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Comunicação
Empresarial
(2 créditos – 40 horas)
Autores:
Arlinda Cantero Dorsa
Maria Fernanda Borges Daniel de Alencastro
0220
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO
Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do
seu curso.
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Objetivo Geral
Propiciar ao aluno o aprimoramento de suas habilidades de linguagem oral e
escrita, tendo como ponto de trabalho privilegiado a leitura, a produção e a avaliação
de textos.
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 42
EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ............................................................................... 43
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Avaliação
A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da
avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa
aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc.
A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de
cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo
de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo
será avaliado, pois a aprendizagem é processual.
Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as
atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre
exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática.
As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de
cada disciplina.
* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o
calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem).
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade.
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BOAS-VINDAS
Acadêmico(a),
As aulas serão virtuais, com leitura, vídeos, fóruns e atividades para você
desenvolver, sempre, é claro, com o nosso apoio, orientação e revisão.
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Pré-teste
A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos
prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta
disciplina. Não fique preocupado com a nota, pois não será avaliado.
Fonte: https://goo.gl/XVhfgR
a) O discurso feminista de Susanita é responsável pelo efeito de humor, já que o tema é
tratado de forma irônica, denotando certo machismo por parte do autor da tirinha.
b) Mafalda opõe-se ao discurso da amiga Susanita e, por meio de suas feições em todos os
quadrinhos, percebe-se nitidamente seu descontentamento.
c) A linguagem verbal não contribui para o melhor entendimento da tirinha, pois todo efeito
de humor está contido na linguagem não verbal por meio da expressão exibida por Mafalda
no último quadrinho.
d) Susanita apresenta um discurso de acordo com as teorias feministas que pregam a
libertação das práticas tradicionalmente atribuídas à mulher. Contudo, no último quadrinho,
a personagem defende o uso de uma tecnologia que apenas reforça os padrões tradicionais.
Após a leitura e interpretação da charge de Ivan Cabral que foi utilizada na prova
do Exame Nacional do Ensino Médio de 2012, responda à questão 2.
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2. O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações
visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida
recorre a:
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para transmitir a
ideia que pretende veicular.
b) ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”.
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o
espaço da população rica.
d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de
descanso da família.
Fonte: SOUZA, Maurício de.O Globo, Rio de Janeiro, Segundo Caderno, 19 dez. 2008, p.7.
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4. O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitante da zona
rural, comumente chamado de “roceiro” ou “caipira”. Considerando a sua fala,
essa tipicidade é confirmada primordialmente pela
a) transcrição da fala característica de áreas rurais.
b) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comunidades rurais.
c) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem como coloquial.
d) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios urbanos.
e) utilização da palavra “coisa”, pouco frequente nas zonas mais urbanizadas.
Fonte: www.marcelocartoon.blogspot.com
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UNIDADE 1
COMUNICAÇÃO
OBJETIVO DA UNIDADE: Proporcionar condições para que o aluno se conscientize
dos diferentes aspectos comunicativos e de sua importância na vida profissional.
A ênfase desse princípio geral deve ser cada vez mais acentuada, pois não há
equívoco mais inconveniente do que tratar a escrita como mera transposição da fala para o
papel na forma gráfica. A escrita não é a representação gráfica da fala.
O (preconceito) de que existe uma única forma ‘certa’ de falar, o de que a fala
‘certa’ é de uma determinada região (a carioca, por exemplo), o de que a fala ‘certa’ se
aproxima do padrão da escrita, o de que o brasileiro fala mal, o de que é preciso ‘consertar’
a fala do aluno para evitar que ele escreva errado (1997, p.15).
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Tidas pelos PCNs como ‘insustentáveis’ e culturalmente mutiladoras, essas crenças
são nefastas, e a escola deveria evitá-las, mostrando que há diversas formas de se
expressar de acordo com as situações, os contextos e os interlocutores, de modo que: A
questão não é a correção da forma, mas de sua adequação às circunstâncias de uso, ou
seja, de utilização adequada da linguagem (1997, p.16).
Do destinador? Do destinatário?
Do emissor/indivíduo/grupo?
Do receptor/indivíduo/grupo?
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Fonte: http://migre.me/8VYGy
4. REFERENTE
5. MENSAGEM
6. CÓDIGO
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Quadro 1 - Diferentes formas da comunicação
•Não há comunicação.
•Mensagem incompreensível, porém recebida. Exemplo:
•Conversa (brasileiro x alemão).
•Comunicação restrita.
•Exemplos: - inglês x estudante brasileiro (Inglaterra).
- brasileiro x americano (curso no Brasil).
•Comunicação ampla.
•Certos elementos não são compreendidos.
•Exemplo: Curso de alto nível x alunos não preparados
para
recebê-los.
•Comunicação perfeita.
•Todos os signos emitidos são compreendidos.
•Há perfeita interação entre emissor e receptor.
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4. A mensagem deve levar em consideração o grupo no qual o receptor se encontra,
no momento em que ele a receber.
Utilidade: A troca de palavras ao vivo ou por telefone tem efeito imediato; é por
esse meio que funciona o dia a dia de uma organização.
Exemplos: Gestos, expressões faciais, ações, tom de voz, silêncio, postura, pose,
movimento, imobilidade, presença, ausência.
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5. Multimídia: Combina diferentes formas, muitas vezes com uso da TI (Tecnologia
da Informação).
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A importância da comunicação oral
Muito se tem falado sobre a grande arte da “comunicação”, hoje já considerada uma
questão de sobrevivência profissional e mesmo pessoal.
Um dos testes mais desafiadores da comunicação é o “falar em público” que implica em
comunicar-se eficientemente, independente da formação acadêmica ou da área de interesse.
Falar em público, portanto, é um processo bilateral e bidirecional; flui de ambos os lados;
orador e auditório interativamente trocam discurso/atenção; atenção/respeito/magnetismo.
Autor de oito livros sobre o assunto, Reinaldo Polito é uma referência nacional para
executivos, políticos, juristas e profissionais de diversas áreas; segundo ele quem aprende a se
comunicar diante de um auditório cheio aprende também a falar com o chefe, a comportar-se
dignamente num almoço de negócios e até mesmo a declarar amor a alguém.
Se as pessoas não souberem se expressar, não adianta preparo profissional ou intelectual;
não basta ser. É preciso dizer.
Até pouco tempo, achava-se que apenas padre, político e advogado precisavam falar bem;
hoje, espera-se de todo mundo que negocie, argumente e discuta.
Os tipos de comunicação oral vão desde o contato direto, pessoal (visitas de vendas,
apresentação de produtos, conversas informais, entrevistas) a conferências (exposição pública para
grandes plateias), apresentações de trabalhos (uso nas escolas e universidades), a palestras e
discursos de cunho formal, adequados para formaturas, homenagens, eventos políticos.
A postura elegante, segura e discreta, aliada a gestos firmes, decisivos e incisivos, o olhar
franco, “olhos nos olhos”, vão determinar o sucesso ou fracasso em qualquer atividade comunicativa
verbal, principalmente as que envolvem grandes plateias.
O valor do olhar é fundamental para o sucesso ou fracasso de uma comunicação; através do
olhar aprecia-se a verdadeira personalidade de um ser humano.
Outro aspecto que merece a atenção é um estudo realizado pela Universidade da Califórnia-
UCLA, aonde se chegou à seguinte estatística, com relação à palestra, discurso ou conferência: O
que chama atenção?
7% - palavras
38% - tonalidade da voz
55% - linguagem corporal
Nosso corpo “fala”, cada gesto tem um significado; emana uma mensagem que vai da
posição do tronco, da expressão do semblante, ao movimento de pernas, braços e mãos.
Comunicar-se em público não é dom, é uma habilidade que pode ser desenvolvida com
treinamento, disciplina e persistência. Você, leitor, tem interesse em desenvolver esta habilidade?
Fonte: POLITO, Reinaldo. Fale Muito Melhor. 2ª Edição, São Paulo, Saraiva. 2003.
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O gesto obedece a um processo natural: ocorre antes ou junto com as palavras;
representa a maneira de o indivíduo movimentar as mãos, cabeça, sorrisos,
aperto de mãos. Não possui significados universais, sendo assim, determinados
gestos assumem significados diferentes em várias partes do mundo. Exemplo:
Levantar o polegar
•No Brasil significa que está tudo bem.
•Na Europa indica um pedido de carona.
Linguagem •No Japão indica o nº 5.
gestual •Na Alemanha indica o nº 1.
•Na Índia indica desistência de negócio.
Erros comuns ao falar: ausência de gestos ou excesso de gesticulação; falar com
as mãos nos bolsos, atrás das costas, braços cruzados, corpo apoiado, gestos
abaixo da linha da cintura ou acima da cabeça; assumir postura humilde ou
arrogante; falar coçando a cabeça, segurando parte da roupa ou corpo;
movimentar-se demais, sem objetivo.
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comunicacao/linguagemlinguafala.html> (Atalho: http://migre.me/902LT)
BEHLINGA, Hans Peder; CRUZ, Dulce Márcia. Comunicação e Linguagem na EAD.
Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/index.php/DIALOGO?dd1=2013&dd99=view>
(Atalho: http://migre.me/902Tv)
Leia com atenção o texto: Língua (Usos culto, coloquial e popular - gíria) de Luiz
Antonio Sacconi.
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fraque e cartola. Releva considerar, assim, o momento do discurso, que pode ser íntimo, neutro ou
solene.
O momento íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre amigos,
parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas perfeitamente normais construções do tipo:
Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma culta, deixando mais livres os
interlocutores.
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua da Nação. Como forma de
respeito, tomam-se por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta.
Assim, aquelas mesmas construções se alteram:
Eu não a vi hoje.
Ninguém o deixou falar.
Deixe-me ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuses!
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de comunicação de massa (rádio,
televisão, jornal, revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da norma
culta na pena ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço à
causa do ensino, e não o contrário.
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética, caracterizado por construções
de rara beleza. Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como tal, qualquer
transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o
comete, passando, assim, a construir fato linguístico registro de linguagem definitivamente
consagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplo:
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dispersar e Não vamos dispersar-
nos)
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair daqui bem depressa.)
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu posto.)
Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em virtude do seu significado, não
poderia ser adjetivo associado à indústria, já que não existe indústria que se pode tecer. Hoje,
porém, temos não só indústria têxtil, como também o operário têxtil, em vez da indústria de fibra
têxtil e do operário da indústria de fibra têxtil.
As formas: impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir, despedir e desimpedir,
respectivamente, são exemplos também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
linguísticos, já que só ocorrem hoje porque a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que
tem início na sua conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as formas então legítimas
impido, despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de usar.
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Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos econômica, não dispõe dos recursos
próprios da língua falada.
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação (melodia da frase), as pausas
(intervalos significativos no decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, olhares,
piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea
e natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e a evoluções.
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na língua falada. A nenhum povo interessa a
multiplicação de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de dialetos, consequência natural
do enorme distanciamento entre uma modalidade e outra.
A gíria
Ao contrário do que muitos pensam, a gíria não constitui um flagelo da linguagem. Quem,
um dia, já não usou bacana, dica, cara, chato, cuca, esculacho, estrilar?
O mal maior da gíria reside na sua adoção como forma permanente de comunicação,
desencadeando um processo não só de esquecimento, como de desprezo do vocabulário oficial.
Usada no momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que denota
expressividade e revela grande criatividade, desde que, naturalmente, adequada à mensagem, ao
meio e ao receptor. Note, porém, que estamos falando em gíria, e não em calão.
Ainda que criativa e expressiva, a gíria só é admitida na língua falada. A língua escrita não
tolera, a não ser na reprodução da fala de determinado meio ou época, com a visível intenção de
documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre amigos, familiares, namorados,
etc., caracterizada pela linguagem informal.
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UNIDADE 2
Ler bem exige tantas habilidades quanto escrever, pois a leitura ultrapassa a
superfície de juntar letras, palavras, frases e infere seu sentido maior: estabelecer uma
relação estreita do leitor com o texto. Leitura pressupõe: busca de informação,
conhecimento, entretenimento, interação. A importância da busca de bons textos para se ler
é fundamental para que haja um perfeito entendimento. A leitura de diferentes textos como
jornais e revistas podem trazer sérios impedimentos, a não ser que o leitor esteja
predisposto a superar essa dificuldade.
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Quadro 4 - Para que ler?
Objetivos Produto final
Livro, texto para mural, carta, bilhete
Escrever
relatório, e-mail.
Debate, seminário, reuniões na empresa,
Coletar argumento para
LER PARA apresentações, etc.
Decorar Representação teatral, sarau, jogral etc.
Não esquecer Fichamento, resumo, resenha etc.
Gosto, prazer, hábito, entretenimento,
Gostar de ler
busca de informações/conhecimento.
Para que você consiga descobrir-se como leitor, é importante perceber que a prática
de uma boa estratégia atende às expectativas daquele que se considera hoje, ainda um
“mau leitor”.
Ao longo de sua vida de estudante, você tem feito uso da leitura, mas será que
utilizou estratégias adequadas em cada situação de leitura? Não? Então vamos relembrá-
las?
As palavras-chave As ideias-chave
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Em linhas gerais, para fazermos uma boa leitura, devemos observar os seguintes
passos:
Exige uma visão abrangente em torno do assunto que estamos abordando, pois
significa reconhecer a pertinência dos conteúdos apresentados tendo como base o ponto de
vista do autor e a relação entre este e as sentenças-tópico.
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• Síntese: Colocar em ordem os pensamentos essenciais do autor; eliminar o
que é secundário e fixar-se no essencial.
1. Cada sociedade olha os referentes do mundo de acordo com o seu ponto de vista,
ou seja, de acordo com as suas intenções, escala de valores, focalização, ao manifestar sua
opinião.
Como ocorre a focalização? Depende das intenções das pessoas baseadas em seus:
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5. Tese: Prova demonstrativa/persuasiva. Ponto de vista defendido e construído na
forma de uma proposição declarativa afirmativa. A verdade de uma tese implica a falsidade
de outra.
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UNIDADE 3
O TEXTO
OBJETIVO DA UNIDADE: Desenvolver habilidades e estratégias com base em
conhecimentos necessários para a elaboração de um texto, de modo a construir uma
competência comunicativa, compreendida como a capacidade de as pessoas interagirem
entre si, por meio da linguagem.
Nesta Unidade, vamos estudar fundamentos teóricos que se fazem necessários para
compreender como se produz um texto, seja falado, seja escrito. Para isto vamos estudar
um pouco sobre alguns termos usados no estudo do texto. Você sabe o que é linguística do
texto ou linguística textual?
A Linguística do Texto ou Linguística Textual, como o seu próprio nome diz,
tem por objeto de estudo o texto. Ela é um ramo da Linguística, ciência que estuda a
linguagem verbal humana, manifestada por meio das diferentes línguas que existem no
mundo. Ao longo de sua história, passou por três grandes fases de desenvolvimento, que
foram incorporando elementos novos para a abordagem do texto.
Isto mesmo! Agora vamos saber quais foram essas três fases. Observe:
a) Primeira Fase
A Linguística Textual surgiu nos anos 60, na Europa, principalmente porque
pesquisadores da linguagem observaram que as gramáticas, que normalmente se
preocupam com o estudo da língua até o nível da frase, não dão conta de explicar vários
fatos, que só podem ser compreendidos para além da frase, dentro de um texto.
b) Segunda Fase
A Linguística Textual entrou em uma segunda fase na década de 1970. Pautando-se
pela concepção de linguagem como interação social, passou a ver o texto como uma
unidade de comunicação. Ou seja, quando falamos ou escrevemos, sempre o fazemos por
meio de textos, e não de frases, levando em consideração uma série de fatores: quem é a
pessoa a quem nos dirigimos, em que situação estamos, de que assunto vamos tratar. São
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fatores pragmáticos, isto é, fatores ligados ao contexto no qual se dá o ato de comunicação,
que interferem no modo como usamos a linguagem para interagirmos uns com os outros.
Importava, então, estudar o texto, sem separá-lo das condições em que ele era produzido.
No caso do texto falado, o próprio fato de o emissor e o receptor estarem presentes
face a face cria uma situação de trocas de falas, de modo que o texto é produzido por
ambos, com a possibilidade de haver explicações, retoques, ressalvas sobre o que está
sendo dito, manifestações de concordância ou discordância de opiniões, geralmente
acompanhadas de gestos e expressões faciais que sinalizam, para o interlocutor, o
andamento da interação.
Já no texto escrito, como o escritor e o leitor não estão presentes no mesmo espaço
e tempo do ato comunicativo, não há essa possibilidade de participação conjunta na
elaboração do texto. Isto não quer dizer que o leitor não seja considerado no momento de
produção do texto, pois, quando escrevemos, sempre temos em mente a pessoa a quem
nos dirigimos e elaboramos nosso texto de acordo com nosso leitor. Mesmo nos meios de
comunicação como o jornal escrito, o jornalista tem uma imagem de seu público leitor e
escreve pensando nesse público, embora não saiba exatamente que indivíduo vai
concretamente ler sua matéria. Se o leitor quiser expressar concordância ou não com a
matéria, usará, na próxima edição do jornal, do Painel do Leitor, numa interação feita,
portanto, a distância.
Em síntese, na sua segunda fase, nos anos 1970, a Linguística Textual incorporou,
ao estudo do texto, um conjunto de fatores pragmáticos ligados ao contexto de produção e
recepção de textos, ressaltando o funcionamento da língua em situações concretas de
comunicação.
c) Terceira Fase
Na década de 1980, a Linguística Textual, sem abandonar a visão pragmática,
voltou-se para os conhecimentos que as pessoas têm para elaborar um texto. Esses
conhecimentos são construídos culturalmente, na nossa vida social, e estão armazenados na
nossa mente, de forma que são colocados em prática pelos indivíduos, de acordo com as
situações de comunicação em que eles se envolvem. Assim, Koch (2004), seguindo
Heinemann & Viehweger (1991), salienta que, para processarmos um texto, acionamos
conhecimentos como:
o linguístico, referente às palavras e à gramática da língua portuguesa,
para produzirmos orações compreensíveis e estabelecermos as relações entre
os elementos do texto, conforme vimos nos comentários ao texto.
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o enciclopédico, relativo ao nosso conhecimento de mundo, adquirido seja
por declarações sobre fatos (A Terra gira em torno do Sol), seja por
experiências vividas em nossa sociedade, como a de férias, que nos lembra
lazer, passeios, sem trabalho ou escola. Se o professor pede uma redação
sobre suas férias, você não vai falar sobre aulas;
o interacional, que permite ao locutor, em função de seus objetivos
comunicativos, adequar seu texto à situação comunicativa, inclusive às
características do interlocutor, como vimos acima, bem como permite ao
interlocutor reconhecer os propósitos que o locutor pretende atingir, em uma
dada situação de interação, para que seja assegurada a compreensão do
texto;
o de modelos textuais, que nos fazem distinguir gêneros de textos e
produzirmos um texto segundo as características do gênero. Por exemplo, se
vamos escrever uma carta, seguimos um determinado modelo, diferente do
de um artigo para o jornal da escola. Do mesmo modo, uma conversa e uma
palestra, por serem gêneros diferentes, terão formatos próprios.
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3.1 O Conceito de Texto
Fonte: http://migre.me/98fV4
Por exemplo, sua melhor amiga ganhou bebê e você vai visitá-la no hospital. Nos
corredores do hospital aparecem placas com a expressão SILÊNCIO.
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A palavra texto provém do latim textum, que significa tecido,
entrelaçamento. (...) O texto resulta de um trabalho de tecer, de
entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um todo inter-
relacionado. Daí poder falar em textura ou tessitura de um texto: é a
rede de relações que garantem sua coesão, sua unidade. (INFANTE,
1991)
Segundo Mikhail Bakhtin, nenhum discurso é original. Toda palavra é uma resposta
à palavra do outro, todo discurso reflete outros discursos. É nesse terreno que se situa o
caráter dialógico da linguagem e suas múltiplas possibilidades de criação e recriação.
Fonte: http://migre.me/98fRP
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Interdiscursividade: É a relação entre dois discursos caracterizados por
um citar o outro. Toda relação interdiscursiva é também uma relação
intertextual. Contudo, a interdiscursividade é mais ampla, pois faz referência não
apenas a um texto ou a partes dele, mas também à ideologia nele subjacente.
Paródia: É um tipo de relação em que um texto cita outro geralmente com o
objetivo de fazer-lhe uma crítica ou inverter ou distorcer suas ideias.
Intencionalidade discursiva: São as intenções explícitas ou implícitas
existentes nos enunciados.
Fonte: http://migre.me/98fPS
Nos textos narrativos há um narrador, que é quem conta o fato. Esse locutor ou
narrador pode introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa. Para fazer a
introdução dessas outras vozes no texto, a voz principal ou privilegiada, o narrador, usa o
que chamamos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do texto? Discurso é a
forma como as falas são inseridas na narrativa.
O discurso pode ser classificado em direto, indireto e indireto livre.
a) Discurso direto
O discurso direto reproduz fiel e literalmente algo dito por alguém. Um bom exemplo
de discurso direto são as citações ou transcrições exatas da declaração de alguém.
Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala, usando aspas ou travessões
para demarcar que está reproduzindo a fala de outra pessoa.
Exemplo de discurso direto: “Não quero brincadeira” – disse a mãe em tom
áspero.
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b) Discurso indireto
O narrador, usando suas próprias palavras, conta o que foi dito por outra pessoa.
Temos assim uma mistura de vozes, pois as falas dos personagens passam pela elaboração
da fala do narrador.
Terceira pessoa – ele(s), ela(s) – O narrador só usa sua própria voz, o que foi dito
pela personagem passa pela elaboração do narrador. Não há uma pontuação específica que
marque o discurso indireto.
Exemplo de discurso indireto: A menina disse em tom zangado, que não gostava
daquilo.
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3.4 Coerência e Coesão Textuais
3.4.1 Coerência
É o instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e
dar um sentido completo a ele. Em outras palavras, é a ordenação das ideias de maneira
clara e lógica. Para que a coerência ocorra, as ideias devem se completar. Isto é, uma deve
ser a continuação da outra. O texto não é um aglomerado de frases.
Por exemplo: A natureza é essencial para a sobrevivência humana. A natureza deve
ser protegida. O homem deve proteger a natureza.
Fatores de coerência:
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Fatores de contextualização: Diz respeito à data, local, autor, elementos
gráficos, ilustrações etc. que ajudam a estabelecer a coerência textual.
3.4.2 Coesão
Observação:
Ao escrever um texto, é interessante que o acadêmico consulte esta tabela com os
principais elementos coesivos.
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Quadro 5 – Principais conectores linguísticos (Coesão)
SIGNIFICADOS CONECTORES LINGUÍSTICOS
Prioridade, Em primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente, acima de tudo,
Relevância precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo.
Tempo (frequência, Então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, pouco
antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim,
duração, ordem,
finalmente, agora, atualmente, hoje, frequentemente, constantemente, às vezes,
sucessão,
eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao
anterioridade, mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, enquanto,
posterioridade). quando, antes que, logo que, sempre que, desde que, cada vez que, apenas.
Ilustração,
Por exemplo, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber.
Esclarecimento
Propósito,
Intenção, Com o fim de, a fim de, com o propósito de.
Finalidade
Lugar,
Perto de, próximo a/de, junto a/de, dentro, fora, mais adiante, além, acolá, lá,
Proximidade,
ali, algumas preposições e os pronomes demonstrativos.
Distância
Resumo, Conclusão Em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa
Recapitulação, forma, dessa maneira.
Por consequência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em
Causa e virtude de, assim, de fato, com efeito, porque pois, porquanto, pois, que, já que,
Consequência uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, pois (posposto ao
verbo).
Contraste,
Oposição, Pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia,
Restrição, entretanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, conquanto, se
Ressalva, bem que, por mais que, por menos que.
Concessão
Fonte: Infante, 2006.
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Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 3.
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UNIDADE 4
Novamente convido você para, além de estudar pelo resumo que colocamos nesta
última unidade, que você possa estudar e aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto
em diferentes materiais de apoio. Isto inclui ler, discutir e verificar como agir diante das
diversas situações de comunicação em que se exija o uso de palavras que fazem parte das
novas regras de ortografia.
É bom lembrá-lo, também, que esta mudança aconteceu no âmbito da escrita, por
isto que se trata de um acordo ortográfico. Que quer dizer: correta grafia das palavras. Em
relação à ortografia é interessante conhecermos sua estrutura. Orto deriva da palavra
gregra “ortho” que significa correto/reto e grafia da palavra “graphos” que significa escrita.
Assim, a ortografia de uma língua consiste na padronização da forma gráfica de suas
palavras.
Vamos lá! Leia, estude, questione e procure utilizar a nova escrita para se
acostumar, pois a partir de 1º de janeiro de 2013, só poderemos escrever oficialmente, de
acordo com a nova e oficial ortografia.
4.1 Hífen
O Hífen não se usará mais nas seguintes situações:
quando o segundo elemento começa com S ou R, devendo estas consoantes
serem duplicadas, como em “antirreligioso”, “antissemita”, “contrarregra”,
“infrassom”. Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com
R -ou seja, “hiper”, “inter” e “super”- como em “hiper-requintado”, “inter-
resistente” e “super-revista” ;
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quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma
vogal diferente. Exemplos: “extraescolar”, “aeroespacial”, “autoestrada”.
4.2 Trema
O trema deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados.
4.3 Alfabeto
O alfabeto passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras “k”, “w” e “y”.
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nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com “u” tônico
precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i”. Com isso, algumas poucas
formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem
(arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas “averigue”, “apazigue”, “arguem”.
4.7 Grafia
No português lusitano:
desaparecerá o “c” e o “p” de palavras em que essas letras não são
pronunciadas, como “acção”, “acto”, “adopção”, “óptimo” -que se tornam
“ação”, “ato”, “adoção” e “ótimo”;
será eliminado o “h” de palavras como “herva” e “húmido”, que serão
grafadas como no Brasil -”erva” e “úmido”.
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REFERÊNCIAS
INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. Curso prático de leitura e redação. São Paulo:
Scipione, 1991.
JUBRAN, Clélia Cândida Abreu Spinardi (2005). Analisando o texto. Disponível em:
http://www.museulinguaportuguesa.org.br/colunas.php?pag=2&page=2&area=&palavra_ch
ave=&limit=10. Acesso em: 19/04/2019.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. (2006). Ler e compreender os sentidos do
texto. São Paulo: Contexto.
MACHADO, Anna Rachel. (2001) Por que e para que ensinar gêneros de discurso? Texto
palestra proferida no Instituto Sedes Sapientiae, agosto de 2001. (mimeografado).
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EXERCÍCIOS E ATIVIDADES
EXERCÍCIO 1
a) 5 – 1 – 3 – 2 – 4
b) 5 – 3 – 2 – 4 – 1
c) 1 – 2 – 3 – 4 – 5
d) 4 – 5 – 3 – 2 – 1
e) 5 – 3 – 1 – 2 – 4
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ATIVIDADE 1.1
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cadê a passagem? — gritou o agora irritado gerente, que já não mais cachimbava.
— Passagem? Mas que passagem? O senhor só pediu para reservar um lugar Ah! já ia
esquecendo: olhe, o senhor não leve a mal, por favor, mas... reservar se escreve com s e
não com z... – explicou Maria, com ar de professora, sorrindo e piscando muito os olhos.
— Escute aqui, moça: não preciso de suas lições! Sei muito bem como as palavras se
escrevem! Essa história de reservar com s ou com z não me "refresca" nada, agora! O que
eu quero simplesmente é a minha passagem para o Rio, poxa! Pode ser?
— Não, infelizmente, não pode ser, porque... reservar um lugar é uma coisa e comprar uma
passagem já é outra bem diferente...
Foi então que o gerente esmurrou a mesa e berrou a plenos pulmões:
— Cheeeeeeega, pelo amor de Deus! Isso já está virando uma palhaçada! Olhe aqui,
mocinha: ontem, eu deixei um bilhete, pedindo para você me comprar uma passagem para
o Rio, no trem das 8, de hoje a noite! Foi só isso que eu pedi. Tá claro? Mais claro que isso
daí... é impossível!
Imperturbável, retrucou a valente secretária:
— Não, seu gerente, não está nada claro! O senhor está completamente enganado! Não foi
nada disso que o senhor escreveu! Não acredita? Pois veja aqui o bilhete! Veja o que o
senhor escreveu aí! Leia, por favor! Olhe aqui: o senhor sabe, né? — Então, continuando: o
senhor me pede veja bem, o senhor até sublinhou, grifou duas vezes as palavras reserve e
à noite, certo? — Bom, continuando: o senhor me pede, aqui no bilhete, para reservar, a
noite, um lugar no trem das 8 para o Rio, 'tá? E como o senhor deveria viajar no dia
seguinte, então eu fiz exatamente, veja bem, exatamente o que o senhor mandou: fui à
estação, à noite, e pedi uma reserva, para o dia seguinte, no trem das 8 da manhã para o
Rio. Era só o senhor chegar hoje lá, na estação, um pouquinho antes das 8, comprar a
passagem, entrar no trem, pegar o seu lugarzinho bem gostoso, no meio do vagão, lado da
janela e... pronto! Fechava os olhos, dava uma boa cochilada e ... de repente... o senhor
acordava de cara para aquela lindeza de paisagem, o Corcovado, as praias... ai, aquilo é
bom demais!
De pé, boquiaberto, pálido, o gerente deixou o cachimbo cair sobre os papéis espalhados na
mesa.
— Eh, espere aí, que cara é essa, seu gerente? O que é que o senhor tem? Não está
passando bem? Quer que eu chame um médico?
— Médico... Você vai é comprar essa passagem agora, já, no trem das 8 da noite para o
Rio! Já, ouviu? Antes que eu faça um estrago aqui!
Mais que depressa, a secretária saltou sobre o telefone e ligou para a estação. Esforço
inútil: o trem da noite estava lotado.
Desta vez foi o gerente que desabou na cadeira, a cabeça entre as mãos, chorando
convulsivamente e lamentando-se:
— Meu Deus do céu, que mal que eu fiz pra sofrer assim? Onde foi que eu errei? Me
explique, Maria, por favor, eu lhe suplico: será que eu escrevo tão mal assim? Meu bilhete
está tão claro, tão simples... eu só pedi uma passagem no trem das 8 para o Rio e veja o
que você me aprontou! Agora eu vou perder um dos nossos melhores clientes lá no Rio! O
que é que vou fazer, você pode me explicar? Eu não entendo, francamente, eu não
entendo: todo mundo na firma já está cansado do saber quo eu não gosto de viajar de
avião, que eu só viajo de trem noturno, que sempre me reservam uma cabina com leito,
que eu adoro viajar em cabina com leito... poxa, mas onde foi que eu errei?
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Cautelosa, a secretária aproximou-se do gerente, devagarinho, e, pouco a pouco, com jeito,
começou a afagar a sua cabeça, enquanto explicava maternalmente:
— Calma, não chore, não fique triste assim. Vou mostrar direitinho onde foi que o senhor
errou. Calminha. Não chore não, 'tá? Veja, seu gerente, eu não sabia que o senhor só
gostava de viajar de trem, e ainda mais de trem noturno, em cabina com leito. No bilhete, o
senhor não disse nada disso.
Aos soluços, o gerente ainda tentava argumentar:
— Mas será que era preciso dizer mais alguma coisa? Estava tudo tão claro, tão óbvio na
minha cabeça... Será que a sua cabeça é assim tão diferente da minha, que você não é
capaz de entender uma ideia tão simples?
— Bem, já que o senhor perguntou, então eu explico: olhe, seu gerente, as nossas cabeças
são muito diferentes sim, é claro! Aliás, não existem duas cabeças iguais nesse mundo: o
senhor tem certas ideias na sua cabeça, eu tenho outras, o vizinho da sala ao lado já tem
outras bem diferentes, e assim por diante. Se a pessoa não explicar direito o que é que ela
quer, ninguém vai adivinhar, porque os pensamentos não estão grudados na testa da
gente, eles estão dentro da nossa cabeça e nós temos de saber colocar para fora essas
ideias. O senhor, por exemplo, queria que eu comprasse uma passagem, para o Rio de
Janeiro, no trem das 8 da noite, cabina com leito, não é mesmo? Mas acontece que o
senhor não conseguiu passar essa ideia para a minha cabeça, porque, pelo seu bilhete, eu
entendi outra coisa, completamente diferente da que o senhor tinha na cabeça. Quer ver?
Vamos começar por este trecho:
"(...) me rezerve, um lugar, à noite (...)"
Bem, o senhor já sabe quo reservar é com s, mas deixo pra lá, não é isso que importa
agora. Há erros mais graves aqui. Em primeiro lugar, se o senhor queria que eu comprasse
uma passagem, o certo, então, era escrever: "Segundo problema: o senhor não fala em
cabina com leito, mas em lugar, ora, lugar é urna palavra que pode significar muita coisa,
ao mesmo tempo: pode ser uma poltrona de 1.ª ou de 2.ª classe, no meio ou na ponta do
vagão, do lado da janela ou do corredor, e pode ser até uma cabina com leito! Terceira
falha, e esta é de sintaxe...
_ De sinta... de sintaxe? E eu vou lá me lembrar das regras dessa maldita análise lógica?
— Não, seu gerente, sintaxe não trata só de análise e das relações das palavras na frase,
das relações entre as frases, períodos etc. Estou falando bonito, não é? É que eu ando
estudando seriamente a língua portuguesa, com um professor muito inteligente (e muito
simpático também!) ...aliás, é obrigação minha saber corretamente o português, senão pra
que serve a secretária? Ah, sim, como ia dizendo, a sintaxe do seu recado está bem ruim.
Se o senhor observar bem o trecho "...me reserve, um lugar, à noite,..." — acho que o
senhor não aguenta mais, não? — bem, como eu dizia, se o senhor observar bem esse
trecho, vai ver que a ordem das palavras e, principalmente, a posição das vírgulas dão um
duplo sentido à frase. O senhor duvida? Então, veja bem: como há uma primeira vírgula,
separando a forma verbal reserve do objeto direto lugar, e como há uma segunda vírgula
logo depois de lugar, o leitor do bilhete pode juntar reserve com a noite e pensar que, em
vez de reservar um lugar noturno, o senhor, como autor do bilhete, mandou reservar à
noite um lugar... entendeu, seu gerente? Xi... parece que o senhor não está entendendo
nada ou, então, não gostou de minha explicação, não é mesmo? Pode até ser que eu tenha
sido meio confusa, mas... vou fazer um esqueminha aqui no papel, pra ficar claro o que
expliquei...
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Diante do gerente ainda em prantos, a zelosa secretária traçou algumas linhas, escreveu
algo e depois exibiu o seguinte esquema:
— Entendeu agora, seu gerente? A frase tem dois sentidos. Minha cabeça foi pelo segundo
sentido: por isto é que eu fui à noite, à estação, para reservar o lugar do senhor. Ah, e uma
última falha ainda, para terminar. Me diga uma coisa, seu gerente! Se o seu trem era o das
8 da noite, por que é que o senhor não escreveu logo: trem das 20 h? O senhor não acha
que muita confusão poderia ter sido evitada? Portanto, concluindo: com um bilhete assim,
com tantas falhas de sintaxe, de pontuação, de vocabulário, e até de ortografia, eu nunca ia
poder adivinhar as ideias que o senhor tinha na cabeça!
Enxugando as lágrimas e assoando ruidosamente o nariz, o gerente encarou a secretária
com um ar quase infantil e perguntou, com a maior inocência:
— Mas, então, Maria, como é que eu deveria ter escrito esse bilhete, afinal?
— Ora, é muito simples. O senhor podia ter escrito pequeno problema, Ê O seguinte:
quando a gente escreve 10 horas, 20 horas etc., é preciso colocar a abreviatura correta da
palavra horas, isto é: h, como manda a gramática, certo? Bom, agora vou mostrar como é
que acho que o senhor deveria ter escrito o bilhete:
"Maria: compre, para mim, uma passagem, em cabina com leito, no trem das 20 h de
amanhã (4.ª feira), para o Rio de Janeiro."
." Este é um bilhete claro. Aí, eu faria exatamente o que o senhor estava querendo.
— É só isso, Maria? Terminou a lição?
— Quem sou eu pra ensinar pro senhor! Mas já que o senhor perguntou, eu preciso ser
bem honesta: não terminou ainda não! Falta só uma coisinha agora, eu só digo se o senhor
não ficar bravo...
— O que é, Maria, o que é que está faltando ainda, poxa?
— Bom, eu achei, seu gerente, eu achei que o bilhete estava um pouco seco. Da próxima
vez, se o senhor quiser me deixar bem contente, o senhor poderia colocar um por favor ou
um muito obrigado, sabe, alguma palavrinha assim, só pra me agradar. A gente faz o
serviço com mais boa vontade. Quer ver como ficaria mais bonito? Veja, seu gerente:
"Maria: por favor, providencie, para mim, uma passagem em cabina com leito, no trem das
20 h de amanhã (4ª feira) para o Rio de Janeiro. Muito obrigado." cabeça entre as mãos.
— Como não adianta nada? Adianta, sim senhor! O senhor perdeu o trem, perdeu o cliente,
porém.... porém... aprendeu uma boa lição. Como dizia o meu pai, lá no interior onde a
gente morava: “Quem não escreve bem... perde o trem!” _ proclamou a vitoriosa Maria.
A história termina por aqui. Não sabemos se o gerente aprendeu a lição de sua prestimosa
secretária. Mas você e eu, caro leitor, podemos tirar muitos ensinamentos deste caso tão
...“dramático”. Parece ter ficado claro que, se não escrevermos bem, perderemos não só o
trem, mas uma porção de outras coisas bem preciosas. Cabe, então, antes de mais nada,
esclarecer uma questão básica: o que é escrever bem!
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(Fonte: BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de Comunicação Escrita. 10. ed. São Paulo: Ática,
1992)
a) Maria: devo ir ao Rio amanhã sem falta. Quero que você reserve um lugar, à noite, no
trem das 8 para o Rio.
b) Maria: devo ir ao Rio amanhã. Quero que você me compre, um lugar, à noite, no trem
das 8 para o Rio.
c) Maria: Compre, para mim, uma passagem, em cabina com leito, no trem das 20h de
amanhã (4ª feira), para o Rio de Janeiro.
d) Maria: vou ao Rio amanhã impreterivelmente. Quero que você me compre, à noite uma
passagem para o Rio no trem das 8.
e) Maria: devo ir no Rio amanhã. Quero que, à noite você me reserve, sem falta, um, lugar,
no trem das oito.
Agora é sua vez! Como você acha que este texto poderia ser escrito sem causar
ambiguidade? Reescreva-o de acordo com os seus conhecimentos.
EXERCÍCIO 2
Douglas Adams, genial autor do Guia do Mochileiro das Galáxias, criou um provérbio
sobre mudanças cuja tradução livre é assim: “Tudo o que já existia no mundo antes de
nascermos é absolutamente normal; tudo o que surge enquanto somos jovens é uma
oportunidade e, com sorte, pode até ser uma carreira a seguir; mas o que aparece depois
dos 30 é anormal, o fim do mundo como conhecemos... até que tenha estado aí por uma
década, quando começa a parecer normal”.
Pois é. Com exceções que justificam a regra, somos conservadores. Só que o mundo
muda o tempo todo e, desde sempre, cada vez mais rápido. Pense na internet. Parecia, no
começo, máquinas a serviço da ciência e dos negócios, onde nós, usuários, fazíamos coisas
sérias, como transações bancárias. Mas era muito mais. A rede tornou possível o
relacionamento direto entre pessoas, com o lado de cá (nós) participando da construção
dos instrumentos que usamos para, principalmente, interagir com outros humanos.
E há quem nasceu “na” internet. Pesquisa da Nielsen diz que as crianças (2 a 11 anos
de idade) estão na rede em peso. Enquanto o número total de usuários cresceu 10% entre
2004 e 2009, o de crianças subiu 19%. E o número de horas na rede, entre a garotada,
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cresceu 63% no período, de 7 horas por mês em 2004 para mais de 11 horas em 2009,
contra um aumento do número de horas online, como um todo, de 36%.
E isso quer dizer o quê? Primeiro, que as crianças estão usando a “rede” como parte
essencial de suas redes, como extensão da escola, conexão com familiares distantes,
diversão, e por aí vai. Segundo, quem nasce em rede vive em rede; é como aprender a ler:
tirando raros casos, ninguém desaprende. No futuro, todo mundo estará em rede, em todo
lugar, o tempo todo, para todas as coisas. Menos uma ou duas. Que justificarão a regra.
Isso também quer dizer que pessoas “do séc. 19”, que passaram quase incólumes
(inviolados) pelo séc. 20, vão achar que crianças na rede, no séc. 21, esse tempo todo
(menos de uma hora por dia) é um absurdo. Capaz de haver uma correlação com quem
achava que mulheres não deveriam votar, que voto, de resto, era só pra quem tinha posses
e, por sinal, pra que ler e escrever, coisa de literatos e desocupados?
O futuro das crianças – e dos adultos - é estar online, 24 horas por dia. Daqui para
frente, se você existe, existe na rede, em tempo real e o tempo todo. Se você sabe de
alguém que não está, torne-se um missionário: traga essa alma perdida para nosso
convívio, na rede. Antes que seja tarde. Demais.
O futuro vem das crianças, das múltiplas formas como elas estão construindo, em
rede, suas relações. E nós podemos – ainda - fazer parte dele. Pois a rede, pra todo mundo,
começa parecer normal...
d) O futuro vem das crianças, das múltiplas formas como elas estão construindo, em
rede, suas relações.
e) E nós podemos – ainda - fazer parte dele. Pois a rede, pra todo mundo, começa
parecer normal...
ATIVIDADE 2.1
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
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no meio do caminho tinha uma pedra
Em algum momento da sua vida você já deve ter lido esse poema de Carlos Drummond de
Andrade, não é mesmo? Pois saiba que o consagrado poeta, considerado o maior do século
XX, recebeu inúmeras críticas por causa desses versos. Ele colecionou recortes de jornal
com artigos sobre o poema e cada opinião dos “entendidos” no assunto, e quando os
versos completaram quarenta anos, Drummond publicou um livro divulgando todas as
críticas recebidas, uma espécie de biografia de “No meio do caminho”. Mas o que haveria
de errado com o poema publicado em 1928 na famosa Revista de Antropofagia? Por que ele
despertou tanto interesse e provocou tanta celeuma?
Os versos de “No meio do caminho” foram considerados pobres e repetitivos, rejeitados por
conta de seu “brasileirismo grosseiro, erro crasso de português” (essas foram as palavras
usadas na crítica feita pelo jornal Folha da Manhã em 1942), uma crítica nada amistosa que
condenava a substituição do verbo “haver” pelo verbo “ter”, considerado coloquial demais
para ser usado na Literatura. Drummond ficava aborrecido com a polêmica em torno de
seus versos e com a incapacidade que seus críticos tinham em compreender que a língua e
a fala são elementos indissociáveis. O poeta já sabia disso há mais de oitenta anos, mas até
hoje os “erros de português” são discutidos à exaustão, na maioria das vezes essas
discussões desconsideram importantes elementos, como as variações linguísticas.
Felizmente, a língua portuguesa evoluiu, e substituir o verbo “haver” pelo verbo “ter” não
rende mais nenhuma notinha pequenininha no canto do jornal. Isso nos traz um
questionamento interessante, que nos faz lembrar que a língua é um organismo vivo e
dinâmico. Mas, afinal, qual será o futuro da língua portuguesa? O que era absurdo há
oitenta anos, hoje é absolutamente aceitável. Será que o que é absurdo hoje também será
aceitável daqui a, por exemplo, cem anos? Provavelmente, sim. Os brasileiros de hoje
dificilmente travariam um diálogo corriqueiro com brasileiros que viveram há duzentos anos,
assim como nós seríamos possivelmente incompreendidos por brasileiros dos anos 2200. Já
imaginou como seria engraçado esse encontro de gerações?
O português brasileiro é extremamente receptivo se comparado ao português lusitano, que,
na defesa quase quixotesca do idioma, execra estrangeirismos e neologismos. No Brasil, a
língua portuguesa é uma menina simpática, recebe bem novos vocábulos – vindos
sobretudo do inglês – e, às vezes, até arruma um espaço no dicionário para que essas
novas palavras fiquem mais à vontade em nossa lexicografia. Importar e adaptar palavras
não é exatamente uma novidade: no início do século XX o francês era um dos idiomas mais
importantes justamente porque a França exercia grande poder sobre o mundo. Então
chique era falar francês e importar o máximo possível de vocábulos desse idioma. Depois,
com a ascensão do poder estadunidense, a língua inglesa virou uma febre mundial, então
copiamos expressões e palavras do inglês, subservientes ao seu poder cultural.
Não se espante se de repente o mandarim, língua oficial da China, começar a infiltrar-se em
terras brasileiras, porque a História prova que a tendência é copiarmos palavras de outros
países que se tornaram importantes. Não se espante também se de repente falares
considerados incultos começarem a ganhar prestígio linguístico, porque a moda agora é
valorizar as diferenças entre grupos (viva à globalização!). Então alguns dialetos regionais
do Brasil podem ganhar notabilidade e respeito, corroborando a ideia das variações
linguísticas.
O gerundismo, vício de linguagem que hoje é visto com maus olhos pelos estudiosos da
língua, pode vir a ser parte integrante da norma culta, basta que ganhe prestígio e alcance
textos escritos sem que fiquemos espantados por isso. A grande verdade é que a evolução
da língua portuguesa é visível, ela é cotidianamente modificada por seus falantes, seus
verdadeiros donos. Somos nós quem decidimos quais palavras ficarão consagradas pelo uso
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e quais palavras serão descartadas pela falta de adesão dos falantes. As mudanças são tão
rápidas que gramáticas e dicionários mal conseguem acompanhar, ficam aguardando que
expressões e palavras permaneçam no idioma para só assim fazerem alterações nos
compêndios. Portanto, o que hoje se configura como inovação da língua portuguesa poderá
vir a ser padrão na escrita para nossos netos! Quanto à pergunta sobre o futuro da língua,
a resposta só o tempo trará.
PEREZ, Luana Castro Alves. "O futuro da língua portuguesa"; Brasil Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/o-futuro-lingua-portuguesa.htm>. Acesso em: 20
set. 2019.
EXERCÍCIO 3
Quando se diz que a escola precisa levar em conta a fala, muitos pensam que isso
significa que se deve ensinar os alunos a falarem bonito, no estilo em que se escreve. Esse
treinamento pode até ser feito, mas não é isto que os linguistas querem dizer.
Se a escola tem por objetivo ensinar como a língua funciona, deve incentivar a fala e
mostrar como ela funciona. Na verdade, uma língua vive na fala das pessoas e só aí se
realiza plenamente. A escrita preserva uma língua como um objeto inanimado, fossilizado.
A vida da língua está na fala.
Muito pouco se conhece da fala portuguesa. E, não raramente, têm-se noções
erradas a esse respeito. A escola, como dissemos antes, gira em torno da escrita, mesmo
quando tenta abordar questões que só existem na fala. É preciso ter em mente o que
pertence à fala e o que pertence à escrita. Isso parece óbvio, mas a prática tem mostrado
que há muita confusão e má compreensão dessas duas realidades da língua.
ATIVIDADE 4.1
Para cada item você tem a regra a ser aplicada. Reescreva as palavras conforme
o novo acordo ortográfico.
1º O acento agudo desaparecerá em três casos:
a) Nos ditongos (encontros de duas vogais proferidas em uma só sílaba) abertos ei e oi das
palavras paroxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com mais intensidade é a penúltima).
Idéia
Geléia
Bóia
Jibóia
Alcalóide
Alcatéia
Asteróide
Celulóide
Colméia
Estréia
Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam sendo
acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis,
herói, heróis, troféu, troféus, chapéu, chapéus, anéis, dói, céu, ilhéu.
b) Nas palavras paroxítonas com i e u tônicos formando hiato (sequência de duas vogais
que pertencem a sílabas diferentes), quando vierem após um ditongo. Veja:
Baiúca
Bocaiúva
Feiúra
Taoísmo
c) Nas formas verbais que possuem o u tônico precedido das letras g ou q e seguido de e
ou i. Esses casos ocorrem apenas nas formas verbais de arguir e redarguir. Observe:
Argúis
Argúem
Redargúis
Redargúem
2º O acento diferencial é utilizado para auxiliar na identificação de palavras homófonas (que
possuem a mesma pronúncia). Com o acordo ortográfico, ele deixará de existir nos
seguintes casos:
Para
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Péla(s)
Pêlo(s)
Pólo(s)
Pêra
Atenção: existem duas palavras que continuarão recebendo acento diferencial:
pôr (verbo) -> para não ser confundido com a preposição por.
pôde (verbo poder conjugado no passado) -> para que não seja confundido
com pode (forma conjugada no presente).
4º O trema, sinal gráfico utilizado sobre a letra u dos grupos que, qui, gue, gui, deixa de
existir na língua portuguesa. Lembre-se, no entanto, que a pronúncia das palavras continua
a mesma.
Agüentar
Bilíngüe
Conseqüência,
Delinqüente
Freqüente
Atenção: o acordo prevê que o trema seja mantido apenas em nomes próprios de origem
estrangeira, bem como em seus derivados.
Exemplos: Bündchen, Müller
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