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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE PRESIDENTE PRUDENTE
FORO DE PRESIDENTE PRUDENTE
4ª VARA CÍVEL
AVENIDA CEL JOSÉ SOARES MARCONDES, 2201, Presidente
Prudente - SP - CEP 19013-050
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1011895-86.2019.8.26.0482 e código 5735644.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1011895-86.2019.8.26.0482


Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Indenização por Dano Material
Requerente: Horacio Aparecido Ramos
Requerido: Banco do Brasil SA

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LEONARDO MAZZILLI MARCONDES, liberado nos autos em 30/06/2020 às 16:35 .
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Leonardo Mazzilli Marcondes

VISTOS DO PROCESSADO.

HORÁCIO APARECIDO RAMOS, devidamente qualificado na inicial, propôs


ação de conhecimento em desfavor do BANCO DO BRASIL S/A, com qualificação igualmente
carreada aos autos.
Precisou que é correntista da instituição financeira demandada, mantendo a conta
corrente de número 11511-8, agência 7085-8.
Relatou que mantém o cartão de crédito/débito vinculado à conta bancária em tela
e que utiliza o aplicativo desenvolvido pela instituição financeira requerida.
Aduziu que, na data de 11.07.2018, foi informado, através do aplicativo da
instituição financeira demandada que mantém em seu aparelho celular, de uma compra na quantia
de R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos) realizada
com o seu cartão, ocasião na qual acabou por atestar o extravio de sua carteira no interior da qual
se encontravam os documentos de uso pessoal.
Mencionou que providenciou o bloqueio do seu cartão de crédito/débito e que
questionou o negócio discriminado no parágrafo anterior, não autorizando o lançamento do débito
em seu desfavor.
O postulante precisou que, apesar do relatado no parágrafo anterior, e após
diversos contatos por ele mantidos, a instituição financeira demandada acabou por debitar em sua
conta bancária a quantia de R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e
três centavos), que se mostra manifestamente inexigível, eis que oriunda de compra por ele
questionada, conforme acima discriminado.
Constou igualmente da exordial que o autor questionou igualmente o lançamento
em seu cartão de crédito de duas (02) parcelas de R$6.950,28 (seis mil, novecentos e vinte e oito
reais e vinte e oito centavos) cada uma delas, que foram devidamente estornadas pela instituição
financeira demandada, situação esta que, todavia, não se verificou no tocante à quantia de

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R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos).
Narrou que, para o fim de quitar o débito lançado de modo indevido em sua conta
bancária pela instituição financeira demandada, acabou por providenciar o adiantamento do seu 13
salários, o que lhe ocasionou dispêndio na quantia de R$1.226,43 (um mil, duzentos e vinte e seis
reais e quarenta e três centavos).
Ponderou ainda que a instituição financeira demandada apontou de modo indevido

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os seus dados em órgãos cadastrais, dada a inexistência dos débitos em questão, conforme
narrativa discriminada com detalhes.
Sustentou a manifesta falha no serviço bancário que lhe foi prestado pela
instituição financeira demandada, e que acabou por lhe ocasionar lesões de cunho patrimonial e
moral, de modo a justificar a fixação em seu favor das correspondentes verbas indenizatórias.
Trouxe uma vasta narrativa com o intuito de amparar as suas pretensões.
Diante de todo o exposto, pugnou pelo decreto de improcedência do feito para os
fins que se seguem: a) condenar a instituição financeira requerida em lhe efetuar o pagamento de
verba indenizatória por lesão de cunho patrimonial, no montante pecuniário total de R$10.724,76
(dez mil, setecentos e vinte e quatro reais e setenta e seis centavos), com o acréscimo de correção
monetária e juros moratórios e b) condenar a instituição financeira requerida em lhe efetuar o
pagamento de verba indenizatória por lesão de cunho moral, a ser arbitrada em vinte (20) salários
mínimos, o que importa no montante pecuniário de R$19.960,00 (dezenove mil, novecentos e
sessenta reais), a ser acrescido de correção monetária e juros moratórios.
Pugnou igualmente pela condenação da instituição financeira requerida no
pagamento das custas processuais e verba honorária, atribuindo à causa o valor de R$30.684,76
(trinta mil, seiscentos e oitenta e quatro reais e setenta e seis centavos).
A inicial de fls.01/22 dos autos foi acompanhada dos documentos de fls.24/66 dos
autos.
A instituição financeira demandada foi devidamente citada via postal (fls.80 dos
autos) e contestou o feito nos termos da petição de fls.81/98 dos autos, providenciando à juntada
dos documentos de fls.99/107 dos autos.
De início, realizou uma breve síntese acerca do teor da exordia, sendo que, em
sequência, pugnou pelo decreto de improcedência do feito, com a consequente condenação do
autor no pagamento das verbas de sucumbência.
Deduziu que não teria praticado conduta ilícita no caso em tela, eis que atuara no
exercício regular do seu direito, visto que as transações questionadas pelo autor na exordial se
verificaram mediante o uso de seu cartão magnético e com a senha pessoal e intransferível.
Frisou a desídia do postulante no tocante ao evento narrado na exordial, visto que
não zelou pela guarda dos seus documentos e cartões, além de ter fornecido a correspondente
senha a terceiros e não realizado a comunicação do fato a tempo de inviabilizar os negócios
jurídicos questionados na exordial.

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Mencionou a inexistência do vício de consentimento no negócio jurídico
questionado pelo autor na exordial, o que atesta a exigibilidade do valor cobrado em desfavor do
postulante.
Reiterou a culpa exclusiva do autor ou de terceiro pelo evento narrado na exordial,
o que excluiria a sua responsabilidade pelo evento narrado na exordial.
Impugnou ainda as pretensões do autor no tocante ao pleito de ressarcimento por

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lesões de cunho moral e patrimonial, conforme narrativa discriminada com detalhes.
De modo subsidiário, trouxe considerações acerca do montante pecuniário a ser
fixado em prol do autor a título de verba indenizatória por lesão de cunho moral.
Por último, rechaçou o pleito do autor pertinente à inversão do ônus probatório.
Réplica do postulante carreada às fls.116/120 dos autos.
Por último, os litigantes foram devidamente intimados a especificarem provas a
serem produzidas em juízo, sendo que tão somente o autor se manifestou pelo julgamento
antecipado da lide, conforme o teor das petições de fls.124/125 dos autos.
É O RELATÓRIO DO ESSENCIAL.
FUNDAMENTAÇÃO.
A AÇÃO É PROCEDENTE.
Trata-se de ação de conhecimento proposta por HORÁCIO APARECIDO
RAMOS em desfavor de BANCO DO BRASIL S/A, através da qual o autor pleiteia a condenação
da instituição financeira demandada em lhe efetuar o pagamento de verbas indenizatórias por
lesões de cunho patrimonial e moral, dadas as razões discriminadas na exordial, o que foi objeto
de impugnação pela acionada nos termos da contestação de fls.81/98 dos autos.
O ponto controvertido da demanda se fulcra, por consequência, em analisar a
viabilidade ou não dos pleitos de cunho indenizatório lançados pelo autor na exordial, e
impugnados pela instituição financeira demandada através da contestação de fls.81/98 dos autos.
Após uma atenta análise dos elementos carreados ao feito, sob o crivo do
contraditório e do devido processo legal, outro caminho não resta a não ser o decreto de
procedência da presente demanda, de modo a acolher as pretensões de cunho indenizatório
lançadas pelo autor Horácio Aparecido Ramos na exordial.
O feito comporta julgamento antecipado, nos exatos termos do especificado no
artigo 355, inciso I, do CPC/2015, visto que a questão controvertida é essencialmente de direito,
bastando os documentos já carreados aos autos para a formação do juízo de convencimento deste
magistrado, de modo a dispensar a produção de prova oral e/ou pericial na fase de instrução.
Observo ser fato incontroverso que o autor mantém conta bancária junto à
instituição financeira demandada, de número 11511-8, agência 7085-8.
De outra seara, conforme o teor da exordial, o autor Horácio Aparecido Ramos

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questiona o lançamento pela instituição financeira demandada de saldo devedor em sua conta
bancária na quantia de R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três
centavos), frisando que não realizou a compra que ensejou no montante pecuniário em testilha.
Nos termos do documento carreado às fls.39/40 dos autos, a quantia discriminada
no parágrafo anterior foi debitada na conta bancária mantida pelo autor Horácio Aparecido
Fernandes na data de 30.07.2018, sendo que, de outra seara, o acionado Banco Do Brasil S/A não
aceitou a contestação apresentada pelo postulante ao montante de R$9.498,33 (nove mil,

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quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos), conforme o teor do documento
carreado às fls.57/58 dos autos.
Através da contestação de fls.81/98 dos autos, a instituição financeira requerida
impugnou a narrativa lançada pelo autor na exordial, frisando a exigibilidade da quantia de
R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos), eis que oriunda
de operação eletrônica realizada com cartão magnético e senha intransferível, o que tornaria
manifesta a responsabilidade exclusiva do postulante Horácio Aparecido Ramos pelo débito em
tela.
Porém, a narrativa lançada pela instituição financeira demandada na contestação
de fls.81/98 dos autos se mostra absolutamente vaga e imprecisa, de modo que não comporta
acolhimento por este juízo.
Há de se destacar que a instituição financeira demandada trouxe narrativa vaga e
imprecisa no sentido de que a operação, que importou no saldo devedor na quantia de R$9.498,33
(nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos), somente poderia ser
realizada pelo autor ou terceiro com a sua autorização através da utilização de senha pessoal e
intransferível, de modo que não há como este juízo acolher a versão em tela.
Observo que, considerando o atual nível de desenvolvimento econômico
alcançado, e que possibilita ao acionado Banco Do Brasil S/A a obtenção de vultosa margem de
lucro no exercício de sua atividade econômica, não há como se admitir que a instituição financeira
demandada não tenha atestado ao juízo, através de elementos sólidos e consistentes, que a
operação bancária tenha sido realizada pessoalmente pelo autor ou alguém com a autorização
expressa do postulante Horácio Aparecido Ramos.
Em suma, a instituição financeira demandada não providenciou à juntada de
documentos aptos e sólidos em atestar que a operação bancária tenha sido realizada por vontade
expressa do autor Horácio Aparecido Ramos, o que importaria na exigibilidade da quantia
questionada pelo postulante na exordial.
Deve-se precisar ainda que, nos termos do documento carreado às fls.101/102 dos
autos pela própria instituição financeira demandada, o requerente Horácio Aparecido Ramos
precisou que não mantém a sua senha anotada no cartão e que os dados em tela não do
conhecimento de terceiros.
Mas não é só. Há de se destacar ainda que o autor Horácio Aparecido Ramos é
usuário do aplicativo desenvolvido pela instituição financeira demandada, de modo que, ao atestar
a ocorrência da fraude, comunicou de imediato o fato ao acionado Banco do Brasil S/A e,

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inclusive, pleiteou pelo bloqueio do seu cartão de crédito/débito, medida esta que foi
providenciada pela instituição financeira demandada.
Nos termos do relatado no parágrafo anterior, destaco que, na data de 11.07.2018,
o autor informou via aplicativo à instituição financeira demandada a ocorrência da fraude,
impugnando de imediato a compra na quantia de R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e
oito reais e trinta e três centavos) e pleiteando o bloqueio do cartão de crédito, providência esta
última adotada pelo requerido Banco Do Brasil S/A.

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Em suma, a instituição financeira demandada teve ciência desde a data de
11.07.2018 que o postulante não realizou a operação bancária na quantia de R$ R$9.498,33 (nove
mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos), sendo que, ainda assim,
providenciou na data de 30.07.2018 o lançamento do débito em tela na conta bancária do
requerente Horácio Aparecido Ramos, o que atesta a falha no serviço por ela prestado ao autor.
O fato da carteira na qual o autor mantinha o cartão eletrônico ter sido extraviada,
conforme relatado na própria petição inicial, não elide a falha no serviço bancário prestado pelo
acionado Banco Do Brasil S/A ao requerente Horácio Aparecido Ramos e consistente no
lançamento da quantia de R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três
centavos) como débito do postulante.
Isto porque a fraude foi constatada pelo requerente na data de 11.07.2018, que, de
imediato, informou, através do aplicativo, o evento em questão à instituição financeira demandada,
que providenciou o imediato bloqueio do cartão eletrônico até então utilizado pelo autor Horácio
Aparecido Ramos.
Assim sendo, mostra-se inquestionável que a instituição financeira demandada não
atou com o zelo que a situação exigia, visto que, na data de 30.07.2018, providenciou ao
lançamento do débito R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três
centavos) na conta bancária do requerente.
Reitero que a instituição financeira demanda não providenciou à juntada de
elementos aptos em atestar ao juízo que a operação questionada pelo postulante na exordial, na
quantia de R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos), teria
sido realizada pelo próprio requerente Horácio Aparecido Ramos ou terceiro por ele autorizado.
Cabe destacar ainda que, nos termos do disposto no artigo 14, parágrafo primeiro,
do CDC, o serviço é considerado defeituoso quando não oferece a segurança que o consumidor
dele deve esperar, considerando o modo de seu fornecimento; o resultado e os riscos que dele
razoavelmente se esperam e a época no qual foi fornecido.
Nestes termos, conforme acima já relatado, não há como se admitir, segundo a
regra da lógica do razoável, que o demandado Banco Do Brasil S/A não tenha se atentado ao fato
noticiado pelo autor na data de 11.07.2018 através do aplicativo e, decorrido o interregno temporal
de vinte (20) dias, providenciado de modo indevido o lançamento de débito na quantia de
R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos) na conta
bancária do requerente Horácio Aparecido Ramos.
Torna-se inquestionável, desta maneira, a falha no serviço prestado pelo acionado

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Banco Do Brasil S/A ao autor Horácio Aparecido Ramos, eis que, apesar de ciente desde
11.07.2018 da fraude praticada em detrimento do postulante, providenciou em 30.07.2018 o
lançamento de debito na conta bancária do requerente, na quantia de R$9.498,33 (nove mil,
quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos).
Ratifica a conclusão acima transcrita por este magistrado o fato de que a
instituição financeira demandada providenciou ao estorno em prol do autor de dois (02)
lançamentos indevidos no seu cartão de crédito das quantias de R$6.950,28 (seis mil, novecentos e

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cinquenta reais e vinte e oito centavos), conforme documento carreado às fls.55 dos autos, sendo
que, todavia, de modo injustificado, assim não o fez no tocante ao débito no valor de R$9.498,33
(nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos).
Mostra-se inquestionável, por consequência, considerando todo o acima
especificado, a conduta ilícita praticada pela instituição financeira demandada, consistente na falha
do serviço por ela prestado ao autor Horácio Aparecido Ramos, eis que providenciou o lançamento
na conta bancária do requerente da quantia R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito
reais e trinta e três centavos), que manifestamente não se mostrava devido pelo postulante.
De outra seara, a conduta ilícita praticada pela instituição financeira demandada,
no caso, falha no serviço bancário prestado ao autor, manifestamente ocasionou prejuízo na esfera
moral do requerente Horácio Aparecido Ramos.
A conclusão em testilha decorre do lançamento indevido na conta bancária do
requerente na quantia de R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três
centavos), e que não foi estornada pela acionada em prol do postulante Horácio Aparecido Ramos.
Frise-se ainda que, nos termos do relatado na exordial e confirmado pelo teor do
documento carreado às fls.43/44 e 45/46 dos autos, o autor necessitou pleitear adiantamento do
seu 13 salário para quitar o saldo devedor na conta bancária oriundo do lançamento indevido pela
instituição financeira requerida da quantia de R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito
reais e trinta e três centavos).
Justamente em razão do especificado no parágrafo anterior, o autor suportou
dispêndio na quantia total de R$1.226,43 (um mil, duzentos e vinte e seis reais e quarenta e três
centavos), decorrente dos encargos que suportou com o adiantamento do 13 salário, o que pode ser
atestado pelo teor dos documentos carreados às fls. 43/44 e 45/46 dos autos.
Assevero que cada uma das parcelas do 13 salário importaria nos valores de
R$4.100,00 (quatro mil e cem reais), sendo que, com a antecipação em tela, foram debitadas na
conta bancária do requerente Horácio Aparecido Ramos as quantias de R$4.544,04 (quatro mil,
quinhentos e quarenta e quatro reais e quatro centavos) e R$4.882,39 (quatro mil, oitocentos e
oitenta e dois reais e trinta e nove centavos), justamente em razão dos encargos oriundos do
adiantamento realizados ao postulante para a quitação do saldo devedor inexistente.
Desta maneira, dada a falha no serviço bancário prestado pela instituição
financeira demandada, o autor suportou os seguintes prejuízos de cunho patrimonial: a)
R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos) na data de
30.07.2018; b) R$444,04 (quatrocentos e quarenta e quatro reais e quatro centavos) na data de

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20.12.2018 e, por fim, c) R$782,39 (setecentos e oitenta e dois reais e trinta e nove centavos) na
data de 21.03.2019.
Assim sendo, justifica-se a condenação da instituição financeira demandada em
efetuar o pagamento ao autor de verba indenizatória por lesão de cunho patrimonial, nos seguintes
termos: a) valor de R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três
centavos), a ser acrescido de correção monetária, tomando como parâmetro a tabela do Egrégio
Tribunal de Justiça/S.P, e juros moratórios de 1% ao mês, ambos os encargos computados a partir

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da data de 30.07.2018; b) valor de R$444,04 (quatrocentos e quarenta e quatro reais e quatro
centavos), a ser acrescido de correção monetária, tomando como parâmetro a tabela do Egrégio
Tribunal de Justiça/S.P, e juros moratórios de 1% ao mês, ambos os encargos computados a partir
da data de 20.12.2018 e, por fim, c) valor de R$782,39 (setecentos e oitenta e dois reais e trinta e
nove centavos), a ser acrescido de correção monetária, tomando como parâmetro a tabela do
Egrégio Tribunal de Justiça/S.P, e juros moratórios de 1% ao mês, ambos os encargos computados
a partir da data de 21.03.2019.
De outra seara, o evento narrado na exordial importou igualmente em lesão na
esfera moral do autor Horácio Aparecido Ramos, de modo a justificar a fixação em seu favor de
verba indenizatória por lesão de cunho moral a lhe ser repassado pela instituição financeira
demandada.

De início, é o caso de se realizar uma breve síntese acerca da natureza dos danos
morais.
De há muito o instituto do dano moral era amparado pela doutrina e jurisprudência
pátrias, razão pela qual veio a ser incorporado no ordenamento jurídico pela Carta Magna de 1988.
Efetivamente, o artigo 5, incisos V e X, da Constituição Federal de 1988 dispõe o
que se segue:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos:
V é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
X são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação (destaquei).
Do mesmo modo, o artigo 186 do Código Civil/2002 consagrou a possibilidade de
indenização por danos morais suportados pelo lesado, independentemente da fixação de verba
indenizatória por suposta lesão de cunho patrimonial.
Note-se, por consequência, que o dano de cunho moral não apresenta caráter
pecuniário, nada mais sendo do que uma ofensa aos direitos de personalidade (extrapatrimoniais)
do lesado, de modo a ser justificada a fixação de uma verba indenizatória com o intuito de reparar

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ou atenuar a lesão em questão.
Ou seja, a indenização pelos danos de cunho moral nada mais busca do que reparar
ou minorar a alteração de ânimo ou personalidade sofrida pelo lesado, e que pode alcançar os mais
variados graus, de modo a ser garantida o respeito à sua dignidade como pessoa humana, nos
exatos termos do artigo 1, inciso III, da Carta Magna de 1988.
Justifica-se, por consequência, a fixação de verba indenizatória por lesão de cunho

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moral nas mais diversas situações, tais como a perda de um ente querido ou um grave dano
estético em razão de conduta culposa de um determinado agente (ex: erro médico; acidente
automobilístico, dentre outros); a ofensa à honra objetiva ou subjetiva de determinado indivíduo e
qualquer hipótese que não se encontra entre os percalços do cotidiano e que acaba por afetar a
tranquilidade e a serenidade de determinada pessoa.
Acerca da natureza dos danos de cunho moral, merece destaque a lição trazida
pelo ilustre doutrinador e desembargador Sérgio Cavalieri Filho, ex-Presidente do Egrégio
Tribunal de Justiça de São Paulo, que, inclusive, citou julgado para o fim de amparar a sua tese.
Relata o mestre o direito civil pátrio o que se segue:
À luz da Constituição vigente, podemos conceituar o dano moral por dois
aspectos distintos. Em sentido estrito, dano moral é violação do direito à dignidade. E foi
justamente por considerar a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da
imagem corolário do direito à dignidade que a Constituição inseriu em seu art.5, incisos V e
X, a plena reparação do dano moral. Este é, pois, o novo enfoque constitucional pelo qual
deve ser examinado o dano moral, que começou a ser assimilado pelo Judiciário, conforme se
constata do aresto a seguir transcrito: Qualquer agressão à dignidade pessoal lesiona a
honra, constitui dano moral e é por isso indenizável. Valores como a liberdade, a inteligência,
o trabalho, a honestidade, aceitos pelo homem comum, formam a realidade axiológica a que
todos estamos sujeitos. Ofensa a tais postulados exige compensação indenizatória (Ap.cível
40.541, rel. Des. Xavier Vieira, in ADCOAS 144.719).
Nessa perspectiva, o dano moral não está necessariamente vinculado a
alguma reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana sem
dor, vexame, sofrimento, assim como pode haver dor, vexame e sofrimento sem violação da
dignidade. Dor, vexame, sofrimento e humilhação podem ser consequências, e não causas.
Assim como a febre é o efeito de uma agressão orgânica, a reação psíquica da vítima só pode
ser considerada dano moral quando tiver por causa uma agressão à sua dignidade.
Com essa idéia, abre-se espaço para o reconhecimento do dano moral em
relação a várias situações nas quais a vítima não é passível de detrimento anímico, como se
dá com doentes mentais, as pessoas em estado vegetativo e comatoso, crianças com tenra
idade e outras situações tormentosas. Por mais pobre e humilde que seja uma pessoa, ainda
que completamente destituída de formação cultural e bens materiais, por deplorável que seja
seu estado biopsicológico, ainda que destituída de consciência, enquanto ser humano será
detentora de um conjunto de bens integrantes de sua personalidade, mais precioso que o
patrimônio. É a dignidade humana, que não é privilégio apenas dos ricos, cultos ou
poderosos, que deve ser por todos respeitada. Os bens que integram a personalidade

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constituem valores distintos dos bens patrimoniais, cuja agressão resulta no que se
convencionou chamar de dano moral. Essa constatação, por si só, evidencia que o dano
moral não se confunde com o dano material; tem existência própria e autônoma, de modo a
exigir a tutela jurídica independente.
Os direitos da personalidade, entretanto, englobam outros aspectos da pessoa
humana, que não estão diretamente vinculados à sua dignidade. Nessa categoria, incluem-se
também os chamados novos direitos da personalidade: a imagem, o bom nome, a reputação,

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sentimentos, relações afetivas, aspirações, hábitos, gostos, convicções políticas, religiosas,
filosóficas, direitos autorais. Em suma, os direitos da personalidade podem ser realizados em
diferentes dimensões e também podem ser violados em diferentes níveis. Resulta daí que o
dano moral, em sentido amplo, envolve esses diversos graus de violação dos direitos da
personalidade, abrange todas as ofensas à pessoa, considerada esta em suas dimensões
individual e social, ainda que sua dignidade não seja arranhada.
Como se vê, hoje o dano moral não mais se restringe à dor, tristeza e
sofrimento, estendendo a sua tutela a todos os bens personalíssimos os complexos de ordem
ética razão pela qual revela-se mais apropriado chamá-lo de dano imaterial ou não
patrimonial, como ocorre no Direito Português. Em razão dessa natureza imaterial, o dano
moral é insusceptível de avaliação pecuniária, podendo apenas ser compensado com a
obrigação pecuniária imposta ao causador do dano, sendo esta mais uma satisfação de que
uma indenização (PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL Editora Malheiros 6
Edição págs.101 e 102).

Resta inquestionável, por consequência, o caráter imaterial dos danos de cunho


moral, que se referem efetivamente aos direitos de personalidade e à dignidade da pessoa humana,
lesados em razão de uma determinada conduta comissiva ou omissiva ilícita.
Na hipótese em questão, considerando a regra da lógica do razoável, resta
manifesto que o evento narrado na exordial, oriundo de falha no serviço prestado pela instituição
financeira demandada, importou em gravam na serenidade e paz de espírito do autor Horácio
Aparecido Ramos, a ponto de afetar a sua dignidade como pessoa humana.
A conclusão em testilha decorre do fato de que a falha no serviço bancário
prestado pela instituição financeira demandada importou no lançamento indevido de vultoso valor
a titulo de débito na conta bancária do requerente, o que lhe ocasionou gravames de considerável
monta a ponto de abalar a sua serenidade e paz de espírito.
O fato narrado na exordial acabou por importar em diversas diligências por parte
do requerente sem que a instituição financeira demandada retificasse a conduta equivocada, tanto
assim que apontou os dados do autor Horácio Aparecido Ramos em órgãos cadastrais.
Do mesmo modo, o autor necessitou obter, inclusive, adiantamento do seu 13
salário para solucionar a questão em tela e impedir que os seus dados fossem lançados em órgãos
cadastrais.
Merece destaque ainda o fato de que o imbróglio em tela perdurou por

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considerável lapso temporal, situação esta que igualmente importou em abalo na serenidade do
autor.
Conclui-se, desta maneira, que o evento discriminado na exordial não corresponde
a mero aborrecimento inerente ao cotidiano, acabando por manifestamente afetar a serenidade e
paz de espírito do autor Horácio Aparecido Ramos, abalando a sua dignidade como pessoa
humana, e isto ainda que os seus dados não tenham sido lançados nos órgãos cadastrais.

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Trata-se, na hipótese em tela, do dano moral “in re ipsa”, e que dispensa a
produção de prova oral para ser atestado ao juizo.
Passo agora a fixar o montante da verba indenizatória por lesão de cunho moral a
ser repassada pelo acionado Banco Do Brasil S/A ao autor Horácio Aparecido Ramos.
A questão em tela se mostra novamente tormentosa, dada a natureza dos danos
morais, o que acaba por dificultar a fixação de um valor apto a ressarcir a vítima.
Ou seja, justamente pela natureza dos danos morais (referentes à lesão de espírito
ou de ânimo do indivíduo ou pessoa física), não se verifica um critério objetivo para a definição do
valor da verba indenizatória, que, por consequência, deve ser fixado por arbitramento do juízo.
Dentro do critério transcrito no parágrafo anterior, deverá o magistrado levar em
conta uma série de critérios para o fim de se definir o valor da indenização em sede de danos
morais, quais sejam: o grau de gravidade do evento e da lesão suportada; a condição
econômica do ofensor; a busca da reparação ou, pelo menos, da atenuação do sofrimento do
lesado e a estipulação de uma sanção ao responsável pela lesão moral, de modo a se evitar a
reiteração de condutas ilícitas desta natureza.
Merece destaque a lição de Carlos Roberto Gonçalves para o fim de trazer
importante lição acerca dos critérios a serem considerados para o fim de fixar o valor da
indenização devida a título de danos morais. Dispõe o mestre o que se segue:
Em geral, mede-se a indenização pela extensão do dano e não pelo grau de
culpa. No caso do dano moral, entretanto, o grau de culpa também é levado em consideração,
juntamente com a gravidade , extensão e repercussão da ofensa, bem como a intensidade do
sofrimento acarretado à vítima. A culpa concorrente do lesado constitui fator de atenuação
da responsabilidade do ofensor.
Além da situação patrimonial das partes, deve-se considerar, também, como
agravante o proveito obtido pelo lesante com a prática do ato ilícito. A ausência de eventual
vantagem, porém, não o isenta da obrigação de reparar o dano causado ao ofendido.
Aduz-se que notoriedade e fama deste constituem fator relevante na
determinação da reparação, em razão da maior repercussão do dano moral, influindo na
exacerbação do quantum da condenação. (RESPONSABILIDADE CIVIL Editora Saraiva 6
Edição 1995 - págs.414/415).
Ou seja, segundo o doutrinador em questão, a gravidade e extensão da lesão
moral suportada pelo ofendido devem ser levadas em conta pelo magistrado para a fixação da

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verba indenizatória.
Mas não é só. O magistrado deve buscar a fixação de uma verba indenizatória
apta e proporcional não só à extensão do dano moral mas também à reprimenda ao ofensor pelo
evento em questão, de modo a evitar a reiteração de condutas como a trazida na exordial.
No caso em tela, resta inquestionável que o evento narrado na exordial trouxer
abalo à serenidade e paz de espírito do autor Horácio Aparecido Ramos, afetando a sua dignidade

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como pessoa humana, o que decorre, inclusive, de uma presunção in re ipsa.
De outro norte, não restam dúvidas de que a lesão moral em questão não se
encontra, felizmente, entre aquelas de maior gravidade a serem suportada por terceiros, como se
tem, por exemplo, nas hipóteses de dor ou sofrimento causados na hipótese de perda de um ente
querido ou de uma grave lesão física/estética, dentre outras situações de inquestionável gravidade.
Considerando o relatado no parágrafo anterior, não se justifica a fixação da verba
indenizatória por lesão de cunho moral no montante pleiteado pelo autor na exordial, no caso,
vinte (20) salários mínimos.
Dado todo o acima especificado, arbitro na quantia de R$10.000,00 (dez mil reais)
a verba indenizatória por lesão de cunho moral a ser repassada pela instituição financeira
demandada ao autor Horácio Aparecido Ramos, a ser acrescida de correção monetária, tomando
como parâmetro a tabela do Egrégio Tribunal de Justiça/S.P e computada desde a data de
propositura do feito, e juros moratórios de 1% ao mês, devidos a partir de citação válida do
acionado Banco Do Brasil S/A, no caso, 23.08.2019 (fls.80 dos autos).
Desde logo, ressalto que este magistrado não adota o entendimento consagrado na
Súmula 362 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, que não possui caráter vinculante.
Justifica-se, portanto, o decreto de procedência do feito, de modo a acolher as
pretensões de cunho indenizatório lançadas pelo autor Horácio Aparecido Ramos na exordial.
Ressalto que toda a fundamentação acima discriminada representa o
entendimento do juízo acerca da questão levada ao conhecimento do Poder Judiciário, de
modo que não serão conhecidos embargos declaratórios de caráter infringente, cuja
interposição importará na incidência da multa de cunho processual.
DISPOSITIVO.
Diante de todo o exposto, JULGO PROCEDENTE a ação de conhecimento
proposta por HORÁCIO APARECIDO RAMOS em desfavor do BANCO DO BRASIL S/A, e
assim o faço para os fins que se seguem:
a)condenar a instituição financeira demandada em efetuar o pagamento ao autor, a
titulo de verba indenizatória por lesão de cunho patrimonial, do montante pecuniário de
R$9.498,33 (nove mil, quatrocentos e noventa e oito reais e trinta e três centavos), a ser acrescido
de correção monetária, tomando como parâmetro a tabela do Egrégio Tribunal de Justiça/S.P, e
juros moratórios de 1% ao mês, ambos os encargos computados a partir da data de 30.07.2018;
b) condenar a instituição financeira demandada em efetuar o pagamento ao autor,

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a titulo de verba indenizatória por lesão de cunho patrimonial, do montante pecuniário de
R$444,04 (quatrocentos e quarenta e quatro reais e quatro centavos), a ser acrescido de correção
monetária, tomando como parâmetro a tabela do Egrégio Tribunal de Justiça/S.P, e juros
moratórios de 1% ao mês, ambos os encargos computados a partir da data de 20.12.2018;
c) condenar a instituição financeira demandada em efetuar o pagamento ao autor, a
titulo de verba indenizatória por lesão de cunho patrimonial, do montante pecuniário de R$782,39
(setecentos e oitenta e dois reais e trinta e nove centavos), a ser acrescido de correção monetária,

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tomando como parâmetro a tabela do Egrégio Tribunal de Justiça/S.P, e juros moratórios de 1% ao
mês, ambos os encargos computados a partir da data de 21.03.2018;
d) condenar a instituição financeira demandada em efetuar o pagamento ao autor,
a titulo de verba indenizatória por lesão de cunho moral, do montante pecuniário de R$10.000,00
(dez mil reais), de correção monetária, tomando como parâmetro a tabela do Egrégio Tribunal de
Justiça/S.P e computada desde a data de propositura do feito, e juros moratórios de 1% ao mês,
devidos a partir de citação válida do acionado Banco Do Brasil S/A, no caso, 23.08.2019 (fls.80
dos autos).
Desde logo, ressalto que este magistrado não adota o entendimento consagrado na
Súmula 362 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, que não possui caráter vinculante.
Por consequência, julgo extinto o feito em tela com julgamento do mérito, nos
termos do disposto no artigo 487, inciso I, do CPC.
Dada a sucumbência da instituição financeira demandada, condeno-a ao
pagamento das custas processuais suportadas pelo autor (fls.67/75 dos autos) e honorários do
patrono do requerente, que arbitro em 20% sobre o valor total e atualizado das condenações
pecuniárias acima especificadas (itens “a”; “b”; “c” e “d” do dispositivo), nos termos do disposto
no artigo 85, parágrafo segundo, do diploma processual civil.
Ressalto que toda a fundamentação acima discriminada representa o
entendimento do juízo acerca da questão levada ao conhecimento do Poder Judiciário, de
modo que não serão conhecidos embargos declaratórios de caráter infringente, cuja
interposição importará na incidência da multa de cunho processual.
P.R.I.C.
Presidente Prudente, 30 de junho de 2020.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


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