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O que é?

A Toxicologia Veterinária é a ciência que estuda a identificação de agentes


tóxicos, sua ação deletéria decorrentes de interações químicas com o
organismo animal, e os fatores que influenciam na sua toxicidade.
Os casos de intoxicações não intencionais ou intencionais são comuns
na história da Medicina Veterinária principalmente em animais casos
ocorrem com frequência e costumeiramente são omissos de relatos ou
notificações, sendo a intoxicação exógena o tipo de maus tratos comum.
Muitas vezes a subnotificação ocorre devido ao desconhecimento da
população perante a legislação. O reconhecimento adequado dos sinais
clínicos, lesões anatomopatológicas características dos casos de
intoxicação que levam à óbito associados com os métodos de
identificação laboratorial de toxicologia forense, são fundamentais para
estabelecer um diagnóstico definitivo do agente tóxico.
A toxicologia é uma ciência que estuda os efeitos nocivos qualitativos e
quantitativos de agentes químicos e físicos em um ser vivo, assim como lesões
anatômicas, histológicas, bioquímicas, fisiopatológicas e psíquicas decorrentes
da exposição a essas substâncias.
Características toxocinéticas são importantes para a compreensão dos casos
de intoxicação.
As intoxicações podem apresentar curso agudo, subagudo ou crônico.
A identificação do componente tóxico in vivo possibilita escolher a melhor
conduta terapêutica.
Nos casos em que o animal veio a óbito, a determinação da substância química
apresenta importância forense, ocupacional, ambiental e é fundamental para o
estabelecimento de medidas punitivas (intoxicações criminosas), corretivas e
preventivas, para evitar que outros animais se contaminem.
História: O reconhecimento da toxicologia como ciência ocorreu após a
Segunda Guerra com o desenvolvimento de moléculas orgânicas como
drogas, praguicidas e substâncias químicas de uso industrial. Mateu Josep
Bonaventura Orfila i Rotger (1787-1853), foi o primeiro a relacionar material de
autópsia com análise química, para revelar casos de envenenamento que
tinham cunho legal. Ele adotou métodos novos de análises, adaptando-os à
atividade forense.
Quais os objetivos da Toxicologia Veterinária?
Estudar os mecanismos de ação, sintomatologia, consequências da
intoxicação, medidas preventivas, estimativas de exposição, tratamentos
farmacológico e não farmacológico, metodologias analíticas adequadas
para diagnóstico complementar ou confirmação de casos de intoxicação.
Qual o conhecimento adquirido?
Permitiu conhecer o universo dos envenenamentos relacionados com os
animais domésticos, possibilitando a realização de estudos epidemiológicos
das intoxicações em pacientes veterinários atendidose a elaboração de ações
preventivas e terapêuticas com o objetivo de controlar as intoxicações em
animais domésticos de pequeno, médio e grande porte, como também nos
animais silvestres. Os principais agentes tóxicos presentes nos casos
registrados são agrotóxicos, animais peçonhentos, medicamentos,
alimentos.
Objetivo: A toxicologia analisa os efeitos das diversas substâncias químicas
sobre os organismos vivos, seja humano, animal ou ambiente, observando
seus danos e benefícios a curto e longo prazo. 
Toxicologia Forense
Envolve a aplicação da toxicologia com finalidade legal. Tem como objetivo
principal a busca de uma evidência que irá permitir a identificação da presença
de uma substância química (agente tóxico) na investigação criminal, seja para
causa de morte, dano à saúde ou ao patrimônio. A toxicologia forense busca
estabelecer com finalidade legal a presença e os efeitos de um agente
tóxico em suas relações de causa e efeito no organismo, no sentido de
orientar a justiça nos casos de intoxicações e suas consequências de
ordem dolosa, culposa ou acidental
A padronização das lesões anatomopatológicas de necropsias realizadas
nos cadáveres de animais vítimas de envenanamento visa auxiliar a
suspeita do Médico Veterinário para um correto diagnóstico de
intoxicação fatal nos animais, desta forma, favorecendo o esclarecimento
dos proprietários lesados para que auxiliem no encaminhamento correto
de processos judiciais em tais delitos.
Na Medicina Veterinária, as intoxicações intencionais acontecem com certa
frequência, principalmente nos pequenos animais, embora existam poucos
estudos quantificando os casos e relacionando-os com as circunstâncias
em que ocorrem. O tipo de maus tratos mais verificado é a intoxicação
exógena e na maioria dos casos omissos de relatos ou notificações
oficiais, a espécie felina está mais sujeita à prática de maus tratos que
cães.
A conclusão de um diagnóstico de intoxicação depende de uma boa
anamnese, sinais clínicos e exames complementares. A coleta de
informações referentes ao histórico do animal bem minuciosa fazem parte
da condução da investigação e facilitam as suspeitas, visto que o
isolamento do agente tóxico é realizado mediante confronto. A necropsia,
exame histológico e exame toxicológico são de grande importância para
que se tenha resolução dos casos.
Os agentes tóxicos mais comumente envolvidos em intoxicações
cometidos contra cães e gatos, de acordo com a literatura consultada:
carbamatos, cumarínicos, estricnina, flouracetato de sódio,
organofosforados, paraquat e piretróides.
O conhecimento da toxicologia, mecanismo de ação, sinais clínicos,
característica post-mortem (microscópicas e macroscópicas), sinais de
necropsia, agentes tóxicos utilizados e métodos de como chegar ao
diagnóstico através de provas de identificação do agente facilitam a
investigação pericial e são de extrema importância para a conclusão do
laudo.
Quando se suspeita que a morte é causada por intoxicação, será
imprescindível a realização de análise toxicológica que determine a
presença do agente toxicante em tecidos ou fluidos biológicos coletados
do animal cuja causa mortis está sendo investigada. Sem a comprovação
laboratorial, o médico-legista não poderá afirmar que a morte foi causada
por um agente tóxico, ou poderá ter seu laudo contestado durante o
processo judicial.
Diagnóstico das intoxicações: A conclusão de um diagnóstico de
intoxicação depende de uma boa anamnese, sinais clínicos e exames
complementares. A necropsia, exame histológico e exame toxicológico são
de grande importância, para que se tenha resultado confiável é preciso
que a amostra seja coletada, armazenada de forma adequada evitando
assim interferência no resultado e até mesmo desperdício de amostras.
Para isso cuidados gerais devem ser tomados independentes do tipo de
amostra e para qual exame será utilizada
Exame Necroscópico: Exame muito importante para diagnóstico quando
paciente vem a óbito, feita de maneira detalhada e precisa pode ser
decisiva na conclusão do processo principal e causa mortis. Deve-se
aproveitar para coletar amostras para exame histológico e toxicológico.
Sempre analisar com atenção o conteúdo estomacal e intestinal,
observando a coloração e a presença de plantas, cápsulas, comprimidos,
corpos estranhos.
Exame Histopatológico: A histopatologia forense pode auxiliar no
diagnóstico de intoxicações, através da análise de tecidos é possível
determinar os órgãos afetados e se havia exposição crônica a uma
substância.
Exame Toxicológico: Para o exame toxicológico é imprescindível coletar
amostras de fígado, rim e conteúdo estomacal. A quantidade de amostra
a ser enviada ao laboratório varia de acordo com a suspeita do agente
tóxico, podendo o veterinário responsável consultar o laboratório de
escolha
OBJETIVOS:
Examinar e determinar as lesões decorrentes de intoxicação em animais
através do estudo das alterações anatomopatológicas dos tecidos.
Identificar e quantificar os atendimentos relacionados a crimes envolvendo
intoxicação.
Relatar as lesões para facilitar o processo de elaboração de laudos
periciais e estabelecer um estudo a respeito da incidência de casos
relacionados à Medicina Veterinária Legal na rotina do Médico Veterinário.
Intoxicações de animais é crime previsto na Lei de Crimes Ambientais
9605/98, segundo o artigo 32 - praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir
ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
exóticos é crime e tem como pena a detenção três meses a um ano,
além da multa.

EXAMES TOXICOLÓGICOS MATERIAL RESULTADO

Carbamato Conteúdo gástrico Até 30 dias


e/ou fragmentos de
fígado e rim

Dicumarínico Fragmentos de fígado Até 30 dias


e/ou rim, ou Sangue
em EDTA*

Organoclorado Fragmentos de fígado Até 30 dias


e/ou rim, ou Sangue
em EDTA*

Organofosforado Fragmentos de fígado Até 30 dias


e/ou rim, ou Sangue
em EDTA *

Piretroide Fragmentos de fígado Até 30 dias


e/ou rim, ou Sangue
em EDTA*

Brometo de Potássio / Brometo Soro** 5 dias


de Sódio

Ciclosporina Soro** 8 a 10 dias

Digoxina Soro** 8 a 10 dias

Fenobarbital Soro** 5 dias


Screening 5 tóxicos: Conteúdo gástrico e Até 30 dias
carbamato, dicumarínico, Fragmentos de fígado
estricnina, monofluoracetato, e/ou rim, Sangue em
organofosforado EDTA* e Soro**

*SANGUE EM EDTA - PLASMA (frasco com tampa roxa)

- Colher por punção venosa de 1 a 3 ml de sangue (o volume colhido pode


variar conforme o tamanho do frasco disponível).
- Este procedimento deve demorar no máximo 1 a 1,5 minutos.
- Quando utilizada seringa, abrir a tampa do tubo, retirar a agulha da seringa e
transferir o sangue para o tubo deixando-o escorrer pela parede do frasco.
- Tampar e homogeneizar por inversão, por no mínimo 30 segundos.
- Manter a amostra de sangue em EDTA refrigerada (2- 8ºC).

**SANGUE EM TUBO SECO - SORO (frasco com tampa vermelha ou


amarela)

- Colher por punção venosa no mínimo 3,0 ml de sangue. Este procedimento


deve demorar no máximo 2 minutos.
- Quando utilizada seringa, abrir a tampa do tubo, retirar a agulha da seringa e
transferir o sangue para o tubo deixando-o escorrer pela parede do frasco.
- Manter refrigerado (2- 8ºC).
Intoxicação de animais é ato repreensível previsto na Lei de Crimes
Ambientais 9.605/98, segundo o artigo 32 – “praticar ato de abuso,
maustratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos é crime e tem como pena a detenção
três meses a um ano, além da multa”; para tanto é fundamental a
notificação de órgãos competentes como a Delegacia de Crimes
Ambientais, Polícia Civil ou mesmo a Polícia Militar.
A padronização das lesões anatomopatológicas de necropsias realizadas
nos cadáveres de animais vítimas de envenenamento visa auxiliar a
suspeita do Médico Veterinário para um correto diagnóstico de
intoxicação fatal nos animais, desta forma, favorecendo o esclarecimento
dos proprietários lesados para que auxiliem no encaminhamento correto
de processos judiciais em tais delitos.
Há pouca literatura a respeito de perícia envolvendo animais, já que em
muitos casos estes são ignorados diante de cenas de crime, visto que a
prioridade é voltada para o homem.
REFERÊNCIAS

NOGUEIRA, R.M.B.; ANDRADE, S.F. Manual de Toxicologia Veterinária.


São Paulo : Roca, 2011. 336p.

PYRES, R.C. Toxicologia Veterinária - guia prático para o clínico de


pequenos animais. Campinas : Edição do Autor,.2018. 74p. 

SANTOS, M.A.; MARUSO, R.M.; DOMINATO, A.A.G. Intoxicações em animais


domésticos: prevalência e exames laboratoriais. Colloquium Agrariae, v.9,
n.Especial, p.91-105, jul/dez 2013.

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