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LITERATURA INFANTIL

Os Irmãos Grimm

 Primeira metade do século XIX, na Alemanha.


 Eram de família classe média, moravam em cidade pequena, cursaram direito como o
pai, mas seguiram a vida como bibliotecários, se interessaram pela história, cultura,
língua e literatura.

 Tiveram a oportunidade de trabalhar para um escritor que se inspirava em contos e


histórias populares, que lhes pediu para buscar fontes medievais e barrocos populares.
 Os irmãos se interessaram pelo tema e fizeram uma ampla pesquisa que buscava
encontrar narrativas que expressassem a tradição germânica, as raízes primitivas da
contação de histórias.
 Fizeram 7 edições, com 200 contos e 10 chamadas legendas infantis (historias simples
moralizantes).

 Pesquisaram contos de fadas, contos maravilhosos, folclore, lendas, mitos, dicionários


históricos, contos religiosos e moralizantes, contos populares de camponeses,
humorísticas, com personagens astutos.
 Entre esses, encontraram diversas versões da mesma história.
 Buscavam expressar a cultura germânica antiga, trazendo a sua diversidade sem tanta
moralidade. Intenção nacionalista.
 Havia grande diversidade de história, gêneros e personagens.
 Atualmente prevalecem as personagens femininas com postura passiva, mas entre os
contos colhidos pelos irmãos havia paridade de gênero e de ambos os lados havia
figuras passivas e ativas.
 Os contos narram os mais diversos conflitos humanos, não focando só no amor e em
personagens jovens, como atualmente.

Tiveram alguns critérios:

1. Eles descartavam contos muito recentes.


2. Faziam uma peneira adequada ao publico (mulheres e crianças – ambiente doméstico),
por isso camuflavam elementos eróticos. Ainda assim há coisas muito chocantes,
principalmente violência.
3. Editavam histórias para torna-las melhores, mais desenvolvidas e adequadas.

 Foram os primeiros a defender a conservação desse material. Outros vieram antes a


pesquisar, mas não havia coletâneas dessas histórias.
 Eles foram fundamentais para as pesquisas de folclore.

 Esse trabalho não foi completamente popular. Os irmãos buscaram fugir das fontes
eruditas e exteriores para focar nas populares e nacionais.
 Porém seu acesso era limitado, não podendo viajar para outras partes do país e não
tendo acesso a áreas 100% rurais.
 Sua região já não era totalmente tradicional, começando a se urbanizar e enriquecer.
 A antologia esta entre a pesquisa e coleta cientifica e a criação literária.

LA FONTAINE: A PRETENSÃO MORALIZANTE DAS FÁBULAS.

 Fábula é um dos gêneros mais antigos (tanto quanto a oralidade), resistentes ao


desgaste no tempo e difundidos pelas mais variadas civilizações.
 O caráter universal da fábula se deve a sua íntima ligação com a sabedoria popular.
 Na cultura ocidental, sua origem é atribuída à Esopo, grego, quanto a difusão na língua
latina à Fredo.

É um produto espontâneo da imaginação humana. A origem da fábula se perde no tempo,


tornando difícil fixá-la. Acredita-se que a fábula tenha sido documentada desde o tempo de
Buda, e consta que muitas fábulas, atribuídas a Esopo, já haviam sido divulgadas no Egito,
quase 1000 anos antes de sua época (ALVES, 2007, p. 25).

 A fábula teve sua forma definitiva na literatura ocidental graças a Jean La Fontaine.
 La Fontaine escreve literatura popular (entre outras), considerada “menor”, mas ela
não perde seu valor literário e social.
 Ele se atenta as mazelas da sociedade, numa época (século XVII) de grande repressão
(Santa Inquisição, transição entre o Renascentismo e o Iluminismo, conflitos políticos,
éticos e morais), refletindo nas obras.
 La Fontaine busca mostrar e moralizar a sociedade esvaziada de princípios éticos.
 O principio moralizante era muito forte nas suas fábulas.
 No entanto, cada autor pode capturar a realidade de sua época através da fábula de
acordo com a sua intenção. (normalmente há intenção, não precisa ser moralizante).

Características

 Universalidade nos temas tratados;


 Princípio moralizante, transmitir uma mensagem ao fim;
 Tamanho curto, o necessário para transmitir a mensagem;
 Personagens animais ou criaturas imaginárias;
 Representar de forma alegórica os traços de caráter (negativos e positivos) dos seres
humanos, caráter imitativo da arte. (essa imitação da realidade gera fascínio nas pessoas).

CONTO DE FADAS: FORMA (BERNHEIMER)

Planicidade – As personagens em um conto de fadas são sempre planas. Essas figuras são
silhuetas, mencionadas apenas por estarem na história. Não encontramos uma diversidade de
emoções: caso haja, é uma: uma menina triste, uma menina feliz, etc. No conto de fadas, a
presença do personagem não profundo funciona com beleza, como diz a autora.

Abstração – Não encontramos muitos detalhes ilustrados e específicos. As coisas são descritas
com adjetivos mais “abertos” (por exemplo, linda janela, terrível porta). Os contos de fada
contam, eles não mostram. Em tradicionais contos de fada, encontravam-se poucos usos da
cor como detalhe (eram usos limitados). Ao mesmo tempo, havia vários detalhes sobre
materiais de vidro ou metálicos. As imagens no conto de fadas são específicas e - ao mesmo
tempo - isoladas.

Lógica intuitiva – Sentido sem sentido: Nunca há uma explicação dos porquês da história: fatos
sucedem fatos, sem justificativas. Alguns fatos acontecem quando precisam acontecer,
enquanto outros acontecem - sem relevância - para um determinado efeito linguístico. Os
detalhes dos contos de fada são considerados isolados do enredo. Ao mesmo tempo, esses
fatores de lógica intuitiva/associações fazem com que todos os acontecimentos pareçam
corretos e/ou inevitáveis.

Mágica normalizada – A magia é normal em um conto de fadas: não é necessário um portal


para adentrar o mundo da magia. O leitor/os personagens já estão num enredo fora do mundo
cotidiano. Há o elemento técnico da coexistência do real e do mágico nesse novo universo
criado.

ROTEIRO DO TRABALHO

Tema – Cores da infância: do vermelho ao amarelo. – O valor do conto de fadas na formação


da subjetividade das crianças a partir do clássico A Chapeuzinho Vermelho e a obra intertextual
A Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque.

Analisar através da estrutura e conteúdo das obras como elas contribuem no desenvolvimento
infantil. Comparar as obras visando esclarecer as mudanças que ocorreram ao longo dos
séculos na concepção de infância e literatura infantil, consequentemente, o modo como os
contos influenciam as crianças. Traçar o que elas têm em comum como essência da LIJ.

Relaciona com o elemento fundamental do conto clássico: o medo.


O medo é superado no conto dos Grimm e do Chico Buarque, mas não no do **.
Analisar a estrutura das obras.

As narrativas ampliam a concepção da alteridade da criança.

CITAÇÕES

Corso e Corso (2006), denominam contos de fadas histórias que possuem algo de fantástico e
mágico, mesmo que não tenha fadas na história. (p.4)

A razão dos contos de fadas permanecerem até os dias atuais mesmo tendo sido reelaborado,
“(...) é porque nos tocam de determinada forma e que provavelmente algo foi preservado de
seu arranjo inicial. Caso contrário teriam perdido a força, o encanto e cairiam no
esquecimento.” (CORSO & CORSO, 2006, p 28).
A fada é uma personagem que perdura após séculos, sempre encantando a todos. “(...)
Pertencente a área dos mitos, a fada ali ocupa uma lugar privilegiado, encarna a possível
realização dos sonhos ou ideais inerentes a condição humana(...).” COELHO (2009, p. 173).

Ler histórias para a criança é divertir com ela, é estimular-lhes a imaginação, chegar a resposta
de questões, é levá-las a adquirir novas idéias, por intermédio dos personagens, identificar
com eles de acordo com a situação em que está a criança “(...) e, assim esclarecer melhor as
próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas (...)”. (ABRAMOVICH,
1999, p 17). (p.5)

Sentimentos variados podem ser proporcionados ao ouvir histórias. “(...) Pois é ouvir, sentir e
enxergar com os olhos do imaginário!”. (ABRAMOVICH, 1999, p 17).

Bettelheim (1980), afirma que na narração o adulto nunca deve dizer o que a criança deve
entender da estória, porque se assim fizer, destrói a essência da estória, impedindo que a
criança compreenda a mensagem reasseguradora. (p.5)

Dohme (ano II, nº 9), mestre em Educação enfatiza a importância de contar histórias para a
criança, porque além de passar valores e bons modos de comportamento por meio de
exemplos, favorece a relação afetiva, assim como a confiança. (p.6)

Na visão de Abramovich (1999), os contos de fadas ao iniciarem com fatos concretos


trabalham com as emoções das quais as crianças sentem, por acontecer em um lugar onde não
existem limites e em que qualquer pessoa pode passar. Também, porque envolve a criança nas
situações, permitindo que ela junto com o conto encontre uma solução para a dificuldade, com
ajuda de bruxos, fadas, duendes e outros seres com poderes especiais. (p.6)

Essas emoções, segundo Dantas (2008) estudiosa da obra de Wallon, possuem um papel
importante do desenvolvimento humano, é por meio delas que acontece a exteriorização dos
desejos e vontades da criança. (p.7)

Abramovich (1999) comenta em sua obra que os contos de fadas abordam diferentes assuntos
os quais as crianças precisam saber como: medos, que podem ser diferentes para cada um; de
amores, das dores, dos desafios e conquistas; da dificuldade de ser criança, curiosidades, suas
fantasias e imaginações; de carências, de um lar, de afeto, de alimento; de autodescobertas,
da identidade e valores; e de perdas e buscas, como perdas de alguém ou algo importante,
busca por ideais, por felicidades de fantasias, situações que são comuns entre os seres
humanos (p.7)

(...) Cada elemento dos contos de fadas tem um papel significativo, importantíssimo e, se for
retirado, suprimido ou atenuado, vai impedir que a criança compreenda integralmente o
conto... (ABRAMOVICH, 1999, p 121). (p.7)
O conto de fadas de acordo com Bettelheim (1980), não refere-se a vida exterior, mas sim
interior da pessoa, tida como difícil de ser compreendida e resolvida. Embora inicie com traços
reais, o irreal nos contos de fadas dá ênfase para o interior. “Num conto de fadas, os processos
internos são externalizados e tornam-se compreensíveis enquanto representados pelas figuras
da estória e seus incidentes.” (BETTELHEIM, 1980, p. 33). (p.7)

Por este motivo na maioria dos contos de fadas é a união do consciente com o inconsciente da
coletividade os quais consideravam os mesmos problemas comuns, assim como as suas
soluções, que possibilitaram que estes contos fossem transmitidos dentre os povos, suprindo
as necessidades internas das pessoas. (p.7)

Estes contos ajudam a crianças no desenvolvimento da personalidade, na comunicação, dando


a ela opções de experiências importantes que contribuirão na formação de seu caráter. (p.7)

As estórias de fadas agem como uma terapia, auxiliando a criança a achar para si mesmo uma
melhora, relacionando a estória com as contradições internas as quais está sofrendo no
momento. (p.8)

Bettelheim (1980) afirma que os processos inconscientes da criança só podem ser


compreendidos por meio de imagens que possam dialogar com seu inconsciente e isso é
possível nos contos de fadas, nessas estórias a criança se simpatiza com as ações dos
personagens, o que a ajuda entender suas próprias reações desde que esteja pronta para esse
reconhecimento em si. (p.8)

É por meio da linguagem de símbolo que acontece a representação dos conteúdos


inconscientes, tanto ao aspecto do id, ego e superego. “(...) e no conteúdo dos contos, os
fenômenos internos psicológicos recebem corpo em forma simbólica.” (BETTELHEIM, 1980, p
47). (p.8-9)

“(...) Porque neste momento de altíssima tecnologia, a alma humana busca a expectativa, o
segredo e o susto. Precisa conhecer o mal para se acautelar e se proteger, o belo e o bom para
crescer com esperança”. (LUFT, 2010, par 6). (p.9)

Bettelheim (1980) aponta que por meio dos contos de fadas a criança externaliza seus desejos
inconscientes, os quais se fossem ditos para a criança ela entraria em confusão e tiraria dela
seu alívio, por saber que dentro de si existem desejos, anseios e sentimentos vingativos. Nos
contos de fadas a criança não se sente constrangida por satisfazer seus desejos e nem precisa
esconder seus sentimentos “(...) Depois que seus desejos mais grandiosos foram satisfeitos em
fantasia, a criança fica em paz com seu corpo tal como é na realidade”. (BETTELHEIM, 1980, p
73). (p.9)

O conto de fadas inicia numa situação simples e chega ao fantástico.


Isto lhe ensina o que mais necessita saber nesse estágio de
desenvolvimento: que não é prejudicial permitir que a fantasia
nos domine um pouco, desde que não permaneçamos presos a
ela permanentemente. No final da estória o herói retorna a
realidade – uma realidade feliz, mas destituída de mágica.
(BETTELHEIM, 1980, p 79). (p.10)

Por meio das figuras dos contos de fadas, a criança consegue externalizar o que ocorre em sua
mente, de maneira organizada, assim também possibilita a personificação de seus desejos nas
figuras, tanto desejos de destruição, como de satisfação, de identificação, e vários outros.
(p;10)

Corso e Corso (2006), também afirmam a importância do conto de fadas no auxílio dos
conflitos da criança, à medida que favorece a organização destes, que são para a criança um
tanto confuso e exemplifica que assim como é para o adulto um alívio saber a respeito do que
traz incômodo ou dor, assim é para a criança entender seus conflitos. (p.10-11)

As crianças entendem que mesmo irreais estas estórias são verdadeiras, e que mesmo que os
acontecimentos não ocorram na realidade, podem acontecer como experiências internas e
como desenvolvimento da pessoa, os contos de fadas demonstram de maneira imaginária e
simbólica as etapas principais do crescimento e da agregação da independência. (p.11)

A criança sadia entende que os contos de fadas não tratam da vida real, principalmente no
inicio da estória com frases que esclarecem a longitude do lugar, ou do tempo, ela
compreende que se trata de uma terra fantástica. (p.11)

(...) o conto de fadas usa símbolos universais que permite à criança escolher, selecionar,
negligenciar e interpretar o conto de formas congruentes ao seu estado de desenvolvimento
intelectual e psicológico. Qualquer que seja este estado, o conto de fadas determina a forma
como a criança pode transcendê-lo, e o que pode estar envolvido na conquista do próximo
estágio no seu progresso para a integração madura. (BETTELHEIM, 1980, p161). (p.12)

Para o autor os contos de fadas devem ser contados para a criança sem uma finalidade
imposta, deve ser contado visando enriquecer suas experiências, porque a grande riqueza
desta literatura é alcançar o inconsciente da criança. É uma maneira de a criança entender sua
mente, por meio de imagens. (p.12)

ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5º edição. São Paulo: Scipione, 1999.
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. 17º edição.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

“Outros poemas retratam os sonhos, os desejos, as vontades, e fazem com que surja – no
leitor – a visualização de seus próprios anseios ou idéia de felicidade...” (p.81)

Suas tramas expressavam uma mundividência estranha, o que me levou a pensar nos contos
de fadas como vislumbres de uma vastidão de diferentes experiências e expectativas. (p. 46)
Obras que apresentam menção e presença intertextual de contos de fadas

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