Você está na página 1de 10

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA


DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS, PROGRAMAS E PROJETOS

III FORÚM NACIONAL DOS GABINETES


DE GESTÃO INTEGRADA

GT VI – DOUTRINA NACIONAL DE
POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS

BELÉM – PA / MAIO / 2010


1
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS, PROGRAMAS E PROJETOS

RELATÓRIO FINAL

DOUTRINA NACIONAL DE
POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS

2
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos
SUMÁRIO

 III Fórum Nacional dos GGIs 04

 Justificativa – Doutrina Nacional de Policiamento com Motocicletas 05

 Integrantes do Grupo de Trabalho 08

 Metodologia de Trabalho 09
- I Simpósio Nacional de Motopatrulhamento Policial 09

 Área Temática – Recursos Humanos 11


- Perfil 11
- Motivação e Escala 12
- Emprego Operacional 13

 Área Temática – Logística 14


- Contextualização 14
- Projeto de Lei nº 2.524/2009 – Percentual de Motocicletas na PMERJ 15
- Efetivo e frota de viaturas nas Polícias Militares 17
- Quantidade de motocicletas por unidade operacional 18
- Especificações de viaturas 19
- Especificações de equipamentos de segurança individual 20
- Especificações de uniforme básico 20
- Especificações de armamento para o policial motociclista 21
- Quantitativo de motocicletas por fração de efetivo 21
- Avaliação de motocicletas, equipamentos e acessórios 22

 Área Temática – Capacitação, treinamento e procedimento operacional 31


- Capacitação e Treinamento 31
- Procedimentos Operacionais 33
- Procedimentos com emprego de 03 (três) policiais e 02 (duas) motocicletas 34
- Procedimentos com emprego de 02 (dois) policiais e 02 (duas) motocicletas 49
-

 Encaminhamentos do Grupo de Trabalho 59

 Referências Bibliográficas 60

3
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos
III FÓRUM NACIONAL DOS GABINETES DE GESTÃO INTEGRADA

O III Fórum Nacional dos GGIs ocorreu na cidade de Belém – PA de 18 a 22 de maio


de 2010, tendo como foco o fomento a gestão integrada da segurança pública profissional e
inteligente nas diversas esferas federativas. Na oportunidade foi apresentando os principais
avanços e adversidades nesse modelo de gestão, a partir de práticas inovadoras, integradas e
participativas. O fórum vislumbrou ainda, garantir aos Gabinetes de Gestão Integrada (GGI) a
manutenção das discussões sobre as Políticas Regionais de Segurança Pública visando à diminuição da
criminalidade e manutenção da paz social, seguindo os princípios e diretrizes do Sistema Único de
Segurança Pública (SUSP), por meio de consolidação de temas nacionais no campo da segurança pública.

4
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos
JUSTIFICATIVA
DOUTRINA NACIONAL DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS

O cometimento de crimes nos conglomerados urbanos do país, passa por constantes e


significativas mudanças, surgindo novas fronteiras relacionadas ao aperfeiçoamento dos órgãos
de segurança pública, no que tange a prevenção do delito e aplicação de técnicas, tecnologias e
planejamentos estratégicos adequados às novas realidades, sempre respaldados na defesa dos
direitos da pessoa humana, tratados, convenções, princípios e códigos internacionais de uso da
força.
Destacamos que atualmente no Brasil, não existem dados oficiais consolidados sobre as
estatísticas dos crimes cometidos por indivíduos conduzindo motocicletas, haja vista que a
maioria dos órgãos de segurança pública registram os dados conforme a natureza das
ocorrências, não havendo um vetor que atrele ao meio utilizado para cometimento do crimes,
mesmo assim, verifica-se que é uma realidade assustadora na maioria dos conglomerados
urbanos do país.
Para exemplificar, no Estado de São Paulo, num levantamento feito pelo Departamento
de Polícia Judiciária da Capital (Decap), constatou-se que 61,5% dos 15 mil casos de crimes
contra o patrimônio cometidos nas regiões oeste e central e em parte da zona sul da cidade,
tiveram a participação de motociclistas. O mapeamento considerou os meses de novembro e
dezembro de 2006 e janeiro de 2007. Em 9.225 dos casos de roubos e furtos, os criminosos
utilizaram motocicletas para cometimento do crime e respectiva fuga. No Estado do Rio de
Janeiro nos anos de 2008 e 2009, cerca de 34,4% dos roubos a pessoa, foram praticadas por
indivíduos utilizando motocicletas. Havendo localidades, como na região da 74a DP (Alcântara),
que 80% dos homicídios foram praticados por indivíduos usando motocicletas.
Em consonância com essas estatísticas, temos um agravante considerável, que é o
aumento da frota de veículos no país. A título de demonstração, no ano de 1995, a quantidade de
motocicletas e triciclos no Brasil era de aproximadamente 2,8 milhões e de automóveis 18,1
milhões de unidades, representando aproximadamente 10,7% e 70% da frota nacional
respectivamente. O mesmo levantamento realizado no ano de 2009, pelo Departamento Nacional
de Transito – DENATRAN, mostra que a frota de motocicletas, motonetas e ciclomotores no
Brasil era de mais de 12 milhões e de automóveis 34,5 milhões de unidades, representando 21%
e 60 % da frota nacional respectivamente;
Aliado ao número crescente de motocicletas e veículos automotores, estrangulamento do
trânsito e grande dificuldade de acesso, tráfego e mobilidade nas regiões metropolitanas, as
incidências criminais tem afetado sobremaneira as pessoas, em especial os crimes cometidos

5
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos
com emprego de motocicletas e auxilio de passageiro (garupa). Rotina em vários municípios
brasileiros, exigindo novas estratégias dos encarregados de aplicar a lei para prevenção desses
delitos;
Várias Corporações no Brasil, observando a crescente utilização de motocicletas no
cometimento de crimes e a grande dificuldade de tráfego de viaturas convencionais nas regiões
metropolitanas, criaram a partir da década de 80, vários grupos com finalidades de prevenção a
criminalidade com emprego de motocicletas, a exemplo da ROCAM – PMSP em 1982 e GIRO –
PMGO em 1998, dentre inúmeros outros que possuem as diretrizes doutrinárias similares.
Vale mencionar, que mesmo com atuação desses grupos, as ações não tem sido
suficientes para prevenção dos crimes cometidos nessas áreas de mobilidade critica em nosso
país. Dentre inúmeros outros fatores, isso se deve em parte, a quantidade e tipo de veículos
empregados pelas Corporações, pequeno efetivo especializado, procedimentos operacionais
focados muitas vezes apenas em infrações de trânsito, falta de capacitação e treinamento
adequado e falta de investimento, exigindo uma reflexão, adequação e intensificação também, do
policiamento ordinário e convencional com emprego de motocicletas, que permite uma
mobilidade condizente com as demandas atuais.
Nesse contexto, o Ministério da Justiça preocupado em reduzir os índices alarmantes de
criminalidade, traçou como diretriz do Programa Nacional de Segurança com Cidadania
(PRONASCI), a promoção da segurança e convivência pacifica, modernização das instituições e
valorização dos profissionais de segurança publica, e ainda, definiu como foco prioritário, as
ações nas regiões metropolitanas e aglomerados urbanos que apresentem altos índices de
homicídios e de crimes violentos.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública analisando a dinâmica criminal no pais,
também desenvolve ações de fomento ao desenvolvimento da Segurança Pública no interior do
país, no denominado “Brasil profundo”, a exemplo do projeto PEFRON, que visa incentivar os
Estados a constituírem unidades de Policiamento Especializados nas regiões fronteiriças, que
representa uma faixa de cerca de 16.000 km, entre fronteiras secas e hídricas . Ressalta-se, que
em diversas localidades, o uso de viaturas convencionais é inviável, sendo as embarcações e as
motocicletas, importantes ferramentas para atividade de segurança pública nesses rincões do
país.
Acreditamos que o emprego de motocicletas adequadas, treinamentos específicos,
procedimentos operacionais condizentes com a realidade atual, destinado aos encarregados de
aplicação da lei, disseminação de uma doutrina específica dessa modalidade de atuação, através
de induções da Secretaria Nacional de Segurança Pública aos entes federados, poderá ser mais

6
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos
uma importante iniciativa para prevenção da violência nos grandes centros urbanos e também no
interior do país.
Com esse foco, e ainda, concatenado com a idéia dos Gabinetes de Gestão Integrada,
vários especialistas escolhidos para compor o Grupo de Trabalho para criação de uma Doutrina
Nacional sobre Policiamento com Motos estiveram imbuídos em avaliar e sugerir a padronização
dos procedimentos, treinamento e capacitação, armamentos equipamentos de proteção individual
e motocicletas apropriadas para serem empregadas nessas atividades de policiamento com motos
em todo país.

7
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos
INTEGRANTES DO GRUPO DE TRABALHO

Coordenador:

Alex Jorge das Neves – 1º Ten PMGO / Dept. da Força Nacional de Segurança Pública

Participantes:

Almir Ribeiro – Tenente Coronel da Polícia Militar de São Paulo

José Rodrigues de Souza Neto – Major da Polícia Militar da Paraíba

Ronilton de Jesus Jacinto Cavalcante – Major da Polícia Militar do Amazonas

Cláudio César Felipe – Capitão da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul

Gilmar Santos Santana – Capitão da Polícia Militar de Sergipe

Giovane Rosa da Silva – Capitão da Polícia Militar de Goiás

Ivens Giuliano Campos dos Santos – Capitão da Brigada Militar do Rio Grande do Sul

Luciano Correa Silva – Capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro

Lucival Cardoso de Montalvão Guedes – Capitão da Polícia Militar do Pará

Marco Antônio Brito Júnior – Capitão da Polícia Militar de Santa Catarina

Newton Anet – Agente Especial do DPRF - SRRJ

Marcos Mendes de Souza – Instrutor de Pilotagem PMGO

Miguel Raimundo dos Reis Cruz – Agente do DPRF - SRPA

Rogério Tosta Bôa Morte – Inspetor do DPRF - SRBA

8
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos
METODOLOGIA DE TRABALHO

No início dos trabalhos, foi exposto a todos os integrantes a necessidade de implementar


diretrizes nacionais acerca da temática, considerando que às iniciativas atuais são localizadas e
restritas à algumas unidades operacionais nas respectivas corporações estaduais.
Visando propiciar a todos uma visão dinâmica de como é a conjuntura criminal, de
prevenção e de uso da motocicleta pelos agentes da lei nos Estados, cada integrante, demonstrou
as experiências exitosas em cada Corporação e as peculiaridades de cada ente federado, na
prevenção a criminalidade em locais de mobilidade crítica e no interior de seus Estados.
Ainda nesse contexto, foi socializada ao grupo, a primeira iniciativa nacional de
padronizar o uso da motocicleta como ferramenta crucial de prevenção a criminalidade, sendo o
I Simpósio Nacional de Motopatrulhamento Policial, realizado no ano de 2009 na cidade de
João Pessoa – PB. Essa iniciativa tão importante, definiu alguns parâmetros publicado numa ata,
descrita abaixo, sendo levado em consideração pelos integrantes do Grupo de Trabalho
constituído no III Fórum Nacional do GGI durante todas discussões.
Ata do I Simpósio Nacional de Motopatrulhamento Policial
“Aos trinta dias do mês de outubro do ano de dois mil e nove reunidos
no Centro de Educação da Polícia Militar da Paraíba, onde se
encontravam os servidores públicos abaixo assinado representando as
respectivas Instituições, realizou-se o I SIMPÓSIO NACIONAL DE
MOTOPATRULHAMENTO POLICIAL, no qual foram apresentadas 05
palestras, momento em que reuniram-se todos os participantes em
grupos de trabalhos onde deliberaram, discutiram e aprovaram por
maioria de votos e aclamação dos participantes de cada grupo de
trabalho, chegando-se a conclusão que como sugestões para o emprego
da motocicleta na atividade de segurança pública, apontou-se como
sugestão para o tipo de motocicleta com potencia entre 250cc e 300cc,
para o policiamento ostensivo ordinário, para o emprego tático
policial, escolta, moto resgate uma motocicleta de cilindrada entre
600cc e 1000cc e para o serviço de batedor motocicleta de 1000cc ou
superior. No referente a equipamento de proteção individual tem-se os
seguintes itens: capacete articulado de viseira anti-risco com uma tecla
frontal de liberação, colete anti-balístico masculino e feminino multi
ameaça, joelheira/caneleira articulada em polímero, cotoveleira
articulada em polímero, luvas táticas em kevlar, protetor de coluna
articulado, rádio comunicador com acionamento remoto, coturno de
9
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos
alta performance e bom conforto, para o policiamento ordinário e
batedor o armamento de porte calibre .40 e arma menos que letal,
pistola com principio de funcionamento de eletrochoque de alta
voltagem e baixa amperagem; para o `policiamento tático e escoltas
armamento de porte calibre .40 e armamento portátil calibre .40 e
5,56mm semiautomático ou automático com coronha rebatível ou
retrátil, quanto a malha curricular mínima com as seguintes
disciplinas: gerenciamento de crises, primeiros socorros, direitos
humanos, relações interpessoais, tiro policial com método e
escalonamento da forca, noções de mecânica, técnicas de abordagem,
legislação de trânsito, noções básicas de escoltas e batedor, educação
física, para o nível I, excetua-se a aplicação da disciplina tiro policial
aos servidores cuja atividade no serviço público não seja autorizado o
porte de arma de fogo, os das disciplinas de pilotagem de alto risco
(on/off road), técnicas avançadas de escolta e batedor, tiro tático e
doutrina de patrulhamento tático com motocicletas para o nível II.
Lido, conhecido e aceito em João Pessoa, Paraíba, às vinte horas. Júlio
Cesár Motta Fernandes – TC QOPM – PMGO, Robson Rodrigues da
Silva – TC QOPM – PMERJ, Andre Ângelo da Silva – Maj QOPM –
PMPE, José Rodrigues de Souza Neto – Maj QOC – PMPB, Luís
Gonzaga de Oliveira Júnior – Cap QOPM – PMSP, Adriano Meirelles
Gonçalves – Cap QOPM – PMDF, Marcos Swami Sousa Pereira – 1
Ten QOPM – PMRN, José Ricardo Mendes Barbosa – 3º Sgt BM –
PMPB, Felipe Araujo Costa de Oliveira –PRF, Wanderley Amorim da
Silva – STTrans.”
Após apresentação das atividades desenvolvidas em todas regiões do país e socialização
da primeira tentativa nacional de padronização dessa modalidade de policiamento nos entes
federados, foi proposto a todos os participantes, a divisão das discussões em áreas temáticas,
sendo elas: Recursos Humanos; Recursos Logísticos; Capacitação, Treinamento e Procedimentos
Operacionais. Ficando definido que as discussões iriam permear o emprego da motocicleta em
unidades de policiamento ostensivo (ordinárias), unidades de policiamento especializadas
(patrulhamento tático e de recobrimento) e policiamento rodoviário, objetivando abranger e
difundir o emprego adequado da motocicleta nas ações preventivas.

10
Secretaria Nacional de Ministério da Justiça Departamento de Políticas,
Segurança Pública Programas e Projetos

Você também pode gostar