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2016
ISSN 2316-8102
Rodrigo Munhoz (a.k.a. Amor Experimental), O Amor é Bomba. Performance realizada em São
Paulo, Brasil. Julho de 2015. Fotografia de Lucas Czepaniki
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quanto aquela que Rodrigo utiliza em Cabeza, I am your Father (2012). Claro,
ainda é possível relacionarmos este trabalho citado de Munhoz a um terceiro
artista, mais precisamente às seis pinturas que compõem a série
intitulada Head (1949), de Francis Bacon, especialmente as pinturas Head
I, Head II e Head V.
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acessado para além dos signos empregados em cada uma das suas criações
dotadas de um sarcasmo latente, de um senso de humor incontestável, mas
Rodrigo Munhoz é peremptório na sua autoanálise que revela o riso como opção
de fuga às lágrimas, o escárnio, o deboche, como substitutos da mágoa, da dor.
Depois de conhecer a trajetória de Rodrigo Munhoz por ele próprio e a
aflição que ele desperta no(a) seu(sua) espectador(a) ao expor o seu corpo em
ação, conseguimos facilmente detectar uma ideia de catarse em seu trabalho,
ou seja, de expurgação/purgação ou, ainda, de purificação que está tão presente
na arte autobiográfica, onde o “self” do artista é repetidamente exposto,
podendo assim o sujeito vivenciar seus dilemas e traumas como uma forma de
superação dos mesmos. Na arte, a expressão da performance parece ser o meio
mais apropriado para refletirmos sobre o “corpo que assume papéis
concomitantes de sujeito e objeto” 1 , sendo que as temáticas recorrentes
traduzem os dilemas e as aspirações do indivíduo na atualidade e, obviamente,
da sua própria vivência nesse contexto.
Diz a autora Katia Canton que “nas artes, a evocação das memórias
pessoais implica a construção de um lugar de resiliência”2 e que essa evocação
“é também o território de recriação e de reordenamento da existência – um
testemunho de riquezas afetivas que o artista oferece ou insinua ao espectador,
com a cumplicidade e a intimidade de quem abre um diário”3.
Embora Rodrigo Munhoz apresente o seu “diário pessoal” escancarado
nas palavras abaixo escolhidas como forma de relacionar as suas vivências
(traumáticas por vezes) da infância, adolescência até a sua idade adulta, ele não
parece projetar uma analogia freudiana nas suas construções artísticas, onde,
conscientemente e de forma amadurecida pelo posicionamento crítico
apresentado, constrói uma narrativa visual com a qual estabelece uma
autorregulação, expondo a sua dor psicológica e até física acompanhada das
suas marcas. Ele não parece afirmar que traumas lhe inspiraram, pois trabalha
artisticamente com toda a sua sensibilidade e experiência de vida e, assim,
considera que existem diversos estímulos que o conduziram a tais assuntos
1
CANTON, Katia. Corpo, Identidade e Erotismo, p. 24.
2
Idem, Tempo e Memória, p. 21.
3
Ibidem, p. 34.
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traumáticos, mas que são sobretudo relembrados por conta do que também
podemos chamar de “acasos significativos”4. Em suma, a prática psicanalítica
não é afirmada como critério último de avaliação do conteúdo visual e
expressivo da trajetória de Amor Experimental e nem mesmo do seu processo
criativo, mas conhecer mais profundamente o que está por debaixo das camadas
compostas para as suas ações é um viés no mínimo envolvente e que nos faz
compreender com outro olhar as suas criações, nas quais arte e vida são
inseparáveis.
You can't believe all the things I've done wrong in my life
Without even trying I've lived on the edge of a knife
Well, I've played with fire, but I don't want to get myself burned
To thine own self be true, so I think that it's time for a turn
Before I burn in hell
Oh, burn in hell…
4
Termo utilizado pela autora Fayga Ostrower em sua obra Acasos e Criação Artística.
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5
Canção "Burn in Hell", de Twisted Sister, do álbum Stay Hungry, lançada em 1984. Tradução livre: Você não pode
acreditar em todas as coisas que eu tenho feito de errado na minha vida/ Sem nem sequer tentar eu tenho vivido na
ponta de uma faca/ Bem, eu já brinquei com o fogo, mas eu não quero terminar queimado/ Para teu próprio ser
verdadeiro, então eu acho que é hora da mudança/ Antes que eu queime no inferno/ Oh, queime no inferno/ Jogue com o
mal, porque eu sou livre.
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desse lugar que tiro potência para seguir. Dito isso, refiro-me à Cabeza, I am
your Father (2012), ou à “performance da massa”. Essa performance nasceu de
uma “rodada”, não sob o contexto de um giro, mas de um rodo aplicado como
arma por meu pai sobre o corpo da minha mãe… era 1981 e minha mãe chorava
muito com o prego do rodo enterrado em sua mão, sob palavrões proferidos pelo
meu pai... então eu soube, por aquilo, que eu deveria lutar para ser grande...
derrubá-lo, quem sabe matá-lo com justiça ao falar publicamente dessas coisas,
como faço aqui, porque estamos no tempo de falar dessas coisas e não
compreendo uma arte que não seja a vida e a briga pelo viver. Fato é que meu
pai se especializou num tipo de surra ao longo dos anos... surra física, mental e
moral; surra que não deixava marcas ou deixava marcas em lugares não
aparentes.
Portanto, só poderia projetar nele a força do salto aos berros com a
massa. De outro modo, não poderia fazer com a minha mãe, mesmo tendo eu
me “divorciado” dela aos sete anos, ao me decepcionar na ocasião de um pedido
que fiz para que ela e meu pai se separassem… pedido esse que teve seu início
atendido e sucumbiu a uma noite de transa na véspera da assinatura do
documento de separação. Pior que isso, me decepcionaria mais tarde com a pós-
separação conquistada, momento em que minha mãe “desbundou” com justiça,
mas se esqueceu que tinha duas crianças… uma de sete e outra de onze anos...
ambos correndo de skate pelas madrugadas das ruas do Jaraguá… procurando
um lugar para uma “boquinha”. Enfim, devo parar por aqui para preservá-la,
mas não isentarei alguns integrantes da Polícia Militar do Estado de São Paulo,
aqueles que antes vinham nos defender do meu pai e que depois passaram a
frequentar minha casa e promover todo o tipo de absurdo, de maneira que é
melhor eu parar por aqui para preservar o que me resta. Não bastasse a violência
dentro de casa perpetrada por meu pai, tinha também a violência social… muita
gente com medo de andar comigo e meu irmão, uma vez que meu pai tinha a
fama de violento e justificava isso para além de casa, ao incendiar lugares,
agredir pessoas com socos, pontapés e muitas cabeçadas... cabeçadas/cabeça
que mais tarde eu adotaria em minhas ações. Tinha também a violência da voz
social, ao afirmarem que minha mãe era uma puta desquitada e que eu deveria
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calar a minha boca ao solicitar qualquer coisa na vizinhança. Foi dessa voz
social, armada com todo o poder das instituições (família-polícia-comunidade),
que notei o quanto deveria crescer para poder sobrepujá-los, mais
especificamente ter a minha vendeta, usar de minhas presas e do meu metal... e
o metal em questão foi se não a ação, e, nesse caso, da massa... uma mistura de
água com farinha de trigo; afinal, a dor era tanta que, se pudesse, teria optado
pela “ficção que sublima”, fosse pelo cinema, pelo teatro, contudo, restou ela...
a performance.
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Canção "Faz Parte do Meu Show", de Cazuza e Renato Ladeira, do álbum Ideologia, lançada em 1988.
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cara”7 ou ainda “Se o mundo é mesmo / Parecido com o que vejo / Prefiro
acreditar / No mundo do meu jeito / E você estava Esperando voar / Mas como
chegar / Até as nuvens / Com os pés no chão”8. Sendo assim, a massa foi esse
lugar onde eu pude dar o soco mais bem dado, saltar com tudo o que tenho, com
meu sobrepeso, com tudo o que posso e com as minhas inabilidades. Quando
estive no México por ocasião de uma residência, dobrei o tamanho da massa,
engordei o tanto quanto pude para igualar a categoria dos pesos pesados,
enquanto ela expandia sob uma densa quantidade de fermento. Lutei de igual
para igual, fui surpreendido com a aderência da massa, fui vencido, fui morto,
retornei como uma espécie de “Malverde” aos gritos de amor... e venci porque
vencemos quando perdemos e faço questão de ressaltar isso, visto que é preciso
fracassar, esgotar, cansar, errar, perder... para vencer alguma coisa nessa vida.
Eu e meu irmão João convivemos ainda por um bom tempo com essa
violência abrangente e diária, entre as idas e vindas dos meus pais, uma vez que
se separaram e voltaram diversas vezes (hoje encontram-se separados). É fato
que o comportamento “vaivém” dos meus pais acabou por instaurar um clima
de promiscuidade muito grande, pois obtinha-se o perdão sob quaisquer tipo de
circunstância absurda, de maneira que essa mesma promiscuidade nos fez
conviver e naturalizar certos comportamentos, como, por exemplo, ao nos inserir
numa primeira camada de acesso à marginalidade, de modo que isso é assunto
para morrer aqui.
Essa convivência com a violência ainda me colocou em rota de colisão
com outros lugares e pessoas, sob o contexto da força bruta, como quando eu
era camelô e corria muitas vezes do “rapa” ao querer evitar a perda da minha
“mercadoria”, que por sinal se resumia a dezenas de livros. Também trabalhei
com moradores de rua e mais tarde com adolescentes encarcerados da antiga
Febem (Fundação do “bem-estar do menor”) Franco da Rocha, Tatuapé, Raposo
Tavares. Nesse período presenciei muita violência, como também perdi um ex
cunhado sob circunstâncias de ultraviolência. Enfim, foi um período tumultuado
em que a revolta bateu forte, me fez esquecer da arte, sobretudo me afastou de
7
Canção "O Tempo Não Para", de Cazuza, do álbum O Tempo Não Para, lançada em 1988.
8
Canção "Eu Era um Lobisomem Juvenil", de Dado Villa-Lobos e Renato Russo, do álbum As Quatro Estações,
lançada em 1989.
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minhas pinturas até em face de não considerar mais a mesma como uma arte de
impacto, de maneira que senti uma necessidade intensa de me aproximar de
uma arte que pudesse proporcionar um corpo a corpo em ação... uma arte que
também tivesse ímpeto, ainda que isso fosse contraditório e me devolvesse a
um lugar por onde transita a violência. Em todo caso, faz-se necessário recordar
também que aquilo que viola em alguma medida a percepção sensível, é
também capaz de achatar a autoestima, detonar a subjetividade, como também
colocar o corpo em alerta... em prontidão, visto que o ataque poderá vir em
qualquer tempo ou espaço. A violência também é um dado cultural de nossa
terra, é por ela que aprendemos e desaprendemos, é fato também que ela se
converteu num recurso de sobrevivência e por que não dizer... de resistência. A
violência cumpre um lugar de “tempestade e ímpeto” para alguém cuja razão
passa longe e a emoção é profunda e destituída de contorno.
Por um outro lado, esse fenômeno pode ser experimentado em outras
circunstâncias... sob certas licenças poéticas, onde o ímpeto gerado pelo ato
violento possa despertar outras impressões sem lesar a percepção sensível em
corpo alheio... aliás, permite fragilizar os aspectos invasivos que potencializam a
violência, tal qual um dublê que lida com o perigo/risco, sem se ferir com
gravidade. Trata-se também de ponderar sobre a violência e não tão somente
afastá-la... encará-la, admiti-la com as contradições possíveis; além da massa,
posso citar mais performances que transitam por esse lugar... Amor Contra a
Parede (2015), por exemplo, onde dispositivos forjados por desenhos geram
colisões entre o corpo e a parede... situações em que o corpo testa seus próprios
limites; em que portas e janelas são desenhadas durante a ação, para que sejam
“rompidas” a cada impacto. Toda uma ordem de coisas é evidenciada por traços,
na medida em que me coloco em confronto de forma improvisada, tal qual um
processo de decantação... em que as reminiscências servem de insumo para
uma sequência imbricada de elementos que se distribuem ao longo da ação.
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Rodrigo Munhoz (a.k.a. Amor Experimental), Amor Contra a Parede. Performance realizada
em Curitiba, Brasil. Maio de 2015. Fotografia de Fernando Ribeiro
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não se sobrepõem, antes se atravessam para gerar outros modos possíveis para
a percepção sensível.
O amor funciona como um organizador no combo das performances que
realizo, uma vez que é por ele que “apaziguo”, reacomodo e distribuo minha
poética. É pelo amor que me pergunto o quanto do que faço é capaz de gerar
sentido, criar fluxo de contato entre as pessoas. Não à toa e por isso é que parte
do que faço também está ligado ao lúdico, mais especificamente à diversão
esse vertere é o que possibilita desviar, errar, bagunçar as convicções, ou, como
diz uma expressão popular, “virar no Jiraya”, ou seja, é um dispositivo que
proporciona o escoamento daquilo que o contorno concentrou por muito tempo.
Por exemplo, isso fica evidente na sequência de trabalhos chamada Volume
Sonoro (2010), visto que toda a construção partia de uma ideia de oficina e
dependia da participação de terceiros. Aliás, essa sequência de trabalhos existiu
também em potência pela contribuição máxima de dois artistas-educadorxs,
Verônica Pereira e Carlos Rogério Amorim. Aliás, fazíamos parte de um
programa público de iniciação artística dedicado às crianças, conhecido como
“PIÁ”. Acionamos por quase três anos um dispositivo sonoro que, para variar,
ganhou em expansão, elemento caro naquilo que desenvolvo, posto que o
mesmo possibilita lidar com novos estágios de dificuldades... perder o controle,
errar e flanar em busca de outros sentidos. É premente mencionar o quanto cada
performance realizada tem se servido de elementos ligados à ideia de oficina,
pois boa parte das ações tem transitado por etapas onde o “como se faz” é
expoente, sobretudo por imprimir um caráter em que o código aberto se faz
presente mediante à aplicação de tutoriais. Para além disso, existe também a
permanência da reinvenção de um lugar de resiliência que consiste em trabalhar
com o que se tem (herança das oficinas que dei) e fazer mais do que se pode...
hackear, gambiarrar, improvisar sem se acomodar… expandir para ter mais
alcance. Em resumo, pode-se dizer que o amor abriu caminho para a diversão, e
essa última, para revisitar tudo o que fiz com a violência... afinal, foi pelo amor
que alavanquei visões diversas dentro daquilo que fiz e vivo fazendo. Pelo amor
encontrei parcerias, como essa que desenvolvo junto a Recy Freire...
companheira de amor, “artista bomba”, que plantou uma parceria iniciada a
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partir de uma ação denominada Há Tempo para o Amor (2013), que falava sobre
casais que namoram nas plataformas de trens da cidade de São Paulo (também
éramos namorados de plataforma). Foi pelo amor que encontrei uma rival para
lutar numa arena, em favor dos clichês, enquanto forma didática de
aproximação com o campo da Arte da Performance. Aliás, em Arena
Performance (2013) a questão da diversão se confunde com a ideia de tutorial e
se desloca num combinado de afazeres propostos aos cúmplices que ladeiam
nossa presença.
Rodrigo Munhoz (a.k.a. Amor Experimental), frame de Há Tempo para o Amor. Performance
realizada em São Paulo, Brasil. Junho de 2013
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Vale pontuar algumas ações onde tudo isso tem se destacado e, por que
não dizer, explodido em potência para uma sequência de trabalhos, cujas
poéticas se atravessam e buscam gerar instabilidade no tempo e espaço de cada
ação, como uma autossabotagem que oferece novos desafios, fracassos e
reflexões. Esses trabalhos provocam empatia, chamam para brincar, lidam com
as causas mas não deixam de esgotar os efeitos, assumem e disparam o que é
superficial/ordinário para situações onde os mesmos se convertam em
extraordinários, ao elucidar camadas anteriormente não aparentes. É
importante citar o quanto da precariedade permeia cada trabalho, todavia essa
precariedade é abatida no momento em que se percebe o quanto de força é
possível extrair de cada material. Por exemplo, em O Amor é Kraft (2015) o corpo
é tomado por extensões físicas sob a ação do papel kraft, material de ótima
resistência mecânica para criar extensões do corpo. Esses desdobramentos
criam situações onde o corpo lida com outras (de)estruturas arquitetônicas,
sejam aquelas que se referem a um corpo estável ou em movimento.
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Phopho (2015) e “1”, da série Onde o Vento Faz a Curva (2013). Esses trabalhos
estabelecem uma zona de atrito entre o corpo e uma matéria que o desafie.
Fato é que a matéria em questão será sempre responsável por desalojar esse
mesmo corpo de suas convenções, visto que os sentidos e suas respectivas
lógicas estão colocados à prova. Entretanto, isso só acontece em face de um
árduo desejo pela deformação enquanto atributo, e isso não somente se deve a
um problema pessoal que tenho com a ideia genérica de formação, inclusive não
tenho formação universitária, muito embora tenha amigos na área e tenha sido
citado em trabalhos de conclusão de curso e mestrado. Em geral, o que me afeta
na formação é o peso que ela carrega, sobretudo no que tange ao ponto de vista
normativo, colonial e disciplinar.
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Rodrigo Munhoz (a.k.a. Amor Experimental), Onde o Vento Faz a Curva. Performance
realizada em Nísia Floresta, Brasil. Janeiro de 2014. Fotografia de Recy Freire
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entendesse com base em minhas emergências… descobri, aliás, que faço melhor
em fúria, quando não dou conta de uma determinada situação, quando me
ponho vexado diante de mim mesmo.
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de moderação que já fazia via Facebook, de modo que eu não me sentisse mais
tão isolado assim, afinal, conto agora com outras tantas pessoas que
colaboram.
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de modo detalhado. Queria dizer que muita coisa se passa pela minha cabeça o
tempo todo. A cabeça com os seus orifícios é o lugar da empatia, dessa forma é
que declaro a loucura dessa minha cabeça, que se desloca em sua insuficiência.
Inclusive, convivi com o apelido de “Cabeça” durante toda a minha infância, pois
a mesma sempre foi avantajada… meu pai também sempre foi cabeção…
sempre o chamaram de cabeção... janela, ao passo que eu era o “vitrosinho”.
Minha insuficiência vem dessa coisa de “não dar conta de”, acompanha o peso
dessa cabeça... física e mental. Então eu crio extensões, ora com espuma, ora
com papelão, ora com capacete que explode coisas, ora com bombinhas... a
cabeça é a minha antena... é por onde chego primeiro... é por onde já senti as
dores mais excruciantes, mas é também o lugar por onde vi e tenho visto as
coisas mais lindas dessa vida, é por onde eu troquei fluidos de amor, emiti sons
com ou sem sentido... é meu peso e o meu alívio quando tranquiliza... ao fechar
os orifícios para o mundo e repousar com justiça.
BIBLIOGRAFIA
CANTON, Katia. Corpo, Identidade e Erotismo. São Paulo: Martins
Fontes, 2009.
CANTON, Katia. Tempo e Memória. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
OSTROWER, Fayga. Acasos e Criação Artística. 2.ed. Rio de Janeiro:
Editora Campus, 1995.
ZAMBONI, Silvio. A Pesquisa em Arte: um Paralelo entre Arte e
Ciência. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2012.
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