido(s) e, portanto, tem o direito de ver esse(s) pedido(s)
apreciado(s) pelo juízo.

4) A discordância do réu quanto à desistência da ação deve ser fundamentada:


Se o réu não quiser concordar com a desistência, deverá apresentar ao juízo um motivo justificável, sob
pena de sua conduta ser considerada como abuso de direito.
Desse modo, se a recusa do réu em aceitar a desistência for infundada (sem um motivo razoável), o juiz
poderá suprir a sua concordância e homologar a desistência. Esse é entendimento pacífico do STJ.

5) A desistência da ação somente pode ser requerida por advogado que detenha poderes especiais (art. 38)
e só produz efeito depois de homologada por sentença (art. 158, parágrafo único do CPC).

6) A sentença que homologa a desistência não examina o mérito da demanda:


A desistência da ação é instituto de cunho nitidamente processual, não atingindo, em regra, o direito
material objeto da ação. Quando o autor desiste da ação ele exercita uma faculdade processual, deixando
incólume o direito material, tanto que descompromete o Judiciário de se manifestar sobre a pretensão de
direito material (FUX, Luiz. Curso de Direito Processual Civil. 4ª ed., São Paulo: Forense, 2008, p. 449).

Assim, quando o juiz homologa a desistência da ação, ele profere uma sentença terminativa, ou seja, uma
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sentença que extingue o processo sem resolução do mérito (art. 267, VIII, do CPC).
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7) Como visto, se o autor desistir da ação, o réu concordar e o juiz homologar, o processo é extinto sem
resolução do mérito. Esse autor poderá novamente propor a mesma ação?
SIM (art. 268 do CPC). Vale ressaltar, no entanto, que, se o autor repropuser a ação, quem irá julgar a
demanda será o mesmo juízo que homologou a desistência da primeira ação. Em outras palavras, o juízo
que homologou a desistência estará prevento (art. 253, II do CPC).

8) Pedido de desistência e silêncio do réu:


Após o réu apresentar sua resposta e antes do juiz proferir a sentença, o autor fez um pedido de desistência
da ação. O juiz, então, determinou a intimação do réu para que se manifestasse, no prazo de 5 dias, sobre o
pedido de desistência. O réu deixou transcorrer in albis (“em branco”) o prazo assinalado, ou seja, não se
pronunciou a respeito no prazo fixado.

Diante do silêncio do réu, o juiz pode homologar a desistência?


SIM. É válida a homologação da desistência da ação requerida pelo autor, após o prazo para a resposta, na
hipótese em que o réu, devidamente intimado para se manifestar a respeito do pedido de desistência
formulado, deixa transcorrer in albis o prazo assinalado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.036.070-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 5/6/2012.

9) Desistência da ação envolvendo a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais como
requeridas:
Nas causas em que for ré a União, suas autarquias, fundações ou as empresas públicas federais, somente
será aceita a desistência da ação se o autor renunciar expressamente ao direito sobre que se funda a
demanda. Trata-se de previsão expressa do art. 3º da Lei n. 9.469/97.

Exemplo: Paulo ingressa com uma ação de cobrança contra a União. Após a contestação da União, Paulo
decide desistir da ação proposta. A AGU será, então, intimada para se manifestar sobre o pedido de
desistência. A AGU, com base no art. 3º, da Lei n. 9.469/97, afirmará que a União somente aceita a
desistência se o autor renunciar ao seu direito de crédito.
 Se Paulo não aceitar renunciar ao direito, não poderá desistir da ação, que irá prosseguir normalmente.
 Se Paulo aceitar renunciar ao direito, o processo será extinto, no entanto, não com base no art. 267,
VIII e sim com fundamento no art. 269, V.

Qual é a diferença prática?


A sentença que extinguir o processo com base na renúncia ao direito resolve o mérito e produz coisa
julgada formal e material. Logo, Paulo terá aberto mão de seu direito e não poderá mais pleiteá-lo
judicialmente.

Essa previsão do art. 3º da Lei n. 9.469/97 é legítima?


SIM, apesar da crítica de alguns autores, o STJ considera legítimo esse dispositivo. Nesse sentido: REsp
1173663/PR, Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 23/03/2010.

10) Diferenças entre desistência e renúncia

DESISTÊNCIA RENÚNCIA
O autor desiste de prosseguir com a ação naquele O autor abre mão do direito material que alegava
processo. possuir.
Após o juízo homologar a desistência, o autor O autor não poderá propor nova ação fundada
poderá repropor a mesma ação. naquele direito material que foi objeto de renúncia.
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Se o réu já tiver apresentado contestação, é Não existe obrigatoriedade legal de ouvir o réu
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obrigatório que o réu consinta com a desistência. sobre a renúncia do direito manifestada pelo autor.
A sentença que homologa a desistência é A sentença que reconhece a renúncia é definitiva

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terminativa (extingue o processo sem resolução do (extingue o processo com resolução do mérito –
mérito – art. 267, VIII). art. 269, V).
A sentença faz apenas coisa julgada formal. A sentença faz coisa julgada formal e material.
Produz efeitos meramente processuais. Produz efeitos materiais.

PRERROGATIVAS E PRIVILÉGIOS DA FAZENDA PÚBLICA

INTIMAÇÃO PESSOAL DE DECISÃO PROLATADA EM AUDIÊNCIA E PROCURADORES FEDERAIS

Se o Procurador Federal foi intimado da audiência, mas não compareceu, e neste ato foi proferida
alguma decisão ou sentença, não será necessária nova intimação do Procurador, sendo presumida a
ciência quanto ao teor do julgado (art. 242, § 1º, do CPC).
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 226.951-GO, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 9/10/2012.

INTIMAÇÃO PESSOAL DE ADVOGADOS PÚBLICOS

Alguns membros de determinadas carreiras possuem a prerrogativa da intimação pessoal:


 Advogados da União
 Procuradores da Fazenda Nacional
 Procuradores Federais
 Procuradores do Banco Central
 Defensores Públicos
 Membros do Ministério Público

Os Procuradores Federais que atuam nos Juizados Especiais Federais não desfrutam da prerrogativa da
intimação pessoal.
Assim, não se aplica o art. 17 da Lei n. 10.910/2004 nos Juizados Especiais Federais.
STF. Plenário. ARE 648629/RJ, rel. Min. Luiz Fux, 24/4/2013.

BENEFÍCIO DE PRAZO

Previsão legal
O art. 188 do CPC estabelece o seguinte:
Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for
a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

Nomenclatura
A doutrina denomina essa previsão de “benefício de prazo” ou “prerrogativa de prazo”.

Beneficiários:
• Fazenda Pública
• Ministério Público
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Prazos:
• Contestação: prazo em quádruplo.
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• Recurso: prazo em dobro.

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Obs1: quando a Lei fala de prazo em dobro para “contestar” isso significa prazo em dobro para apresentar
resposta (art. 297 do CPC). Dessa forma, a Fazenda Pública possui prazo em dobro para apresentar
contestação, exceção ou reconvenção.

Obs2: o prazo para que a Fazenda Pública ou o MP apresente contrarrazões é simples, considerando que
não está abrangido pelo art. 188 do CPC.

Por que o prazo da contestação é maior que o do recurso?


Porque na contestação é a primeira oportunidade que o advogado público terá contato com os autos, além
de ser a peça mais importante. Logo, precisará de um prazo maior. No caso do recurso, já houve um
acompanhamento durante toda a instrução, de forma que não se trata de um caso novo.

Esse dispositivo é constitucional?


SIM. Não há violação ao princípio da isonomia ou a qualquer outra norma constitucional. Ao contrário, tal
previsão atende a igualdade ao tratar desigualmente a Fazenda Pública e o MP, que são partes diferentes
das demais. A estrutura administrativa é burocratizada, o que contribui para que o fluxo de informações
ocorra mais rapidamente, fator que faz com que o advogado público demore mais para receber os dados
necessários para elaborar a defesa do Poder Público. Ademais, não raras vezes o quadro de profissionais é
reduzido para a grande quantidade de demandas.

Quando o dispositivo menciona “Fazenda Pública”, quais entes estão abrangidos?


• União
• Estados/DF
• Municípios
• Autarquias
• Fundações
• Correios

As empresas públicas e sociedades de economia mista possuem benefício de prazo?


NÃO. As normas que criam privilégios ou prerrogativas especiais devem ser interpretadas restritivamente,
não se encontrando as empresas públicas inseridas no conceito de Fazenda Pública previsto no art. 188 do
CPC (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.266.098- RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 23/10/2012).

E os Correios (ECT)?
A ECT é uma empresa pública. Presta serviço público de serviço postal com exclusividade. Por conta deste
serviço público prestado com exclusividade, a ECT recebe tratamento muito próximo ao das autarquias, ou
seja, é tratada como se fosse “Fazenda Pública”. Logo, os Correios também gozam do benefício de prazo do
art. 188 do CPC (STJ AgRg no Ag 418.318/DF).

Os Conselhos de Fiscalização Profissional (exs: CREA, CRM, CRO) possuem benefício de prazo?
SIM, porque possuem natureza jurídica de autarquia (AgRg no Ag 1388776/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 07/06/2011, DJe 15/06/2011).

O Estado estrangeiro possui o benefício de prazo?


NÃO. O prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer, previsto no artigo 188 do CPC, não
se aplica ao Estado estrangeiro. (STJ. 3ª Turma. Ag 297.723/SP, Min. Antônio de Pádua Ribeiro, julgado em
08/06/2000).
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O art. 188 vale também no caso de recursos nos Tribunais Superiores?


SIM. Desse modo, a Fazenda Pública dispõe de prazo em dobro para interpor os Recursos Especial e
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Extraordinário. Além disso, também possui prazo em dobro para interpor os recursos internos no âmbito

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do STJ e STF. Nesse sentido, confira a Súmula 116 do STJ: A Fazenda Pública e o Ministério Público têm
prazo em dobro para interpor agravo regimental no Superior Tribunal de Justiça.

O art. 188 é aplicado no caso da ação de improbidade administrativa?


SIM, considerando que se trata de ação de natureza cível (STJ AgRg nos EDcl no Ag 587748 / PR).

Se a Fazenda Pública for ré na ação rescisória, aplica-se o art. 188?


SIM. Na ação rescisória, o relator fixa um prazo entre 15 a 30 dias para que o réu apresente resposta (art.
491 do CPC). Se a Fazenda Pública for ré na ação rescisória, o prazo fixado pelo Relator deverá observar o
art. 188 do CPC, de modo que será fixado entre 60 e 120 dias (STJ REsp 363.780/RS).

O art. 188 aplica-se no caso do procedimento sumário?


NÃO. Sendo o procedimento sumário, há regra específica determinando que os prazos serão contados em
dobro (art. 277 do CPC). Assim, quando se tratar de procedimento sumário, se a Fazenda Pública for a ré, o
juiz, ao receber a petição inicial, designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de 60 dias,
citando-se a Fazenda com a antecedência mínima de 20 dias.

O art. 188 aplica-se no caso do prazo conferido pela Lei n. 9.800/99?
NÃO. O art. 2º da Lei n. 9.800/99 prevê que, no caso de contestação ou recurso apresentado por fax, os
originais devem ser entregues em juízo, necessariamente, até 5 dias da data de seu término. Esse prazo de
5 dias não é ampliado por força do art. 188 do CPC. Assim, se, no último dia de seu prazo (60º dia), a
Fazenda Pública apresenta sua contestação por fax, ela terá 5 dias para apresentar os originais, como
qualquer outra parte. (STJ. 2ª Turma. AgRg no Ag 1394188/RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em
03/11/2011)

Se alguém ingressa com uma ação contra a Fazenda Pública e um particular, no polo passivo, como
litisconsortes, qual será o prazo para contestar?
O art. 191 do CPC prevê que, quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão
contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

Nesse caso, o prazo da Fazenda Pública para contestar será em quádruplo (60 dias) e o do particular será
em dobro (30 dias). Vale dizer, o benefício do art. 188 não é somado ao do art. 191. Assim, o benefício de
prazo previsto no art. 188 não é duplicado pelo fato de a Fazenda Pública estar no polo passivo em
litisconsórcio.
(...) quando a Fazenda Pública e/ou Ministério Público forem litisconsortes, terão prazo em quádruplo para
contestar e em dobro para recorrer (art. 188 do CPC), fazendo jus ao benefício do artigo 191 do CPC tão
somente para os demais atos processuais, não contemplados pelo artigo 188 do CPC, ou seja, para, de
modo geral, falar nos autos.
5. Entender de modo diverso seria conferir aos referidos entes públicos (Fazenda Pública e Ministério
Público) uma benesse ainda maior, o que colocaria os particulares em extrema desvantagem processual (...)
(AgRg no AREsp 8.510/ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 27/09/2011, DJe
30/09/2011)

Há benefício de prazo no processo de controle de constitucionalidade?


NÃO. Não há prazo recursal em dobro no processo de controle concentrado de constitucionalidade (RE
670890 AgR, Relator Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 14/08/2012).
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REVELIA E FAZENDA PÚBLICA

Incidem os efeitos materiais da revelia contra o Poder Público na hipótese em que, devidamente citado,
deixa de contestar o pedido do autor, sempre que estiver em litígio uma obrigação de direito privado
firmada pela Administração Pública, e não um contrato genuinamente administrativo.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.084.745-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/11/2012.

DEPÓSITO PRÉVIO DO PREPARO

Súmula 483-STJ: O INSS não está obrigado a efetuar depósito prévio do preparo por gozar das
prerrogativas e privilégios da Fazenda Pública.
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

O INSS goza de isenção de custas e despesas processuais?


Se estiver litigando na Justiça Federal: SIM Se estiver litigando na Justiça Estadual: NÃO
Lei n. 6.830/80 Súmula 178 do STJ:
Art. 39. A Fazenda Pública não está sujeita ao O INSS não goza de isenção do pagamento de custas
pagamento de custas e emolumentos. A prática dos e emolumentos, nas ações acidentárias e de
atos judiciais de seu interesse independerá de benefícios propostas na Justiça Estadual. Isso ocorre
preparo ou de prévio depósito. porque as custas e emolumentos possuem natureza
Parágrafo único. Se vencida, a Fazenda Pública jurídica de taxa. As custas da Justiça Estadual são
ressarcirá o valor das despesas feitas pela parte taxas estaduais; logo, somente uma lei estadual
contrária. poderia isentar o INSS do pagamento dessa taxa,
não podendo uma lei federal prever essa isenção
Obs: o INSS é uma autarquia federal; logo, está (art. 151, III, da CF/88).
abrangida no conceito de Fazenda Pública.

Essa súmula, contudo, não trata de isenção do pagamento de custas ou despesas processuais para o INSS.
Ela afirma apenas que o INSS não precisa fazer o depósito prévio do preparo, podendo fazer apenas ao
final, caso seja vencida.

Em outras palavras, a súmula em questão afirma que se aplica ao INSS o art. 27 do CPC e o art. 1ºA da Lei
n. 9.494/97:
Código de Processo Civil:
Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou da Fazenda
Pública, serão pagas a final pelo vencido.

Lei n. 9.494/97:


Art. 1º-A. Estão dispensadas de depósito prévio, para interposição de recurso, as pessoas jurídicas de
direito público federais, estaduais, distritais e municipais.

E o INSS é equiparado a Fazenda Pública?


SIM, conforme já dito, o INSS é uma autarquia federal, portanto, está englobada dentro do conceito de
Fazenda Pública.

Para que não houvesse qualquer dúvida, o legislador foi expresso na Lei n. 8.620/93:
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Art. 8º O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), nas causas em que seja interessado na condição de
autor, réu, assistente ou opoente, gozará das mesmas prerrogativas e privilégios assegurados à Fazenda
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Pública, inclusive quanto à inalienabilidade e impenhorabilidade de seus bens.

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§ 1º O INSS é isento do pagamento de custas, traslados, preparos, certidões, registros, averbações e
quaisquer outros emolumentos, nas causas em que seja interessado na condições de autor, réu, assistente
ou opoente, inclusive nas ações de natureza trabalhista, acidentária e de benefícios.
§ 2º O INSS antecipará os honorários periciais nas ações de acidente do trabalho.

Em suma, entende o STJ o seguinte:


Sendo o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS autarquia federal equiparada em prerrogativas e
privilégios à Fazenda Pública, nos termos do artigo 8º da Lei nº 8.620/93, não lhe é exigível o depósito
prévio do preparo para fins de interposição de recurso, podendo efetuá-lo ao final da demanda, se vencido
(Código de Processo Civil, artigo 27).
(REsp 1101727/PR, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Corte Especial, julgado em 02/08/2010).

A fim de que não houvesse divergência nas instâncias inferiores sobre o tema, foi editada a presente súmula.

O erro material passível de ser corrigido de ofício (art. 463, I, do CPC) e não sujeito à preclusão é o
reconhecido primu ictu oculi (à primeira vista, de maneira evidente), consistente em equívocos materiais
sem conteúdo decisório propriamente dito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.151.982-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/10/2012.

CUSTAS NO CASO DE CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL

Os Conselhos de Fiscalização Profissional, embora possuam natureza jurídica de autarquia, não estão
isentos do pagamento de custas e do porte de remessa e retorno.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.338.247-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 10/10/2012 (recurso repetitivo).

Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa
jurídica de direito público à qual pertença (Súmula 421/STJ).
Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa
jurídica de direito público que integra a mesma Fazenda Pública.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.102.459-RJ, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJ-RJ),
julgado em 22/5/2012.

Nas ações entre o FGTS e os titulares de contas vinculadas, bem como naquelas em que figurem os
respectivos representantes ou substitutos processuais, HAVERÁ condenação em honorários advocatícios.
O art. 29-C, da Lei n. 8.036/90 (acrescentado pela MP nº 2.164-41, de 2001), que vedava a condenação
em honorários advocatícios, é INCONSTITUCIONAL.
STF. Plenário. RE 581160/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20/6/2012.

A protocolização de petições e recursos deve ser efetuada dentro do horário de expediente regulado pela
lei local (art.172, § 3º, do CPC).
Logo, é intempestivo o recurso protocolizado após o encerramento do expediente, no último dia do
prazo recursal, no regime do plantão judiciário.
STJ. 3ª Turma. AgRg no AREsp 96.048-PI, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/8/2012.
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Súmula 484-STJ: Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente, quando a
interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário.
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

Súmula 490-STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito


controvertido for inferior a 60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

No mandado de segurança, se o impetrante morre, os seus herdeiros não podem se habilitar para
continuar o processo. Assim, falecendo o impetrante, o mandado de segurança será extinto sem
resolução do mérito, ainda que já esteja em fase de recurso. Isso ocorre em razão do caráter
mandamental e da natureza personalíssima do MS.
STF. 1ª Turma. RMS 26806 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 22/5/2012.

Súmula 482-STJ: A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do CPC acarreta a perda da
eficácia da liminar deferida e a extinção do processo cautelar.
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

Na execução de pagar quantia certa (título extrajudicial), o art. 745-A do CPC prevê expressamente a
possibilidade do devedor parcelar em até seis vezes o valor cobrado na execução, desde que depositado
30% do valor e preenchidos os demais requisitos legais.
Apesar de não haver previsão legal expressa, o STJ admite essa possibilidade de parcelamento também
ao devedor no caso de cumprimento de sentença.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.264.272-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2012.

Para que o devedor apresente IMPUGNAÇÃO (na fase de cumprimento de sentença) é necessária a
garantia do juízo, ou seja, é indispensável que haja prévia penhora, depósito ou caução.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.195.929-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 24/4/2012.

A implementação de gratificação no contracheque de servidor público cujo direito foi reconhecido pelo
Poder Judiciário, inclusive em sede de mandado de segurança, deve se dar após o trânsito em julgado da
decisão, nos termos do artigo 2º-B da Lei n. 9.494/1997.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.132.607-RN, Rel. Min. Massami Uyeda, julgados em 7/11/2012.

Se foi tentada a penhora on line e não se conseguiu êxito, novas tentativas de penhora eletrônica somente
serão possíveis se o exequente (credor) apresentar ao juízo provas ou indícios de que a situação econômica
do executado (devedor) foi alterada, isto é, se o exequente indicar que há motivos concretos para se acreditar
que, desta vez, poderá haver valores depositados em contas bancárias passíveis de penhora.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.284.587-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 16/2/2012.
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Súmula 497-STJ: Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Fazenda estadual desde
que coexistam penhoras sobre o mesmo bem.

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STJ. 1ª Seção, 1ª Seção, DJe 13/8/2012.

Súmula 487-STJ: O parágrafo único do art. 741 do CPC não se aplica às sentenças transitadas em julgado
em data anterior à da sua vigência.
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

EXECUÇÃO FISCAL

Existe uma ordem de prioridades na citação do executado na execução fiscal. Inicialmente, deve-se
tentar a citação pelo correio. Se não for possível, deve-se buscar a citação por Oficial de Justiça. Caso esta
também reste infrutífera, realiza-se a citação por edital.
Vale ressaltar, no entanto, que não é necessário o exaurimento de todos os meios para que o Oficial de
Justiça tente localizar o paradeiro do executado para se admitir a citação por edital. O meirinho procura
o devedor em seu domicílio fiscal e, se não o encontrar, a citação por edital é possível.
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 206.770-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 13/11/2012; AgRg no
AREsp 198.239-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/11/2012.

A caracterização de má-fé do terceiro adquirente, ou mesmo a prova do conluio, não é necessária para
caracterização da fraude à execução fiscal. A natureza jurídica do crédito tributário conduz a que a
simples alienação de bens pelo sujeito passivo por quantia inscrita em dívida ativa, sem a reserva de
meios para quitação do débito, gere a presunção absoluta de fraude à execução.
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 241.691/PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/11/2012, DJe
04/12/2012.

Assim, na execução fiscal, para que se presuma a fraude basta que o devedor tenha alienado ou onerado
os bens ou rendas após o débito ter sido inscrito na dívida ativa e fique sem ter patrimônio para pagar a
Fazenda. Não é necessário discutir se houve má-fé do terceiro adquirente.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.341.624-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 6/11/2012.

Na execução judicial da dívida ativa da União, suas autarquias e fundações públicas, a Fazenda Pública,
na própria petição inicial, pode fazer a nomeação dos bens do devedor a serem penhorados. A penhora
desses bens é deferida pelo juiz no momento em que despacha a petição inicial e será efetivada no
mesmo instante em que ocorrer a citação do executado.
Com base nessa previsão, a Fazenda poderá indicar, na petição inicial da execução, a existência de ativos
financeiros e créditos em conta para serem penhorados.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.287.915-BA, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 4/9/2012.

A competência para processar e julgar ação civil pública é absoluta e se dá em função do local onde ocorreu o
dano. STJ. 1ª Seção. AgRg nos EDcl no CC 113.788-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 14/11/2012.

Súmula 489-STJ: Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas
propostas nesta e na Justiça estadual.
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.
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A CF/88 exige que a proposta de emenda constitucional seja discutida e votada, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos de votação (§ 2º do art. 60). O constituinte não exigiu um tempo
mínimo entre as duas votações. Logo, não há violação da CF/88 se estes dois turnos de votação
ocorrerem no mesmo dia, em sessões legislativas diferentes.
A expressão “na data de expedição do precatório” constante no § 2º do art. 100 da CF/88 foi declarada
INCONSTITUCIONAL. O STF entendeu que esta limitação até a data da expedição do precatório viola o
princípio da igualdade e que esta superpreferência deveria ser estendida a todos credores que
completassem 60 anos de idade enquanto estivessem aguardando o pagamento do precatório de
natureza alimentícia. O STF entendeu que os §§ 9º e 10 do art. 100 são INCONSTITUCIONAIS.
Para o Supremo, este regime de compensação obrigatória trazido pelos §§ 9º e 10, ao estabelecer uma
enorme superioridade processual à Fazenda Pública, viola a garantia do devido processo legal, do
contraditório, da ampla defesa, da coisa julgada, da isonomia e afeta o princípio da separação dos Poderes.
O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta
de poupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF.
Logo, com a declaração de inconstitucionalidade do § 12 do art. 100 da CF, o STF também declarou
inconstitucional, por arrastamento (ou seja, por consequência lógica), o art. 5º da Lei n. 11.960/2009,
que deu a redação atual ao art. 1º-F. da Lei n. 9.494/97.
O STF também declarou a inconstitucionalidade da expressão “independentemente de sua natureza”,
presente no § 12 do art. 100 da CF, com o objetivo de deixar claro que, para os precatórios de natureza
tributária se aplicam os mesmos juros de mora incidentes sobre o crédito tributário.
O Supremo declarou inconstitucionais o § 15 do art. 100 da CF/88 e todo o art. 97 do ADCT.
STF. Plenário. ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI 4400/DF, ADI 4357/DF, Min. Luiz Fux, 14/3/2013.

O valor da causa para fins de fixação da competência nos juizados especiais federais, na hipótese de
existência de litisconsórcio ativo, deve ser calculado dividindo-se o montante pelo número de autores.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.257.935-PB, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 18/10/2012.

Não é cabível o ajuizamento da reclamação prevista na Res. n. 12/2009 do STJ contra decisão de Turma
Recursal do Juizado Especial da Fazenda Pública.
STJ. 1ª Seção. Rcl 7.117-RS, Rel. originário Min. Cesar Asfor Rocha, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell
Marques, julgada em 24/10/2012.

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DIREITO PENAL
PRINCIPAIS NOVIDADES LEGISLATIVAS SOBRE DIREITO PENAL DE 2012 E 2013

LEI 12.650/2012 (PRESCRIÇÃO PENAL)

Os termos iniciais da prescrição estão previstos nos incisos do art. 111 do Código Penal:
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o
fato se tornou conhecido.

Este artigo, em sua redação original, traz:


 Uma regra geral para os crimes consumados (ou seja, regra válida para quase todos os crimes
consumados); e
 Uma regra geral para os crimes tentados (ou seja, regra válida para quase todos os crimes tentados);
 Três exceções (ou seja, três regras específicas para alguns tipos de crimes).

As regras e as exceções são as seguintes:

Regra geral no caso de O prazo prescricional começa a correr do dia


crimes consumados em que o crime se CONSUMOU.
Regra geral no caso de O prazo prescricional começa a correr do dia
crimes tentados em que CESSOU A ATIVIDADE CRIMINOSA.

1ª regra específica: O prazo prescricional começa a correr do dia


crimes permanentes em que CESSOU A PERMANÊNCIA.

2ª regra específica: O prazo prescricional começa a correr do dia


crime de bigamia em que O FATO SE TORNOU CONHECIDO.

3ª regra específica: O prazo prescricional começa a correr do dia


crime de falsificação ou alteração em que O FATO SE TORNOU CONHECIDO.
de assentamento do registro civil

Obs: existem outras regras de termo inicial estabelecidas por leis especiais, como a Lei de Falência (p. ex.),
ou por conta de entendimentos jurisprudenciais, como no caso dos crimes habituais. Vamos nos
concentrar, no entanto, apenas nas regras previstas no Código Penal.

O que fez a Lei n. 12.650/2012?


A Lei n. 12.650/2012 acrescentou o inciso V no art. 111 do Código Penal prevendo uma nova regra
específica para o termo inicial da prescrição:

Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
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V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em
legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver
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sido proposta a ação penal.

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4ª regra específica: O prazo prescricional começa a correr do dia
crimes contra a dignidade sexual em que a vítima completar 18 (dezoito) anos,
de crianças e adolescentes salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.

LEI 12.653/2012 (ART. 135-A DO CP)

A Lei n. 12.653/2012 incluiu um novo tipo no Código Penal: o crime de condicionamento de atendimento
médico-hospitalar emergencial.

Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento
prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.

LEI 12.683/2012 (ALTERA A LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO)

INOVAÇÃO 1:
 ANTES: somente havia lavagem de dinheiro se a ocultação ou dissimulação fosse de bens, direitos ou
valores provenientes de um crime antecedente.
 AGORA: haverá lavagem de dinheiro se a ocultação ou dissimulação for de bens, direitos ou valores
provenientes de um crime ou de uma contravenção penal. Desse modo, a lavagem de dinheiro
continua a ser um crime derivado, mas agora depende de uma infração penal antecedente, que pode
ser um crime ou uma contravenção penal.

INOVAÇÃO 2:
 ANTES: a lei brasileira listava um rol de crimes antecedentes para a lavagem de dinheiro fazendo com
que o Brasil, segundo a doutrina majoritária, estivesse enquadrado nas legislações de segunda geração.
 AGORA: qualquer infração penal pode ser antecedente da lavagem de dinheiro. A legislação brasileira
de lavagem passa para a terceira geração.

INOVAÇÃO 3:
 ANTES: a Lei de Lavagem afirmava que havia uma autonomia entre o julgamento da lavagem e do crime
antecedente, não esclarecendo se esta autonomia era absoluta ou relativa nem o juízo responsável por
decidir a unificação ou separação dos processos.
 AGORA: a alteração deixou claro que a autonomia entre o julgamento da lavagem e da infração penal
antecedente é relativa, de modo que a lavagem e a infração antecedente podem ser julgadas em
conjunto ou separadamente, conforme se revelar mais conveniente no caso concreto, cabendo ao juiz
competente para o crime de lavagem decidir sobre a unidade ou separação dos processos.

INOVAÇÃO 4:
 ANTES: a Lei n. 9.683/98 não explicitava se havia o crime de lavagem no caso de estar extinta a
punibilidade da infração penal antecedente.
 AGORA: a alteração trouxe regra expressa no sentido de que poderá haver o crime de lavagem ainda
que esteja extinta a punibilidade da infração penal antecedente. Vale ressaltar que já havia julgado do
STJ nesse sentido, a despeito da omissão legal. A inovação, contudo, é produtiva para que não haja
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qualquer dúvida quanto a esse aspecto.


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INOVAÇÃO 5:
 ANTES: a Lei n. 9.683/98 afirmava simplesmente que o art. 366 do CPP não se aplicava aos processos
de lavagem de dinheiro, sem explicar qual seria o regramento a ser adotado.
 AGORA: a alteração reafirmou que não se aplica o art. 366 do CPP à lavagem de dinheiro, deixando
claro que, se o acusado não comparecer nem constituir advogado, será nomeado a ele defensor dativo,
prosseguindo normalmente o feito até o julgamento.

INOVAÇÃO 6:
Tornou mais clara a redação do art. 4º da LLD, que trata sobre as medidas assecuratórias de bens, direitos
ou valores:
 A redação original da Lei mencionava que o juiz poderia decretar a apreensão ou o sequestro de bens,
direitos ou valores. Por conta dessa menção restrita à apreensão e ao sequestro, havia divergência na
doutrina se seria possível o juiz determinar também a hipoteca legal e o arresto. A nova Lei acaba com
a polêmica considerando que afirma que o juiz poderá decretar medidas assecuratórias, terminologia
mais ampla que pode ser vista como um gênero que engloba todas essas espécies de medidas
cautelares.
 A nova Lei deixa claro que podem ser objeto das medidas assecuratórias os bens, direitos ou valores
que estejam em nome do investigado (antes da ação penal), do acusado (após a ação penal) ou de
interpostas pessoas.
 A nova Lei deixa expresso que somente podem ser objeto de medidas assecuratórias os bens, direitos
ou valores que sejam instrumento, produto ou proveito do crime de lavagem ou das infrações penais
antecedentes.

INOVAÇÃO 7:
 ANTES: a Lei previa que o sequestro e a apreensão deveriam ser levantadas se a denúncia não fosse
oferecida no prazo de 120 dias.
 AGORA: foi revogada essa previsão. No caso do sequestro, o CPP prevê que ele será levantado se a
ação penal não for intentada no prazo de 60 dias. Essa regra agora deve ser aplicada também aos
processos de lavagem de dinheiro.

INOVAÇÃO 8:
 ANTES: não havia previsão expressa de alienação antecipada para os processos de lavagem de dinheiro.
 AGORA: a Lei de Lavagem de Dinheiro passou prever, de forma expressa e ampla, a possibilidade de
alienação antecipada sempre que os bens objeto de medidas assecuratórias estiverem sujeitos a
qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para a sua manutenção.

INOVAÇÃO 9:
 ANTES: se a parte prejudicada conseguisse provar que os bens, direitos ou valores apreendidos ou
sequestrados possuíam origem lícita eles deveriam ser restituídos.
 AGORA: mesmo se a parte conseguir provar que os bens, direitos ou valores constritos possuem origem
lícita, ainda assim eles podem permanecer indisponíveis no montante necessário para reparação dos
danos e para o pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.
Em outras palavras, o simples fato de ter origem lícita não autoriza a liberação de bens apreendidos.

INOVAÇÃO 10:
 ANTES: não havia previsão expressa de constrição de bens para custear a reparação dos danos
decorrente da infração ou para pagamento de prestação pecuniária, multas e custas, o que gerava
divergências na doutrina e jurisprudência.
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 AGORA: há previsão expressa de que sejam decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou
valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou do crime de lavagem ou
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ainda para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas do processo.

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INOVAÇÃO 11:
 ANTES: o art. 7º, I, previa, como efeito da condenação, o perdimento de bens, direitos e valores que
tinham sido objeto de lavagem de dinheiro.
 AGORA: a nova redação do art. 7º, I é mais ampla e prevê, como efeito da condenação, o perdimento
de bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática de lavagem de dinheiro,
inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança. A nova Lei aumenta, assim, as possibilidades de
perdimento.

INOVAÇÃO 12:
 ANTES: o art. 7º, I, previa que o perdimento dos bens, direitos e valores objetos de lavagem de dinheiro
ocorria sempre em favor da União.
 AGORA: a nova redação do art. 7º, I prevê que o perdimento dos bens, direitos e valores relacionados
com a lavagem de dinheiro pode ocorrer em favor da União ou do Estado.
O perdimento será em favor da União se o crime de lavagem, no caso concreto, for de competência federal.
Por outro lado, o perdimento será revertido para o respectivo Estado se o processo criminal por lavagem,
na situação específica, for de competência da Justiça Estadual.

INOVAÇÃO 13:
 ANTES: a Lei previa esta obrigação para as pessoas físicas apenas em algumas situações específicas,
como as trazidas pelos incisos IX a XII do parágrafo único do art. 9º.
 AGORA: a Lei prevê, de forma genérica, que todas as pessoas físicas que trabalham com as atividades
listadas no art. 9º estão sujeitas às obrigações previstas nos arts. 10 e 11.

INOVAÇÃO 14:
 AGORA: os incisos I, X e XII do parágrafo único do art. 9º tiveram sua redação modificada e foram
incluídas seis novas atividades (incisos XIII a XVIII) cujas pessoas que as exercem passam a ter as
obrigações previstas nos arts. 10 e 11 da Lei de Lavagem.

INOVAÇÃO 15:
 A Lei ampliou as obrigações previstas no art. 10 da Lei de Lavagem e que devem ser cumpridas pelas
pessoas de que trata o art. 9º.

LEI 12.737/2012 (INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO)

Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante
violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para
obter vantagem ilícita:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

PRINCIPAIS JULGADOS SOBRE DIREITO PENAL DE 2012 E 2013

Descaminho
O descaminho é também considerado um crime contra a ordem tributária, apesar de estar previsto no art.
334 do Código Penal e não na Lei n. 8.137/90.
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Desse modo, aplica-se o princípio da insignificância ao crime de descaminho.


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Crimes ambientais
Admite-se o princípio da insignificância no caso de crimes ambientais. Esta é a posição do STF (HC
112563/SC) e do STJ (AgRg no REsp 1320020/RS).

Contrabando
Não se aplica o princípio da insignificância no caso de contrabando, tendo em vista o desvalor da conduta
do agente (HC 110964, Relator Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, julgado em 07/02/2012).

Não se aplica o princípio da insignificância ao:


 Estelionato contra o INSS (estelionato previdenciário)
 Estelionato envolvendo FGTS
 Estelionato envolvendo o seguro-desemprego

É CONSTITUCIONAL a aplicação da reincidência como agravante da pena em processos criminais (art. 61,
I, do CP).
STF. Plenário. RE 453000/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 4/4/2013.

É possível haver homicídio qualificado praticado com dolo eventual?


• No caso das qualificadoras do motivo fútil e/ou torpe: SIM
• No caso de qualificadoras de meio: NÃO
STF. 2ª Turma. HC 111442/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 28/8/2012.

A materialidade do crime de homicídio pode ser demonstrada por meio de outras provas, além do exame
de corpo de delito, como a confissão do acusado e o depoimento de testemunhas.
Assim, nos termos do art. 167 do CPP, a prova testemunhal pode suprir a falta do exame de corpo de
delito, caso desaparecidos os vestígios.
STJ. 6ª Turma. HC 170.507-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/2/2012.

A ausência do laudo pericial não impede que a materialidade do delito de lesão corporal de natureza
grave seja reconhecida por outros meios, como testemunhas e relatórios de atendimento hospitalar.
STF. 2ª Turma. HC 114567/ES, rel. Min. Gilmar Mendes, 16/10/2012.

I – Ocorre concurso formal quando o agente, mediante uma só ação, pratica crimes de roubo contra
vítimas diferentes, eis que caracterizada a violação a patrimônios distintos.
II – Não é possível aplicar o crime continuado para o caso de réu que apresenta reiteração criminosa a
indicar que se trata de delinquente habitual ou profissional.
III – É possível a condenação simultânea pelos crimes de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo
(art. 157, § 2º, I, do CP) e formação de quadrilha armada (art. 288, parágrafo único, do CP), não havendo
aí bis in idem. Isso porque não há nenhuma relação de dependência ou subordinação entre as referidas
condutas delituosas e porque elas visam bens jurídicos diversos.
STF. 2ª Turma. HC 113413/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16/10/2012.

É necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que incida a majorante do
art. 157, § 2º, I, do Código Penal?
NÃO. O reconhecimento da referida causa de aumento prescinde (dispensa) da apreensão e da realização
de perícia na arma, desde que o seu uso no roubo seja provado por outros meios de prova, tais como a
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palavra da vítima ou mesmo de testemunhas.


STF. 1ª Turma. HC 108034/MG, rel. Min. Rosa Weber, 7/8/2012.
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No entanto, se a arma é apreendia e periciada, sendo constatada a sua inaptidão para a produção de
disparos, neste caso, não se aplica a majorante do art. 157, § 2º, I, do CP, sendo considerado roubo
simples (art. 157, caput, do CP). O legislador, ao prever a majorante descrita no referido dispositivo,
buscou punir com maior rigor o indivíduo que empregou artefato apto a lesar a integridade física do
ofendido, representando perigo real, o que não ocorre na hipótese de instrumento notadamente sem
potencialidade lesiva. Assim, a utilização de arma de fogo que não tenha potencial lesivo afasta a
mencionada majorante, mas não a grave ameaça, que constitui elemento do tipo “roubo” na sua forma
simples.
STJ. 6ª Turma. HC 247.669-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 4/12/2012.

Se um maior de idade pratica o roubo juntamente com um inimputável, esse roubo será majorado pelo
concurso de pessoas (art. 157, § 2º do CP).
A participação do menor de idade pode ser considerada com o objetivo de caracterizar concurso de
pessoas para fins de aplicação da causa de aumento de pena no crime de roubo.
STF. 1ª Turma. HC 110425/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 5/6/2012.
STJ. 6ª Turma. HC 150.849/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/08/2011.

A “cola eletrônica”, antes do advento da Lei n. 12.550/2011, era uma conduta atípica, não configurando o
crime de estelionato.
STJ. 5ª Turma. HC 245.039-CE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 9/10/2012.

O estelionato previdenciário é crime “permanente” ou “instantâneo de efeitos permanentes”?


• Quando praticado pelo próprio beneficiário: é PERMANENTE.
• Quando praticado por terceiro diferente do beneficiário: é INSTANTÂNEO de efeitos permanentes.
STF. 1ª Turma. HC 102049, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/11/2011.
STJ. 6ª Turma. HC 190.071/RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 02/05/2013.

Se a pessoa, após a morte do beneficiário, passa a receber mensalmente o benefício em seu lugar,
mediante a utilização do cartão magnético do falecido, pratica o crime de estelionato previdenciário (art.
171, § 3º, do CP) em continuidade delitiva.
Segundo o STJ, nessa situação, não se verifica a ocorrência de crime único, pois a fraude é praticada
reiteradamente, todos os meses, a cada utilização do cartão magnético do beneficiário já falecido. Assim,
configurada a reiteração criminosa nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, tem
incidência a regra da continuidade delitiva prevista no art. 71 do CP.
A hipótese, ressalte-se, difere dos casos em que o estelionato é praticado pelo próprio beneficiário e
daqueles em que o não beneficiário insere dados falsos no sistema do INSS visando beneficiar outrem;
pois, segundo a jurisprudência do STJ e do STF, nessas situações, o crime deve ser considerado único, de
modo a impedir o reconhecimento da continuidade delitiva.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.282.118-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/2/2013.

No delito de receptação, os bens pertencentes aos Correios (ECT) recebem o mesmo tratamento que os
da União e, por isso, caso a receptação envolva tais bens, é cabível a majoração da pena prevista no § 6º
do art. 180 do CP.
STF. 1ª Turma. HC 105542/RS, rel. Min. Rosa Weber, 17/4/2012.

O ato de vender ou expor à venda CDs e DVDs falsificados é conduta formal e materialmente típica,
estando prevista no art. 184, § 2º, do Código Penal.
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Assim, não se pode alegar que tal conduta deixou de ser crime por conta do princípio da adequação
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social.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.193.196-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/9/2012

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Para que seja configurado o crime de denunciação caluniosa exige-se dolo direto.
Não há crime de denunciação caluniosa caso o agente tenha agido com dolo eventual.
STF. 2ª Turma. HC 106466/SP, rel. Min. Ayres Britto, 14/2/2012.

A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal é aplicada aos agentes detentores de
mandato eletivo (agentes políticos).
STF. 2ª Turma. RHC 110513/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 29/5/2012.

O uso de documento falso é absorvido pelo crime de sonegação fiscal quando constitui meio/caminho
necessário para a sua consumação.
Constitui mero exaurimento do delito de sonegação fiscal a apresentação de recibo ideologicamente
falso à autoridade fazendária, no bojo de ação fiscal, como forma de comprovar a dedução de despesas
para a redução da base de cálculo do imposto de renda de pessoa física.
STJ. 5ª Turma. HC 131.787-PE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/8/2012.

Não há ilegalidade na autorização de interceptação telefônica, busca e apreensão e quebra de sigilo


bancário e fiscal, antes do lançamento do crédito tributário, quando as medidas investigatórias são
autorizadas para apuração dos crimes de quadrilha e falsidade ideológica, também imputados ao
investigado.
STJ. 5ª Turma. HC 148.829-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/8/2012.

O porte de arma de fogo desmuniciada configura crime.


STF. 2ª Turma. HC 96759/CE, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 28/2/2012.
STJ. 5ª Turma. HC 184.557/MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, julgado em 07/02/2012.

A posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada da arma) configura crime. Isso porque
tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja caracterização não importa o resultado
concreto da ação.
STF. 2ª Turma. HC 113295/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 13/11/2012.

Se a arma de fogo é encontrada no interior do caminhão dirigido por motorista profissional, trata-se de
crime de porte de arma de fogo (art. 14 do Estatuto do Desarmamento).
O veículo utilizado profissionalmente NÃO pode ser considerado “local de trabalho” para tipificar a
conduta como posse de arma de fogo de uso permitido (art. 12).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.219.901-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/4/2012.

A posse legal de armas de fogo deve dar-se em conformidade com o Estatuto do Desarmamento e seu
decreto regulamentador. Uma das exigências do Estatuto do Desarmamento é que os proprietários de
armas de fogo façam seu registro no órgão competente. No caso de armas de fogo de uso restrito este
registro deve ser feito no Comando do Exército (art. 3º, parágrafo único, da Lei).
Mesmo que o indivíduo possua autorização para portar armas de fogo por conta do cargo que ocupa (ex:
magistrado), ele deverá obedecer à legislação que rege o tema e fazer o registro da arma no órgão
competente.
STF. 2ª Turma. HC 110697/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 25/9/2012.
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No caso do crime previsto no art. 89 da Lei n. 8.666/93, exige-se:


a) que tenha havido resultado danoso (dano ao erário) para que ele se consuma (trata-se de crime
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material);

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b) que o agente tenha elemento subjetivo especial (“dolo específico”), consistente na intenção de violar
as regras de licitação.
STJ. Corte Especial. APn 480-MG, Rel. originária Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min.
Cesar Asfor Rocha, julgado em 29/3/2012.

Qual é o regime inicial de cumprimento de pena do réu que for condenado por crime hediondo ou
equiparado?
O regime inicial nas condenações por crimes hediondos ou equiparados (como é o caso do tráfico de
drogas) não tem que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser também o regime semiaberto ou
aberto, desde que presentes os requisitos do art. 33, § 2º, alíneas “b” e “c”, do Código Penal.
STF. Plenário. HC 111840/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 27/6/2012.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.285.631-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 24/10/2012.

A ausência de apreensão da droga não torna a conduta atípica se existirem outros elementos de prova
aptos a comprovarem o crime de tráfico.
STJ. 6ª Turma. HC 131.455-MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 2/8/2012.

Para que fique caracterizado o crime de associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343/2006) exige-se
que o agente tenha o dolo de se associar com PERMANÊNCIA e ESTABILIDADE.
Dessa forma, é atípica a conduta se não houver ânimo associativo permanente (duradouro), mas apenas
esporádico (eventual).
STJ. 6ª Turma. HC 139.942-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2012.

DIREITO PROCESSUAL PENAL


PRINCIPAIS NOVIDADES LEGISLATIVAS SOBRE DIREITO PROCESSUAL PENAL DE 2012

LEI 12.654/2012
A Lei 12.654/2012 prevê a possibilidade de ser realizada uma nova espécie de identificação criminal, qual
seja, a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético.

Espécies de identificação
1) Identificação civil 2) Identificação criminal
É a pessoa que possui um dos documentos de Existem três espécies:
identificação civil previstos no art. 2º da Lei a) Identificação fotográfica
n. 12.037/2009 (exs: carteira de identidade, b) Identificação dactiloscópica (digitais)
de trabalho, passaporte etc.). c) Coleta de material biológico para a
obtenção do perfil genético.
Obs: esta última foi acrescentada pela Lei n.
12.654/2012.
A regra constitucional é a de que a pessoa que for civilmente identificada não será submetida
à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei (art. 5º, LVIII). A Lei que traz essas
hipóteses é a Lei n. 12.037/2009.

A Lei n. 12.654/2012, para permitir a identificação criminal mediante a coleta de material biológico,
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alterou duas leis:


 Lei n. 12.037/09 (Lei de Identificação Criminal);
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 Lei n. 7.210/84 (Lei de Execuções Penais).

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Em que hipóteses a nova Lei permitiu a coleta de material biológico da pessoa para a obtenção do perfil
genético?
Foram previstas duas hipóteses:
 durante as investigações para apurar a autoria de crime;
 quando o réu já tiver sido condenado pela prática de determinados crimes.
Vejamos um quadro comparativo entre as duas hipóteses de coleta de material biológico:

Situações em que é possível a coleta de material biológico da pessoa


para a obtenção do seu perfil genético
1ª Hipótese: 2ª Hipótese
A coleta somente pode ocorrer durante as A coleta somente pode ocorrer após a
investigações (antes de ser ajuizada a ação condenação do réu.
penal)
Não importa o crime pelo qual a pessoa A coleta somente é permitida se o réu foi
esteja sendo investigada. condenado:
 por crime doloso praticado com violência
de natureza grave contra pessoa; ou
 por qualquer crime hediondo.
Somente ocorre se se essa prova for essencial É obrigatória por força de lei.
às investigações policiais. O objetivo é o de armazenar a identificação
O objetivo é elucidar o crime específico que do perfil genético do condenado em um
está sendo investigado. banco de dados sigiloso.
A coleta é determinada por decisão judicial Não necessita de autorização judicial.
fundamentada, proferida de ofício, ou A coleta é feita como providência automática
mediante representação da autoridade decorrente da condenação.
policial, do MP ou da defesa.
Prevista no parágrafo único do art. 5º da Lei Prevista no art. 9º-A da LEP (inserido pela Lei
n. 12.037/2009 (inserido pela Lei n. n. 12.654/2012).
12.654/2012).

LEI 12.694/2012 (JULGAMENTO COLEGIADO EM PRIMEIRO GRAU DE CRIMES PRATICADOS POR


ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS)

A Lei n. 12.694/2012 estabelece que:


- em processos ou procedimentos
- relativos a crimes praticados por organizações criminosas
- o juiz da causa poderá instaurar um colegiado de 3 juízes (ele e mais outros 2)
- para a prática de qualquer ato desse processo.

O colegiado é formado por 3 (três) magistrados:


 o juiz natural do processo; e
 mais 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal em
exercício no primeiro grau de jurisdição.
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Reuniões do colegiado poderão ser sigilosas


A Lei determina, em seu art. 1º, § 4º:
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§ 4º As reuniões poderão ser sigilosas sempre que houver risco de que a publicidade resulte em prejuízo à
eficácia da decisão judicial.

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Decisões do colegiado
Art. 1º (...)
§ 6º As decisões do colegiado, devidamente fundamentadas e firmadas, sem exceção, por todos os seus
integrantes, serão publicadas sem qualquer referência a voto divergente de qualquer membro.

Conceito de organização criminosa


A Lei n. 12.694/2012 traz uma definição de organização criminosa:
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais
pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes
cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional.

Alienação antecipada (IMPORTANTE)


A Lei n. 12.694/2012 alterou o CPP acrescentando o art. 144-A e possibilitando a alienação antecipada de
todos os bens apreendidos sempre que:
• estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação; ou
• quando houver dificuldade para sua manutenção.

Art. 144-A. O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que
estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua
manutenção.

Medidas de segurança para os prédios do Poder Judiciário


Com o propósito de garantir maior segurança, aos magistrados, servidores e ao público em geral, a Lei n.
12.694/2012 estabelece, em seu art. 3º, medidas de segurança que podem ser adotadas quanto aos
prédios que abrigam órgãos do Poder Judiciário:

Art. 3º Os tribunais, no âmbito de suas competências, são autorizados a tomar medidas para reforçar a
segurança dos prédios da Justiça, especialmente:
I - controle de acesso, com identificação, aos seus prédios, especialmente aqueles com varas criminais, ou
às áreas dos prédios com varas criminais;
II - instalação de câmeras de vigilância nos seus prédios, especialmente nas varas criminais e áreas
adjacentes;
III - instalação de aparelhos detectores de metais, aos quais se devem submeter todos que queiram ter
acesso aos seus prédios, especialmente às varas criminais ou às respectivas salas de audiência, ainda que
exerçam qualquer cargo ou função pública, ressalvados os integrantes de missão policial, a escolta de
presos e os agentes ou inspetores de segurança próprios.

Placas com numeração descaracterizada


Com o intuito de garantir a segurança de magistrados e membros do MP que atuem em processos
criminais, a Lei prevê que os veículos utilizados por membros do Judiciário e do MP que atuem em
processos criminais poderão, temporariamente, ter placas especiais, de forma a impedir a identificação de
seus usuários.
Essa providência somente pode ser adotada em casos excepcionais e após autorização específica e
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fundamentada da Corregedoria.
O órgão de trânsito deverá ser comunicado sobre a utilização dessa placa especial.
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A Lei estabelece que o CNJ, o CNMP e o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) deverão expedir
regulamento conjunto disciplinando esse tema.

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A previsão é de pouca ou nenhuma eficácia considerando que o crime organizado não identifica o veículo
do juiz ou do membro do Ministério Público pela placa, havendo inúmeras outras formas de se descobrir o
veículo por ele utilizado. Ademais, se for realmente crime organizado, os criminosos sabem onde o
magistrado ou membro do Ministério Público reside, onde seus filhos estudam, onde sua esposa trabalha.

Porte de arma de fogo para servidores do Poder Judiciário e do MP que exerçam funções de segurança
Ainda com o objetivo de aumentar a segurança de magistrados e membros do Ministério Público, a Lei n.
12.694/2012 alterou o Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003) para permitir que os servidores do
Poder Judiciário e do MP que estejam no efetivo exercício de funções de segurança possam portar arma de
fogo quando estiverem em serviço.

Proteção ao magistrado, ao membro do MP ou a seus familiares em caso de situações de risco


A Lei prevê que, se o juiz ou o membro do Ministério Público estiver exposto a alguma situação de risco
decorrente do exercício de sua função, esse fato deverá ser comunicado à polícia, que avaliará a adoção ou
não de medidas de proteção. Confira o texto legal:
Art. 9º Diante de situação de risco, decorrente do exercício da função, das autoridades judiciais ou
membros do Ministério Público e de seus familiares, o fato será comunicado à polícia judiciária, que
avaliará a necessidade, o alcance e os parâmetros da proteção pessoal.

LEI 12.736/2012
A Lei n. 12.736/2012 estabeleceu que o exame da detração deve ser feito já pelo juiz do processo de
conhecimento, ou seja, pelo magistrado que condenar o réu.
Dessa forma, foi imposto um novo dever ao juiz na sentença condenatória, qual seja, o de analisar se o réu
ficou preso provisoriamente, preso administrativamente ou internado no curso do processo e, caso tenha
ficado, esse tempo deverá ser descontado, pelo magistrado, da pena imposta ao condenado.

Quadro comparativo:

ANTES da Lei n. 12.736/2012 DEPOIS da Lei n. 12.736/2012


A detração era realizada pelo juiz das execuções A detração é realizada pelo juiz do processo de
penais. conhecimento, no momento em que proferir a
sentença condenatória.
Obs: o juízo das execuções penais continua tendo a
possibilidade de fazer a detração, mas de forma
subsidiária.
Na prolação da sentença, o juiz não examinava se o Na prolação da sentença, o juiz tem o dever de
condenado possuía direito à detração. fazer a detração.
O regime inicial de cumprimento da pena era fixado Na fixação do regime inicial o juiz deverá descontar,
com base na pena total imposta (sem considerar da pena imposta, o tempo de prisão provisória, de
eventual direito à detração). prisão administrativa ou de internação do
condenado.
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PRINCIPAIS JULGADOS SOBRE DIREITO PROCESSUAL PENAL DE 2012 E 2013

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É possível que a autoridade policial realize a condução coercitiva do investigado até a Delegacia de
Polícia para que preste esclarecimentos.
STF. 1ª Turma. HC 107644/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.9.2011.

O Ministério Público pode realizar diretamente a investigação de crimes.


No exercício de investigação criminal, o membro do Ministério Público pode requerer ao juízo a
interceptação telefônica dos investigados.
A eventual escuta e posterior transcrição das interceptações pelos servidores do Ministério Público não
têm o condão de macular a mencionada prova, pois não passa de mera divisão de tarefas dentro do
próprio órgão, o que não retira do membro que conduz a investigação a responsabilidade pela condução
das diligências.
STJ. 5ª Turma. HC 244.554-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 9/10/2012.

Nos crimes de autoria coletiva, não é necessária a descrição MINUCIOSA e INDIVIDUALIZADA da ação de
cada acusado.
Basta que o MP narre as condutas delituosas e a suposta autoria, com elementos suficientes para
garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório.
Embora não seja necessária a descrição PORMENORIZADA da conduta de cada denunciado, o Ministério
Público deve narrar qual é o vínculo entre o denunciado e o crime a ele imputado, sob pena de ser a
denúncia inepta.
STJ. 5ª Turma. HC 214.861-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 28/2/2012.

Determinada pessoa comete peculato (art. 312 do CP) contra a Administração Pública estadual,
apropriando-se indevidamente de certas quantias, delito de competência da Justiça Estadual.
Esse indivíduo omite o recebimento de tais rendimentos na declaração do imposto de renda, cometendo,
assim, crime de sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei n. 8.137/90), de competência da Justiça Federal.
Entre esses dois delitos há uma conexão instrumental, probatória ou processual (art. 76, III, do CPP),
razão pela qual deverão ser julgados conjuntamente.
Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal
e estadual (Súmula 122 do STJ).
É de se ressaltar que a competência da Justiça Federal permanece mesmo estando a ação penal pelo
crime contra a ordem tributária suspensa, em razão da adesão ao REFIS (parcelamento da dívida
tributária), porquanto aplica-se, por analogia, o disposto no art. 81, caput, do CPP.
STJ. 3ª Seção. CC 121.022-AC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/10/2012.

Imagine que “X” foi preso trazendo mercadoria proibida do exterior (contrabando) e, durante a busca, foi
encontrado um revólver que lhe pertencia. Não há conexão entre estes crimes. Logo, deverão ser
julgados separadamente. Assim, o contrabando será julgado pela Justiça Federal e o porte de arma de
fogo pela Justiça Estadual.
STJ. 3ª Seção. CC 120.630-PR, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE),
julgado em 24/10/2012.

Imagine que “A” foi preso trazendo consigo maconha e dinheiro falso. Não há conexão entre estes
crimes. Logo, deverão ser julgados separadamente. Assim, o tráfico de drogas será julgado pela Justiça
Estadual e o delito de moeda falsa pela Justiça Federal.
STJ. 3ª Seção. CC 116.527-BA, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/4/2012.
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A competência da Justiça Federal para processar e julgar ações penais de delitos praticados contra
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indígena somente ocorre quando o processo versa sobre questões ligadas à cultura e aos direitos sobre
suas terras, ou, ainda, na hipótese de genocídio.

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STJ. 3ª Seção. CC 38.517-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 24/10/2012.

Crimes contra a honra praticados pelas redes sociais da internet: competência da JUSTIÇA ESTADUAL
(regra geral)
STJ. CC 121.431-SE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/4/2012.

Divulgação de imagens pornográficas de crianças e adolescentes em página da internet: competência da


JUSTIÇA FEDERAL
STJ. 3ª Seção. CC 120.999-CE, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE),
julgado em 24/10/2012.

Troca, por e-mail, de imagens pornográficas de crianças entre duas pessoas residentes no Brasil:
competência da JUSTIÇA ESTADUAL
STJ. 3ª Seção. CC 121215/PR, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ/PE),
julgado em 12/12/2012.

Crime de redução à condição análoga à de escravo: competência da Justiça Federal.


RE 541627, Relatora Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, julgado em 14/10/2008.

Competência no caso de crimes cometidos contra agências dos Correios:


Agência própria: competência da Justiça Federal.
Agência franqueada: competência da Justiça Estadual.
Agência comunitária: competência da Justiça Federal.
STJ. 3ª Seção. CC 122.596-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 8/8/2012.

Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar crime de estelionato cometido por
particular contra particular, ainda que a vítima resida no estrangeiro, na hipótese em que, além de os
atos de execução do suposto crime terem ocorrido no Brasil, não exista qualquer lesão a bens, serviços
ou interesses da União.
STJ. 3ª Seção. CC 125.237-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 4/2/2013.

Competência no caso de ações envolvendo o FUNDEF


I – Ação PENAL: a competência será sempre da Justiça Federal.
II – Ação de IMPROBIDADE:
• Se houve complementação de recursos pela União: competência da Justiça Federal.
• Se não houve complementação de recursos pela União: competência da Justiça Estadual.
STF. 2ª Turma. HC 100772/GO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/11/2011.
STJ. 3ª Seção. CC 123.817-PB, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/9/2012.

A competência para o processo e julgamento de crimes contra a saúde pública, dentre eles o art. 273, §
1º-B, I, do CP é concorrente aos entes da Federação (União e Estados).
Somente se constatada a internacionalidade da conduta, firma-se a competência da Justiça Federal para
o cometimento e processamento do feito.
STJ. 3ª Seção. CC 119.594-PR, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE),
julgado em 12/9/2012.
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Compete à Justiça Federal o julgamento de crime consistente na apresentação de Certificado de Registro


e Licenciamento de Veículo (CRLV) falso à Polícia Rodoviária Federal.
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STJ. 3ª Seção. CC 124.498-ES, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE),
julgado em 12/12/2012.

Em regra, cabe à Justiça Estadual processar e julgar os crimes contra o meio ambiente, excetuando-se
apenas os casos em que se demonstre interesse jurídico direto e específico da União, suas autarquias e
fundações.
STJ. 3ª Seção. AgRg no CC 115.159-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/6/2012.

O réu, por meio de fraude, obteve, para si, um benefício previdenciário que era pago em agência do INSS
localizada no Estado “A”. Depois de algum tempo recebendo, o benefício foi transferido para uma
agência do INSS no Estado “B”, quando, então, foi descoberta a fraude.
A competência para julgar este estelionato previdenciário será da Justiça Federal do Estado “A”.
Segundo decidiu o STJ, no caso de ação penal destinada à apuração de estelionato praticado mediante
fraude para a concessão de aposentadoria, é competente o juízo do lugar em que situada a agência onde
inicialmente recebido o benefício, ainda que este, posteriormente, tenha passado a ser recebido em
agência localizada em município sujeito a jurisdição diversa.
STJ. 3ª Seção. CC 125.023-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/3/2013.

A competência originária por prerrogativa de função dos titulares de mandatos eletivos firma-se a partir
da diplomação.
STJ. 5ª Turma. HC 233.832-PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/9/2012.

O foro especial por prerrogativa de função não se estende a magistrados aposentados.


Desse modo, após se aposentar, o magistrado (seja ele juiz, Desembargador, Ministro) perde o direito ao
foro por prerrogativa de função, mesmo que o fato delituoso tenha ocorrido quando ele ainda era
magistrado. Assim, deverá ser julgado pela 1ª instância.
STF. Plenário. RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 22/3/2012.

É válida a descoberta da autoria de crimes praticados pela internet mediante acesso, pelas autoridades, a
dados mantidos em computador de lan house utilizado pelo agente.
Vale ressaltar que o acesso ao computador não revelou o conteúdo da comunicação criminosa, mas
somente quem foi o autor das comunicações. O teor das correspondências já tinha sido tornado público
pelas pessoas que receberam as mensagens e as mostraram às autoridades.
Não é necessária prévia ordem judicial e consentimento do usuário temporário do computador quando,
cumulativamente, o acesso pela investigação não envolve o próprio conteúdo da comunicação e é
autorizado pelo proprietário da lan house, uma vez que é este quem possui a disponibilidade dos dados
neles contidos.
STF. 1ª Turma. HC 103425/AM, rel. Min. Rosa Weber, 26/6/2012.

Não é necessário mandado judicial para que seja realizada a busca por objetos em interior de veículo de
propriedade do investigado quando houver fundadas suspeitas de que a pessoa esteja na posse de
material que possa constituir corpo de delito.
Será, no entanto, indispensável o mandado quando o veículo for utilizado para moradia do investigado,
como é o caso de cabines de caminhão, barcos, trailers.
STJ. 6ª Turma. HC 216.437-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/9/2012.
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Os §§ 6º e 7º do art. 7º do Estatuto da OAB preveem que documentos, mídias e objetos pertencentes a


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clientes do advogado investigado, bem como demais instrumentos de trabalho que contenham
informações sobre clientes, somente poderão ser utilizados caso estes clientes estejam sendo

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formalmente investigados como partícipes ou coautores pela prática do mesmo crime que deu causa à
quebra de inviolabilidade.
STJ. 6ª Turma. HC 227.799-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/4/2012.

É ilícita a gravação de conversa informal entre os policiais e o conduzido ocorrida quando da lavratura do
auto de prisão em flagrante, se não houver prévia comunicação do direito de permanecer em silêncio.
STJ. 6ª Turma. HC 244.977-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 25/9/2012.

Se o réu confessa o crime, mas suas declarações não representam efetiva colaboração com a investigação
policial e com o processo criminal nem fornecem informações eficazes para a descoberta da trama
delituosa, ele não terá direito ao benefício da delação premiada.
STJ. 6ª Turma. HC 174.286-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/4/2012.

A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só podendo ser determinada quando não houver
outro meio para se apurar os fatos tidos por criminosos, nos termos do art. 2º, inc. II, da Lei n.
9.296/1996.
Desse modo, é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia
anônima”.
STF. Segunda Turma. HC 108147/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 11/12/2012.

Se uma autoridade com foro privativo mantém contato telefônico com pessoa que está com seu telefone
“grampeado” por decisão de juiz de 1ª instância, a gravação dessas conversas NÃO é nula por violação ao
foro por prerrogativa de função considerando que não era a autoridade quem estava sendo interceptada.
STJ. 6ª Turma. HC 227.263-RJ, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Des. convocado do TJ-RS), julgado em
27/3/2012.

Segundo o art. 6º, da Lei n. 9.296/96, os procedimentos de interceptação telefônica serão conduzidos
pela autoridade policial (Delegado de Polícia Civil ou Federal).
O STJ e o STF, contudo, entendem que tal acompanhamento poderá ser feito por outros órgãos, como,
por exemplo, a polícia militar (o que ocorreu no caso concreto), não sendo atribuição exclusiva da
autoridade policial.
STF. 2ª Turma. HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15/5/2012.

Em relação às interceptações telefônicas, o prazo de 15 dias, previsto na Lei nº 9.296/96, é contado a


partir do dia em que se iniciou a escuta telefônica e não da data da decisão judicial.
STJ. 6ª Turma. HC 113.477-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 20/3/2012.

I – As interceptações telefônicas podem ser prorrogadas sucessivas vezes pelo tempo necessário,
especialmente quando o caso for complexo e a prova indispensável.
II – A fundamentação da prorrogação pode manter-se idêntica à do pedido original, pois a repetição das
razões que justificaram a escuta não constitui, por si só, ilicitude.
STJ. 5ª Turma. HC 143.805-SP, Rel. originário Min. Adilson Vieira Macabu (Desembargador Convocado do
TJRJ), Rel. para o acórdão Min. Gilson Dipp, julgado em 14/2/2012.

Não é necessária a transcrição integral dos diálogos captados por meio de interceptação telefônica. Basta
que sejam transcritos os trechos necessários ao embasamento da denúncia oferecida e que seja entregue
37

à defesa todo o conteúdo das gravações em mídia eletrônica.


No entanto, não haverá, em princípio, qualquer irregularidade caso o juiz da causa entenda pertinente a
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degravação de todas as conversas e determine a sua juntada aos autos.


STF. Plenário. AP 508 AgR/AP, rel. Min. Marco Aurélio, 7/2/2013.

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É inconstitucional o art. 44 da Lei n. 11.343/2006 na parte em que proíbe a liberdade provisória para os
crimes de tráfico de drogas.
Assim, é permitida a liberdade provisória para o tráfico de drogas, desde que ausentes os requisitos do
art. 312 do CPP.
STF. Plenário. HC 104339/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 10/5/2012.

A fuga do acusado do distrito da culpa é fundamentação suficiente para a manutenção da custódia


preventiva ordenada para garantir a aplicação da lei penal.
STJ. 5ª Turma. HC 239.269-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 13/11/2012.

Determinado juiz decreta a interceptação telefônica dos investigados e, posteriormente, chega-se à


conclusão de que o juízo competente para a medida era o Tribunal. Esta prova colhida é ilícita?
Não necessariamente. A prova obtida poderá ser ratificada se ficar demonstrado que a interceptação foi
decretada pelo juízo aparentemente competente.
Não é ilícita a interceptação telefônica autorizada por magistrado aparentemente competente ao tempo
da decisão e que, posteriormente, venha a ser declarado incompetente.
Trata-se da aplicação da chamada “teoria do juízo aparente”.
STF. 2ª Turma. HC 110496/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 9/4/2013.

Não há nulidade processual na recusa do juiz em retirar as algemas do acusado durante a audiência de
instrução e julgamento, desde que devidamente justificada a negativa.
STJ. 6ª Turma. HC 140.718-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/10/2012.

Sequestro é uma medida cautelar, de natureza patrimonial, cabível no processo penal, por meio da qual
o juiz determina a retenção dos bens adquiridos pelo investigado ou acusado com os proventos (lucros)
do crime.
Não acarreta nulidade o deferimento de medida cautelar patrimonial de sequestro sem anterior
intimação da defesa. Na hipótese de sequestro, o contraditório será diferido em prol da integridade do
patrimônio e contra a sua eventual dissipação. Nesse caso, não se caracteriza qualquer cerceamento à
defesa, que tem a oportunidade de impugnar a determinação judicial, utilizando os instrumentos
processuais previstos na lei para tanto.
STJ. 6ª Turma. RMS 30.172-MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2012.

É possível a propositura de ação penal quando descumpridas as condições impostas em transação penal.
STJ. 6ª Turma. HC 217.659-MS, Rel. originária Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min.
Og Fernandes, julgado em 1º/3/2012.

É indevida a manutenção, na folha de antecedentes criminais, de dados referentes a processos nos quais
foi reconhecida a extinção da pretensão punitiva estatal.
O reconhecimento do advento da prescrição da pretensão punitiva, com a consequente extinção da
punibilidade, originou ao patrimônio libertário do recorrente o direito à exclusão de dados junto aos
órgãos de persecução, restando às instituições de registros judiciais a determinação do efetivo sigilo.
STJ. 6ª Turma. RMS 29.273-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 20/9/2012.

I – Não deve ser reconhecida a nulidade pela inobservância da ordem de formulação de perguntas às
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testemunhas (art. 212 do CPP), se a parte não demonstrou prejuízo.


II – A inobservância do procedimento previsto no art. 212 do CPP pode gerar, quando muito, nulidade
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relativa, cujo reconhecimento necessita da demonstração de prejuízo.

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III – A demonstração de prejuízo é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis que
o princípio do pas de nullité sans grief compreende as nulidades absolutas.
STF. 2ª Turma. RHC 110623/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 13/3/2012.

No procedimento penal comum, após o réu apresentar resposta escrita à acusação, não há previsão legal
para que o MP se manifeste sobre esta peça defensiva. No entanto, caso o juiz abra vista ao MP mesmo
assim, não haverá qualquer nulidade.
STF. 1ª Turma. HC 105739/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, 1ª Turma, julgado em 08/02/2012.

O juiz deverá fundamentar, ainda que sucintamente, a decisão que acolher ou não as teses defensivas
declinadas na defesa preliminar estabelecida no art. 396-A do CPP, sob pena de configurar a negativa de
prestação jurisdicional.
STJ. 5ª Turma. HC 183.355-MG, Rel. originário Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. para o acórdão Min. Adilson
Vieira Macabu (desembargador convocado do TJ/RJ), julgado em 3/5/2012.

A decisão de pronúncia encerra simples juízo de admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento


jurídico somente o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua autoria, não se demandando
aqueles requisitos de certeza necessários à prolação de uma sentença condenatória. Assim, nessa fase
processual, as questões resolvem-se a favor da sociedade (princípio do in dubio pro societate).
Desse modo, afirmar se o réu agiu com dolo eventual ou culpa consciente é tarefa que deve ser analisada
pelo Corpo de Jurados, juiz natural da causa.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.279.458-MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/9/2012.

É possível a propositura de ação penal quando descumpridas as condições impostas em transação penal.
STJ. 6ª Turma. HC 217.659-MS, Rel. originária Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min.
Og Fernandes, julgado em 1º/3/2012.

O princípio da identidade física do juiz não é absoluto. Este princípio deve ser analisado à luz das regras
específicas do art. 132 do CPC. Por conseguinte, nos casos de convocação, licença, promoção ou outro
motivo que impeça o juiz que tiver presidido a instrução de sentenciar o feito, os autos passarão ao
sucessor do magistrado.
STJ. 6ª Turma. HC 219.482-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/3/2012.

FIXAÇÃO DO VALOR MÍNIMO PARA REPARAÇÃO DOS DANOS

O art. 387, IV, do CPP determina que o juiz, ao proferir sentença condenatória fixará valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido.
Para que seja fixado o valor mínimo não é necessário que esse pedido tenha sido formulado na denúncia,
por se tratar de efeito extrapenal da condenação, mas deverá constar da instrução para que seja
realizado o contraditório.
Se os fatos forem complexos e a apuração da indenização demandar dilação probatória, o juízo criminal
poderá deixar de fixar o valor mínimo, que deverá ser apurado em ação civil.
STF. Plenário. AP 470/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 17/12/2012.

A sentença penal condenatória, depois de transitada em julgado, produz diversos efeitos.


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Um dos efeitos é que a condenação gera a obrigação do réu de reparar o dano causado:
Página

Código Penal

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Art. 91. São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;

A sentença condenatória, inclusive, constitui-se em título executivo judicial:

Código de Processo Civil


Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:
II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;

Assim, a vítima (ou seus sucessores), de posse da sentença que condenou o réu, após o seu trânsito em
julgado, dispõem de um título que poderá ser executado, no juízo cível, para cobrar o ressarcimento pelos
prejuízos sofridos em decorrência do crime.

Qual era, no entanto, a dificuldade antes da Lei n. 11.719/2008?


Apesar de ser reconhecida a obrigação de indenizar (an debeatur), não era possível que a vítima (ou seus
sucessores) executassem imediatamente a sentença porque não havia sido definido ainda o valor da
indenização (quantum debeatur). Em outras palavras, a sentença condenatória reconhecia que a vítima
tinha direito à indenização a ser paga pelo condenado, mas não dizia o quanto.

Com isso, a vítima (ou seus sucessores) tinham ainda que tomar uma outra providência antes de executar:
fazer a liquidação (art. 475-A do CPC).

O legislador tentou facilitar a situação da vítima e, por meio da Lei n. 11.719/2008 alterou o CPP prevendo
que o juiz, ao condenar o réu, já estabeleça, na sentença, um valor mínimo que o condenado estará
obrigado a pagar a título de reparação dos danos causados. Veja:
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Desse modo, se o juiz, na própria sentença, já fixar um valor certo para a reparação dos danos, não será
necessário que a vítima ainda faça a liquidação, bastando que execute este valor caso não seja pago
voluntariamente pelo condenado.

Veja o parágrafo único do art. 63 do CPP que explicita essa possibilidade:


Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível,
para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo
valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a
apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Algumas observações sobre o art. 387, IV do CPP:

1) Qual é a natureza jurídica dessa fixação do valor mínimo de reparação?


Trata-se de um efeito extrapenal genérico da condenação.

2) A vítima poderá pleitear indenização maior no juízo cível


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O juiz fixará um valor mínimo. Assim, a vítima poderá executar, desde logo, este valor mínimo e pleitear um
valor maior que o fixado na sentença, bastando, para isso, que prove que os danos que sofreu foram
Página

maiores que a quantia estabelecida na sentença. Essa prova é feita em procedimento de liquidação por
artigos (procedimento cível regulado pelos arts. 475-E e 475-F do CPC).

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3) Para que seja fixado o valor mínimo não é necessário que esse pedido tenha sido formulado na denúncia,
por se tratar de efeito extrapenal da condenação. No entanto, durante a instrução, o Ministério Público
deverá requerer a fixação de valor mínimo, indicá-lo e apresentar provas, para que seja estabelecido o
contraditório com a defesa (STF Plenário. AP 470/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 17.12.2012).

O STJ é bem enfático ao exigir pedido expresso:


(...) Para que seja fixado na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados à vítima, com base
no art. 387, inciso IV, do Código Penal, deve haver pedido formal nesse sentido pelo ofendido e ser
oportunizada a defesa pelo réu, sob pena de violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório. (...)
(AgRg no REsp 1186956/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 18/12/2012)

4) Deverá haver provas dos prejuízos sofridos


O STJ já decidiu que o juiz somente poderá fixar este valor se existiram provas nos autos que demonstrem
os prejuízos sofridos pela vítima em decorrência do crime. Dessa feita, é importante que o Ministério
Público ou eventual assistente de acusação junte comprovantes dos danos causados pela infração para que
o magistrado disponha de elementos para a fixação de que trata o art. 387, IV, do CPP. Vale ressaltar, ainda
que o réu tem direito de se manifestar sobre esses documentos juntados e contraditar o valor pleiteado
como indenização. Nesse sentido:
A fixação da reparação civil mínima também não dispensa a participação do réu, sob pena de frontal
violação ao seu direito de contraditório e ampla defesa, na medida em que o autor da infração faz jus à
manifestação sobre a pretensão indenizatória, que, se procedente, pesará em seu desfavor. (...)
(REsp 1236070/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, julgado em 27/03/2012)

5) O julgador penal é obrigado a sempre fixar esse valor mínimo?


NÃO. O juiz pode deixar de fixar o valor mínimo em algumas situações, como, por exemplo:
a) quando não houver prova do prejuízo;
b) se os fatos forem complexos e a apuração da indenização demandar dilação probatória, o juízo criminal
poderá deixar de fixar o valor mínimo, que deverá ser apurado em ação civil;
c) quando a vítima já tiver sido indenizada no juízo cível.

O exemplo citado nesta letra “b” foi justamente o que ocorreu no julgamento do “Mensalão”. O STF
rejeitou o pedido formulado pelo MPF, em sede de alegações finais, no sentido de que fosse fixado valor
mínimo para reparação dos danos causados pelas infrações penais, sob o argumento de que a
complexidade dos fatos e a imbricação de condutas tornaria inviável assentar o montante mínimo. Assim,
não haveria como identificar com precisão qual a quantia devida por cada réu, o que só seria possível por
meio de ação civil, com dilação probatória para esclarecimento deste ponto (Plenário. AP 470/MG, rel. Min.
Joaquim Barbosa, 17.12.2012).

6) Além dos prejuízos materiais, o juiz poderá também condenar o réu a pagar a vítima por danos morais?
1ª corrente: SIM. Posição de Norberto Avena.
2ª corrente: NÃO. Defendida por Eugênio Pacelli.

7) O art. 387, IV, do CPP, com a redação dada pela Lei n. 11.719/2008, fez com que o Brasil passasse a
adotar a chamada “cumulação de instâncias” em matéria de indenização pela prática de crimes?
NÃO. A cumulação de instâncias (ou união de instâncias) em matéria de indenização pela prática de crimes
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ocorre quando um mesmo juízo resolve a lide penal (julga o crime) e também já decide, de forma
exauriente, a indenização devida à vítima do delito. Conforme explica Pacelli e Fischer, “por esse sistema, o
Página

ajuizamento da demanda penal determina a unidade de juízo para a apreciação da matéria cível”

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(Comentários ao Código de Processo Penal e Sua Jurisprudência. São Paulo: Atlas, 2012, p. 769). No Brasil,
não há unidade de instâncias porque o juízo criminal irá apenas, quando for possível, definir um valor
mínimo de indenização pelos danos sofridos sem, contudo, esgotar a apreciação do tema, que ainda
poderá ser examinado pelo juízo cível para aumentar esse valor.
Assim, continuamos adotando o modelo da separação mitigada de instâncias.

8) A previsão da indenização contida no inciso IV do art. 387 surgiu com a Lei n. 11.719/2008. Se o crime
ocorreu antes da Lei e foi sentenciado após a sua vigência, pode ser aplicado o dispositivo e fixado o valor
mínimo de reparação dos danos?
1ª corrente: SIM 2ª corrente: NÃO
Trata-se de norma de direito processual. Assim, Trata-se de norma de direito material e, por ser
ainda que o processo tenha se iniciado antes da Lei mais rigorosa ao réu, não pode ser aplicada a fatos
n. 11.719/2008, se ele for sentenciado após a sua praticados antes de sua vigência.
vigência, deverá observar a fixação do valor mínimo
de que trata o art. 387, IV, do CPP.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.176.708-RS, Rel. Min. STJ. 5ª Turma. REsp 1206635/RS, Rel. Min. Marco
Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/6/2012. Aurélio Bellizze, Quinta Turma, julgado em
02/10/2012.

Como funciona a intimação da SENTENÇA no Processo Penal comum:

O que diz o CPP (art. 392) O que diz a doutrina O que dizem o STJ e STF
 Se for réu PRESO: Seja o réu preso ou solto, seja a STJ:
Exige-se a intimação pessoal sentença absolutória ou Aplica plenamente o art. 392:
do réu. condenatória, é indispensável a Segundo o que prevê o art. 392,
intimação pessoal do réu em incisos I e II, do CPP, a
 Se for réu SOLTO: homenagem à ampla defesa. obrigatoriedade de intimação
A intimação da sentença Nesse sentido, Pacelli e Fischer: pessoal do acusado somente
poderá ser feita “qualquer que seja a decisão ocorre se este se encontrar preso,
pessoalmente ao réu OU ao judicial, deve o Estado intimar o podendo ser dirigida unicamente
defensor por ele constituído. acusado pessoalmente, preso ou ao patrocinador da defesa na
solto, do resultado do processo hipótese de réu solto.
penal por ele instaurado. (...) (STJ. HC 161.430/SP, j. 01/03/2012)
Recusamos aplicação, portanto,
da parte final do dispositivo (II)” STF:
(Comentários ao Código de Entende que, em caso de sentença
Processo Penal e Sua condenatória, deverá sempre
Jurisprudência. São Paulo: Atlas, haver dupla intimação:
2012, p. 776). Jurisprudência reiterada deste
Tribunal no sentido de que a
intimação da sentença
condenatória deve ser feita tanto ao
condenado quanto ao seu defensor.
(HC 108563, j. em 06/09/2011)

Quando for necessária a intimação da defesa, como esta é feita:


 Defensor constituído: intimado por publicação na imprensa oficial (art. 370, § 1º, CPP).
42

 Defensor público: intimado pessoalmente, com carga dos autos (se necessário) (LC 80/94).
 Defensor dativo (Defensor nomeado): intimado pessoalmente, mediante mandado (art 370, § 4º, CPP).
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Como funciona a intimação do ACÓRDÃO no Processo Penal comum:
As intimações das decisões dos Tribunais (acórdãos) são realizadas por meio de publicação na imprensa
oficial, não se exigindo intimação pessoal do réu, mesmo que ele esteja preso. Não se aplica o art. 392 do
CPP às intimações de acórdãos. Esta é a posição do STJ e do STF:
A intimação pessoal do acusado, nos termos do art. 392, incisos I e II, do CPP, é necessária apenas em relação
à sentença condenatória proferida em primeira instância, de tal sorte que a intimação do acórdão prolatado
em segunda instância se aperfeiçoa com a publicação da decisão na imprensa oficial. (STJ. HC 223.096/SC,
14/02/2012)

Intimação do réu e de seu defensor do acórdão da apelação mediante publicação do dispositivo do acórdão
no Diário Oficial. Ato válido. Desnecessidade de intimação pessoal do réu e do defensor constituído.
Exigência só pertinente à intimação da sentença de primeiro grau.
(STF. HC 101643, Relator Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 28/09/2010)

RENOVAÇÃO DE PERMANÊNCIA EM PRESÍDIO FEDERAL


O juízo estadual solicitou a renovação do prazo de permanência de um preso no presídio federal,
afirmando que os motivos que fundamentaram a sua transferência persistiam.
O juízo responsável pelo presídio rejeitou esse pedido, afirmando que o juízo de origem não provou
nenhum fato novo que justificasse a permanência do preso no presídio federal.
O juízo estadual suscitou, então, conflito de competência, que é julgado pelo STJ.
O STJ, ao analisar o conflito, decidiu que, quando os motivos que fundamentaram a transferência do
condenado para presídio federal de segurança máxima persistirem, justifica-se o pedido de renovação do
prazo de permanência, ainda que não tenha ocorrido fato novo.
O período de permanência do preso no presídio federal é renovável excepcionalmente, quando
solicitado motivadamente pelo juízo de origem, não exigindo novos argumentos. Assim, tendo sido
aceitos pelo juízo federal os fundamentos no momento do pedido de transferência, é suficiente, para a
renovação do prazo, a afirmação de que esses motivos de segurança pública ainda permanecem.
O STJ ressaltou, também, que não cabe ao juízo federal discutir as razões do juízo estadual ao solicitar a
transferência ou renovação do prazo em presídio federal, pois este é o único habilitado a declarar a
excepcionalidade da medida.
Com isso, o STJ determinou que o apenado permaneça no presídio de segurança máxima.
STJ. 3ª Seção. CC 122.042-RJ, Rel. originário Min. Gilson Dipp, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 27/6/2012.

DIREITO TRIBUTÁRIO
A maçonaria não é considerada uma religião, razão pela qual não goza da imunidade religiosa prevista no
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art. 150, VI, b, da CF/88.


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STF. 1ª Turma. RE 562351/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 4/9/2012.

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A entidade que goza de imunidade tributária tem o dever de cumprir as obrigações acessórias, dentre
elas a de manter os livros fiscais.
STF. 1ª Turma. RE 250844/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 29/5/2012.

1) O consumidor final de energia elétrica tem legitimidade ativa para propor ação declaratória cumulada
com repetição de indébito que tenha por escopo afastar a incidência de ICMS sobre a demanda
contratada e não utilizada de energia elétrica.
2) O usuário do serviço de energia elétrica (consumidor em operação interna), na condição de
contribuinte de fato, é parte legítima para discutir pedido de compensação do ICMS supostamente pago
a maior no regime de substituição tributária.
STJ. 1ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1.269.424-SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23/10/2012.
STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 28.044-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 13/11/2012.

Qual é o prazo prescricional para obter a restituição do valor pago indevidamente no caso de tributos
sujeitos a lançamento por homologação?
• Para ações de repetição de indébito ajuizadas até 8/6/2005: 10 anos.
• Para ações de repetição de indébito ajuizadas a partir de 9/6/2005: 5 anos.
No dia 09/06/2005 entrou em vigor a LC 118/2005, que estabeleceu que, para efeito de repetição de
indébito, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por
homologação, no momento do pagamento antecipado.
Obs: não importa se o pagamento indevido foi feito antes da LC 118/2005 (09/06/2005). O que interessa
saber é se a ação foi ajuizada antes da LC 118/2005 entrar em vigor.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.269.570-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23/5/2012.

Em caso de inadimplemento do crédito tributário, os juros de mora deverão incidir sobre a totalidade da
dívida, ou seja, sobre o tributo acrescido da multa fiscal punitiva, a qual também integra o crédito
tributário.
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1.335.688-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012.

A prescrição da ação de execução fiscal interrompe-se com o despacho do juiz que ordena a citação do
executado. No entanto, esta interrupção retroage à data do ajuizamento da execução, considerando que
o art. 174, parágrafo único, I, do CTN deve ser interpretado em conjunto com o art. 219, § 1º, do CPC.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.293.997-SE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/3/2012.

Incide imposto de renda sobre os valores recebidos a título de abono de permanência (art. 40, § 19, CF).
STJ. 2ª Turma. AREsp 225.144-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/11/2012.

O crédito-prêmio de IPI gera acréscimo patrimonial, devendo, portanto, compor a base de cálculo do IR.
STJ. 2ª Turma. REsp 957.153-PE, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 4/10/2012.

Súmula 498-STJ: Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais.
STJ. 1ª Seção, DJe 13/8/2012.

Não incide IPI na importação de veículo automotor, por pessoa física, para uso próprio.
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 204.994-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 9/10/2012.
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Súmula 494-STJ: O benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações
incide mesmo quando as matérias-primas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica
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não contribuinte do PIS/PASEP.

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STJ. 1ª Seção, DJe 13/8/2012.

Súmula 495-STJ: A aquisição de bens integrantes do ativo permanente da empresa não gera direito a
creditamento de IPI.
STJ. 1ª Seção, DJe 13/8/2012.

Incide contribuição ao PIS sobre as receitas decorrentes da prestação de serviços advocatícios de


sociedade de advogados.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.283.410-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/9/2012.

Não é possível a inclusão do crédito presumido de ICMS na base de cálculo da contribuição do PIS e da
Cofins.
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1.329.781-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 27/11/2012.

É de CINCO anos o prazo prescricional da ação promovida contra a União Federal por titulares de contas
vinculadas ao PIS/PASEP visando à cobrança de diferenças de correção monetária incidente sobre o saldo
das referidas contas, nos termos do art. 1º do Decreto-Lei 20.910/32.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.205.277-PB, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 27/6/2012.

Súmula 499-STJ: As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às contribuições ao Sesc e Senac,
salvo se integradas noutro serviço social.
STJ 1ª Seção. DJe 18/03/2013

Quando interrompido pelo pedido de adesão ao Refis, o prazo prescricional de 5 anos para a cobrança de
créditos tributários devidos pelo contribuinte excluído do programa reinicia na data da decisão final do
processo administrativo que determina a exclusão do devedor do referido regime de parcelamento de
débitos fiscais.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.144.963-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/11/2012.

É possível a expedição de certidões negativas de débito ou positivas com efeitos de negativas em nome
de filial de grupo econômico, ainda que existam pendências tributárias da matriz ou de outras filiais,
desde que possuam números de CNPJ distintos.
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 192.658-AM, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 23/10/2012.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO
O fato de um dos integrantes da família exercer atividade incompatível com o regime de economia
familiar não descaracteriza, por si só, a condição de segurado especial dos demais componentes.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.304.479-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 10/10/2012 (recurso repetitivo)

O tempo de serviço em atividade rural realizada por trabalhador com idade inferior a 14 anos, ainda que
não vinculado ao Regime de Previdência Social, pode ser averbado e utilizado para o fim de obtenção de
benefício previdenciário.
STJ. 3ª Seção. AR 3.877-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgada em 28/11/2012.
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A prova exclusivamente testemunhal é insuficiente para comprovação da atividade laborativa do
trabalhador rural “boia-fria”, sendo indispensável que ela venha corroborada por razoável início de prova
material, conforme exige o art. 55, § 3º, da Lei n. 8.213/1991.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.321.493-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 10/10/2012.

É possível a concessão de aposentadoria por idade a rurícola (art. 143 da Lei 8.213/1991) em caso de
comprovação da condição de lavrador do marido da requerente por meio de certidão de casamento,
certidão de óbito e extrato de pensão rural, além de depoimento de testemunhas.
STJ. 3ª Seção. AR 4.094-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgada em 26/9/2012.

Não é possível a concessão da aposentadoria por idade a rurícola (art. 143 da Lei 8.213/1991), quando
não comprovado o desempenho de atividade em regime de economia familiar.
STJ. 3ª Seção. AR 4.094-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgada em 26/9/2012.

Não é necessário o recolhimento de contribuições previdenciárias relativas ao exercício de atividade


rural anterior à Lei n. 8.213/1991 para fins de concessão de aposentadoria urbana pelo Regime Geral da
Previdência Social, salvo em caso de mudança de regime previdenciário, do geral para o estatutário.
STJ. 3ª Seção. AR 3.180-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgada em 24/10/2012.

A sentença trabalhista, por se tratar de decisão judicial, pode ser considerada como início de prova
material para a concessão do benefício previdenciário, bem como para revisão da renda mensal inicial,
ainda que a autarquia previdenciária não tenha integrado a contenda trabalhista.
STJ. 2ª Turma. EDcl no AgRg no AREsp 105.218-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 23/10/2012.

O processo de justificação, no qual inexiste contraditório e o juiz restringe-se a confirmar a produção


regular da prova, não constitui, isoladamente, meio hábil à demonstração do tempo de serviço prestado
para fins de aposentadoria.
STF. 1ª Turma. MS 28829/AM, rel. Min. Marco Aurélio, 11/9/2011.

O termo inicial para pagamento de auxílio-acidente é a data da citação do INSS se ausente prévio
requerimento administrativo ou prévia concessão de auxílio-doença.
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 145.255-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/11/2012.

Somente é possível a acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria se a lesão


incapacitante e a concessão da aposentadoria forem anteriores à Lei n. 9.528/97.
Após a Lei n. 9.528/97 passou a ser expressamente vedada a acumulação do auxílio-acidente com
qualquer aposentadoria.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.296.673-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/8/2012 (recurso repetitivo)

Não é possível estender a pensão por morte até os 24 anos de idade pelo fato de o filho beneficiário ser
estudante universitário.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.347.272-MS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/10/2012.

Não faz jus à pensão especial prevista no art. 53, II, do ADCT o militar que apenas tenha prestado serviço
em zona de guerra, sem comprovar a participação no conflito nos termos previstos no art. 1º da Lei n.
5.315/1967.
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Os integrantes da Força Aérea Brasileira somente poderão ser considerados ex-combatentes se tiverem
participado efetivamente das operações de guerra, situação comprovada pelo diploma da Medalha de
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Campanha da Itália para o seu portador ou o diploma da Cruz de Aviação para os tripulantes de
aeronaves engajados em missões de patrulha.
STJ. 3ª Seção. AR 3.830-SC, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Des. convocado do TJ-RS), julgada em 9/5/2012.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça assegura a possibilidade de cumulação dos benefícios


previdenciários com a pensão especial de ex-combatente, desde que não possuam o mesmo fato
gerador.
O Tribunal a quo, com esteio nas provas dos autos, reconheceu que a pensão especial e o benefício
previdenciário recebidos pela autora tinham o mesmo fato gerador, qual seja, a condição de ex-
combatente do falecido. Logo, não era possível a acumulação dos dois benefícios.
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1314687/PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/11/2012.

Até o advento da MP 1.523-9/1997 (convertida na Lei 9.528/97), não havia previsão de prazo de
decadência do direito ou da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário.
Todavia, com a nova redação, dada pela referida MP, ao art. 103 da Lei 8.213/91, ficou estabelecido, para
todos os beneficiários, o prazo decadencial de 10 anos.
Essa disposição normativa não pode ter eficácia retroativa para incidir sobre o tempo transcorrido antes
de sua vigência.
Assim, relativamente aos benefícios anteriormente concedidos, o termo inicial do prazo de decadência
do direito ou da ação visando à sua revisão tem como termo inicial a data em que entrou em vigor a
norma fixando o referido prazo decenal.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012.

Os valores percebidos pelo SEGURADO por força de tutela antecipada posteriormente revogada não
devem ser devolvidos aos cofres públicos.
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 194.038-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/10/2012.

Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, compete à Justiça COMUM ESTADUAL (e não à Justiça do
Trabalho) julgar demandas que envolvam a complementação de aposentadoria por entidades de
previdência privada.
STF. Plenário. RE 586453/SE, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, 20/2/2013.
STF. Plenário. RE 583050/RS, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, 20/2/2013.
STJ. 2ª Seção. EAg 1.301.267-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgados em 23/5/2012.

O § 3º do art. 20 da Lei n. 8.742/93, que prevê o critério da renda per capita inferior a 1/4 do salário-
mínimo para concessão do LOAS, é INCONSTITUCIONAL. Este critério encontra-se defasado e a análise da
situação de miserabilidade deverá ser feita, no caso concreto, com base em outros parâmetros.
É também inconstitucional o art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso, que permite o recebimento
de dois benefícios assistenciais de idoso, mas não admite a percepção conjunta de benefício de idoso
com o de deficiente ou de qualquer outro previdenciário.
STF. Plenário. RE 567985/MT, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 17 e 18/4/2013; RE 580963/PR, rel.
Min. Gilmar Mendes, 17 e 18/4/2013.

Compete à JUSTIÇA FEDERAL processar e julgar demanda proposta em face do INSS com o objetivo de ver
reconhecido exclusivamente o direito da autora de receber pensão decorrente da morte do alegado
companheiro, ainda que seja necessário enfrentar questão prejudicial referente à existência, ou não, da
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união estável.
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STJ. 1ª Seção. CC 126.489-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10/4/2013.

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DIREITO INTERNACIONAL
A Organização das Nações Unidas - ONU e sua agência Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento - PNUD possuem imunidade de jurisdição e de execução, abrangendo, inclusive, as
causas trabalhistas.
STF. Plenário. RE 597368/MT, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 15/5/2013;
RE 578543/MT, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 15/5/2013.

SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO


I – Capitalização de juros e SFH
• Para os contratos celebrados no âmbito do SFH até a entrada em vigor da Lei 11.977/2009, admite-se a
capitalização ANUAL de juros, regra geral que independe de pactuação expressa.
• Antes da Lei 11.977/2009, portanto, não era permitida a capitalização MENSAL de juros nos contratos
de SFH, somente a capitalização anual.
• Após a Lei 11.977/2009 passou a ser permitida a capitalização MENSAL de juros nos contratos de SFH.

II – Imputação de pagamento e SFH


Salvo disposição contratual em sentido diferente, aplica-se aos contratos celebrados no âmbito do SFH a
regra de imputação prevista no art. 354 do CC, ou seja, os pagamentos mensais devem ser imputados
primeiramente aos juros e depois ao principal.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.095.852-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 14/3/2012.

Súmula 473-STJ: O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional
obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada.
STJ. 2ª Seção, DJe 19.6.2012.

I – São válidas as notificações da execução judicial de contrato imobiliário firmado no âmbito do Sistema
Financeiro de Habitação (SFH) quando remetidas ao endereço do imóvel objeto do contrato, não sendo
necessário que todos os contratantes recebam os avisos de cobrança.
II – Nos avisos de cobrança de que trata o art. 2º, IV, da Lei n. 5.741/1971 devem constar o valor da
dívida cobrada ou, pelo menos, quais as prestações estão em atraso, sendo, contudo, desnecessário que
contenha o detalhamento da dívida.
STJ. 3ª Turma. REsp 332.117-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/10/2012.
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