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AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DA SECAGEM EM SPRAY A PARTIR DE


SIMULAÇÃO DO MODELO DE LEITE INTEGRAL E DESNATADO

Conference Paper · October 2015


DOI: 10.5151/ENEMP2015-MS-709

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Diego Henrique de Souza Chaves Marco Aurelio Souza Birchal

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XXXVII ENEMP
18 a 21 de Outubro de 2015
Universidade Federal de São Carlos

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DA SECAGEM EM SPRAY A PARTIR DE


SIMULAÇÃO DO MODELO DE LEITE INTEGRAL E DESNATADO

D. H. S. CHAVES1,a*, P. C. A. SOUZA1,a, M. A. S. BIRCHAL1,b,2, V. S. BIRCHAL1,a


1
Universidade Federal de Minas Gerais
a
Departamento de Engenharia Química
b
Departamento de Engenharia Eletrônica
2
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Departamento de Engenharia de Controle e
Automação
*
e-mail: diegohschaves@outlook.com

RESUMO

Este trabalho apresenta uma implementação da modelagem e um estudo por simulação


do comportamento da secagem de leite integral e desnatado em regime permanente,
visando-se o controle dos parâmetros operacionais para obtenção de um produto final de
boa qualidade e um processo energeticamente eficiente. As equações de balanço de
massa e energia foram utilizadas e avaliou-se a acoplagem de três isotermas de sorção
para cada tipo de leite no modelo simulado. Dados experimentais de literatura de
produção de leite em pó integral e desnatado foram usados para validar a simulação que
se mostrou adequada e útil na previsão dos parâmetros operacionais do processo.
Embora satisfatório, o estudo apontou modificações necessárias ao modelo preliminar
que inclua equações que descrevam a cinética de secagem da partícula e uma estimativa
do acúmulo de produto nas paredes de forma que este possa representar melhor o
processo de secagem. O trabalho também mostra a importância de se ter um bom
controle da temperatura durante o processo de secagem, variável importante para que
perdas de produto durante o processo possam ser reduzidas e a eficiência energética do
processo preservada. É importante ressaltar que o modelo é genérico e facilmente
aplicável a qualquer outro material de propriedades conhecidas.

1 INTRODUÇÃO O princípio de funcionamento da


secagem em spray é a atomização da fase
Secagem por atomização (ou em spray, líquida em gotículas e sua dispersão em um
como denominada neste trabalho) é uma fluxo de fluido quente, geralmente o ar. A
operação unitária bem conhecida para atomização gera um aumento da área
produção de materiais em pó a partir de superficial do material a ser seco, facilitando a
soluções líquidas. Essa técnica é usada em transferência simultânea de calor e massa, o
diversos setores industriais, como alimentício, que acarreta em um período de secagem
farmacêutico, cerâmico, químico, em especial menor com a obtenção do produto final na
os de detergentes e de pigmentos. No setor forma de pó (MUJUMDAR, 2014; BIRCHAL
alimentício, as indústrias de laticínios são as et al., 2006).
que mais utilizam a secagem em spray na O processo de secagem em spray
conversão do leite líquido ao leite em pó e de oferece vantagens em relação a outros
seus produtos derivados (MUJUMDAR, processos de secagem, tais como: os produtos
2004). secos podem ser obtidos na forma de pós
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finos, grânulos ou aglomerados; estes podem secagem por spray, visando analisar o
ter características pré-determinadas como desempenho geral do secador spray em
tamanho, densidade e teor de umidade; função dos seus parâmetros operacionais.
materiais líquidos sensíveis ao calor podem Particularmente, o estudo da simulação
ser processados sem um dano térmico permitirá avaliar o comportamento das
significativo para o produto, uma vez que o variáveis de saída do secador (variáveis
tempo de exposição ao ambiente quente é de controladas) a partir de variações nas
curta duração; a operação é contínua e, variáveis de entrada (variáveis manipuláveis).
portanto, adaptável a um controle totalmente Sabendo-se que a umidade final do pó é a
automático, obtendo um tempo de resposta variável de maior importância no processo,
menor, além de atingir altas taxas de produção valores simulados dessa variável serão
(CHEN e MUJUMDAR, 2008). analisados para leite em pó desnatado e
Secadores spray, em geral, necessitam integral utilizando-se diferentes isotermas de
de grandes quantidades de energia (JIN e sorção.
CHEN, 2011). Entretanto, para se atingir boa
produtividade, baixo consumo de energia e 2 MODELO E CONSIDERAÇÕES
alta qualidade do produto final, é essencial o
bom entendimento do processo. Uma abordagem da modelagem de
(MUJUMDAR, 2014; HUANG, KUMAR e secadores spray é descrever as equações de
MUJUMDAR, 2006). Tem-se, em literatura, balanços gerais para o secador considerando
um vasto estudo sobre diferentes fenômenos seu comportamento como sendo o de um
na secagem em spray com emprego de vários reator perfeitamente agitado (SOLTANI et al.,
modelos matemáticos e ferramentas 2014). Os balanços de massa e de energia
computacionais. Modelos teóricos consistem para o secador spray permitem a estimativa da
do estudo dos mecanismos de transferência de eficiência do secador e formam uma base para
calor e de massa que ocorrem em regimes a concepção do mesmo, além de ajudar a
transiente e estacionário do secador spray minimizar as perdas térmicas e a do produto
(TAN, IBRAHIM e TAIP, 2010). (CHEN e MUJUMDAR, 2008). O presente
Embora um processo que envolva uma trabalho se baseia nas equações de balanços
suspensão líquida sendo atomizada em um propostas e revisadas por Langrish (2009).
fluxo de ar quente possa parecer simples, Assume-se que no interior da câmara de
projetar um secador spray industrial envolve secagem exista uniformidade na temperatura
dificuldades sérias, não apenas devido ao do gás e as temperaturas de saída da fase
tamanho e escalonamento dos equipamentos, sólida (Tso) e do gás (Tgo) estão praticamente
mas também pela complexidade envolvida na em equilíbrio, ou seja: Tgo = Tso ≡ To.
medição e descrição do sistema usando Entretanto, essa condição não restringe o
grande parte de fundamentos de Engenharia modelo, já que um offset (diferença entre os
Química, especialmente transferência de calor valores) entre essas duas temperaturas é
e massa, assim como mecânica dos fluidos facilmente inserível no procedimento de
(BIRCHAL et al., 2006; LANGRISH, 2009). solução.
Sabe-se que o controle do teor de umidade é a A quantidade de energia que deixa o
principal variável que influencia na qualidade secador spray está presente, principalmente,
do produto seco (TAN, TAIP e AZIZ, 2009). na fase gasosa, porém uma parte da energia é
O objetivo deste trabalho é estruturar presente no produto com baixo teor de
um sistema equacional que possa descrever e umidade. Desconsiderando-se perdas térmicas
simular satisfatoriamente o processo de que são desprezíveis para grandes secadores
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industriais (LANGRISH, 2009), a troca de


calor entre as fases pode ser assim descrita: sendo que as pressões são calculadas a partir
da temperatura e da umidade do gás de saída.
G (H go − H gi ) = F (H si − H so ) (1) Para calcular a pressão de vapor de saturação
do ar pode-se usar a equação de Antoine
sendo G e F taxas mássicas do gas seco e do expressa por:
sólido seco respectivamente alimentados, Hg e
Hs as entalpias das fases gasosa e sólida  3816 .44 
p vsat = 133,3 ⋅ exp 18,3036 − 
respectivamente (o e i significando saída e  To [º C ] + 229,02 
entrada do secador). Estas entalpias podem (7)
ser calculadas pelas seguintes equações:

[ ]
sendo que pvsat é a pressão de vapor do gás à
H g = C pa (T g − Tref ) + Y λ + C pv (T g − Tref ) (2) temperatura de saída (To). A umidade do gás
de saída é relacionada à pressão de vapor
H s = C ps (Ts − Tref ) + X ⋅ C pl (Ts − Tref ) (3) atual pela seguinte equação:

em que a entalpia total, tanto na entrada pv


Y = 0,622 (8)
quanto na saída, é a soma das entalpias das Patm − p v
duas fases. Nas equações 2 e 3, Cp representa
o calor especifico (a – ar, v – vapor de água, l sendo necessário rearranjá-la para cálculo da
– água líquida), X e Y umidades absolutas do pressão pv . Logo, tem-se que:
sólido e do gás em base seca, Tref temperatura
de referência (= 273,15 K). Considerando-se (Yo / 0,622 ) ⋅ Patm
que não haja perda ou acúmulo de massa no pv = (9)
interior do secador, o balanço de massa para o [1 + (Yo / 0,622 )]
secador fornece a seguinte equação:
calculando, assim, a pressão de vapor atual do
G (Yo − Yi ) = F ( X i − X o ) (4) gás na saída do secador.

3 SIMULAÇÃO DO MODELO
Rearranjando a equação (4) para o cálculo da
umidade do ar de saída, tem-se que:
As equações de 1 a 9, válidas para
operação em regime permanente, são usadas
Yo = Yi +
F
(X i − X o ) (5) para simular a secagem de leite integral e
G desnatado, utilizando-se um procedimento
iterativo para resolução deste conjunto de
Empregam-se valores em base seca, que se equações não lineares.
mostram mais vantajosos uma vez que as O processo de secagem, simulado
vazões de gás e sólidos secos são as mesmas usando a plataforma virtual Matlab, permite,
na entrada e na saída da câmara de secagem. então, o estudo da influência das variáveis de
A umidade relativa (ψ) é calculada dividindo entrada do secador nas variáveis de saída do
a pressão de vapor do gás (Pv) pela pressão de mesmo. Figura 1 apresenta tela do simulador
vapor de saturação (Pvsat) à Tg, ou seja: Matlab/Simulink.
pv
ψ = ⋅ 100 % (6)
p vsat
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Figura 1 – Tela de simulação – Secagem em spray dryer

Fonte: Autor (2015).

Tabela 1 – Isotermas de sorção de leite em pó desnatado e integral.


Produto Isoterma Equação Referência
  1  Kockel et al.
1a X eq = 0,1499 ⋅ exp − 2,306 × 10 −3 ⋅ T ⋅ ln   
  aw   (2002)
0,06156 ⋅ C ⋅ K ⋅ a w
X eq =
Leite em

(1 − K ⋅ a w )(1 − K ⋅ a w + C ⋅ K ⋅ a w ) Lin, Chen e
C = 0,001645 ⋅ exp(2986,65 / T )
1b
desnatado Pearse (2005)
K = 5,710 ⋅ exp(− 615,59 / T )
4,47 ⋅ a w Murrieta-Pazos
1c X eq = 0,0445
(1 − a w )(1 − a w + 4,47 ⋅ a w ) et al. (2011)
18,71 ⋅ a w Jouppila e Roos
1d X eq = 0,0497
(1 − a w )(1 − 1,13 ⋅ a w + 17,58 ⋅ a w ) (1994)
0,04277 ⋅ C ⋅ K ⋅ a w
X eq =
Leite em (1 − K ⋅ a w )(1 − K ⋅ a w + C ⋅ K ⋅ a w ) Lin, Chen e
C = 0,1925 ⋅ exp(1261,13 / T )
1e
pó integral Pearse (2005)
K = 2,960 ⋅ exp(− 386,70 / T )
7,34 ⋅ a w Murrieta-Pazos
1f X eq = 0,0244
(1 − a w )(1 − a w + 7,34 ⋅ a w ) et al. (2011)
As variáveis de entrada do modelo são a sabendo-se que o calor específico é uma
vazão de sólidos secos (F), a temperatura de propriedade aditiva (RAO et al., 2014).
alimentação da emulsão (Tsi), a umidade de
sólidos da alimentação (Xi), a vazão de ar seco Tabela 3 – Composição aproximada (%) do leite
(G), a temperatura do ar de entrada (Tgi) e a integral e desnatado em pó.
umidade do ar de entrada (Yi). As variáveis de Componente Integral Desnatado
saída são a umidade de sólidos na saída (Xo), Água 2,5 3,2
a umidade absoluta do gás de saída (Yo), a Proteína 26,3 36,2
temperatura de saída (To) e a umidade relativa Gordura 26,7 0,8
do gás de saída (ψo). Carboidrato 38,4 52
Na simulação, pode-se avaliar o Minerais 6,1 7,8
comportamento das variáveis manipuláveis Fonte: Fox e McSweeney (1998).
para diferentes produtos e curvas de sorção,
considerando-se as equações expostas na Os valores de calor específico de vários
Tabela 1. Nesta Tabela 1, apresentam-se componentes de alimentos podem ser
equações para a umidade de equilíbrio (Xeq) calculados por equações empíricas dispostas
em função da atividade de água (aw) e/ou da na Tabela 4.
temperatura (T) para o leite em pó integral e
para o desnatado. Tabela 4 – Calor específico de componentes de
Foram utilizadas as correlações leite e derivados.
apresentadas na Tabela 2 para estimar Cp da Componente Cp [J/kgºC]
água, ar seco e vapor considerando que estes Proteína 2008,2 + 1,2089T − 1,3129 × 10 −3 T 2
(4a)
valores variam com a temperatura.
1984 ,2 + 1,4373T − 4,8008 × 10 −3 T 2
Gordura
Tabela 2 – Calores específicos da água, ar seco e (4b)
vapor em função da temperatura. 1548,8 + 1,9625T − 5,9399 × 10 −3 T 2
Cp [kJ/kgK] Carboidrato
(4c)

Água 4,020 + 5,77 × 10 −4 T − 8,30 × 10 −8 T 2 1092 ,6 + 1,8896T − 3,6817 × 10 T−3 2

(2a)
Minerais
(4d)
Ar 0,963 + 1,65 × 10 −4 T − 4,59 × 10 2 T −2 Fonte: Rao et al. (2014).
seco (2b)
−4 −2
Vapor 1,601 + 6,69 × 10 T − 5,58 × 10 T 3
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
(2c)
Fonte: Smith, Van Ness e Abbott (2007). A partir do modelo, simulações foram
conduzidas empregando-se diferentes
Os valores de calor específico do condições de entrada para determinar os
sólido para a simulação são calculados com efeitos nas variáveis de saída.
base na composição química dos leites em pó Observando-se o efeito da temperatura
conforme é mostrado na Tabela 3, podendo de entrada do ar na umidade final do produto,
estimar o valor com base na composição conclui-se que uma variação positiva linear na
conhecida, realizando-se uma combinação temperatura do ar de entrada gera uma
linear dos seus constituintes, isto é: variação negativa não linear na umidade do
pó, conforme pode ser observado na Figura 2.
C p = ∑ x i ⋅ C pi (10) Dado que o teor de umidade do pó na
saída não se comporta de maneira linear com
a variação da temperatura de entrada do ar,
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não é recomendado um aumento acentuado Tabela 5 – Variações de entrada e saída dos


nesta temperatura com o intuito de diminuir a parâmetros do secador spray.
umidade do produto, já que isso implicaria em ∆F > 0 ∆G > 0 ∆T gi > 0
um maior custo energético para obtenção de ∆X o + − −
um ganho resultante não linearmente
∆Yo + − +
proporcional na umidade, ou seja, uma
diminuição na eficiência energética do ∆To − + +
processo. Uma boa alternativa para que se ∆ψ o + − −
atinjam os requisitos de qualidade é ajustar Fonte: Autor (2015).
outras variáveis modificando, assim, as taxas
de transferência de calor e de massa até que se Interpreta-se o comportamento das
definam os parâmetros de operação ótimos. variáveis de saída apresentado na Tabela 5
para variações na vazão de alimentação (ΔF)
Figura 2 – Gráficos da temperatura do ar de como: há uma diminuição no tempo de
entrada e umidade do pó na saída. residência no secador com o aumento da
vazão, reduzindo a transferência de calor e de
massa e, em consequência, To. A evaporação
da água e a transferência do vapor para o ar é
menor devido à redução do tempo de
secagem, aumentando-se, então, Xo, Yo e ψo.
O comportamento descrito na Tabela 5
para o aumento da vazão do ar de secagem
está dentro do esperado. Sabe-se que um
ganho nesta vazão implica em um
favorecimento aos processos de transferência
de massa e calor entre as fases, com
diminuição em Xo e em Yo em relação à vazão
menor (a umidade retirada é distribuída em
uma maior quantidade de massa de gás) e um
aumento em To, também em relação a uma
vazão menor, devido a um maior conteúdo
Fonte: Autor (2015). energético total.
Dados experimentais obtidos na
O simulador também foi usado para literatura foram utilizados na validação do
analisar as saídas a partir de variações nas modelo de simulação. Parâmetros de operação
outras variáveis de entrada. Aplicando-se de secagem e valor de umidade do pó de leite
variações positivas nas vazões de ar seco e desnatado foram extraídos dos trabalhos de
produto seco, assim como na temperatura do Langrish, Marquz e Kota (2006); e os de leite
ar de entrada, os sinais das variações das integral foram retirados de Birchal et al.
saídas foram obtidos como mostra a Tabela 5 (2006). Os valores simulados de umidade
e encontram-se em concordância com os final do pó foram, então, comparados com os
dados reportados na literatura (TAN, experimentais reportados, conforme mostra a
IBRAHIM e TAIP, 2010). Tabela 6.
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Tabela 6 – Valores de umidade do pó simulados e do gás. Isto acarreta mais uma variável a ser
experimentais (% b.s.). calculada, requerendo a adição de nova
Produto Isoterma Simulado Experimental equação ao modelo, no caso, a descrição da
1a 0,79 cinética de secagem das gotículas de
Desnatado 1b 0,45 2,621 suspensão. Esta representaria as resistências à
1c 1,96 transferência de massa do sistema durante o
1d 1,78 percurso das partículas no secador.
Integral 1e 2,93 2,212 Ressalta-se ainda que o modelo
1f 3,43 proposto neste trabalho considera que não
Fonte: Autor (2015), 1Langrish, Marquez e ocorre o acúmulo de massa no interior do
Kota (2006), 2Birchal et al. (2006). secador, porém, Langrish, Marquez e Kota
(2006) registraram um acúmulo de
Embora as isotermas do tipo BET (1c, aproximadamente 35% do produto nas
1d e 1e) não incorporem o efeito da paredes do secador, implicando, portanto, na
temperatura, sabe-se que se a umidade necessidade de se introduzir um parâmetro de
relativa do ar na saída estiver igual ou inferior correção no modelo relacionado à temperatura
à 0,4, o efeito da temperatura do sólido pode vítrea e, consequentemente, à quantidade de
ser desprezado, permitindo a extrapolação produto que adere nas paredes da câmara de
para valores de temperatura maiores que 25ºC secagem.
desse tipo de isoterma. O simulador é útil, então, para que se
Percebe-se que os valores simulados da tenha um rápido estudo das especificações do
umidade do pó usando a isoterma 1c para o produto final, podendo ser usado para estimar
leite desnatado e a isoterma 1d para o leite os parâmetros operacionais para o secador
integral foram os que mais se aproximaram industrial que atenda às considerações
dos dados experimentais. Embora estes preliminares deste modelo.
valores simulados tenham a mesma ordem de
grandeza dos experimentais, observa-se que a 5 CONCLUSÕES
convergência do simulador tende para os
valores de equilíbrio da umidade do pó. Tais A simulação desenvolvida é capaz de
diferenças entre os resultados experimentais e descrever o comportamento, em regime
simulados ocorrem porque o modelo permanente, de um secador spray na condição
apresentado nesta fase preliminar ainda não de equilíbrio térmico entre as fases em sua
contempla processos em escala laboratorial e saída. Este modelo utiliza diferentes isotermas
semi-piloto, nos quais não há a ocorrência do de sorção para descrever os processos de
equilíbrio térmico entre as fases na saída do secagem de leite em pó integral e desnatado,
secador (ou seja o tempo de residência da juntamente com valores do calor específico de
partícula no secador não é suficiente para sólidos dependendo da composição do leite.
garantir tal equilíbrio). Cumpre-se ressaltar Outras equações de isotermas e de calores
que Langrish, Marquez e Kota (2006) específicos podem ser inseridas ao simulador
obtiveram seus resultados experimentais para de forma a ajustar os parâmetros operacionais
o leite desnatado em um secador em spray em para outros produtos a partir das
escala de laboratório e Birchal et al. (2006) especificações requeridas.
em um secador spray escala semi-piloto. Identificam-se neste trabalho as
Para incorporar ao modelo proposto a modificações a serem implementadas no
consideração de não equilíbrio na saída do modelo preliminar apresentado de forma a
secador, faz-se necessário desacoplar, nesta melhor equacionar o processo de secagem
saída, a temperatura do sólido da temperatura
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para o leite, principalmente, no que tange à Tgo - Temperatura do gás na saída do


necessidade de um bom controle da secador (ºC)
temperatura do secador em spray para que as To - Temperatura na saída do secador (ºC)
paredes da câmara de secagem não atinjam a
Tref - Temperatura de referência (ºC)
temperatura de transição vítrea do material a
ser seco. Isto gera, na prática, um depósito de Ts - Temperatura dos sólidos (ºC)
material na parede do secador, ocorrendo Tsi - Temperatura dos sólidos na entrada do
perda de material, aumentando o consumo secador (ºC)
energético e podendo, inclusive, inviabilizar o Tso - Temperatura dos sólidos na saída do
processo. secador (ºC)
x - fração mássica
NOMENCLATURA
X - Umidade absoluta do produto (b.s.)
λ - Calor latente de vaporização (kJ kg-1) Xeq - Umidade de equilíbrio (b.s.)
ψ - Umidade relativa (%) Xi - Umidade absoluta do produto na entrada
ψo - Umidade relativa do gás na saída do do secador (b.s.)
secador (%) Xo - Umidade absoluta do pó na saída do
aw - atividade de água secador (b.s.)
Cp - Calor específico (kJ kg-1 K-1) Y - Umidade absoluta do ar (b.s.)
Cpa - Calor específico do ar seco (kJ kg-1 K-1) Yi - Umidade absoluta do ar na entrada do
Cpl - Calor específico água líq. (kJ kg-1 K-1) secador (b.s.)
Cps - Calor específico dos sólidos (kJ kg-1 K-1) Yo - Umidade absoluta do gás na saída do
Cpv - Calor específico do vapor de água secador (b.s.)
pura (kJ kg-1 K-1)
REFERÊNCIAS
F - Vazão de sólidos secos (kg s-1)
G - Vazão de ar seco (kg s-1) BIRCHAL, V. S.; HUANG, L.;
H - Entalpia (kJ) MUJUMDAR, A. S.; PASSOS, M. L. Spray
Hg - Entalpia da fase gasosa (kJ) Dryers: Modeling and Simulation. Drying
Hgi - Entalpia do ar na entrada do secador (kJ) Technology, v.24, p.359-371, 2006.
Hgo - Entalpia do gás na saída do secador (kJ)
Hs - Entalpia da fase sólido-úmida (kJ) CHEN, X. D.; MUJUMDAR, A. S. Drying
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Hsi - Entalpia dos sólidos na entrada do
Singapore: Blackwell Publishing, 2008.
secador (kJ)
Hso - Entalpia dos sólidos na saída do secador FOX, P. F.; MCSWEENEY, P. L. H. Dairy
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Patm - Pressão atmosférica (Pa) International Thomson Publishing, 1998.
pv - Pressão de vapor (Pa)
pvsat - Pressão de vapor de saturação (Pa) HUANG, L. X.; KUMAR, K.;
MUJUMDAR. A. S. A comparative study of
T- Temperatura (ºC ou K)
a spray dryer with rotary disc atomizer and
Tg - Temperatura da fase gasosa (ºC) pressure nozzle using computational fluid
Tgi - Temperatura do ar na entrada do dynamics simulations. Chemical
secador (ºC)
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AGRADECIMENTOS
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development in drying: recent trends and Os autores agradecem à Prof. Maria
future prospects. Drying Technology, v.22, Laura Passos pelas sugestões e suporte, à
p.1-26, 2004. CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior) e à FAPEMIG
MUJUMDAR, A. S. Handbook of (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
Industrial Drying. New York: CRC Press, de Minas Gerais) pelo suporte financeiro.
2014.

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