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Alberto Firmino Nhamuessi

André Robath Lyukuto


António Gabriel Fonseca
Oreste Marcelino dos Santos Oreste

Pensamento Educacional na Antiguidade


Licenciatura em ensino e Matemática com habilitação em Física

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2021
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Alberto Firmino Nhamuessi

André Robath Lyukuto

António Gabriel Fonseca

Oreste Marcelino dos Santos Oreste

Pensamento Educacional na Antiguidade

O trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue no departamento de ciências
Naturais e Matemática, na cadeira de
Filosofia da Educação no curso de
Licenciatura em Ensino de Matemática, 4°
ano, 1° semestre Leccionado pelo:

Docente:

dr. Samuel António Sousa

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2021
3

Índice
Introdução...................................................................................................................................3

O Pensamento Educacional na Antguidade................................................................................4

Os Pensadores da Grécia e Roma (Platão, Aristóteles, Sócrates, Quintiliano)...........................9

A Teoria Educacional de Platão (427 – 348 a.C.).......................................................................9

A Teoria Educacional de Aristóteles (384 a.C. 322 a.C.).........................................................11

Teoria Educacional de Sócrates (470 – 399, a.C.)....................................................................13

Teoria Educacional de Quintiliano (35 – 95 DC).....................................................................14

Conclusão..................................................................................................................................17

Bibliografia...............................................................................................................................18
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Introdução
O surgimento e o desenvolvimento da problemática pedagógica acompanham a gênese da
sociedade desde seus primórdios até os dias atuais. Assim, torna-se presente o questionamento
sobre os fundamentos da educação, isto é, sobre as razões que tornam possível esse fenômeno
social e cultural. Tal questionamento se reduz à pergunta sobre o fundamento no âmbito da
reflexão filosófica.
A educação encontra-se na base de qualquer sistema político e social, sendo suporte
indispensável para a realização tanto dos fins subjetivos (do indivíduo) como dos fins
objetivos (da sociedade). O grande desafio com o qual a educação sempre se depara é como
reconciliar os fins subjetivos com os objetivos. Essa será a base da nossa reflexão, tendo como
norteadora a gênese histórica da educação.

Assim, iremos conhecer os primeiros passos da Educação na sociedade arcaica, Antigo


especificamente. Em seguida, terá a oportunidade de se familiarizar com os modelos gregos
de educação e seus grandes representantes, como: Platão, Aristóteles, Sócrates, Quintiliano.
Compreendendo as influências que estes exerceram nas épocas helenística e romana.
Iniciaremos nosso estudo sobre os fundamentos históricos e filosóficos da educação pelos
vestígios mais remotos de uma atividade pedagógica da antiguidade no Grécia e Romana.
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O Pensamento Educacional na Antguidade


A Grécia é o berço de nossa civilização, logo se justifica que comecemos nossas reflexões,
considerando a contribuição dos gregos na área da Educação, mais especificamente, no
âmbito dos ideais de formação humana. O mundo grego foi pródigo em tendências
educacionais, mas os ensinamentos de Sócrates, Platão e Aristóteles prevaleceram, sem
dúvida, sobre os demais pensadores daquela época.

Seguindo as pesquisas históricas e filosóficas, podemos reconhecer, na Grécia, principalmente


no período clássico, esboços de modelos teóricos, cognitivos, éticos e estéticos que dão
origem a toda a cultura ocidental. Essa gloriosa civilização grega e suas incomparáveis
contribuições no âmbito cultural vão-se desenrolando durante quatro períodos: homérico,
clássico, helenístico e romano.

O período homérico e a educação

Para compreender melhor a educação homérica, temos de, em princípio, compreender a sua
religião, pois é desta que aquela tomará inspiração.

A epopeia homérica, que origina a religião dos antigos gregos, parece não ter analogia com
outra religião, pois não se baseia em uma relação de adoração, como qualquer outra, mas,
antes de tudo, de rivalidade. Aos deuses gregos, são atribuídos traços humanos, ou seja,
antropomórficos. Eles são bons ou maus, justos ou injustos, nobres ou covardes; enfim, são
como os humanos. A única diferença que podemos ressaltar entre deuses e humanos é o fato
de os deuses serem imortais. No entanto, os homens também poderiam sê-lo; bastava agirem e
comportarem-se como heróis.
Havia uma rivalidade entre os deuses e os heróis humanos, o que, por sua vez, forçava o
homem a superar-se, a tornar-se um deus e a concorrer com eles. Era uma religião que
necessitava do "homem-herói". À base desse paradigma heroico da existência humana, em
que o herói preferia a morte – após uma luta sangrenta coroada pela glória – do que a
existência feliz, a educação toma inspiração.
A educação homérica foi o primeiro modelo de formação em excelência; a primeira versão da
Paideia grega. Temos de notar que esse modelo propiciava a formação do lado subjetivo do
homem, todavia, essa formação de excelência traria também para o Estado enorme benefício,
pois é o herói quem, nos combates, glorificava e dava relevância ao seu Estado.
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Nesse período, o povo grego ainda não dominava a arte de ler e escrever, e, por isso, a
educação era transmitida oralmente. A Ilíada e a Odisseia eram a base dessa transmissão oral.
Os heróis das epopeias serviram como modelo de imitação para os jovens.
O processo de formação dos jovens gregos efetuava-se por meio da disputa e da concorrência,
já que se acreditava que esse era o caminho para o homem se desenvolver. Com isso, a
disputa tornar-se um meio imprescindível para o gênio se destacar e ficar reconhecido. Foi o
ostracismo que revelou esse modelo agônico de educação. Segundo tal modelo, se, numa
disputa, aparecesse alguém que superasse, em muito, os outros competidores, este teria de ser
isolado e transferido para outro grau de disputa, para que esta não cessasse. Pode-se
reconhecer essa mentalidade em todas as manifestações da cultura grega, como nos jogos
olímpicos e nas disputas sofísticas. Em suma, a educação homérica permeava e fundamentava
essa cultura fenomenal..

Período clássico
Por volta dos séculos 5 a.C. e 4 a.C., a cultura grega entra no período clássico do seu
desenvolvimento. Nesse período, entre as Pólis gregas, duas merecem destaque, revelando
dois modelos diferentes de educação que são: Esparta e Atenas.

Esparta

Por volta do ano 800 a.C., na estrutura social da Grécia, surge a cidade-Estado, chamada
pólis. Havia várias polis, com estruturas política e social próprias. Entre elas, frequentemente
explodiam conflitos seguidos por guerras. Essa é a razão pela qual mantinha os cidadãos em
prontidão constante para, se necessário, travar lutas em sua defesa, pois o bem do Estado
conferia o maior valor às ações humanas. Talvez, a manifestação mais clara dessa mentali-
dade grega seja apresentada por Esparta e seu modelo educativo, o qual servirá, em partes, de
base a Platão, para descrever o seu Estado perfeito.
Em Esparta, o ideal homérico de formação manteve-se mais intacto, pelo menos na sua versão
bélica. No entanto, o indivíduo não é concebido na sua dimensão subjetiva, e, portanto, a sua
formação tendia, sobremaneira, a beneficiar o Estado. O Estado atribuía à educação uma
missão fundamental para a sua conservação, na medida em que ela deveria formar cidadãos
compatíveis com o projeto político de Esparta.

Foi por essa razão que o Estado espartano considerava as crianças e os jovens como sua
propriedade, os quais deveriam ser moldados conforme seus fins.
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Em Esparta, as crianças, ao nascerem doentes ou com alguma deficiência, eram jogadas de


um despenhadeiro ou adotadas por um hilota. Caso fossem sadias e do sexo masculino, ao
completarem 7 anos de idade, eram entregues ao Estado para serem treinadas nos
estabelecimentos militares. As meninas ficavam com as mães para aprenderem as atividades
domésticas. Os meninos, ao completarem 12 anos, dedicavam-se às práticas esportivas e, ao
completarem a maioridade, recebiam treinamentos rigorosos de preparação para a guerra: as
crianças tinham de andar descalços e nus para ficarem com a pele mais grossa e eram
chicoteados até sangrar para aprenderem a dominar a dor.

Dos 20 aos 30 anos permaneciam nos quartéis à espera de convocação


para alguma guerra” (Azevedo et al., 2005, p. 58).

Ao completarem 30 anos, os homens conquistavam a cidadania (liberdade civil), porém só


estavam liberados do serviço militar após completarem 60 anos de idade. Essa era a forma de
educação espartana.

Ao contrário do modelo espartano, a educação ateniense revela-nos um ideal mais humano e


liberal, ou seja, mais voltado ao aperfeiçoamento pessoal e subjetivo

Atenas
Atenas é uma cidade-estado democrática, nos moldes daquela época, usava o processo
educativo como um meio para que o indivíduo alcançasse o conhecimento da verdade, do belo
e do bem.

Se o Estado espartano atestava a propriedade das crianças, em Atenas, tal propriedade cabia à
família e, antes, ao pai.

O ideal educativo de Atenas visava a três aspectos: ginástica, música e escrita. A ginástica
justificava-se, além das necessidades militares, pelo ideal humanista de harmonia entre corpo
e mente. Ao estudo da música, cabia o papel de formar o senso de temperança e de moderação
nos jovens, como, por exemplo, evitar falar e agir com indecência. Se, por um lado, à escrita
cabe o principal meio de aquisição de conhecimentos e interação com estes, por outro, a
criação do alfabeto naturalmente impõe a necessidade de tal estudo.

A esse respeito: "Estamos no liminar da grande descoberta educativa


ateniense e, também, de toda cultura grega: a Paideia", afirma Cambi
(1999, p. 85.)
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As principais ideias que a sociedade ateniense eleva como "bandeira" do seu humanismo
expressam-se em termos de igualdade, liberdade e individualidade.

A educação tornou-se aberta a coletividade, o número de crianças aumentou muito então e


necessário um local onde possa se dedicar ao estudos, dai e que surge a escola. Nesse local as
crianças aprendem: musica, ginástica o alfabeto, a disciplina era mantida como uso do
chicote, violência física era normal nas relações entre os alunos e os mestres, de ambas as
partes. A educação elementar completava-se em torno aos 13 anos, os mais pobres iam a
busca de um Oficio, enquanto os abastados eram encaminhados ao ginásio. Com o passar do
tempo foi surgindo à discussão literária que abriu espaço para outros assuntos tais como:
matemática, geometria e astronomia, com a criação de bibliotecas e salas de aula, o local
ganhou ares de escola secundária.

Dos 16 anos a 18 anos a educação assume outra dimensão, surge a Efebia, instituição de
ensino militar, com o fim do serviço militar em Atenas, a Efebia, se constituiu a educação
onde se ensina a filosofia e literatura. E é necessário compreender as mudanças na educação a
partir das novas exigências da Polis, essa formação tem que ter finalidades cívicas, a
preparação para a cidadania, é essa cônscia faz sentir a necessidade do novo tipo de educação,
pois ginástica e música já satisfazem as novas exigências sociais e politicas. Segundo o
legislador Solo:

Como se pode ser observado não a existia o ensino de profissões, os ofícios se aprendia no
próprio local de trabalho as execuções ficavam na conta da Arquitetura, e da Medicina,
consideradas artes nobres. Com os sofistas, teve inicio um tipo de educação superior, pois eles
profissionalizaram os mestres e a didática ampliando as disciplinas de estudo. Eram
professores que ofereciam o ensino de virtude, da Arte política em troca com o dinheiro,
transformaram a educação em arte ou técnica da qual eles são mestres e capazes de ensinar os
seus alunos. Estava incluído ai a formação dos dirigentes públicos do estado para que
tivessem o êxito na carreira era necessário dominar a retórica, a dialéctica, e a oratória
sofistica. Por esse motivo foram acusados por Sócrates (469-399), e o seu discípulo Platão
(428-347/8) a.C. de ensinar uma educação imoral que corrompia a juventude, visto, que esse
tipo de educação desconsiderava valores tradicionais como: verdade, justiça, virtude, e
retidão, etc.
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Para contrapor as ideias dos sofistas surge um outro conceito de educação como: Paideia, que
busca formar o homem nas suas varias formas (politicas, social, cultural, educativa), esse
conceito que nasce o pensamento da educação como Episteme, não mais praxis.

Na Paideia esta presente a ideia da educação do homem como um ser autentico, ou seja, o a
educação total da pessoa física, moral estética, religiosa politica. Ela constitui um ideal de
cultura baseada na ideia de que a comunidade e o individuo são responsáveis um pelo outro,
transformando evoluindo, um do outro.
Educação na Época do Helenismo
O protagonista dessa época é Alexandre, o Grande, homem que transformou, profundamente,
o mundo antigo. Em consequência da sua política, a cidade-Estado perdeu sua atualidade.

Em virtude de sua política as fronteiras do novo império avançaram implacavelmente. O


inevitável sincretismo entre as culturas e tradições dos diferentes povos, exigia um novo
modelo de homem, bem diferente do homem da pólis grega, o homem cosmopolita. O
desenvolvimento da infraestrutura e o surgimento de novas cidades-centro, aspectos que
descrevem o caráter de cada grande império, mudam, completamente, a vida das pessoas.

Tais mudanças políticas e sociais engendram novos desafios para a educação. No âmbito
dessa visão cosmopolita, a educação visa o desenvolvimento pessoal. Norteada pelos valores
cosmopolitas, a educação devia preparar o indivíduo para uma atuação mais vasta e
abrangente, que o fizesse ultrapassar as fronteiras da sua cidade natal e atuar como cidadão do
mundo, como verdadeiro cosmopolita.

Fundada por Alexandre, no ano 332 a.C., Alexandria tornou-se o centro principal do novo
império, emergindo como o berço da civilização alexandrina. Nela, surgem novas escolas cujo
papel fundamental é a transmissão desse novo ideal. Nesta cidade surgiu a maior instituição
educativa do mundo antigo – o Mouseion, que possuia o maior acervo de manuscritos (mais
de 700.000) dos maiores pensadores e cientistas até então conhecidos. O Mouseion foi
ambiente de encontros e de convívio entre mestres, sábios e discípulos, onde estes moravam e
trocavam saberes e conhecimentos.

O enorme acervo da biblioteca possibilitava intensa interação com a literatura e suas diversas
ramificações: filosofia, geometria, gramática, geografia, história etc. Esse fato possibilitava o
novo ideal – a formação completa do homem.
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Educação Romana
A educação romana tem por objetivo a formação de virtudes cívicas. Trata-se de uma
educação voltada às necessidades do Estado, baseada, por muito tempo, nos mandamentos
sagrados das "Doze Tábuas". Ela dispensava a formação intelectual do indivíduo. O ideal
promovido por essas tábuas contemplava um código civil inspirado na fidelidade à tradição, à
dignidade, à firmeza, à coragem e à piedade. A respeito dessa questão, em seu livro História
da educação, Thomas Ramson Giles (1989, p. 31) afirma: "O ideal romano é prático, pois
orienta-se para a lei e para a ordem, o dever do Estado, às tradições ancestrais e à dignidade
auto-suficiente".

O ideal da sabedoria e da virtude que a educação romana contemplava, na consiste em


aprender as artes que são necessárias para o Estado. Nesse caso, estamos diante de uma
educação voltada para a sociedade e sua conservação. O fato de a escrita ter sido utilizada,
sobretudo, para copiar leis, tratados e orações, e não desempenhar o papel de vincular novas
ideias, como ocorria no período clássico, mostra o caráter conservativo da sociedade romana.

O papel fundamental dessa formação cívica cabia à família e se centrava na figura do pai e no
seu poder absoluto. Era na família que as crianças aprendiam as virtudes morais, a reta
conduta e as obrigações sociais. Essa era a razão por que, naquele tempo, as escolas tinham,
no processo pedagógico, menor importância que a família.

Os Pensadores da Grécia e Roma (Platão, Aristóteles, Sócrates, Quintiliano)

A Teoria Educacional de Platão (428-348 a.C.)


Platão nasceu em Atenas em 428 a.C. e morreu em 348 a.C. Recebeu uma educação clássica,
como todos jovens atenienses, sendo preparado para actuar nos jogos e para a guerra.

Aprendeu também música e literatura, além de frequentar os sofistas para adquirir as habi-
lidades da retórica, necessárias à participação da vida política na cidade, como era comum aos
filhos dos cidadãos livres. Aos 20 anos, começou a fazer parte do círculo de Sócrates, em
Siracusa. Com essa mesma idade, conheceu também alguns jovens pitagóricos, estabeleceu
com eles laços de amizade, ocasião em que, provavelmente, tomou contato com o pensamento
de Parmênides.

Ao se tornar discípulo de Sócrates, Platão começa a questionar a formação aristocrática que


recebeu e os modos de vida aos quais se encontrava submetido. Com essa atitude, ele
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problematiza os princípios em que se assentava a política de seu tempo, tornando-se crítico da


mesma. Sócrates marcou tão profundamente a vida e a educação de seu discípulo Platão a
ponto de se tornar personagem central de boa parte de suas obras.

A filosofia platônica se delinearia a partir da tentativa de encontrar solução para o problema


do conhecimento. A or igem do conhecimento e a forma como as Ideias relacionam-se com os
objetos ocuparão espaço importante nas investigações do filósofo.

Platão foi considerado o primeiro pedagogo, por ter concebido um plano geral de educação e
disciplina para a juventude de seu tempo e por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política.
Para ele, o objetivo final da educação era a formação do homem moral, vivendo em uma
cidade justa e virtuosa.

Principais Ideias

 Educação como arte de orientar e despertar alguém (reminiscência) para o bem. (cf.
PLATÃO: 2006, VII, § 518);
 Educação básica obrigatória e gratuita para todos, homens e mulheres;
 Educação orientada a cada um segundo as suas habilidades naturais, pois “cada um tem
natureza própria.
 Uma educação que oriente as crianças e os jovens para os valores de nobreza e de
excelência. Todos deviam procurar aproximar-se o mais que puderem da perfeição, qualidade
que só os deuses possuem. Somente assim educado, na beleza e na perfeição, é que o homem
adulto será capaz de amar e procurar as coisas belas e, odiar e rejeitar as feias, e tornar-se
homem perfeito (cf. Ibidem, II, § 378);
 A educação deve propiciar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter,
sendo a ginástica para o corpo e música para a alma”: primeiro, música e, depois, ginástica,
desde crianças e até toda a sua a vida (cf. PLATÃO, 2006:57, II, § 376).
 Uma educação preocupada pela recuperação e preservação de valores e de gestos de
respeito que na altura pareciam estar a se perder.
 Uma educação sem violência (cf. Ibidem, p. 234, VII, § 537).
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A Teoria Educacional de Aristóteles (384 a.C. 322 a.C.)

Aristóteles nasceu em 384-383 a.C., em Estagira, na fronteira Macedónia Com dezoito anos
Aristóteles, que já alguns anos havia ficado órfão., viajou para Atenas atraído pela intensa
vida cultural da cidade e logo ingressou na academia platónica.

Discípulo de Platão, mestre de Alexandre Magno e fundador da escola chamada Liceu, o


primeiro lógico via na escola o caminho para a vida pública e o exercício da ética. Dos
pensadores da Grécia antiga, Aristóteles foi o que mais influenciou o ocidente.

Na época de Aristóteles duas instituições educacionais disputavam em Atenas a preferência


dos jovens.

De um lado Isócrates, seguindo a trilha dos sofistas, propunha-se a desenvolver no


educando a Arete politica ou seja, a virtude ou capacitação para lidar com os
assuntos relativos a polis, transmitindo-lhe a arte de emitir opiniões prováveis sobre
coisas uteis, (ARISTOTELES, 2000,p.20).

Nessa perspectiva o que se fazia importante era o desempenho oratório, a arte de convencer as
pessoas através do uso hábil da palavra e isso era um papel relevante na cidade – estado
grego.

A segunda instituição era a academia de Platão onde se ensinava que a base para qualquer
acção deveria ser a investigação científica de índole matemática. Nessa instituição ele
mostrava a seus discípulos que a actividade humana para ser correta e responsável, deveria ser
norteada a seus discípulos pela ciência (episteme) e não por valores instáveis. O educando
estudava para não ser convencido pelo uso hábil e manipulador da arte da palavra, e sim, para
buscar o significado das palavras, ou seja, sua essência, o que de fato são para além das
aparências. Platão apontava um ideal de linguagem construída em função das ideias, essas
justas medidas de significação e realidade. Platão, então, procurava a essência das palavras,
não só o seu significado, mas a sua realidade.

Em suas reflexões sobre ética, Aristóteles afirma que o propósito da vida humana é a
obtenção do que ele chama de vida boa. Isso significava ao mesmo tempo vida ‘do bem’ e
vida harmoniosa.” Ou seja, para Aristóteles, ser feliz e ser útil à comunidade eram dois
objetivos sobrepostos, e ambos estavam presentes na actividade pública. O melhor governo,
dizia ele, seria “aquele em que cada um melhor encontra o que necessita para ser feliz”.
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A educação para este autor é um caminho para a vida pública, prossegue Carlota. Cabe a
educação a formação do carácter do aluno. Prosseguir a virtude significa, em todas as atitudes
buscar o justo meio. A prudência e a sensatez se encontram no meio-termo ou medida justa
desenvolveu o conceito de educação partindo da ideia de imitação. O que nos animais é
apenas capacidade imitativa, no homem se converte numa arte.

Principais  Ideias

 O homem é por natureza um ser político e social e a educação é o meio para viver feliz
em sociedade; (cf. ARISTÓTELES, 1985: II, 2)
 A educação como um caminho para a vida pública. Cabe à educação a formação do
carácter do aluno.
 A virtude como o “justo meio”. A prudência e a sensatez se encontrariam no meio-
termo, ou medida justa – “o que não é demais nem muito pouco”.
 Todas as coisas têm uma finalidade: todos os seres vivos se desenvolvem de um estado
de imperfeição (semente ou embrião) a outro de perfeição (correspondente ao estágio de
maturidade e reprodução).
 Por ter potencialidades múltiplas, o ser humano só será feliz e dará sua melhor
contribuição ao mundo se desfrutar das condições necessárias para desenvolver o talento. A
organização social e política, em geral, e a educação, em particular, têm a responsabilidade de
fornecer essas condições.  
 A virtude é uma prática e não um dado da natureza de cada um, tampouco o mero
conhecimento do que é virtuoso, como para Platão (427-347 a.C.). Para ser praticada
constantemente, a virtude precisa se tornar um hábito (que se pode adquirir na escola);
 Contra Platão, negou a existência de um mundo supra-real, onde residiriam as ideias.
Para Aristóteles, ao contrário, o mundo que percebemos é suficiente, e nele a perfeição está ao
alcance de todos os homens.
 Imitação, o princípio do aprendizado: os bons hábitos se formam nas crianças pelo
exemplo dos adultos;
 A família, como núcleo inicial da organização das cidades e a primeira instância da
educação das crianças, sendo aos governantes e aos legisladores o dever de regular e vigiar o
funcionamento das famílias para garantir que as crianças crescessem com saúde e obrigações
cívicas.
 O Estado deve ser o único responsável pelo ensino.
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 O saber "útil" ou prático reservado aos escravos, que faziam os ofícios, e indigno dos
homens livres. (o que nos dias de hoje se traduz pela preferência na educação/formação em
ciências humanas e sociais, em detrimento de áreas técnicas e práticas como engenharias:
agricultura, pesca, construção, etc.).

Teoria Educacional de Sócrates (470 – 399, a.C.)


Foi mestre de Platão, contemporâneo e opositor dos sofistas.

Sócrates nasceu em Atenas por volta de 470 a. C. Adquiriu a cultura tradicional dos jovens
atenienses, aprendendo musica, ginástica e gramática. Lutou nas guerras contra Esparta (432
a. C e Tebas (424 a. C). Durante o apogeu onde se instalou a primeira democracia na historia,
conviveu com intelectuais, artistas, aristocratas e políticos. Convenceu-se sua missão de
mestre por volta dos 38 anos, depois que seu amigo Querofonte, em visita ao templo de
Apolo, em Delfos, ouviu ao oráculo do Sócrates era «o mais sábio dos homens» deduzindo
que a sua sabedoria só podia ser resultado da preocupação da ignorância, passou a dialogar
com as pessoas que se dispusessem a procura da verdade e o bem . Com o desmoronamento
do Império ateniense e a guerra civil interna , Sócrates foi acusado de desrespeitar os
deuses do Estado e de corromper os jovens , julgado e condenado à morte por
envenenamento, ele se recusou a fugir ou negar as suas convicções para salvar a vida
ingeriu a cicuta e morreu rodeado por amigos, em 399 a. C.

A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e


à prática do bem. Sócrates concebia o homem como um composto de dois princípios, alma
(ou espírito) e o corpo. Do eu pensamento surgiram duas linhas gerais, podem ser
consideradas como grandes tendências do pensamento ocidental.

Tornou-se como ponto de partida o princípio básico da doutrina sofista. “O homem é a


medida de todas as coisas”. Se o homem é a medida de todas as coisas, conclui Sócrates, a
primeira obrigação de todo o homem é procurar conhecer-se a si mesmo. É na consciência
individual que se deve procurar os elementos determinantes da finalidade da vida e da
educação.

Todo o individuo tem a capacidade de conhecer e apreciar as verdades com: a fidelidade,


honestidade verdade, pois para Sócrates o conhecimento é derivado da própria experiencia, o
qual constitui a base de boa conduta.
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Sócrates estava empenhado em pôr o homem no centro de suas cogitações filosóficas e


discutir, em um momento no qual gozava seu apogeu econômico, político e cultural, os meios
que o habilitavam a viver bem na cidade. A ele interessava discutir mais os fins da vida
humana do que os princípios, as causas, do mundo físico.

Principais ideias:

 A educação não como transmissão de conhecimentos e verdades pré-elaboradas e


exteriores ao indivíduo, mas como arte de ensinar a pensar, a tomar consciência da verdade já
existente na consciência do próprio indivíduo, daí as suas duas máximas: “conhece-te a ti
mesmo”(frase descrita no Oráculo de Delfos) e “sei que nada sei”.
 A necessidade de existência de valores universais ou comuns a todos os homens (cfr.
BRIZE, 2011);
 O diálogo como forma de se buscar a verdade;
 A ironia e a maiêutica como dois momentos do método dialógico de busca da verdade:
a ironia, para purificar com perguntas embaraçosas os seus interlocutores, que antes
pensavam ter conhecimento; a maiêutica, para fazer gerar, levando o seu interlocutor a
descobrir por si mesmo a verdade já existente em sua consciência (cf. PLATÃO, apud
AMADO, 2007: 40-45).
 O carácter público e não seletivo da edução: Sócrates dialogava/ensinava a todos os que
lhe apareciam: ricos ou pobres, com ou sem dinheiro.

Teoria Educacional de Quintiliano (35 – 95 DC)

Marco Fábio quintiliano foi um orador e professor de retorica romano, nascido em calagurris
(calahorra, atual Espanha), quintiliano estudou em Roma, onde primeiro exerceu a actvidade
de advogado. Tornou-se conhecido por ter sido professor de retorica e teve como alunos
varias personalidades romanas dentre as quais o orador romano Plínio, o jovem. Alem de
dedicar-se as actividades de advogado e professor, quintiliano registrou suas ideias sobre
retorica e oratória em alguns escritos dos quais o mais famoso é a Instituto de Oratória
(Instituto Oratória).

Foi o primeiro professor pago pelo estado, no Império de Vespasiano, e teve como alunos
Plotino o Moço e o próprio Imperador Adriano.
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Orador e escritor romano, nasceu em Calagurris Nassica, hoje Calahorra, Espanha. Estudou
retórica em Roma com os maiores mestres de seu tempo. Foi o maior pedagógico romano. A
sua pedagogia reconhecia a importância do estudo psicológico do aluno, por isso, enfatizava o
valor humanístico e espiritual da educação, atribuindo ao ensino de letras e reconhecimento
do valor do educador.

De acordo com o Quintiliano o mestre deverá ser um homem de carácter e de ciência, na


medida em que as suas atitudes influenciarão de forma determinante o desenvolvimento do
aluno. Quintiliano alerta a necessidade de identificar os talentos nas crianças coloca-lo a
problemática das diferenças individuais (no que se refere ás capacidades e ao carácter) e das
formas de procedimento a adoptar perante elas.

O mestre devera mostrar-se atento a natureza individual de cada aluno, respeitando -a dela
fazendo depender o tipo e grau de complexidade das tarefas que lhe são apresentadas.

Sugere que os alunos sejam distribuídos por classes logo a partir da escola primária, animadas
por concursos, dado ao pendor das crianças para o jogo.

Reflete a importância da memória do aluno como peça chave do processo educativo. A


educação devera contribuir para o desenvolvimento das disposições naturais de cada aluno
sendo a natureza para o Quintiliano, sinónimo de “homem não educado”. Quintiliano é
contrário aos castigos físicos. Recomenda a emulação como incentivo para o estudo e sugere
que o tempo escolar seja periodicamente irrompido por recreios, já o descanso é, na sua
opinião, favorável à aprendizagem.

Ideias principais:

 É contra a preceptoria (ensino) particular e considera que a criança deverá começar a


frequentar a escola o mais cedo possível;
 Ensino personalizado: os talentos nas crianças devem ser identificados desde cedo,
devendo o mestre observar cada criança individualmente, respeitando-a e avaliando sua índole
a fim de estabelecer o tipo e grau de complexidade das tarefas que deveriam ser apresentadas.
 Dá maior ênfase à oratória da criança, desde cedo, porque os infantes eram em sua
grande maioria, talentosos para falar devendo esse talento ser estimulado,
 Educação sem imposição nem violência, mas como um divertimento, uma atividade
prazerosa;
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 Necessidade de aproveitamento da memória do aluno como peça-chave do processo


educativo. 
 Uma educação virada para a formação de um aluno que seja ele mesmo capaz de buscar
o conhecimento.

 Sugere, para iniciação às letras, o ensino simultâneo da leitura e da escrita, criticando as


formas vigentes por dificultar a aprendizagem.

 Recomenda alternar trabalho e recreação para que a atividade escolar seja menos árdua e
mais proveitosa.

 Considera importante que a criança aprenda em grupo, por favorecer a competição, de


natureza altamente saudável e estimulante.

 Recomenda a prática dos exercícios físicos, realizada sem exageros.

 Valoriza a busca da clareza, a correção, a elegância e os clássicos como Homero e


Virgílio no estudo de gramática, reconhecendo os aspectos estéticos, espiritual e ético.
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Conclusão
Com tudo, depois de mergulharmos na história da educação e também conhecer um pouco dos
grandes mentores que influenciaram bastante no desenvolvimento da educação, criando ideias
de como ensinar, percebemos que a educação passou por muitos momentos marcantes em
cada época em que tais momentos, conduziram o homem a chegar onde chegou hoje diante da
educação.

Concluindo podemos dizer que Atenas foi o lugar importante do desenvolvimento intelectual.
A Grécia antiga pode ser considerada o berço da pedagogia porque é onde surgiu a primeira
reflexão acera da pedagogia e essas reflexões iram influenciar por séculos a educação e a
cultura do mundo do ocidental.

Para Platão, o objetivo final da educação era a formação do homem moral, vivendo em uma
cidade justa e virtuosa.

Aristóteles, a educação para este autor é um caminho para a vida pública, prossegue Carlota.
Cabe a educação a formação do carácter do aluno. Prosseguir a virtude significa, em todas as
atitudes buscar o justo meio.

A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e


à prática do bem. Sócrates concebia o homem como um composto de dois princípios, alma
(ou espírito) e o corpo.

A educação devera contribuir para o desenvolvimento das disposições naturais de cada aluno
sendo a natureza para o Quintiliano, sinónimo de “homem não educado”. Quintiliano é
contrário aos castigos físicos.
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Bibliografia

KRASTANOV. S.V, Fundamentos Históricos e Filosofia da Educação, ed: Batatais


Claretiano, SP. 2013.

AMADO. C, Historia da Pedagogia e da Educação, ed: Universidade de Évora. 2016.

BORDIN. R.A. PEREIRA M.. J. J, A filosofia de socrates enquanto accao pedagogica.


(PPE/UEM/PUC-PR).

SANTANA.J. A educacao nos moldes de Aristoteles.

www.filosofiadeeducação.com

www.textodeapoio.com
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