Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Tutela Declaratória
Impõe ao réu uma obrigação, consubstanciada em título Outro efeito secundário é a hipoteca judiciaria – art.495.
executivo judicial. Possibilita o autor a valer-se de uma
sanção executiva para obter o seu cumprimento.
Impões uma obrigação que precisa ser cumprida. As Capítulos da sentença
demais sentenças não impõem obrigações, nem exigem A sentença forma um todo, porém é possível decompô-la
medidas de cumprimento, já que se efetivam por si em capítulos, cada qual contendo o julgamento de uma
mesmas. pretensão distinta.
Ao proferi-la, o juiz declara que o autor tem razão e Uma sentença pode examinar numerosas pretensões.
constitui o título executivo em seu favor, concedendo-lhe A possibilidade de considerar a sentença decomponível
a possibilidade de valer-se de meios executivos para em capítulos pode repercutir sobre inúmeras questões,
fazer cumprir a obrigação imposta. por exemplo, sobre as nulidades. Se ela for considerada
um todo único, vicio que a macule comprometerá o
Exige uma atividade do devedor para alcançar a sua todo. Mas, se for possível decompô-la em capítulos,
finalidade: exige que ele a cumpra, se não o fizer eventual vicio que afete um deles não prejudicará os
voluntariamente, a lei mune o credor para fazê-la demais.
cumprir e tornar concreto o seu comando.
Será possível então recorrer apenas daquele capítulo
Têm eficácia ex tunc, retroagem a data da propositura da determinado; ou, em caso de trânsito em julgado,
ação, sendo os juros de mora devidos desde a citação. postular a rescisão parcial da sentença.
- Tutela mandamental: subespécie das tutelas O mais importante na teoria dos capítulos é que eles
condenatórias. possam ser considerados autônomos, estanques, para
fins de recursos, ação rescisória, nulidades etc..
Aquela em que o juiz emite uma ordem, um comando,
que deve ser cumprido pelo réu. Cabe à lei estabelecer as
sanções aplicáveis para o descumprimento da ordem e
os mecanismos de que o juiz pode se utilizar para torná- Sentença terminativa
las efetivas. (sentenças em MS, 497/498) Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
Decisão sem mérito – vícios/irregularidades processuais
- Tutelas executiva lato sensu: subespécie de tutela
condenatória, que se distinguem por prescindirem de I - indeferir a petição inicial;
uma fase de execução. II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano
por negligência das partes;
Se a obrigação não for cumprida pelo devedor, o Estado III - por não promover os atos e as diligências que lhe
tomará as providencias necessárias para que o seja, incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
independentemente dele. (ações de despejo, (trinta) dias;
possessórias – expedição de mandado sem necessidade
de instauração de fase executiva, nem do uso de meios s.631 stf
de coerção.) s240 stj
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art.
consentimento do réu, desistir da ação. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas
sem que antes seja dada às partes oportunidade de
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a manifestar-se.
sentença.
Art. 332, § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por improcedente o pedido se verificar, desde logo, a
abandono da causa pelo autor depende de requerimento ocorrência de decadência ou de prescrição.
do réu.
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que sempre que a decisão for favorável à parte a quem
tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias aproveitaria eventual pronunciamento nos termos
para retratar-se. do art. 485.
Quando a sentença pode ser proferida? (STF: é a fundamentação que confere legitimidade ao
magistrado para proferir um ato dotado de soberania)
Sentenças terminativas – podem ser proferidas a
qualquer tempo, bastando que o juiz verifique que não
*A Ação declaratória incidental deixou de ser regulamentada
há condições de prosseguir, pois o pedido não poderá ser pelo cpc/15. Assim, a questão prejudicial que for decidida não
apreciado. fundamentação será considerada acobertada pelo trânsito em
julgado diretamente desde que:
Sentenças de mérito: -Que o juiz seja competente para o julgamento de todas as
matérias.
- Que acolhe o pedido/ rejeita o pedido (487, I) -Que a resolução da demanda dependa da questão prejudicial .
* de início, antes que o réu seja citado (332)
*nos casos de revelia, em que haja presunção de III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões
veracidade, desde o momento em que ela tenha se principais que as partes lhe submeterem.
configurado – julgamento antecipado do mérito, 355, II.
É a parte final da sentença, em que o juiz decide se acolhe,
*após a contestação ou a réplica do autor, quando não
rejeita o pedido ou se extingue o processo, sem examiná-lo.
houver necessidade de outras provas – julgamento Somente o dispositivo da sentença de mérito se revestirá da
antecipado de mérito 355, I. autoridade da coisa julgada.
* após a conclusão da fase de instrução, depois de as
partes apresentarem suas alegações finais, na audiência Também será decidida do dispositivo da sentença a questão
de instrução e julgamento, nos casos em que houver prejudicial, apreciada incidentalmente, desde que preenchidos
necessidade de provas a respeito dos fatos os requisitos do 503, §1°, I,II,III. (com força de coisa julgada
controvertidos. material.)
É preciso que fique claro aquele que lê a sentença ou decisão a 9) É ônus da parte, para os fins do disposto no art. 489, § 1º, V
razão pela qual determinado conceito jurídico foi invocado e de e VI, do CPC/2015, identificar os fundamentos determinantes
que forma se aplica ao caso concreto. ou demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento
ou a superação do entendimento, sempre que invocar
III - invocar motivos que se prestariam a justificar jurisprudência, precedente ou enunciado de súmula.
qualquer outra decisão;
Não pode ser considerada como fundamentada uma decisão VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência
que se vale de um molde ou modelo genérico, que possa servir ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a
não apenas para aquela situação concreta, mas de forma geral. existência de distinção no caso em julgamento ou a
É preciso que o juiz fundamente sua decisão de maneira superação do entendimento.
específica para o caso em que ela foi proferida.
Ele deve justificar a razão de não os aplicar, demostrando que
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no não se ajustam ao caso concreto que está decidindo. *o juiz
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão pode deixar de acolher jurisprudência ou precedente invocado
adotada pelo julgador; pela parte, por discordar da solução adotada, a menos que se
trate de precedente vinculante.
Nem sempre será necessário que o juiz se pronuncie sobre
todas as causas de pedir e fundamentos de defesa, pois se uma 318 STJ -Formulado pedido certo e determinado, somente o
das causas ficar desde logo demonstrada e for, por si só, autor tem interesse recursal em arguir o vício da sentença
suficiente para o acolhimento de pedido, o juiz proferirá ilíquida.
sentença de procedência, sem precisar examinar as demais, o
mesmo em relação aos fundamentos de defesa: se um só ficar
provado, e for suficiente para levar à improcedência do pedido,
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve
o juiz poderá sentenciar, afastando a pretensão inicial, sem justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação
examinar os demais. O que não é possível é o juiz rejeitar a efetuada, enunciando as razões que autorizam a
pretensão do autor, sem examinar todos os fundamentos de interferência na norma afastada e as premissas fáticas
fato e de direito por ele invocados; ou acolher sem examinar que fundamentam a conclusão.
todos os fundamentos da defesa.
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da
Não há necessidade de examinar questões que não guardam
conjugação de todos os seus elementos e em
relação com as pretensões formulada, já que elas não podem
ser consideradas capazes de infirmar a conclusão do julgador.
conformidade com o princípio da boa-fé.
A sentença deverá apreciar todas as questões preliminares que Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo ou
ainda não tenham sido examinadas, bem como as prejudiciais. rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos formulados
*preliminares: aquelas cujo deslinde depende o julgamento do pelas partes.
mérito ou a extinção sem exame de mérito. (337) (procedência - improcedência) capítulos de sentença- sentença
*prejudiciais: aquelas cujo deslinde repercute no acolhimento objetivamente complexa
ou na rejeição do pedido
(paternidade nas ações de alimentos) Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia,
ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá
Enunciados ENFAM
desde logo a extensão da obrigação, o índice de
12) Não ofende a norma extraível do inciso IV do § 1º do art.
489 do CPC/2015 a decisão que deixar de apreciar questões
correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de
cujo exame tenha ficado prejudicado em razão da análise ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se
anterior de questão subordinante. for o caso, salvo quando:
13) O art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015 não obriga o juiz a
enfrentar os fundamentos jurídicos invocados pela parte, I - não for possível determinar, de modo definitivo, o
quando já tenham sido enfrentados na formação dos montante devido;
precedentes obrigatórios. II - a apuração de o valor devido depender da produção
de prova de realização demorada ou excessivamente
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de dispendiosa, assim reconhecida na sentença.
súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a
apuração do valor devido por liquidação. *Prevalece o entendimento de que haverá nulidade,
§ 2º O disposto no caput também se aplica quando o sanável por ação rescisória, caso haja o trânsito em
acórdão alterar a sentença. julgado. Entendimento contrário sustenta que se trata de
vicio insanável, tornando a sentença ineficaz.
Defeitos da sentença
Os mesmos defeitos dos atos processuais, em geral podem EXCEÇÃO: há casos em que a lei autoriza o juiz a
também afetar as sentenças, mas há alguns que são típicos das conceder algo que não corresponde exatamente àquilo
sentenças.
que foi pedido, sem que sua sentença possa ser
considerada extra petita. (554 e 497)
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza
diversa da pedida, bem como condenar a parte em
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi
Sentença condicional
demandado. *P.da inércia
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que
resolva relação jurídica condicional.
Princípio da congruência ou da adstrição refere-se à
necessidade do magistrado decidir a lide dentro dos Exclui a possibilidade de o juiz proferir sentença condicional –
limites objetivados pelas partes, não podendo proferir art. 322. O pedido tem que ser certo.
sentença de forma extra, ultra ou infra (citra) petita. No entanto, admite-se que a sentença possa decidir relação
Deve ficar adstrito à ação que foi proposta, observando jurídica condicional, que depende da verificação de evento
as partes, as causas de pedir e os pedido. Não pode futuro e incerto.
Não se confunde sentença condicional – em que a procedência
conceder pretensões em relação a pessoas que não
ou improcedência do pedido fica condicionada à verificação de
foram parte; nem fundamentar a sua pretensão em evento futuro e incerto – com sentença que decide relação
causas de pedir não formuladas ou conceder algo jurídica condicional, onde o juiz acolherá ou rejeitará o pedido,
diferente ou a mais do que foi postulado. mas a execução dependerá do implemento da condição.
Citra petita/infra – aquela em que o juiz não analisa toda Ex: contrato, em que o devedor se compromete a entregar ao
a extensão do pedido do autor, não aprecia um dos autor os peixes que caírem em sua rede, m determinado
pedidos quando houver cumulação. período. O juiz pode reconhecer o direito do autor de haver os
peixes já pescados e os que venham a ser pescados nos meses
subsequentes. É evidente que a entrega destes últimos ficará
- Embargos de declaração
condicionada a que o resultado da pesca seja favorável.,
- Apelação invocando omissão na sentença
devendo aplicar-se o art.514, que condiciona o início da
*Tribunal pode anular a sentença e determinar a execução à prova de que a condição se verificou.
restituição dos autos à instância de origem, para que
profira outra.
O juiz pode conceder ao autor benefício previdenciário
*Tribunal pode julgar o pedido não apreciado, em vez de
diverso do requerido na inicial, desde que preenchidos os
anular a sentença, desde que todos os elementos para
requisitos legais atinentes ao benefício concedido. Isso
tanto estejam nos autos. 1.013,III
porque, tratando-se de matéria previdenciária, deve-se
proceder, de forma menos rígida, à análise do pedido.
Não havendo recurso e a sentença transitar em julgado:
Assim, nesse contexto, a decisão proferida não pode ser
Ajuizar nova ação, reapresentando o pedido não
considerada como extra petita ou ultra petita. STJ. 2ª
apreciado.
Turma. AgRg no REsp 1367825-RS, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 18/4/2013 (Info 522).
Ultra petita – aquela em que o juiz concede mais do que
o autor pediu.
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato
constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir
Se houver recurso, não haverá necessidade de o tribunal
no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em
declará-la nula, bastando-lhe que reduza a condenação
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no
aos limites do que foi postulado. Se houver trânsito em
momento de proferir a decisão.
julgado, caberá ação rescisória, cujo objeto será apenas
desconstituir a sentença, naquilo que ela contenha de
Ex: no julgamento das ações possessórias, o juiz concede ao
excessivo. autor a medida possessória mais adequada para o caso
concreto.
Extra petita – aquela em que o juiz concede ao autor um Pode ocorrer que, no curso da ação, o tipo de agressão a posse
objeto diverso ou algo de natureza diferente da que foi se altere; o que antes era ameaça ou turbação se convola em
pleiteada, sem respeitar as partes, a causa de pedir ou o esbulho. Compete ao juiz, no momento da sentença, de ofício
pedido, tais como apresentados na petição inicial. ou a requerimento do autor, levar em consideração as
alterações fáticas supervenientes, concedendo a medida
O juiz só pode inovar em relação aos fundamentos judicial mais adequada.
jurídicos do pedido, já que ele os conhece (jura novit
Da mesma forma, eventuais alterações legislativas, que possam
curia), mas não em relação aos fáticos, nem em relação ser aplicadas desde logo, devem ser consideradas pelo juiz, com
aos pedidos. a observação das ressalvas constitucionais de que a lei nova
pode retroagir em detrimento do ato jurídico perfeito e dos cumprimento provisório da decisão; a sentença de
direitos adquiridos. improcedência, em princípio, não gera direito à hipoteca
judiciária, mas ela pode ser constituída par assegurar o
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz pagamento da verba de sucumbência em que o autor vencido
ouvirá as partes sobre ele antes de decidir. Contraditório + tenha sido condenado;
cooperação
- Que haja o registro, na forma da lei de Registros Públicos. A
hipoteca é direito real, e, como recai sobre imóveis, só se
Modificação/ Correção da sentença
considera constituída com o registro no cartório de registro de
imóveis. Só assim ela adquire eficácia erga omnes.
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
(princípio da inalterabilidade.)
Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de
Não é a publicação no DO, mas em cartório, quando restitui ou prestação consistente em dinheiro e a que determinar a
autos, com sentença. E, quando ela é proferida e audiência de conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar
instrução e julgamento, à medida que vai ditando ao coisa em prestação pecuniária valerão como título
escrevente. constitutivo de hipoteca judiciária.
- Que haja sentença ou decisão condenatória em dinheiro ou I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito
em obrigação que se converta em prestação pecuniária, anda Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
que a condenação seja genérica, esteja pendente de recurso fundações de direito público;
dotado de efeito suspensivo ou esteja pendente aresto de bens
do devedor, ou ainda quando o credor possa promover o
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os Sumula 490 STJ: A dispensa de reexame necessário,
embargos à execução fiscal. quando o valor da condenação ou do direito
controvertido for inferior a sessenta salários-mínimos,
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a não se aplica a sentenças ilíquidas.
apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos
autos ao tribunal,
e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal
avocá-los-á. Seção IV
Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa
julgará a remessa necessária.
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido,
condenação ou o proveito econômico obtido na causa concederá a tutela específica ou determinará
for de valor certo e líquido inferior a: providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as resultado prático equivalente.
respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica
Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação
direito público e os Municípios que constituam capitais de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a
dos Estados; demonstração da ocorrência de dano ou da existência de
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais culpa ou dolo.
Municípios e respectivas autarquias e fundações de
direito público. Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de
coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o
A dispensa do reexame necessário não se aplica a prazo para o cumprimento da obrigação.
sentenças ilíquidas.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa
determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo
individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a
quando a sentença estiver fundada em:
escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará
individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
I - súmula de tribunal superior;
497/498 – A lei busca dar ao juiz mecanismos para tornar
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou efetivas as determinações judiciais, que devem atribuir ao
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de credor exatamente aquilo que ele obteria se o devedor
recursos repetitivos; cumprisse a sua obrigação. Art. 536, §1° - meios de coerção
para impor o cumprimento.
III - entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas (IRDR) ou de assunção de Não havendo o cumprimento voluntário da obrigação, o juiz
competência (IAC); determinará as medidas coercitivas ou de sub-rogação
necessárias para a satisfação do credor. Se a obrigação for
fungível, o juiz poderá determinar os dois tipos de medida; se
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante
for infungível, apenas as coercitivas, já que a obrigação não
firmada no âmbito administrativo do próprio ente pode ser prestada por terceiro. Os principais meios de coerção
público, consolidada em manifestação, parecer ou estão enumerados no art. 536, § 1º, do CPC.
súmula administrativa.
Não havendo cumprimento específico da obrigação, ou de
Sumula 45 STJ: No reexame necessário é defeso ao providência que assegure resultado equivalente, e sendo
tribunal agravar a condenação imposta à fazenda infrutíferas as medidas determinadas, ou existindo
requerimento do credor, haverá conversão em perdas e danos,
pública. - reformatio in pejus Ø
prosseguindo-se na forma dos arts. 523 e ss., do CPC
Sumula 253 STJ: O art. 557 do CPC, que autoriza o relator Art. 499. A obrigação somente será convertida em
a decidir o recurso, alcança o reexame necessário. perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a
Da decisão da remessa necessária é cabível recurso. tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado
Julgamento monocrático. prático equivalente.
Sumula 325 STJ: A remessa oficial devolve ao Tribunal o Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem
reexame de todas as parcelas da condenação suportadas prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o
pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de réu ao cumprimento específico da obrigação.
advogado.
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de
declaração de vontade, a sentença que julgar procedente
o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá
todos os efeitos da declaração não emitida. A coisa julgada guarda semelhança com a preclusão,
tanto que alguns a denominam de “preclusão máxima”.
Sentenças proferidas nos processos em que a pretensão do A diferença é que a coisa julgada pressupõe
autor é de que o réu emita uma declaração de vontade, que ele encerramento do processo, enquanto a preclusão
se recusa a lançar. consiste na impossibilidade de modificação do ato
Ex: réu se comprometeu a celebrar com o autor um contrato,
judicial, contra o qual não caibam mais recursos. Mas o
ou emitir uma declaração. Cumpridas o termo ou as condições
aspecto formal da coisa julgada não esclarece sobre a
impostas, o réu se recusa a prestar a declaração prometida.
(transferir ao autor um veículo depois da última parcela paga). possibilidade de repropositura de idêntica ação,
porquanto se restringe ao processo em que a sentença
ou acordão foi proferido.
Seção V
Da Coisa Julgada Todos os tipos de sentença (as que resolvem o mérito e
as que extingue o processo sem examiná-lo, ficam
Um dos direitos e garantias fundamentais – art.5°, XXXVI, sujeitas a coisa julgada formal, seja no âmbito da
CF – estabelece que a lei não pode retroagir, em prejuízo jurisdição voluntaria, seja no da contenciosa.
dela, ou seja, as decisões judiciais não podem mais ser
alteradas, a partir de um determinado ponto, do Coisa julgada material
contrário, a segurança jurídica sofreria grave ameaça.
Consiste não mais na possibilidade de modificação da
A função da coisa julgada é assegurar que os efeitos decisão n processo em que foi proferida, mas na
decorrentes das decisões judiciais não possam mais ser projeção externa dos seus efeitos, que impede que a
modificados, se tornem definitivos. mesma ação, já decidida em caráter definitivo, volte a ser
discutida em outro processo. Se presta a trazer
Coisa julgada não é um dos efeitos da sentença, mas uma segurança jurídica aso litigantes.
qualidade deles.
A coisa julgada material pressupõe decisão de mérito,
Eficácia da sentença ≠ Imutabilidade de seus efeitos que aprecie a pretensão posta em juízo, favorável ou
desfavoravelmente ao autor, pois se o juiz extinguir o
O trânsito em julgado está associado a impossibilidade processo sem resolução de mérito (meramente
de novos recursos contra a decisão. Há casos em que ela terminativa), a renovação da demanda não implicará
já produz efeitos, pode ser executada, mas não há ainda rediscussão do que foi decidido, mas nova tentativa de
o trânsito em julgado, pois eventuais recursos ainda obter do judiciário um exame do pedido.
pendentes não são dotados de eficácia suspensiva. A
eficácia da decisão ou sentença não está Guarda estreita relação com o fenômeno litispendência,
necessariamente condicionada ao trânsito em julgado, que também pressupõe duas ações idênticas, mas em
mas à inexistência de recursos dotados de efeito curso, ao passo que, na coisa julgada, uma delas já foi
suspensivo. julgada em caráter definitivo.
A sentença que examina a pretensão de alimentos é § 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo
definitiva, enquanto não sobrevier alteração fática, que houver restrições probatórias ou limitações à cognição
justifique a sua revisão. A todo tempo, mesmo depois da que impeçam o aprofundamento da análise da questão
sentença definitiva, há possibilidade de rediscutir e rever prejudicial.
o valor, desde que haja alteração fática. Não é possível
modificá-la, mantida as circunstâncias originárias. Enunciado 438 FPPC - É desnecessário que a resolução expressa
da questão prejudicial incidental esteja no dispositivo da
O art.505, I, estende essa solução às demais situações decisão para ter aptidão de fazer coisa julgada.
em que haja relações jurídicas continuativas.
Art. 504. Não fazem coisa julgada:
2- Coisa julgada “secundum eventum litis”
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o
Há casos em que o legislador exclui a coisa julgada alcance da parte dispositiva da sentença;
material, conforme o fundamento utilizado pelo juiz,
ainda que ele tenha examinado a pretensão posta em II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento
juízo. da sentença.
Ação civil publica / ação popular haverá coisa julgada A sentença tem 3 partes: relatório, fundamentação e o
material, quando houver improcedência de provas dispositivo. Só o dispositivo da sentença/decisão interlocutória
(art.16 lei 7.347/85 e art.18 da lei 4.717/65); mas haverá, fica acobertado pela autoridade da coisa julgada material, a
se houver sentença de procedência, ou de improcedência fundamentação e a verdade dos fatos não.
por qualquer outro fundamento, que não a insuficiência
ou deficiência de provas. *há possibilidade de, em outro processo, se rediscutir aquilo
que o juiz examinou na fundamentação da sua sentença?
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões Os fatos que o réu apresentar para fundamentar o seu pedido
já decididas relativas à mesma lide, de que a pretensão inicial seja desacolhida não constituem um
salvo: dos elementos da ação. São elementos identificadores da ação
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, os fatos em que se baseia a pretensão do autor, mas são
sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, aqueles em que a defesa está fundada. Por isso, caso acolhida a
pretensão do autor, reputam se repelidas todas as defesas que
caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi
o réu apresentou, como as que ele poderia ter deduzido e não o
estatuído na sentença; fez.
II - nos demais casos prescritos em lei.
Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, As questões prejudiciais poderão ser decididas com força
considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as de coisa julgada material, desde que preenchidos
alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao determinados requisitos. No exemplo da ação de
acolhimento quanto à rejeição do pedido. alimentos, ele declarará a paternidade do réu em relação
ao autor, com força de coisa julgada material. A questão
*Eficácia preclusiva da coisa julgada prejudicial, embora decidida incidentalmente, é julgada
*Princípio do deduzível ou do dedutível – reputar-se-ão em caráter definitivo.
apreciadas não apenas as matérias deduzidas, mas as
dedutíveis pelas partes. Requisitos:
1-Que o réu ofereça contestação – 503,II;
Elementos da ação:
-Partes
-Causa de pedir (fato que motiva a pretensão) 2-Que da resolução da questão prejudicial dependa o
-Pedido exame de mérito;
A decisão que rejeita o pedido, fundado em determinado fato, 3-Que o juízo seja competente para conhecê-la; se o juiz
não pode mais ser rediscutida, depois do trânsito em julgado. for incompetente, mas a incompetência for relativa, não
Mas é possível formular o mesmo pedido, com fundamento em haverá óbice, pois esta pode ser modificada por força da
outro fato, distinto daquele anterior, pois sendo a causa de conexão que há entre a questão prejudicial e a principal.
pedir distinta, não haverá reiteração de ações, mas uma nova.
4-Que a questão seja expressamente examinada; o juiz
deverá concluir pela existência ou insistência da relação
jurídica que constitui a prejudicial. Melhor será que o juiz Durante dois anos a contar do trânsito e julgado da
decida no dispositivo e não na fundamentação. última decisão proferida no processo, há possibilidade de
ajuizamento da ação rescisória, quando ainda é possível
5-Que não haja restrições probatórias ou limitações à desconstituí-la. Mas, ultrapassado esse prazo, não
cognição que impeçam o aprofundamento da análise da haveria mais como afastá-la, nem mesmo naquelas
questão prejudicial. As questões decididas em caráter situações em que manifesto o equívoco na decisão
provisório, em cognição limitada ou superficial não judicial, ou evidentes os danos que poderiam dele
receberão solução definitiva. decorrer.
Mas isso não afasta o risco de, por meio da coisa julgada,
A coisa julgada e a justiça da decisão poderem ser eternizadas situações tão nocivas, ou ainda
mais, que aquelas que adviriam da rediscussão posterior
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo da decisão. Por isso, há alguns anos, tem se falado na
em que interveio o assistente, este não poderá, em relativização da coisa julgada.
processo posterior, discutir a justiça da decisão...
Trata-se da possibilidade de, em situações excepcionais,
Imutabilidade da decisão afastar a coisa julgada, mesmo, que já tenha sido
- Coisa julgada imutabilidade do que ficou decidido no ultrapassado p prazo de rescisória.
dispositivo da sentença.
- Justiça da decisão imutabilidade do que ficou O fundamento teórico é a existência de direitos e
decidido na fundamentação da sentença. garantias fundamentais tão ou mais importantes do que
a coisa julgada, que não poderia prevalecer se
A justiça da decisão está associada ao assistente simples, confrontada com eles.
terceiro que ingressa no processo porque tem interesse Exemplos que podem ilustrar situações em que a coisa
jurídico em que a sentença seja favorável a uma das julgada deverá ser afastada, ainda que ultrapassado o
partes. Ele não é, ao final, alcançado pela coisa julgada prazo da AR.
material, porque não é dele a relação jurídica que se - Ações de investigação de paternidade: quando
discute o processo. Mas, nos termos do art. 123, não posterior a realização de exame de DNA que comprova
poderá mais rediscutir, em processos futuros, a justiça da que o resultado do processo não retrata a verdade dos
decisão, aquilo que o juiz tenha decidido n fatos. Se, de um lado, há direito à segurança jurídica, de
fundamentação da sentença, no processo em que ele outro, há o direito individual das pessoas de figurarem
interveio. como filhos ou pais de quem efetivamente o são.
Mecanismos para afastar a coisa julgada Esgotados os recursos, a sentença transita em julgado.
Não é mais possível rediscuti-la nos mesmos autos, pois
O CPC prevê mecanismos pelos quais se pode afastar a haverá coisa julgada formal, que afeta todas as
coisa julgada, seja desconstituindo-a, seja declarando-lhe sentenças, terminativas ou definitivas. Se o julgamento
a inexistência. Tais mecanismos são: for de mérito, haverá também a coisa julgada material
sobre todas as decisões de mérito, que projeta seus
Ação rescisória (966); efeitos fora do processo e impede que as partes
Impugnação ao cumprimento de sentença, rediscutam em qualquer outro aquilo que tenha sido
(quando o objeto for desconstituir ou declarar decidido sobre os pedidos.
ineficaz o título);
Ação declaratória de ineficácia
Em casos excepcionais, porém, a lei permite a utilização
de ação autônoma de impugnação, cuja finalidade é
Relativização da coisa julgada
desconstituir a decisão de mérito transitada em julgado.
Nela, ainda é possível postular a reapreciação daquilo
que foi decidido em caráter definitivo. Trata-se da ação sentença é proferida apenas para extinguir o processo,
rescisória. mas não é ela que confere obrigatoriedade ao
acordo. Por isso, o que deve ser rescindido não é a
Não se trata de um recurso, pois pressupõe que todos já sentença, mas o ato de disposição de direito
se tenham esgotado. Exige que tenha havido o trânsito homologado. Ou seja, o objeto da rescisão é a transação,
em julgado da decisão de mérito. Consiste em uma ação ou ato de disposição dos litigantes. Como a transação ou
cuja finalidade é desfazer o julgamento já tornado disposição é negócio jurídico civil, a rescisão opera-se na
definitivo. forma da lei civil, que prevê hipóteses de nulidade ou
anulabilidade dos atos jurídicos em geral. Em caso de
Ela não cabe em qualquer circunstância. O art. 966 nulidade, caberá a ação declaratória, e em caso de
enumera as hipóteses de cabimento. Pode-se dizer, de anulabilidade, ação anulatória.
maneira geral, que é o veículo adequado para suscitar
nulidades absolutas que contaminaram o processo ou a São elas as adequadas para impugnar acordo em
decisão. O rescindido é a decisão (rectius, o seu separação consensual, partilha de bens ou a transação.
dispositivo). Mas,
como o processo se caracteriza por ser uma sequência de Decisões que reconhecem prescrição e decadência
atos interligados e coordenados, que se sucedem no
tempo e visam ao provimento jurisdicional, a existência Elas põem fim ao processo, com resolução de mérito; no
de um vício no seu curso pode entanto, não julgam a pretensão do autor. Por isso, são
contaminar todos os atos subsequentes e, por chamadas falsas sentenças de mérito: a lei as considera
conseguinte, a decisão de mérito. de mérito para que possam revestir-se da coisa julgada
material.
A rescisória só servirá para desconstituí-la quando o vício
de que ela ou o processo padecem persistir mesmo A cassação de tais decisões, depois do trânsito em
depois do trânsito em julgado. Há nulidades que não julgado, exige ação rescisória, e não a anulatória ou
sobrevivem ao final do processo. Quando ele se encerra, declaratória, porque estas só cabem quando a
elas se sanam. Por exemplo: se o processo for conduzido intervenção do juízo é meramente homologatória, sem
por um juiz suspeito, cumpre às partes reclamar, conteúdo decisório. O reconhecimento da prescrição ou
arguindo a suspeição; ou ela é acolhida, o que ensejará o da decadência decorre de um pronunciamento judicial,
refazimento dos atos decisórios, se necessário, ou não é em que o juízo verifica os prazos e examina a existência
acolhida, ou nem mesmo suscitada, caso em que o vício de causa suspensiva ou interruptiva. Não há apenas
desaparece. manifestação de vontade das partes, mas efetiva decisão
judicial. Daí o cabimento da rescisória.
Quando o vício é daqueles que desaparecem quando o
processo se encerra, não cabe a ação rescisória. Ela exige Ações declaratórias de ineficácia
que a nulidade seja absoluta, que se prolongue para além
do processo.
A ação rescisória cabe quando o processo ou a decisão
contiver uma nulidade absoluta. Superado o prazo, o
Outros mecanismos de impugnação das sentenças
vício que os contamina estaria sanado, pois até as
transitadas em julgado
nulidades absolutas têm um limite para serem alegadas.
Ações anulatórias ou declaratórias de nulidade (art. 966,
§ 4º, do CPC) Mas tem-se admitido uma categoria de vícios mais
graves, que não se sanariam nem com o transcurso in
Há dois outros mecanismos, além da rescisória, pelos albis do prazo das ações rescisórias. Os processos e as
quais se pode impugnar uma sentença transitada em decisões que os contenham seriam ineficazes. Não se
julgado. Um deles é a ação anulatória ou declaratória de trata de inexistência física ou material, pois a sentença
nulidade, prevista no art. 966, § 4º, do CPC que cabe foi proferida e pode estar produzindo efeitos, mas de
contra os atos de disposição de direitos, praticados pelas ineficácia decorrente de um vício insanável, o que enseja
partes ou por outros participantes do processo e não a ação rescisória, mas a declaratória de ineficácia, a
homologados pelo juízo, bem como os atos querela nullitatis insanabilis, que, diferentemente
homologatórios praticados no curso da execução. daquela, não tem prazo. É proposta em primeiro grau de
Sempre que a sentença for apenas de homologação, jurisdição, e não no tribunal, como a rescisória.
como ocorre quando há
acordo entre os litigantes, a ação rescisória não será o Como não há unanimidade doutrinária sobre a admissão
mecanismo adequado para impugnação, mas as ações da ação declaratória, nem sobre os atos ineficazes, o
anulatórias ou declaratórias de nulidade, previstas para Superior Tribunal de Justiça tem admitido certa
os atos jurídicos em geral. fungibilidade entre as duas ações, isto é, tem autorizado
o ajuizamento da rescisória, mesmo naquelas situações
O que torna obrigatória a transação não é a em que se poderia concluir pela falta de um pressuposto
homologação judicial, mas o acordo de vontades. A processual de eficácia, desde que ajuizada dentro do
prazo decadencial.
Outras situações em que não cabe a rescisória Ação rescisória contra decisões que não são de mérito
Como o julgamento de mérito pode ser cindido, já que o 2. A legitimidade do terceiro juridicamente prejudicado
juiz pode, em julgamento antecipado parcial, apreciar um O terceiro que tem interesse jurídico é aquele que
dos pedidos e deixar para apreciar os demais na poderia ter ingressado no processo, na qualidade de
sentença, a parte poderá ajuizar ação rescisória apenas assistente.
contra a decisão interlocutória de mérito já transitada
em julgado, ainda que o processo prossiga para o exame Há dois tipos de assistência: a simples e a litisconsorcial.
dos demais pedidos. Mas, se quiser, poderá aguardar a Na simples, o terceiro não é titular da relação jurídica
sentença e o exame das pretensões restantes, porque o discutida em juízo, mas de relação a ela interligada ou
direito à rescisória só se extingue depois de dois anos a conexa. Por isso, o assistente simples não é atingido pela
contar do trânsito em julgado da última decisão coisa julgada material, o que, em princípio, afastaria o
proferida no processo (art. 975). seu interesse para ingressar com a ação rescisória.
Cada um merece exame em item específico: Aquele que poderia ingressar como assistente
litisconsorcial será alcançado pela coisa julgada,
1. Quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título ingressando ou não, razão pela qual estará legitimado a
universal ou singular propor a ação rescisória.
As partes da ação rescisória não ocuparão Elas referem-se à situação em que ele não atuou como
necessariamente os mesmos polos que ocuparam na parte, pois se foi autor ou réu poderá valer-se do art.
ação originária: é possível que o autor da rescisória tenha 967, I. Não o tendo sido, poderá ajuizar a rescisória em
figurado como réu desta, e vice-versa. razão de nulidade do processo, exatamente por sua não
intervenção, nos casos em que ela é obrigatória; e
Salvo a hipótese de que o dispositivo da decisão possa mesmo quando a sua participação como fiscal da ordem
ser cindido em capítulos autônomos, haverá jurídica não era necessária, mas verifica-se que houve
necessidade de citação de todos aqueles que figuraram simulação ou colusão, que as partes se uniram para
no polo oposto, na ação originária. Se o réu desta for o obter, por meio do processo, um resultado ilegal ou
autor da rescisória, no polo passivo deverá incluir todos fraudulento. Por fim, poderá ajuizá-la também nos
os autores, porque eles serão outros casos em que a lei imponha sua atuação. Já foi
decidido, por exemplo, que “o MP também está
legitimado a pedir a rescisão de sentença em que há de impedimento, pois se a incompetência foi relativa ou
comprometimento de interesses públicos indisponíveis” o juiz suspeito, o vício terá se sanado no curso do
(RSTJ 98/23). processo. A rescisória será admitida, ainda que a
nulidade não tenha sido suscitada no seu curso.
Em todos os casos, deverão figurar no polo passivo da
rescisória os autores e réus da ação originária, já que Se o juiz impedido participou do julgamento em órgão
todos serão afetados. colegiado, a rescisória será cabível se o seu voto
repercutiu sobre o julgamento, se o influenciou. Se foi
4. Aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era voto isolado, cuja alteração não afetaria o resultado, não
obrigatória a intervenção há razão para cogitar da rescisão.
Há casos em que a lei determina a intervenção Se, no julgamento da rescisória, for reconhecida a
obrigatória de determinadas pessoas ou entes no incompetência absoluta do juízo ou Tribunal que
processo. É o caso, por exemplo, do curador especial em prolatou a decisão, haverá a cassação da decisão por eles
favor do réu revel citado fictamente ou do réu revel proferida, com a determinação de remessa dos autos ao
preso. Se eles não forem ouvidos e o juiz proferir decisão juízo ou Tribunal competente. Parece-nos que, nessa
de mérito desfavorável ao curatelado, eles estarão hipótese, não haverá a possibilidade de se proceder ao
legitimados a propor ação rescisória. juízo rescisório, desde logo, porque cumprirá que,
primeiro, haja a decisão do órgão competente.
Hipóteses de cabimento (CPC, art. 966)
3. Sentença que resulta de dolo ou coação da parte
O art. 966 enumera os fundamentos em que deve se vencedora em detrimento da parte vencida, ou de
embasar a ação rescisória. O rol é taxativo e não simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a
comporta ampliações, nem utilização da analogia, para lei
hipóteses não expressamente previstas. Nos próximos
itens, cada uma das situações será examinada Haverá dolo da parte vencedora quando ela engana o juiz
separadamente. ou a parte contrária para influenciar o resultado do
julgamento, e coação quando ela incute no adversário
1. Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz prolator fundado temor de dano iminente e considerável à sua
da decisão pessoa, à sua família ou a seus bens. Para que possa
ensejar a rescisória, é preciso que isso tenha sido
A prevaricação é o ato de “retardar ou deixar de praticar, determinante para o resultado e que aquele que violou o
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra dever de lealdade e boa-fé, ou fazendo uso de ardis para
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou induzir a erro o adversário, ou fazendo uso da coação,
sentimento pessoal” (CP, art. 319). A concussão consiste tenha
em “exigir, para si ou para outrem, direta ou saído vitorioso.
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida” (CP, Barbosa Moreira formula os seguintes exemplos: “o
art. 316). E a corrupção passiva em “solicitar ou receber, autor obstou a que o réu tomasse conhecimento real da
para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda propositura da ação, ou de qualquer modo o levou a ficar
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão revel; o litigante vitorioso criou empecilhos, de caso
dela, vantagem indevida, ou aceitar a promessa de tal pensado, à produção de prova que sabia vantajosa para o
vantagem” (art. 317). adversário, subtraiu ou inutilizou documento por este
junto aos autos. Não basta a simples afirmação de fato
Não é preciso que o juiz tenha sido condenado em inverídico, sem má-fé, nem o silêncio acerca de fato
processo crime. A existência do ilícito pode ser desfavorável relevante, nem a abstenção de produzir
demonstrada na própria rescisória. Não haverá prova capaz de beneficiar a parte contrária”9.
incompatibilidade entre sentença penal absolutória e a
procedência da ação rescisória por esse fundamento. Acolhido o pedido de rescisão da decisão, cumprirá ao
Mas, se o juiz tiver sido condenado na esfera criminal, o órgão julgador verificar se já é possível formular o juízo
ilícito não mais poderá ser rediscutido na rescisória. rescisório, proferindo nova decisão, que substitua a
primeira, o que nem sempre ocorrerá: por exemplo, se o
Se for perpetrado por juiz integrante de órgão colegiado, dolo ou coação foi usado para impedir que o réu tomasse
a rescisória só será acolhida se o voto dele afetou o conhecimento real da ação, será necessário que o
resultado. processo retome da fase de citação, prosseguindo a
partir daí. Se o dolo ou coação foi usado para obstar a
2. Impedimento do juiz ou incompetência absoluta do produção de provas, o processo reiniciará a partir dessa
juízo fase.
Para que o processo e a decisão sejam válidos é preciso A colusão é o conluio entre as partes, que utilizam o
que o juízo seja competente e o juiz imparcial. Mas só processo para fins ilícitos. Vem tratada no art. 142 do
haverá nulidade em caso de incompetência absoluta ou CPC: “Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que
autor e réu se serviram do processo para praticar ato julgado. Se o acórdão o apreciou, ofende a coisa julgada
simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá e enseja a rescisória.
decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando,
de ofício, as penalidades da litigância de má-fé”. Imagine- Outra situação é a da sentença penal condenatória,
se, por exemplo, que alguém queira fugir da obrigação posterior à sentença civil de improcedência transitada
de pagar seus credores, e se conluie com um amigo para em julgado. Não há conflito de coisas julgadas, porque as
que ajuíze ação como credor preferencial, para ter pretensões e as partes são diferentes nas duas ações.
prioridade no recebimento. O juiz, descoberta a colusão, Entretanto, haverá a questão da possibilidade de
extinguirá o processo sem resolução de mérito. executar a primeira apesar da segunda. A questão é
bastante controvertida, mas parece-nos que, enquanto
Se ele não conseguiu obstar a colusão, qualquer não for rescindida a sentença civil, não será possível
prejudicado ou o Ministério Público poderão ajuizar a promover a execução civil da sentença penal
rescisória. Mas não as partes, por faltar-lhes interesse, já condenatória.
que eram envolvidas na fraude.
5. Violar manifestamente norma jurídica
Em regra, não haverá juízo rescisório, porque bastará
que o órgão julgador casse a sentença, sem que profira Não se admite a rescisão por injustiça da sentença ou por
outra no lugar. inadequado exame das provas. É indispensável que haja
A simulação ocorre quando uma das partes se valer dos afronta direta e induvidosa à norma jurídica (ou a
expedientes enumerados no art. 167, §§ 1º e 2º, do princípio geral do direito), de natureza constitucional ou
Código Civil, aplicando-se a ela as mesmas regras da infraconstitucional.
colusão.
A ofensa pode ser à norma material (error in judicando)
4. Decisão que ofender a coisa julgada ou à norma processual (erro in procedendo), o que, em
regra, terá influência decisiva sobre o juízo rescisório. Se
Não pode haver novo pronunciamento judicial sobre o erro foi de julgamento, será, em princípio, possível que
pretensão já examinada por decisão transitada em o órgão julgador já profira a nova decisão, em
julgado e acobertada pela autoridade da coisa julgada substituição à anterior; mas se o erro for processual,
material. Nem mesmo a lei pode retroagir para haverá necessidade de que o processo originário seja
prejudicá-la. Por isso, uma nova decisão, que reforme o retomado no ponto em que foi perpetrado o erro capaz
decidido pela anterior, poderá ser rescindida. Se ela de influir no julgamento. Caberá rescisória se o error in
reafirmar a anterior, o problema, em princípio, não se procedendo for cometido na própria decisão, ou em fase
colocará, pois não haverá ofensa à coisa julgada. anterior, desde que sobre ela repercuta.Por exemplo, no
indeferimento de provas que a lei autorizava e que
É bastante controversa a questão de qual das decisões poderiam ter influído no resultado.
deva prevalecer, caso não haja rescisão da segunda.
Vicente Greco Filho suscita interessante questão: “(...) o Não se considera violação manifesta da norma jurídica a
da validade da sentença proferida decisão que deu a ela uma interpretação razoável, ainda
com ofensa à coisa julgada e que não foi rescindida que não predominante, ou ainda que divergente de
porque se passaram os dois anos de decadência da ação outras dadas pela doutrina e jurisprudência. Nesse
rescisória”. A solução dada por ele é: “Não rescindida, a sentido, a Súmula 343 do STF: “Não cabe ação rescisória
despeito de ofender a coisa julgada, a segunda sentença por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão
terá eficácia como título autônomo, mesmo que seja rescindenda se tiver baseado em texto legal de
contraditória com a primeira sentença. Portanto, será interpretação controvertida nos tribunais”. É preciso que
executada, sem que o juiz da execução possa evitar a sua a decisão seja incompatível com a norma jurídica, não
eficácia, porque o trânsito em julgado da segunda podendo haver coexistência lógica das duas.
impede que se discuta a sua validade”10. Essa opinião é
partilhada, entre outros, por Flávio Yarshell 11. Mas caberá a ação rescisória, se a decisão não der ao
texto de lei interpretação razoável, isto é, der uma
Não nos parece, porém, que seja a melhor solução: em interpretação que absolutamente não se conforma com
caso de coisas julgadas antagônicas, há de prevalecer a o texto literal da lei ou com o seu espírito. Nesse sentido,
primeira, pois a segunda foi prolatada quando já havia já foi decidido: “O que o art. 485, V, do CPC, (atual art.
decisão definitiva a respeito. Essa é a solução sugerida 966, V) reclama para a procedência da rescisória é que o
por Nelson e Rosa Nery: “Ultrapassado o prazo do CPC julgado rescindendo, ao aplicar determinada norma na
495 e havendo conflito entre duas coisas julgadas decisão da causa (portanto, ao fazer incidir sobre o litígio
antagônicas, prevalece a primeira sobre a segunda, norma legal escrita), tenha violado seu sentido, seu
porque esta foi proferida com ofensa àquela (CPC 471)”. propósito: sentido e propósito que, como não pode
deixar de ser, admitem e até mesmo impõem variada
Situação interessante de rescisória por ofensa ao inciso compreensão do conteúdo do imperativo legal, ao longo
IV do art. 966 é do acórdão prolatado em apelação do tempo e ao sabor de circunstâncias diversas da ordem
intempestiva. Se já havia sido ultrapassado o prazo de social, que a jurisprudência não pode simplesmente
recurso, a sentença estava transitada em ignorar ou mesmo negligenciar” (RSTJ 27/247).
réu daquela. A prova nova não é aquela cuja constituição
Vale lembrar que a norma afrontada tinha de estar em operou-se após a decisão transitada em julgado, mas
vigor no momento em que a decisão foi proferida. Não cuja existência, embora anterior, era ignorada pelo autor
cabe rescisória se a decisão é incompatível com lei da ação rescisória, ou de que ele não pôde fazer uso, por
superveniente, embora estivesse em consonância com a circunstâncias alheias à sua vontade. Se deixou de ser
lei vigente à época de sua prolação. Também se exige apresentada por culpa da parte, que agiu com desídia ou
que a afronta à lei tenha influenciado o julgamento, pois, negligência, porque ela era acessível, não cabe a
do contrário, faltará interesse para postular a rescisão. rescisória. É preciso ainda que o documento seja tal que
possa assegurar, por si só, pronunciamento favorável.
Cabe, ainda, ação rescisória, com fulcro nesse inciso,
contra decisão baseada em enunciado de súmula ou 8. Fundada em erro de fato, verificável do exame dos
acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos autos
que não tenha considerado a existência de distinção
entre a questão discutida no processo e o padrão De acordo com os parágrafos do art. 966, haverá erro
decisório que lhe deu fundamento, cabendo ao autor, quando a decisão admitir um fato inexistente, ou quando
sob pena de inépcia, demonstrar a distinção entre a considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido.
situação fática sub judice e aquela usada como padrão Para que caiba a rescisória, é indispensável que o fato
(art. 966, § 5º). não represente ponto controvertido, sobre o qual o juiz
deveria ter se pronunciado.
6. Se fundar em prova cuja falsidade tenha sido apurada
em processo criminal, ou seja, demonstrada na própria É indispensável que ele possa ser verificável do exame
ação rescisória dos autos. Não se admite, na ação rescisória fundada no
inciso VIII, sejam produzidas novas provas do erro. Este já
É indispensável que a prova falsa tenha sido deve estar comprovado de plano.
determinante do resultado, que este não possa subsistir A rescisória fundada em erro de fato não autoriza ao
sem ela. Se o julgamento está fundado em vários órgão julgador que reexamine as provas dos autos para
elementos ou provas variadas, e a falsidade de uma delas verificar se a decisão foi ou não a mais adequada: “O erro
não seja decisiva para o resultado, não haverá razão para autorizador da rescisória é aquele decorrente da
a rescisória. desatenção ou omissão do julgador quanto à prova, não,
pois, o decorrente do acerto ou desacerto do julgado em
A lei processual não distingue entre falsidade material e decorrência da apreciação dela” (Bol. AASP 1678/Supl., p.
ideológica. Considera-se irrelevante que ela pudesse ter 6).
sido detectada no processo de conhecimento no qual foi
proferida a sentença que se quer rescindir. Só cabe a rescisória se a existência ou inexistência do
fato não tiver sido expressamente apreciada pela
A falsidade pode dizer respeito a todos os tipos de prova decisão. Se o juiz, no julgamento, concluiu pela
— documental, pericial ou testemunhal — e sua existência, ou inexistência do fato, equivocadamente,
apuração será feita em processo criminal, ou na própria isso não enseja a rescisória. O que a enseja é o erro que
ação rescisória. Se no primeiro, a sentença que passou despercebido do juiz, seja quando ele não
reconhecer a falsidade deverá estar transitada em reconheceu na decisão um fato que, de acordo com os
julgada, o que torna a hipótese rara, diante do prazo de elementos dos autos, comprovadamente ocorrera; ou
dois anos. Mas, mesmo que seja absolutória, a falsidade quando reconheceu um fato que, de acordo com os
poderá ser demonstrada na rescisória. mesmos elementos, comprovadamente não ocorrera.
Formulado o juízo rescindente, caberá ao órgão julgador É preciso que o juiz não tenha se pronunciado e levado
verificar se já é possível promover outro julgamento, em em conta elementos dos autos por si sós suficientes para
substituição ao primeiro, afastada a prova cuja falsidade comprovar que um fato que ele considerou existente não
se apurou. Haverá situações em que não será possível. ocorreu, ou vice-versa.
Por exemplo, se o juiz julgou antecipadamente o mérito,
considerando desnecessárias outras provas, já que havia Procedimento da ação rescisória
prova documental suficiente. Apurada falsidade, pode
tornar-se necessária a abertura de instrução, o que 1. Competência
impedirá o juízo rescisório.
A ação rescisória de sentença deve ser proposta perante
.7. Depois do trânsito em julgado, o autor obtiver prova o Tribunal que teria competência para julgar recursos
nova, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer contra ela; se de acórdão, a competência será do mesmo
uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento Tribunal que o proferiu, mas o julgamento será feito por
favorável um órgão mais amplo. Por exemplo: para rescindir
acórdão proferido por três desembargadores, a ação
O autor, a que alude o dispositivo legal, não é o da ação rescisória deverá ser julgada por turma composta de
originária, cuja decisão se pretende rescindir, mas o da cinco; se o acórdão foi proferido por cinco, a rescisória
própria rescisória, que pode ter figurado como autor ou será julgada por sete.
por unanimidade de votos. No entanto, não haverá
2. Petição inicial restituição em caso de desistência ou de extinção por
abandono.
A petição inicial deve conter os requisitos do art. 319 do
CPC e indicar os três elementos da ação: as partes, o Quando o autor for o Ministério Público, pessoa jurídica
pedido e a causa de pedir. de direito público, Defensoria Pública ou beneficiário da
justiça gratuita, não haverá necessidade de caução. A
Ao formular o pedido, o autor poderá cumular a Súmula 175 do STJ estabelece: “Descabe o depósito
pretensão ao “juízo rescindente” e ao “juízo rescisório”, prévio nas ações rescisórias propostas pelo INSS”. Tal
se caso. Nem sempre será o caso de cumulação das duas solução estende-se às demais autarquias e pessoas
coisas. Haverá aqueles em que bastará rescindir o jurídicas de direito público.
julgado, sem necessidade de proferir outro em
substituição, como no caso de segunda sentença O depósito prévio de 5% não pode ultrapassar 1.000
proferida quando já havia outra anterior, transitada em salários-mínimos.
julgado; há outros, ainda, em que o juízo rescisório não
poderá ser feito pelo mesmo órgão que fez o 4. Indeferimento da inicial
rescindente, como no caso da rescisão por
incompetência absoluta do juízo. O art. 968, § 3º, do CPC autoriza o indeferimento da
inicial nas mesmas situações em que isso ocorre nos
Mas, como ensina Flávio Yarshell, “conquanto a lei diga outros processos (CPC, art. 330). Também haverá o
que ao autor compete, na elaboração da petição inicial, indeferimento se não for recolhida a caução exigida pelo
cumular ao pedido de desconstituição o de novo art. 968, II, do CPC.
julgamento da causa, é de se reputar como implícito o
pedido relativo ao chamado juízo rescisório, na exata O relator tem poderes para indeferir a inicial, cabendo
medida da procedência do juízo rescindente. Não haveria agravo interno para o órgão que seria o competente para
sentido em se desconstituir a decisão de mérito e, a julgar a ação. Nesse sentido, é a decisão publicada em
pretexto de que não teria havido pedido de novo RSTJ 148/511. Discute-se sobre a possibilidade de algum
julgamento, o tribunal interromper aí seu julgamento”13. recurso contra o indeferimento da inicial pela Turma.
O pedido do juízo rescisório está implícito no do juízo Parece-nos que não, já que não cabe apelação, porque
rescindente, quando for o caso, apesar da redação do não houve sentença, mas acórdão, pois se trata de ação
art. 968, I, do CPC. de competência originária do tribunal. E o agravo interno
só cabe quando houver decisão monocrática do relator.
A rescisão pode englobar a decisão toda, ou apenas um
dos seus capítulos, caso em que somente estes serão Além de indeferir a inicial, o tribunal também pode
substituídos pela nova decisão. proferir a improcedência liminar, desde que presentes as
hipóteses do art. 332 do CPC.
A causa de pedir deve corresponder a uma ou mais das
hipóteses do art. 966. 5. Tutela provisória
Quando o resultado da ação rescisória for a rescisão da Se ele padecer de erro material, obscuridade, omissão ou
decisão por votação não unânime, o julgamento deverá contradição, cabem embargos de declaração; e eventual
recurso extraordinário ou especial, nos casos dos arts. Se o recurso não for admitido ou conhecido, o que
102, III e 105, III, da CF. transita em julgado é a sentença (ou decisão
interlocutória de mérito). Por essa razão, seria de contar-
11. E rescisória de rescisória? se o trânsito em julgado desde o momento em que se
verificou a causa que tornou o recurso inadmissível. Por
Se a ação rescisória for julgada pelo mérito, e o acórdão exemplo: se era intempestivo, desde o término do prazo
padecer de algum dos vícios enumerados no art. 966, do legal para interposição; se não foi recolhido o preparo,
CPC, será possível ajuizar rescisória da rescisória. Um desde o momento em que se tornou deserto.
exemplo: pode ocorrer que, por em equívoco, o Tribunal
reconheça a existência de decadência e julgue a No entanto, a aplicação desse princípio poderia trazer
rescisória extinta, com resolução de mérito. Mais tarde, graves problemas, pois, às vezes, o Tribunal poderia levar
se verifique que houve erro na contagem do prazo. Será mais de dois anos para proferir o acórdão. Se este for de
possível rescindir o acórdão proferido na primeira não conhecimento — e considerando que o recurso não
rescisória. admitido equivale a não interposto — o trânsito em
julgado retroagiria mais de dois anos, o que impediria a
Prazo parte prejudicada de valer-se da rescisória.
O art. 975, do CPC, estabelece que “o direito à rescisão Por essa razão, o Superior Tribunal de Justiça já vinha
se extingue em dois anos contados do trânsito em decidindo: “Segundo entendimento que veio a
julgado da última decisão proferida no processo”. A prevalecer no Tribunal, o termo inicial para o prazo
Súmula 401 do Superior Tribunal de Justiça acrescenta decadencial da ação rescisória é o primeiro dia após o
que “o prazo decadencial da ação rescisória só se inicia trânsito em julgado da última decisão proferida no
quando não for cabível qualquer recurso do último processo, salvo se se provar que o recurso foi interposto
pronunciamento judicial”. por má-fé do recorrente” (RSTJ 102/330). Mesmo que o
recurso não seja conhecido, o termo inicial do prazo da
O prazo se justifica por razões de segurança jurídica: não rescisória não retroagirá, mas será contado depois do
seria razoável que, por tempo indefinido, se pudesse trânsito em julgado da última decisão, salvo
desconstituir decisão transitada em julgado. demonstrada má-fé. É o que estabelece a já mencionada
Súmula 401 do STJ. Essa solução foi expressamente
Há duas exceções ao prazo de dois anos a contar do acolhida pelo art. 975, caput, do CPC, que ainda
trânsito em julgado da última decisão: a hipótese do art. solucionou outra questão, relevante no CPC atual. O
966, VII, em que o prazo será contado da data da julgamento do mérito pode ser cindido, nos casos em
descoberta da prova nova, observado o prazo que houver o julgamento antecipado parcial, previsto no
máximo de cinco anos contado do trânsito em julgado da art. 356. O juiz pode proferir decisão interlocutória de
última decisão proferida no processo; e a hipótese de mérito, julgando um ou alguns dos pedidos, ou parcela
simulação ou colusão, em que o prazo da rescisória para deles, em caráter definitivo, no curso do processo,
o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que determinando o seu prosseguimento em relação aos
não interveio no processo, correrá a partir do momento demais pedidos. Se não houver agravo de instrumento
em que ambos têm ciência da simulação ou colusão. contra a decisão interlocutória de mérito, ela transitará
em julgado. A coisa julgada material será cindida,
O prazo do art. 975 tem natureza decadencial, pois a constituindo-se em etapas. Primeiro, transitará a decisão
ação é desconstitutiva dos julgados anteriores. Aplica-se interlocutória de mérito e, posteriormente, a sentença.
a regra geral do art. 240, § 4º, do CPC: o despacho que
ordena a citação interrompe o prazo, mas, se esta for Caso isso ocorra, o prazo para a ação rescisória será de
feita dentro do período estabelecido em lei, a eficácia dois anos do trânsito em julgado da última decisão
interruptiva retroage à data da propositura da ação. proferida no processo, e não do trânsito em julgado de
Também retroage se houver atraso na citação, por fato cada uma das decisões de mérito proferidas no seu
que não possa ser imputado ao autor. curso. Mesmo que o juiz profira uma decisão
interlocutória de mérito e que ela transite em julgado,
Apesar de o prazo ser decadencial, ele se prorroga até o somente quando o processo se encerrar, com o trânsito
primeiro dia útil subsequente, quando expirar durante o em julgado da última decisão nele proferida, é que fluirá
período de férias, recesso, ou cair em feriado ou em dia o prazo da ação rescisória.
que não haja expediente forense (art. 975, § 1º).
Caso prazo se encerre em dia não útil, haverá
O termo inicial é o trânsito em julgado da última decisão prorrogação para o primeiro dia útil subsequente, como
proferida no processo. Quando o recurso for conhecido, decidiu o STJ em RE. 1.112.864, ao qual foi dada eficácia
o acórdão substitui a sentença e ele é que será de recurso repetitivo.
rescindido. Assim, o prazo começará a partir do dia
seguinte ao último dia que as partes tinham para CAPÍTULO XIV
interpor outros recursos contra ele. DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Não é possível discutir temas preclusos. Legitimidade para a liquidação
Para a execução, é indispensável título líquido que A liquidação pode ser requerida tanto pelo credor
permita a identificação do quantum debeatur. O título quanto pelo devedor. A legitimidade deste deriva do
líquido é aquele que indica a quantidade de bens ou interesse em pagar, para obter a extinção da obrigação,
valores que constituem a obrigação. Ela deve constar do quando necessária a apuração do quantum.
próprio título, podendo, quando muito, exigir cálculos
aritméticos para apurá-la. Mas, na liquidação da sentença condenatória genérica
proferida nas ações civis públicas, somente o credor
O título executivo extrajudicial há de ser sempre líquido. estará legitimado, porque o devedor não terá condições
Se o quantum debeatur não resultar diretamente da de saber quem são as vítimas, e quais os danos que cada
leitura do que dele consta, ou de cálculos aritméticos, ele qual sofreu. A iniciativa é do credor, pois cabe a ele
perderá a sua eficácia executiva. Não existe liquidação de provar que tem tal qualidade, demonstrando ser uma
título extrajudicial. das vítimas do dano objeto da ação.
Já a sentença pode ser ilíquida. Para que possa ter início Natureza da liquidação
a execução, é indispensável que passe por prévia
liquidação, para que se apure o quantum. Há dois tipos de processo em nosso ordenamento: o de
conhecimento e o de execução. Em qual dessas
Sempre que na fase cognitiva for prolatada sentença categorias inclui-se a liquidação? Entre os processos de
condenatória ilíquida, antes de ter início a fase de conhecimento, já que serve para que o juiz diga qual é o
cumprimento de sentença, haverá uma etapa quantum debeatur, não para que tome providências
intermediária, de liquidação. Se o título for sentença satisfativas, ou medidas que visem afastar uma situação
penal condenatória, antes do início da execução, haverá de perigo.
a liquidação dos danos.
Há, no entanto, enorme controvérsia sobre a natureza do
Das diversas espécies de liquidação ato judicial que julga a liquidação. A lei é expressa em
atribuir-lhe natureza de decisão interlocutória, e não
mais de sentença, como anteriormente. Mas discute-se
A Lei n. 8.898/94 atribuiu ao exequente, nos casos em se teria caráter declaratório ou constitutivo. Não pode
que o débito pode ser apurado por cálculo, o ônus de, ao ser condenatório porque a fase de liquidação pressupõe
requerer a execução, juntar memória discriminada do prévia condenação. Mas o título só estará constituído
débito. Com isso, restaram apenas duas formas de após a liquidação, ou já existia anteriormente, limitando-
liquidação. se a liquidação a declarar o quantum debeatur?
O CPC atual as manteve, como liquidação por Parece-nos que a razão está com aqueles que atribuem à
arbitramento e de procedimento comum. A elas, deve-se liquidação natureza meramente declaratória. O art. 515
acrescentar um tipo especial previsto no Código do - considera título executivo judicial a decisão civil e a
Consumidor: a apuração do quantum devido às vítimas, sentença penal transitada em julgado, sem exigir que
quando proferida sentença condenatória genérica nas sejam líquidas. O título já existe desde a condenação
ações civis públicas para a defesa de interesses transitada em julgado (no cível nem é necessário o
individuais homogêneos. São essas as três formas de trânsito). A liquidação é indispensável porque, sem a
liquidação que persistem em nosso ordenamento apuração do quantum, não é possível executar, mas não
jurídico. é ela que constitui o título executivo.
Essa fase de liquidação vem regulada no CPC, arts. 509 a Contra o ato judicial que aprecia a liquidação, qualquer
512. O devedor não será citado, mas intimado na pessoa que ela seja, o recurso cabível será o agravo de
de seu advogado para acompanhá-la (arts. 510 e 511, do instrumento (art. 1.015, parágrafo único, do CPC).
CPC). Se for revel, não haverá necessidade de intimá-lo,
conforme art. 346 do CPC. No entanto, se a liquidação Liquidação provisória
for de sentença penal condenatória, arbitral ou
estrangeira, como não há nenhum processo civil de Nos casos em que se admite a execução provisória, será
conhecimento precedente, o devedor será citado, pois é possível também liquidação provisória, caso a sentença
a primeira vez que comparece ao juízo cível. não seja líquida.
Enquanto há recurso pendente, desprovido de efeito Nos termos da Súmula 318 do STJ, “Formulado pedido
suspensivo, o credor já poderá promover a execução, e, certo e determinado, somente o autor tem interesse
se a sentença for ilíquida, a prévia liquidação, para recursal em arguir o vício da sentença ilíquida”.
apurar o quantum debeatur. Se o recurso for provido, a
liquidação e a execução subsequente ficarão sem efeito e
as partes deverão ser restituídas à situação anterior.
Enquanto pende o curso, a liquidação pode até ser Teve o legislador o cuidado de evitar que, nessa fase que
concluída e decidida. A partir do momento em que o antecede o início da execução, possa surgir algum
recurso for julgado, e não couber nenhum outro com incidente que, sob vias transversas, obrigue o juízo a
efeito suspensivo, poder-se-á passar à execução; mas decidir a respeito do quantum debeatur, o que acabaria
enquanto pender recurso com tal efeito, ela não poderá por ressuscitar a liquidação por cálculo do contador. A
ter início. solução encontrada foi fazer prevalecer o valor
apresentado pelo credor, cumprindo ao devedor
Vedação de sentença ilíquida defender-se, impugnando-o, para que então o juízo
possa decidir qual é o quantum debeatur. Mas, para que
Somente os títulos judiciais podem ser ilíquidos. Mesmo não haja prejuízo ao executado, conquanto a execução
assim, há casos em que o legislador os veda se faça pelo valor indicado pelo credor, a penhora far-se-
expressamente. Dispõe o art. 491 do CPC: “Na ação á pelo valor que o juiz entender adequado, até que, no
relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que curso da execução, ele decida qual é efetivamente o
formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo quantum, podendo então mandar ampliar ou reduzir a
a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, penhora.
a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a
periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, Os §§ 3º a 5º do art. 524 tratam da hipótese de os
salvo quando: I — não for possível determinar, de modo cálculos a serem apresentados pelo credor, no início da
definitivo, o montante devido; II — a apuração do valor execução, dependerem de dados existentes em mãos do
devido depender da produção de prova de realização devedor ou de terceiros, caso em que o juiz, a
demorada ou excessivamente dispendiosa, assim requerimento dele, poderá requisitá-los, concedendo
reconhecida na sentença”. Mesmo nos casos em que se prazo de até trinta dias para cumprimento. Se a
admite pedido genérico (art. 324, § 1º, do CPC), a diligência for descumprida pelo devedor, o juiz
sentença deve ser líquida. Só se admitirá que não o seja considerará corretos os cálculos do credor; se
nas hipóteses dos incisos I e II do art. 491, quando então descumprida por terceiro, poderá ficar caracterizado
será necessária a liquidação. crime de desobediência.
Por exemplo: o juiz condena o réu a pagar ao autor Na petição inicial, o autor os apresentará e eles
indenização correspondente ao aluguel do imóvel por ele constituirão a causa de pedir da liquidação, à qual o juiz
indevidamente ocupado, durante doze meses. A deverá ater-se, sob pena de proferir julgamento extra
sentença é ilíquida porque não se sabe qual é o aluguel petita. O procedimento da liquidação por artigos é o
daquele imóvel. A liquidação será feita por arbitramento comum, ainda que a fase de conhecimento tenha
porque a única coisa a ser feita é apurá-lo. Para tanto, as observado o especial.
partes podem valer-se de pareceres, documentos e, caso
necessário, haverá a nomeação do perito. O réu será intimado para apresentar contestação, sob
pena de presumirem-se verdadeiros os fatos novos
A diferença da liquidação de procedimento comum é relacionados ao quantum debeatur. Todos os meios de
que, nesta, há necessidade de prova de fatos novos, que prova serão admitidos, podendo o juiz determinar prova
vão além da simples apuração do valor do bem ou do técnica e designar audiência de instrução e julgamento.
serviço.
Ao final, proferirá decisão interlocutória, julgando a
Dispõe o art. 509, I, do CPC que a liquidação será feita liquidação. Poderá considerar provados, total ou
por arbitramento quando determinado por sentença ou parcialmente, os fatos novos, declarando líquida a
convencionado pelas partes ou quando o exigir a obrigação e apontando o quantum debeatur.
natureza do objeto da liquidação.
Nada impede que seja realizada mais de uma liquidação
Muitas vezes, ao proferir a sentença condenatória, o juiz pelo procedimento comum, nos casos em que há danos
estabelece a forma pela qual se fará a liquidação. Mas que se manifestam ou se agravam ao longo do tempo. Na
isso não tem caráter definitivo: mesmo que nela conste o primeira, serão apurados os danos que até então se
arbitramento, pode ser necessária a de procedimento apresentaram e, oportunamente, os outros, que se
comum, caso se constate a necessidade da prova de manifestaram posteriormente.
fatos novos.
A liquidação é julgada por decisão interlocutória
Requerido — pelo credor ou devedor — o arbitramento,
o juiz, não sendo possível decidir de plano, após a A liquidação é apenas uma fase intermediária entre a
intimação das partes para apresentação de pareceres e condenatória e a executiva. Ora, só pode ser considerado
documentos elucidativos, nomeará um perito e fixará sentença o ato que põe fim ao processo ou à fase
prazo para a entrega do laudo. As partes poderão condenatória. O que julga a liquidação, não se
formular quesitos e indicar assistentes técnicos. enquadrando em nenhuma dessas categorias, é decisão
interlocutória. O recurso adequado para impugná-la é o
O procedimento a ser observado é o mesmo previsto agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único).
para a prova pericial. Prevalece o entendimento de que
não há honorários advocatícios na liquidação por Ao proferir a decisão, o juiz examinará a pretensão
arbitramento, já que não se discutem fatos novos (RSTJ formulada pelo requerente, que é a de declaração do
142/387). valor devido. Se, ao longo da liquidação, foram colhidos
elementos suficientes e produzidas as provas
LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM necessárias, ele declarará líquida a obrigação. Se as
provas forem insuficientes, e o juiz, ao final, não puder
É aquela em que há necessidade de comprovação de indicar o valor, julgará a liquidação extinta, sem apurar o
fatos novos, ligados ao quantum debeatur. Dispõe o art. quantum, o que não impedirá o requerente de ajuizar,
509, II: “pelo procedimento comum, quando houver mais tarde, uma nova, já que só a decisão que declara o
necessidade de alegar e provar fato novo”. quantum debeatur não pode mais, esgotados os
recursos, ser discutida.
Por fato novo entende-se não o que tenha ocorrido após
a sentença, mas o que não tenha sido apreciado, quando Admite-se ainda (embora exista controvérsia a respeito)
do julgamento, e que diga respeito ao quantum. a possibilidade de o juiz declarar líquida a obrigação no
montante zero. É o que ocorrerá, por exemplo, quando
Por exemplo: o art. 324, II, do CPC permite sentença ajuizada liquidação pelo procedimento comum de
genérica, quando não é possível determinar, de modo sentença penal condenatória e colhidas todas as provas,
definitivo, as consequências do ato ou fato ilícito. Por o juiz concluir que a vítima não sofreu dano nenhum, não
vezes, a vítima sofre lesões cuja extensão não pode ser teve nenhum prejuízo.
tornar-se indispensável no seu curso. Haverá liquidação
Liquidação de sentença genérica em ação civil pública incidente.
Há um terceiro tipo de liquidação: a da sentença genérica É o que ocorrerá, por exemplo, sempre que não houver
proferida em ação civil pública, ajuizada para a defesa de mais a possibilidade de execução específica de obrigação,
interesses individuais homogêneos. e a conversão em perdas e danos (ou quando o credor
preferir essa forma).
A Lei n. 8.078/90 atribui legitimidade extraordinária a
determinados entes para a ação civil pública em defesa A obrigação, até então líquida, tornar-se-á ilíquida, já que
desses interesses, o que não afasta a legitimidade será necessário apurar as perdas e danos.
ordinária das próprias vítimas para ajuizar ação individual
de reparação de danos. Na liquidação incidente, o exequente indicará os danos
que pretende ver ressarcidos, e o juiz determinará as
Proposta ação civil pública, como não se sabe quem são provas necessárias para comprová-los. Ao final, proferirá
as vítimas, quantas são e qual é a extensão dos danos, o decisão interlocutória, indicando o quantum debeatur, e
juiz, em caso de procedência, proferirá sentença a execução prosseguirá, na forma do art. 523 do CPC.
genérica, que condenará o réu ao pagamento de
indenização a todas as pessoas que comprovarem
enquadrar-se na condição de vítimas do ato ou fato Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de
discutido. A sentença não só é ilíquida; ela nem sequer quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a
nomeia as pessoas a serem indenizadas, limitando-se a requerimento do credor ou do devedor:
genericamente condenar o réu a pagar a todos aqueles
que comprovem ser vítimas do evento. I - por arbitramento, quando determinado pela sentença,
convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do
Por exemplo: um dos legitimados extraordinários propõe objeto da liquidação;
ação de reparação de danos causados por determinado
produto farmacêutico que, posto à venda no mercado de II - pelo procedimento comum, quando houver
consumo, era nocivo à saúde. O juiz, se acolher o pedido, necessidade de alegar e provar fato novo.
condenará genericamente o réu a ressarcir todas as antiga liquidação por artigos
vítimas que usaram o medicamento.
§ 1º Quando na sentença houver uma parte líquida e
Na fase de liquidação, que haverá de ser sempre outra ilíquida, ao credor é lícito promover
individual, a vítima precisará demonstrar não apenas a simultaneamente a execução daquela e, em autos
extensão dos danos, mas, antes de tudo, que eles são apartados, a liquidação desta.
provenientes daquele produto nocivo. A liquidação não
servirá apenas para apurar o quanto se deve à vítima, Por exemplo: uma sentença proferida em ação de reparação de
mas para permitir que esta comprove a sua condição. danos pode condenar o réu a pagar os danos emergentes,
correspondentes aos gastos que ele teve, em determinado
valor, e em lucros cessantes, a serem apurados em liquidação.
Dadas essas peculiaridades, esse tipo de liquidação difere
O credor pode promover simultaneamente a execução da parte
das tradicionais — por arbitramento e pelo líquida, e, em autos apartados, a liquidação da outra parte.
procedimento comum — do CPC, pois, ao contrário
delas, pode ser julgada improcedente, caso não se
§ 2º Quando a apuração do valor depender apenas de
comprove que o liquidante foi vítima do acidente e
cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde
sofreu danos. Na liquidação comum, a condição de
logo, o cumprimento da sentença.
vítima há de ter sido provada na fase condenatória, ao
passo que nesta, há de ser demonstrada na liquidação.
§ 3º O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e
Ela formará um processo autônomo (não apenas uma colocará à disposição dos interessados programa de
fase), ajuizado pelas vítimas individuais, e para o qual o atualização financeira.
réu deve ser citado.
§ 4º Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou
A decisão final não será meramente declaratória, como modificar a sentença que a julgou.
nas outras formas de liquidação, mas constitutiva, pois só
a partir dela cada vítima obterá título executivo. Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará
as partes para a apresentação de pareceres ou
Liquidações no curso da fase de execução documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não
possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se,
Nos itens anteriores, examinou-se a liquidação como no que couber, o procedimento da prova pericial.
uma fase do processo sincrético, intermediária entre a
condenatória e a executiva. Mas, às vezes, a liquidação, Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz
conquanto desnecessária antes da execução, pode determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu
advogado ou da sociedade de advogados a que estiver
vinculado, para, querendo, apresentar contestação no
prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no
que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste
Código.
Pedidos
Podem ainda ser aplicáveis, se presentes as hipóteses do Quando a execução estiver fundada em título
art. 774, caput, as penas por ato atentatório à dignidade extrajudicial, o juiz também poderá fixar livremente a
da justiça, previstas no parágrafo único do mesmo multa, ao despachar a inicial. É o que diz o art. 806, § 1º,
dispositivo legal. do CPC, em relação às obrigações de entrega de coisa:
“Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia
Dentre os mecanismos mencionados, interessa-nos a de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o
multa, pela importância de que se reveste e pelas respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele
questões que suscita. insuficiente ou excessivo”. E o art. 814: “Na execução de
obrigação de fazer ou de não fazer, fundada em título
extrajudicial, ao despachar a inicial, o juiz fixará multa
A multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a
data a partir da qual será devida”.
É mecanismo de coerção para pressionar a vontade do
devedor renitente que, temeroso dos prejuízos que Mas o juiz só terá essa liberdade se a multa não tiver sido
possam advir ao seu patrimônio, acabará por cumprir convencionada pelas próprias partes no título executivo
aquilo a que vinha resistindo. extrajudicial, caso em que deverá prevalecer o acordo.
Mesmo assim, o juiz terá o poder de reduzi-la, se
Dentre os vários meios de coerção, a multa, que se verificar que é excessiva; mas não de aumentá-la, caso a
assemelha às astreintes do direito francês, é dos mais repute insuficiente, por força do que dispõe o art. 814,
eficientes. parágrafo único.
A lei não a restringe às execuções de obrigação Essa liberdade do juiz deriva de a multa não ser punição,
infungível. Elas podem ser fixadas em todas as execuções mas meio de coerção, de pressão sobre a vontade do
de obrigação de fazer ou não fazer e de entregar coisa, devedor.
fungível ou infungível. E, diante do que dispõe o art. 139,
IV, do CPC, até mesmo nas obrigações que tenham por A multa reverte sempre em proveito do credor,
objeto prestação pecuniária, portanto as obrigações por prejudicado pelo atraso ou inadimplemento.
quantia, ainda que nesse caso a incidência de multa deva
ser excepcional e subsidiária, apenas nos casos em que Momento para a fixação
os meios de sub-rogação tenham se mostrado
insuficientes (ver a respeito no Livro III, Capítulo 5, item O juiz só fixará a multa depois de impor ao réu o
5). O que as caracteriza é serem periódicas, o que as faz cumprimento da obrigação de fazer, não fazer ou
cada vez maiores, enquanto permanece a inércia do entregar coisa. Isso pode ocorrer logo no início do
devedor. O juiz fixará um prazo para o cumprimento da processo, se ele deferir tutela provisória, impondo ao réu
obrigação e poderá estabelecer multa periódica (em alguma dessas obrigações e concedendo-lhe prazo para
regra, diária) para a hipótese de inadimplemento. Ela cumpri-la, ou então, na sentença condenatória.
incidirá a cada dia de atraso, pressionando o devedor até
que satisfaça a obrigação. Mesmo que ele não o faça na sentença, poderá
determiná-la posteriormente, na fase de execução, e de
A finalidade da multa é coercitiva, não repressiva ou ofício.
punitiva. Ela não constitui sanção ou pena.
Na execução de título extrajudicial, o juiz a fixará quando
Fixação da multa despachar a inicial. Se não fizer, poderá fixá-la
posteriormente, a qualquer momento no curso da
Nos cumprimentos de sentença, a multa é fixada pelo execução, quando se fizer necessária.
juiz, que deve considerar qual o valor razoável para
compelir o devedor a cumprir a obrigação. Não pode ser Quanto à obrigação de pagamento de quantia certa,
irrisório, sob pena de não pressionar a vontade do parece-nos que o juiz só deverá se valer da multa quando
devedor; nem tão elevado, que o credor acabe os meios de sub-rogação não se mostrarem eficazes, ou
preferindo que a obrigação não seja cumprida e que o porque o devedor oculta maliciosamente os bens, ou
devedor permaneça inerte. Caberá ao juiz avaliar o caso porque causa embaraços ou dificuldades à sua
constrição. Não faz sentido o juiz deles valer-se quando prejudicado e poderá ter por causa também o
ficar evidenciado que o executado não oculta ou sonega cumprimento parcial superveniente da obrigação ou a
bens, mas apenas não os possui. existência de justa causa para o descumprimento.
Havendo retardo, a multa será devida pelos dias de Aquela em que se busca a satisfação da pretensão do
atraso. Pode ocorrer que o devedor permaneça inerte autor tal como estatuída no título executivo.
por longo tempo, com o que o valor da multa torne-se
excessivo. O credor, por vezes, deixa de requerer a A efetividade da execução exige que, em caso de
conversão em perdas e danos ou qualquer outra inadimplemento do devedor, o credor consiga alcançar
providência na expectativa de que ela se torne maior a resultado o mais próximo possível daquele que obteria
cada dia, trazendo-lhe proveito financeiro. Havendo caso a obrigação tivesse sido satisfeita
conversão em perdas e danos, o credor poderá executar espontaneamente.
cumulativamente a indenização e a multa. Se o devedor assumiu a obrigação de fazer, não fazer ou
entregar coisa, a execução deve assegurar-lhe meios
Mas, verificando o juiz que ela se tornou excessiva, 0para exigir o cumprimento específico da obrigação,
poderá reduzi-la a parâmetros razoáveis, alterar a sua reservando a conversão para perdas e danos apenas para
periodicidade ou até mesmo excluí-la, mesmo que tenha a hipótese de o cumprimento específico tornar-se
sido fixada em sentença transitada em julgado. Não se impossível, ou para quando o credor proferi-la.
justifica que ela se torne fonte de enriquecimento sem
causa. Não há direito adquirido do credor à multa, que Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de
não é condenação, mas meio de coerção. A redução fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido,
poderá ser determinada de ofício ou a requerimento do concederá a tutela específica ou determinará
providências que assegurem a obtenção de tutela pelo As duas técnicas de que se vale o legislador para a
resultado prático equivalente. execução são a sub-rogação e a coerção. O uso delas
poderá variar, conforme a obrigação seja fungível ou
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica infungível.
destinada a inibir a prática, a reiteração ou a
continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é Se fungível, as duas técnicas poderão ser utilizadas: a de
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da coerção e a de sub-rogação. Se alguém é contratado para
existência de culpa ou dolo. pintar um muro e não o faz, ao promover a execução o
credor poderá requerer que o juiz fixe uma multa diária,
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de que sirva para pressioná-lo a cumprir o prometido
coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o (coerção); ou pedir ao juízo que determine que a
prazo para o cumprimento da obrigação. obrigação seja cumprida por terceiro, às custas dele (sub-
rogação).
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa
determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor Quando a obrigação for infungível, só se poderá fazer uso
individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a dos meios de coerção, já que não é possível que outrem
escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará a realize no lugar do devedor. Não pode haver a sua
individualizada, no prazo fixado pelo juiz. substituição (sub-rogação), no cumprimento do
determinado.
Art. 499. A obrigação somente será convertida em
perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a Providências que assegurem resultado prático
tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado equivalente
prático equivalente.
O art. 497, caput, do CPC dá ao juiz poderes de
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a determinar, nas ações que tenham por objeto, o
exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer,
poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação providências que assegurem a obtenção da tutela pelo
da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente ao do adimplemento.
resultado prático equivalente, determinar as medidas
necessárias à satisfação do exequente. Há casos em que não há como compelir o devedor a
§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá cumprir a obrigação na forma convencionada, mas é
determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, possível determinar outra medida, que alcance resultado
a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o prático equivalente.
desfazimento de obras e o impedimento de atividade
nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de Por exemplo: a ré, fabricante de veículos, comprometeu-
força policial. se a entregar ao autor um carro. Quando da sentença,
ele não é mais fabricado. Em vez de determinar a
Para a obtenção de tutela específica, o juiz pode valer-se conversão em perdas e danos, o juiz pode condenar a ré
dos instrumentos de sub-rogação e de coerção, salvo se a a entregar um veículo equivalente, mesmo que isso não
obrigação for personalíssima, caso em que a sub-rogação tenha sido pedido na petição inicial.
se inviabiliza.
O autor formula um pedido específico. Não sendo
A execução específica é aquela que objetiva fazer com o possível atendê-lo, o juiz verificará, antes da conversão
que devedor cumpra exatamente aquilo que foi em perdas e danos, se não há alguma providência que
convencionado, sem conversão em perdas e danos. Só possa alcançar resultado equivalente. Em caso
faz sentido nas obrigações de fazer, não fazer ou afirmativo, ele a concederá, ainda que não coincida com
entregar coisa. O art. 497 do CPC trata das primeiras: “na o pedido inicial, impossível de satisfazer.
ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de
não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a
tutela específica da obrigação ou, se procedente o Conversão em perdas e danos
pedido, determinará providências que assegurem a
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente”. A conversão em perdas e danos fica reservada para duas
As de entrega de coisa vêm tratadas no art. 498: “na hipóteses, enumeradas no art. 499 do CPC: a) quando se
ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao tornar impossível a execução específica (por exemplo,
conceder a tutela específica, fixará o prazo para o quando o bem a ser restituído perdeu-se, ou quando a
cumprimento da obrigação”. obrigação de fazer é infungível e o devedor recusa-se,
apesar dos meios de coerção, a cumpri-la) e não há
O processo de execução será eficiente quando der ao providência que assegure resultado prático equivalente;
credor satisfação a mais próxima possível daquilo que ele b) quando o credor requerer a conversão, porque o
teria, caso o devedor tivesse cumprido espontaneamente devedor não cumpre especificamente a obrigação. Só é
a obrigação. dado ao credor requerê-la se houver efetiva recusa do
devedor. O credor não pode preferir a conversão se o
devedor estiver disposto a cumprir a obrigação
específica. Da mesma forma que o credor não é obrigado Afora essas hipóteses, o cumprimento será definitivo,
a aceitar prestação diferente da que foi avençada, o ainda que haja agravo de instrumento pendente contra a
devedor não pode ser compelido, para desonerar-se, a decisão que julgou a impugnação.
cumpri-la diferentemente do contratado.
A execução por título extrajudicial será sempre definitiva.
Súmula 317 – STJ -É definitiva a execução de título
3-Por título judicial ou extrajudicial extrajudicial, ainda que pendente apelação contra
sentença que julgue improcedentes os embargos.
Títulos judiciais – 515: execução imediata, sem novo
processo. Tanto na definitiva como na provisória, se houver
reversão do julgado, e disso advirem prejuízos para o
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: (formação devedor, o credor responderá objetivamente pelos
de processo autônomo) danos, que deverão ser por ele ressarcidos.
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a
debênture e o cheque; Diferenças entre cumprimento definitivo e provisório
II - a escritura pública ou outro documento público
assinado pelo devedor; Art. 520. O cumprimento provisório da sentença
III - o documento particular assinado pelo devedor e por impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo
2 (duas) testemunhas; será realizado da mesma forma que o cumprimento
IV - o instrumento de transação referendado pelo definitivo...
Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela
Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou
por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese Peculiaridades do cumprimento provisório;
ou outro direito real de garantia e aquele garantido por
caução; - Corre por conta e risco do credor, que assume
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; responsabilidade pela reversão do julgado, pois ainda há
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; recurso pendente. Caso a sentença seja reformada,
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, cumprir-lhe-á ressarcir os danos que causou, o que
decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos prescinde de prova de culpa. Essa regra pode ser aplicada
acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; também ao cumprimento definitivo e à execução por
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da título extrajudicial;
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; - Caso haja a reversão, seja pela reforma ou pela
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou anulação da sentença, as partes serão repostas ao status
extraordinárias de condomínio edilício, previstas na quo ante, e os danos serão liquidados nos mesmos autos;
respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral,
desde que documentalmente comprovadas; - O cumprimento provisório de sentença, tal como o
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de definitivo, realiza-se nos autos em que o título foi
registro relativa a valores de emolumentos e demais constituído. Mas, como eles encontram-se no órgão ad
despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados quem para apreciação do recurso, se o processo não for
nas tabelas estabelecidas em lei; eletrônico, há necessidade de novos autos, constituídos
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição pela petição que dá início à fase de cumprimento de
expressa, a lei atribuir força executiva. sentença, acompanhadas das peças enumeradas no
art.522. pú.
O cumprimento de sentença será provisório quando *Não há necessidade de caução no início à execução,
fundo em decisão judicial não transitada em julgado nem para proceder à penhora ou avaliação do bem.
(decisão interlocutória de mérito, nos casos de Prestada, o credor poderá levantar dinheiro e promover
julgamento antecipado parcial do mérito, sentença ou a expropriação de bens. Mas caso a sentença seja
acórdão sobre os quais ainda pende recurso não provido modificada ou anulada, a caução garantirá o devedor dos
de efeito suspensivo – ver art. 520) e também de tutela prejuízos.
provisória, nos temos do 297, pú.
Há casos em que, apesar de provisório o cumprimento de já que há sempre o risco de reforma. Por isso, nela se
sentença, o credor poderá praticar tais atos mesmo sem exige caução para os atos que importem levantamento
prestar caução. O legislador a dispensa quando a de dinheiro, transferência de posse ou alienação de
necessidade do credor for premente, ou a possibilidade domínio ou que possam trazer grave dano ao executado.
de reversão do julgado for menos provável. Dispensa – Mas, mesmo nesses casos, a caução poderá ser
art. dispensada nas hipóteses do art. 521.
Seja uma coisa ou outra, o seu processamento far-se-á ■que o prosseguimento da execução seja
nos autos da execução, e não em apenso ou em manifestamente suscetível de causar ao executado grave
apartado. dano de difícil ou incerta reparação.
O art. 229 do CPC, que determina a dobra de prazo em O rol de defesas alegáveis está no art. 525, § 1º, do CPC.
caso de litisconsórcio com advogados diferentes aplica-se São elas:
ao prazo de impugnação. Não ao de embargos, que é
sempre simples, porque eles têm natureza de ação - Falta ou nulidade de citação, se, na fase de
autônoma e criam novo processo. O prazo não é interno conhecimento, o processo correu à revelia
à execução, mas externo. A situação é diferente na O processo é um só, e há uma única citação: aquela que
impugnação que não constitui ação, nem processo se realiza na fase de conhecimento. A falta ou nulidade
autônomo, mas incidente (ou ação incidente, na hipótese dela, quando o réu permanecer revel, acarretará a
do art. 525, VII). O prazo para apresentá-la é sempre
ineficácia da sentença ou do acórdão contra ele
proferidos. Ou seja, do título executivo judicial. - Penhora incorreta ou avaliação errônea
A penhora e a avaliação do bem poderão ser prévias ou
O executado, tendo tomado conhecimento da execução, posteriores à impugnação. Se prévias, os eventuais
poderá opor-se por meio de impugnação que, nessa equívocos deverão ser alegados na impugnação. Se
hipótese, adquirirá as características de verdadeira posteriores, serão alegados por simples petição, no prazo
querela nullitatis insanabilis. Se acolhida, será de 15 dias a contar da comprovada ciência do fato ou da
reconhecida a ineficácia de título, e o juiz determinará o intimação do ato, nos termos do art. 525, § 11. Como a
retorno do processo à fase de conhecimento, impugnação não exige prévia penhora e o prazo para
restituindo-se ao réu a oportunidade para oferecer apresentá-la corre automaticamente do término do
contestação. prazo para pagamento voluntário, é possível que a
penhora e a avaliação sejam posteriores, caso em que
- Ilegitimidade de parte eventuais vícios ou equívocos deverão ser arguidos no
Essa será uma alegação mais comum quando a execução prazo de 15 dias após a ciência do fato ou ato.
tiver por fundamento sentença penal condenatória. Por
exemplo, se a vítima quiser executar o patrão, por danos - Excesso de execução ou cumulação indevida de
decorrentes de crime praticado pelo empregado. execuções
Todavia, também poderá ocorrer quando o título for a O excesso ocorre quando o credor postula montantes ou
sentença civil, quando se quiser executar sentença prestações superiores aos que são efetivamente devidos.
condenatória contra o fiador, que não participou nem foi O art. 917, § 2º, do CPC enumera quais são as hipóteses:
condenado na fase cognitiva, por exemplo. ■quando o exequente pleiteia quantia superior à do
título;
- Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da ■quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no
obrigação título;
São várias as razões pelas quais o título pode ser ■quando se processa de modo diferente do que foi
inexequível ou a obrigação inexigível. Por exemplo, determinado no título;
sentença homologatória de acordo, no qual ficaram ■quando o exequente, sem cumprir a prestação que lhe
convencionadas certas datas para o pagamento, o corresponde, exige o adimplemento da prestação do
exequente deu início à fase executiva antes do executado;
vencimento previsto. Se o título é inexequível ou a ■se o exequente não provar que a condição se realizou.
obrigação inexigível, falta interesse de agir
O rol merece críticas porque as duas últimas hipóteses
- Inexigibilidade decorrente de declaração de não são de excesso de execução, mas de inexigibilidade
inconstitucionalidade do título.
Uma das hipóteses de inexigibilidade do título vem
expressamente mencionada no art. 525, § 12: “Para A cumulação indevida de execuções ocorre quando há
efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, pretensões executivas cumuladas, sem a observância das
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida exigências do art. 327 do CPC.
em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo - Excesso de execução e excesso de penhora. Distinções
Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou O que pode ser objeto de impugnação é o excesso de
interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo execução, a cobrança de valores ou prestações maiores
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a ou diferentes das que constam do título. Com ela não se
Constituição Federal, em controle de constitucionalidade confunde o excesso de penhora, que ocorre quando o
concentrado ou difuso”. credor cobra o que é devido, mas a penhora acaba
recaindo sobre bens de valor superior ao do débito. Não
Esse dispositivo autoriza o reconhecimento da há excesso na cobrança, mas na garantia. Havendo
inexigibilidade da sentença ainda que transitada em apenas excesso de penhora, não é necessária a
julgado, fundada em lei (ou ato normativo) declarada impugnação, bastando às partes, a qualquer tempo,
inconstitucional, ou que deu a essa lei (ou ato normativo) postular a redução àquilo que seja suficiente para
interpretação que foi tida como incompatível com a garantia do crédito.
Constituição Federal. No entanto, para que a sentença
possa ser reconhecida como inexigível, é preciso que a - Necessidade de o executado declarar o valor que
declaração de inconstitucionalidade preceda o trânsito entende correto
em julgado. Se ela for posterior, só caberá ação O art. 525, § 4º, do CPC contém salutar determinação.
rescisória. Mas, nesse caso, o prazo da rescisória não Trata-se de exigência para que o juiz receba a
será de dois anos a contar do trânsito em julgado da impugnação, fundada em excesso de execução: “Quando
sentença, mas de dois anos a contar do trânsito em o executado alegar que o exequente, em excesso de
julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal execução, pleiteia quantia superior à resultante da
Federal, em controle concentrado ou difuso de sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que
constitucionalidade. entende correto, apresentando demonstrativo
discriminado e atualizado de seu cálculo”. Essa é uma Mas a impugnação não se presta a que o devedor alegue
exigência também nos embargos (art. 917, § 3º, do CPC). causas modificativas ou extintivas que poderiam ter sido
Se o executado não cumprir a determinação e o excesso alegadas na fase de conhecimento. O juiz só as
de execução for o único fundamento da impugnação, ela conhecerá se forem supervenientes. Se podiam ter sido
será rejeitada liminarmente. Se houver outros alegadas e não o foram, será aplicável o art. 508 do CPC:
fundamentos, a impugnação será recebida, mas a “Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-
alegação de excesso de execução não será examinada. O se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as
Superior Tribunal de Justiça tem se mostrado rígido no defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento
cumprimento à exigência legal. quanto à rejeição do pedido”.
- Incompetência absoluta ou relativa do juízo da Por exemplo, a prescrição que pode ser alegada na fase
execução executiva é a da execução (Súmula 150 do STF), não da
É na impugnação que o executado deve arguir a pretensão cognitiva, porque esta deveria ter sido alegada
incompetência do juízo, seja ela absoluta ou relativa. na fase de conhecimento.
Dificilmente será possível arguir a incompetência, se o
título for sentença civil condenatória, já que ela teria de Rol taxativo ou exemplificativo?
ter sido alegada na fase cognitiva. Contudo, se o título
executivo judicial for de outra espécie, como a sentença Discute-se se o rol do art. 525, § 1º, que enumera as
penal condenatória, a sentença arbitral, estrangeira etc., matérias alegáveis em impugnação, é taxativo ou
a incompetência deverá ser alegada em impugnação. Já o exemplificativo.
impedimento e a suspeição do juiz devem ser alegados
por simples petição, observado o disposto nos arts. 146 e É temerário considerá-lo taxativo, porque não é possível
148 do CPC. privar o devedor da possibilidade de alegar outras
defesas, que não tenham sido imaginadas pelo
- Qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, legislador. A limitação imposta por lei às matérias
desde que superveniente alegáveis tem por finalidade evitar que, em cumprimento
A lei dá alguns exemplos, como o pagamento, novação, de sentença, o devedor tenha oportunidade de rediscutir
compensação, transação ou prescrição, desde que coisas que, ou já foram discutidas na fase de
superveniente à sentença. conhecimento, ou deveriam ter sido deduzidas e não o
foram. Mas não impede que o devedor apresente defesa
Essa é a hipótese em que a impugnação terá por fim superveniente, ainda que não prevista expressamente no
discutir a existência do débito. rol.
A única em que ela, por versar sobre matéria de fundo, Inexistência de restrição quanto à profundidade da
terá natureza de ação incidente, e não de mero incidente cognição
processual, uma vez que aquilo que o juiz declarar a
respeito do débito terá de se tornar definitivo, por força A impugnação, conquanto limitada no que concerne à
da coisa julgada material. Não seria aceitável que o juiz, extensão das matérias alegáveis, não sofre restrições
na impugnação, reconhecesse o pagamento e declarasse quanto à profundidade da cognição judicial. O juiz não a
extinto o débito, sem caráter definitivo. decidirá em um juízo de mera verossimilhança ou
plausibilidade, em cognição superficial, mas autorizará as
Quando ele acolhe a impugnação, reconhecendo a provas necessárias para formar a sua convicção em
inexistência do débito, terá de extinguir a execução. Ao caráter definitivo.
fazê-lo, não proferirá uma decisão interlocutória, mas
verdadeira sentença, com força definitiva. Todos os meios lícitos de prova são admitidos na
impugnação. O juiz poderá, se necessário, determinar
Mas o juiz pode acolher apenas em parte a impugnação, perícia e designar audiência para a colheita de prova oral.
declarando o débito parcialmente inexistente. Se o fizer,
não haverá sentença, porque a execução prosseguirá As regras sobre a produção de provas são as mesmas que
quanto ao saldo remanescente. A impugnação será se aplicam ao processo de conhecimento em geral.
julgada por decisão interlocutória. Ainda assim, o que for
decidido a respeito do crédito não mais poderá ser Procedimento
rediscutido. Nessa situação, a impugnação tem natureza
de ação incidente, ainda que não constitua processo A impugnação é formulada por petição dirigida ao juízo
autônomo. A decisão interlocutória proferida pelo juiz da execução. Não há necessidade de todos os requisitos
terá força de sentença e se revestirá da autoridade da do art. 319 do CPC, já que não haverá um novo processo,
coisa julgada material. O mesmo ocorrerá em caso de mas tão somente um incidente no bojo da execução. Mas
improcedência da impugnação. As causas extintivas, é indispensável que o impugnante formule com clareza a
impeditivas ou modificativas alegadas pelo devedor, sua pretensão e os fundamentos que a embasam e que
ainda que afastadas por decisão interlocutória, não devem enquadrar-se nas hipóteses do art. 525, § 1º, do
poderão ser novamente alegadas em ação autônoma. CPC.
Cumpre ao impugnante requerer, se o desejar, a arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da
concessão de efeito suspensivo, que não poderá ser intimação do ato”. As matérias alegáveis são aquelas
concedido de ofício pelo juízo. Como se trata de mero relativas ao cumprimento de sentença, que não puderam
incidente, não haverá recolhimento de custas. ser alegadas em impugnação porque supervenientes a
ela.
Recebida a impugnação, o juiz intimará o impugnado
(exequente) para, querendo, apresentar resposta, no Exceções e objeções de pré-executividade
prazo de quinze dias. Conquanto a lei não mencione o
prazo, por aplicação do princípio da isonomia, há de No CPC/15 passou-se a admitir que o executado
presumir-se que seja o mesmo que para o oferecimento alegasse, na própria execução, sem embargos, aquelas
da impugnação. defesas que, por serem de ordem pública, deveriam ter
sido conhecidas pelo juiz de ofício.
Em seguida, o juiz verificará se está ou não em condições
de julgar o incidente. Em caso afirmativo, ele o fará; em A tal incidente, que não tinha previsão legal expressa, a
caso negativo, determinará as provas necessárias. doutrina denominou “exceção de pré-executividade”; de
início, servia apenas para que o devedor alegasse
O incidente é sempre julgado por decisão interlocutória, matérias de ordem pública. O nome era infeliz, já que as
salvo se, do acolhimento das alegações do devedor, defesas que podem ser conhecidas de ofício são objeções
resultar a extinção da execução. Se ele alegar alguma e não exceções. Daí porque o incidente seria mais bem
causa extintiva, como pagamento ou prescrição, e o juiz a denominado “objeção de pré-executividade”.
acolher, a consequência inexorável será a extinção da
execução, e então o ato decisório haverá de ser Com o tempo, doutrina e jurisprudência passaram a dar a
qualificado como sentença. Do contrário, se a execução esse tipo de incidente uma extensão maior do que de
ainda prosseguir, será decisão interlocutória, e o recurso início. Se antes, apenas objeções poderiam ser alegadas,
adequado será o agravo de instrumento. posteriormente passou-se a admitir o uso desse mesmo
mecanismo para apresentar defesas que pudessem ser
O juiz só fixará honorários advocatícios na impugnação se conhecidas prima facie, por não dependerem de provas
ela for acolhida, com a consequente extinção da que já não estivessem previamente constituídas.
execução, pois, se desacolhida, não haverá novos
honorários, além daqueles fixados em favor do credor no É o caso, por exemplo, do pagamento: não seria razoável
início da fase de cumprimento de sentença. Nesse que o executado que pagou e está munido de recibo
sentido, decidiu a Corte Especial do Superior Tribunal de tenha de ter os seus bens penhorados, para só então
Justiça, ao examinar recursos repetitivos no REsp alegar a extinção da obrigação.
1.134.186, de 3 de agosto de 2011, Rel. Min. Luiz Felipe
Salomão, o que culminou com a edição da Súmula 519, Tais incidentes passaram a admitir a alegação de defesas
que assim dispõe: “Na hipótese de rejeição da que, conquanto não cognoscíveis de ofício, poderiam ser
impugnação ao cumprimento de sentença, não são comprovadas prima facie, por documentos. Com isso, a
cabíveis honorários advocatícios”. par das objeções de pré-executividade, admitiram-se
verdadeiras exceções de pré-executividade.
O Enunciado 50 da ENFAM dispõe que “o oferecimento
de impugnação manifestamente protelatória ao A condição para que sejam recebidas e processadas é
cumprimento de sentença será considerado conduta que a defesa possa ser comprovada prima facie. Se a
atentatória à dignidade da Justiça (art. 918, III, parágrafo questão fática depender de prova, o juiz não a receberá,
único, do CPC/2015), ensejando a aplicação da multa determinando que a questão seja remetida à
prevista no art. 774, parágrafo único”. impugnação.
■ Exceções: — matérias que não podem ser apreciadas Tal possibilidade só era admitida, em princípio, nos
pelo juiz de ofício. Exemplo: pagamento superveniente; alimentos decorrentes do direito de família, isto é, das
— independe de penhora; — suscitável por simples relações de parentesco, ou provenientes de casamento
petição; — prova pré-constituída, não sendo admissível a ou de união estável. Ainda na vigência do CPC anterior,
instauração de instrução. como lembrava Carlos Roberto Gonçalves: “Corrente
contrária sustentava, no entanto, que os alimentos
devidos em consequência da prática de um ato ilícito, Cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade
embora não se confundam com os devidos em razão do de obrigação de pagar quantia certa contra a fazenda
direito de família, tendo caráter indenizatório, de pública
ressarcimento, sujeitam-se à revisão, havendo
modificações nas condições econômicas, consoante A execução de que trata o CPC é aquela promovida
dispunha o art. 602, § 3º, do CPC. Nesse sentido decidiu a contra a Fazenda Pública, em que ela figura como
Terceira Câmara do Superior Tribunal de Justiça, no devedora. A ajuizada pela Fazenda, na condição de
julgamento do REsp 22.549-1-SP, em 23-3-93, tendo credora, é execução fiscal, regulada pela Lei n. 6.830/80.
como relator o Min. Eduardo Ribeiro. O aludido o art. A expressão “Fazenda Pública” abrange União, Estados,
602, § 3º, do estatuto processual civil foi, porém, Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações
transformado em art. 475-Q pela Lei n. 11.232, de 22 de públicas.
dezembro de 2005, que também modificou a redação do
mencionado § 3º, que não se refere mais a redução ou A execução por quantia contra a Fazenda pode estar
aumento do ‘encargo’, mas sim da ‘prestação’. Optou o fundada em título judicial ou extrajudicial. Durante muito
legislador, desse modo, por admitir expressamente que a tempo controverteu-se sobre a possibilidade de estar
‘prestação’ alimentícia decorrente da prática de um ato fundada em título extrajudicial, mas a questão ficou
ilícito pode, independentemente da situação da garantia superada com a edição da Súmula 279 do STJ: “É cabível
ou do encargo, sofrer redução ou aumento, se sobrevier a execução por título extrajudicial contra a Fazenda
modificação nas condições econômicas das partes”. Pública”.
Diante do que dispõe expressamente o art. 533, § 3º, não Impossibilidade de penhora de bens
pode mais haver dúvida quanto à possibilidade de
alterar-se a prestação mensal da pensão alimentícia de O ato mais característico das execuções por quantia certa
cunho indenizatório, fixada em razão de condenação por é a penhora de bens, afetados a uma futura
ato ilícito, caso sobrevenha alteração nas condições do expropriação.
ofensor ou do ofendido.
Os bens da Fazenda, por serem públicos, não podem ser
Em razão disso, a coisa julgada será rebus sic stantibus. expropriados, sendo, por essa razão, impenhoráveis. É o
que dispõem o art. 100 e seus parágrafos da Constituição
De sentença penal condenatória, sentença arbitral e Federal.
sentença estrangeira
A execução por quantia não será feita, portanto, com a
A peculiaridade no cumprimento desses tipos de constrição e oportuna expropriação de bens, mas por
sentença é que não terá havido fase de conhecimento meio de precatórios judiciais.
antecedente na esfera cível. Nem anterior citação do
devedor. A execução contra a Fazenda Pública tem muito pouco
de execução forçada, já que não são praticados atos
Será indispensável que ele seja citado, embora se trate satisfativos, ao menos de maneira direta. O que há é uma
de execução fundada em título judicial. requisição que o Poder Judiciário dirige à Fazenda, para
que esta efetue o pagamento dos débitos, respeitada a
Pode ser que o título já seja líquido, caso em que será ordem dos precatórios.
promovida diretamente a execução, que constituirá um
processo autônomo, no qual o devedor deverá ser A intimação e a possibilidade de oposição de
citado, para pagar em quinze dias, sob pena de multa de impugnação — prazo
10% e expedição de mandado de penhora e avaliação. O
procedimento será o dos arts. 523 e ss., com a única Constituído o título judicial, a Fazenda será intimada, não
peculiaridade de que, em vez de intimação do executado para pagar ou nomear bens à penhora, mas para
na pessoa do advogado para efetuar o pagamento, oferecer impugnação no prazo de trinta dias (CPC, art.
haverá a citação. 535). O prazo corre a partir da intimação da Fazenda na
pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa
Pode ainda ocorrer que, antes da execução, seja ou meio eletrônico. Como a Fazenda não pode pagar,
necessária a liquidação por arbitramento ou de não há o prazo para pagamento voluntário previsto no
procedimento comum. Se assim for, o devedor será art. 523, caput, nem a incidência da multa, prevista no
citado para acompanhá-la; apurado o quantum art. 523, § 1º.
debeatur, será intimado para fazer o pagamento do
débito, no prazo de quinze dias, sob pena de multa de A não oposição de impugnação
10% e expedição de mandado de penhora e avaliação.
A Fazenda Pública pode não apresentar impugnação,
Ainda que essa execução possa constituir um novo caso em que será expedido o precatório, requisitando-se
processo, já que não há nenhum outro precedente, a o pagamento por intermédio do presidente do tribunal
execução far-se-á na forma dos arts. 523 e ss. do CPC. competente. Ou, quando se tratar de obrigação de
pequeno valor, por ordem do juiz, dirigida à autoridade
na pessoa de quem o ente público foi citado para o o julgamento antecipado se não houver provas a
processo, será requisitado o pagamento, que deverá ser produzir.
realizado no prazo de dois meses a contar da entrega da
requisição, mediante depósito na agência do banco O precatório
oficial mais próxima da residência do exequente. Nesses
casos, não serão devidos honorários advocatícios pela Não havendo impugnação, ou sendo rejeitadas as
Fazenda Pública, nos termos do art. 1º-D da Lei n. arguições da executada, será expedido o precatório
9.494/97. (salvo os casos de pequeno valor), que consiste em uma
requisição dirigida pelo presidente do tribunal
A impugnação competente, que deverá mencionar a natureza do
crédito para que a Fazenda Pública efetue o pagamento,
Tal como nos cumprimentos de sentença de obrigação respeitando a ordem cronológica de chegada.
por quantia certa em geral, a impugnação não se
prestará a que a Fazenda alegue qualquer tipo de defesa, O pagamento será feito na ordem de apresentação do
como ocorre nos embargos à execução por título precatório e à conta do respectivo crédito. Mesmo os
extrajudicial. Haverá limitações justificáveis pela créditos alimentares serão sujeitos a precatório, mas
preexistência da fase cognitiva. Aquilo que foi, ou que terão preferência de pagamento. A Súmula 144 do STJ
poderia ser alegado como defesa e não foi, na fase de dispõe que “os créditos de natureza alimentícia gozam
conhecimento, não mais poderá ser alegada na fase de de preferência, desvinculados os precatórios de ordem
cumprimento de sentença. Daí as restrições às matérias cronológica dos créditos de natureza diversa”. Haverá
alegáveis, enumeradas no art. 535 do CPC: duas ordens cronológicas: a dos precatórios ordinários,
I — falta ou nulidade da citação, se o processo correu à referentes a dívidas não alimentares; e os
revelia; extraordinários, que gozam de preferência sobre os
II — ilegitimidade de parte; ordinários, emitidos para pagamento de dívidas
III — inexequibilidade do título ou inexigibilidade da alimentares.
obrigação;
IV — excesso de execução ou cumulação indevida de O art. 100, § 6º, da Constituição Federal estabelece a
execuções; medida a ser tomada, caso o precatório não seja
V — incompetência absoluta ou relativa do juízo da respeitado. Se o credor for preterido no seu direito de
execução; preferência, o presidente do tribunal, que expediu a
VI — qualquer causa modificativa ou extintiva da ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério
obrigação, como pagamento, novação, compensação, Público, ordenar o sequestro da quantia necessária para
transação ou prescrição, desde que supervenientes ao satisfazer o débito.
trânsito em julgado da sentença.
Recebido o requisitório, a Fazenda Pública deverá incluir
O art. 535, § 5º estabelece que: “Para efeito do disposto no orçamento verba suficiente para o respectivo
no inciso III do ‘caput’ deste artigo, considera-se também pagamento, sob pena de o credor preterido requerer o
inexigível a obrigação reconhecida em título judicial sequestro ou representar ao Procurador-Geral da
fundado em lei ou ato normativo considerado República ou de justiça para que promova ação
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou objetivando a intervenção.
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato
normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como As questões referentes ao pagamento dos precatórios,
incompatível com a Constituição Federal, em controle de aos cálculos e à extinção da execução são afetas ao juízo
constitucionalidade concentrado ou difuso”. Fica da execução. O presidente do tribunal limita-se a fazer a
ressalvado, porém, que esse dispositivo só se aplica requisição do pagamento, por meio do precatório, e a
quando a decisão do Supremo Tribunal Federal for decidir sobre eventual pedido de sequestro e de
anterior ao trânsito em julgado da sentença, nos termos intervenção no Estado ou no Município.
do art. 535, § 7º, do CPC.
A dispensa do precatório na execução de pequeno valor
As hipóteses de cabimento de impugnação no
cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública O art. 100, § 3º, da Constituição Federal, com a redação
coincidem quase integralmente com as de cabimento da que lhe foi dada pela Emenda Constitucional n. 62, de 9
impugnação, no cumprimento de sentença em geral (art. de dezembro de 2009, criou a possibilidade de promover
525, § 1º). a execução contra a Fazenda Pública, sem a necessidade
de expedição de precatório. Trata-se das execuções de
O procedimento é o mesmo da impugnação em geral, obrigações definidas em leis como de pequeno valor. As
com a ressalva de que, como prazo de apresentação é de execuções contra a Fazenda Pública da União serão de
trinta dias, e não de quinze, o prazo para impugná-los pequeno valor se versarem sobre obrigações de até 60
será também de trinta dias. O juiz verificará a salários-mínimos, nos termos do art. 17, § 1º, da Lei n.
necessidade ou não de produção de provas, 10.259/2001. Já as execuções contra a Fazenda Estadual
determinando as que forem necessárias, ou promovendo e Municipal serão de pequeno valor conforme for
estabelecido em lei editada pelo próprio ente federado,
nos termos do art. 87 do Ato das Disposições devedor solvente em contra devedor insolvente se no
Transitórias. Enquanto não for editada tal lei, serão curso daquela verificar-se que o patrimônio do devedor é
consideradas tais as de valor até 40 salários-mínimos, insuficiente para fazer frente aos seus débitos.
para a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, e até
30 salários-mínimos, para a Fazenda dos Municípios, Procedimento — as duas fases
permitindo o parágrafo único a renúncia, pelo credor, do
que exceder a esse montante, caso prefira promover a A execução por quantia contra devedor insolvente
execução independentemente do precatório. pressupõe sempre uma fase prévia, cuja finalidade é
obter a declaração de insolvência do devedor. Essa
Portanto, a execução de pequeno valor é a de até 60 primeira fase tem natureza cognitiva, e não executiva.
salários-mínimos, se contra a Fazenda da União, 40
salários-mínimos, contra a Fazenda dos Estados e do Há grande semelhança com o que ocorre nos processos
Distrito Federal, e 30 salários-mínimos, contra a Fazenda de falência: antes de iniciar-se a execução coletiva, há
Municipal, salvo, em relação às duas últimas, se já uma fase inicial de declaração da quebra.
houver lei do ente federado disciplinando a questão de
outro modo. A primeira fase, de cunho cognitivo, conclui-se com a
sentença que, se for de procedência, declarará a
Sendo a obrigação limitada a esses valores, o insolvência do devedor e permitirá o início da execução
procedimento não dependerá da expedição de coletiva.
precatório, bastando ao juiz que emita uma requisição de
pagamento — chamada requisição de pequeno valor Mas há uma diferença fundamental entre os requisitos
(RPV) — a ser cumprida pela Fazenda Pública no prazo de da falência da empresa e da declaração de insolvência
2 meses, sob pena de sequestro de bens (art. 17, caput, civil: a primeira será decretada, bastando que se prove a
da Lei n. 10.259/2001). Promovida a execução de impontualidade do devedor ou a prática de atos de
pequeno valor, a Fazenda será intimada para, em 30 dias, falência. De acordo com o art. 94 e incisos da Lei n.
opor impugnação. Não a opondo, ou sendo as alegações 11.101/2005, a quebra será decretada quando o devedor
rejeitadas, em vez de haver a expedição do precatório, não pagou dívida líquida, certa e exigível, de valor
será emitida pelo próprio juiz a requisição para superior a quarenta salários-mínimos, na data aprazada,
pagamento, dirigida à autoridade competente para ou praticou atos de falência. Não é relevante que o
realizá-lo, a ser cumprida em 2 meses. Sendo a execução passivo do devedor ultrapasse, ou não, o ativo. A quebra
de pequeno valor, ainda que não haja impugnação, serão será decretada mesmo que este supere aquele, desde
devidos honorários advocatícios, havendo, assim, uma que haja impontualidade ou atos falimentares.
exceção à regra do art. 1º-D da Lei n. 9.494/97, como
decidiu o STF no RE 420.816/PR. Já a insolvência civil pressupõe que, na fase cognitiva,
fique demonstrado que os débitos do devedor
ultrapassam o seu ativo.
Execução por quantia certa contra devedor insolvente Por isso, a primeira fase do procedimento é necessária
para que o credor procure fazer a demonstração do
O CPC atual não trata da execução por quantia contra estado de insolvência e para que o devedor tenha a
devedor insolvente. No entanto, o art. 1.052 estabelece oportunidade de fazer a prova contrária.
que, até a edição de lei específica, elas permanecem
reguladas pelo Livro II, Título IV, da Lei n. 5.869, de 11 de Nas hipóteses do art. 750 do CPC de 1973, a insolvência
janeiro de 1973. será presumida, mas a presunção é relativa (juris
tantum), cumprindo ao devedor afastá-la.
Os limites a que se propõe o presente curso justificam
que se examine esse tipo de execução de forma bastante A primeira fase — declaração de insolvência
resumida, com a finalidade única de dar uma breve
noção de seu funcionamento ao leitor. Requerida pelo credor
O que há nela de peculiar é não ser feita de modo Qualquer credor quirografário pode requerer a
individual, em benefício de um ou alguns credores, mas declaração de insolvência do devedor, esteja munido de
de forma coletiva, em proveito da universalidade deles. título executivo judicial ou extrajudicial. Mas é preciso
que seja quirografário. Ao preferencial não se reconhece
Decretada a insolvência do devedor, todo o seu interesse em postular a declaração de insolvência,
patrimônio servirá para o pagamento dos credores, porque, dada a natureza de seu crédito, ele tem
respeitadas as suas forças e as preferências de crédito. garantias de prioridade no recebimento. Mas ele pode
renunciar à preferência, se deseja formular o
O processo de execução contra devedor insolvente é requerimento.
autônomo e resulta de uma prévia declaração de
insolvência do devedor, requerida por um ou mais Ainda que o devedor esteja em estado de insolvência,
credores. Não é possível converter a execução contra qualquer credor, quirografário ou preferencial, pode
preferir tentar valer-se da execução por quantia certa contra ele promovidas que estejam em curso serão
contra devedor solvente, em vez de postular a remetidas ao juízo da insolvência.
declaração de insolvência, tal como qualquer credor de
devedor comerciante pode preferir, havendo As atribuições do administrador estão previstas nos arts.
impontualidade, promover a cobrança individual do 763 a 767 do CPC de 1973.
crédito, em vez de postular a decretação da quebra.
Na segunda fase, de execução coletiva propriamente
Tendo o credor requerido a insolvência, o juiz mandará dita, serão arrecadados os bens do devedor, verificados e
citar o devedor para, em dez dias, opor embargos. Como classificados os créditos, de acordo com a preferência.
essa primeira fase é de conhecimento, tem-se
reconhecido que, conquanto a lei se refira a “embargos”, Posteriormente, serão alienados judicialmente, e os
a defesa do devedor terá natureza de verdadeira credores serão pagos, observadas as respectivas
contestação, e não de ação autônoma, como a expressão prelações.
“embargos” poderia sugerir.
Se houver necessidade, o juiz determinará as provas I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado
necessárias para formar a sua convicção, designando, se constituído nos autos;
for o caso, audiência de instrução e julgamento.
II - por carta com aviso de recebimento, quando
A primeira fase será concluída com sentença, no prazo de representado pela Defensoria Pública ou quando não
dez dias. Em caso de procedência, será declarada a tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a
insolvência do devedor, passando-se à segunda fase do hipótese do inciso IV;
processo.
Mesmo que o devedor tenha procurador constituído, haverá
Insolvência requerida pelo devedor ou seu espólio necessidade de intimá-lo por carta se o requerimento do credor
para início do cumprimento de sentença for feito após um ano
Tal como a falência, a insolvência também pode ser do trânsito em julgado da sentença.
declarada a pedido do devedor. Bastará que apresente
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art.
uma petição dirigida ao juiz, indicando a relação dos
246, não tiver procurador constituído nos autos;
credores, de seus bens, acompanhada de um relatório de
seu estado patrimonial, com a indicação das causas que
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver
determinaram a insolvência (CPC de 1973, art. 760).
sido revel na fase de conhecimento.
A declaração judicial de insolvência
Necessidade de prévia intimação do executado para que
passasse a fluir o prazo de 15 dias
Nos termos do art. 761 do CPC de 1973, a insolvência
será declarada por sentença na qual o juiz:
§ 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se
■nomeará, dentre os maiores credores, um
realizada a intimação quando o devedor houver mudado
administrador da massa;
de endereço sem prévia comunicação ao juízo,
■ mandará expedir edital, convocando os credores para
observado o disposto no parágrafo único do art. 274.
que apresentem, no prazo de vinte dias, a declaração do
crédito, acompanhada do respectivo título.
§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado
após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a
Essa sentença provocará o vencimento antecipado de
intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de
todas as dívidas do devedor, e ao juízo da insolvência
carta com aviso de recebimento encaminhada ao
concorrerão todos os credores. As execuções individuais
endereço constante dos autos, observado o disposto COMPETÊNCIA
no parágrafo único do art. 274 e no § 3º deste artigo. Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á
perante:
§ 5º O cumprimento da sentença não poderá ser
promovido em face do fiador, do coobrigado ou do I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
corresponsável que não tiver participado da fase de comp. Funcional- absoluta
conhecimento.
II- o juízo que decidiu a c
Art. 514. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a ausa no primeiro grau de jurisdição; comp. Funcional –
absoluta
condição ou termo, o cumprimento da sentença
dependerá de demonstração de que se realizou a
condição ou de que ocorreu o termo. III - o juízo cível competente, quando se tratar de
sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de
sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo
Tribunal Marítimo.
cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos Ver as regras gerais do art. 46 e ss. A competência será
previstos neste Título: absoluta ou relativa, conforme a regra aplicável a caso
concreto.
I - as decisões proferidas no processo civil que
reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar
O art. 516, III, alude ao “acórdão proferido pelo Tribunal
quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
Marítimo”, contudo, essa parte deve ser desconsiderada,
pois essa decisão não é título judicial em razão do veto
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
presidencial ao art. 515, X, do CPC.
III - a decisão homologatória de autocomposição
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
extrajudicial de qualquer natureza;
exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em
bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde
relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores
deva ser executada a obrigação de fazer ou de não
a título singular ou universal;
fazer, casos em que a remessa dos autos do processo
será solicitada ao juízo de origem.
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas,
emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por
Flexibilização: a ação só pode ocorrer em um dos juízos
decisão judicial;
concorrentes previamente estabelecidos por lei,
escolhidos não por contrato ou eleição, mas por opção
VI - a sentença penal condenatória transitada em
do credor. O credor que optar por um dos juízos
julgado;
concorrentes deverá requerer o cumprimento da
sentença no juízo escolhido, que solicitará ao de origem a
remessa dos autos. O juízo escolhido receberá a petição
VII - a sentença arbitral;
desacompanhada dos autos do processo, cumprindo-lhe
verificar se é mesmo competente para o cumprimento da
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior
sentença. em caso afirmativo, fará a solicitação ao juízo
Tribunal de Justiça;
de origem, que os remeterá. Ao final, os autos serão
arquivados no juízo onde correi a execução. Se o juízo
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a
onde ocorreu o processo de conhecimento não quiser
concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior
remeter os autos, por entender que o solicitante não é
Tribunal de Justiça; cumprimento de sentença na 1ª
competente, deverá suscitar conflito de competência.
instancia JF
ATENÇÃO ao 528, §9°.
X - (VETADO).
*execução – competência – art.781
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado
no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a Protesto da decisão judicial transitada em julgado
liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá
ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto
estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que no art. 523. (15 dias)
não tenha sido deduzida em juízo.
§ 1º Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente
apresentar certidão de teor da decisão.
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será I - falta ou nulidade da citação se, na fase de
instruído com demonstrativo discriminado e atualizado conhecimento, o processo correu à revelia;
do crédito, devendo a petição conter:
II - ilegitimidade de parte;
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro
de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da
Jurídica do exequente e do executado, observado o obrigação;
disposto no art. 319, §§ 1o a 3o;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
II - o índice de correção monetária adotado;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de
III - os juros aplicados e as respectivas taxas; execuções;
§ 6º A apresentação de impugnação não impede a § 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o
prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação
podendo o juiz, a requerimento do executado e desde rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em
que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal
suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus Federal.
fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da
execução for manifestamente suscetível de causar ao Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o
executado grave dano de difícil ou incerta reparação. cumprimento da sentença, comparecer em juízo e
oferecer em pagamento o valor que entender devido,
§ 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § apresentando memória discriminada do cálculo.
6º não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de
reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos § 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias,
bens. podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do
levantamento do depósito a título de parcela
§ 8º Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação incontroversa.
disser respeito apenas a parte do objeto da execução,
esta prosseguirá quanto à parte restante. § 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito,
sobre a diferença incidirão multa de 10% (dez por cento)
e honorários advocatícios, também fixados em 10% (dez
§ 9º A concessão de efeito suspensivo à impugnação por cento), seguindo-se a execução com penhora e atos
deduzida por um dos executados não suspenderá a subsequentes.
execução contra os que não impugnaram, quando o
respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao § 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a
impugnante. obrigação e extinguirá o processo.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à Art. 527. Aplicam-se as disposições deste Capítulo ao
impugnação, é lícito ao exequente requerer o cumprimento provisório da sentença, no que c
prosseguimento da execução, oferecendo e prestando,
nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser CAPÍTULO IV
arbitrada pelo juiz. DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS
§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao É outra forma de cumprimento especial de sentença,
término do prazo para apresentação da impugnação, prevista no CPC. Existem três formas de promovê-la: a
assim como aquelas relativas à validade e à adequação convencional, prevista no art. 528, § 8º, do CPC; a
da penhora, da avaliação e dos atos executivos especial, prevista no art. 528, caput e §§ 1º a 7º; e a por
subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, desconto em folha, prevista no art. 529.
tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15
(quinze) dias para formular esta arguição, contado da A convencional é a que se processa como cumprimento
comprovada ciência do fato ou da intimação do ato. de sentença condenatória em quantia certa, observado o
procedimento estabelecido pelo art. 523 e ss. A especial
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1 o deste é aquela na qual o devedor será intimado pessoalmente
artigo, considera-se também inexigível a obrigação para pagar em três dias, comprovar que já o fez ou
reconhecida em título executivo judicial fundado em lei provar a impossibilidade de fazê-lo, sob pena de ser
ou ato normativo considerado inconstitucional pelo decretada a sua prisão civil. E a por desconto é aquela
Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou em que o devedor, funcionário público, militar, diretor
interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo ou gerente de empresa, ou empregado, terá a prestação
Supremo Tribunal Federal como incompatível com alimentícia descontada de sua folha de pagamento.
a Constituição Federal, em controle de
constitucionalidade concentrado ou difuso. Execução de alimentos pelo procedimento tradicional
§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo O credor de alimentos pode sempre preferir a execução
Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, em pelo método tradicional, com a penhora e expropriação
atenção à segurança jurídica. de bens. Às vezes, em razão da relação de parentesco ou
decorrente de casamento ou união estável, ele quer
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no receber, mas não quer que o devedor corra o risco de ser
§ 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão preso. Bastará então que proponha a execução na forma
exequenda. convencional.
Como a Súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça e o Feita a intimação pessoal do devedor, ele terá o prazo de
art. 528, § 7º, do CPC só permitem a execução especial três dias para tomar uma entre três condutas possíveis.
do art. 528, caput, para os débitos que compreendam as Poderá:
três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e
as que se vencerem no curso do processo, se o ■pagar, caso em que o cumprimento de sentença será
exequente pretende prestações anteriores só poderá extinto;
valer-se do procedimento convencional. A prestação de ■provar que já pagou, caso em que também haverá
alimentos prescreve atualmente em dois anos (art. 206, § extinção;
2º, do CC). ■ justificar a impossibilidade de efetuar o pagamento. Se
for essa a escolha, o juiz terá de dar ao executado
Execução especial de alimentos oportunidade de fazer prova do alegado, instituindo uma
espécie de pequena instrução no bojo da execução, com
É a que vem regulada no art. 528 do CPC, cujo caput a possibilidade até de designar audiência de instrução e
aduz: “No cumprimento de sentença que condene ao julgamento. A comprovação da impossibilidade do
pagamento de prestação alimentícia ou de decisão executado servirá apenas para afastar a prisão. Mas o
interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento devedor não ficará isento do pagamento das prestações,
do exequente, mandará intimar pessoalmente o devedor que poderão ser executadas na forma convencional, com
para, em três dias, pagar o débito, provar que o fez ou penhora de bens. Ainda que comprovada a
justificar a impossibilidade de efetuá-lo”. impossibilidade, o juiz da execução não poderá reduzir o
valor das prestações futuras, o que só poderá ser
O credor não poderá valer-se da execução especial para determinado em ação revisional de alimentos.
exigir todo o crédito de alimentos, mas apenas os três
últimos, vencidos antes do ajuizamento da execução, e Se o devedor, no prazo de três dias, não fizer nem uma
os que se forem vencendo no seu curso. É o que dispõe o coisa nem outra, isto é, não pagar, provar que pagou ou
art. 528, § 7º, e a Súmula 309 do STJ. As anteriores terão comprovar a impossibilidade de pagamento, o juiz, além
de ser cobradas por execução convencional, respeitado o de mandar protestar o pronunciamento judicial,
prazo prescricional de dois anos, a contar dos respectivos decretar-lhe-á a prisão civil.
vencimentos.
Prisão civil do devedor de alimentos
O que há de mais característico nesse tipo de execução
especial é a possibilidade de prisão civil do executado, Desde que o Supremo Tribunal Federal afastou a prisão
caso no prazo de três dias não tome uma das civil do depositário infiel, a do devedor de alimentos
providências a que se refere o caput do art. 528. Por essa tornou-se a única hipótese de prisão por dívida (CF, art.
razão é que a sua intimação deve ser pessoal, não 5º, LXVII). Ela não constitui pena, mas meio de coerção.
podendo ser feita na pessoa do advogado constituído, Tanto que, feito o pagamento, o devedor será
como no cumprimento de sentença em geral. imediatamente posto em liberdade.
A execução especial pode ser utilizada tanto em relação a A prisão civil não pode ser decretada de ofício, mas
alimentos fixados em cognição sumária, provisórios ou depende do requerimento do credor; por razões
provisionais, como definitivos, fixados por sentença, mas pessoais, e dadas as ligações que mantém ou manteve
desde que decorrentes do direito de família, isto é, de com o devedor, ele pode não desejar que ela seja
parentesco, casamento ou união estável. As ações em decretada. Há controvérsias quanto à possibilidade de o
que se pede a condenação do réu ao pagamento de Ministério Público a requerer, nos casos em que
prestação alimentícia podem ter procedimento especial intervenha. Parece-nos que, pela mesma razão, não se
ou comum. Terão procedimento especial, quando há justifica que o faça, cabendo tão somente ao exequente
prova pré-constituída da obrigação alimentar. Se houver a iniciativa.
prova de parentesco, união estável ou casamento, terão
rito especial, no qual é admissível a concessão de liminar A prisão pode ser decretada tanto na execução especial
de alimentos provisórios. Quando não houver prova pré- de alimentos definitivos como provisórios ou
constituída, como, por exemplo, na ação de alimentos provisionais.
proposta contra aquele que não reconheceu a
paternidade do autor, correrá pelo procedimento O CPC prevê que o prazo dela é de um a três meses (CPC,
comum, sem alimentos provisórios. Os alimentos de art. 528, § 1º). Mas o CPC anterior fixava o mesmo prazo,
caráter indenizatório, que decorrem de ato ilícito, e ainda assim prevalecia o entendimento de que deveria
quando o réu é condenado a pagar pensão à vítima ou a valer o prazo estabelecido na Lei de Alimentos, de até
seus herdeiros, em caso de incapacidade ou morte, são sessenta dias (art. 19, da Lei n. 5.478/68). Embora o CPC
executados na forma convencional, sem possibilidade de de 1973 e o atual sejam posteriores, a Lei de Alimentos é
prisão do devedor. especial e deve prevalecer sobre a geral. Nesse sentido:
“É ilegal a prisão do devedor de pensão alimentícia por
Procedimento prazo superior ao previsto na Lei de Alimentos (60 dias),
pois esta, em face do princípio da especialidade das
normas, prevalece sobre o prazo prisional previsto no mesmo título judicial dê ensejo às duas formas de
Código de Processo Civil” (RT 854/345). cumprimento de sentença: a especial, para cobrança das
prestações mais recentes, e a comum, para cobrança das
A prisão deverá ser cumprida em regime fechado, mas o mais antigas. Assim, o executado será intimado para
preso ficará separado dos presos comuns. pagar as primeiras, provar que as pagou ou justificar a
impossibilidade, em três dias, sob pena de prisão, e
O § 5º do art. 528 esclarece que “o cumprimento da também será intimado para pagar o débito mais antigo,
pena não exime o executado do pagamento das no prazo de 15 dias, sob pena de multa e penhora de
prestações vencidas e vincendas”, que poderão ser bens, não havendo nenhuma incompatibilidade
cobradas na forma convencional, com penhora de bens.
Mas o devedor não pode ser preso mais de uma vez, Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao
pelas mesmas prestações. Ele poderá ser preso pagamento de prestação alimentícia ou de decisão
novamente se não efetuar o pagamento das novas, que interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento
se forem vencendo. do exequente, mandará intimar o executado
pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito,
O CPC atual afasta qualquer dúvida sobre a possibilidade provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-
da prisão civil quando a execução de alimentos estiver lo.
fundada em título extrajudicial, estabelecendo que o art.
528, §§ 2º a 7º, aplica-se também a ela (art. 911, § 1º Caso o executado, no prazo referido no caput, não
parágrafo único, do CPC). efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não
apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o
O desconto em folha juiz mandará protestar o pronunciamento judicial,
aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.
Foi previsto no art. 529 do CPC: “Quando o executado for
funcionário público, militar, diretor ou gerente de § 2o Somente a comprovação de fato que gere a
empresa, ou empregado sujeito à legislação do trabalho, impossibilidade absoluta de pagar justificará o
o exequente poderá requerer o desconto em folha de inadimplemento.
pagamento da importância da prestação alimentícia”.
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa
A comunicação será feita por ofício a empresa ou apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar
empregador. Do ofício, constarão os nomes do credor, protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1 o,
do devedor, a importância e o tempo de duração da decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três)
prestação. meses.
Esse é o meio mais eficiente de executar a prestação § 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo
alimentícia, embora só seja possível quando o devedor o preso ficar separado dos presos comuns.
tem emprego fixo.
§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do
Possibilidade de cumulação de execuções com pagamento das prestações vencidas e vincendas.
procedimento especial e convencional
É comum que o exequente postule, no mesmo processo, § 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o
a execução de parcelas mais recentes, pelo cumprimento da ordem de prisão.
procedimento especial, e de parcelas mais antigas, pelo
procedimento convencional. § 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do
alimentante é o que compreende até as 3 (três)
O procedimento do art. 528, caput, é diferente do prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as
cumprimento de sentença do art. 528, § 8º. No primeiro, que se vencerem no curso do processo.
o devedor é intimado a pagar em três dias, provar que o
fez, ou justificar a impossibilidade de fazê-lo, sob pena de § 8o O exequente pode optar por promover o
prisão. No segundo, o devedor é intimado para pagar em cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos
15 dias, sob pena de multa e penhora. Por conta disso, termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso
pende enorme controvérsia doutrinária e jurisprudencial em que não será admissível a prisão do executado, e,
a respeito da viabilidade de cumulação das duas recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito
pretensões executivas. Em edições anteriores, sustentou- suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente
se que ela era inviável. Mas uma reflexão mais levante mensalmente a importância da prestação.
aprofundada a respeito leva à conclusão oposta. O
credor de alimentos não pode ficar prejudicado por § 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo
questões de natureza processual se ele tem a receber único, o exequente pode promover o cumprimento da
valores mais recentes, que podem ser cobrados pela sentença ou decisão que condena ao pagamento de
forma especial, e mais antigos, que só podem ser prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
exigidos pela forma convencional. Nada obsta a que o
Na execução de alimentos pelo rito do art. 733 do § 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar
CPC/1973 (art. 528 do CPC/2015), o executado é alimentos será processado nos mesmos autos em que
intimado pessoalmente para, em 3 dias: a) pagar o tenha sido proferida a sentença.
débito; b) provar que o fez (provar que já pagou a
dívida); ou c) justificar a impossibilidade de efetuá-lo Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do
(provar que não tem condições de pagar). É possível que executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao
o devedor justifique a impossibilidade de pagar por meio Ministério Público dos indícios da prática do crime de
de testemunhas? SIM. Em tese, é possível que isso seja abandono material.
feito por meio de prova testemunhal. Neste caso, as
testemunhas terão que ser ouvidas obrigatoriamente no Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir
prazo de 3 dias. Na execução de alimentos pelo rito do prestação de alimentos, caberá ao executado, a
art. 733 do CPC/1973 (art. 528 do CPC/2015), o requerimento do exequente, constituir capital cuja renda
executado pode comprovar a impossibilidade de assegure o pagamento do valor mensal da pensão.
pagamento por meio de prova testemunhal, desde que a
oitiva ocorra no tríduo previsto para a justificação. STJ. 3ª § 1o O capital a que se refere o caput, representado por
Turma. REsp 1.601.338-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de
Cueva, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado alienação, títulos da dívida pública ou aplicações
em 13/12/2016 (Info 599). financeiras em banco oficial, será inalienável e
impenhorável enquanto durar a obrigação do executado,
Art. 529. Quando o executado for funcionário público, além de constituir-se em patrimônio de afetação.
militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado
sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá § 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela
requerer o desconto em folha de pagamento da inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa
importância da prestação alimentícia. jurídica de notória capacidade econômica ou, a
requerimento do executado, por fiança bancária ou
§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo
empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de juiz.
crime de desobediência, o desconto a partir da primeira
remuneração posterior do executado, a contar do § 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas,
protocolo do ofício. poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias,
redução ou aumento da prestação.
§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do § 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando
executado, a importância a ser descontada por base o salário-mínimo.
mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual
deve ser feito o depósito. § 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz
mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou
§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos cancelar as garantias prestadas.
vincendos, o débito objeto de execução pode ser
descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de
forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, CAPÍTULO V
contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A
50% (cinquenta por cento) de seus ganhos líquidos. EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA
CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA
É admissível o uso da técnica executiva de desconto em
folha de dívida de natureza alimentar ainda que haja Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à
anterior penhora de bens do devedor. STJ. 3ª Turma. Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o
REsp 1.733.697-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em exequente apresentará demonstrativo discriminado e
11/12/2018 (Info 640). atualizado do crédito contendo:
Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro
disposto nos arts. 831 e seguintes. de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica do exequente;
Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos II - o índice de correção monetária adotado;
alimentos definitivos ou provisórios. III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a monetária utilizados;
dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o
em julgado, se processa em autos apartados. caso;
VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios
realizados.
§ 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá reconhecida em título executivo judicial fundado em lei
apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à ou ato normativo considerado inconstitucional pelo
hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1o e 2o do art. Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou
113. interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatível com
§ 2o A multa prevista no § 1o do art. 523 não se aplica à a Constituição Federal, em controle de
Fazenda Pública. constitucionalidade concentrado ou difuso.
Art. 523, § 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no § 6o No caso do § 5o, os efeitos da decisão do Supremo
prazo do caput, o débito será acrescido de multa de 10% Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, de
(dez por cento) e, também, de honorários de advogado modo a favorecer a segurança jurídica.
de 10% (dez por cento).
§ 7º A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no §
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de 5º deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado
seu representante judicial, por carga, remessa ou meio da decisão exequenda.
eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e
nos próprios autos, impugnar a execução, podendo § 8º Se a decisão referida no § 5º for proferida após o
arguir: trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação
rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal
conhecimento, o processo correu à revelia; Federal.
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da
obrigação;
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de
CAPÍTULO VI
execuções;
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER
execução;
OU DE ENTREGAR COISA
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da
Seção I
obrigação, como pagamento, novação, compensação,
Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a
transação ou prescrição, desde que supervenientes ao
Exigibilidade de Obrigação de Fazer ou de Não Fazer
trânsito em julgado da sentença.
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a
§ 1º A alegação de impedimento ou suspeição observará
exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz
o disposto nos arts. 146 e 148.
poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação
da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo
§ 2º Quando se alegar que o exequente, em excesso de
resultado prático equivalente, determinar as medidas
execução, pleiteia quantia superior à resultante do título,
necessárias à satisfação do exequente.
cumprirá à executada declarar de imediato o valor que
entende correto, sob pena de não conhecimento da
arguição. § 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá
determinar, entre outras medidas, a imposição de multa,
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o
arguições da executada: desfazimento de obras e o impedimento de atividade
nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal força policial.
competente, precatório em favor do exequente,
observando-se o disposto na Constituição Federal; § 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e
coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça,
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de observando-se o disposto no art. 846, §§ 1o a 4o, se houver
quem o ente público foi citado para o processo, o necessidade de arrombamento.
pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado
no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da § 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé
requisição, mediante depósito na agência de banco quando injustificadamente descumprir a ordem judicial,
oficial mais próxima da residência do exequente. sem prejuízo de sua responsabilização por crime de
desobediência.
§ 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte não
questionada pela executada será, desde logo, objeto de § 4º No cumprimento de sentença que reconheça a
cumprimento. exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer,
aplica-se o art. 525, no que couber.
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste
artigo, considera-se também inexigível a obrigação
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao § 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase
cumprimento de sentença que reconheça deveres de de conhecimento, em contestação, de forma
fazer e de não fazer de natureza não obrigacional. discriminada e com atribuição, sempre que possível e
justificadamente, do respectivo valor.
Astreintes
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e § 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser
poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela exercido na contestação, na fase de conhecimento.
provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde
que seja suficiente e compatível com a obrigação e que § 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo,
se determine prazo razoável para cumprimento do no que couber, as disposições sobre o cumprimento de
preceito. obrigação de fazer ou de não fazer.
Seção II
Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a
Exigibilidade de Obrigação de Entregar Coisa