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 COMO A CRISE ECONOMICA AFETA O BRASIL

Crise mundial "pode beneficiar Brasil", diz "Financial Times


Publicação: 25/09/2008 09:20 Atualização: 25/09/2008 09:28
Duas reportagens do jornal "Financial Times" ("FT") sugerem nesta quinta-feira (25/09) que a crise
econômica mundial pode, paradoxalmente, terminar sendo benéfica para o Brasil. Os artigos, assinados pelo
correspondente do jornal em São Paulo, afirmam que a crise pode funcionar como um controle para o
crescimento econômico cujo vigor vinha criando pressões inflacionárias.

Diferentemente de outras épocas, o país está mais preparado para enfrentar as turbulências, dizem as
reportagens, que no entanto alertam para os fatores - domésticos - com potencial de criar problemas no futuro.
"Desta vez é diferente. Pelo menos até agora", diz a reportagem "Brasil espera um resfriado leve, mas nada
sério". O título faz referência ao tradicional dito segundo o qual "quando os mercados financeiros americanos
espirram, a América Latina pega uma gripe".

A matéria diz que, embora não tenha conseguido se descolar do resto do mundo, o Brasil está otimista em que
seu nível de reservas - em torno de US$ 200 bilhões - seja capaz de conter uma turbulenta saída de capitais
como a que se seguiu à crise asiática em 1997 e a crise da Rússia em 1998.

"Mais que isso, a crise de crédito pode ter vindo em boa hora, num momento em que a atividade econômica
apresenta indicadores que apontam para uma curva de superaquecimento. Assim, a crise, potencialmente,
pode ajudar o país a desaquecer sua economia sem derrubar o crescimento abaixo do potencial do país",
escreve o "FT".

Economistas ouvidos pelo jornal crêem que o aumento do PIB passe de 5,4% este ano para 3,5% no ano que
vem, bem melhor que o 1% estimado para o resto do mundo, mas capaz de trazer a inflação, que já superou os
6% ao ano, para o centro da meta de 4,5%.

Com isso, o Banco Central também poderia rever a quantidade de vezes em que deve aplicar um aumento de
juros, diz o jornal.

Mas o "FT" também faz um alerta para o futuro, afirmando que "preocupações antigas permanecem e podem
interferir no [curso da economia do] Brasil". A principal delas é o gasto do governo, capaz de gerar demanda
e assim criar novas pressões inflacionárias.

Com o governo usando os gastos como motor do crescimento, "o papel da política fiscal, que continua sendo
altamente expansionista, tem sido ignorado", diz o diário britânico, na reportagem "Confiança do Brasil
acumula problemas para o futuro", publicada em sua versão online.

Um economista citado na matéria afirma que, mesmo com o BC aplicando arrochos monetários para frear o
aumento dos preços, "no final, as expectativas de inflação a longo prazo são determinadas pela política fiscal,
não pela política monetária".
http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/09/25/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=352
22/noticia_interna.shtml
Crise financeira ainda não chegou ao bolso do brasileiro
Publicação: 26/09/2008 08:51 Atualização: 26/09/2008 09:09
A crise financeira que teima em assombrar os mercados internacionais ainda não bateu no bolso do brasileiro.
Os comerciantes seguem otimistas quanto aos resultados previstos para o ano e à incógnita de quais serão os
efeitos empurrados para 2009. A expectativa de aprovação do pacote para conter a crise americana anima os
empresários, que esperam amargar o mínimo possível de prejuízos com a reviravolta na economia global.

Para o chefe do departamento econômico da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Tadeu de
Freitas Gomes, a instabilidade nos EUA não deverá afetar o varejo brasileiro até dezembro. “Este ano está
praticamente todo contratado e devemos fechar as vendas com um crescimento próximo ao de 2007, de
9,7%”, diz. Em 2009, no entanto, o cenário traçado pelo economista é bem diferente. “Com a crise, o crédito
deve ficar mais caro e os prazos devem ser reduzidos, o que vai afetar avenda de bens de consumo duráveis”,
explica.

Mais exigências

Os efeitos da pisada no freio na economia dos EUA ainda não foram sentidos pela população em geral, afirma
Líllian Salgado, advogada da Associação Nacional dos Consumidores de Crédito (Andec). Apesar disso, ela
não descarta possíveis complicações sobre o crédito. “No caso do consumidor, se a crise piorar, os bancos e o
varejo podem ficar mais exigentes na hora de emprestar dinheiro ou vender a prazo, pedindo, por exemplo,
garantias mais firmes. A pessoa física pode também ser obrigada a comprovar efetivamente sua renda, um
histórico financeiro mais detalhado, coisas desse tipo”, avalia.

Mesmo diante de tantas incertezas, o movimento de consumo mantém o ritmo. “É melhor comprar agora
porque a gente não sabe o dia de amanhã”, afirma a servidora pública Neuza Lônia, 53 anos. Já para o ator
André Sommer, 29, a crise deve chegar mais suave ao Brasil, o que não lhe traz tanta preocupação. “A
economia brasileira está muito aquecida, não acho que vamos sentir tanto desta vez”, resume.

O país, no entanto, não está blindado. Efeitos do estresse financeiro pipocam aqui e ali. Miguel de Oliveira,
vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade
(Anefac), explica que a crise já provocou reflexos, por exemplo, nas compras dos brasileiros. Segundo ele, a
turbulência internacional embutiu precauções extras no receituário de quem oferta dinheiro a prazo. “Os
bancos vão continuar emprestando, mas o consumidor já está sentindo pelo menos duas coisas: as instituições
financeiras estão mais criteriosas, mais seletivas, mais atentas. A outra coisa é que o empréstimo está mais
caro por causa da Selic”, reforça.

No setor de consórcios, ainda não há sinais de desaceleração. Pelo contrário. “Se afetar o emprego e a renda aí
sim o setor de consórcio sentirá. Mas por enquanto não estamos vendo os efeitos da crise”, afirma Rodolfo
Garcia Montosa, presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). De acordo
com a entidade, 3,5 milhões de brasileiros optam por esse tipo de investimento e poupam R$ 60 bilhões.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/09/26/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=355
31/noticia_interna.shtml
Brasileiro soferá maior restrição ao crédito
Publicação: 27/09/2008 17:06 Atualização: 27/09/2008 17:21
O enxugamento do crédito decorrente da crise financeira internacional vai levar a uma seleção mais rigorosa
dos projetos de infra-estrutura a serem tocados, avaliou o presidente da Associação Brasileira da Infra-
Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy. "O mercado de crédito vai ficar mais restritivo",
comentou.

Preocupado com essa constatação, Godoy esteve na semana passada com o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano
Coutinho. Ouviu de ambos que os projetos de infra-estrutura não serão interrompidos por falta de crédito.
Mantega disse a Godoy que o governo procurará garantir recursos para quatro áreas: agricultura, exportação,
PAC e BNDES.

Um teste será a próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), na terça-feira (30). Nela, será
fixada a nova Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada nas linhas de crédito do BNDES. Hoje, ela está
em 6,25% ao ano. Há no governo quem defenda a elevação, de forma a aproximá-la da taxa de juros básica da
economia, a Selic, hoje em 13,75%. "Somos absolutamente contra essa idéia", afirmou Godoy.

Por enquanto, a perspectiva de menos crédito não desanimou os candidatos aos leilões de concessão de
rodovia que o governo pretende realizar em dezembro e março. O diretor-geral da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (Antt), Bernardo Figueiredo, disse que nenhuma empresa levantou temores quanto à
falta de financiamento.

De fato, o presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacir Servilha,
não vislumbra problemas para obter recursos para as empresas concorrerem à concessão das rodovias
federais. "O BNDES vai financiar", disse.

A crise, explicou ele, é problema para as concessionárias participarem dos leilões de rodovia em São Paulo
porque o modelo é de outorga - vence a empresa que pagar o maior lance pela concessão. Já o programa
federal é diferente: o vencedor é o que cobra a menor tarifa e os investimentos necessários podem ser
financiados pelo BNDES.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/09/27/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=358
80/noticia_interna.shtml
BC está convencido de que crise internacional exigirá doção de medidas
muito duras
Publicação: 28/09/2008 08:21 Atualização: 28/09/2008 08:22
As preocupações com a inflação, que levaram o Banco Central a elevar a taxa básica de juros (Selic) de
11,25% para 13,75% ao ano entre abril e setembro, saíram de cena. Agora, as atenções do BC estão voltadas
para os estragos que a crise financeira mundial está fazendo na economia brasileira. O time comandado por
Henrique Meirelles passou os últimos dias dominado pela tensão. Apesar de a instituição pregar que tomou
medidas pontuais, como a venda de US$ 1 bilhão por meio de dois leilões e a liberação de R$ 13,2 bilhões em
depósitos compulsórios, “para corrigir pequenas distorções” do mercado, seus diretores estão convencidos de
que os desdobramentos da crise americana vão exigir, em algum momento, medidas enérgicas.

“Não podemos fechar os olhos. Estamos preparados para tudo. A crise ganhou uma proporção impensável,
cujos efeitos ninguém consegue dimensionar”, afirma um conceituado técnico do BC. Ele conta que o
presidente Lula tem mantido contatos diários com Meirelles, para saber o que o BC pode usar em caso de
estresse total, por exemplo, se fracassar o pacote de US$ 700 bilhões preparado pelo governo dos Estados
Unidos para socorrer bancos atolados em créditos podres. “Até agora, Meirelles tem conseguido tranqüilizar o
presidente. Mas também não tem deixado de explicitar o preço a ser pago pelo Brasil se o caos se instalar”,
relata. O primeiro sinal de que o país não está livre da crise foi o fechamento de todas as linhas externas de
crédito para a economia brasileira, inclusive as que financiam as exportações.

Meirelles também avisou Lula de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será menor em 2009.
Deve ficar entre 3% e 4% (a previsão oficial do BC sairá amanhã), um resultado excepcional, dadas as
circunstâncias que o país enfrentará ano que vem, com as economias mais ricas do mundo — Estados Unidos,
Europa e Japão — em recessão ou próximas dela. “Com o mundo crescendo menos, nossas exportações e os
preços dos produtos vão diminuir, comprometendo parte do desempenho da nossa economia. Mas nada que
nos coloque de joelhos”, diz um assessor do Palácio do Planalto. “Para o Brasil crescer 2% ou 2,5% em 2009,
como prevêem alguns analistas, a atividade econômica teria que levar um tombo brutal, pois já há um
crescimento contratado de pelo menos 2%, referentes à forte expansão de 2008”, acrescenta.

Mas, apesar de a crise internacional estar concentrando as atenções, os técnicos do BC avisam que o banco
não abriu mão de sua principal missão, o controle da inflação. Na visão do BC, a crise tem um forte lado
“desinflacionário”. A desaceleração da economia mundial tende a derrubar, ou no mínimo segurar, os preços
das commodities, que foram o grande tormento para a inflação. Nem mesmo o câmbio, com o dólar acima de
R$ 2, deve tirar a inflação do teto de tolerância da meta, de 6,5%. “Temos de lembrar que os juros subiram e
podem aumentar mais para corrigir excessos nos preços”, enfatiza o técnico do BC.

Para o pelotão de Meirelles, além das exportações, a queda no ritmo de crescimento da economia brasileira
será ditada pelo crédito, cuja velocidade de expansão ficará mais próxima de 15% anuais, metade do que se
viu nos últimos anos. “O importante é que as empresas mantenham seus planos de investimentos, confiantes
de que o consumo interno continuará firme, crescendo entre 4% e 5% ao ano”, afirma o técnico. “2009 não
será um ano excelente, mas também não será um ano ruim. Será um ano de arrumação para 2010, quando a
economia voltará a crescer num ritmo próximo de 5%.”

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/09/28/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=359
39/noticia_interna.shtml
Brasil já paga a conta da crise financeira internacional
Publicação: 29/09/2008 08:14 Atualização: 29/09/2008 08:26

O governo resistiu o quanto pôde em assumir que o estouro da bolha imobiliária americana teria reflexos
negativos no Brasil. Mas, desde o início deste mês, quando a crise realmente mostrou sua face mais perversa,
a realidade falou mais alto. A fatura que cabe ao país passou a ser emitida. E do Banco Central ao Ministério
da Fazenda, do Congresso ao Palácio do Planalto, a discussão, agora, é sobre como minimizar os estragos na
economia brasileira. “Não tem jeito. Por melhores que sejam os fundamentos econômicos, não há como o
Brasil ficar imune ao vendaval financeiro que varre o mundo”, diz Ítalo Lombardi, analista para mercados
emergentes da consultoria RGE Monitor.

Os efeitos da crise estão por todos os lados. A começar pelo crédito, que ficou mais escasso e caro. Na média,
os consumidores que se dispuserem a comprar a prazo ou a tomar empréstimos vão arcar com as maiores
taxas de juros desde o segundo semestre de 2006: 52,8% ao ano, em média. Operações que antes eram
oferecidas sem restrições, como os empréstimos com desconto em folha, praticamente sumiram. No máximo,
os bancos estão renovando os financiamentos e, mesmo assim, em prazos menores. “O consignado deixou de
ser interessante para os bancos nesse cenário de juros mais altos”, afirma o chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes.

Também as empresas estão arcando com custos maiores nas linhas para capital de giro e para tocar a
ampliação de fábricas — juros médios de 28,4% ao ano, os maiores em julho de 2006 —, uma vez que o
crédito externo secou. Apenas nos primeiros 15 dias de setembro, R$ 2,1 bilhões deixaram de entrar no país.
“O crédito é uma das alavancas do crescimento, pois estimula tanto o consumo das famílias quanto os
investimentos produtivos. Ao ficar mais caro e com acesso mais difícil, vai prejudicar a expansão econômica
do país”, explica Fernando Montero, economista-chefe da Corretora Convenção.

Por isso, muitos analistas prevêem um tombo no ritmo de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009.
As estimativas apontam para incremento entre 2,5% e 3,5%, o que representa redução de até três pontos
percentuais em relação ao resultado esperado para este ano, de 5% a 5,5%. “Que o Brasil vai crescer menos
em 2009, não há dúvidas. E muito possivelmente menos de 3%”, ressalta o economista-chefe da
Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes. A inevitável desaceleração da
economia já foi, inclusive, devidamente comunicada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo presidente
do BC, Henrique Meirelles, conforme informou ontem o Correio.

Mais prejuízos

O governo também está dando sua cota de sacrifício. O BC já queimou US$ 1 bilhão das reservas
internacionais para aliviar a vida de empresas e bancos, que ficaram sem crédito para financiar o comércio
exterior. O BC teve ainda de enfrentar o sufoco de 23 bancos de menor porte, que se viram sem dinheiro em
caixa para emprestar. A secura foi tamanha, que a instituição liberou R$ 13,2 bilhões em depósitos
compulsórios que estavam sob a sua guarda. E mais: mesmo pagando juros mais altos, o Tesouro Nacional
conseguiu refinanciar, em setembro, pouco mais da metade dos R$ 20,7 bilhões da dívida pública.

É no mercado financeiro que os efeitos da crise são mais evidentes. O valor das empresas com ações na Bolsa
de Valores de São Paulo (Bovespa) encolheu R$ 617,8 bilhões. Corretoras e fundos de investimentos tiveram
dificuldades para honrar compromissos no pregão paulista. Grandes exportadoras, como a Sadia e a Aracruz
Celulose, perderam mais de R$ 1 bilhão, ao serem surpreendidas com a disparada do dólar frente ao real.
“Infelizmente, ainda vamos ver muito sofrimento no mercado”, ressalta Alexandre Marques Filho, analista da
Elite Corretora.

Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense


http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/09/29/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=360
80/noticia_interna.shtml

Paulo Bernardo nega pacote de medidas contra crise no Brasil


Publicação: 30/09/2008 19:08 Atualização: 30/09/2008 19:11

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou no início da noite desta terça-feira (30/09) que o
governo não está preparando um pacote de medidas para combater os efeitos da crise, mas estuda ações que
poderão ser adotadas caso o governo julgue necessário.

"Pacote quem tem são os Estados Unidos, e eles ainda não votaram. Se eles, que estão em crise, não votaram,
nós vamos fazer um pacote aqui?", questionou. "Nós estamos estudando, acompanhando com atenção. Acho
que está tudo tranqüilo. Vamos tomar medidas caso seja necessário", disse em entrevista na entrada do
Ministério da Fazenda, onde participará da reunião do Conselho Monetário Nacional

Segundo ele, não há motivos para o governo agir de maneira açodada. "Estamos preocupados, mas não pode
ter desespero. Não somos irresponsáveis de não ter medidas que possam ser adotadas caso seja necessário",
acrescentou ao ressaltar a necessidade de se acompanhar com atenção os desdobramentos da crise

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/09/30/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=365
67/noticia_interna.shtml
Crise ainda não atingiu balança comercial brasileira, diz secretário
Publicação: 01/10/2008 18:38 Atualização: 01/10/2008 18:40

A balança comercial brasileira não sentiu até agora quaisquer efeitos da crise financeira internacional em
relação ao crédito ou à redução de demanda no mercado externo, de acordo com o secretário de Comércio
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral.

De acordo com Barral, a maior expectativa reside na possibilidade de restrições no crédito, embora grande
parte dos exportadores brasileiros usem recursos de fundos nacionais. Apenas uma pequena parte do
financiamento das exportações é feita com recursos externos, conforme o secretário.

A balança comercial só deverá sentir algum efeito da crise em 60 ou 90 dias, caso o Congresso americano não
aprove o pacote financeiro para salvar os bancos quebrados, destaca Barral. Boa parte dos contratos de
importação e de exportação do Brasil para os próximos meses já foram firmados. Essa, segundo ele, seria a
razão do país ainda não sofrer os efeitos da crise detonada pelos Estados Unidos.

Barral lembrou que, atendendo recomendação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feita nesta terça-feira
(1°/10), os Ministérios do Desenvolvimento e da Fazenda e o Banco Central vão monitorar a crise
internacional para a eventualidade de terem que tomar medidas emergenciais em relação aos exportadores,
quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderia participar com oferta
de crédito.

Ao mesmo tempo, destacou Barral, o governo está desenvolvendo medidas facilitadoras para as pequenas e
micro empresas, na área da logística e da desburocratização, levando em conta que esse segmento tem
participação importante na balança comercial.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/01/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=368
52/noticia_interna.shtml
Mercado brasileiro de capitais deve continuar sendo afetado
Publicação: 02/10/2008 19:53 Atualização: 02/10/2008 19:57
O mercado brasileiro de capitais e os mercados de todo o mundo vão continuar a ser afetados negativamente
pela crise econômica mundial, nos próximos dias e meses, avaliou, em entrevista à Agência Brasil, o gerente-
geral do Instituto Nacional de Investidores (INI), Paulo Portilho. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa )
chegou a cair nesta quinta-feira (02/10) próximo de 10%. Às 17h57m, a queda era de 7,34%.

Portilho disse que uma simples ida a uma loja de venda de aparelhos de telefonia celular já mostra que a crise
chegou ao Brasil. Antes de o problema financeiro explodir nos Estados Unidos, os celulares eram vendidos no
mercado nacional em dez vezes sem juros. “Agora, são dez vezes, mas com juros de 20% a 25% ao ano”. Isso
significa, afirmou Portilho, que existe por trás disso tudo uma crise de falta de dinheiro para emprestar.

“Os bancos precisam ter confiança para emprestar uns para os outros e para nós. E, no mundo inteiro, isso
simplesmente acabou e ficou muito caro”, assinalou Portilho. A percepção das pessoas em relação ao pacote
de socorro do governo norte-americano para os bancos e financeiras daquele país, avaliou, é que “talvez o
tempo e o tamanho dele não sejam suficientes para recuperar essa credibilidade do sistema bancário, porque
as quedas são muito grandes”.

Ele salientou que as pessoas estão com receio de que a questão do crédito não seja recuperada. “Sem crédito,
a economia pára completamente”. No mercado de bolsa de valores, a tendência é de baixa, até que se defina
se o pacote será aprovado ou não. Após ter sido rejeitado pela Câmara de Representantes dos Estados Unidos
na última segunda-feira (29), o pacote foi aprovado pelo Senado e deve voltar amanhã (3) a ser apreciado pela
Câmara.

O gerente-geral do INI assegurou que se os negócios chegarem a ser paralisados nos mercados será uma
freada muito brusca nas economias mundiais. “Por isso é que as bolsas ainda vão continuar assim, bastante
oscilantes”. Para que os investidores, principalmente os de menor porte, atuem no mercado de ações, Portilho
indicou que não existe outro caminho a não ser investir sempre e regularmente. “O maior pecado que uma
pessoa comete em bolsa é colocar tudo de uma tacada só, em um único dia. É um perigo. Se alguém tivesse
feito isso em maio, por exemplo, teria perdido 50% dos seus investimentos”.

Além de investir sempre e de forma regular, a recomendação do especialista é que o investidor reinvista todos
os dividendos recebidos no período e só compre ações de empresas que apresentem crescimento. “Essa é a
regrinha que as associações de investidores iguais à nossa, do mundo inteiro, recomendam a seus investidores.
Quem fez isso nos últimos cinco, dez ou 15 anos tem, sem dúvida, um grande ‘portfólio’ hoje. Agora, quem
tentou adivinhar a hora de entrar e de sair, o que fazer, eu não posso afirmar”.

Portilho destacou que apesar da redução de valor de algumas empresas, como Petrobras e Vale, o foco do
investidor tem de ser o crescimento do lucro das companhias negociadas na bolsa. Explicou que, devido à
crise internacional, todas as empresas sofrerão, em algum momento, problema de crédito. No caso da
Petrobras, em particular, lembrou que o próprio governo estaria garantindo crédito, através do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para que a empresa dê seguimento a seus
investimentos.

Advertiu que a oscilação das cotações dos papéis na Bovespa acontece “ao sabor” do mercado. “O que
importa para o investidor é se o lucro da empresa está crescendo”. Os dados relativos ao primeiro semestre
indicam bom crescimento de lucro para as empresas brasileiras de maneira geral. “Isso é que importa para ele
(investidor). Porque, mesmo que o mercado passe por um horror agora de falta de liquidez, não tenha dinheiro
para comprar, quando ele se recuperar - pode ser no espaço de um até cinco anos - se o investidor se
posicionou em empresas que têm um lucro crescente, um dia isso vai se ajustar”.
Outra dica importante do especialista é que quanto mais barata a ação, melhor o retorno em termos de
dividendo, desde que a companhia tenha lucro e esse lucro cresça. “É isso que o investidor tem que procurar”.
A redução do valor da Petrobras e da Vale à metade, em decorrência da crise mundial, “pode ser, talvez, uma
grande oportunidade de investimento, desde que o lucro delas tenha perspectiva de crescer”, reafirmou.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/02/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=371
75/noticia_interna.shtml

Impacto da crise financeira ainda não afetou juros no varejo, dizem


especialistas
Publicação: 03/10/2008 17:24 Atualização: 03/10/2008 17:25
O impacto da crise financeira nos Estados Unidos ainda não chegou aos juros no varejo. A afirmação é do
chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, ex-
diretor do Banco Central.

Em entrevista Agência Brasil, o economista disse que o aumento dos juros já está ocorrendo, mas nos bancos.
[No] comércio, ainda não, porque precisa vender. Acho que não está havendo nenhum impacto não. Para ele,
o impacto da crise externa sobre o comércio ainda vai demorar. O comércio está mais preocupado em vender
do que em ganhar em cima da prestação. Isso é mais para banco, que faz o financiamento.

Carlos Thadeu acha que as taxas de juros vão ficar mais altas, e o crédito, mais curto. Mas, por enquanto, é
uma decisão das instituições financeiras. Não é, necessariamente, uma decisão de quem vende.

O coordenador do Núcleo Econômico da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio), João


Carlos Gomes, disse que não tem, até agora, informações sobre aumento de juros no varejo, por causa da crise
econômica. Segundo ele, os juros estão aumentando desde o início do ano, mas por outros motivos, como o
crescimento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL) e, mais recentemente, as medidas adotadas pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central
(Copom) de elevação dos juros para combater a inflação.

A tendência já é de desaceleração natural para 2009, provocada pelos reflexos da crise internacional, afirmou.
Para Gomes, diante desse quadro, o instrumento de política monetária nos juros perde a necessidade, uma vez
que vai haver desaceleração no ano que vem, provocada por essa restrição de crédito.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/03/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=374
26/noticia_interna.shtml
Economista orienta consumidor a agir com cautela por causa da crise
mundial
Publicação: 04/10/2008 13:46 Atualização: 04/10/2008 13:46
O momento é de cautela para quem quiser comprar algum bem a prazo, porque a crise norte-americana afeta
diretamente as operações de crédito. O alerta é do professor de economia da Universidade Federal do Espírito
Santo Arlindo Vilaschi, que orienta o consumidor a esperar o desenrolar da crise para parcelar alguma
compra.

“Eu sou um consumidor que tinha planejado no mês de outubro ou de novembro comprar um determinado
bem, uma geladeira, um computador, uma televisão, se eu tenho o dinheiro na mão e preciso do bem, a
recomendação é compre. Agora, se eu não tenho o dinheiro na mão ou lançar mão de 36 prestações, é melhor
adiar essa decisão de compra”, aconselhou em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.

Ele destacou que, por causa do momento de insegurança financeira, a tendência é que quem for conceder o
crédito cobre taxas altas de juros. Vilaschi disse ainda que o consumidor que tem alguma dívida deve
continuar pagando, mas, caso não tenha todo o dinheiro, a solução é negociar. “Quem é devedor deve
continuar pagando suas contas à medida que tenha o recurso. Se não tiver, procure o credor e procure
renegociar com esse credor.”

Vilaschi afirmou, no entanto, que, apesar das altas taxas de juros cobradas nas operações de crédito, o
consumidor não deve ficar preocupado com a possibilidade de elevação geral nos preços de produtos e de
serviços e uma conseqüente alta da inflação.

“Não há nada no ar que que insinue que vamos ter qualquer processo de aumento generalizado e
sistematizado de preços. Não devemos ter volta de de inflação galopante, não há nenhum indicador [que
mostre isso]. O consumidor não precisa se preocupar”, argumentou.

Ontem (3) a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou o pacote de ajuda aos bancos e
instituições financeiras. O projeto elevou de US$ 700 para US$ 850 o valor do socorro.

Entre os pontos da ajuda financeira estão a ampliação de US$ 100 mil para US$ 250 mil do limite de
depósitos bancários que passam a ser garantidos pelo governo e o corte de impostos para a classe média e
incentivo a pequenos empresários.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/04/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=375
97/noticia_interna.shtml
Bolha global: efeitos em Brasília
Publicação: 05/10/2008 10:01 Atualização: 05/10/2008 10:06

A crise nos mercados mundiais mostra suas garras reais e, quem diria, já ameaça os negócios em Brasília.
Indústrias do Distrito Federal, lojas e agências de turismo temem que o estouro da bolha imobiliária
americana prejudique os negócios. Com a alta do câmbio e a possível retração no crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) em 2009, as dúvidas em relação ao futuro aumentam. Analistas de varejo dizem que, em
relação aos resultados deste ano, o bom desempenho do comércio está assegurado, mas nas ruas o que se vê
não é exatamente isso.

Um dos efeitos da turbulência externa pode ser especialmente ruim para quem é apaixonado por Coca-Cola.
Alguns insumos usados na produção do refrigerante são importados, ou seja, sofrem influência direta do
aumento do dólar. Na fábrica instalada no DF, apenas os investimentos não serão afetados — justamente
porque foram feitos em meses de câmbio mais leve. “Todo o nosso maquinário novo foi encomendado entre o
fim do ano passado e o começo deste ano, pagamos em euro, mas com a taxa mais em conta”, revela Renato
Barbosa, diretor comercial da Brasal Refrigerantes.

Na produção das bebidas, no entanto, o novo câmbio terá um papel negativo. As latas de alumínio e as resinas
para a fabricação das garrafas PET são trazidos de fora e devem, pelas previsões de Barbosa, subir. O açúcar,
em queda no mercado internacional, também vai ficar mais caro porque os preços pagos pela fábrica levam
em conta as cotações dessa commodity na Bolsa de Nova York. Nas previsões do diretor comercial, as
matérias-primas subirão, este mês, até 16%. “Isso ainda não afetou o preço do refrigerante, mas já
pressupomos um aumento entre 4% e 5% que pode ser repassado ao consumidor”, afirma o executivo.

A abrupta alta da moeda americana, que em uma semana recuperou toda a desvalorização do ano e
ultrapassou os R$ 2, bateu nas agências de turismo do DF. O primeiro reflexo é, naturalmente, a troca dos
destinos internacionais por viagens pelo país. Mas turistas que ainda não tinham pago os pacotes reservados
também tentam concluir o negócio num câmbio mais favorável. “Por enquanto não dá para medir o baque nas
vendas, embora seja provável a influência nos pacotes de fim de ano. Mas um dos maiores movimentos de
procura com a alta do dólar é de pessoas que tentam fechar os pacotes no dólar do dia em que fizeram a
reserva. Só que as empresas não têm como arcar com essa diferença”, explica a diretora da Buriti Turismo,
Valquíria Almeida.

É certo, porém, que os movimentos do dólar provocam reações quase imediatas nos consumidores. “O efeito é
rápido, e quem vende muitos pacotes para o exterior percebe na hora. O principal deles é a troca dos destinos.
Passageiros que estavam planejando uma viagem a Buenos Aires (Argentina) agora preferem optar por um
destino nacional, como Porto de Galinhas (PE)”, adverte a gerente da Taiana Turismo, Rosângela Barros.

Casa e decoração
Refém de produtos fabricados fora do Brasil ou de componentes específicos que são importados, o segmento
de casa e decoração está apreensivo. Metais para banheiros, papéis de parede, dobradiças e corrediças
utilizados na montagem de móveis finos são fortemente influenciados pelo sobe-e-desce do dólar. Como os
estoques são reduzidos, as empresas do setor acabam obrigadas a conviver — na linha de frente — com o
estresse dos mercados.

Se a crise americana não for contida, e o câmbio no Brasil fugir ao controle, a tendência é de que cedo ou
tarde ocorram reajustes. Até agora, conforme a Associação Brasiliense de Designers de Interiores (Abradi),
essa contaminação não ocorreu. “Ainda não está aumentando nada, mas a gente já colocou as barbas de
molho”, resume Ieda Garcia, presidente da entidade. Nas vitrines, apesar de todo o pessimismo que toma
conta das economias mundiais, os preços estão “comportados”.
Em um cenário pessimista, a indústria local de designer pode recorrer a uma velha alternativa: substituir itens
importados por nacionais.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/05/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=377
28/noticia_interna.shtml

Parlamentares confirmam que MP para combater crise será editada hoje


Publicação: 06/10/2008 21:41 Atualização: 06/10/2008 21:43

Os parlamentares da base aliada que participaram da reunião do conselho político, no Palácio do Planalto,
confirmaram que será editada uma medida provisória destinada a fazer frente aos efeitos da crise de liquidez
do mercado financeiro internacional sobre a economia brasileira.

De acordo com o líder do PT na Câmara, deputado Maurício Rands (PE), a medida provisória vai autorizar o
Banco Central a garantir os empréstimos contraídos por empresas brasileiras no exterior, o financiamento das
companhias de leasing e o redesconto das carteiras de crédito das pequenas e médias instituições bancárias.

“Com isso você dá mais uma blindagem ao setor financeiro brasileiro. Você dá solidez”, explicou o deputado,
após reunião do Conselho Político com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, além do presidente Lula.

Rands negou que a MP signifique que o governo esteja preocupado com possíveis falências de bancos, a
exemplo do que ocorreu com instituições financeiras norte-americanas.

“O governo não está preocupado, só está tomando medidas de precaução. Quanto mais solidez (do mercado
financeiro) melhor”, afirmou.

Os parlamentares relataram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi taxativo de que não haverá um
pacote de ajuda aos sistema financeiro nacional, como adotado pelo governo norte-americano. Segundo eles,
o presidente garantiu que governo continuará monitorando a economia e tomará apenas medidas pontuais,
quando julgar necessário.

“O presidente Lula disse que é preciso tranqüilidade e firmeza neste momento”, afirmou o deputado Gilmar
Machado (PT-MG)

Já o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), disse que a medida provisória será
mais um mecanismo de regulação do mercado financeiro nacional.

“Numa certa medida significa capacidade maior do Banco Central de regular o mercado financeiro e o
mercado bancário brasileiro”, disse, lembrando que a crise do sistema financeiro internacional é resultado da
“quebradeira” dos bancos norte-americanos pela falta de regulação do mercado.

A Casa Civil informou que a medida provisória será publicada a


nesta terça-feira (7/10) no Diário Oficial da União e entra em vigor de imediato. A previsão é que o Banco
Central detalhe ainda hoje a MP.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/06/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=384
81/noticia_interna.shtml
Governo reage ao pior dia da crise
Publicação: 07/10/2008 08:44 Atualização: 07/10/2008 08:47

Movido pelo desespero, diante da alta do dólar, que chegou aos R$ 2,20 nesta segunda-feira (6/10), e do
derretimento da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que foi obrigada a interromper os negócios duas
vezes no dia, o governo decidiu antecipar em uma semana um pacote de medidas para conter os efeitos da
crise financeira mundial no país. À tarde e à noite, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, trataram de divulgar uma série de ações, com dois objetivos principais:
dar crédito aos exportadores brasileiros e evitar a quebra de bancos de pequeno e médio portes, que há pelo
menos 10 dias não conseguem se financiar no mercado. O presidente Lula, que negou o quanto pôde, a
existência de um pacote, deu carta branca ao BC, que por sua vez assumirá riscos dos quais estava bem
distante.

Foram cinco as medidas anunciadas pelo governo. Primeira: o BC usará uma parcela das reservas
internacionais do país — que o mercado estima em até US$ 20 bilhões — para que os bancos possam dar
crédito aos exportadores. Pelo que explicou Meirelles, a instituição fará leilões de dólares no exterior, que
serão arrematados pelos bancos e repassados às empresas em forma de empréstimos. Esses leilões, a exemplo
do que ocorre internamente, terão prazo de vencimento, de forma que o BC possa recompor suas reservas. Os
bancos poderão usar uma série de títulos, inclusive de emissão do governo brasileiro, para comprar os dólares.
A segunda medida será a transferência de R$ 5 bilhões do caixa do Tesouro Nacional para o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esse dinheiro reforçará o financiamento de pré-embarque
das exportações.

As outras três ações foram tomadas por meio de medida provisória que será publicada em edição extra do
Diário Oficial da União e ainda dependem de regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN). O
governo autorizou o BC a dar empréstimos em dólar a bancos brasileiros que serão garantidos em títulos em
moeda estrangeira. Os recursos poderão ser usados livremente pelas instituições. A MP também permite que o
BC compre carteiras de créditos de bancos por meio de uma linha chamada redesconto, que tem taxas de juros
punitivas. Essa facilidade foi dada porque os grandes bancos, mesmo a Caixa Econômica Federal e o Banco
do Brasil, não estão arrematando carteiras dos “banquinhos”, apesar da liberação de R$ 23,5 bilhões em
depósitos compulsórios para tais operações. O governo está temeroso de que, sem liquidez, mas com carteiras
de crédito de boa qualidade, os bancos menores fechem as portas por total incapacidade de operar. É a mesma
coisa que o banco central americano está fazendo com as grandes instituições financeiras dos EUA.

A última das medidas, mais simples, permite que as empresas de leasing emitam Letra de Arrendamento
Mercantil (LAM), títulos que terão que ser pagos em dinheiro. É mais uma forma de dar liquidez ao mercado.
Para se capitalizarem, as empresas vinham emitindo debêntures, papéis bem mais complexos, cujos
lançamentos no mercado dependem de aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “As duas
medidas anunciadas à tarde já estão valendo. A MP é um passo adicional importante no sentido de preservar a
economia brasileira. As medidas não precisarão, necessariamente, ser usadas”, afirmou Meirelles. Ou seja, a
MP traz medidas para casos extremos, que dão superpoderes ao BC. “As medidas criam a figura do
emprestador em última instância”, afirmou.

Na avaliação de Meirelles, o BC brasileiro está seguindo os passos de outros bancos centrais, obrigados a
assumir riscos para evitar o colapso do sistema financeiro mundial. “Trata-se da mais grave crise desde
1929”, ressaltou Guido Mantega, que, até então, vinha minimizando a gravidade do momento.

Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/07/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=385
11/noticia_interna.shtml
Veja a lista de medidas já anunciadas no Brasil para combater a crise
Publicação: 08/10/2008 17:13 Atualização: 08/10/2008 17:17
Apesar de negar que haja um pacote brasileiro de combate aos efeitos da crise internacional de crédito no
país, o governo já anunciou uma série de medidas nas últimas semanas para evitar uma piorar no sistema
financeiro.

Veja as principais medidas


19 de setembro
Quatro dias após a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, o crédito internacional seca e o dólar
dispara no Brasil. O Banco Central anuncia um leilão de US$ 500 milhões com compromisso de recompra da
moeda após 30 dias. Nessa operação o BC "empresta" os dólares às instituições financeiras durante esse
período. Os recursos servem para que os bancos possam financiar as exportações brasileiras.
24 de setembro
A crise de confiança nos bancos internacional e a falta de crédito externo afetam os bancos pequenos e
médios no Brasil. O BC anuncia então mudanças no recolhimento de depósitos compulsórios, que beneficia
bancos menores e instituições que trabalham com leasing. Com isso, o BC garante a injeção de R$ 13 bilhões
no mercado.
26 de setembro
O BC realiza uma nova operação de venda de dólares com compromisso de recompra, no valor de mais US$
500 milhões, e ajuda a manter a moeda no patamar de R$ 1,80.
1° de outubro
O Banco do Brasil antecipa R$ 5 bilhões em crédito para o setor agrícola para suprir a falta de recursos
causada pela crise financeira.
3 de outubro
O BC anuncia a redução do compulsório para os bancos grandes que comprarem parte das carteiras de crédito
dos bancos pequenos. A avaliação do governo é que os grandes bancos estão preferindo segurar os recursos a
emprestar para essas instituições. A estimativa do BC é que a mudança injete R$ 23,5 bilhões na economia,
além de ajudar as instituições menores.
6 de outubro
No pior dia desde o início da crise, o dólar ultrapassa os R$ 2,15 e a Bolsa cai mais de 15% durante o dia. São
anunciadas várias medidas.
Pela manhã, o BC anuncia um leilão de "swap cambial" e coloca US$ 1,468 bilhão no mercado financeiro.
Nessa operação, que não era realizada desde maio de 2006, o BC oferece proteção contra a alta do dólar.
À tarde, o governo anuncia a criação de uma linha internacional de crédito para ajudar os exportadores, com o
dinheiro das reservas internacionais do BC. O governo também reforça a linha de financiamento para
exportações pré-embarque do BNDES, com mais R$ 5 bilhões.
No final do dia, o presidente Lula edita uma medida provisória que dá mais poderes ao BC para atuar durante
a crise. Entre elas, está a autorização para o BC comprar carteiras de crédito de bancos em dificuldades no
Brasil.
7 de outubro
BC volta a realizar leilões de swap cambial e venda de moeda com compromisso de recompra. São colocados
no mercado US$ 1,359 bilhão e US$ 700 milhões, respectivamente. Desde 19 de setembro, foram vendidos
US$ 4,529 bilhões ao mercado por meio de leilões do BC, sem afetar as reservas internacionais. Mesmo
assim, a moeda sobe 5% e fecha cotada a R$ 2,31. O BC também anuncia outro leilão para o dia seguinte.
8 de outubro
O dólar chega a R$ 2,48 pela manhã e obriga o BC a queimar parte das reservas internacionais para acalmar o
mercado. Pela primeira vez, desde o dia 13 de fevereiro de 2003, o BC realiza um leilão em que vende parte
dos US$ 208 bilhões que tem em caixa.
Nos leilões anteriores, o BC vendia a moeda com um compromisso de recompra. Na prática, isso funcionava
como um empréstimo e não afetava as reservas. Foram realizados três leilões. Os valores não foram
divulgados.
Em outra operação de swap, o BC coloca mais US$ 1,303 bilhão no mercado. A moeda recua para R$ 2,28.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/08/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=390
26/noticia_interna.shtml

FMI: Brasil está forte, mas não ficará imune à crise


Publicação: 09/10/2008 11:34 Atualização: 09/10/2008 11:52

A situação no Brasil é forte, mas o país não está imune à crise, afirmou nesta quinta-feira (09/10) o diretor-
gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn. Em entrevista na sede do Fundo,
em Washington, ele disse que nenhum país, ou parte do mundo, está imune à crise financeira, que agora é
uma crise globalizada.

O diretor do FMI relembrou pesquisas que citavam a tese do descolamento. "A idéia era que os países
emergentes estariam imunes à crise financeira, um argumento no qual nós não acreditávamos aqui (no FMI)
desde o início. Explicávamos que nenhuma parte do mundo estava imune e, mesmo que pudesse haver alguns
atrasos ou diminuição na força das ondas que estavam atingindo as economias emergentes, teriam
conseqüências", disse.

Strauss-Kahn afirmou que o Brasil tem fundamentos "muito fortes". Segundo ele, as políticas econômicas dos
últimos anos foram corretas, com muitas reservas cambiais acumuladas, medidas que colocaram a economia
do país em bom estado. "Mas, mesmo em bom estado, o declínio no crescimento global terá conseqüências no
Brasil", disse.

Strauss-Kahn citou a projeção divulgada pelo FMI nesta semana para o Brasil, de crescimento econômico de
3,5% em 2009. "Para alguns países, por exemplo a França, uma taxa de 3,5% é um grande sucesso. A última
vez que tivemos crescimento de 3,5% foi há 10 anos e eu não lembro quem foi o ministro das Finanças. Mas,
para o Brasil, obviamente, uma taxa de 3,5% não é tão boa. Tivemos taxa de crescimento entre 5% e 6%, e até
mesmo mais que isso. A situação no Brasil é uma situação forte, mas não imune à crise", emendou.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/09/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=392
22/noticia_interna.shtml
Lula admite que crise é furacão e manda recado contra especulação

O presidente também pediu cautela para que não haja terrorismo no


noticiário econômico
Publicação: 10/10/2008 22:01 Atualização: 10/10/2008 22:01
São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta sexta-feira (10/10), durante visita à capital
paulista, que se evite o terrorismo no noticiário sobre a crise econômica mundial. Ao mesmo tempo, mandou
um recado direto contra tentativas de especulação ao lembrar os lucros recentes obtidos pelos bancos no país.
"Banqueiro já ganha muito dinheiro no Brasitrabalhando honestamente. Ninguém precisa fazer nada às
escondidas para ganhar mais. Porque, na hora que quebra, prejudica exatamente aquele que não tem conta em
banco", afirmou.

Lula reconheceu a gravidade da crise, mas ressaltou que as vendas ainda não caíram e os níveis de emprego
continuam subindo, conforme dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele
admitiu, no entanto, que o Brasil sofrerá os efeitos da onda que arrastará os EUA e os países europeus para
uma recessão. O presidente prometeu que não haverá prejuízos nem para as obras do Plano de Aceleração do
Crescimento (PAC), nem para os investimentos da Petrobrás.

Lula deu as declarações ao discursar durante um encontro com evangélicos organizado em um hotel da zona
sul da cidade pela equipe de campanha da candidata do PT à prefeitura de São Paulo, a ex-ministra do
Turismo, Marta Suplicy. Na ocasião, disse que o Brasil habituou-se a conviver com uma imprensa que noticia
fatos e versões. Para dar sustentação ao raciocínio, lembrou o período em que chegou-se a veicular
informações sobre a suposta presença da gripe aviária no país, fato que acabaria não se confirmando
posteriormente: "É preciso tomar cuidado para não espalhar o terrorismo sobre as coisas."

Apesar da observação, Lula enfatizou ser fundamental falar claramente sobre o delicado cenário econômico.
"A crise é grave? É. Tanto é que precisaram colocar US$ 850 bilhões nos EUA. Mas ainda não chegou aqui,
porque os bancos brasileiros não estavam no subprime. Algumas empresas que vocês viram esses dias que
perderam dinheiro, perderam não porque estavam produzindo, mas porque estavam especulando. Estavam
querendo ganhar dinheiro fácil", disse o presidente.

Furação e Nota Vermelha

Para Lula, a crise não foi conhecida antes porque houve "agiotagem" e os americanos a esconderam como
uma criança que vai mal na escola. "A crise americana, que vocês estão acompanhando pela imprensa todo
santo dia, a crise parece um furacão. (...)Todo dia alguém conta uma história. Essa crise tem mais de um ano e
só não apareceu antes porque os banqueiros que estavam fazendo agiotagem com o dinheiro da habitação nos
EUA fizeram como aquela criança que tira nota vermelha e tem que esconder o boletim dos pais. Um dia o
boletim vai aparecer e o pai vai saber que ele tirou nota vermelha."

Na tentativa de demonstrar tranqüilidade em seu discurso, o presidente disse que o Brasil enfrentou, há oito
anos, três crises. A da Rússia, que consumiu US$ 40 bilhões, e as crises asiática e do México, que, nas contas
de Lula, custaram US$ 70 bilhões cada uma. "Uma crise de US$ 70 bilhões quebrou o Brasil duas vezes.
Estamos com uma de trilhões e trilhões de dolares e, com a graça de Deus, até agora ela não chegou ao
Brasil", disse Lula, antes de observar que "tem gente torcendo e pedindo a Deus para ela chegar".

"Deus está morando aqui"

O presidente reafirmou que o país vai enfrentá-la com segurança: "Ela (a crise) vai pegar o mundo inteiro.
Mas a verdade é que o Brasil nunca esteve tão preparado. Outro dia disse que Deus estava morando aqui. Ele
tem que morar no universo inteiro mas parou aqui. Porque não é possível. A gente encontra o pré-sal agora.
Uma reserva de petróleo excepcional que, daqui a cinco ou seis anos, vai começar a dar dividendos(...) E,
além disso, temos essa proteção contra a crise. (...) Acho que vamos terminar este ano bem e nos preparar
para o ano que vem", anunciou.

Lula concluiu dizendo que a população vai ter de colaborar: "A gente vai precisar da união desse povo
brasileiro para que a gente possa vencer essa crise (...)Vamos enfrentar a bicha do jeito que ela deverá ser
enfrentada."

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/10/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=397
36/noticia_interna.shtml

Operadores estão tensos e insones com crise financeira


Publicação: 11/10/2008 09:33 Atualização: 11/10/2008 09:41
Os momentos que deviam ser de descontração estão mais para instantes de tensão. O nervosismo intenso nas
bolsas de valores de todo o mundo mudou por completo a vida de quem o ganha-pão está diretamente
relacionado ao mercado financeiro. No centro da capital paulista, onde está localizado o único pregão viva-
voz do País, operadores têm gasto menos tempo - e dinheiro - em restaurantes e bares o assunto é um só: o
intenso sobe-e-desce de ações, índices e moedas, o que dificulta a arte de negociar. Nas academias de
ginástica, chovem reclamações dos alunos de noites mal dormidas

"Alguns dos nossos clientes brincam dizendo que só vão comer aqui enquanto têm certeza de que podem
pagar", conta Fábio Marcelo Vitório Costa, maître do Café Girondino, estrategicamente localizado perto dos
prédios da Bolsa de Valores de São Paulo e da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). "As conversas
sempre incluem reclamações sobre o mercado e muitos palavrões." No bar Salve Jorge, exatamente na frente
da BM&F, o tempo dedicado pelos operadores aos tradicionais happy hours diminuiu. "A permanência dos
clientes é menor, principalmente nos dias de circuit breaker", admite o sócio da casa, Caio Tucunduva
Philippi. "Eles estão com um semblante mais pesado. Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer.

Na academia Bio Ritmo, que tem convênio com as Bolsas, a freqüência não aumentou como forma de aliviar
o estresse. Os professores comentam, no entanto, que os alunos ligados ao mercado financeiro reclamam com
freqüência de insônia. "Os alunos estão meio loucos e ficam comentando a volatilidade dos preços entre si
durante as aulas", conta a assistente de gerência Aline Cesário

Os sentimentos de incerteza e frustração acometiam, ontem, dia em que a queda do Ibovespa ultrapassou 10%
e o mecanismo de circuit breaker foi acionado - o agente autônomo Márcio Garcez Nascimento, de 30 anos,
há 12 trabalhando com investimentos. Depois de 20 dias de férias em setembro, ele deveria ter retornado ao
trabalho na semana passada, mas não foi bem isso que aconteceu. "Com tanta volatilidade, passei a semana
em casa. Hoje foi o primeiro dia em que vim trabalhar, e já estou indo embora", contou. Até as 14 horas ele
não havia fechado qualquer negócio. Garcez, como é conhecido, não tem clientes. Trabalha meio período na
BM&F como operador de pregão da corretora Interfloat e, na outra metade do dia, negocia contratos futuros
de Ibovespa com a própria poupança. Mas hoje não conseguiu fechar nenhum contrato sequer. "Falta
liquidez", afirma. Com poucas operações de compra e venda sendo realizadas, fica difícil "sair" do mercado
quando a situação começa a piorar. O resultado: amargar prejuízo. Ele diz que, felizmente, ainda não fechou
nenhum mês com prejuízo e destaca que a volatilidade reduziu o número de negócios. "O mercado está muito
assustado.

Para evitar prejuízo, o scalper (profissional que opera dentro da Bolsa para administrar o próprio dinheiro) da
BM&F Vagner Blanes evita investir de um dia para o outro - ou seja, negocia durante o dia, mas encerra o
expediente sem qualquer tipo de investimento. "Às vezes a gente termina o pregão bem, às vezes não, mas
isso faz parte do mercado financeiro", afirma o profissional, que trabalha no setor desde 1986, há sete anos
como autônomo. "Está difícil", conclui

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/11/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=397
61/noticia_interna.shtml
'É a pior crise que já vi', diz executivo do Citibank
Publicação: 12/10/2008 14:58 Atualização: 12/10/2008 14:59
"Esta é a prior crise que já vi", declarou o primeiro vice-presidente do Instituto de Finanças Internacionais
(IIF, na sigla em inglês), executivo-chefe do Citibank e vice-presidente sênior do Citigroup, William Rhodes,
em entrevista durante evento em Washington hoje. O executivo, que durante as décadas de 1980 e 1990
esteve envolvido nas negociações de dívida externa de diversos países emergentes, destacou que os efeitos da
crise sobre a economia real vão aparecer após a estabilização dos mercados. Por isso, ele diz que o Fundo
Monetário Internacional (FMI) deveria estabelecer uma linha de contingência para os mercados emergentes

Quanto ao Brasil, Rhodes afirma que "o País, em particular, está em uma boa posição para agüentar o
impacto"

Rhodes avalia que "diversas economias emergentes precisam de ajuda e deveriam poder trabalhar com o FMI
por meio de uma linha contingencial". Por isso, acrescenta que é "tempo para o FMI avançar e fazer algo
sobre isso". O executivo diz que a tese do descolamento provou "não fazer nenhum sentido", e acrescentou
que foi "um mito". "Os mercados se tornaram mais sofisticados", avaliou, abordando as inovações nos
instrumentos financeiros

Com relação às autoridades de cada país, o executivo avalia que "é importante que se exagere na aplicação
das medidas (para restaurar a confiança nos mercados). Isto é melhor do que fazer menos", estimou. A razão,
explica ele, é que depois que houver estabilização nos mercados, ainda haverá problemas na economia real.
"Não é tempo para complacência nos mercados emergentes.

Por isso, Rhodes acredita que, enquanto os bancos centrais contribuem para aliviar as taxas interbancárias, o
FMI pode desempenhar um papel de contribuição também por meio dos países emergentes. O IIF espera
desaceleração da economia real e, em conseqüência, desaceleração dos fluxos privados para emergentes,
prevendo que os fluxos líquidos de capital privado para estas economias ficarão em US$ 619 bilhões em
2008, em comparação aos US$ 731 bilhões que haviam sido estimados em março, e ante o nível de US$ 898
bilhões em 2007

Estimativas apresentadas durante a entrevista em Washington hoje indicam que as perdas de capital e baixas
contábeis totalizaram US$ 633 bilhões, desde 2007. Em oposição, as instituições levantaram, no mesmo
período, US$ 418 bilhões

Brasil
Rhodes afirma que o Brasil sentirá impacto derivado da crise, uma vez que todos os mercados "estão ligados".
Mas ele destaca que houve "mudança tremenda" no Brasil em relação às duas décadas anteriores, "quando o
déficit externo era um problema". "Houve construção de reservas e o sistema financeiro brasileiro está muito
mais forte do que esteve. Vai haver impacto, mas sem comparação em relação ao impacto que teria há uma
década", completou. "O Brasil está, em particular, em boa posição para agüentar o impacto"

O presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, que também faz parte do IIF, avalia que os emergentes sofrerão
conseqüências, principalmente, pelo balanço de pagamentos. "Será necessário ajuste no balanço de
pagamentos em todos os emergentes". Mas o efeito vai ser "gerenciável e muito menor países com elevadas
reservas internacionais e câmbio flutuante", observou. "Desta vez, no caso do Brasil, que tem um balanço de
conta corrente quase equilibrado, será preciso apenas um ajuste brando"

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/12/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=399
31/noticia_interna.shtml
Lojistas de shopping temem que crise prejudique vendas de Natal
Publicação: 13/10/2008 16:21 Atualização: 13/10/2008 16:23
Lojistas de shopping de todo o país estão apreensivos com os efeitos que crise financeira internacional possa
ter nas vendas do próximo Natal. Ao participar do 1º Encontro Nacional de Comércio e Serviços, nesta
segunda-feira (13/10), em São Paulo, o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop),
Nabil Sahyon, disse que ainda não é possível avaliar os impactos da crise e seus desdobramentos sobre o
comércio brasileiro.

Ao analisar o desempenho das vendas do Dia da Criança, ele fez uma boa projeção para o Natal.
“Acreditamos que o Natal não estará comprometido em função do bom desempenho da economia até agora.
Um reflexo altamente positivo é que a semana da criança, em plena crise mundial, teve um desempenho
importante, com shoppings lotados e as pessoas com sacolas.”

Apesar da preocupação, Sahyon está otimista e viu com bons olhos as medidas adotadas até o momento pelo
Banco Central que, na sua opinião, na medida do possível, buscam dar tranquilidade para o consumidor

Sahyon disse que o receio maior é que o crédito reduza ainda mais e o custo aumente para as empresas que
trabalham com componentes importados, caso dólar continue em alta. “Entendemos que, na hora que passar a
turbulência do mercado, esse dólar não poderá continuar no patamar em que está, para que possamos retomar
o trabalho que vinha sendo desenvolvido. Mas o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas de um país)
não está comprometido, porque os nove meses foram muito bons”.

Ele espera que as empresas busquem saídas para que o comércio continue forte e com bom desempenho junto
aos seus fornecedores. Sahyon estima que os produtos importados devam sofrer reajuste ainda este ano. “Nos
produtos não importados pode ser que tenha reajuste menor, mas deve acontecer em função do crédito que
ficou mais caro. Na medida em que as pequenas e médias empresas vão buscar esse crédito nos bancos, e isso
é mais caro, vai existir um pequeno repasse para o comércio”, prevê.

Sobre a liberação do recolhimento de parte dos depósitos compulsórios, obrigatório para as instituições
financeiras, Sahyon avaliou a medida como fundamental. Ele vê a iniciativa do BC como uma forma de
injetar recursos no mercado para que o crédito continue sendo facilitado. “Claro que, em um primeiro
momento, está todo mundo um pouco assustado, mas a hora em que essa turbulência passar, devemos ter
juros mais acessíveis e voltar, não talvez com a mesma intensidade, a ter pelo menos mais crédito”.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/13/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=402
16/noticia_interna.shtml
Crise alimenta reajustes de produtos típicos da mesa do brasileiro
Publicação: 14/10/2008 08:43 Atualização: 14/10/2008 09:33

A crise financeira está de malas prontas para entrar na casa dos brasileiros e tem destino certo: a mesa. A
dupla arroz e feijão, a macarronada e a carne devem subir de preço por conta do estresse que abala a
economia mundial e nacional. No cenário de incertezas, com o dólar em uma montanha- russa e o crédito em
marcha lenta, empresas alimentícias pisaram no freio na hora de negociar. O melhor, para muitos empresários,
é esperar a poeira baixar. Para outros, o mais seguro é aumentar os preços já. Por conta do câmbio, o feijão
preto sofreu repasse de 10% na venda aos atacadistas, segundo Marcelo Eduardo Lüders, analista da corretora
Correpar.

“Tudo parou em função da incerteza”, diz. Parte da quantidade consumida do principal item da feijoada
brasileira, o feijão preto, é importada da Argentina e, mais recentemente da China, Chile e Canadá. O grão
disparou 87,41% nos últimos 12 meses de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Em 2007, o
Brasil comprou 45 mil toneladas de feijão e o volume deve triplicar este ano. Enquanto isso, o governo
brasileiro investiu alto no incentivo à produção do grão. A previsão é que a próxima safra — que será colhida
a partir de dezembro — renda mais que as 3,5 milhões de toneladas este ano.

Para o setor do arroz o maior problema é ajustar estoques para atender ao mercado interno. Apenas 7% da
produção mundial do grão é comercializada. Agora é o período de entressafra e, por isso, os armazéns estão
vazios. Para agravar a situação, a produção deste ano ficou aquém da demanda: 12,057 mil toneladas contra
12,9 mil toneladas. E a importação foi reduzida quase pela metade, de 1 milhão de toneladas para a faixa de
500 a 600 mil. “A Argentina e o Uruguai, principais fornecedores, estão aproveitando a alta do dólar para
vender fora do Mercosul”, explica Camilo de Oliveira, analista de mercado do Instituto Rio-Grandense do
Arroz (Irga).

Alteração

Oliveira complementa que a conjuntura não deve mudar em 2009. “A Conab (Companhia Nacional de
Abastecimento) prevê um aumento de menos de 200 toneladas para a próxima safra, os estoques vão
continuar baixos”, alerta. Do início da safra — entre março e abril — até agora, o preço da saca de 50 quilos
do arroz com casca avançou 56,5%, chegando a R$ 36. Até o final do ano, especialistas esperam mais um
reajuste entre 5% e 10% no cereal bruto.

O preço médio atual do quilo do arroz é de R$ 2 a R$ 2,20. Para tentar acalmar a ansiedade do consumidor,
Camilo afirma que as variações no setor demoram três meses para chegar do produtor ao consumidor. “Os
supermercados levam três meses para mudar o preço na gôndola. Assim, se houver mais um aumento, o
repasse será pequeno e por pouco tempo, pois faltará pouco para nova safra.” Segundo o presidente da
Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, os aumentos não serão repassados
integralmente aos clientes. “Os consumidores não aceitam mais um reajuste muito alto, quando isso acontece
ele muda de produto, vimos isso no primeiro semestre do ano”, argumenta.

Além do arroz e do feijão, massas e carnes devem ser remarcadas. Depois da explosão registrada nos últimos
12 meses, os derivados do trigo começaram a registrar aumentos mais leves no segundo semestre e ganharam
um pequeno fôlego sobrevivendo à crise de abastecimento mundial. No entanto, o bom tempo durou pouco e
as nuvens carregadas voltaram a escurecer a cadeia do cereal. Atualmente, a farinha chega às indústrias de
massas alimentícias 20% mais cara. Desse percentual, 15% serão repassados aos atacadistas. “Se fecharmos o
ano com crescimento de 5% em relação a 2007, estamos no lucro”, afirma Cláudio Zanão, presidente da
Associação Brasileira de Massas Alimentícias (Abima).

Acém e chã de dentro, cortes de segunda, foram reajustados em 11,23% e 8,4%, respectivamente, nos 12
primeiros dias de outubro, segundo pesquisa feita pela SLW Asset no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Analistas asseguraram que além da entressafra — que reduz os estoques internos — os frigoríficos estão
aproveitando a valorização do dólar para exportar. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de
Carnes (Abiec), a baixa produção e a alta dos valores no mercado externo justificam as alterações de preços.
O valor da tonelada de carne passou de US$ 2,6 mil, entre janeiro e setembro de 2007, para US$ 3,8 mil no
mesmo período deste ano ( 44,05%). Além disso, em momento de tanta incerteza, o melhor para as empresas
é segurarem ativos que, no caso dos frigoríficos, são os bois no pasto, explica Honda.

Leia mais sobre crise internacional na edição impressa do Correio Braziliens

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/14/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=403
54/noticia_interna.shtml

Apesar de crise, Bernardo aposta em crescimento de mais de 4% este ano


Publicação: 15/10/2008 16:09 Atualização: 15/10/2008 16:12

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, aposta num crescimento acima de 4% da economia do país
neste ano, apesar da crise financeira mundial. De acordo com ele, o Brasil tem condições melhores do que
outros países de passar pela turbulência sem que os efeitos sejam muito fortes.

“O Fundo Monetário Internacional previu 3,7%, mas acreditamos em um crescimento maior”, disse o ministro
nesta quarta-feira (15/10). “Existe um certo pânico generalizado com a crise mundial, mas é importante
sabermos que nossa economia está funcionando normalmente. A crise já vem ocorrendo desde julho de 2007
nos Estados Unidos e tivemos no ano passado um crescimento de 5,4%. Temos uma previsão de crescermos
um pouco menos em 2008. A grande questão é saber o quanto essa crise vai afetar a economia real no Brasil",
acrescentou.

Vendas de agosto
Um dos sinais de crescimento da economia apontado por Paulo Bernado são os números do comércio no mês
de agosto. “Tivemos um aumento de mais de 10% nas vendas no mês de agosto. Por enquanto, a crise causou
problema na Bolsa de Valores e o governo e o Banco Central vêm tomando medidas pontuais com o objetivo
de minimizar os efeitos nos setores que possam vir a se prejudicar”, destacou.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/15/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=408
01/noticia_interna.shtml
Efeitos de crise sobre crédito elevam inadimplência em setembro
Publicação: 16/10/2008 13:57 Atualização: 16/10/2008 14:06
A inadimplência dos consumidores cresceu 7,6% nos nove primeiros meses deste ano, em comparação com o
mesmo período de 2007, segundo o Indicador Serasa de Inadimplência de Pessoa Física. No mês de setembro,
a expansão foi de 15,4% ante igual período do ano passado. Em relação a agosto deste ano, o crescimento foi
de 1,2%.

Segundo os técnicos da Serasa, o resultado reflete a piora da capacidade de pagamento dos consumidores e o
maior endividamento, sobretudo em linhas de crédito mais caras, a exemplo do cheque especial e do rotativo
do cartão de crédito. "No primeiro semestre, houve a pressão no orçamento doméstico devido à inflação dos
alimentos e no segundo semestre, por conta da elevação dos juros, fruto da política monetária mais restritiva",
avalia a entidade.

O agravamento da crise financeira e o maior grau de incerteza sobre a economia também prejudicam as
condições de crédito, conforme a Serasa, uma vez que os bancos e as financeiras tornaram a concessão de
empréstimos mais rígida.

As dívidas com os bancos, segundo a Serasa, lideraram o ranking de representatividade da inadimplência dos
consumidores de janeiro a setembro de 2008, com 43,2% de participação no indicador (no mesmo período do
ano passado, era de 39,1%). Em seguida, aparecem as dívidas com cartões de crédito e financeiras (32,9%
ante 30,6% nos nove primeiros meses de 2007), os cheques sem fundos (21,8% ante 27,8% no mesmo
período do ano passado) e os títulos protestados (2,2% ante 2,6% de janeiro a setembro de 2007).

O valor das dívidas com cartões de crédito e financeiras subiram 10,9% (para R$ 409,08) nos nove primeiros
meses deste ano em relação a igual período em 2007, o das dívidas com os bancos subiram 7,5% (para R$
1.371,35), o dos títulos protestados, 8,2% (para R$ 951,99) e o dos cheques sem fundos, 12% (para R$
677,64).

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/16/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=410
93/noticia_interna.shtml
Dilma afirma que diante da crise, prioridade é emprego e crédito
Publicação: 17/10/2008 18:39 Atualização: 17/10/2008 18:40
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse nesta sexta-feira (17/10) que a prioridade do governo federal
no enfrentamento da crise financeira internacional é a manter o crescimento das taxas de emprego no País.
Para isso, destacou a ministra, será preciso garantir a concessão de crédito às empresas. Dilma afirmou que "o
governo não quebra" diante dos efeitos da turbulência global. "Também não somos autistas, nós não achamos
que a crise não chegue ao Brasil de uma forma ou de outra", salientou, ao participar de um encontro com
empresários em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

"O que nós estamos dizendo é o seguinte: nós temos condições de lutar para que essa situação seja
minimizada, não tenha os efeitos destruidores que tiveram no passado, por exemplo em 2002 quando o Brasil
chegou praticamente à quebradeira", disse, observando que o governo está bastante atento para "providenciar
todas as medidas que garantam que se mantenha o emprego". "Para isso nós vamos precisar necessariamente
que as empresas continuem funcionando. E para isso nós vamos precisar de assegurar o crédito".

Segundo Dilma, a confiança de que a atual crise impactara menos o Brasil se baseia em medidas tomadas nos
últimos anos e que tornaram o País mais forte para enfrentar o cenário internacional adverso. Conforme a
ministra, anteriormente, "quatro dias depois" de uma crise internacional o Brasil costumava quebrar. "Ele
quebrava porque ele não tinha reservas, ele não tinha diversificado as suas relações comerciais e ele não tinha
apostado no seu mercado interno", afirmou. "Nós hoje sofremos a turbulência, tem efeito sobre nós, mas o
governo não quebra. Quando o governo não quebra, é muito mais fácil garantir e assegurar que os setores
econômicos não quebrem também".

Dilma novamente assegurou a continuidade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Segundo ela, os investimentos em infra-estrutura previstos no programa ajudarão o Brasil a enfrentar os
efeitos da crise econômica.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/17/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=414
43/noticia_interna.shtml
O fantasma da Inflação
Cortar supérfluos e substituir marcas já não resolve. Nos supermercados, produtos estão mais caros

Publicação: 18/10/2008 08:48 Atualização: 18/10/2008 08:49


Além dos problemas de escassez de crédito, da oscilação do dólar e dos possíveis efeitos que a crise
financeira deve provocar no Brasil, o governo tem um problema que já o acompanha desde o começo do ano:
a inflação. Muitos economistas apontam que ela vai fechar o ano perto do teto da meta de 6,5% estipulado
pelo Banco Central para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com a variação cambial, a
previsão é que fique ainda mais pesado sair às compras. Em um cenário de preços em escalada e muitas
projeções de retração econômica, o Comitê de Política Monetária (Copom) terá de decidir o que fazer com a
taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, até o dia 29 deste mês.
A professora aposentada Maria Isabel da Anunciação Ribeiro, 57 anos, sabe bem o quanto a inflação tem
pesado em seu orçamento e não quer nem ouvir falar em alta dos juros. “O governo precisa é reduzir impostos
nos produtos”, defende. Na casa de Maria Isabel, viviam seis pessoas até o fim do ano passado. O número de
pessoas na casa diminuiu, mas as despesas com as compras de supermercado não mudaram. “Hoje compro
coisas para quatro pessoas e gasto o mesmo tanto”, reclama.
O Correio teve acesso à última nota fiscal das compras feitas por Maria Isabel no dia 9 de setembro. Das
mercadorias adquiridas por ela, boa parte subiu de preço até quinta-feira, quando o Correio foi ao mercado
verificar os produtos. A margarina, por exemplo, aumentou 16% (veja quadro).
Com o dragão do aumento de preços à solta desde o começo de 2008, Maria Isabel faz o que pode para
economizar. Mês a mês ela substitui marcas mais caras por outras mais em conta. “Já troquei café, feijão,
sabão e vários produtos de limpeza”, revela. Além disso, a professora elimina alguns produtos supérfluos
como os biscoitos. “Outra forma de poupar é comprar carnes e verduras nos dias de promoção, quando os
preços caem, em média, 20%”, ensina.
As dicas de Maria Isabel são preciosas tendo em vista que a previsão para a inflação no país é de alta tanto
para 2008 como para 2009. No começo deste ano, os preços subiram porque a demanda era maior que a oferta
de alimentos. Agora, é o câmbio que ajuda a pressionar a inflação. O Índice de Geral de Preços (IGP),
calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), aumentou 0,78%, de 11 de setembro a 10 de outubro,
contrariando as projeções de 0,6% dos economistas. Como esse indicador leva em consideração os preços
praticados no atacado, ele já aponta influências do aumento do dólar.
No Índice de Preços do Atacado (IPA), que compõe o IGP, bens intermediários subiram de 0,81%, na
análise passada, para 1,21% na apuração desta semana. Os materiais e componentes para manufaturas, cujos
valores são atrelados à moeda americana, subiram 1,03% contra 0,08% da apuração anterior. Segundo
Cristiano Souza, economista do Banco Real, para que os aumentos citados no IPA cheguem ao consumidor e
possam ser contabilizados pelo IPCA são necessários de seis a oito meses. Por isso, a estimativa do Banco
Real para a inflação do ano que vem subiu de 4,5% para 5,5%. “Só o câmbio deve fazer muitos produtos
subirem dois pontos percentuais a mais que o estimado”, afirma Souza.
Na avaliação do economista, a variação do dólar pode contribuir, e muito, para alimentar o dragão da
inflação e, junto com a redução do crédito, pode ser um sinal claro aos consumidores dos efeitos da crise
financeira mundial. “A retração na economia, no entanto, não será capaz de conter o aumento de preços”, diz.
Segundo Souza, seria preciso uma estagnação do país, isto é, um crescimento nulo do Produto Interno Bruto
(PIB), para que a inflação pudesse ser contida pela redução da atividade econômica. Nesse caso, a demanda
pelos produtos em alta teria de ser reduzida bruscamente, o que dificilmente acontecerá na opinião de Souza.
A previsão de inflação em alta e de uma retração na atividade econômica levará o Copom a uma situação
difícil: decidir se reduz ou não os juros na próxima reunião, marcada para 28 e 29 de outubro. De um lado da
decisão estará a visível redução do crédito para 2009. De outro, o câmbio puxando as expectativas
inflacionárias.
O fogo do dragão
O que subiu na lista de compras de Maria Isabel de setembro para outubro *

Produto - Aumento
Pasta de dente 47,6%
Desinfetante 25,8%
Óleo de soja 22,4%
Azeite 18,7%
Feijão 18,54%
Sorvete 18%
Margarina 16%
Caldo de frango 10%
* O Correio comparou produtos da mesma marca e tipo no mesmo mercado freqüentado por ela

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/18/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=415
03/noticia_interna.shtml

Classe C perde poder de compra


O sonho de consumo da classe C durou pouco. O fim da festa do crédito farto restringiu o dinheiro em
circulação e encareceu os financiamentos, reduzindo o poder de compra de milhões de pessoas

Publicação: 19/10/2008 07:58 Atualização: 19/10/2008 07:58


Assim como Adão e Eva foram expulsos do paraíso ao provar o fruto proibido, a classe C, que vivia
momentos de bonança, tendo acesso a diversos bens e serviços nunca antes vislumbrados — como carro, casa
própria, eletroeletrônicos de luxo e até viagem de avião —, graças à abundância de crédito, está sendo expulsa
desse trono.

O agravamento da crise financeira internacional quebrou bancos no mundo inteiro, diminuiu o dinheiro em
circulação e transformou em sonho distante para milhões de brasileiros o cenário favorável de até
pouquíssimo tempo atrás: juros baixos, suaves prestações, pagamento em parcelas a perder de vista e, muitas
vezes, sem ter que desembolsar um centavo sequer como entrada.

A fonte do crédito fácil secou. Nas últimas semanas, houve aumento generalizado das taxas de juros, redução
dos prazos de pagamento e maior rigor na análise dos cadastros. Com isso, as parcelas dos financiamentos
ficaram bem mais salgadas. Quem levou a pior nessa história toda foi a classe C. Vivendo com o orçamento
limitado, não dá para pagar mais do que o planejado anteriormente para financiar um automóvel, um
apartamento ou uma televisão de 29 polegadas, por exemplo. Aí, o tão almejado sonho tem que ser adiado.

Casa própria
O bancário Wagner Siqueira, por exemplo, teve que postergar a realização do desejo pela casa própria. Ele
planejava comprar um imóvel de R$ 70 mil em prestações de R$ 530, que é praticamente o mesmo valor que
paga de aluguel, durante 300 meses, ou 25 anos. Mas ao constatar o aumento de, pelo menos, 2% nas taxas de
juros anuais e a redução do número de parcelas, viu que o sonho não está mais ao seu alcance. “Antes da
crise, até uns 10 dias atrás, era muito simples conseguir financiamento em 280, 300 meses. Esta semana, fiz
simulações em vários bancos, mas o prazo máximo caiu para 150, 180 meses. Com isso, o valor da prestação
subiu para quase R$ 900. Me assustei muito. Aí, não dá para pagar. Vou ter que esperar”, revela. “Hoje, o
tempo de financiamento de imóvel está praticamente o dobro do de carro, que é bem mais barato”, diz.
Wagner também pretendia trocar de carro, mas desistiu por causa do aumento dos juros e do valor da parcela.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/19/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=416
59/noticia_interna.shtml
Crise financeira internacional colabora para redução da dívida pública no
Brasil, diz Meirelles
Publicação: 20/10/2008 16:31 Atualização: 20/10/2008 16:32
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira (20/10), em São Paulo, que a
crise financeira internacional tem colaborado para a redução da dívida pública no Brasil.

Segundo ele, apesar das turbulências comprometerem o crédito e o comércio exterior, a crise causou a alta na
cotação do dólar, o que reduziu a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas
no país).

O Tesouro Nacional é um credor em dólares, o que faz com que ocorra uma redução na relação dívida/PIB
com depreciação do real ao contrário do que ocorria no passado. Isso faz com que as contas públicas sejam
um estabilizador da crise, disse, ao participar da cerimônia de posse da diretoria da Associação Nacional de
Bancos de Investimento (Anbid). De acordo com Meirelles, a cada 10% de depreciação do real, a relação
dívida/PIB cai 1,1 ponto percentual.

http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_1/2008/10/20/noticia_interna,id_sessao=1&id_noticia=419
55/noticia_interna.shtml

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