Você está na página 1de 91

APOSTILA DE GEOMETRIA ANALÍTICA E

ÁLGEBRA LINEAR

Professor Lino Freitas

Engenharia Civil e Ciência da Computação


INDICE
1. ESTUDO DA RETA NO PLANO ................................................................................. 1
1.1. Introdução ............................................................................................................... 1
1.2. O plano cartesiano................................................................................................. 1
1.3. O conceito de par ordenado ................................................................................. 2
1.4. Distância entre 2 pontos no plano ........................................................................ 2
1.5. Ponto médio de um segmento .............................................................................. 3
1.6. Coeficiente angular e equação de uma reta no plano ........................................ 4
1.7. Equação da reta no plano a partir de sua inclinação ......................................... 5
1.8. Equação reduzida de uma reta no plano ............................................................. 6
1.9. Equação cartesiana de uma reta no plano .......................................................... 7
1.10. Retas especiais ...................................................................................................... 8
1.11. Retas paralelas e retas perpendiculares ............................................................. 8
1.12. Distância de um ponto a uma reta ....................................................................... 9
1.13. Distância entre duas retas paralelas .................................................................. 10
1.14. Reta mediatriz de um segmento de reta............................................................ 10
1.15. Problemas ............................................................................................................ 11
2. MATRIZES ................................................................................................................... 16
2.1. Introdução ............................................................................................................. 16
2.2. Definições ............................................................................................................. 16
2.3. Soma e subtração de matrizes ........................................................................... 17
2.4. Produto de um número por uma matriz ............................................................. 18
2.5. Produto matricial .................................................................................................. 18
2.6. Transposição de matrizes ................................................................................... 19
2.7. Problemas ............................................................................................................ 19
3. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES ................................................................. 21
3.1. Introdução ............................................................................................................. 21
3.2. Definições ............................................................................................................. 21
3.3. Sistemas lineares................................................................................................. 21
3.4. Representação de sistemas lineares na forma matricial.................................. 22
3.5. Conceito de determinante ................................................................................... 23
3.6. Regra de Sarrus ................................................................................................... 23
3.7. Regra de Cramer ................................................................................................. 24
3.8. Problemas ............................................................................................................ 26
4. VETORES .................................................................................................................... 29
4.1. Definição e representação de vetores ............................................................... 29
4.2. Vetores a partir de coordenadas no plano e no espaço................................... 29
4.3. Soma, subtração e produto de vetor por número ............................................. 30
4.4. Módulo ou norma de um vetor ............................................................................ 31
4.5. Coordenadas de um vetor a partir das coordenadas de seus
pontos extremos................................................................................................... 31
4.6. Produto escalar .................................................................................................... 32
4.7. Produto vetorial .................................................................................................... 34
4.8. Produto misto ....................................................................................................... 36
4.9. Problemas ............................................................................................................ 37
5. ESTUDO DO PLANO ................................................................................................. 42
5.1. Conceitos geométricos ........................................................................................ 42
5.2. Equação vetorial e equações paramétricas de um plano ................................ 42
5.3. Equação cartesiana de um plano - caso base .................................................. 43
5.4. Equação cartesiana de um plano - casos particulares ..................................... 44
5.5. Equações de planos especiais ........................................................................... 47
5.5.1. Plano que contém a origem do espaço ............................................................. 47
5.5.2. Planos perpendiculares aos planos cartesianos ............................................... 47
5.5.3. Planos paralelos aos planos cartesianos .......................................................... 47
5.6. Plano mediador .................................................................................................... 47
5.7. Problemas ............................................................................................................ 49
6. ESTUDO DA RETA NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL........................................... 51
6.1. Conceitos geométricos ........................................................................................ 51
6.2. Equação vetorial de uma reta ............................................................................. 51
6.3. Equações paramétricas de uma reta - caso base ............................................ 52
6.4. Equações simétricas de uma reta ...................................................................... 53
6.5. Equação de uma reta - casos particulares ........................................................ 54
6.5.1. Reta que contém dois pontos ...................................................................... 54
6.5.2. Reta interseção de dois planos.................................................................... 55
6.6. Retas especiais .................................................................................................... 57
6.6.1. Retas paralelas a um plano cartesiano ....................................................... 57
6.6.2. Retas paralelas a dois planos cartesianos ................................................. 58
6.7. Problemas ............................................................................................................ 58
7. POSIÇÕES RELATIVAS E INTERSEÇÕES DE OBJETOS NO ESPAÇO
TRIDIMENSIONAL ............................................................................................................. 61
7.1. Conceitos geométricos ........................................................................................ 61
7.2. Posições relativas entre duas retas ................................................................... 61
7.3. Roteiro para determinar as posições relativas entre duas retas ..................... 61
7.4. Posições relativas entre reta e plano ................................................................. 62
7.5. Método para cálculo da interseção entre reta e plano ..................................... 63
7.6. Posições relativas entre dois planos .................................................................. 64
7.7. Resumo do capítulo ............................................................................................. 64
7.8. Problemas ............................................................................................................ 64
8. ÂNGULOS ENTRE OBJETOS NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL ........................ 70
8.1. Conceitos iniciais ................................................................................................. 70
8.2. Ângulo entre retas................................................................................................ 70
8.3. Ângulo entre planos ............................................................................................. 71
8.4. Ângulo entre reta e plano .................................................................................... 72
8.5. Problemas ............................................................................................................ 73
9. DISTÂNCIAS ENTRE OBJETOS NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL .................... 77
9.1. Distância entre pontos ......................................................................................... 77
9.2. Distância entre ponto e reta ................................................................................ 77
9.3. Distância entre ponto e plano ............................................................................. 79
9.4. Distância entre retas ............................................................................................ 80
9.4.1. Distância entre retas reversas ..................................................................... 80
9.4.2. Distância entre retas paralelas .................................................................... 81
9.5. Distância entre reta e plano ................................................................................ 83
9.6. Distância entre planos ......................................................................................... 84
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................................... 87
1. ESTUDO DA RETA NO PLANO

1.1. Introdução

 Os primeiros estudos relacionados com a Geometria Analítica


foram realizados por René Descartes, filósofo e matemático
francês que viveu no século XVII. Descartes, ao relacionar a
Álgebra com a Geometria, criou princípios matemáticos capazes de
analisar por meio de métodos geométricos as propriedades do
ponto, da reta e da circunferência, determinando distâncias entre
eles, localização e sistemas de coordenadas.
 Embora quase todos os fenômenos conhecidos em nosso mundo
ocorram em 3 dimensões, muitos problemas da Física podem ser
melhor entendidos se forem analisados em 2 dimensões. Alguns
exemplos: equilíbrio de forças que atuam em uma barra apoiada
em suas extremidades, o movimento de um corpo sobre uma mesa
plana horizontal, etc.
 Daí a importância do estudo da reta em um espaço a duas
dimensões, doravante denominado plano cartesiano, R2 ou espaço
bidimensional.

1.2. O plano cartesiano

 Do ponto de vista estritamente geométrico, é possível definir um espaço


a 2 dimensões por meio de duas retas conconcorrentes,
independentemente do ângulo formado entre elas.
 Entretanto, é bastante conveniente utilizarem-se duas retas
perpendiculares entre si como base deste espaço. Tais retas são
denominadas eixos desse espaço.
 A figura a seguir ilustra a representação mais comum desse eixos,
formando o chamado plano cartesiano ou plano coordenado.

1
 É usual dividir o plano cartesiano em 4 quadrantes. Tais quadrantes
apresentam-se no sentido anti-horário do 1º ao 4º, tal como indicado na
figura anterior.
 A interseção dos dois eixos corresponde à origem do plano cartesiano,
representada pelo ponto O na figura anterior.
 Os dois eixos são normalmente designados pelas letras maiúsculas X e
Y.

1.3. O conceito de par ordenado

 Na figura anterior, considere-se o ponto P. Ao se traçarem as duas


perpendiculares de P em direção aos eixos têm-se dois segmentos de
reta (pontilhados, na citada figura). A distância de P ao eixo Y é
denominada abcissa de P, enquanto aquela em relação ao eixo X é
chamada de ordenada.
 Desta forma, é comum referir-se a tal ponto como P (x,y), sendo x a sua
abcissa e y a sua ordenada.
 Desta forma, a cada ponto do plano cartesiano está associado um par
ordenado (x,y). A origem do plano cartesiano é o par ordenado (0,0).

1.4. Distância entre 2 pontos no plano

 Sejam os pontos P1 (x1,y1) e P2 (x2,y2) na figura a seguir, sendo d a


distância entre eles. Trançando-se as perpendiculares de tais pontos em
relação aos eixos X e Y, forma-se o triângulo retângulo P1QP2. A
distância entre os dois pontos corresponde à hipotenusa deste triângulo.

 Assim, escreve-se a fórmula da distância entre 2 pontos no plano


cartesiano:

2
 Exemplo 1: Calcular a distância entre os pontos A (-4,3) e B (3,-2).
Solução

 Exemplo 2: Calcular o perímetro do triângulo formado pelos pontos


P1 (-1,-3), P2 (5,-1) e P3 (-2,10).
Solução

̅̅̅̅̅̅
𝐏 2 2
𝟏 𝐏𝟐 = √(−1 − 5) + (−3 + 1) = √36 + 4 = √40 = 2√10

̅̅̅̅̅̅
𝐏 2 2
𝟐 𝐏𝟑 = √[5 − (−2)] + (−1 − 10) = √49 + 121 = √170

̅̅̅̅̅̅
𝐏 2 2
𝟏 𝐏𝟑 = √[−1 − (−2)] + (−3 − 10) = √1 + 169 = √170

Portanto, perímetro = 2√10 + 2√170 = 2 (√10 + √170)

Trata-se, pois, de um triângulo isósceles.

1.5. Ponto médio de um segmento

 Seja a figura abaixo na qual M é ponto médio do segmento de reta ̅̅̅̅


𝐀𝐁:

 Usando o fato que os triângulos retângulos AMN e APB são


semelhantes, demonstra-se que as coordenadas do ponto médio se
escrevem:

3
 Exemplo: calcular as coordenadas do ponto médio do segmento ̅̅̅̅
𝐀𝐁,
sendo:
A (4,-1) e B (-2,-3).
Solução

xM = (4 - 2)/2 = 1
yM = (-1-3)/2 = -2

Portanto, o ponto médio do segmento ̅̅̅̅


𝐀𝐁, é M (1,-2).

1.6. Coeficiente angular e equação de uma reta no plano

 Na figura a seguir mostra-se a reta s que une os pontos A e B.

 Traçando-se as paralelas aos eixos cartesianos pelos pontos A e B


forma-se o triângulo retângulo ABC. A figura indica o ângulo , um dos
ângulos agudos deste triângulo. Sabe-se que:

tan() =

 Por definição, o quociente acima é denominado coeficiente angular ou


inclinação de uma reta no plano; tal coeficiente é representado pela
letra m. De forma genérica, escreve-se:

 Vale lembrar que m é um número real, que pode ser positivo, negativo
ou nulo. Tem-se, então, as seguintes situações:

m > 0: reta “sobe” à direita

4
m < 0: reta “sobe” à esquerda

m = 0: reta horizontal

 = 0o

1.7. Equação da reta no plano a partir de sua inclinação

 Seja a figura abaixo na qual indica-se a reta s, sendo também


conhecidas as coordenadas do ponto A (xo,yo) e o coeficiente angular
ou inclinação da reta, m = y / x.

 A fim de se chegar às coordenadas de um ponto P (x,y) qualquer


contido na reta, a partir do conceito de inclinação da reta, escreve-se:

 Reescrevendo a relação anterior, chega-se à equação da reta no plano


cartesiano que passa por um ponto de coordenadas conhecidas e que
possui inclinação também conhecida:

5
 Esta equação ou fórmula é conhecida como equação de uma reta no
plano sendo conhecidas sua inclinação e as coordenadas de um ponto
nela contido.
 Exemplo: Determinar a equação da reta que passa pelo ponto A (1,2) e
que possui coeficiente angular = 1/2.
Solução

Sabendo que xo = 1, yo = 2 e m = 1/2, a partir da equação anterior,


escreve-se:

y - 2 = 1/2 (x - 1)  2y - 4 = x - 1
ou:
x - 2y + 3 = 0

A figura a seguir ilustra o gráfico da reta em questão.


4

Y
3

1
h
X
0
0 1 2 3 4 5

1.8. Equação reduzida de uma reta no plano

 Na figura anterior observa-se que a reta obtida intercepta o eixo Y no


ponto de abcissa = 0 e ordenada = 1,5. Esse valor da ordenada do ponto
em que qualquer reta cruza o eixo Y é denominado coeficiente linear
da reta, sendo representado pela letra h, tal como indicado na figura
anterior.
 É importante ressaltar que o coeficiente linear é um número real que
pode assumir qualquer valor positivo, negativo ou mesmo nulo.
 Para aprofundar esse conceito, seja a equação da reta em questão:

x - 2y + 3 = 0

Rearranjando os termos, pode-se escrever:

2y = x + 3
6
ou ainda:

 Nesta forma da equação, o valor que multiplica o termo em x, também


conhecido como coeficiente de x, corresponde à inclinação da reta, m,
enquanto o outro termo é o coeficiente linear h. Neste caso, tem-se:

m = 1/2 e h = 3/2

 Generalizando esse conceito, pode-se representar a equação de uma


reta no plano na forma

na qual os coeficientes m e h correspondem aos coeficientes angular


(inclinação) e linear, respectivamente.
 Esta forma de representação é conhecida como equação reduzida da
reta no plano cartesiano.
 É muito importante salientar que, para obterem-se os valores de m e h a
partir desta forma de equação, é OBRIGATÓRIO que o coeficiente da
variável y seja igual a 1.
 Assim, na equação

2y = 5x - 4

a inclinação da reta NÃO é igual a 5 e seu coeficiente linear NÃO é igual


a -4. Para o cálculo acertado dessas grandezas, ambos os lados da
equação devem ser divididos por 2, obtendo-se:

Portanto, os valores corretos são:

m = 5/2 e h = -2

1.9. Equação cartesiana de uma reta no plano

 Voltando à equação da reta do item anterior:

x - 2y + 3 = 0

observa-se que esta é uma equação do 1º grau em x e y. Pode-se dizer


que se trata de uma equação do tipo

7
Ax + By + C = 0

 No caso da equação anterior, os coeficientes são A = 1, B = -2 e C = 3


 Essa forma Ax + By + C = 0 é conhecida como equação cartesiana da
reta no plano cartesiano.
 É evidente que a equação de qualquer reta no espaço a duas
dimensões pode ser escrita nas 2 formas, reduzida ou cartesiana. Tudo
depende do problema a ser trabalhado.

1.10. Retas especiais

 As chamadas retas especiais são:

Reta paralela ao eixo X

Equação: y = K (constante)

Reta paralela ao eixo Y

Equação: x = K (constante)

Reta que passa pela origem

Equação: Ax = By ou y = Kx
(K = constante)

1.11. Retas paralelas e retas perpendiculares

 Se duas retas r1 e r2 são paralelas entre si, então elas possuem a


mesma inclinação. Ou seja, se r1 // r2  m1 = m2

8
 Em termos de suas equações cartesianas, para duas retas paralelas, r1
e r2, tem-se:
r1: Ax + By + C1 = 0
r2: Ax + By + C2 = 0
C1  C2
 Demonstra-se que, se duas retas s1 e s2 são perpendiculares entre si,
suas inclinações guardam a seguinte relação: m1.m2 = -1.
 Em outras palavras:

s1  s2  m1.m2 = -1

1.12. Distância de um ponto a uma reta

 Considera-se a distância de um ponto a uma reta como sendo o


comprimento da perpendicular traçada do ponto em direção à reta. É,
pois, a menor distância do ponto à reta. Tal fato é ilustrado na figura a
seguir,

 Sendo a equação da reta r: ax + by + c = 0 e as coordenadas do ponto


P (xo,yo), demonstra-se que a distância de P a r é dada pela seguinte
fórmula:

 O uso do módulo nesta fórmula é imprescindível, uma vez que uma


distância nunca pode ser negativa.
 Exemplo: calcular a distância do ponto A (1,-1) à reta cuja equação é
x + 2y = 1
Solução
Inicialmente, deve-se reescrever a equação da reta na forma cartesiana,
obtendo-se:
x + 2y - 1 = 0
Assim, em relação à fórmula anterior, tem-se:
a = 1, b = 2 e c = -1
xo = 1 e yo = -1
Utilizando a fórmula para o cálculo da distância, obtém-se:

9
1 1 + 2 −1 − 1 2
= =
12 + 22 5

1.13. Distância entre duas retas paralelas

 Sejam duas retas paralelas entre si, cujas equações cartesianas são
r1: ax + by + c 1 = 0
r2: ax + by + c 2 = 0
 Demonstra-se que a distância entre r1 e r2 é dada pela seguinte fórmula:

 Exemplo: calcular a distância entre as seguintes retas:


r1: x + y = 2
r2: x + y = 3
Solução
Reescrevendo as equações de r1 e r2 na forma cartesiana:
r1: x + y - 2 = 0
r2: x + y - 3 = 0
Portanto, tem-se:
a=1
b=1
c1 = -2
c2 = -3
Aplicando a fórmula anterior, obtém-se:

1.14. Reta mediatriz de um segmento de reta

 Por definição, a reta mediatriz de um segmento de reta é aquela que


passa pelo ponto médio desse segmento e lhe é perpendicular.
 Apresenta-se, a seguir, um roteiro para determinar a reta mediatriz de
um segmento, por exemplo, 𝐀𝐁 ̅̅̅̅.
1) Determinam-se as coordenadas do ponto médio do segmento ̅̅̅̅
𝐀𝐁,
denominado M;
2) Calcula-se a inclinação da reta que contém os pontos A e B; tal
inclinação é denominada m1;
3) Calcula-se a inclinação da reta mediatriz - m2 - usando o fato que ela é
perpendicular à reta que contém A e B: m1.m2 = -1.
4) Finalmente, aplicando a equação da reta que contém um ponto (ponto
M) e cuja inclinação é conhecida (m2), chega-se à equação da reta
mediatriz.

10
1.15. Problemas

1) Determinar a equação da reta que passa pelo ponto P (-2,3) e que forma
com o eixo das abcissas o ângulo  = 135o.
Dado: tan (135o) = -1
Solução
Pelo fato do ângulo que a reta forma com o eixo das abcissas ser > 90o,
conclui-se que se trata de uma reta que sobe “à esquerda”, ou que m < 0.
Nesse caso, m = tan (135o) = -1
Usando a equação reduzida da reta e considerando que:
xo = -2
yo = 3
escreve-se:
y - 3 = -1[x - (-2)]  y - 3 = -(x + 2)  x + y - 3 + 2 = 0 
x + y - 1 = 0 (resposta do problema)

2) Determinar a equação da reta que passa pelo ponto A (5,3) e é paralela à


reta cuja equação é x + 3y = 7.
Solução
Reescrevendo a equação da reta, obtém-se:

3y = -x + 7 

Logo, para esta reta os coeficientes angular e linear são:


m = -1/3 e h = 7/3
Assim, a reta que contém o ponto A e é paralela à do enunciado deve ter a
mesma inclinação. Aplicando a fórmula apresentada no item 1.7, escreve-se:

Eliminando o denominador e desenvolvendo, tem-se:


3 (y - 3) = -x + 5  3y - 9 + x - 5 = 0

E, ao final, obtém-se a resposta do problema:


x + 3y - 14 = 0
Observa-se, como esperado, que os coeficientes A e B na equação resposta
são idênticos aos da reta do enunciado.

11
3) Sejam os seguintes pontos no plano cartesiano:
A (5,2), B (2,-3) e C (0,5).
Demonstrar que os pontos A, B e C constituem os vértices de um triângulo
retângulo.
Solução
Para que os pontos em questão formem um triângulo retângulo, o produto das
inclinações de 2 dos lados do triângulo deve ser igual a -1 (ver item 1.11).
Calculam-se:

segmento ̅̅̅̅
AB:

̅̅̅̅:
segmento AC

segmento ̅̅̅̅
BC:

Portanto, como m1.m2 = -1, conclui-se que o triângulo formado pelos pontos em
questão é retângulo, sendo os catetos formados pelos lados AB e AC.
Recomenda-se que os alunos, com auxílio de papel milimetrado, localizem os
pontos do exercício no plano cartesiano e desenhem o triângulo formado.

4) Determinar a equação da reta mediatriz do segmento ̅̅̅̅


𝐏𝐐, sendo P (-1,-3) e
Q (5,-1).
Solução
̅̅̅̅:
Inicialmente calculam-se as coordenadas de M, ponto médio do segmento 𝐏𝐐

M:

Por sua vez, a inclinação da reta que contém os pontos P e Q é:

Para calcular m 2, inclinação da reta mediatriz, escreve-se:


m 1.m 2 = -1  1/3.m 2 = -1  m 2 = -3
Finalmente, a equação da reta com esta inclinação e que contém o ponto M é
obtida da seguinte forma:
y - (-2) = -3(x - 2)  y + 2 = -3x + 6  3x + y - 4 = 0 (resposta do problema)

12
Os alunos devem verificar que qualquer ponto pertencente a esta reta mediatriz
é equidistante dos pontos P e Q. Por exemplo, A (4,-8).

5) Sejam F e C as temperaturas em graus Farenheit e graus Celsius. Ache a


equação que relaciona sa duas temperaturas, sabendo-se que F e C variam
linearmente entre si e que:
- para C = 0, F = 32;
- para C = 100, F = 212.

Solução
Uma vez que as temperaturas variam de forma linear, pode-se considerar um
espaço a 2 dimensões no qual os eixos são C e F e cujos pontos
correspondem aos pares de temperaturas em graus Celsius e graus Farenheit.
A figura a seguir ilustra esse espaço, bem como os dados informados no
enunciado.

250
F
200
(100,212)

150

100

50

(0,32)
0
0 20 40 60 80 100 120
C

Para o cálculo da inclinação, escreve-se:

Usando, por exemplo, o ponto (0,32) e aplicando a equação da reta que passa
por esse ponto e possui inclinação m = 9/5, tem-se:

(1)

Eliminando o denominador e rearranjando os termos, chega-se à equação final,


resposta do problema:

9C - 5F + 160 = 0

13
Os alunos devem certificar-se que, ao colocar a equação (1) acima de outra
forma, chega-se à conhecida expressão normalmente utilizada para relacionar
as duas escalas de temperatura:

6) Sejam A (1,4), B (3,-9) e C (-5,2) os vértices de um triângulo. Calcular o


comprimento da mediana desse triângulo que parte do vértice B.

Solução

A mediana de um triângulo é o segmento de reta que une um vértice ao ponto


̅̅̅̅, as coordenadas do ponto
médio de seu lado oposto. Assim, para o lado 𝐀𝐂
médio são:

Usando a fórmula apresentada no item 1.4, calcula-se a distância de B a M:

7) Dado o ponto A (1,2), determine as coordenadas de dois pontos P e Q


situados respectivamente sobre as retas:
r: y = x e s: y = 4x
̅̅̅̅.
de tal modo que A seja o ponto médio do segmento 𝐏𝐐

Solução

Escrevem-se as coordenadas dos pontos P e Q como:


P (x1,y1) e Q (x2,y2)

Uma vez que A deve ser o ponto médio de ̅̅̅̅


𝐏𝐐, pode-se escrever:

Eliminando os denominadores, obtêm-se as 2 equações a seguir:

x1 + x2 = 2
y1 + y2 = 4

Uma vez que P deve estar sobre a reta r e Q sobre a reta s, suas coordenadas
devem satisfazer as equações dessas retas. Portanto, conclui-se que:
y1 = x1
e
y2 = 4x2
14
Substituindo esses valores nas equações acima, chega-se ao seguinte sistema
de duas equações a duas incógnitas:

x1 + x2 = 2
x1 + 4x2 = 4

cuja resolução fornece:


x1 = 4/3
x2 = 2/3

Logo, as coordenadas dos pontos procurados são:

15
2. MATRIZES

2.1. Introdução

 Ao lidar com tabelas de dados é conveniente separar informações


variadas - nomes, endereços, etc. - de valores numéricos.
 Seja a tabela a seguir na qual figuram os dados de um grupo de alunos:

Idade
Nome Altura (m) Peso (kg)
(anos)
Paulo 1,70 70 23
Maria 1,75 60 22
Ana 1,60 52 25
Carlos 1,81 72 30

 Retirando-se a 1a linha e a 1a coluna, gera-se uma tabela que contém


apenas valores numéricos:

1,70 70 23
1,75 60 22
1,60 52 25
1,81 72 30

 Esse tipo de tabela é chamado de matriz. Em outras palavras, dá-


se o nome de matriz a uma tabela de valores dispostos em
linhas e colunas.
 Qualquer número real, positivo, negativo, ou mesmo nulo, pode ser
um elemento de uma matriz.

2.2. Definições
 Uma matriz é referenciada pelo número de linhas e de colunas - nessa
ordem - que ela contém.
 É comum utilizar-se uma letra maiúscula para referir-se a uma matriz e
duas letras minúsculas, em geral m e n, para denotar a quantidade de
linhas e colunas, respectivamente, de tal matriz
 Assim, chama-se A3x4 (diz-se A, 3 por 4) a matriz abaixo que contém 3
linhas e 4 colunas:
2 1 -3 7
A= -3 0 8 0
4 5 3 -2

Ou seja: m = 3 e n = 4
 Ao elemento de uma matriz associa-se a letra minúscula correspondente
ao nome da matriz e duas letras minúsculas, em geral i e j, para denotar
o número da linha e o número da coluna na qual tal elemento se situa.
 Assim, bij é o elemento da i-ésima linha e j-ésima coluna da matriz B.
16
 Desta forma, para a matriz A acima, tem-se:

a23 = 8 (i = 2 e j = 3)
a14 = 7 (i = 1 e j = 4)

 Esquematicamente:

| ai1, ai2, ...., ain |  são os elementos da linha i

a1j
a2j
.
.  são os elementos da coluna j
.
amj

 Quando uma matriz possui o mesmo número de linhas e colunas ela é


chamada de matriz quadrada. Esse tipo de matriz possui duas
diagonais, a principal e a secundária.
 Tal fato é mostrado na figura abaixo, na qual a diagonal principal está
indicada em vermelho e a diagonal secundária em azul.

2 -4 0
A= 1 -5 7
3 0 8

2.3. Soma e subtração de matrizes


 Esta operação somente é permitida quando ambas matrizes possuem o
mesmo no de linhas e colunas.
 A soma e a subtração é feita elemento a elemento. Em notação
matricial, sendo C a matriz resultado da soma das matrizes A e B,
escreve-se:

C = A + B  cij = aij + bij

 Tal fato é ilustrado a seguir.

A= 1 2 -3 B= -2 1 5
3 4 0 0 3 -4

C= 1-2 2+1 -3 + 5 = -1 3 2
3+0 4+3 0-4 3 7 -4

 Observa-se que a soma é comutativa: A + B = B + A.

17
O mesmo procedimento é válido para a subtração. Considerando as
mesmas matrizes A e B anteriores, fazendo D = A - B, obtém-se:

D= 3 1 -8
3 1 4

2.4. Produto de um número por uma matriz

 Define-se o produto de um número - também chamado de escalar - ao


produto de qualquer número real não nulo pelos elementos da matriz.
 Desta forma, sendo  um número real e A uma matriz, tem-se:

B = A  bij = .aij

Nesse caso, diz-se que a matriz B, resultado da operação, é um múltiplo


escalar da matriz A.
 Exemplo:
Sendo  = -3 e

-2 1 6 -3
A= 0 3  B = A = 0 -9
5 -4 -15 12

2.5. Produto matricial

 Tal produto só pode ser realizado quando o n o de colunas da 1a matriz é


igual ao no de linhas da 2a matriz.
 Regra:
no de linhas da matriz resultado = n o de linhas da 1a matriz
no de colunas da matriz resultado = n o de colunas da 2a matriz

 Sendo Amxp e Bpxn e denominando C a matriz produto, resultado da


operação, escreve-se, em notação matricial:

Amp x Bpn = Cmn


 Esta operação é mostrada de forma esquemática a seguir:

18
 Fica evidente que o produto de matrizes não é comutativo.

2.6. Transposição de matrizes

 Matriz transposta é aquela obtida quando as colunas da matriz


resultante são iguais às linhas da matriz original. Ou seja, trocam-se
linhas por colunas linhas por colunas e vice-versa.
 Notação: At = matriz transposta da matriz A.
 Propriedade importante: (At)t = A
 Exemplos:
3 3
D= 3 1 -8  D= 1 1
t
3 1 4 -8 4

6 -3
F= 0 -9  Ft = 6 0 -15
-15 12 -3 -9 12

2.7. Problemas

1) Sendo dadas as seguintes matrizes:

calcular a matriz X de tal forma que X - M = N - P.

Solução

Sejam a, b, c, d, e, f, g, h e i os elementos da matriz procurada, assim


dispostos:

A subtração X - M fica sendo:

Por sua vez, a matriz N - P se escreve:

19
Para que duas matrizes sejam iguais, todos seus elementos devem também
ser iguais. Portanto, obtêm-se as seguintes relações:

a-1=1a=2
b-2=1b=3
c - 3 = -1  c = 2
d - (-1) = 1  d = 0
e-0=1e=1
f - (-2) = -1  f = -3
g-4=3g=7
h - (-3) = -2  h = -5
i-5=1i=6

Portanto, a resposta do problema é:

2) Calcular o produto A x B, sendo:

Solução

A classe da matriz produto se obtém da seguinte forma:

A3 x 3 x B3 x 2 = C3 x 2

O cálculo do produto se escreve:

20
3. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES

3.1. Introdução

 Certamente, uma das mais importantes aplicações de matrizes é


na resolução de sistemas de equações lineares.
 Com efeito, diversos problemas em várias áreas de ciências exatas
podem ser resolvidos por meio da solução de sistemas lineares.
 Operações da álgebra matricial, tais como produtos de matrizes,
inversão de matrizes, cálculo de determinantes, entre outros, são
bastante úteis para se chegar à solução deste tipo de sistema.
 O objetivo deste capítulo é mostrar como a álgebra matricial pode
facilitar o estudo dos sistemas lineares.

3.2. Definições

 Uma equação é dita linear quando são iguais a 1 (um) os expoentes das
variáveis que nela aparecem. Exemplo: a equação
2x + 4y - 6z = 3
é denominada uma equação linear em x, y e z.
 Na equação anterior, tem-se:
x, y e z: variáveis;
2, 4, -6: coeficientes das variáveis;
3: termo independente
 De forma genérica, escreve-se uma equação linear com n variáveis:
a1x1 + a2x2 + ..... + anxn = b
sendo:
- variáveis: x1, x2, ..., xn;
- coeficientes: a1, a2, ..., an;
- termo independente: b

3.3. Sistemas lineares

 Um sistema de equações lineares ou simplesmente sistema linear é um


conjunto de equações lineares da forma:

a11x1 + a12x2 + ... + a1nxn = b1


a21x1 + a22x2 + ... + a2nxn = b2
..............................................
..............................................
am1x1 + am2x2 + ... + amnxn = bm

 Nesse caso, trata-se de um sistema de m equações e n incógnitas, no


qual tem-se:
- variáveis ou incógnitas: x1, x2, ..., xn;

21
- coeficientes: aij, i varia de 1 a m e j varia de 1 a n;
- termos independentes: bj.
 Nesta disciplina, a atenção recairá sobre sistemas nos quais o número
de equações é igual ao número de incógnitas.
 Por exemplo, o sistema de equações a seguir:

x + 2y = 1
2x + y = 0

é um sistema linear de 2 equações e 2 incógnitas, também chamado um


sistema 2 x 2.
 As equações a seguir ilustram um sistema 3 x 3:

2x + y - 3z = 5
3x - 2y + 2z = 5
5x - 3y - z = 16

3.4. Representação de sistemas lineares na forma matricial


 Uma maneira conveniente de tratar sistemas lineares é representá-los
na forma de operações com matrizes. Assim, os 2 sistemas indicados no
item anterior podem ser escritos como:

=
e

 Os dois sistemas podem ser representados da seguinte maneira,


A x X = B, sendo:
A: matriz dos coeficientes das variáveis, ou matriz principal;
X: matriz das variáveis;
B: matriz dos termos independentes.
 Os valores das variáveis que satisfazem simultaneamente todas as
equações correspondem à solução desses sistemas. Isso equivale a
obter os elementos da matriz X.
 Fazendo uso de propriedades de matrizes, demonstra-se que uma das
maneiras de se chegar a tal solução se dá mediante a seguinte
operação com as matrizes A e B, na qual A-1 representa a matriz inversa
de A:

X = A-1 x B

 Entretanto, uma vez que a inversão de matrizes por meios algébricos é


uma tarefa relativamente trabalhosa e que há hoje inúmeros programas
e softwares - Excel, Matlab, entre outros - capazes de realizar esta
22
operação em poucos segundos, no presente curso serão abordados
apenas os casos das soluções de sistemas 2 x 2 e 3 x 3 por meio de
determinantes.

3.5. Conceito de determinante


 De forma rigorosa, define-se determinante como “soma algébrica dos
produtos dos termos dos n elementos de uma matriz n x n de tal forma
que tais elementos provêm de diferentes linhas ou colunas desta matriz”.
 Portanto, o conceito de determinante só vale para matrizes quadradas.
 Obviamente, esta definição é de pouca utilidade, sendo mais proveitoso
examinar exemplos numéricos.
 Demonstra-se que o número de elementos que fazem parte do cálculo
de um determinante é igual a n!, sendo n a classe da matriz quadrada
em questão.
 Portanto:
- matrizes 2 x 2: no de elementos do determinante = 2! = 4;
- matrizes 3 x 3: no de elementos do determinante = 3! = 6.

3.6. Regra de Sarrus


 Esta regra, válida apenas para matrizes 2 x 2 e 3 x 3, permite calcular
facilmente o valor do determinante dessas classes de matrizes.
 Ilustra-se a seguir como calcular os determinantes desse tipo de matriz
utilizando a Regra de Sarrus.
 Matriz 2 x 2

 det A = 2x5 - [(-3)4] = 10 + 12 = 22

Ou seja, o determinante é igual ao produto dos termos da diagonal


principal menos o produto dos termos da diagonal secundária. Ver
ilustração abaixo:

 Matriz 3 x 3
Nesse caso, para resolver é necessário duplicar as duas primeiras
colunas à direita da 3a coluna da matriz. Em seguida, a sequência de
multiplicações é semelhante à anterior - ver figura a seguir. Sendo:
2 1 -3
A= 3 -2 2
5 -3 -1

2 1 -3 2 1
3 -2 2 3 -2
5 -3 -1 5 -3
23
 det A = 2(-2)(-1) + 1x2x5 + (-3)3(-3) - [5(-2)(-3) + (-3)2x2 + (-1)3x1] =
= 4 + 10 + 27 - (30 - 12 - 3) = 41 - 15 = 26

Nota-se que a soma dos produtos das linhas em azul (direção da


diagonal principal da matriz) entra com o sinal positivo, enquanto o das
linhas em vermelho (direção da diagonal secundária) entra com o sinal
negativo.
 Uma outra forma de aplicar a regra de Sarrus pode ser feita através da
repetição das 2 primeiras linhas abaixo da 3 a linha da matriz, chegando
ao mesmo resultado. Nesse caso, a regra é a mesma: a soma dos
produtos dos termos na direção da diagonal principal entra com o sinal
positivo, enquanto aqueles na outra direção aparecem com sinal
negativo. Ver figura a seguir:

2 1 -3
3 -2 2 Soma dos produtos em azul: sinal positivo
5 -3 -1 Soma dos produtos em vermelho: sinal negativo
2 1 -3
3 -2 2

3.7. Regra de Cramer


 Esta regra é aplicável na resolução de sistemas lineares n x n para
qualquer valor de n. Para que ela possa ser aplicada, o determinante da
matriz dos coeficientes (matriz principal) deve ser diferente de zero.
 A aplicação da Regra de Cramer será mostrada a seguir através de um
exemplo numérico. Os alunos interessados em sua demonstração formal
podem consultar as páginas 112 e 113 do livro “Álgebra Linear com
Aplicações, autores H. Anton e C. Rorres, editora Bookman”,
disponível na Biblioteca da EMGE.
 Seja o sistema de equações:

2x + 3y - z = 1
3x + 5y + 2z = 8
x - 2y - 3z = -1

A matriz dos coeficientes - matriz principal - desse sistema é:

Aplicando a Regra de Sarrus, calcula-se:

det A = 2x5(-3) + 3x2x1 + (-1)3(-2) - [(-1)5x1 +(-2)(-2)2 + (-3)x3x3] = 22

Chamando Ax a matriz obtida ao substituir a coluna dos coeficientes da


variável x pela coluna dos termos independentes, tem-se:

24
Novamente, aplicando a Regra de Sarrus, calcula-se:
det Ax = 66 (os alunos devem verificar!)

A Regra de Cramer estabelece que o valor de x que é solução desse


sistema é obtido da seguinte forma:

x = det Ax / det A

Portanto, no caso deste exemplo:

x = 66 / 22 = 3

De maneira análoga, obtêm-se as matrizes Ay e Az substituindo as


colunas relativas a essas variáveis pela coluna dos coeficientes:

Novamente, com o uso da Regra de Sarrus, calculam-se (os alunos


devem verificar):

det Ay = -22
det Az = 44

O cálculo dos valores das variáveis y e z por meio da Regra de Cramer


é análogo ao usado para a variável x:

y = det Ay / det A
z = det Az / det A

Assim, para este exemplo, tem-se:

y = -22 / 22 = -1
z = 44 / 22 = 2

Portanto, a solução do sistema 3 x 3 apresentado é:

x=3
y = -1
z=2

Os alunos devem verificar que tais valores de x, y e z satisfazem


simultaneamente as 3 equações do sistema.

25
3.8. Problemas
1) Calcule os valores de k para os quais o determinante da matriz a seguir é
nulo.

Solução

Aplicando a Regra de Sarrus, obtém-se:

2k2 - 4k = 0  2k(k - 2) = 0,

cuja solução fornece 2 valores:


k = 0 e k = 2 (respostas do problema)

2) Achar a solução do seguinte sistema linear 3 x 3

4x + 5y = 2
11x + y + 2z = 3
x + 5y + 2z =1

Solução

A matriz principal do sistema é:

para a qual calcula-se, pela Regra de Sarrus (os alunos devem verificar):

det A = -132

Utilizando a Regra de Cramer, escrevem-se:

Por meio da regra de Sarrus, calculam-se (os alunos devem verificar):

det Ax = -36
det Ay = -24

Aplicando a Regra de Cramer, calculam-se:

x = det A x / det A = -36 / -132 = 3/11


y = det Ay / det A = -24 / -132 = 2/11

Substituindo esses valores de x e y na 3a equação, tem-se:


26
 z = -2/11

Portanto, a solução do sistema é:

x = 3/11, y = 2/11 e z = -2/11

3) Calcular os coeficientes a, b, c e d, de tal forma que a curva mostrada na


figura abaixo corresponda ao gráfico da função:
y(x) = ax3 + bx2 + cx + d

Solução

A partir das coordenadas dos pontos indicados no gráfico, tem -se:


y(0) = 10
y(1) = 7
y(3) = -11
y(4) = -14

Uma vez que y(0) = 10  d = 10.


Escreve-se a função y(x) para os demais valores de x, inserindo esse valor
calculado de d, obtendo-se:
a.13 + b.12 + c.1 + 10 = 7  a + b + c = -3
a.33 + b.32 + c.3 + 10 = -11  27a + 9b + 3c = -21  9a + 3b + c = -7
a.43 + b.42 + c.4 + 10 = -14  64a + 16b + 4c = -24  16a + 4b + c = -6
Chega-se, portanto, ao seguinte sistema linear 3x3:

a + b + c = -3
9a + 3b + c = -7
16a + 4b + c = -6

cuja matriz principal é:


1 1 1  det A = 3 + 36 + 16 - (48 + 4 + 9) = -6
9 3 1
A = 16 4 1
1 1 1
9 3 1

Usando a Regra de Cramer:


27
-3 1 1  det Aa = -9 - 28 - 6 - (-18 - 12 - 7) = -6 
-7 3 1  a = -6 / -6 = 1
Aa = -6 4 1
-3 1 1
-7 3 1

1 -3 1  det Ab = -7 - 54 - 48 - (-112 - 6 - 27) = 36 


9 -7 1  b = 36 / -6 = -6
Ab = 16 -6 1
1 -3 1
9 -7 1

Levando esses valores de a e b na 1ª equação, obtém-se:


1 - 6 + c + 10 = -3  c - 5 = -3  c = 2
Assim, a solução do sistema é a = 1; b = -6 e c = 2, e a função se escreve:

y(x) = x3 - 6x2 + 2x + 10 = 0

28
4. VETORES

4.1. Definição e representação de vetores

• Algumas grandezas físicas, tais como massa, temperatura ou


trabalho, são completamente determinadas ao associar-se a elas
um único nº real que caracteriza seu valor ou “tamanho”. Tais
grandezas são denominadas grandezas escalares, ou
simplesmente escalares.
• Outras, tais como força, velocidade ou campo magnético,
denominadas grandezas vetoriais ou apenas vetores, necessitam
3 características para a sua determinação:
– intensidade ou modulo: é o valor, o “tamanho” do vetor;
– direção: o ângulo formado com uma direção estabelecida
como padrão;
– sentido: o lado para o qual o vetor aponta.
• Vetores podem ser representados por um segmento de reta
orientado - por exemplo, de cima para baixo, ou da direita para a
esquerda - com uma origem (ponto inicial) e uma extremidade
(ponto final) - ver abaixo.

 ⃗ ou 𝐀𝐁
O vetor a seguir pode ser representado por 𝐕 ⃗⃗⃗⃗⃗ , sendo A e B suas
extremidades.

4.2. Vetores a partir de coordenadas no plano e no espaço

 Um vetor não possui posição fixa, pode ser aplicado em qualquer ponto,
tanto no plano, como no espaço a 3 dimensões;
 É comum e conveniente referir-se a um vetor a partir das coordenadas
de seus pontos extremos, seja no R2 ou no R3. Por exemplo:
⃗ = (1,2), no plano cartesiano;
𝐕
⃗⃗⃗ = (3,-2,4), no espaço a 3 dimensões.
𝐖

29
4.3. Soma, subtração e produto de vetor por número

 A soma de 2 vetores é obtida a partir da chamada regra do


paralelogramo, tal como ilustrado na figura a seguir, na qual o vetor ⃗𝐑

corresponde à soma dos vetores 𝐅 e 𝐒;

 Por sua vez, a subtração é ilustrada a seguir.

 Muito embora esta representação geométrica tenha utilidade, é muito


mais frequente e conveniente trabalhar tais operações a partir das
coordenadas dos vetores.
 Exemplos. Sendo 𝐀 ⃗ (3,4,-2) e 𝐁
⃗⃗ (1,1,1), tem-se:
 soma 𝐀 ⃗ +𝐁 ⃗⃗ = (3+1,4+1,-2+1) = (4,5,-1);
 diferença 𝐁 ⃗⃗ - 𝐀⃗ = [1-3,1-4,1-(-2)] = (-2,-3,3).
 O mesmo procedimento deve ser aplicado para vetores no plano
cartesiano, tal como ilustrado na figura abaixo.

30
 Por sua vez, o produto de um vetor 𝐕 ⃗ por um número  fornece como
resultado outro vetor, cujo significado é:
 || > 1  o módulo do vetor aumenta;
 || < 1  o módulo do vetor diminui;
  < 0 inverte-se o sentido do vetor.
 Mais uma vez, esta operação é bastante simples a partir das
coordenadas do vetor. Sendo:
 = -3 e 𝐕
⃗ = (1,0,4)  𝐖⃗⃗⃗ = 𝐕
⃗ = [(-3)x1,(-3)x0,(-3)x4] = (-3,0,-12)
 Na figura a seguir ilustra-se esta última operação para um valor do
número  > 1.
Y

V
Vy

Vy

Vx Vx
X

4.4. Módulo ou norma de um vetor

 O cálculo do módulo (norma) ou “tamanho” do vetor é uma


consequência direta do teorema de Pitágoras.
 No caso do plano cartesiano, sendo:

⃗ (x1,y1)  ‖𝐕
𝐕 ⃗ ‖ = √𝐱 𝟏 𝟐 + 𝐲𝟏 𝟐

 A representação com duas barras paralelas em ambos os lados é usada


para diferenciar o módulo de um vetor do módulo de um número real x,
normalmente indicado por |x|.
 De forma similar, no espaço a 3 dimensões, sendo:,

⃗ (x1,y1,z1) ‖𝐗
𝐗 ⃗ ‖ = √𝐱 𝟏 𝟐 + 𝐲𝟏 𝟐 + 𝐳𝟏 𝟐

4.5. Coordenadas de um vetor a partir das coordenadas de


seus pontos extremos

 De posse das coordenadas de suas extremidades, as coordenadas do


vetor resultante são SEMPRE calculadas a partir da seguinte regra
prática:
31
COORD. VETOR = COORD. PONTO FINAL - COORD. PONTO INICIAL

 Exemplos:
A (1,1,-1) e B (6,4,-2)  𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ = [6-1,4-1,-2-(-1)] = (5,3,-1)
X (-2,3) e Y (0,-4)  𝐗𝐘
⃗⃗⃗⃗⃗ = [0-(-2),-4-3] = (2,-7)
 Para calcular o módulo de um vetor a partir das coordenadas de seus
pontos extremos as fórmulas são análogas às do cálculo da distância
entre dois pontos, seja no R2 ou no R3.
 No R2, sendo B (xB,yB) e A (xA,yA) 
Exemplo:
A (3,1) e B (0,-2)  ||𝐀𝐁
⃗⃗⃗⃗⃗ || = √(0 − 3)2 + (−2 − 1)2 = √9 + 9 = √18
 No R3, sendo C (x1,y1,z1) e D (x2,y2,z2) 

Exemplo: Para M (1,1,1) e N (5,4,1) 

4.6. Produto escalar

 Na Física, alguns fenômenos que envolvem 2 vetores, mas cujo


resultado NÃO é uma grandeza vetorial, podem ser mensurados com
base no chamado produto escalar. Exemplos:
 trabalho = força x deslocamento;
 potência = força x velocidade.
 O produto escalar entre dois vetores, representado por um ponto, tem
como resultado um número real, que pode ser positivo, negativo ou nulo.
 Matematicamente, escreve-se;

⃗ ou 𝐖
= 0, se 𝐕 ⃗⃗⃗ é nulo;
⃗ .𝐖
𝐕 ⃗⃗⃗
⃗⃗⃗ ||.cos, sendo  o ângulo formado entre os 2 vetores.
⃗ ||.||𝐖
= ||𝐕

 Por meio da lei dos cossenos, demonstra-se que:


 no plano cartesiano:
𝐕⃗ (vx,vy) e 𝐖⃗⃗⃗ (w x,w y)  𝐕⃗ .𝐖
⃗⃗⃗ = vxw x + vywy
 no espaço tridimensional:
𝐒 (sx,sy,sz) e 𝐔 ⃗ (ux,uy,uz)  𝐒.𝐔 ⃗ = sxux + syuy + szuz
 Exemplos:
⃗ (1,-2) e ⃗⃗𝐁 (-2,-3)  𝐀
𝐀 ⃗ .𝐁
⃗⃗ = 1(-2) + (-2)(-3) = -2 + 6 = 4
𝐂 (2,-4,7) e ⃗𝐃 (0,2,2)  𝐂.𝐃 ⃗ = 2x0 + (-4)2 + 7x2 = -8 + 14 = 6
 Usando a definição para o caso em que nenhum dos 2 vetores é nulo,
chega-se à conveniente fórmula a seguir usada para o cálculo do ângulo
formado entre 2 vetores:

32
 Entretanto, como se deseja normalmente obter o menor ângulo entre os
vetores, modifica-se a fórmula anterior, obtendo-se:

 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO PRODUTO ESCALAR

⃗ (1,1) e ⃗𝐁
1) Calcular o ângulo formado entre os vetores 𝐀 ⃗ (4,3)

Solução
⃗ || = √12 + 12 = √2
||𝐀
⃗⃗ || = √42 + 32 = √25 = 5
||𝐁
⃗ .𝐁
𝐀 ⃗⃗ = 1x4 + 1x3 = 7
Usando a fórmula, obtém-se:   = 8,1º

2) Calcular o ângulo formado entre uma diagonal de um cubo e uma das


arestas que seja com ela concorrente.

Solução

Tem-se a seguinte figura geométrica: Z

O (0,0,0) D (1,1,1)

C
Y
A
X B (1,1,0)

Fixando o comprimento de cada aresta do cubo = 1 e colocando a


origem do espaço no ponto O, tal como indicado na figura, e
considerando a diagonal ̅̅̅̅ 𝐎𝐃, podem-se definir os seguintes vetores:
𝐎𝐃 = (1-0,1-0,1-0) = (1,1,1)  ||𝐎𝐃
⃗⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗⃗ || = √12 + 12 + 12 = √3
𝐁𝐃 = (1-1,1-1,1-0) = (0,0,1)  ||𝐁𝐃
⃗⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗⃗ || = √12 = 1
⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐎𝐃.𝐁𝐃 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗ = 1x0 + 1x0 + 1x1 = 1
Logo, usando a fórmula, calcula-se: cos = 1⁄   = 54,7º
√3
33
O mesmo valor será encontrado usando outros pontos como referência.

4.7. Produto vetorial

 Diversos fenômenos físicos estudados em Mecânica, Eletricidade e


Eletromagnetismo resultantes da interação entre 2 vetores podem ser
quantificados aplicando-se o fomalismo matemático apresentado a
seguir, denominado produto vetorial.
 Exemplos:
— momento de uma força em relação a um ponto = força x distância;
— força 𝐅 exercida sobre uma partícula com carga elétrica e velocidade 𝐕⃗
em um campo magnético de intensidade ⃗𝐁⃗:𝐅=𝐕 ⃗ x ⃗𝐁
⃗.
 O resultado do produto vetorial, representado por um “x”, é SEMPRE um
⃗ x𝐁
3o vetor. Assim 𝐂 = 𝐀 ⃗⃗ representa o produto vetorial entre 𝐀 ⃗ e𝐁⃗⃗ , que
tem como resultado o vetor 𝐂.
 O produto vetorial possui as seguintes propriedades:
 o vetor resultado tem direção perpendicular ao plano definido pelos
outros dois vetores;
 o sentido do resultado é obtido a partir da chamada regra da mão
direita - ver figuras a seguir, na qual a seta vermelha indica o sentido
do vetor resultado;

34
 a fórmula que relaciona os módulos de dois vetores 𝐕
⃗ e𝐖
⃗⃗⃗ multiplicados
vetorialmente entre si e o do vetor resultado, bem como o ângulo 
formado entre os dois vetores é:

 por se tratar de uma operação cujo resultado é um vetor perpendicular


ao plano dos outros dois, só há sentido para o produto vetorial no
espaço a 3 dimensões;
 Vale recordar que qualquer vetor no espaço tridimensional pode ser
visto como uma combinação dos vetores unitários (ou canônicos) -
𝐢 (1,0,0), 𝐣 (0,1,0) e 𝐤 (0,0,1), paralelos aos eixos cartesianos - ver figura
abaixo. Z

X
 Sendo dois vetores 𝐕 ⃗ (vx,vy,vz) e 𝐖⃗⃗⃗ (w x,w y,w z), calcula-se o resultado do
produto vetorial entre eles, 𝐔⃗ =𝐕 ⃗ x𝐖 ⃗⃗⃗ , por meio do seguinte
determinante simbólico, no qual 𝐢, 𝐣 e 𝐤 representam os vetores
unitários:

 Exemplo:
⃗ = 𝐢 + 2𝐣 - 2𝐤  (1,2,-2) e 𝐁
sendo 𝐀 ⃗⃗ = 3𝐢 + 𝐤  (3,0,1), segue que,

= 2 - 7 -6  (2,-7,-6)

 Uma consequência do produto vetorial é que o módulo do vetor


resultado é numericamente igual à área do paralelogramo definido pelos
dois vetores. Tal fato é ilustrado na figura a seguir.

35

Sabe-se que a área de um paralelogramo = base x altura e, em função


da fórmula do produto vetorial, escreve-se:

que corresponde justamente ao produto base x altura.

4.8. Produto misto

 Define-se produto misto entre 3 vetores como o produto escalar de um


deles pelo produto vetorial dos outros dois.
 Por se tratar do resultado de um produto ESCALAR entre 2 vetores, o
resultado do produto misto é SEMPRE um número real.
Matematicamente, para o caso dos vetores 𝐀 ⃗ ,𝐁
⃗⃗ e 𝐂, escreve-se:

⃗ . (𝐁
n=𝐀 ⃗⃗ x 𝐂), sendo n um no real

 Embora esta operação possa ser realizada em etapas, calculando-se


primeiramente o produto vetorial, seguido do produto escalar, o
resultado do produto misto pode ser imediatamente obtido por meio de
um determinante. Sendo:
⃗ (a x,ay,az);
𝐀
⃗⃗ (b x,by,bz);
𝐁
𝐂 (cx,cy,cz);
⃗ .(𝐁
o resultado do produto misto 𝐀 ⃗⃗ x 𝐂) é obtido pelo determinante a
seguir:

 Exemplo. Considerando:
⃗ = 2i - j + 3k
𝐔 ⃗  (2,-1,3)
𝐕⃗ = -i + 4j + ⃗k  (-1,4,1)
⃗⃗⃗
W = 5i + j - 2k ⃗  (5,1,-2)
o produto misto 𝐔 ⃗ .(𝐕
⃗ x𝐖⃗⃗⃗ ) é calculado por:

36
 Demonstra-se que o módulo do resultado do produto misto corresponde
ao volume do paralelepípedo formado entre os 3 vetores, o que é
ilustrado na figura a seguir.
 Decorre também do produto misto o fato que, se o resultado desta
operação é nulo, os 3 vetores são coplanares. Ou seja, se:
𝐀 ⃗⃗ x⃗⃗⃗𝐂) = 0  𝐀
⃗ . (𝐁 ⃗,𝐁
⃗⃗ e 𝐂 pertencem a um mesmo plano.

4.9. Problemas
1) Calcular os ângulos internos do triângulo cujos lados são A (1,2), B (-1,-1) e
C (2,-2).

Solução

A partir das coordenadas dos pontos, calculam-se as coordenadas dos 3


vetores cujas extremidades correspondem a tais pontos.
⃗⃗⃗⃗⃗ = (-1-1, -1-2) = (-2,-3) ‖𝐀𝐁
𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ ‖ = √22 + 32 = √13;
⃗⃗⃗⃗⃗ = (2-1,-2-2) = (1,-4) ‖𝐀𝐂
𝐀𝐂 ⃗⃗⃗⃗⃗ ‖ = √12 + 42 = √17;
⃗⃗⃗⃗⃗ = [2-(-1),-2-(-1)] = (3,-1) ‖𝐁𝐂
𝐁𝐂 ⃗⃗⃗⃗⃗ ‖ = √32 + 12 = √10.

Calculam-se os 3 produtos escalares:


⃗⃗⃗⃗⃗ .𝐀𝐂
𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ = (-2,-3).(1,-4) = -2 + 12 = 10
⃗⃗⃗⃗⃗ .𝐁𝐂
𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ = (-2,-3).(3,-1) = -6 + 3 = -3
⃗⃗⃗⃗⃗ .𝐁𝐂
𝐀𝐂 ⃗⃗⃗⃗⃗ = (1,-4).(3,-1) = 3 + 4 = 7

Usando a fórmula do produto escalar, tem-se:

 1 = 47,73º

 2 = 74,74º
37
 3 = 57,53º

Observa-se, como esperado, que a soma dos 3 ângulos é igual a 180º.

2) Determine os valores de x e y de tal modo que o vetor 𝐔 ⃗ (x,y,1) tenha


⃗ (1,3,4).
módulo igual a √3 e seja perpendicular ao vetor 𝐕

Solução

⃗ 𝐕
Se 𝐔 ⃗ , então o produto escalar entre eles é nulo. Assim, escreve-se:

(x,y,1).(1,3,4) = 0  x + 3y + 4 = 0  x = -4 - 3y (1)

Em relação ao módulo do vetor, tem-se:

√𝑥 2 + 𝑦 2 + 12 = √3  elevando ao quadrado os dois lados dessa igualdade:

x2 + y2 + 1 = 3  x2 + y2 - 2 = 0 (2)

Combinando as relações (1) e (2), obtém-se:

(-4 - 3y)2 + y2 - 2 = 0  10y2 + 24y + 14 = 0

Esta equação do 2o grau possui 2 raízes:


y1 = -7/5
y2 = -1

Usando, então, a relação (1), obtém-se:


x1 = -4 - 3(-7/5)  x1 = 1/5
x2 = -4 + 3 = -1

Ou seja, o problema possui 2 soluções:


⃗⃗⃗⃗⃗
𝐔𝟏 = (1/5,-7/5,1)
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐔𝟐 = (-1,-1,1)

⃗ um vetor no espaço tridimensional. Considerando que é válido o


3) Seja 𝐀
⃗.
sistema de equações indicado a seguir, calcule as coordenadas de 𝐀

⃗ .(2𝐢 + 3𝐣 + 4𝐤) = 9
𝐀
⃗ x (-𝐢 + 𝐣 - 𝐤) = -2 𝐢 + 2𝐤
𝐀

Solução

Sejam x, y e z as coordenadas do vetor 𝐀⃗ . Levando em conta a 1a equação e,


por meio da regra do produto escalar, escreve-se:

38
(x,y,z).(2 i+ 3j+ 4⃗k) = 9  (x,y,z).(2,3,4) = 9. Desenvolvendo, obtém-se:
2x + 3y + 4z = 9 (1)

Por sua vez, o produto vetorial indicado na 2 a equação equivale a:


(x,y,z) x (-1,1,-1) = (-2,0,2). Introduzindo tais valores no determinante simbólico
inerente ao produto vetorial, tem-se:

Resolvendo o determinante simbólico e igualando-se os 2 resultados, chega-se


à seguinte equação vetorial:

-(y + z)𝐢 + (x - z)𝐣 + (x + y)𝐤 = -2𝐢 + 2𝐤

Para que 2 vetores sejam iguais, suas coordenadas também devem se


igualar. Portanto, escreve-se:

y+z=2
x-z= 0  x= z
x+ y= 2

Combinando-se essas 3 equações, obtém-se:


x+ y= 2

Por sua vez, utilizando a relação (1) proveniente da equação relativa ao


produto escalar, chega-se ao seguinte sistema de 2 equações a 2
incógnitas (considerando que x = z):

x+ y= 2 x+ y= 2
6x + 3y = 9  2x + y = 3

cuja resolução fornece como resultado x = 1 e y = 1

⃗⃗⃗ (1,1,1).
Portanto, a resposta do problema é: 𝐀

4) Sejam os pontos A, B, D e E mostrados na figura abaixo, cujas coordenadas


são:
A = (0,0,0), B = (-1,-1,0), D = (0,3,0) e E = (2,2,1).
Tais pontos formam um tetraedro. Sabendo que o volume de um tetraedro
é igual a 1/6 do volume do paralelepípedo também indicado na figura,
calcule o volume do tetraedro ABDE.

39
Solução

Calculam-se as coordenadas dos vetores indicados na figura:

⃗⃗⃗⃗⃗ = (-1-0,-1-0,0-0) = (-1,-1,0)


𝐀𝐁
⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐀𝐃 = (0-0,3-0,0-0) = (0,3,0)
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐀𝐄 = (2-0,2-0,1-0) = (2,2,1)

⃗⃗⃗⃗⃗ .(𝐀𝐃
Calcula-se o produto misto 𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗ x ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐀𝐄), cujo resultado obtém-se por
meio do seguinte determinante:

Como informado no enunciado, conclui-se que o volume do tetraedro


ABDE é igual a |-3| / 6 = 1/2 ou 0,5.

⃗ (3,4,12) forma com os eixos


5) Calcular os ângulos que o vetor 𝐕
cartesianos X, Y e Z.

Solução

Os ângulos de qualquer vetor com os eixos cartesianos são obtidos por


meio dos seguintes produtos escalares:
 ⃗ . 𝐢;
com o eixo X: 𝐕
 ⃗ . 𝐣;
com o eixo Y: 𝐕
 ⃗ . 𝐤;
com o eixo Z: 𝐕

⃗ é igual a √32 + 42 + 122 = √169 = 13


O módulo do vetor V
Por sua vez, os módulos dos vetores 𝐢, 𝐣 e 𝐤 são todos iguais a 1.

Chamando de ,  e  os ângulos com os eixos X, Y e Z,


respectivamente, calculam-se:

E, analogamente,

40
Observação: demonstra-se que, para qualquer vetor no espaço a 3
dimensões, a seguinte relação é obedecida:

cos2 + cos2 + cos2 = 1

sendo ,  e  os ângulos formados com os eixos cartesianos X, Y e Z. Os


alunos devem fazer esta demonstração.

41
5. ESTUDO DO PLANO
5.1. Conceitos geométricos

 Com base nos fundamentos de geometria, um plano no espaço é


definido de forma unívoca nos seguintes casos:
– 2 retas concorrentes;
– 3 pontos não colineares.
 Tais conceitos serão explorados para o estabelecimento das equações
de um plano no espaço tridimensional.

5.2. Equação vetorial e equações paramétricas de um plano


 Considerando que 2 vetores linearmente independentes - não múltiplos -
podem representar partes de 2 retas no espaço tridimensional, tais
vetores também podem definir um plano, denominado plano π.
 Partindo desse fato, qualquer ponto x no plano π fica definido como
sendo uma combinação linear dos 2 vetores 𝐕 ⃗ e𝐖
⃗⃗⃗ - ver figura a seguir:

𝐖
X

π 𝐕

 Do ponto de vista de operações com vetores, pode-se escrever:


⃗⃗⃗⃗⃗ = t.𝐕
𝐏𝐗 ⃗ + s.𝐖
⃗⃗⃗ , sendo t e s dois números reais.
 Considerando que o ponto X (x,y,z) pode ocupar qualquer posição no
plano π e admitindo as seguintes coordenadas:
P (xo,yo,zo)
⃗ (x1,y1,z1)
𝐕
⃗⃗⃗ (x2,y2,z2),
𝐖
a equação vetorial anterior é equivalente a:
⃗ (x1,y1,z1) + s.𝐖
X (x,y,z) = P (xo,yo,zo) + t.𝐕 ⃗⃗⃗ (x2,y2,z2)
que é conhecida como equação vetorial de um plano.
 Por outro lado, a equação vetorial anterior pode ser desmembrada nas 3
equações algébricas abaixo, nas quais x, y e z representam as
coordenadas de um ponto X qualquer no plano π.

x = xo + t.x1 + s.x2
y = yo + t.y1 + s.y2
z = zo + t.z1 + s.z2

42
 Esse conjunto de equações é conhecido como equações paramétricas
do plano.
 Embora essa abordagem seja suficiente para resolver todas as questões
relativas ao estudo do plano, ela não será priorizada neste curso. Será
utilizado o formalismo conhecido como equação cartesiana do plano,
apresentado a seguir.

5.3. Equação cartesiana de um plano - caso base


 O estabelecimento da equação cartesiana de um plano no espaço
tridimensional será realizado a partir de um caso base - plano
perpendicular a um vetor e que contém um ponto de coordenadas
conhecidas.
 Do ponto de vista estritamente geométrico, é bom lembrar que há
infinitos planos perpendiculares a um vetor. Entretanto, apenas um
possui essa característica e também a de conter um dado ponto.
 Na figura a seguir, sejam:
⃗⃗ (a,b,c) - vetor normal ao plano  (coordenadas conhecidas);
𝐍
Po (xo,yo,zo) - ponto situado no plano  (coordenadas conhecidas).

P (x,y,z)

Po (xo,yo,zo)

 Um ponto P qualquer na superfície do plano  define com o ponto Po um


vetor:
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐏 𝐨 𝐏 = (x-xo,y-yo,z-zo)
 Uma vez que 𝐏 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗
𝐨 𝐏 e 𝐍 são perpendiculares, escreve-se o seu produto
escalar, que deve ser nulo. Logo:
(x-xo,y-yo,z-zo) . (a,b,c) = 0
 Desenvolvendo este produto escalar, chega-se à equação genérica do
plano no R3:

ax + by + cz + d = 0,
na qual d é uma constante, cujo valor é igual a (axo + byo + czo).
 Em relação a esta equação devem ser assinalados os seguintes pontos:
 trata-se de uma equação do 1 o grau em x, y e z. Fica evidente a
analogia entre a equação do plano no espaço a 3 dimensões e a
equação de uma reta no plano cartesiano: Ax + By + C = 0;

43
 as coordenadas do vetor normal ao plano  encontram-se multiplicadas
às variáveis x, y e z, facilitando sobremaneira o estabelecimento da
equação deste plano, como mostrado no exemplo seguinte.

 Exemplo: Determinar a equação do plano , perpendicular ao vetor


⃗⃗ (4,2,-5) e que contém o ponto Po (3,-1,7).
𝐍
Solução
Conhecendo-se as coordenadas do vetor 𝐍 ⃗⃗ , escreve-se imediatamente a
equação parcial de :
4x + 2y - 5z + d = 0
Obtém-se facilmente o valor da constante d, sabendo que as
coordenadas de Po devem satisfazer a equação do plano. Para tanto,
substituem-se tais coordenadas na equação anterior:
4x3 + 2(-1) - 5x7 + d = 0  d = 25
Portanto a equação do plano  é:

4x + 2y - 5z + 25 = 0

5.4. Equação cartesiana de um plano - casos particulares

 A estratégia para a determinação da equação cartesiana do plano


partindo dos casos particulares será tratá-las de forma a recair no caso
base: vetor normal e ponto de coordenadas conhecidas.

Caso 1: plano que contém 3 pontos de coordenadas conhecidas.


 Como mencionado anteriormente, trata-se de um conceito geométrico
fundamental: 3 pontos definem apenas um único plano.
 Para resolver esse problerma, determinam-se 2 vetores a partir dos
pontos dados e, em seguida, calcula-se seu produto vetorial. Com base
nas coordenadas de qualquer um dos 3 pontos determina-se o valor do
termo indepedente.
 Na figura a seguir, sejam A, B e C os pontos que definem o plano . O
⃗⃗ , correspondente ao produto vetorial 𝐀𝐂
vetor 𝐍 ⃗⃗⃗⃗⃗ x 𝐀𝐁
⃗⃗⃗⃗⃗ , constitui o vetor
normal a .

B (xB,yB,zB)

A (xA,yA,zA)

 C (xC,yC,zC)

 Exemplo: Determinar a equação do plano que contém A (1,2,-1),


B (2,3,1) e C (3,-1,2).
44
Solução
Calculam-se as coordenadas dos vetores 𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ e 𝐀𝐂
⃗⃗⃗⃗⃗ :
⃗⃗⃗⃗⃗ = (1,1,2) e 𝐀𝐂
𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ = (2,-3,3)
Obtém-se o produto vetorial entre eles a partir do seguinte determinante
simbólico:

cujo resultado fornece o vetor 𝐍⃗⃗ = 9𝐢 + 𝐣 - 5𝐤 = (9,1,-5). Os alunos devem


verificar o cálculo do produto vetorial. Assim, é possível escrever a 1a
parte da equação do plano como sendo:
9x + y - 5z + d = 0
Da mesma forma que no exemplo anterior, calcula-se o valor da
constante d a partir das coordenadas de qualquer um dos 3 pontos A, B
e C. Usando, por exemplo, o ponto C, tem-se:
9x3 + (-1) - 5x2 + d = 0  d = - 16.
Portanto a equação procurada é:

9x + y - 5z - 16 = 0

Outra solução possível para este problema pode ser obtida igualando-se
a zero o determinante cuja primeira linha se escreve:
x - a, y - b e z - c,
sendo a, b e c as coordenadas x, y e z, respectivamente, de qualquer
um dos pontos A, B e C, e as linhas restantes correspondentes às
⃗⃗⃗⃗⃗ e 𝐀𝐂
coordenadas dos vetores 𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ . Usando, por exemplo, as cordenadas
do ponto C, tem-se:

det

Os alunos devem verificar essa afirmativa.

Caso 2: plano paralelo a dois vetores LI (direções diferentes) e que


contém um ponto de coordenadas conhecidas.
 Na figura abaixo, sejam 𝐕
⃗ e𝐖⃗⃗⃗ os vetores paralelos ao plano e Po o
ponto de coordenadas conhecidas.

Po (xo,yo,z0)

45
 Fazendo o produto vetorial 𝐕 ⃗ x𝐖 ⃗⃗⃗ obtém-se o vetor normal ao plano
definido neste caso. Novamente, por meio das coordenadas de Po,
chega-se ao valor da constante d na equação do plano.
 Exemplo: determinar a equação do plano paralelo a 𝐕 ⃗⃗⃗ (1,2,-1) e
⃗⃗⃗ (2,0,3) e que contém Po (1,0,1)
𝐖
Solução
⃗ x𝐖
𝐕 ⃗⃗⃗ = 𝐍
⃗⃗ = 6𝐢 - 5𝐣 - 𝟒𝐤 = (6,-5,-4)
Os alunos devem verificar o cálculo do produto vetorial. Portanto a
equação parcial de  é: 6x - 5y - 4z + d = 0
Usando as coordenadas de Po, obtém-se:
6x1 - 0 - 4x1 + d = 0  d = -2
Consequentemente, a equação do plano fica:

6x - 5y - 4z - 2 = 0

Assim como no caso anterior, esta equação pode ser obtida igualando-
se a zero o determinante indicado a seguir, no qual a primeira linha é
escrita a partir das coordenadas do ponto Po e as outras correspondem
às coordenadas de 𝐕 ⃗ e𝐖
⃗⃗⃗ .

det

Caso 3: dois pontos pertencentes ao plano e um vetor paralelo ao


plano com direção diferente do vetor definido pelos dois pontos.
 Na figura abaixo, sejam A e B os pontos - de coordenadas conhecidas -
situados no plano  e⃗⃗⃗𝐕 o vetor pararelo ao plano em questão.

B (xB,yB,zB)

A (xA,yA,zA)

Partindo do vetor 𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ definido por A e B e fazendo o produto vetorial


⃗⃗⃗ x 𝐀𝐁
𝐕 ⃗⃗⃗⃗⃗ obtém-se o vetor 𝐍 ⃗⃗ , vetor este normal ao plano . Usando-se as
coordenadas de A ou B determina-se o valor da constante d na equação
do plano.
 Exemplo: determinar a equação do plano paralelo a 𝐕⃗ (2,1,4) e ao qual
pertencem os pontos A (1,2,1) e B (3,-2,0).
46
Solução
⃗⃗⃗⃗⃗ = (3-1,-2-2,0-1) = (2,-4,-1)
𝐀𝐁
Por sua vez, o produto vetorial se escreve:
⃗ x 𝐀𝐁
𝐕 ⃗⃗ = 15𝐢 + 10𝐣 - 10𝐤 = (15,10,-10)  (3,2,-2)
⃗⃗⃗⃗⃗ = 𝐍
Os alunos devem verificar o cálculo do produto vetorial.

Desta forma, a equação parcial de  é: 3x + 2y - 2z + d = 0


Usando as coordenadas de B, obtém-se:
3x3 + 2(-2) - 0 + d = 0  d = -5
Portanto, a equação do plano se escreve:
3x + 2y - 2z - 5 = 0

5.5. Equações de planos especiais

 Neste item serão apresentadas as equações de alguns planos ditos


“especiais”, pois merecem menção à parte. As explicações para esses
casos especiais serão apresentadas em sala de aula.

5.5.1. Plano que contém a origem do espaço

 No caso de um plano que contém o ponto O (0,0,0) - origem do espaço


tridimensional - a constante d = 0. Exemplo:

2x - y - 5z = 0

5.5.2. Planos perpendiculares aos planos cartesianos

 As equações de planos perpendiculares a um dos planos cartesianos - e


paralelos a um dos eixos - não apresentam uma das variáveis x, y ou z. Por
exemplo:
- plano perpendicular ao plano XY e paralelo ao eixo Z: 2x + 3y - 3 = 0
- plano perpendicular ao plano XZ e paralelo ao eixo Y: x - 4z + 1 = 0
- plano perpendicular ao plano YZ e paralelo ao eixo X: 5y - 2z - 4 = 0

5.5.3. Planos paralelos aos planos cartesianos

 Neste caso as equações não possuem duas das variáveis. Exemplos


- plano perpendicular ao eixo X (e paralelo ao plano YZ): x = 2
- plano perpendicular ao eixo Y (e paralelo ao plano XZ): y = -1
- plano perpendicular ao eixo Z (e paralelo ao plano XY): z = 3

5.6. Plano mediador

 Plano mediador - ou mediano - de um segmento de reta no espaço


tridimensional é aquele que contém o ponto médio deste segmento
e que lhe é perpendicular. Tal fato é ilustrado na figura a seguir, na
qual  representa o plano mediador e M é o ponto médio do
segmento de reta ̅̅̅̅
𝐀𝐁.

47
Uma das propriedades do plano mediador é que qualquer ponto
pertencente a este plano é equidistante dos pontos extremos do
segmento que lhe deu origem.
 Uma vez que a reta definida pelos pontos extremos - pontos A e B
na figura anterior - é perpendicular ao plano, o vetor cujas
extremidades são estes pontos é o próprio vetor normal do plano
mediador. Tal fato será mostrado mais adiante em um exemplo
numérico.

ROTEIRO PARA O CÁLCULO DA EQUAÇÃO DO PLANO


MEDIADOR

1) Calcular as coordenadas do ponto médio do segmento - ponto M


na figura acima.
2) Determinar as coordenadas do vetor definido pelos pontos
⃗⃗⃗⃗⃗ na figura anterior.
extremos - vetor 𝐀𝐁
3) Escrever a equação parcial do plano mediador.
4) A partir das coordenadas do ponto médio, calcular o valor do termo
independente (termo d) na equação do plano.

 EXEMPLO. Determinar a equação cartesiana do plano mediador


do segmento de reta 𝐀𝐁 ̅̅̅̅, sendo A (5,4,0) e B (3,-2,2).
Solução
Coordenadas do ponto médio M: [(5+3)/2,(4-2)/2,(0+2)/2] = (4,1,1)
Coordenadas de 𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ : (3-5,-2-4,2-0) = (-2,-6,2)
Desta forma, a equação parcial do plano mediador é:
PM: -2x - 6y + 2z + d = 0
Usando as coordenadas de M, tem-se:
-2x4 -6x1 + 2x2 + d = 0  d = 12
Portanto, a equação do plano mediador resulta em:
-2x - 6y + 2z + 12 = 0, que é equivalente a:

PM: x + 3y - z - 6 = 0 Resposta do problema

48
Considerando um ponto qualquer desse plano, por exemplo o
ponto P (0,3,3), calculam-se as distâncias:

distância de P a A, d(P,A) =

 Os alunos devem verificar que a distância do ponto P ao ponto B vale


também √𝟑𝟓.

5.7. Problemas
1) Determinar a equação do plano paralelo ao plano P1 cuja equação é
2x - y + 5z - 3 = 0 e que passa pelo ponto A (1,-2,1).

Solução
O vetor normal ao plano P1, 𝐍⃗⃗ (2,-1,5), é também normal ao plano procurado.
Chamando este último de P2, a equação parcial de P2 é: 2x - y + 5z + d = 0
Substituindo as coordenadas de A nesta equação, segue que:
2x1 - (-2) + 5x1 + d = 0  d = -9
Desta forma, a equação de P2 se escreve:
2x - y + 5z - 9 = 0

2) Calcular a equação do plano que passa pelo ponto A (2,1,0) e é


perpendicular aos planos P1: x + 2y - 3z + 2 = 0 e P2: 2x - y + 4z - 1 = 0.

Solução
Se um plano é perpendicular simultaneamente a outros dois, então seu vetor
normal é paralelo ao produto vetorial dos vetores normais de tais planos. Neste
caso, tem-se:
plano P1 → ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 = (1,2,-3);
plano P2 → ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 = (2,-1,4).
𝐍𝟏 x 𝐍𝟐 (verificar!) = 5𝐢 - 10𝐣 - 5𝐤 = (5,-10,-5)  (1,-2,-1)
⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗
Portanto, a equação parcial do plano procurado é: x - 2y - z + d = 0
Com base nas coordenadas do ponto A, escreve-se:
2x1 - 2(-1) + d = 0  d = 0
Logo, a equação deste plano é:

x - 2y - z = 0

3) Determinar a equação do plano que passa pelos pontos A (1,0,0) e B (1,0,1)


e que é perpendicular ao plano P1: y = z.

Solução
A equação do plano P1 pode ser reescrita na forma y - z = 0
Sendo assim, o vetor normal desse plano é ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 (0,1,-1).
Se o plano deve ser perpendicular a P1, então o vetor ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 é paralelo ao plano
procurado e estamos diante do caso 3 apresentado no item 2.4 - plano paralelo
a um vetor e contendo dois pontos de coordenadas conhecidas.
A partir das coordenadas de A e B, calcula-se:
49
⃗⃗⃗⃗⃗ = (0,0,1)
𝐀𝐁
Em seguida, determina-se:
⃗⃗⃗⃗⃗ 𝐍𝟏 = -𝐢 = (-1,0,0)  (1,0,0)
⃗⃗⃗⃗⃗ x ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 (vetor normal do plano procurado) = 𝐀𝐁
Desta forma, a equação parcial de P2 é x + d = 0
Com base nas coordenadas de qualquer dos pontos, por exemplo A (1,0,0),
calcula-se d = -1. Logo, a equação solução é:

x - 1 = 0 ou x = 1

Trata-se de um plano paralelo ao plano YZ e perpendicular ao eixo X.

50
6. ESTUDO DA RETA NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL
6.1. Conceitos geométricos

 Com base nos fundamentos de geometria, uma reta, seja no plano


cartesiano ou no espaço a 3 dimensões, é definida de forma unívoca
nos seguintes casos:
– reta que contém 2 pontos distintos;
– reta que passa por 1 ponto e é paralela a uma dada direção.
 Tais conceitos serão explorados para o estabelecimento das equações
de uma reta no espaço tridimensional.

6.2. Equação vetorial de uma reta

 A formulação da equação vetorial de uma reta no R3 é feita com base na


figura a seguir.

 Seja um ponto Po cujas coordenadas são conhecidas e um vetor 𝐕 ⃗ do


qual conhecem-se também as coordenadas. Como citado no item 3.1,
pelo ponto Po passa somente uma única reta R.
 Por sua vez, um ponto P qualquer pertence à reta R se e somente se
existe um número real t - que corresponde à distância entre Po e P - tal
que 𝐏⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗
𝐨 𝐏 = t𝐕.
 Tal fato pode ser traduzido na seguinte equação, conhecida como
equação vetorial da reta R ou equação da reta R na forma vetorial.


P = Po + t𝐕

 ⃗ é denominado vetor diretor da reta R, justamente por ser o


O vetor 𝐕
responsável por sua direção.

 Observações
 Devido aos fatos que o ponto P pode assumir qualquer posição na reta
⃗ pode apresentar diversos módulos, além de direção
R e que o vetor 𝐕
contrária àquela indicada na figura anterior, é possível formular diversas
equações vetoriais à mesma reta.

51
 Do ponto de vista geométrico, pode-se interpretar a figura anterior
imaginando R como uma régua na qual Po é o ponto-zero e que o
módulo de 𝐕⃗ , ||𝐕
⃗ ||, é a unidade de medida de tal régua. Uma vez que Po

e 𝐕 podem variar, tanto em posição, como em intensidade, a reta R não
fica descaracterizada devido a tais variações. Ou seja, é a única que
passa por Po e é paralela a uma direção conhecida.

6.3. Equações paramétricas de uma reta - caso base

 ⃗ (a,b,c) e introduzindo tais coordenadas na


Considerando Po (xo,yo,zo), 𝐕
equação anterior, obtém-se:

⃗ (a,b,c)
P (x,y,z) = Po (xo,yo,zo) + t𝐕

que, explicitada em termos das variáveis, traduz-se pelo seguinte


sistema de equações:

x = xo + at
y = yo + bt
z = zo + ct

Este sistema de equações é denominado sistema de equações


paramétricas de uma reta, ou simplesmente equações paramétricas
de uma reta.

 Exemplo: determinar as equações paramétricas da reta r que contém o


⃗ (2,1,3). Imediatamente, escreve-
ponto A (1,-2,2) e é paralela ao vetor 𝐕
se:
x = 1 + 2t
r: y = -2 + t
z = 2 + 3t

 Para determinar as coordenadas de um ponto pertencente a esta reta a


partir de um determinado valor de t, introduz-se tal valor nas equações
paramétricas. Desta forma, para t = 2, tem-se:
x = 1 + 2x2 = 5
y = -2 + 2 = 0
z = 2 + 3x2 = 8
Portanto, conclui-se que P1 (5,0,8) pertence a r.

 Para determinar se um ponto, cujas coordenadas são conhecidas,


pertence a uma reta, busca-se um valor do parâmetro t que, colocado
nas equações paramétricas, permite reproduzir as coordenadas de tal
ponto.

 Exemplo: verificar se os pontos P2 (7,1,11) e P3 (2,0,6) pertencem à reta


r do exemplo anterior.
Solução
Sendo 7 a coordenada x de P2, escreve-se:

52
7 = 1 + 2t  t = 3
Levando este valor de t nas outras duas equações, obtém-se:
y = -2 + 3 = 1
z = 2 + 3x3 = 11
No que se refere ao ponto P3, tomando sua coordenada y, tem-se:
0 = -2 + t  t = 2
Com este valor de t nas demais equações, obtém-se:
x = 1 + 2x2 = 5
z = 2 + 3x2 = 8
Conclui-se, pois, que P2 (7,1,11) pertence, enquanto P3 (2,0,6) não
pertence a r.

6.4. Equações simétricas de uma reta


 Tirando o valor do parâmetro t nas equações paramétricas de uma reta,
escreve-se:
t = (x - xo) / a
t = (y - yo) / b
t = (z - zo) / c
Uma vez que t é único, tais equações podem ser igualadas, obtendo-se:

A este conjunto de equações dá-se o nome de equações simétricas de


uma reta.
 Obviamente, tal forma de representação das equações de uma reta
somente é possível no caso em que as todas as coordenadas do vetor
diretor da reta são diferentes de zero.
 No caso da reta r do exemplo anterior, suas equações simétricas são:

 O conceito de equações paramétricas e simétricas de uma reta pode


perfeitamente ser aplicado a retas no plano cartesiano. Seja, por
exemplo, a reta que passa pelos pontos B (2,1) e A (1,-1). Uma vez que
⃗⃗⃗⃗⃗ tem como coordenadas (1,2), as equações simétricas da reta
o vetor 𝐀𝐁
que contém A e B escrevem-se:

Esta equação, devidamente desenvolvida, fornece a seguinte equação


cartesiana:

2x - y - 3 = 0

Os alunos devem verificar que tal equação é a mesma obtida ao se


utilizar a fórmula a seguir para cálculo da equação de uma reta que
passa por um ponto - pode ser A ou B - e cuja inclinação é m:

53
Observação importante

Os coeficientes das variáveis x, y e z nas equações simétricas de uma reta


devem, obrigatoriamente, ser iguais a um. Tal aspecto é ilustrado no
exemplo a seguir.

 Seja o seguinte sistema de equações:


𝟐𝐱 − 𝐲 𝟑−𝐳
= =
𝟑 𝟐 𝟒
Para que tais equações denotem uma reta no espaço tridimensional é
necessário reescrevê-las na forma:

𝐱− 𝟐 𝐲 𝐳−𝟑
= =
𝟑 𝟐 −𝟒
𝟐
Desta forma, é possível identificar que se trata da reta que contém o
⃗ (3/2,2,-4). Reescrevendo, na
ponto Po (7/2,0,3) e cujo vetor diretor é 𝐕
forma de equações paramétricas, tem-se:

x = 7/2 + 3/2t
y = 2t
z = 3 - 4t

6.5. Equação de uma reta - casos particulares


 Identificam-se os seguintes casos:
– reta que contém 2 pontos de coordenadas conhecidas;
– reta interseção de 2 planos.
 Tais casos serão apresentados separadamente

6.5.1. Reta que contém dois pontos

• A estratégia para resolver este caso é fazê-lo recair no caso base. Com efeito,
conhecendo-se as coordenadas de 2 pontos distintos é possível determinar as
coordenadas do vetor definido a partir de seus pontos extremos. Uma vez que
tal vetor é paralelo à reta desejada, ele pode ser considerado como sendo seu
vetor diretor. Utilizando as coordenadas de qualquer um dos dois pontos
escreve-se de forma trivial as equações paramétricas da reta em questão.
• Exemplo: escrever as equações paramétricas da reta que passa pelos pontos
A (2,4,-1) e B (5,0,7).
Solução

⃗⃗⃗⃗⃗ = [5-2,0-4,7-(-1)] = (3,-4,8) = 𝐕


𝐀𝐁 ⃗

Usando as coordenadas de qualquer dos 2 pontos, por exemplo, B, escreve-


se:
x = 5 + 3t
r: y = -4t
z = 7 + 8t
54
Obviamente, um outro conjunto de equações pode ser escrito com base nas
coordenadas de A, caracterizando, de toda forma, a mesma reta.

• Um ponto interessante acerca de uma reta refere-se aos seus pontos de


interseção com os planos cartesianos. Tais pontos são:
* interseção com o plano YZ: x = 0;
* interseção com o plano XZ: y = 0;
* interseção com o plano XY: z = 0.
• No exemplo anterior, para o cálculo do ponto de interseção daquela reta com o
plano XY, iguala-se a zero a equação paramétrica referente à variável z,
obtendo-se:
0 = 7 + 8t  t = -7/8
Substituindo este valor de t nas demais equações, calcula-se:
x = 5 + 3(-7/8)  x = 5 - 21/8 = 19/8
y = -4(-7/8) = 7/2
Portanto, o ponto P1 (19/8,7/2,0) é a interseção da reta com o plano XY.
• Os alunos devem verificar as coordenadas dos pontos de interseção com os
outros 2 planos cartesianos desta reta:
* interseção com o plano YZ: P2 (0,20/3,-19/3);
* interseção com o plano XZ: P3 (5,0,7).

6.5.2. Reta interseção de dois planos

 Com efeito, a interseção de 2 planos concorrentes determina uma única linha


reta. Trata-se de um conceito básico de geometria - ver figura a seguir.

P2

P1

R
 Demonstra-se que o vetor obtido por meio do produto vetorial dos vetores
normais dos dois planos é paralelo ao vetor diretor da reta interseção. Tal fato
pode ser melhor visualizado analisando-se os traços - retas de interseção - dos
2 planos em um terceiro plano perpendicular a ambos, como indicado na figura
abaixo

55
P2

P1
 Uma vez determinadas as coordenadas do vetor diretor da reta interseção,
basta obter um ponto pertencente a esta reta para chegar à sua equação.
 Exemplo: determinar as equações da reta interseção dos planos:

P1: 3x - y + z = 0
P2: x + 2y - z = 1

Solução
Os vetores normais dos 2 planos são:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 (3,-1,1) e ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 (1,2,-1).
Seu produto vetorial fornece (verificar!):
𝐕⃗ = -𝐢 + 4𝐣 + 7𝐤  (-1,4,7), sendo 𝐕
⃗ o vetor diretor da reta interseção.
Para o cálculo de um ponto contido nesta reta, deve-se considerar que tal
ponto é uma solução do seguinte sistema de equações:

3x - y + z = 0
x + 2y - z = 1

Uma das formas mais práticas para calcular uma solução para este sistema de
equações - indeterminado, vale salientar - é considerar nula uma das 3
variáveis e, em seguida, resolver o sistema de duas equações a duas
incógnitas resultante. Neste exemplo, fazendo x = 0, tem-se:

-y + z = 0
2y - z = 1

cuja solução é y = 1 e z = 1. Portanto, I1 (0,1,1) é um ponto pertencente à reta


interseção. Obviamente, as coordenadas de I1 devem satisfazer as equações
dos planos P1 e P2. Como consequência, escrevem-se as equações
paramétricas da reta interseção:

x = -t
y = 1 + 4t
z = 1 + 7t

56
Como exercício, recomenda-se que os alunos resolvam o sistema de equações
anterior fazendo y = 0, o que leva à obtenção das seguintes equações
paramétricas para a reta interseção:

x = 1/4 - t
y = 4t
z = -3/4 + 7t

assim como, fazendo z = 0, obtendo:

x = 1/7 - t
y = 3/7 + 4t
z = 7t

Qualquer ponto que satisfaça um desses conjuntos de equações paramétricas


deve satisfazer os demais.

6.6. Retas especiais


6.6.1. Retas paralelas a um plano cartesiano

 Retas paralelas a um plano cartesiano, mas oblíquas em relação aos outros


dois. São apresentados alguns exemplos a seguir:
Reta paralela ao plano XY

x = 2 - 3t
y=5+t
z=2

Obs.: esta reta está contida em um plano paralelo ao plano XY e dista 2


unidades acima de tal plano.

Reta paralela ao plano XZ

x = 2t
y=4
z = 3 - 4t

Obs.: esta reta está contida em um plano paralelo ao plano XZ e dista 4


unidades na direção positiva do eixo OY.

Reta paralela ao plano YZ

x= 3
y = 1 + 2t
z = 3 - 4t

Obs.: esta reta está contida em um plano paralelo ao plano YZ e dista 3


unidades na direção positiva do eixo OX.

57
6.6.2. Retas paralelas a dois planos cartesianos

 Retas paralelas a 2 planos cartesianos e, portanto, perpendiculares ao 3º


plano. Seguem alguns exemplos desse tipo de reta.
Reta paralela aos planos XY e YZ

x= 2
y=t
z=1

Obs.: esta reta passa, por exemplo, pelo ponto P1 (2,0,1) e é perpendicular ao
plano XZ. Seu vetor diretor é paralelo ao vetor unitário 𝐣 (0,1,0).

Reta paralela aos planos XY e XZ

x= t
y=1
z=2

Obs.: esta reta passa, por exemplo, pelo ponto P (0,1,2) e é perpendicular ao
plano YZ. Seu vetor diretor é paralelo ao vetor unitário 𝐢 (1,0,0).

Reta paralela aos planos XZ e YZ

x= 4
y=3
z=t

Obs.: esta reta passa, por exemplo, pelo ponto P (4,3,0) e é perpendicular ao
plano XY. Seu vetor diretor é paralelo ao vetor unitário 𝐤 (0,0,1).

6.7. Problemas

1) Dadas as seguintes retas:

achar a equação do plano definido por r e s.

Solução
Com base no enunciado, conclui-se que os vetores diretores das retas são:
⃗⃗⃗⃗𝟏 (2,2,1) e 𝐕
𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 (1,1,1). O produto vetorial entre eles fornece o vetor normal do
plano procurado. Logo,

⃗⃗⃗⃗𝟏 x 𝐕
𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 = 𝐍
⃗⃗ = 𝐢 - 𝐣 = (1,-1,0) (verificar!)

Portanto, a equação parcial do plano procurado é:


x-y+d=0

58
Tomando um ponto qualquer das 2 retas, por exemplo, P (2,0,0), determina-se
o valor da constante d = -2. Logo, a equação do plano procurado é:

x-y=2

2) Determinar as equações paramétricas e simétricas da reta perpendicular ao


plano P: x - y + 2z - 1 = 0 e que contém o ponto Q (1,-1,2).

Solução
A partir do enunciado, determina-se imediatamente as coordenadas do vetor
normal do plano P:
⃗⃗ = (1,-1,2)
𝐍
Assim, as equações da reta procurada são:
Paramétricas Simétricas

x= 1+ t
y = -1 - t
z = 2 + 2t

3) Achar a equação da reta que passa por A (1,0,1) e é paralela aos planos:
P1: 2x + 3y + z + 1 = 0
P2: x - y + z = 0
Solução
Se uma reta é paralela simultaneamente a 2 planos, ela é paralela à sua
interseção e, nesse caso, seu vetor diretor é paralelo ao produto vetorial dos
vetores normais dos 2 planos. Com base no enunciado, tem -se os seguintes
vetores normais:
⃗⃗⃗⃗
𝐍1 = (2,3,1) e ⃗⃗⃗⃗
𝐍2 = (1,-1,1) e determina-se:
⃗ = ⃗⃗⃗⃗
𝐕 𝐍2 (conferir!) = 4𝐢 - 𝐣 - 5𝐤  (4,-1,-5)
𝐍1 x ⃗⃗⃗⃗
Portanto, as equações da reta procurada são:

x = 1 + 4t
y = -t
z = 1 - 5t

4) Seja a reta r determinada pela interseção dos planos:


P1: x + y - z = 0
P2: 2x - y + 3z - 1 = 0

Determine a equação do plano que contém a reta r e que contém igualmente o


ponto A (1,0,-1).

Solução
Inicialmente determina-se o vetor diretor da interseção dos 2 planos. Seus
vetores normais são:
⃗⃗⃗⃗
𝐍1 = (1,1,-1) e ⃗⃗⃗⃗
𝐍2 = (2,-1,3)
Assim como no exercício anterior,
⃗⃗⃗⃗𝟏 = ⃗⃗⃗⃗
𝐕 𝐍2 (conferir!) = 2𝐢 - 5𝐣 - 3𝐤  (2,-5,-3)
𝐍1 x ⃗⃗⃗⃗
Para determinar um ponto da reta interseção procede-se como indicado no
59
item 3.5.2, ou seja, resolve-se o sistema das equações dos planos:
x+ y-z= 0
2x - y + 3z = 1
Fazendo z = 0, deve-se achar a solução do seguinte sistema de equações 2x2:
x+ y= 0
2x - y = 1
Os alunos devem verificar que tal solução é x = 1/3 e y = -1/3. Portanto, o
ponto P (1/3,-1/3,0) é um ponto pertencente à reta interseção, cujas equações
paramétricas se escrevem:

x = 1/3 + 2t
y = -1/3 - 5t
z = -3t

Escolhendo um ponto contido nesta reta, que pode ser o próprio ponto P
acima, determinam-se as coordenadas do vetor 𝐀𝐏 ⃗⃗⃗⃗⃗ , obtendo-se:
⃗⃗⃗⃗⃗ = [1/3 - 1, -1/3,0 -(-1)] = (-2/3,-1/3,1)
𝐀𝐏
Por comodidade, pode-se multiplicar este vetor por -3, a fim de evitar o trabalho
com coordenadas fracionárias. Desta forma, tem-se:
⃗ = -3𝐀𝐏
𝐔 ⃗⃗⃗⃗⃗ = (2,1,-3)
O produto vetorial 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟏 x 𝐔
⃗ fornece o vetor normal do plano procurado. Os
cálculos indicam:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟑 = 𝐕 ⃗ (conferir!) = 18𝐢 + 12𝐤  (3,0,2)
⃗⃗⃗⃗𝟏 x 𝐔
De posse deste resultado, escreve-se a equação parcial do plano desejado:
3x + 2z + d = 0
Finalmente, lançando as coordenadas de A nesta última equação, obtém-se o
valor do termo independente d = -1. Assim, a solução do problema é:

P3: 3x + 2z = 1

60
7. POSIÇÕES RELATIVAS E INTERSEÇÕES DE OBJETOS NO
ESPAÇO TRIDIMENSIONAL

7.1. Conceitos geométricos

 As noções básicas da geometria estabelecem os seguintes casos:


 interseção entre 2 retas: um ponto;
 interseção entre uma reta e um plano: um ponto;
 interseção entre 2 planos: uma reta.
 Tais casos serão examinados à luz da geometria analítica no presente
capítulo.

7.2. Posições relativas entre duas retas

 Duas retas podem ocupar as seguintes posições relativas no espaço


tridimensional:
 paralelas: seus vetores diretores são múltiplos um do outro e as duas
retas definem um único plano;
 concorrentes: seus vetores diretores têm direções diferentes e as retas
se interceptam em um só ponto. As duas retas definem um único plano;
 reversas: seus vetores diretores têm direções diferentes e as retas não
possuem nenhum ponto comum. Não há nenhum plano que contenha
simultaneamente as duas retas.

7.3. Roteiro para determinar as posições relativas entre duas


retas

 O roteiro a seguir permite determinar as posições relativas entre duas


retas e, se for o caso, as coordenadas do seu ponto de interseção.
 A partir das equações paramétricas das duas retas, proceder da
seguinte forma:
 determinar as coordenadas de seus vetores diretores;
 caso os vetores sejam linearmente dependentes - múltiplos um do outro
- conclui-se que as retas são paralelas e, portanto, sua interseção é
vazia;
 quando os vetores diretores forem LI - direções diferentes - há duas
possibilidades: retas concorrentes ou reversas;
 nesse caso, considerando que os vetores diretores são 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟏 (a,b,c) e
⃗⃗⃗⃗𝟐 (a’,b’,c’), as equações paramétricas devem ser escritas da seguinte
𝐕
forma:

x = xo + at x = x1 + a’s
y = yo + bt y = y1 + b’s
z = zo + ct z = z1 + c’s

 selecionam-se, igualam-se os valores de 2 das 3 coordenadas acima e


determinam-se os valores de t e s a partir do seguinte sistema de
equações 2x2:
xo + at = x1 + a’s
yo + bt = y1 + b’s

61
 introduzem-se os valores de s e t assim determinados nas equações da
3a variável;
 se os valores calculados da 3 a variável forem idênticos, tem-se o caso
de retas concorrentes. Nesse caso, calculam-se os valores das duas
variáveis utlizadas para o estabelecimento do sistema 2x2;
 se os valores calculados da 3 a variável diferem entre si, tem-se o caso
de retas reversas. Trata-se de outra situação na qual é vazia a
interseção das duas retas.
 Exemplo. Determinar a posição relativa e, se for o caso, calcular as
coordenadas do ponto de interseção das retas:

x= 3+ t x = 1 + 2s
reta r y=t reta s y = 2 - 2s
z = -1 + t z = 1 - 2s

Solução
Com base nessas equações, escreve-se:
⃗⃗⃗⃗𝟏 (reta r) = (1,1,1) e 𝐕
𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 (reta s) = (2,-2,-2). Tais vetores são LI, logo as
retas podem ser concorrentes ou reversas.
Utilizando o roteiro anteriormente descrito e selecionando as variáveis x
e y, escreve-se:
3 + t = 1 + 2s
t = 2 - 2s
que é equivalente a:
t - 2s = -2
t + 2s = 2
A resolução desse sistema fornece t = 0 e s = 1. Levando tais valores às
equações da variável z, obtém-se:
reta r  z = -1
reta s  z = -1
Uma vez que os valores de z calculados são idênticos, constata-se que
as retas são concorrentes.
Usando os valores calculados de t e s em ambas as equações das reta,
calcula-se:
x = 3 e y = 0.
Conclui-se que a retas são concorrentes e que P (3,0,-1) é o seu ponto
de interseção.

7.4. Posições relativas entre reta e plano

 Trata-se de um problema mais simples; há três possibilidades:


 a reta e o plano são concorrentes;
 a reta e o plano são paralelos;
 a reta está contida no plano.
 Para resolver esta questão, recomenda-se proceder da seguinte forma:
 determinar as coordenadas do vetor diretor da reta - 𝐕⃗ - e do vetor
normal do plano - 𝐍 ⃗;
 calcular o produto escalar 𝐕⃗ .𝐍⃗;
 ⃗ .𝐍
se 𝐕 ⃗  0, a reta intercepta o plano. Será apresentado a seguir o
método para determinar as coordenadas do ponto de interseção;
62
 ⃗ .𝐍
se 𝐕 ⃗ = 0, tais vetores são perpendiculares e, nesta situação, há duas
possibilidades: reta e plano paralelos ou reta contida no plano;
 para estabelecer qual posição prevalece nesse caso, deve-se escolher
um ponto qualquer pertencente à reta. Se tal ponto satisfaz a equação
do plano, conclui-se que a reta está contida no plano;
 em caso contrário, tem-se reta e plano paralelos entre si.
 Exemplo: determinar a posição relativa entre:

x = -1 + t
r: y = -1 - t e : 2x + 2y + z + 1 = 0
z=0

Solução
Com base nessas equações, determina-se:
⃗ = (1,-1,0) e 𝐍
𝐕 ⃗⃗ = (2,2,1)
Calcula-se o produto 𝐕 ⃗ .𝐍⃗⃗ = 0
Há, pois, duas hipóteses: r e  são paralelos entre si ou r é uma reta
contida em .
Usando as coordenadas do ponto Po (-1,-1,0) na equação do plano,
obtém-se:
2(-1) + 2(-1) + 0 + 1 = -3.
Uma vez que Po não satisfaz a equação do plano, conclui-se que ele
não está contido no plano, indicando que r e  são paralelos entre si.

7.5. Método para cálculo da interseção entre reta e plano

 No caso em que a reta e o plano são concorrentes (𝐕 ⃗ .𝐍⃗⃗  0), deve-se


calcular um valor de t - da equação da reta - que permita satisfazer a
equação do plano. O procedimento é o seguinte:
 escrever as equações da reta na forma paramétrica e a do plano na
forma cartesiana;
 substituir os valores de x, y e z da equação da reta - dependentes de t -
na equação do plano;
 calcular o valor de t na equação resultante;
 substituir o valor de t de volta nas equações da reta, determinando,
desta forma, as coordenadas do ponto de interseção.
 Exemplo: calcular as coordenadas do ponto de interseção entre

r: e : x + 2y - z = 10

As equações de r na forma paramétrica se escrevem:


x= 3+ t
y=2+t
z = -1 + 2t
Substituindo na equação do plano:
3 + t + 2(2 + t) - (-1 + 2t) = 10 
t + 2t - 2t + 3 + 4 + 1 = 10  t = 2
Ao levar tal valor de t de volta às equações paramétricas, calcula-se:
x= 3+ 2= 5

63
y=2+2=4
z = -1 + 2x2 = 3
Portanto, Po (5,4,3) é o ponto de interseção entre r e .

7.6. Posições relativas entre dois planos

 Trata-se de um problema ainda mais simples, pois só há duas


possibilidades:
– os dois planos são paralelos;
– os dois planos são concorrentes (ou transversais).
 Para determinar em qual caso os planos se situam, basta analisar seus
vetores normais. Assim, sendo ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 e ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 os vetores normais dos planos
P1 e P2, respectivamente, se:
 ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 e ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 são múltiplos, então os planos são paralelos;
 caso contrário, os planos são concorrentes e definem uma reta como
interseção. O método para determinar a reta interseção foi apresentado
no capítulo 6, item 6.5.2.

7.7. Resumo do capítulo

Um resumo das possíveis posições relativas entre objetos no espaço


tridimensional e os critérios para a sua determinação figuram na tabela a segur.

Objetos Posição relativa Critério Interseção


Concorrentes ⃗⃗⃗⃗𝟏 e 𝐕
𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 são LI, com ponto comum 1 ponto
Reta / reta Reversas ⃗⃗⃗⃗
𝐕𝟏 e 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 são LI, sem 1 ponto comum Vazia
Paralelas ⃗⃗⃗⃗𝟏 e 𝐕
𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 são LD Vazia
Paralelos ⃗ .𝐍
𝐕 ⃗ =0 Vazia
Reta / plano Reta contida no plano ⃗ .𝐍
𝐕 ⃗ =0 Não aplicável
Concorrentes 𝐕 ⃗ 0
⃗ .𝐍 1 ponto
Paralelos ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 e ⃗⃗⃗⃗⃗𝐍𝟐 são LD (múltiplos) Vazia
Plano / plano
Concorrentes ⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 e 𝐍𝟐 são LI (não múltiplos) 1 reta

7.8. Problemas

1) Determinar a posição relativa entre as retas a seguir. Caso elas sejam


concorrentes, calcular as coordenadas de seu ponto de interseção.
𝐱+𝟏
reta r: = 𝐲 = −𝐳
𝟐

reta s: interseção dos planos P1: x + y - 3z = 1 e P2: 2x - y - 2z = 0

Solução
Inicialmente, escrevem-se as equações da reta r na forma paramétrica:
x = -1 + 2t
y=t
z = -t
64
⃗⃗⃗⃗𝟏 (2,1,-1).
observa-se que o vetor diretor de r é 𝐕

A partir das equações dos planos, segue que:


⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 = (1,1,-3): vetor normal de P1;
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 = (2,-1,-2): vetor normal de P2.
Sabe-se que o vetor diretor da interseção entre esses dois planos é obtido por
meio do produto vetorial ⃗⃗⃗⃗⃗𝐍𝟏 x ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 . Fazendo o cálculo através do determinante
simbólico, encontra-se (os alunos devem verificar):
⃗⃗⃗⃗𝟐 (vetor diretor da reta s) = -5𝐢 - 4𝐣 - 3𝐤 = (-5,-4,-3) ≡ (5,4,3).
𝐕
Para determinar um ponto pertencente à reta interseção, procede-se como
explicado anteriormente. Por exemplo, considerando z = 0, resolve-se o
seguinte sistema de equações 2x2:
x+ y= 1
2x - y = 0
cuja solução fornece: x = 1/3 e y = 2/3.
Portanto, o ponto A (1/3,2/3,0) é um ponto da reta interseção.
Consequentemente, as equações paramétricas da reta s se escrevem:

x = 1/3 + 5s
y = 2/3 + 4s
z = 3s

Uma vez que os vetores diretores 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟏 e 𝐕


⃗⃗⃗⃗𝟐 são linearmente independentes,
conclui-se que as retas podem ser reversas ou concorrentes. Para verificar o
possível ponto de interseção entre elas, usa-se o mesmo procedimento
apresentado no item 7.3. Desconsiderando, em um primeiro momento, a
coordenada x, e igualando as outras duas, tem-se:
2/3 + 4s = t
3s = -t
Resolvendo esse sistema, obtém-se:
s = -2/21
t = 2/7
Levando esses valores nas equações das retas para o cálculo da coordenada
x, obtém-se:
reta r  x = -1 + 2(2/7) = -3/7
reta s  x = 1/3 - 5(2/21) = 1/3 - 10/21 = (7 - 10)/21 = -3/21 = -1/7
Uma vez que os valores da coordenada x diferem entre si, conclui-se que AS
DUAS RETAS SÃO REVERSAS E SUA INTERSEÇÃO É VAZIA.

2) Determinar a posição relativa entre a reta r, cujas equações paramétricas


são:
x = -1 + t
y = -1 - t
z=0
e o plano : 2x + 2y + z + 1 = 0.
No caso dos dois objetos serem concorrentes, calcular as coordenadas do
ponto de interseção entre eles.

65
Solução

A partir do enunciado, escreve-se:


⃗ = (1,-1,0);
vetor diretor da reta r: 𝐕
vetor normal do plano : 𝐍 ⃗⃗ = (2,2,1).

Observa-se que o produto escalar 𝐕 ⃗.𝐍⃗⃗ = 2 - 2 + 0 = 0


Em vista desse fato, conclui-se que a reta e o plano podem ser paralelos, ou a
reta está contida no plano. Para verificar qual situação prevalece, escolhe-se
um ponto da reta e verifica-se se tal ponto pertence ou não ao plano. Tomando,
por exemplo, P (-1,-1,0), e substituindo as coordenadas de P na equação de ,
tem-se:
-2 - 2 + 1 = -3 ≠ 0.
Como não há igualdade, P não pertence a , e conclui-se que A RETA E O
PLANO SÃO PARALELOS E SUA INTERSEÇÃO É VAZIA.

3) Determinar a posição relativa dos seguintes planos. Caso sejam


concorrentes, determinar a equação da reta interseção.
P1: x - 2y + 2z + 1 = 0
⃗ (1,0,3) e
P2: plano que contém o ponto A (0,0,1) e é paralelo aos vetores 𝐔
⃗⃗⃗ (-1,1,1).
𝐖

Solução
Do enunciado, conclui-se que o vetor normal de P1 é ⃗⃗⃗⃗⃗𝐍𝟏 = (1,-2,2). Em relação
ao plano P2, sabe-se que seu vetor normal é dado por ⃗⃗⃗⃗⃗𝐍𝟐 = 𝐔⃗ x𝐖⃗⃗⃗ . Fazendo tal
produto por meio do determinante simbólico, obtém-se (os alunos devem
verificar):
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 = -3𝐢 - 4𝐣 + 𝐤 = (-3,-4,1) ≡ (3,4,-1).
Uma vez que os dois vetores normais são LI, conclui-se que OS DOIS
PLANOS SÃO CONCORRENTES.
Sabe-se que a equação parcial do plano P2 é:
3x + 4y - z + d = 0
Substituindo as coordenadas do ponto A contido em P2, calcula-se o valor do
termo independente d. Desta forma, tem-se:
-1 + d = 0  d = 1
A equação de P2 é, pois:
3x + 4y - z + 1 = 0
Para determinar a equação da reta interseção entre os dois planos
determinam-se, inicialmente, as coordenadas de seu vetor diretor, sabendo-se
que 𝐕 ⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 x ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 . Feito o cálculo através do determinante simbólico, obtém-se
(os alunos devem verificar):
𝐕⃗ = -6𝐢 + 7𝐣 + 10𝐤 = (-6,7,10) ≡ (6,-7,-10)
Para determinar um ponto contido na reta interseção procede-se como descrito
no capítulo 6, item 6.5.2. Inicialmente, considerando a coordenada x = 0,
resolve-se o seguinte sistema 2x2:
-2y + 2z = -1
4y - z = -1
A solução deste sistema fornece y = -1/2 e z = -1.
66
Portanto, o ponto B (0,-1/2,-1) é um ponto da reta interseção. Desta forma, a
solução do problema é:

x = 6t
y = -1/2 - 7t
z = -1 - 10t

4) Determinar a posição relativa entre a reta:

r:

e o plano , que contém o ponto P (1,1,3) e é paralelo aos vetores 𝐕


⃗ (1,-1,1) e
⃗⃗⃗ (0,1,3).
𝐖

Solução

As equações paramétricas da reta r se escrevem:


x = 1 + 2t
y=1+t
z=1+t
e seu vetor diretor é 𝐕 ⃗ = (2,1,1).
Por sua vez, o vetor normal do plano descrito no enunciado é 𝐍 ⃗⃗ = 𝐔
⃗ x𝐖
⃗⃗⃗ .
Fazendo este cálculo por meio do determinante simbólico, obtém-se (os
alunos devem verificar):
⃗⃗ = -4𝐢 - 3𝐣 + 𝐤 = (-4,-3,1) ≡ (4,3,-1).
𝐍
A fim de verificar se a reta e o plano são paralelos, faz-se o produto escalar
⃗.𝐍
𝐕 ⃗⃗ = 8 + 3 - 1 = 10
Sendo o resultado deste produto diferente de zero, pode-se afirmar que A
RETA E O PLANO SÃO CONCORRENTES.
Em função das coordenadas do vetor normal do plano, escreve-se sua
equação parcial:
4x + 3y - z + d = 0
Ao substituir as coordenadas do ponto pertencente ao plano, fornecidas no
enunciado, tem-se:
4x1 + 3x1 - 3 + d = 0  d = -4.
Portanto, a equação cartesiana do plano é:
4x + 3y - z = 4

Para determinar as coordenadas do ponto de interseção substituem -se as


relações em t fornecidas pelas equações paramétricas de r na equação
cartesiana do plano, obtendo-se:
4(1 + 2t) + 3(1+t) - (1 + t) = 4  4 + 8t + 3 + 3t - 1 - t = 4  t = -2/10 = -1/5
Levando este valor de t nas equações da reta, obtêm-se as coordenadas do
ponto Q de interseção entre os dois objetos:
x = 1 - 2 x 1/5 = 3/5
y = 1 - 1/5 = 4/5 Q=
z = 1 - 1/5 = 4/5

67
5) Determinar o valor de m para que os planos:
P1: 2x + 3y + 2z + n = 0
⃗ (m,1,1) e
P2: plano que contém o ponto A (1,1,0) e é paralelo aos vetores 𝐕
⃗⃗⃗ (1,1,m), sejam planos paralelos nos dois casos a seguir:
𝐖
a) n = -5
b) n = 1

Solução
Com base no enunciado, sabe-se que ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝐍𝟏 = (2,3,2). Para que um plano lhe seja
paralelo, é necessário que seu vetor normal seja igual ou múltiplo de ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 .
Por sua vez, o vetor normal do plano P2 é obtido a partir do produto vetorial de
𝐕⃗ e𝐖 ⃗⃗⃗ . Fazendo o determinante simbólico - os alunos devem verificar -
obtém-se:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 = (m - 1) 𝐢 + (1 - m2) 𝐣 + (m - 1) 𝐤

Comparando as coordenadas dos vetores ⃗⃗⃗⃗⃗𝐍𝟏 e ⃗⃗⃗⃗⃗


𝐍𝟐 , podem-se escrever as
seguintes relações,
(1 - m 2) = 3 (1)
m - 1 = 2 (2)
nas quais  é uma constante cujo valor pode ser determinado a posteriori.
Dividindo (1) por (2) e, levando em consideração que 1 - m 2 = (1 - m).(1 + m),
segue que:

Resolvendo, obtém-se m = -5/2.

Deve-se verificar se este valor de m satisfaz as restrições do enunciado, ou


seja, se tal valor permite concluir que os dois planos são paralelos.

Inicialmente, deve-se determinar o valor do termo independente na equação de


P2. A partir do valor calculado de m, escreve-se a equação parcial deste plano:

(m - 1)x + (1 - m 2)y + (m - 1)z + d = 0  substituindo o valor m =-5/2, obtém-se:


-7/2x - 21/4y - 7/2z + d = 0

Substituindo as coordenadas do ponto A pelo qual passa o plano P2 (ver


enunciado), obtém-se:
-7/2 - 21/4 + d = 0  d = 35/4

Logo, a equação de P2 fica sendo:


-7/2x - 21/4y - 7/2y + 35/4 = 0

Eliminando o denominador dos termos fracionários e multiplicando por -1,


chega-se à seguinte equação:
14x + 21y + 14z - 35 = 0
que pode ainda ser dividida por 7, obtendo-se, finalmente:

P2: 2x + 3y + 2z - 5 = 0
68
Conclui-se que, em função do valor calculado de m, os planos somente são
paralelos quando n = 1. Para m = -5/2 e n = -5, os dois planos são
coincidentes. Ou seja, a solução do problema é m = -5/2 e n = 1 e, quando
n = -5, não existe nenhum valor de m para o qual P1 e P2 sejam planos
paralelos.

69
8. ÂNGULOS ENTRE OBJETOS NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL
8.1. Conceitos iniciais

 O cálculo das medidas angulares entre objetos no R3 decorre dos


ângulos formados entre os vetores relevantes desses objetos: vetor
normal, no caso de planos, e vetor diretor, no caso de retas.
 Foi convencionado que será sempre considerado o menor ângulo entre
os objetos.

8.2. Ângulo entre retas

 A determinação do ângulo formado entre 2 retas se aplica nos casos em


que tais retas são reversas ou concorrentes. Quando as retas são
paralelas, o ângulo entre elas é, obviamente, 0º.
 Em ambos os casos, o ângulo entre as retas é o ângulo entre seus
vetores diretores, tal como indicado na figura a seguir, na qual V1 indica
o vetor diretor da reta r1 e V2 o da reta r2:

 Assim como mostrado no capítulo 4, o ângulo  se calcula através da


seguinte fórmula:

 Exemplo: calcular o ângulo formado entre as seguintes retas:

x = -5/2 + 1/2t
r: y = 2 + t s: 3x = 2y - 16 = z
z=t
70
Solução

Do enunciado, vê-se que, para a reta r, tem-se:


⃗⃗⃗⃗𝟏 = (1/2,1,1)  ‖𝐕
𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟏 ‖ = √1 4 + 1 + 1 = √9 4 = 3/2

Para a determinação dos mesmos parâmetros da reta s, é necessário


reescrever sua equação simétrica como:

⃗⃗⃗⃗𝟐 = (1/3,1/2,1)  ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗


Portanto, 𝐕 ‖𝐕𝟐 ‖ = √1 9 + 1 4 + 1 = √49/36 = 7/6

⃗⃗⃗⃗𝟏 . 𝐕
O produto escalar entre os dois vetores, 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 = 1/6 + 1/2 + 1 = 5/3

Utilizando a fórmula anterior, calcula-se:

cos = = 20/21

8.3. Ângulo entre planos

 Assim como no caso de retas, só faz sentido falar de ângulo entre


planos no caso em que eles se interceptam. O ângulo entre planos
paralelos entre si é de 0º.
 O ângulo formado entre dois planos é o mesmo determinado por seus
vetores normais. Tal fato é ilustrado na figura seguinte, na qual ⃗⃗⃗⃗
𝐧𝟏 e ⃗⃗⃗⃗
𝐧𝟐
referem-se aos vetores normais dos planos  1 e  2, respectivamente.

71
 A fórmula para a determinação do ângulo  é:

 Exemplo: determinar o ângulo formado entre os seguintes planos:


P1: x - y + z = 20
P2: x + y + z = 0

Solução

Do enunciado, tem-se, imediatamente, as coordenadas dos vetores


normais dos 2 planos:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 = (1,-1,1) e ||𝐍⃗⃗⃗⃗⃗𝟏 || = √3
⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗𝟐 || = √3
𝐍𝟐 = (1,1,1) e ||𝐍

Uma vez que ⃗⃗⃗⃗⃗


𝐍𝟏 e ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 são LI, deduz-se que os planos são concorrentes.
Além disso,
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 . ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 = (1,-1,1).(1,1,1) = 1 - 1 + 1 = 1

Com o emprego da fórmula, calcula-se:

cos = = 1/3

8.4. Ângulo entre reta e plano

 Da mesma forma que nos dois casos precedentes, a determinação do


ângulo entre esses dois objetos só apresenta relevância no caso em que
a reta e plano concorrentes. Reta e plano paralelos não têm ponto
comum e, consequentemente, formam entre si um ângulo de 0º.
 Por definição, o ângulo formado entre uma reta e um plano que se
cruzam é o ângulo agudo (< 90º) entre a reta e sua projeção ortogonal
sobre o vetor normal deste plano. Na figura abaixo, ilustra-se este
conceito do ponto de vista geométrico. Nela, tem-se: 
N 
V
⃗⃗ : vetor normal do plano
𝐍
⃗ : vetor diretor da reta
𝐕
: ângulo entre a reta e sua 
projeção ortogonal

 +  = 90º

72
 Entretanto, o ângulo de interesse é aquele entre a reta R e o plano P. Da
trigonometria, sabe-se que sen = cos, uma vez que os 2 ângulos são
complementares.
 De posse de tais conceitos, chega-se à fórmula para a determinação do
ângulo existente entre uma reta e um plano:

 É necessário ressaltar o caso particular em que a reta e o plano são


paralelos. Em tal situação o vetor diretor da reta e o vetor normal do
plano são perpendiculares e, nesse caso, como é de pleno
conhecimento, tem-se:

⃗ .𝐍
𝐕 ⃗⃗ = 0

Consequentemente, em problemas para a determinação do ângulo


formado entre um plano e uma reta inicialmente faz-se necessário o
cálculo desse produto escalar. Se tal produto for nulo, conclui-se,
imediatamente, que a reta e o plano são paralelos.

 Exemplo: calcular o ângulo formado entre a reta r e o plano P, sendo:

x = -t
r: y = 1 - t P: y + z - 10 = 0
z=0

Solução

Do enunciado, deduzem-se, imediatamente, as coordenadas dos


vetores de interesse:
⃗ = (-1,-1,0) (vetor diretor da reta)
𝐕
⃗⃗ = (0,1,1) (vetor normal do plano)
𝐍
⃗ .𝐍
𝐕 ⃗⃗ = -1  a reta e o plano são concorrentes
Usando a fórmula anterior, e sabendo que ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗ ‖ = √𝟐, obtém-se:
‖𝐕‖ = ‖𝐍

8.5. Problemas

1) Determinar as equações da reta r que contém o ponto P (1,1,1) e é


concorrente com a reta s: x = 2y = 2z, sabendo que o cosseno da medida
angular entre r e s = 1/√𝟑.

73
Solução
Inicialmente, reescrevem-se as equações da reta s na forma paramétrica:

x= s
y = 1/2s  𝐕
⃗⃗⃗⃗𝟐 = (1,1/2,1/2) 
z = 1/2s

Do ponto de vista geométrico, tem-se a seguinte situação:

P (1,1,1)

s
A B

Portanto, é de se esperar que este problema tenha 2 soluções. Considerando


um dos 2 possíveis pontos de interseção, tem-se, por exemplo, A (x,y,z).
Assim, o vetor ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐏𝐀 = 𝐕⃗⃗⃗⃗𝟏 = (x-1,y-1,z-1), sendo 𝐕
⃗⃗⃗⃗𝟏 o vetor diretor da reta
procurada.
Entretanto, como o ponto A também está contido na reta s, suas coordenadas
x, y e z devem ser idênticas quando determinadas pelas equações de s, ou
seja, x = s, y = 1/2s e z = 1/2s. Portanto, o vetor 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟏 pode também ser escrito
como 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟏 = (s-1,1/2s-1,1/2s-1) 

 (1)

Por outro lado, o produto escalar entre os dois vetores diretores fica:
⃗⃗⃗⃗𝟏 . 𝐕
𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 = (1,1/2,1/2) . (s-1,1/2s-1,1/2s-1) = 3s/2 - 2 (2)

Combinando as expressões (1) e (2) com a fórmula do ângulo entre as duas


⃗⃗⃗⃗𝟐 e sabendo, como menciona o
retas, usando o valor indicado do módulo de 𝐕
enunciado, que cos = 1/√𝟑, obtém-se:

Elevando ao quadrado ambos os lados da expressão anterior, obtém-se, após


algumas manipulações algébricas, a seguinte equação do 2º grau:

74
3s2 - 8s + 5 = 0,
cuja solução fornece as seguintes raízes:
s1 = 1
s2 = 5/3
Em vista desse resultado, determinam-se as coordenadas dos dois possíveis
vetores diretores da reta procurada:
⃗⃗⃗⃗𝟏 = (1-1,1/2-1,1/2-1) = (0,-1/2,-1/2)
𝐕
⃗⃗⃗⃗′ = (5/3-1,5/6-1,5/6-1) = (2/3,-1/6,-1/6)
𝐕 𝟏
Logo, as equações da reta procurada se escrevem:

x=1 x = 1 + 2/3t
y = 1 - 1/2t y = 1 - 1/6t
z = 1 - 1/2t z = 1 - 1/6t

⃗⃗⃗⃗′
⃗⃗⃗⃗𝟏 e 𝐕
Os alunos devem verificar que as coordenadas calculadas para 𝐕 𝟏
permitem obter o valor de cos = 1/√𝟑 indicado no enunciado do problema.

2) Calcular o ângulo entre o plano P1: 2x - y + z = 0 e P2, que contém o ponto


⃗⃗⃗ : 𝐢 - 2𝐣 + 𝐤.
P (1,2,3) e é perpendicular ao vetor 𝐖

Solução
O vetor normal do plano P1 é 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟏 (2,-1,1)  ‖𝐕
⃗⃗⃗⃗𝟏 ‖ = √𝟔.
Por sua, vez o vetor 𝐖 ⃗⃗⃗ é o próprio vetor normal de P2, para o qual tem-se:
⃗⃗⃗⃗𝟐 = (1,-2,1)  ‖𝐕
𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 ‖ = √𝟔.
⃗⃗⃗⃗𝟏 .𝐕
𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟐 = (2,-1,1).(1,-2,1) = 2 + 2 + 1 = 5
Usando a fórmula para o cálculo do ângulo, obtém-se:

cos =

3) Obter as coordenadas dos vértices de um triângulo equilátero ABC, sendo


A (1,1,0) e sabendo que o lado BC encontra-se sobre a reta r, tal que:
x= 0
y=t
z = -t

Solução
Este problema é mostrado sob o ponto de vista geométrico na figura a seguir:
A (1,1,0)

r
B B C
 = 60º 75
A solução do problema consiste em obter as equações de duas retas que
contenham o ponto A e que formem com a reta r dois ângulos de 60º. Uma vez
que a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a 180º, com dois
ângulos valendo 60º cada, o terceiro também assume este mesmo valor, o que
define um triângulo equilátero.

Sejam (x,y,z) as coordenadas do ponto B mostrado na figura anterior. Como


este ponto também pertence a r, suas coordenadas devem satisfazer as
equações desta reta. Assim, as coordenadas desse ponto são: B (0,t,-t).

Diante disso, escrevem-se as coordenadas do vetor cujas extremidades são os


pontos A e B:
⃗⃗⃗⃗⃗ = (-1,t-1,-t)  ‖𝐁𝐀
𝐁𝐀 ⃗⃗⃗⃗⃗ ‖ = √(−𝟏)𝟐 + (𝐭 − 𝟏)𝟐 + (−𝐭)𝟐 = √𝟐𝐭 𝟐 − 𝟐𝐭 + 𝟐

⃗ (0,1,-1)  ‖𝐕
Por outro lado, sabe-se que o vetor diretor de r é 𝐕 ⃗ ‖ = √𝟐.
Sabendo que cos60º = 1/2, utiliza-se a fórmula do ângulo entre esses dois
vetores para chegar à seguinte equação, sabendo também que:
⃗ .𝐁𝐀
𝐕 ⃗⃗⃗⃗⃗ = (0,1,-1).(0,1,-1) = 2t - 1:

Elevando ao quadrado ambos os lados desta equação, após algumas


simplificações algébricas chega-se à seguinte equação do 2º grau:
t2 - t = 0
cujas soluções são t1 = 0 e t2 = 1.
De posse de tais valores para t, servindo-se das equações de r, chega-se às
coordenadas dos pontos B e C, completando a solução do problema:
B (0,0,0) e C (0,1,-1).

̅̅̅̅, 𝐀𝐂
Os alunos devem verificar que as distâncias 𝐀𝐁 ̅̅̅̅ e 𝐁𝐂
̅̅̅̅ são todas iguais a
√𝟐, o que confirma a existência do triângulo equilátero ABC.

76
9. DISTÂNCIAS ENTRE OBJETOS NO ESPAÇO
TRIDIMENSIONAL

9.1. Distância entre pontos

 Inicialmente, vale recordar a fórmula para o cálculo da distância entre


pontos no R3 apresentada anteriormente. De posse das coordenadas
dos dois pontos:
A (x a,ya,za) e B (xb,yb,zb)
calcula-se:

dAB =

9.2. Distância entre ponto e reta

 A distância entre um ponto e uma reta corresponde ao comprimento


da perpendicular à reta passada pelo ponto. Tal distância, d na figura
a seguir, corresponde ao comprimento do segmento ̅̅̅̅𝐏𝐐.

r
Q

 Para determinar a distância d, faz-se uso de uma propriedade do


produto vetorial. Mostrou-se no capítulo 1 que o módulo do produto
vetorial entre 2 vetores corresponde à área do paralelogramo
formado ao se traçar uma paralela a um dos vetores pela
extremidade do outro.
 A fim de explorar este conceito, apresenta-se a figura a seguir, na
qual h corresponde à distância do ponto P à reta r, enquanto A e B
são dois pontos quaisquer em r. Por sua vez, h equivale à altura do
paralelogramo APTB, sendo o segmento ̅̅̅̅ 𝐏𝐓 paralelo à reta r e ̅̅̅̅
𝐓𝐁
̅̅̅̅
paralelo a 𝐀𝐏.

P T

r
A B

77
 Ainda em relação à figura anterior, tem-se o triângulo APB, cuja área
vale a metade do produto ̅̅̅̅
𝐀𝐁 x h. Usando a propriedade dos vetores,
sabe-se que o comprimento de ̅̅̅̅ ⃗⃗⃗⃗⃗ ||.
𝐀𝐁 = ||𝐀𝐁
 Por outro lado, a área do triângulo APB é igual à metade da área do
paralelogramo APTB.
 Ao combinarem-se as afirmativas anteriores, tem-se:

área APB =

Esta relação permite, finalmente, chegar à fórmula para o cálculo da


distância de um ponto a uma reta:

 Exemplo: calcular a distância de P (1,1,-1) à reta r, interseção de


P1: x - y = 1 e P2: x + y - z = 0.

Solução

A partir do enunciado, verifica-se que os vetores normais de P1 e P2


são:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 = (1,-1,0) e ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 = (1,1,-1)
Sabe-se que o vetor normal da reta interseção é obtido por meio do
produto vetorial ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 x ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 . Fazendo tal cálculo por meio do
determinante simbólico, obtém-se (os alunos devem verificar):
𝐕⃗ = 𝐢 + 𝐣 + 2𝐤 = (1,1,2)
Para o cálculo das coordenadas de um ponto pertencente à reta, faz-
se: x = 0, obtendo-se, em seguida, y = -1 e z = -1. Ou seja A (0,-1,-1)
é um ponto de r, o que permite escrever as equações paramétricas
desta reta:
x= t
y = -1 + t
z = -1 + 2t

Calculam-se as coordenadas de um segundo ponto em r fazendo,


por exemplo, t = 1, obtendo-se B (1,0,1). Desta forma, tem-se:
⃗⃗⃗⃗⃗ = (1,1,2)  ‖𝐀𝐁
𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ ‖ = √𝟔.

Por outro lado, as coordenadas do vetor cujas extremidades são os


pontos A e P (ver figura anterior) se escrevem:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐀𝐏 = (1,2,0).

⃗⃗⃗⃗⃗ e 𝐀𝐁
O produto vetorial entre 𝐀𝐏 ⃗⃗⃗⃗⃗ , cujo resultado é obtido por meio do
determinante simbólico, fornece (os alunos devem verificar):
⃗⃗⃗⃗⃗ 𝐀𝐁 = 4𝐢 - 2𝐣 - 𝐤 = (4,-2,-1)  √𝟏𝟔 + 𝟒 + 𝟏 = √𝟐𝟏
𝐀𝐏 x ⃗⃗⃗⃗⃗

78
Entrando na fórmula para cálculo da distância, obtém-se:

d (P,r) =

9.3. Distância entre ponto e plano

 A distância entre um ponto e um plano equivale ao comprimento do


segmento de reta da perpendicular traçada do ponto em direção ao
plano, tal como ilustrado na figura a seguir, na qual:
Po: ponto de coordenadas conhecidas - Po (xo,yo,zo);
: plano cuja equação também é conhecida: ax + by + cz + d = 0;
P: um ponto qualquer na superfície do plano  - P (x,y,z);
⃗⃗ : vetor normal de  - 𝐍
𝐍 ⃗⃗ (a,b,c);
Q: ponto de interseção da perpendicular traçada de P0 em direção a
. O comprimento do segmento 𝐏𝐐 ̅̅̅̅ corresponde à distância de Po a
.

Po

P
Q
π
 Por sua vez, o comprimento do segmento ̅̅̅̅ 𝐏𝐐 equivale à projeção
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗
⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
ortogonal do vetor 𝐏𝐏𝐨 sobre 𝐍, sendo 𝐏𝐏𝐨 o vetor obtido ao unirem-
se tais pontos.
 Demonstra-se que:

d (Po,) =

 Desenvolvendo a equação anterior e sabendo que:


⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐏𝐏𝐨 = (x-xo,y-yo,z-zo) e
||𝐍⃗⃗ || = √𝐚𝟐 + 𝐛𝟐 + 𝐜 𝟐 ;
chega-se à expressão a seguir que permite o cálculo imediato da
distância do ponto Po ao plano :

79
 É evidente a analogia entre a fórmula anterior e aquela usada para o
cálculo da distância entre um ponto e uma reta no plano cartesiano:

 Exemplo: calcular a distância de Po (1,2,-1) ao plano


: 3x - 4y - 5z + 1 = 0.

Solução

Com base no enunciado, escreve-se:


⃗⃗ = (3,-4,-5)  a = 3, b = -4 e c = -5.
𝐍
Aplicando a fórmula anterior, calcula-se:

d (Po,) =

9.4. Distância entre retas

 Devem ser considerados os seguintes casos nos quais faz sentido o


cálculo da distância entre duas retas:
a) retas paralelas;
b) retas reversas.

9.4.1. Distância entre retas reversas

 Este caso acha-se ilustrado na figura a seguir na qual r e s são duas


retas reversas cujos vetores diretores são, respectivamente, 𝐕⃗⃗⃗⃗𝟏 e 𝐕
⃗⃗⃗⃗𝟐 :

s
π
 Neste caso, existe um único plano  que é paralelo às duas retas e
que contém uma delas, a reta s na figura acima.
 Uma vez determinada a equação de , a distância entre r e s - o
segmento tracejado na figura anterior - equivale à distância de
qualquer ponto da reta r ao plano .
80
 Desta forma, apresenta-se a seguir o roteiro para o cálculo da
distância entre duas retas reversas:
a) Calculam-se as coordenadas do vetor normal de : 𝐍 ⃗ =𝐕⃗⃗⃗⃗𝟏 x 𝐕
⃗⃗⃗⃗𝟐 ;
b) De posse das coordenadas de um ponto em uma das retas - reta s
na figura anterior - determina-se a equação cartesiana de ;
c) Escolhe-se um ponto contido na outra reta - reta r, figura anterior - e
calcula-se a distância de tal ponto ao plano  por meio da fórmula
apresentada no item 6.3.

9.4.2. Distância entre retas paralelas

 Este problema é resolvido tomando-se um ponto em uma das retas e


calculando a distância desse ponto à outra reta por meio do
procedimento apresentado no item 6.2
 Exemplos:
1) Determinar a posição relativa e calcular a distância entre as retas
a seguir:
r: X = (-1,2,0) + t(1,3,1)
s: reta interseção entre os planos: P1: 3x - 2z - 3 = 0
P2: y - z - 2 = 0

Solução

A partir do enunciado do problema, escreve-se:


⃗⃗⃗⃗𝟏 (vetor diretor de r) = (1,3,1)
𝐕
⃗⃗⃗⃗𝟐 , é obtido a
Em relação à reta s, sabe-se que seu vetor diretor, 𝐕
partir do produto vetorial dos vetores normais de P1 (𝐍 ⃗⃗⃗⃗⃗𝟏 ) e P2 (𝐍
⃗⃗⃗⃗⃗𝟐 ).
Por meio do determinante simbólico (os alunos devem verificar),
obtém-se:

⃗⃗⃗⃗𝟐 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐕 𝐍𝟐 = 2𝐢 + 3𝐣 + 3𝐤  (2,3,3)
𝐍𝟏 x ⃗⃗⃗⃗⃗

Para achar um ponto de s, procede-se como explicado


anteriormente. Fazendo, por exemplo, z = 0, levando tal valor na
equações de P1 e P2 e resolvendo o sistema de equações 2x2
resultante, obtém-se x = 1 e y = 2. Portanto, P (1,2,0) é um ponto
pertencente à reta s, cujas equações paramétricas, então, ficam
sendo:
x = 1 + 2s
s: y = 2 + 3s
z = 3s

Uma vez que seus vetores diretores, 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟏 e 𝐕


⃗⃗⃗⃗𝟐 , são LI, r e s podem ser
concorrentes ou reversas. Para verificar qual dessas situações
prevalece, utiliza-se o mesmo procedimento apresentado no capítulo
4. Consideram-se inicialmente 2 coordenadas, por exemplo x e z, e
resolve-se o seguinte sistema de 2 equações e 2 incógnitas:

81
-1 + t = 1 + 2s
t = 3s
A solução deste sistema fornece t = 6 e s = 2. Levando tais valores
nas equações de r e s e calculando o valor da coordenada z, chega-
se aos seguintes resultados:
reta r  y = 2 + 3t = 2 + 18 = 20
reta s  y = 2 + 3s = 2 + 6 = 8
Uma vez que os valores da coordenada z obtidos, diferem entre si,
conclui-se que as retas são reversas.

Em relação ao plano que contém uma das retas, por exemplo r, e é


paralelo às duas, deve-se inicialmente calcular seu vetor normal.
Assim, como explicado em 6.4.1, tem-se 𝐍 ⃗ =𝐕⃗⃗⃗⃗𝟏 x 𝐕
⃗⃗⃗⃗𝟐 . Fazendo este
produto vetorial através do determinante simbólico, chega-se a (os
alunos devem verificar):
⃗ = 6𝐢 - 𝐣 - 3𝐤  : 6x - y - 3z + d = 0
𝐍
Usando as coordenadas de um ponto pertencente a r, por exemplo,
B (-1,2,0) e substituindo-as na equação anterior, determina-se o valor
do termo independente d:
6(-1) - 2 - 0 + d = 0  d = 8
Portanto, a equação do plano procurado é:
: 6x - y - 3z - 8 = 0
Finalmente, com o auxílio das coordenadas do ponto P (1,2,0),
calcula-se:

d (r,s)  d (P,) =

2) Determinar a posição relativa e, se for o caso, calcular a distância


entre as retas:
r: x = (y - 3)/2 = z - 2 e s: x - 3 = (y + 1)/2 = z - 2

Solução

As equações das duas retas na forma paramétrica são:

x=t x=3+s
r: y = 3 + 2t s: y = -1 + 2s
z=2+t z=2+s

Uma vez que os dois vetores diretores são 𝐕 ⃗⃗⃗⃗𝟏 = 𝐕


⃗⃗⃗⃗𝟐 = (1,2,1), conclui-
se que as retas são paralelas ou que as equações anteriores
referem-se a uma única reta. Porém, como r contém o ponto
P (0,3,2) e s contém A (3,-1,2), cujas coordenadas z são idênticas,
conclui-se que r e s são realmente duas retas paralelas.

De forma esquemática tem-se:

82
r
P (0,3,2)

A (3,-1,2)

Para o cálculo da distância entre as duas retas, determina-se um 2o


ponto pertencente a s. Fazendo, por exemplo, s = 1, tem-se
B (4,1,3). Daí segue que:
⃗⃗⃗⃗⃗ = (1,2,1)  ||𝐀𝐁
𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ || = √𝟔
Por sua vez, as coordenadas do vetor obtido ao unirem-se A e P se
escrevem:
⃗⃗⃗⃗⃗ = (-3,4,0)
𝐀𝐏
Em seguida, calcula-se o produto vetorial 𝐀𝐏 ⃗⃗⃗⃗⃗ x 𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ , cujo resultado,
obtido por meio do determinante simbólico é (os alunos devem
verificar):
𝐀𝐏 ⃗⃗⃗⃗⃗ = 4𝐢 + 3𝐣 - 10𝐤  (4,3,-10)  ||𝐀𝐏
⃗⃗⃗⃗⃗ x 𝐀𝐁 ⃗⃗⃗⃗⃗ x 𝐀𝐁⃗⃗⃗⃗⃗ || = √𝟏𝟐𝟓 = 𝟓√𝟓

Portanto, d (r,s) = 𝟓√𝟓 / √𝟔

9.5. Distância entre reta e plano

 O cálculo da distância entre uma reta e um plano só tem sentido


quando os dois objetos são paralelos.
 Neste caso, verifica-se inicialmente se a reta e o plano são paralelos.
Para tanto, o vetor diretor da reta e o vetor normal do plano são
perpendiculares entre si. Ou seja, 𝐕 ⃗⃗⃗ . 𝐍
⃗⃗ = 0;
 Em seguida, escolhe-se um ponto pertencente à reta e calcula-se
sua distância ao plano utilizando a fórmula apresentada no item 9.3.
 Quando estes dois objetos são paralelos um ao outro, a distância de
qualquer ponto contido na reta corresponde à distância entre a reta e
o plano - ver figura a seguir.

r P1 P2

π
83
 Exemplos
1) Calcular a distância entre a reta r: x = y - 1 = z + 3 e o
plano P: 2x + y - 3z = 9.

Solução

A equação do plano P deve ser reescrita na forma:


P: 2x + y - 3z - 9 = 0

Colocando as equações de r na forma paramétrica, obtém-se:


x=t
r: y = 1 + t 𝐕 ⃗ = (1,1,1)
z=-3+t

⃗⃗ (2,1-3), comprova-se que r e P


Uma vez que o vetor normal de P é 𝐍
são paralelos, pois:
⃗⃗⃗ . 𝐍
𝐕 ⃗⃗ = (1,1,1).(2,1,-3) = 0

Sabendo que o ponto A (0,1,-3) pertence a r, calcula-se:

d (A,P) = d (r,P) =

2) Calcular a distância entre o eixo OX e o plano : y + z = √𝟐.

Solução

As equações paramétricas do eixo OX, que equivale a uma reta r que


passa pela origem do R3 e cujo vetor diretor é 𝐢 (1,0,0) se escrevem:
x=t
r: y = 0
z=0

Ou seja, o ponto O (0,0,0) pertence a r. Em relação ao plano , tem-se:


a=0
b=1
c=1
d = -√𝟐

Aplicando a mesma fórmula usada no exemplo anterior, calcula-se:

d (O,) = d (OX,) =

9.6. Distância entre planos

 O cálculo da distância entre dois planos só tem sentido quando um é


paralelo ao outro. Vale lembrar que, se os dois planos são paralelos,
então seus vetores normais são múltiplos entre si.

84
 Para o cálculo de tal distância pode-se utilizar o mesmo
procedimento apresentado no item anterior, a saber:
 considera-se um ponto em um dos planos;
 calcula-se a distância desse ponto ao outro plano por meio da
fórmula apresentada no item 9.3.
 Entretanto, é possível utilizar a fórmula a seguir que permite calcular
diretamente a distância entre os planos paralelos P1 e P2:

d (P1,P2) =

na qual têm-se os seguintes termos:


a, b e c: coordenadas dos vetores nomais dos 2 planos - tais vetores
são idênticos, já que os planos são paralelos entre si;
d1: termo independente na equação cartesiana de um dos planos;
d2: termo independente na equação cartesiana do outro plano.

 Vale salientar que esta fórmula apresenta forte analogia com aquela
utilizada para o cálculo da distância entre duas retas paralelas no
plano cartesiano:

d (r1,r2) =

 Exemplo: calcular a distância entre os seguintes planos:


P1: 2x - y + 2z - 9 = 0
P2: 4x - 2y + 4z - 21 = 0

Solução

A partir do enunciado, vê-se imdiatamente que os vetores normais


dos 2 planos se escrevem:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟏 = (2,-1,2)
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐍𝟐 = (4,-2,4)
Como esses vetores são múltiplos entre si, comprova-se o
paralelismo entre P1 e P2.

Para evitar operações com números fracionários é preferível


multiplicar por 2 a equação do plano P1, ao invés de dividir por 2 a de
P2. Desta forma, tem-se:
P1: 4x - 2y + 4z - 18 = 0
P2: 4x - 2y + 4z - 21 = 0

Portanto, os termos relevantes para o cálculo são:


a=4
b = -2
c=4
d1 = -18
d2 = -21

85
Lançando mão da equação acima, calcula-se:

d (P1,P2) =

86
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CAMARGO, I.; BOULOS, P., Geometria Analítica: um tratamento vetorial. 3ª


edição, São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 543 p.

SANTOS, R., Um curso de Geometria Analítica e Álgebra Linear, Imprensa


Universitária da UFMG, 2002, 592 p.

SIMMONS, G. F., Cálculo com Geometria Analítica. São Paulo: Pearson


Makron Books, v. 1. 1988. 807 p. ISBN 978-00-7450-411-6.

STEINBRUCH, A. e WINTERLE, P., Álgebra Linear. São Paulo: Pearson,


1987. 583 p. ISBN 978-00-745--0412-3.

STRANG, G., Álgebra linear e suas aplicações. São Paulo: Cengage Learning,
2014. 444 p. ISBN 9788522107445.

WINTERLE, P., Vetores e Geometria Analítica. São Paulo: Pearson Makron


Books, 2000. 232 p. ISBN 978-85-346-1109-1.

87

Você também pode gostar