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UEMG – UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS – UNIDADE

ITUIUTABA
CURSO DE PSICOLOGIA

Professor: Evaldo Batista Mariano Júnior


Disciplina: Estágio Básico 3
Aluno: Raul Freitas Prudente
Turma: C Nota:

Exame Final
Escreva um texto reflexivo, crítico, dissertativo-argumentativo e apresente ascausas,
sintomas e tratamentos dos “Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno do
Pânico e Fobia Social”.
Apresente o índice de ansiedade na população brasileira durante a pandemia de
Covid-19 e os recursos de enfretamentos utilizados pela Psicologia para
minimizar a ansiedade nas pessoas. Apresente uma proposta de intervenção.

Por fim, realize uma avaliação qualitativa do seu desempenho acadêmico durante a
oferta da disciplina de Estagio Básico 3 no decorrer do semestre.

Considerações relevantes:
 Mínimo 06 (seis) laudas escritas.
 Referencie o texto.
 Caso haja tentativa de plágio a nota será equivalente a zero.

Data de conclusão e envio do trabalho para o e-mail: evaldo.mariano@uemg.br:


25/08/2021
ANSIEDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA

Embora a ansiedade seja um sentimento ruim de ser sentida é necessária por


estar relacionada com o medo. A diferença do medo para a ansiedade, é que o medo
representa uma situação real daquilo que está acontecendo, como por exemplo,
durante um assalto o assaltante aponta a arma em direção a pessoa em que está
sendo assaltada, teoricamente esta pessoa começa a chorar e entre outras reações
em que se expressa o medo. Já ansiedade está mais para uma situação em que o
indivíduo não tem nenhuma evidência do que vai acontecer, mas fica pensando no
pior, como por exemplo, chegar em uma escola nova e pensar que algo constrangedor
pode acontecer com você durante o primeiro dia de aula, um evento vergonhoso que
fará com que todo mundo ria de você. Pode acontecer? Sim. Mas não há uma
evidência concreta de que aquilo realmente possa acontecer. Um exemplo dessa
situação ocorre no filme Divertidamente da Pixar onde o medo, que é uma emoção,
faz uma lista de possíveis acontecimentos que podem acontecer no primeiro dia de
aula, mas sem evidências. Porém, a ansiedade é um sentimento necessário e assim
como os outros não deve ser deixada de lado, pois graças a ela o nosso corpo pode
entrar em estado de alerta diante de uma possível situação de perigo, então neste
caso a ansiedade passa a ser medo a partir de que o perigo em que você está acabe
se mostrando real.
Com a chegada do COVID-19 a vida das pessoas tiveram impactos que
percorreu o mundo. Antes as crianças, além de irem para a escola, também
frequentavam parquinhos, praças e conviviam umas com as outras (com algumas
exceções), adultos iam e vinham do trabalho normalmente, comerciantes lotavam as
ruas das grandes metrópoles com o intuito de vender os seus produtos, festas como
o carnaval e a festa junina eram esperadas por boa parte da população, famílias se
reuniam em datas comemorativas com intuito de celebrar a união, mas as coisas
mudaram devido a chegada do vírus que se mostrou mais letal, mesmo que por alguns
subestimado, do que se pensava. Com o lockdown estabelecido as famílias
precisaram se fechar em casa e sair apenas quando necessário e com o uso de
máscara para evitar o contágio. Além das mortes causadas pelo COVID-19, que hoje
no Brasil ultrapassa o total de 500 mil óbitos, houve outros impactos na saúde do
brasileiro. Vale lembrar que de acordo com a Organização Mundial da Saúde definiu
no ano de 1946 que saúde seria o bem-estar físico, mental e social não levando só
em consideração a ausência de alguma doença e/ou enfermidade.
Mas como diferenciar a ansiedade enquanto sentimento e ansiedade
patológica? De acordo com o DSM-5 os transtornos de ansiedade são caracterizados
por ansiedade e medo excessivos que sob o olhar clínico causam sofrimento na vida
social, profissional e afetiva na vida da pessoa que tenha desenvolvido algum destes
transtornos que são todos, sem exceção, multifatoriais, podendo o indivíduo ter
nascido com uma predisposição genética para ter esse transtorno, causas ambientais
e temperamentais. Ainda de acordo como o DSM-5, são registrados onze transtornos
de ansiedade, sendo eles: Transtorno de Ansiedade de Separação, Mutismo Seletivo,
Fobia Específica, Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social), Transtorno de
Pânico, Agorafobia, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade
Induzido por Substância/Medicamento, Transtorno de Ansiedade Devido à Outra
Condição Médica, Outro Transtorno de Ansiedade Especificado e Transtorno de
Ansiedade Não Especificado. Neste texto serão comtemplados apenas três desses
transtornos de ansiedade sendo eles: Transtorno de Ansiedade Generalizada, Fobia
Social e Transtorno do Pânico.
Antes de entrar no mérito dos transtornos anteriormente citados vale lembrar
que no dia 23 de abril de 2020 o Ministério da Saúde lançou um questionário com o
intuito de verificar como estava a saúde mental devido as alterações feitas por causa
do COVID-19. O questionário ficou disponível até o dia 15 de maio do mesmo ano.
Após a coleta de dados que contou com a colaboração de 17.491 participantes com a
idade entre 18 a 92 anos, “sendo a maioria dos participantes do sexo feminino
(71,9%), de raça/cor autorreferida branca (61,3%), casados (44,3%), residentes de
bairros populares (46,8%) e com renda mensal variando entre R$1.049,00 e
R$2.096,00 (24,3%” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). Ainda de acordo com o
Ministério da Saúde, os resultados da primeira etapa da pesquisa percebem-se que
houve um aumento significativo de transtornos de ansiedade (86,5%), mas não
especificando exatamente quais.
De acordo com o DSM-5 (2014) os critérios diagnósticos do TAG são:

“A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva),


ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos
eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional).
B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos
seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria
dos dias nos últimos seis meses).
Nota: Apenas um item é exigido para crianças. 1. Inquietação ou sensação
de estar com os nervos à flor da pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade em
concentrar-se ou sensações de “branco” na mente. 4. Irritabilidade. 5. Tensão
muscular. 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono,
ou sono insatisfatório e inquieto).
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou
em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p.
ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex.,
hipertireoidismo).
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p.
ex., ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno
de pânico, avaliação negativa no transtorno de ansiedade social [fobia social],
contaminação ou outras obsessões no transtorno obsessivo-compulsivo,
separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de separação,
lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós-
traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno
de sintomas somáticos, percepção de problemas na aparência no transtorno
dismórfico corporal, ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de
doença ou o conteúdo de crenças delirantes na esquizofrenia ou transtorno
delirante).” (DSM-5, 2014)

Como citado anteriormente um Transtorno de Ansiedade tem impacto


significativo na vida do paciente e no caso do Transtorno de Ansiedade Generalizada
(TAG), a ansiedade juntamente com a preocupação excessiva e com sintomas físicos,
como por exemplo, boca seca, tremores, vertigem e/ou tontura, frequência cardíaca
aumentada e tensão muscular. A perturbação do sono não está relacionada com
substâncias químicas, tais como remédios ou drogas ilícitas e por último, esta
perturbação não é mais explicada por outro transtorno mental.
Ainda seguindo com DSM-5, foram numeradas três diferenças entre a
ansiedade enquanto um sentimento comum e o Transtorno de Ansiedade
Generalizada, sendo essas: a preocupação causada pelo TAG é excessiva, muitas
vezes sendo uma situação difícil de se contornar, diferente da ansiedade não
patológica que por mais que sejam desconfortáveis não são impossíveis de se lidar e
tem uma articulação maior. As preocupações causadas pelo TAG também são mais
angustiantes e tem uma duração maior do que a preocupação causada pela
ansiedade não patológica e por último, há uma baixa probabilidade de que as
preocupações geradas pela ansiedade não patológica sejam acompanhadas de
sintomas físicos. Como citado anteriormente os transtornos de ansiedade são
multifatoriais e com o TAG não seria diferente, podendo ser de acordo com o DSM-5:

“Temperamentais. Inibição comportamental, afetividade negativa


(neuroticismo) e evitação de danos foram associadas ao transtorno de
ansiedade generalizada.
Ambientais. Embora as adversidades na infância e a superproteção parental
tenham sido associadas ao transtorno de ansiedade generalizada, não foram
identificados fatores ambientais específicos para o transtorno ou necessários
ou suficientes para fazer o diagnóstico. Genéticos e fisiológicos. Um terço
do risco de experimentar transtorno de ansiedade generalizada é genético.
Os fatores genéticos se sobrepõem ao risco de neuroticismo e são
compartilhados com outros transtornos de ansiedade e humor,
particularmente o transtorno depressivo maior.” (DSM-5, 2014).

Vale ressaltar que não foram identificados fatores ambientais para o TAG,
mesmo que um dia a superproteção familiar e as adversidades da infância tenham
sido associadas a este transtorno. No contexto “sem pandemia” o Transtorno de
Ansiedade Generalizada atinge duas vezes mais indivíduos do sexo feminino do que
do sexo masculino (observação: todos os transtornos de ansiedade trabalhados neste
texto atingem mais mulheres do que homens, podendo variar a probabilidade de cada
um dos casos). (DSM-5, 2014). No contexto “com pandemia” não foi encontrada
porcentagens que indicassem precisamente um aumento no número de casos em
cada transtorno, trabalhado neste texto até o momento em que ele foi concluído em
21 de agosto de 2021.
Em relação ao tratamento para o Transtorno de Ansiedade Generalizada
podemos utilizar a publicação “Cognitive and Behavioral Therapies For Generalized
Anxiety Disorder (Terapias Cognitivas e Comportamentais Para Transtorno de
Ansiedade Generalizada). O indivíduo com TAG tem como principal característica a
catastrofização sem embasamento, ou seja, sem evidências de que o fato irá
realmente acontecer gerando assim certa tensão que por sua vez pode ocasionar em
fadigas e tensão muscular, entre outros sintomas. Por conta disso, entra a terapia
cognitivo-comportamental, pois seguindo o mesmo artigo, podemos observar que

“As técnicas de terapia cognitiva se concentram em modificar os padrões


catastróficos de pensamento e as crenças de que a preocupação está
servindo a uma função útil (denominada reestruturação cognitiva). As
técnicas comportamentais incluem treinamento de relaxamento,
agendamento de 'tempo de preocupação' específico, bem como
planejamento de atividades prazerosas e exposição controlada a
pensamentos e situações que estão sendo evitadas” (2016).

Mas o que isso significa? Através de um processo que gere relaxamento, por
exemplo, a meditação, prática de esportes, atividades de lazer entre outras coisas.
Algumas técnicas de relaxamento como a estratégia A.C.A.L.M.E – S.E proposta por
Becky, Emery e Greenberg (1985) e que mais tarde veio a ser adaptada para o Brasil
pelo professor de psicoterapia cognitivo-comportamental da UFRJ, Bernard Rangé
são ensinadas para amenizar episódios de ansiedade. Esta estratégia consiste em
oito etapas, sendo cada passo com a inicial que forma a palavra acalme-se, sendo
estes: (A) Aceite a sua ansiedade: Esse passo se consiste, basicamente como o
próprio nome indica, aceitar a ansiedade enquanto um sentimento comum que não
deve ser combatido e que caso seja apenas aumentará o desconforto junto com a
tensão; (C) Contemple as coisas à sua volta: Esse passo se consiste em não
observar para dentro de você, mas para fora e novamente aceitar que o
que está acontecendo não é algo horrível, mas normal. Também se consiste em
observar os detalhes a sua volta e descrevendo-os em sua mente para que assim
ocorra o afastamento da observação interna; (A) Aja com sua ansiedade: Realize as
atividades de maneira lenta e NÃO fuja em hipótese alguma. Fugir por mais que traga
uma suavidade não vai ser para sempre pois ao enfrentar a situação novamente você
vai estar mais tenso e ansioso do que antes; (L) Libere o ar de seus pulmões: Este
passo se consiste em respirar bem devagar contando até três na inspiração e até três,
também, na expiração, soltando levemente o ar pela boca. Cuidado para não encher
o pulmão de ar; (M) Mantenha os passos anteriores: Repita cada um dos passos
anteriormente citados; (E) Examine seus pensamentos: Tente examinar os seus
pensamentos catastróficos e reflita se eles são verdade ou não; (S) Sorria!: De a si
mesmo um crédito pelo seu esforço e comemore essa conquista de perceber que a
ansiedade não é um monstro de sete cabeças, mas sim, um sentimento comum; E
por último: (E) Espere o futuro com aceitação: Por mais que você tenha conseguido
lidar com a sua ansiedade lembre-se: você não se livrou dela, ela é ainda uma emoção
como todas as outras e você precisa dela para viver.
O Transtorno de Pânico (TP) de acordo com o DSM-5, é um transtorno que
tem como os critérios diagnósticos:
“A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um
surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alçança um pico
em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes
sintomas:
Nota: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de estado
um ansioso .
1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 2. Sudorese. 3. Tremores ou
abalos. 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5. Sensações de asfixia.
6. Dor ou desconforto torácico. 7. Náusea ou desconforto abdominal. 8.
Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou
ondas de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização
(sensação de estar distanciado de si mesmo). 12. Medo de perder o controle
ou “enlouquecer”. 13. Medo de morrer.
Nota: Podem ser vistos sintomas específicos da cultura (p. ex., tinido, dor na
nuca, cefaleia, gritos ou choro incontrolável). Esses sintomas não devem
contar como um dos quatro sintomas exigidos.
B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou
de ambas as seguintes características:
1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico
adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um
ataque cardíaco, “enlouquecer”).
2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada
aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques
de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas).
C. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma
substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição
médica (p. ex., hipertireoidismo, doenças cardiopulmonares).
D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p.
ex., os ataques de pânico não ocorrem apenas em resposta a situações
sociais temidas, como no transtorno de ansiedade social; em resposta a
objetos ou situações fóbicas circunscritas, como na fobia específica; em
resposta a obsessões, como no transtorno obsessivo-compulsivo; em
resposta à evocação de eventos traumáticos, como no transtorno de estresse
pós-traumático; ou em resposta à separação de figuras de apego, como no
transtorno de ansiedade de separação.” (DSM-5, 2014).

O TP, assim como o TAG, é multifatorial e de acordo com o DSM-5 possuí


três fatores sendo eles: O primeiro é temperamental, quando ocorre a afetividade
negativa, sensibilidade a ansiedade que no caso seria a não aceitação os sintomas
de ansiedade que podem acabar em um ataque de pânico, “embora seu status de
risco para o diagnóstico de pânico seja desconhecido.” (DSM-5, 2014). O segundo se
dá por ambientais, incluindo abusos na infância e curiosamente fumar durante o
tratamento pode ser prejudicial para o sujeito por conta dos “[...] estressores
identificáveis nos meses anteriores ao seu primeiro ataque de pânico (p. ex.,
estressores interpessoais e estressores relacionados ao bem-estar físico, como
experiências negativas com drogas ilícitas ou de prescrição, doença ou morte na
família).” (DSM-5, 2014). E por último os Genéticos e fisiológicos, por conta dos genes
que causam vulnerabilidade para o TP (embora não tenham estudos ainda
evidenciando quais são esses genes). Vale citar também que o paciente com um grau
mais elevado deste transtorno ao consumir cafeína e/ou outras substâncias tende a
aumentar a probabilidade de um ataque de pânico.
Entre os prejuízos causados pelo TP vale citar: incapacidade de socialização,
causando assim danos no trabalho no caso dos adultos e escolar no caso das
crianças. Outra característica que o TP divide com o TAG é a prevalência deste
transtorno no sexo feminino, que assim como o transtorno anteriormente citado, é
duas vezes mais diagnosticado em mulheres do que em homens. Em relação ao
tratamento, vale citar o tratamento através da terapia cognitivo-comportamental e
técnicas de exposição. De acordo com o artigo Salum et al. (2009) “A terapia cognitivo-
comportamental é a terapia com os resultados mais consistentes para o TP, sendo
superior a terapias de controle de atenção psicossocial [...]”. Pode ser realizada da
maneira individual, como por exemplo, psicólogo e paciente, ou em grupo, ambos os
modelos possuindo resultados parecidos. De acordo com os mesmos autores, outro
método seria a psico-educação que tem como objetivo:

“[...] corrigir interpretações errôneas acerca do TP, treinamento de técnicas


para diminuir a ansiedade, como respiração diafragmática e relaxamento
muscular, reestruturação cognitiva, para identificar e corrigir distorções no
pensamento, exposição interoceptiva, no intuito de que o paciente aprenda a
lidar com os sintomas físicos do ataque de pânico, e exposição in vivo, afim
de estimulá-lo a enfrentar as principais situações que teme por medo de
passar mal e não encontrar saída ou ajuda.” (SALUM ET AL., 2009).

De acordo Manfro et al (2008), outro meio de tratamento para o TP são as


técnicas de exposição que são dividias em três, sendo elas: Exposição interoceptiva,
que tem como objetivo “[...] corrigir as interpretações catastróficas dos sintomas físicos
sentidos pelos pacientes como parte da ansiedade antecipatória ou de um ataque de
pânico”. O processo funciona com o paciente sendo exposto de maneira gradual a
determinada situação até que ele não sinta mais aquela sensação de pavor causada
pela ocasião; Exposição in vivo que assim como a exposição interoceptiva se consiste
em expor o paciente a situações que geram desconforto, mas a diferença é que o
indivíduo deve criar uma lista citando lugares e situações em que ele evitou e colocá-
los de maneira hierárquica para assim possa ser exposto a situação/lugar que causou
menos desconforto até a que gerou mais desconforto. Ainda com os mesmos autores
também afirmam que “A exposição in vivo é a principal intervenção aplicada para
superar a evitação agorafóbica”. E por último temos a dependência dos parentes, que
se consiste em fazer com que o paciente retorne a sua autonomia sem precisar ser
acompanhado dos familiares.
O Transtorno de Ansiedade Social (ou Fobial Social) de acordo com o DSM-
5, tem como os critérios diagnósticos:

“A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais


em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas.
Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar
pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou
bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p. ex., proferir
palestras). Nota: Em crianças, a ansiedade deve ocorrer em contextos que
envolvem seus pares, e não apenas em interações com adultos.
B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que
serão avaliados negativamente (i.e., será humilhante ou constrangedor;
provocará a rejeição ou ofenderá a outros).
C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade. Nota:
Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso chorando, com
ataques de raiva, imobilidade, comportamento de agarrar-se, encolhendo-se
ou fracassando em falar em situações sociais.
D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou
ansiedade.
E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela
situação social e o contexto sociocultural.
F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de
seis meses.
D. Medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo
ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.
E. O medo, ansiedade ou esquiva não é consequência dos efeitos fisiológicos
de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra
condição médica.
F. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas
de outro transtorno mental, como transtorno de pânico, transtorno dismórfico
corporal ou transtorno do espectro autista.
G. Se outra condição médica (p. ex., doença de Parkinson, obesidade,
desfiguração por queimaduras ou ferimentos) está presente, o medo,
ansiedade ou esquiva é claramente não relacionado ou é excessivo.
Especificar se:
Somente desempenho: Se o medo está restrito à fala ou ao desempenhar
em público.” (DSM-5, 2014).

O Transtorno de Ansiedade Social (TAS), assim como os outros transtornos


citados anteriormente tamabém é multifatorial, possuindo fatores Temperamentais,
quando ocorre inibição comportamental e medo de sofrer uma avaliação negativa. Um
exemplo desse medo é falar em público e ser julgado pelas pessoas que estão
acompanhando a explicação; Ambientais, no caso de maus-tratos pode acabar sendo
um fato que pode ocassionar no desenvolvimento do Transtorno de Ansiedade Social; E
por ultimo, os fatores genéticos e fisiológicos, que como o próprio nome indica o
paciente pode acabar herdando o transtorno ou pode desenvolver devido a interação
gene-ambiente. Uma questão cultural que reforça o diagnóstico do TAS é a síndrome
de taijin kyofusho, de origem Japonesa e Coreana. De acordo com o DSM-5 esta
síndrome tem como característica

“[..] medo de que o indivíduo deixe outras pessoas desconfortáveis (p. ex., “O
meu olhar incomoda as pessoas, então elas olham para outro lado para me
evitar”), um medo que é por vezes experimentado com intensidade delirante.
Esse sintoma também pode ser encontrado em contextos não asiáticos.”
(DSM-5, 2014).

Assim como os outros transtornos, o TAS afeta a participação social do


indivíduo causando fracasso no âmbito escolar, no mercado de trabalho,
relacionamentos afetivos e também pode acabar impedindo atividade de lazer e ainda
de acordo com o DSM-5 (2014) apenas metade dos indivíduos em sociedades
ocidentais e que são diagnosticados com TAS procuram um tratamento e isso só
ocorre na faixa dos 15 aos 20 anos com a presença de sintomas. Assim como os
outros transtornos o TAS é predominante no sexo feminino, podendo ser
acompanhado de “[...] um número maior de medos e transtornos depressivo, bipolar
e de ansiedade comórbidos [...]” (DSM-5, 2014).
Entre as opções de tratamento vale citar de acordo com o projeto Diretrizes
(2011) a TCC, podendo ser a terapia individual ou em grupo e o uso de psicofarmacos.
A Terapia Cognitivo-Comportamental é a mais indicada para o tratamento do TAS e
além disso segundo o projeto ambos os métodos tem suas vantagens, mas a terapia
individual é a que apresenta mais resultados.

“Os formatos de TCC se mostram eficazes para o tratamento do TAS, porém


quando comparadas, a terapia individual se mostra mais eficaz20(B). É
importante levar em consideração o contexto de aplicação destas, já que
p.ex. em um contexto onde há muita necessidade de tratamento, realizar uma
terapia em grupo apresenta um custo mais baixo e evita deixar pacientes em
lista de espera.” (PROJETO DIRETRIZES, 2011).

Esta terapia se consiste em trabalhar o relaxamento muscular, as habilidades


se socialização, psicoeducação entre outros. E na terapia em grupo o grupo em si
serve como suporte e serve como acolhimento e aprendizado. Em relação aos
psicofármacos os medicamentos não são receitados por psicólogos já que eticamente
falando psicólogos não podem prescrever medicação.
Por fim vale lembrar que a Pandemia não acabou e mesmo com tantos danos
(sejam danos físicos, mentais, sociais e econômicos) nós ainda teremos que lidar com
o impacto deixado por ela quando as coisas voltarem ao seu eixo “normal”. Importante
ressaltar que enquanto este período não chega ao fim é necessario colocar em
práticas as técnicas de relaxamento apresentadas ao longo do texto para que assim
dê uma amenizada na situação. Além dessas técnicas, as pessoas podem procurar
por ajuda, mesmo que seja online como no caso do atendimento da CVV (Centro de
Valorização da Vida) que tem como opção a troca de mensagens e o número 188 para
ligação. É uma opção por ser um serviço gratuito, com horários acessíveis e que
garante sigilo. Os voluntários, embora não sejam todos psicólogos, recebem
treinamento para o atendimento. Caso a pessoa tenha condições financeiras
frequentar a terapia (seja ela por vídeo-chamada ou presencial) também é uma opção
para lidar com as crises de ansiedade, pois além de se contar com um profissional
competente, você pode acabar tendo uma melhor orientação em relação a
psicoeducação. Outro método que também pode ser feito em casa, embora na
presença de um psicólogo seja mais coerente já que ele pode analisar, é o RPD
(Registro dos Pensamentos Disfuncionais) utilizado na TCC, neste método o paciente
deve relatar nos seus tópicos (Data/Hora; Situação; Pensamentos automáticos;
Emoção; Conclusão e Resultado) a experiência que desencadeou a ansiedade. Por
fim ressaltando, novamente, a pandemia causou um susto muito grande na vida das
pessoas, sendo o luto, a descrença, o desemprego, a alteração na rotina, entre muitos
outros prejuízos pessoais e no coletivo, mas também temos que estar preparados
para o rastro que toda essa situação deixou.
Por fim, em relação a avaliação qualitativa do rendimento durante os
encontros devo acentuar que eu não fui participativo e um pouco desatento em auxiliar
os meus colegas. Mas a organização do webnário Ansiedade em Tempos de
Pandemia foi precisa, incluindo divulgação e criação do projeto em si contando apenas
com o problema técnico da internet. Além disso fui o responsável por criar a equipe
“Webnários Psicologia na Pandemia” na plataforma TEAMS, o e-mail que foi utilizado
para a comunicação de toda a equipe do webnário com os inscritos e também pela
criação da lista de presença.

REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Psiquiatria. Transtorno da Ansiedade Social: Tratamento.


Projeto Diretrizes – Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina,
2011.
Disponível em:
https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331163777transtorno_ansiedade_soci
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BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Saúde. Ministério da Saúde divulga


resultados preliminares de pesquisa sobre saúde mental na pandemia. Brasília,
2020. Disponível em:
https://antigo.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/47527-ministerio-da-saude-
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Acesso em: 12 ago. 2021.

SOCIETY OF CLINICAL PSYCHOLOGY. Cognitive And Behavioral Therapies For


Generalized Anxiety Disorder. Division 12 – Of The American Psichological
Association. Disponível em:
https://div12.org/treatment/cognitive-and-behavioral-therapies-for-generalized-
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MANFRO, Gisele Gus; HELDT, Elizeth; VOLPATO, Aristides; OTTO, Michael.


Terapia cognitivo-comportamental no transtorno de pânico. Brazilian Journal of
Psychiatry, São Paulo, v. 30, 2008.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbp/a/KtnLKCSvtGS95dsLytgTSNz/?lang=pt# . Acesso em: 20
ago. 2021

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Artmed, 2014.

World Health Organization. Constituição. Organização Mundial da Saúde.


Disponível em:
https://www.who.int/about/governance/constitution. Acesso em: 11. ago. 2021.

PEVEARI, Emillin Caldeira. A. C. A. L. M. E. – S. E.: Estratégias para lidar com a


ansiedade. Faculdade Cruzeiro do Sul, 2020.
Disponível em:
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L.M.E.-S.E..pdf . Acesso em: 21 ago. 2021.

SALUM, Giovanni Abrahão et al. Transtorno do pânico. Revista de Psiquiatria do


Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 31, n. 2, 2009.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rprs/a/VgdKjMfjhGfGcFTdBgYCq6G/?lang=pt# . Acesso em
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