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Ciência Política
É preciso que se diga, alinhando-nos com Atilio A. Boron (1994), que houve
expansões e retrações históricas das estruturas estatais, o que é corroborado
pelas afirmações que destacamos de Paul Claval.
O Estado brasileiro possui uma Administração Pública, fixada pelo Decreto-lei nº 200
de 1967. Uma definição operacional de Administração Pública:
“decorre do que vimos anteriormente sobre o Estado. Inclui o conjunto de órgãos,
funcionários e procedimentos utilizados pelos três poderes que integram o Estado,
para realizar suas funções econômicas e os papéis que a sociedade lhe atribuiu no
momento histórico em consideração. Assim, temos dois qualificativos para
associar a esta afirmação: a Administração Pública não existe só no Executivo e
ela muda constantemente, pois as expectativas da sociedade em relação a ela e
às disputas que se fazem na esfera política para fazer valer propostas diferentes
de atuação estatal também são cambiantes”
(COSTIN, 2010, p. 27).
5. Estado, história e elementos essenciais
Mortalidade/esperança de vida
Sobre a dinâmica demográfica Natalidade/fecundidade/fertilidade
Migração nacional e internacional
Nupcialidade
Expansionista (natalista)
Sobre o ritmo de crescimento Reducionista (controlista)
Neutra (laissez-faire)
Individual
Sobre o nível de aplicação Familiar (casal)
Institucional
Pública
Sobre o caráter das políticas
Privada
Sobre a transparência dos Implícita
objetivos Explícita
5. Estado, história e elementos essenciais
Daí esta consequência: a temática do homem pelas ciências humanas que o analisam
como ser vivo, indivíduo trabalhador, sujeito falante, deve ser compreendida a partir da
emergência da população como correlato de poder e como objeto de saber. O homem,
afinal de contas, tal como foi pensado, definido a partir das ciências ditas humanas do
século XIX e, tal como foi refletido no humanismo do século XIX, esse homem nada
mais é finalmente que uma figura da população. Ou, digamos ainda, se é verdade que,
enquanto o problema do poder se formulava dentro da teoria da soberania, em face da
soberania não podia existir o homem, mas apenas a noção jurídica de sujeito de direito.
“A partir do momento em que, ao contrário, como vis-à-vis
não da soberania, mas do governo, da arte de governar,
teve-se a população, creio que podemos dizer que o homem
foi para a população o que o sujeito de direito havia sido
para o soberano [...]” (FOUCAULT, 2008, p. 103).
5. Estado, história e elementos essenciais
Então, quem é o povo? Friedrich Müller (2009) afirma que essa pergunta está na
base da democracia moderna, acentuando que o conceito povo tem inumeráveis
atribuições.
O termo “democracia” deriva etimologicamente da noção de povo – demo (povo),
e cracia (poder) –, e significa poder do povo. Entretanto, são muitos os
descaminhos, e há muita retórica nos discursos.
Darcy Ribeiro (1995) faz brilhante aproximação do povo
brasileiro considerando a mistura dos grupos negros,
brancos e índios derivando novos grupos. Do ponto de
vista sociológico, pode-se procurar os grupos sociais
que se identificam por meio dos mesmos papéis e
status. Também há o sentido político-cultural que
adquire valor em meio às relações de poder das
classificações dos membros da sociedade.
6. O Estado contemporâneo: população ou povos? Fracasso da
autodeterminação
O Estado, que desde os anos 1930 foi um meio ideal de lidar com a crise, foi
convertido ideologicamente no “bode expiatório” e concebido como o fator que o
originou. Antes, isso fazia parte da solução, agora se tornou – nas versões mais
ululantes do neoliberalismo – a totalidade do problema (BORON, 1994, p. 187).
A suspeição do Estado é um caminho necessário, posto que a inércia, nesse
caso, pode ser bastante incômoda; o que é mais alarmante junto a um Estado
intensamente privatizado como o brasileiro.
Cabe menção ao tratamento crítico de Robert
Heilbroner, em “A natureza e a lógica do capitalismo”,
no qual o autor especula e teoriza acerca das relações
entre as esferas formadoras do Estado nacional,
refletindo sobre a dominação ou redução à instância
econômica (1988, C.4).
6. O Estado contemporâneo: população ou povos? Fracasso da
autodeterminação
Milton Santos, nesta entrevista (1994), dá-nos uma pista sobre a face problemática
da institucionalização do poder via Estado.
Margem – E a questão do Estado e da nação?
Milton Santos – Há aí dois pontos. Uma coisa é dizer que Estado e nação
acabaram. Outra é discutir o que é o Estado. Nós, ocidentais e brancos, admitimos
a visão de Estado que vem da Europa, não temos a visão de um Estado de uma
tribo africana. Será que hoje a dimensão do Estado industrial, que chamaríamos
antes de supranacional, que tem o poder de impor regras a que não
se pode desobedecer, estaria acima do próprio Estado?
O que representam hoje o Banco Mundial, o FMI, a Unesco,
o Grupo de Banqueiros de Paris etc.? Será que eles têm a
função tática de impor normas que terão que ser aceitas de
uma forma ou de outra? (SANTOS, 1994, p. 179-180).
6. O Estado contemporâneo: população ou povos? Fracasso da
autodeterminação
No caso do Brasil, o território que está em torno de São Paulo – nos estados de
São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul – é organizado de forma extremamente
racional, o que facilita o seu uso racional pelos vetores hegemónicos da política,
da sociedade, da economia. Nesse contexto, realmente, o Estado não é tão
necessário. É a “mão invisível”, que se realiza através do espaço obediente, das
grandes empresas e das grandes organizações internacionais. É a volta da “mão
invisível” do Smith, não é...? (SANTOS, 1994, p. 179-180).
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