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Erberson R. Pinheiro dos Santos Os 4Cs da Educação Cristã

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Sumário

Sumário 4

I CONHECIMENTO BÍBLICO 9
1 Introdução 11

2 A Importância da hermenêutica 13
2.1 O abismo do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2 O abismo geográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 O Abismo cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4 O abismo do idioma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.5 O abismo literário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.6 O abismo sobrenatural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.7 Hermenêutica, exegese e homilética . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3 O método histórico-gramatical 19
3.1 Preparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.3 Análise contextual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.4 Análise formal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.5 Análise detalhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.6 Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.7 Reflexão teológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.8 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

II CONHECIMENTO DAS DOUTRINAS 35


4 Introdução 37

5 Os perigos da falta de ensino das doutrinas 39

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6 Doutrinas que devemos saber para ministrar uma boa aula 43


6.1 Teontologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
6.2 Cristologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6.3 Pneumatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
6.4 Soteriologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6.5 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

III CONHECIMENTO DO ASSUNTO 63


7 Introdução 65
7.1 Dicas para estudar e aprender melhor . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

8 Princípios para preparar uma boa aula 69


8.1 Anotar o que estuda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
8.2 Conhecer o escritor da revista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
8.3 Conhecer o assunto principal da revista . . . . . . . . . . . . . . . . 70
8.4 Conhecer os tipos e o assunto das lições . . . . . . . . . . . . . . . . 72
8.5 Como preparar uma aula quando não tem uma revista . . . . . . . . 77
8.6 A estrutura de um estudo bíblico – afirmar, ilustrar e aplicar . . . . 80

IV CONHECIMENTO DE DIDÁTICA 91
9 Introdução 93

10 Aprendizagem 95
10.1 Estilos de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
10.2 Aplicação do ciclo de aprendizagem na sala de aula . . . . . . . . . 102

11 Estrutura de uma aula na EBD 105


11.1 Revisão da(s) aula(s) anterior(es) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
11.2 Objetivos da aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
11.3 Introdução ao assunto da aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
11.4 Ministração do assunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
11.5 Aplicação do assunto ensinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
11.6 Conclusão e apresentação do próximo assunto . . . . . . . . . . . . 108
11.7 Recursos didáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

12 Resumo dos estilos de aprendizagem 111

13 Conclusão 117

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Slides do curso
Você pode adquirir os slides em PowerPoint baseados no li-
vro para ministrar um treinamento na sua igreja. Acesse o site
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Introdução à metodologia dos 4Cs

“Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;”


(Romanos 12:7).

É possível que, ao analisar esse valoroso versículo, você se pergunte: O que é


necessário saber para ser um professor de excelência da EBD?
Em busca da resposta para essa pergunta, durante minha caminhada como professor,
sabendo que o desfecho para um excelente professor depende de vários fatores
centrados/dependentes principalmente no conhecimento do professor, li e fiz uma
análise crítica de vários livros sobre educação cristã. Deste modo, percebi que, de
forma geral, segundo esse conjunto de livros, para ser um professor de excelência
é necessário seguir inúmeros passos. São tantas as etapas que, como resultado, o
professor fica desanimado e ainda mais confuso com tudo o que foi aprendido. Além
do mais, a maioria das dicas são massivamente teóricas e dificilmente tem aplicação
prática e, se tem, não são aplicadas pela maioria dos leitores desses livros.
Foi pensando nesses desafios, e com a intenção de tornar o assunto mais simples e
prático para o entendimento do professor, que eu defini o que é necessário para ser
um professor de excelência em 4 passos, uma metodologia que eu chamo de “Os 4Cs
da Educação Cristã”, dividida em:

• 1° C - Conhecimento Bíblico

• 2° C - Conhecimento das Doutrinas

• 3° C - Conhecimento do Assunto

• 4° C - Conhecimento de Didática

O educador cristão que aprimorar cada um desses conhecimentos, vai impactar


muitas vidas com o seu ensino. Você se torna um professor de excelência da EBD
quando molda Cristo na vida de seus alunos.

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Parte I

CONHECIMENTO BÍBLICO

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Capítulo 1
Introdução

O primeiro passo da metodologia dos 4Cs da Educação Cristã é aplicar o Conheci-


mento Bíblico, esse é o primeiro C, pois o conhecimento da palavra de Deus vem
em primeiro lugar. Não existe educação cristão sem conhecimento Bíblico, portanto,
tenha em mente que para preparar uma boa aula para EBD é necessário desenvolvê-lo.
Na maioria das vezes o professor não precisa “preparar uma aula do zero”, pois
existem editoras que já vendem a revista com o estudo pronto. As igrejas aderem
a uma editora e adquirem as revistas para os professores e alunos, no entanto, essa
facilidade não exime o professor de preparar a aula. É importante ressaltar que
ministrar uma aula apenas com o conteúdo que vem na lição, sem se aprofundar nas
passagens bíblicas citadas, deixa a aula muito superficial.
Considerando que o professor já tem em mãos a lição de uma revista da EBD,
sabe-se que esta sempre apresenta um texto bíblico chave. Muitas vezes o conteúdo
da lição consiste em explicar detalhadamente essa passagem bíblica. Em outras lições,
o conteúdo é baseado em um tema, que para ser bem compreendido e explicado,
deve-se consultar vários versículos. Isso significa que você vai precisar interpretar as
escrituras em todas as aulas que for ministrar.
Nesse processo de interpretação, será necessário você interpretar um salmo (poesia),
uma profecia, uma parábola, uma carta, entre outros, e para isso, precisa diferenciá-
los. Você, como professor da EBD, deve identificar os gêneros literários e as formas
literárias dos textos bíblicos que são citados na lição, além disso, considerar que cada
gênero e forma têm regras específicas para interpretação, não se deve interpretar
uma parábola como se fosse uma narrativa histórica, por exemplo.
Nesta parte do livro abordarei um pouco a respeito de hermenêutica e irei me apro-
fundar sobre exegese, apresentando o método histórico-gramatical. A ideia é oferecer
um método de interpretação bíblica para você aplicar em qualquer circunstância.
Não importa se você tem a revista com o estudo pronto ou se vai preparar uma aula
do zero. Não importa se você vai ensinar em uma célula, em um culto durante a
semana ou na EBD. Independentemente de como esse ensino acontece, você tem que
interpretar corretamente o texto bíblico escolhido para a ministração.

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Interpretar corretamente um texto bíblico é fundamental para o crescimento sau-
dável da igreja 1 . A Bíblia é a Palavra de Deus e a sua mensagem é a base para a
igreja, pois não existe outro meio de ouvir Deus falar.
Muito se tem escrito sobre interpretação bíblica, porém, há uma certa lacuna
entre o texto acadêmico e o educador cristão, que tem a missão de interpretar e
transmitir a mensagem bíblica para a igreja. Infelizmente, nem todos educadores
cristãos têm acesso aos livros e cursos sobre interpretação bíblica e baseado nisso,
irei abordar os principais conceitos de interpretação bíblica apresentando um método
de interpretação que pode ser aplicado facilmente por qualquer professor da EBD.
No final desta parte você vai encontrar uma lista de livros para se aprofundar neste
assunto.

1 NICODEMUS, A. A Bíblia e seus intérpretes. 3ª edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.

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Capítulo 2
A Importância da hermenêutica

Para interpretar corretamente a Bíblia, deve-se conhecer alguns detalhes dos livros
que a compõe, tais como: quando foi escrito, em que circunstância foi escrito, por
quem foi escrito e qual o propósito pelo qual foi escrito. Ao contrário do que muitos
pensam, você não precisa fazer um curso de teologia para saber de todas essas coisas,
esse conhecimento pode ser adquirido em livros sobre hermenêutica e exegese. Aqui,
neste livro, irei apresentar um método de interpretação conhecido como "método
histórico-gramatical".

A mensagem principal da Bíblia é de fácil compreensão, e todos têm a capacidade


de entender1 . No entanto, algumas passagens são de difícil compreensão, e para isso
é necessário um conhecimento de hermenêutica bíblica.

Hermenêutica bíblica é a arte de interpretar a Bíblia. Pelo fato de a Bíblia ser


um livro divino, não teríamos necessidade de interpretá-la, pois Deus não iria se
comunicar com sua criação de maneira complexa. Porém, a Bíblia também é um livro
humano, pois foi escrito por homens, em situações reais da vida humana e com uma
linguagem humana. Portanto, quando colocamos o aspecto humano, muita confusão
é feita e há uma real necessidade de interpretar os textos sagrados para que possamos
entender realmente o significado do texto e a sua aplicação para os dias atuais.

Antes de explicar sobre interpretação bíblica, apresentarei a você alguns proble-


mas, que deixa mais evidente a necessidade de fazermos a interpretação correta das
escrituras. Sendo necessário previamente considerar que a Bíblia é um livro antigo, e
por isso, de difícil interpretação, há livros na Bíblia, por exemplo, que foram escritos a
3400 anos atrás. Isso mostra que na hermenêutica é necessário tentar transpor vários
abismos para realizar uma interpretação correta das escrituras sagradas2 .
1 ZUCK, R. B. A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia. 1ª edição. São Paulo: Vida Nova, 1994.
2 ZUCK, R. B. A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia. 1ª edição. São Paulo: Vida Nova, 1994.

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2.1 O abismo do tempo
Como a Bíblia foi escrita há milhares de anos, existe um abismo temporal que nos
separa dos escritores e dos primeiros leitores. Seria muito bom encontrar com Moisés
e perguntar para ele o que ele quis dizer em certa passagem, mas isso não é possível.
Esse abismo temporal nos leva aos outros abismos, pois a cultura, a língua e a
literatura mudam com o passar do tempo.

2.2 O abismo geográfico


Outro problema que enfrentamos quando vamos interpretar a Bíblia, é o local no
qual ela foi escrita. Estamos muito longe de Israel, Egito, Roma, Grécia. Não temos
a noção das distâncias percorridas, da vegetação do local, do clima, dentre outros
fatores específicos da geografia local. Em relação ao clima, por exemplo, muitos
não sabem que em Israel neva durante inverno e que durante o ano a temperatura é
amena, atingindo no máximo 30 graus Celsius.

2.3 O Abismo cultural


A questão cultural é muito importante, pois cada povo tem uma cultura própria, o
que é normal para um, é estranho para outro, e tem valor específico para cada pessoa.
Precisamos entender a cultura da época dos tempos bíblicos para entender algumas
passagens de maneira correta.

2.4 O abismo do idioma


O abismo do idioma é uma das maiores barreiras da interpretação bíblica, pois ao se
traduzir um texto de uma língua para outra, algumas palavras perdem a força que
tem no original, o que compromete o real sentido dos textos. As línguas nas quais
a Bíblia foi escrita – hebraico, aramaico e grego - possuem algumas características
particularidades bem estranhas se comparadas à nossa. O alfabeto dessas três línguas
é totalmente diferente do nosso. No hebraico e aramaico, a leitura é feita de trás para
frente, além de não possuir vogais, somente consoantes. Dessa forma, para que haja
uma interpretação correta dos textos bíblicos é necessário muitas vezes recorrer aos
originais.

2.5 O abismo literário


A maneira que os escritores bíblicos expressaram as verdades divinas é muito parti-
cular da época, muitas partes da bíblia foram escritas em provérbios e parábolas, e
essas formas são pouco usadas hoje em dia. Como a Bíblia foi escrita por cerca de 40
escritores, temos uma grande diversidade de estilos. Alguns escrevem em forma de
romance, outros em provérbios, outros escreveram poesias, já no Novo Testamento
temos as cartas. Para realizarmos uma boa interpretação devemos entender cada

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estilo literário e as figuras de linguagem usadas pelos escritores bíblicos.

2.6 O abismo sobrenatural


A Bíblia é um livro sobre Deus, o criador do universo, que não pode ser explicado
por palavras humanas e muito menos pela lógica humana. Por esse motivo algumas
verdades como a doutrina da trindade, as duas naturezas de Cristo, a soberania de
Deus e a vontade humana são difíceis de serem entendidas por nós. Muitas vezes
vamos ver características humanas sendo dadas a Deus, tais como a mão de Deus, os
ouvidos de Deus, isso é chamado de linguagem antropomórfica. Considerando esses
aspectos, devemos entender que para fazermos uma interpretação correta devemos
contar com a ajuda do Espírito Santo, pois, afinal de contas, foi Ele quem inspirou os
escritores bíblicos.

2.7 Hermenêutica, exegese e homilética


Para interpretar corretamente a Bíblia, é necessário aplicar algumas regras da herme-
nêutica, e para aplicá-las corretamente, os especialistas criaram alguns métodos que
sintetizam e facilitam o uso dessas regras de interpretação. Antes de discutir esses
métodos, é necessário apresentar algumas definições3 .
Hermenêutica: Ciência (princípios) e arte (tarefa) de apurar o sentido do texto
bíblico.
Exegese: Verificação do sentido do texto bíblico dentro de seus contextos, histórico
e literário.
Exposição: Transmissão do significado do texto e de sua aplicabilidade ao ouvinte
moderno.
Homilética: Ciência (princípios) e arte (tarefa) de transmitir o significado e a
importância do texto bíblico sob forma de pregação.
Pedagogia: Ciência (princípios) e arte (tarefa) de transmitir o significado e a aplica-
ção do texto bíblico sob forma de ensino.
Agora, com a clareza desses conceitos, acredito que a sua tarefa como professor da
EBD consiste nos seguintes passos:
a) Primeiro: você deve conhecer os princípios de interpretação estudando herme-
nêutica.
b) Segundo: você deve fazer a exegese do texto bíblico, ou seja, analisar o caráter
mais técnico do texto. Na exegese você analisa o texto e faz a interpretação propria-
mente dita, sendo necessário considerar o contexto histórico, cultural e literário. Além
disso, o uso de um dicionário é indispensável, e em alguns casos, se faz necessário
consultar as línguas originais. A exegese é um trabalho completo de interpretação, e o
seu resultado é um texto escrito explicando a passagem bíblica de maneira detalhada.
3 ZUCK, R. B. A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia. 1ª edição. São Paulo: Vida Nova, 1994.

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Se você é um professor da EBD que tem apenas 6 dias para preparar uma aula, não é
necessário fazer uma exegese completa do texto principal da lição escrevendo cada
detalhe, pois isso pode ser muito demorado. A ideia é que o professor aplique os
principais conceitos da exegese no preparo da aula, anotando aquilo que seja mais
relevante para explicar melhor a passagem bíblica aos seus alunos. Ao fazer isso, o
resultado será uma pesquisa mais profunda do texto com anotações daquilo que é
mais importante. Mas se você é um professor que tem mais tempo e quer fazer algo
completo, fique à vontade para se aprofundar, pois assim terá um estudo que poderá
ser usado em várias ocasiões futuras.
c) Terceiro: Uma vez que seu estudo está pronto, você deve fazer a exposição que
pode acontecer de duas maneiras: no formato de pregação ou no formato de ensino.
A homilética vai ajudar na pregação, já a pedagogia vai ajudar no ensino. Veja a
figura 2.1 adaptada do livro “A interpretação bíblica"do Roy zuck4 :

4 ZUCK, R. B. A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia. 1ª edição. São Paulo: Vida Nova, 1994.

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Figura
17 2.1:
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Capítulo 3
O método histórico-gramatical

Para fazer a interpretação correta das Escrituras é necessário adotar um método. Isso
não significa que você vai fazer algo engessado, sem poder seguir as instruções do
Espírito Santo. Você vai orar, buscar a direção de Deus e depois vai usar as diretrizes
de algum método para fazer a interpretação correta do texto bíblico em questão. Será
apresentado aqui o método de interpretação bíblica chamado de histórico-gramatical.
Esse método surgiu na Reforma Protestante no século XVI, e tem como premissa
que a Bíblia é a Palavra de Deus, infalível e inspirada pelo Espírito Santo. Com esse
método você terá um passo a passo para fazer a interpretação do texto bíblico e
entender o seu real significado. A aplicação do método deve acontecer de maneira
flexível, pois dependendo da profundidade do seu estudo, muitos passos podem ser
resumidos ou adaptados para a sua realidade.
O método histórico-gramatical, emergido progressivamente, da prática da interpre-
tação da Bíblia, defende que o “[...] significado de um texto é aquele que o autor tinha
em mente, e que a intenção do autor pode ser derivada com o máximo de exatidão,
observando-se os fatos da história e as regras de gramática aplicáveis ao texto sob
estudo”1 .
A estrutura proposta aqui é baseada no livro “Introdução a exegese bíblica” de
Michael Gorman. Os passos a serem seguidos são:

1. Pesquisa: Preparação e visão geral.

2. Análise contextual: Consideração do contexto histórico e contexto literário


do texto.

3. Análise formal: Análise da forma, estrutura e movimento do texto.

4. Análise detalhada: Análise das várias partes do texto.

5. Síntese: Síntese do texto como um todo.


1 VIRKLER, Henry A. Hermenêutica avançada. 1ª edição. São Paulo: Editora Vida, 2001.

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6. Reflexão teológica: Aplicação prática.

Saiba que você sempre precisa interpretar um texto bíblico para ministrar uma
aula de excelência. Algumas lições são temáticas, outras lições são 100% baseadas
em um texto bíblico. Mas, independentemente do tipo de lição, o ato de interpretar
deve ser colocado em prática. Os tipos de lições serão abordados de maneira mais
detalhada no 3º C – Conhecimento do assunto. Adiantando um pouco esse assunto,
considere a seguinte classificação das lições:

Tipo 1: O professor tem a revista com o estudo pronto e a lição em questão é


temática.

Exemplo: Lição 6 da CPAD do 2º trimestre de 2018 - Ética Cristã e Suicídio.

Essa lição foi baseada em um tema – Suicídio - e a passagem bíblica principal - 1


Samuel 31.1-6 - serviu mais de suporte. Na exposição do assunto da lição foi usado
várias passagens para sustentar o ponto de vista bíblico sobre o tema em questão. Só
para ficar bem claro, nessa lição o texto bíblico não foi muito explorado, apenas um
subtópico falou explicitamente dele.

Tipo 2: O professor tem a revista com o estudo pronto e a lição é baseada em uma
única doutrina bíblica ou várias doutrinas.

Lição 4 da CPAD do 3º trimestre de 2017 - O Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Essa lição teve como propósito mostrar quem de fato é Jesus Cristo. Foi estudada
a humanidade e a divindade de Jesus, enfatizado o propósito da sua missão que é
salvar a humanidade.

Tipo 3: O professor tem a revista com o estudo pronto e a lição em questão é a


exposição de um texto bíblico.

Exemplo: Lição 8 da CPAD do 4º trimestre de 2018 - Encontrando o nosso próximo.

Essa lição foi baseada na parábola do bom samaritano. Foi realizada a exposição
do texto de Lucas 10.25-37. Nesse caso, toda a lição se baseou nesse texto.

Tipo 4: O professor não tem uma revista pronta

Exemplo: Você pretende ministrar uma série de estudos expondo a carta aos efésios.

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Nesse caso você vai montar seu estudo sozinho.


Vou explorar com mais detalhes cada um desses tipos de lição no 3º C que fala do
conhecimento do assunto.
Este método é muito usado no meio acadêmico e pode parecer complicado para
alguns, mas farei uma adaptação deste método para facilitar a sua aplicação pelos
professores da EBD. Podemos chamá-lo aqui de “Método Histórico-gramatical para
Professores da EBD”.
A partir de agora você vai aprender detalhadamente como fazer a interpretação de
um texto bíblico para ministrar uma aula de excelência. Não se preocupe em decorar
todas as etapas, tente entender a essência do método.
A aplicação do método na preparação da aula vai depender muito do tipo de
lição que você vai ministrar. Se a lição for baseada em um texto bíblico, é de suma
importância fazer um estudo completo da passagem bíblica. Neste caso, o método
deve ser aplicado por completo, pois a interpretação correta da passagem já será sua
aula.

3.1 Preparação
Antes de começar a fazer o trabalho de exegese (interpretação) você precisa escolher
o texto bíblico corretamente. Esse trabalho é chamado de delimitação da perícope.

Delimitação da perícope
Para quem tem a revista, o texto bíblico já vem delimitado. No entanto, nem sempre
a delimitação proposta pelo escritor da revista está de acordo com a sua delimitação
verdadeira. Você vai entender isso mais adiante.
A primeira tarefa a ser feita no processo de interpretação bíblica é a delimitação
do texto a ser estudado, algo essencial para que o estudo a ser ministrado tenha
coerência. Em uma linguagem mais técnica, essa parte é chamada de delimitação
da perícope. Uma perícope é um “pedaço” de um texto que tem começo, meio e
fim. Nem sempre a divisão que está na Bíblia é fiel ao que o autor queria fazer, isso
acontece porque a divisão de capítulos e versículos que tem na Bíblia hoje foi feita
pelos tradutores e não pelo escritor original.
Suponha que você deseja pregar a respeito da passagem que se encontra em Efésios
5.1-2. O que vem em mente é que esse texto é independente, pois está no começo
do capítulo. Mas se você olhar com mais cuidado, verá que os versículos 1 e 2 do
capítulo 5 estão concluindo o pensamento de Paulo acerca da santidade que começa
no versículo 25 do capítulo 4; dessa forma o texto a ser estudado deve ser Efésios
4.25-5.2.
Esse texto (Efésios 4.25-5.2) é considerado uma perícope, pois aqui Paulo está se
aprofundando sobre o tema santidade discutido anteriormente (Efésios 4.17-24). Ele
trata aqui (Efésios 4.25-5.2) sobre o abandono de todo pecado que era praticado antes

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da conversão; mais adiante, ele começa a falar das obras das trevas (Efésios 5.3-13).
O que está antes e depois de Efésios 4.25-5.2 deve ser levado em consideração, mas
essa passagem tem começo, meio e fim.
Às vezes não é fácil identificar quando começa e termina o texto, mas uma dica
que pode ajudar é verificar onde começa e termina o parágrafo. Algumas bíblias são
divididas em parágrafos e em outras Bíblias os parágrafos podem ser identificados
com a letra que está em negrito. Além de procurar os parágrafos, você pode encontrar
alguns traços que indicam essa delimitação2 , entre eles, posso citar:

A mudança do local onde acontece a ação. Em João 8.59 Jesus sai do templo, e em
João 9.1 Jesus está caminhando; isso indica que em João 9.1 começa uma nova perícope.

Aparição de um novo personagem. A perícope que começa em João 9.1 termina


em João 9.12, pois no versículo 13 o milagre já tinha acontecido e aparecem novos
personagens, que são os fariseus.

Mudança de argumento. As vezes a passagem começa com “finalmente...”, “quanto


ao mais” e outras conjunções (Ef 6.10, 1 C 12.1, 2 Tm 4.6). Essas conjunções indicam
que vai começar um novo argumento.

3.2 Pesquisa
Visão Geral (Familiarização com o texto)
A familiarização com o texto é muito importante, pois quase tudo o que lemos pode
não ficar muito claro com uma leitura inicial; por isso, é necessário ler a passagem
bíblica várias vezes para conseguir entender o que o autor quis dizer. Ler em traduções
diferentes também ajuda muito, pois o processo de tradução é complexo, assim um
texto bíblico pode ficar mais claro em uma tradução do que em outra. Nesse momento,
você ainda não vai tirar conclusões, no máximo vai fazer algumas anotações, ou seja,
vai registrar as primeiras impressões da passagem bíblica escolhida. Não existe uma
regra com relação ao que anotar, se tiver uma palavra que se repete, anote ela; se for
uma narrativa anote o nome dos personagens.
Outra tarefa que deve ser realizada é entender um pouco mais sobre o livro em que
está contida a passagem bíblica. Você deve procurar saber quem escreveu, quando
escreveu, para quem escreveu, porque escreveu e o tema principal, isso faz toda
a diferença. Explicar uma passagem de filipenses sabendo que Paulo estava preso
faz toda diferença na interpretação. Para essa tarefa será necessário ler um livro
de introdução ao Antigo Testamento ou Introdução ao Novo Testamento. Não se
preocupe agora em fazer um estudo profundo da passagem nesta fase da interpretação,
2 KUNZ, Claiton André. Método histórico-gramatical. In: Via teológica. Curitiba: FTBP, 2008. Nº 16, vol. 2, p. 23-53.

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no próximo passo você terá a chance de se aprofundar.

Formulação da hipótese
De acordo com o dicionário online do Google:

Hipótese: proposição que se admite, independentemente do fato de ser verdadeira ou


falsa, como um princípio a partir do qual se pode deduzir um determinado conjunto
de consequências; suposição, conjectura.

Logo no início da sua interpretação você já deve formular sua hipótese; neste caso,
você vai supor ou conjecturar o significado do texto bíblico estudado. Talvez, no
final do seu estudo, você chegue à conclusão de que sua hipótese não é válida, mas é
importante fazer mesmo assim.
Muito provavelmente, na formulação da hipótese, você irá exteriorizar tudo aquilo
que você já ouviu sobre o texto e aquilo que você acha que o texto significa, mas não
se preocupe, assim que você for prosseguindo no estudo, poderá ir revisando sua
hipótese inicial.
Faça as seguintes perguntas para formular uma boa hipótese:

• Qual o tema principal desse texto?

• Qual o papel desse texto no livro como um todo?

3.3 Análise contextual


A análise contextual é um trabalho demorado, pois exige consulta em outros livros,
na internet e muitas vezes com algum amigo que entende mais do assunto. Após
fazer essa análise, todo o resto fica mais fácil e o texto fica muito mais claro.

Contexto histórico
Todos os textos bíblicos foram escritos em um contexto histórico específico, e para
compreender corretamente um texto bíblico é necessário saber quando o texto foi
escrito, por quem foi escrito, para quem foi escrito e onde foi escrito. Ao considerar
tudo isso, é necessário entender qual o contexto político e religioso naquela situação3 .
Observe que para entender o Antigo Testamento, você deve saber sobre a divisão
de Israel em Reino do Norte e Reino do Sul, você tem que compreender também sobre
os povos vizinhos de Israel, tais como: os moabitas, os amonitas e os filisteus. Além
disso, ter conhecimento dos grandes reinos, tais como: Egito, Assíria, Babilônia e
Medo-Persa.
3 GORMAN, Michael. Introdução à exegese bíblica. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.

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No Novo Testamento, o contexto histórico geral também deve ser compreendido
para que as histórias do Novo Testamento façam sentido; você deve ter o entendi-
mento que a região da Judeia foi comandada por um tempo pelos gregos, depois
foi comandada pelo império romano, e que por esse motivo, nessa região falava-se
aramaico, grego e latim. É importante saber também, que na época de Jesus havia
grupos religiosos que pensavam de maneira diferente: saduceus, fariseus, zelotes,
herodianos e essênios; que os judeus tinham uma relação mais próxima com os
gentios (comparando com períodos anteriores), pois viviam entre eles, mas não se
relacionavam com os samaritanos. Essas observações são apenas alguns exemplos,
procure se aprofundar no contexto histórico através dos livros de introdução ao
Antigo e Novo Testamento, atlas e livros que falam especificamente do contexto
histórico dos tempos bíblicos.

Contexto cultural
Se nos dias de hoje as culturas são diferentes, imagina agora o abismo cultural entre
nós e os povos dos tempos bíblicos; são textos escritos em uma região diferente da
nossa há muitos anos. Entender o contexto cultural é de extrema relevância para se
fazer uma interpretação correta da Bíblia.

Para entender um pouco mais sobre o contexto cultural, observe o seguinte


exemplo da passagem bíblica de Marcos 9.17:

“E enviou dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e um homem, que leva
um cântaro de água, vos encontrará; segui-o” (Marcos 9.17).

Sem conhecer o contexto cultural, pode surgir a seguinte dúvida: “E se tivesse


vários homens carregando cântaros de água?”
Mas se você considerar o contexto cultural, vai descobrir que na cultura da época
somente mulheres carregavam cântaro de água, portanto, quando vissem um homem
realizando essa atividade, saberiam que aquela era a pessoa recomendada por Jesus.
Provavelmente Jesus já tinha combinado com esse homem antes e esse seria o sinal
para que os discípulos o encontrassem4 .
Se você tem dúvidas de como fazer uma boa análise histórica e cultural, comece
fazendo as seguintes perguntas:

• Quais são as características principais dos primeiros leitores do texto?

• Tem como saber algo a mais sobre a sua história, posição social, crenças ou
política?
4 VIRKLER, Henry A. Hermenêutica avançada. 1ª edição. São Paulo: Editora Vida, 2001.

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• No texto em questão tem alguma referência a algum acontecimento histórico,


cultural ou crenças? (Analisar isso pode esclarecer sobre o pano de fundo no
qual o texto foi escrito).

• Houve alguma circunstância especial que levou o autor bíblico a escrever aquele
livro específico?

Essas perguntas são importantes, pois elas nos levam a fazer uma análise mais
profunda da passagem estudada; e aquelas anotações que você fez no início da leitura
podem ser expandidas agora.

Contexto literário
Para entender o contexto literário, é necessário ler o que vem antes e depois do texto
estudado, pois todo texto deve ser entendido de acordo com seu contexto; se for
possível, leia todo o livro em que está o texto. A leitura do livro completo contribui
para o entendimento de alguns questionamentos, tais como: Qual a função do texto
dentro do livro? Qual argumento o escritor está defendendo? Qual a influência do
personagem na história? Muito do contexto histórico vai ajudar no contexto literário.
Sempre se lembre de um detalhe primordial:
Você nunca deve ler apenas um versículo isolado ou somente o texto bíblico
indicado na sua revista.
A primeira leitura demanda um pouco de tempo, recomendo pelo menos 30 minutos
para essa tarefa. Apesar de 30 minutos parecer pouco, é um tempo suficiente para ler
pelo menos dois capítulos antes e dois capítulos após a passagem estudada; se você
puder dedicar um pouco mais de tempo, é melhor ainda para a sua compreensão do
texto analisado.
Veja um exemplo na passagem bíblica Filipenses 4.13, de como uma leitura fora do
contexto pode trazer uma interpretação errada.

“Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” (Filipenses 4.13).

A interpretação que as pessoas dão a este versículo quando lido isoladamente,


é que podemos fazer qualquer coisa naquele que nos fortalece, tais como, saltar
um abismo, saltar de um prédio, dirigir em alta velocidade; se isso fosse verdade,
quem crê em Cristo seria um verdadeiro super-herói. Mas quando lemos o contexto,
observamos outra coisa completamente diferente:

“Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as
coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como
a padecer necessidade” (Filipenses 4.12).

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Olhando o contexto, nota-se que Paulo está dizendo que ele pode suportar todas as
coisas em Cristo. Em Cristo, ele suporta tanto viver em abundância, quanto viver em
escassez, ou seja, ele suporta tanto as situações difíceis da vida, como as situações
que o deixa confortável.
Agora que você entendeu a necessidade de ler um texto em seu contexto completo,
oriento que dentro do contexto literário devem ser levados em consideração:

• Contexto imediato: O capítulo que se encontra a passagem;

• Contexto próximo: O livro que se encontra a passagem;

• Contexto geral: A Bíblia como um todo.

Não se desespere, você não precisa ler a Bíblia toda em uma semana. No entanto,
seria interessante já tê-la lido toda pelo menos uma vez na vida para ter uma visão
geral. A regra básica de interpretação é “a Bíblia interpreta a própria Bíblia”5 .
Se você precisa de uma orientação direcionada para saber como fazer uma boa
análise literária, faça a si mesmo as seguintes perguntas:

• Qual é o assunto do parágrafo anterior?

• O parágrafo que vem depois ajuda a explicar o texto?

• Essa passagem exerce um papel importante no entendimento de algum tema


do livro em questão?

Contexto canônico
O princípio básico de Martinho Lutero ao interpretar a Bíblia era “a Bíblia interpreta
a própria Bíblia”6 . Não significa que você vai ignorar os contextos histórico e cultural,
mas que você vai procurar relação do texto estudado com outras passagens bíblicas.
Para analisar o contexto canônico, faça a si mesmo as seguintes perguntas:

• Qual a relação desse texto com outros textos do outro Testamento (Antigo ou
Novo Testamento)?

• Com quais outros textos bíblicos ou temas o seu texto parece estar em conflito?
Esse possível conflito pode ser resolvido?

• Se for uma narrativa, os personagens são citados em outro livro da Bíblia?


5 NICODEMUS, A. A Bíblia e seus intérpretes. 3ª edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
6 NICODEMUS, A. A Bíblia e seus intérpretes. 3ª edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.

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3.4 Análise formal


Forma literária
A Bíblia foi inspirada pelo Espírito Santo, mas cada autor bíblico registrou a palavra
de Deus levando em consideração seu contexto cultural e um estilo literário específico.
Todo texto ao ser redigido assume uma estrutura pensada pelo autor; essa estrutura
deve ser compreendida pelo intérprete7 . Quando se fala de estrutura, deve-se começar
pelo gênero das grandes unidades, por exemplo:

• Livro poético;

• Cartas;

• Narrativas;

• Livro profético.

O texto a ser estudado pertence a uma unidade maior (gêneros citados acima). No
entanto, esse pequeno texto pode pertencer a um outro estilo literário, essa parte
menor assume uma forma literária, por exemplo:

• Oráculo profético;

• Parábola;

• História de milagre;

• Sermão.

Você, como leitor da Bíblia, deve identificar os gêneros literários e as formas


literárias do texto que está estudando. Cada gênero e forma tem regras específicas
para interpretação; não se deve interpretar uma parábola como se fosse uma narrativa
histórica, por exemplo.
Além do gênero e da forma, o texto pode ser classificado como prosa e poesia.
A prosa é a linguagem cotidiana, formal ou informal, já a poesia é uma linguagem
escrita ou falada que possui uma estrutura métrica, com versos ou estrofes, carregada
de emoções e quase sempre, fazendo uso das figuras de linguagem. Se o texto for
em prosa, pode ser uma narrativa histórica, uma parábola ou uma carta, se for uma
poesia, pode ser um hino, um salmo.
O assunto abordado pela revista da EBD pode ser baseado em um livro da Bíblia,
por exemplo, uma lição que comenta Efésios; esse tipo de abordagem é muito comum
e por isso o professor da EBD deve se aprofundar no gênero literário que a revista
7 GORMAN, Michael. Introdução à exegese bíblica. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.

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está abordando. Se for uma carta, deve-se estudar sobre cartas, se for evangelhos,
deve-se aprofundar nos evangelhos, e assim sucessivamente. Este livro não tem o
propósito de se aprofundar sobre cada gênero literário. Para que você se aprofunde
nesse assunto, busque ler livros de hermenêutica (veja lista de livros no final do
capítulo).

Esboços
A elaboração de um esboço analítico é um aspecto essencial do estudo, pois o texto
tem uma sequência lógica e você, como intérprete da Bíblia, deve perceber o fluxo
das ideias; isso evita que o resultado do estudo não seja um amontoado de ideias sem
sentido.
As pessoas prestam mais atenção em uma ministração quando conseguem entender
a sequência lógica das ideias, por essa razão, para que você entenda a sequência e
transmita isso na sua ministração, você deve fazer o esboço analítico. Esse esboço tem
as divisões principais e as subdivisões, mas não vem acompanhado de explicações ou
algum tipo de interpretação. Para entender melhor, veja o exemplo abaixo com a
passagem bíblica de Efésios 6.10-20:

Esboço Analítico de Efésios 6.10-20


1. A realidade da batalha espiritual (10-13)
• Ser fortalecidos no Senhor (10)
• Revestir de toda armadura de Deus (11)
• Estamos em uma guerra espiritual e não carnal (12)
• Revestir de toda armadura de Deus (13)
2. As armaduras de Deus (14-17)
• O cinto da verdade (14)
• A couraça da justiça (14)
• A sandália do Evangelho (15)
• O escudo da fé (16)
• O capacete da salvação (17)
• A espada do Espírito (17)
3. Oração por todos os santos e por Paulo (18-20)
• Orando e vigiando com perseverança por todos (18)
• Orando para que Paulo possa pregar o Evangelho com ousadia (19-20)
Guarde este esboço, pois você vai precisar dele para fazer a análise detalhada.

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3.5 Análise detalhada


A base para a análise detalhada será o seu esboço analítico. Nessa análise, você, como
intérprete da Bíblia, vai montar o quebra-cabeça e explicar o texto como um todo.
Quando você abre um comentário bíblico, o que encontra é a análise detalhada do
texto; mas saiba, que para que o escritor do comentário chegasse àquelas conclusões
sobre as partes do texto, foi necessário ele fazer a pesquisa inicial, a análise contextual,
a análise formal e a análise das palavras-chave (que será abordada logo em seguida).
O quão detalhado será sua análise, vai depender muito do seu objetivo: se você vai
preparar uma lição do zero, ou seja, se não tens a revista, essa análise deve ser bem
detalhada; mas, caso tenhas e está procurando entender melhor o texto e comparar
com a explicação da revista, essa análise pode ser mais simples. Neste último caso,
faça apenas algumas anotações. Ao realizar essa análise minuciosa, você não precisa
fazer comentários de cada frase separadamente, isso pode resultar em um trabalho
muito extenso e você pode perder o foco do significado como um todo. O ideal é
fazer uma explicação detalhada de cada versículo, mas sempre observando todo o
contexto. Em relação aos detalhes, oriento você a explorar algumas palavras, que é o
estudo de palavras-chave.

Estudo das palavras-chave


O estudo das palavras-chave também é chamado de análise léxica8 . Na análise léxica
você vai identificar as palavras-chave do texto e procurar seu significado no original.
Essa fase pode ser realizada mesmo por quem não tem conhecimento das línguas
originais, pois existem muitos recursos que ajudam a realizar essa tarefa. As palavras-
chave são aquelas que mais se repetem ou aquelas que direcionam o sentido do texto.
Não pule essa fase, pois ela é muito importante na análise detalhada e na aplicação.
De acordo com Gusso9 :

O texto deve ser observado de todos os ângulos, buscando-se as palavras-chave, aquelas


que mostram a base central do assunto, e o significado da passagem como um todo.

Assim que listar as palavras-chave, você vai procurar saber o significado “básico”
da palavra, o significado semântico da palavra (o significado dentro do contexto) e
onde essa palavra se encontra em outras passagens bíblicas, e se possível, fora da
Bíblia.

Para exemplificar, observe as seguintes passagens bíblicas: João 1.14 e Efésio 2.3:

8 KUNZ, Claiton André. Método histórico-gramatical. In: Via teológica. Curitiba: FTBP, 2008. Nº 16, vol. 2, p. 23-53
9 GUSSO, Antônio Renato. Como Entender a Bíblia. Curitiba: AD Santos, 2017.

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“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do
unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.14).

“Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne,
fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira,
como os outros também” (Efésios 2.3).

Carne nesses dois textos no original é sarx que significa: carne, corpo, natureza
humana, materialidade; parentesco. Em João 1.14, carne tem o sentido de natureza
humana, ou seja, Jesus se tornou um ser humano; já em Efésios 2.3, carne tem o
sentido negativo, pois significa natureza pecaminosa. Apesar ser a mesma palavra,
tanto no grego como no português, o contexto diz o que ela realmente significa.

3.6 Síntese
Depois de ter realizado todo esse trabalho detalhado sobre o texto, deve-se sintetizar
tudo em poucas palavras (um parágrafo). A síntese vai além de fazer uma conclusão
do estudo, a ideia é propor uma conclusão acerca do significado essencial do texto,
em relação ao seu propósito ou função, depois de tê-lo estudado. Fazer a síntese é
uma atividade que vai “forçar” você a mostrar que realmente entendeu o significado
do texto bíblico estudado.
Durante todo o trabalho de interpretação, deve-se sempre ter em mente que a Bíblia
é um livro que possui uma mensagem transformadora. Lembre-se que o propósito da
sua interpretação não deve ser apenas produzir um estudo literário do texto bíblico,
mas deve ser um estudo voltado para transformar vidas. Na síntese o exegeta procura
o ponto principal, e essa busca começa desde a pesquisa. As seguintes perguntas
podem ajudar nesse processo:

• Há alguma repetição de palavras, ideias ou imagens que possa indicar não


apenas a estrutura, mas também o tema do texto?

• Há algum conceito dominante ou metáfora? Um motivo central?

• A estrutura do texto indica o foco? Há um ponto central? Contraste?

• Há relacionamentos significativos entre os vários componentes do texto que


possam indicar o propósito retórico completo?

3.7 Reflexão teológica


A interpretação de um texto não deve ser um fim em si mesma, pois o objetivo de
uma boa exegese bíblica é a aplicação pessoal do texto. Tanto o indivíduo quanto
a comunidade deve se envolver com o texto. Segundo Agostinho, o objetivo da

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interpretação teológica é uma comunhão cada vez maior com Deus e uns com os
outros10 .
Para refletir sobre o texto e fazer uma aplicação pessoal, faça as seguintes perguntas:

• O que o texto nos exorta a crer?

• O que o texto nos exorta a esperar?

• O que o texto nos exorta a fazer?

Fazendo a aplicação
Ao fazer a interpretação de um texto bíblico, você deve entender o texto no seu
contexto original e no contexto contemporâneo, tomando cuidado para não dar um
significado em vez de procurar o verdadeiro significado. A aplicação para os dias
atuais deve estar relacionada ao seu significado original.
Para fazer uma boa reflexão teológica, você deve procurar saber o que o texto
afirma sobre os seguintes temas:

• Deus, incluindo o Pai, o Filho e o Espírito Santo;

• O povo de Deus;

• A missão de Deus no mundo;

• A salvação humana operada por Deus;

• Os frutos da salvação;

• O amor de Deus;

• O amor ao próximo;

• A vida diária, adoração e serviços comunitários.

Segundo GORMAN11 :

O que importa para todos os intérpretes é poder fundamentar a reflexão numa análise
cuidadosa do texto e envolver tanto o texto quanto os outros em um espírito de
humildade.
10 GORMAN, Michael. Introdução à exegese bíblica. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.
11 GORMAN, Michael. Introdução à exegese bíblica. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.

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3.8 Considerações finais
Apesar de muitos ignorarem a necessidade de interpretar as escrituras, sabemos que
essa tarefa é fundamental para quem quer ensinar a Palavra de Deus corretamente.
Ao estudar todos os abismos, entendemos melhor a dimensão do desafio, que é
interpretar as escrituras e fazer aplicações práticas.
Os métodos de interpretação nos ajudam a interpretar a Bíblia corretamente e nos
deixam preparados para transmitir o real significado do texto para nossos alunos.
Muitos podem questionar a quantidade de conteúdo que é necessário para fazer a
interpretação correta, mas não se preocupe, esse conhecimento vem aos poucos,
com leitura de livros, cursos online, cursos presenciais, ensinamentos na igreja e,
principalmente, com a sua dedicação na prática diária de leitura da Bíblia.
O salmista meditava na palavra de Deus de dia e de noite (Sl 1.2). Assim deve ser o
professor da EBD, não somente ler a Bíblia para ensinar, mas meditar diariamente.
A cada leitura aprendemos algo novo, que podemos aplicar na nossa vida e ao
mesmo tempo transmitir às outras pessoas, para que todos venham ter o conhe-
cimento dessa maravilhosa salvação e, através disso, ter a transformação de suas vidas.

Livros para estudar hermenêutica


Segue a lista de livros para estudar hermenêutica. Nesta lista você vai encontrar
livros que eu li, com conteúdos que aprendi e apliquei nesse livro para facilitar o seu
entendimento. Acredito que é interessante você, enquanto professor da EBD, tê-los
na estante. Lembre-se que hermenêutica vai dar as diretrizes para a interpretação,
mas a interpretação propriamente dita será realizada com a exegese.

• Como entender a Bíblia (Renato Gusso)


O professor Renato Gusso escreveu esse livro para ministrar um curso de
hermenêutica para os membros da sua igreja, por isso, ele é bem simples, mas
ao mesmo tempo é muito prático. Eu indico para você que está começando a
estudar hermenêutica.

• Entendes o que lês? (Gordon Fee)


Escrito por Gordon Fee, “Entendes o que lês?” é um livro bem didático e a
sua organização ajuda muito a entender a “ideia geral” da hermenêutica. Eu
considero esse livro o mais indicado para você que é professor da EBD.

• Introdução à hermenêutica bíblica (Walter Kaiser e Moisés Silva)


Para você que quer se aprofundar um pouco mais no assunto, eu recomendo
“Introdução à hermenêutica bíblica”, um livro com um conteúdo organizado
para iniciantes, mas que é possível se aprofundar durante a leitura.

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• A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia (Roy Zuck)


Esse livro é bem completo. O primeiro professor de hermenêutica que tive
usou ele e eu achava um pouco complexo. Mas, depois de um tempo, com
o amadurecimento do conhecimento, percebi que é um excelente livro, pois
entendi que é um livro para realizar um estudo minucioso, não apenas para
fazer uma leitura apressada. Acredito que não seja um livro para iniciantes.
Ele não tem uma linguagem difícil, mas a organização do seu conteúdo não me
parece intuitiva.

Livros para estudar o método histórico-gramatical (exegese)

• Introdução à exegese bíblica (Michael Gorman)


Foi desse livro que eu tirei a estrutura do método histórico-gramatical e adaptei
para a realidade do professor da EBD. Eu recomendo esse livro para todos os
professores da EBD.

• Hermenêutica avançada (Henry Virkler)


Esse livro eu utilizo com mais frequência para consultas nos momentos opor-
tunos. É um excelente livro, pois presenta uma boa estrutura do método
histórico-gramatical e é repleto de exemplos.

Livros para entender o contexto histórico

• Panorama histórico de Israel (Renato Gusso)


Nesse livro você vai entender melhor o contexto do Antigo Testamento. Nor-
malmente o utilizo para consultar na preparação das minhas aulas, este é um
excelente livro para quem quer entender todo o contexto do Antigo Testamento.

• A Palestina nos tempos de Jesus (Bernard Rolland e Cristiane Saulnier)


Nesse livro você vai entender melhor o contexto do Novo Testamento. Também
o utilizo como material de consulta ao preparar as minhas aulas.

• Jerusalém no tempo de Jesus: pesquisas de história econômico-social no período


neo-testamentário (Joachim Jeremias)
Esse livro é excelente para entender melhor o mundo do Novo Testamento. Ele
foi indicado pelos meus professores do bacharelado em teologia.

• Panorama do Antigo Testamento (Andrew Hill , J. H. Walton )


Acredito que um panorama do Antigo Testamento é indispensável para o
professor da EBD. Eu tenho esse e indico.

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• Introdução ao estudo do Novo Testamento (Broadus David Hale)
Este livro é excelente para entender o contexto político e religioso do período
conhecido como intertestamentário, ou seja, o intervalo entre o antigo e o novo
testamento. O autor também aborda contexto político e religioso da judeia no
primeiro século. Ele faz um panorama de todo o Novo Testamento, é rico em
detalhes que às vezes fica maçante, mas é muito interessante. Quando ele vai
explicar sobre os livros e cartas, faz uma sínteses de todas as possibilidades de
autores, data, ocasião e propósito.

Livros para entender o contexto cultural

• Manual dos usos e costumes dos tempos bíblicos (Ralph Gower).

• Vida cotidiana nos tempos bíblicos (PACKER, J. I.; TENNEY, Merril.C.; WHITE
Jr., William).

• O mundo do Antigo Testamento (PACKER, J. I.; TENNEY, Merril.C.; WHITE Jr.,


William).

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Parte II

CONHECIMENTO DAS DOUTRINAS

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Capítulo 4
Introdução

Conhecer as principais doutrinas bíblicas é de suma importância para quem ensina


na igreja. No método dos 4Cs da Educação Cristã, esse é o segundo C, pois além de
conhecer as escrituras, é importante entender como as doutrinas são organizadas e
aplicadas na nossa vida.
O professor da Escola Bíblica Dominical não deve dominar apenas o tema da revista,
que muda a cada semestre, pois cada revista é apenas uma pequena parte de todo
um conteúdo relevante para o crescimento espiritual do cristão. O conhecimento
das doutrinas é algo que deveria ser básico para todos os cristãos. Infelizmente nem
todas as igrejas possuem uma classe de discipulado. Na maioria das vezes, o novo
convertido não recebe um acompanhamento para aprender o básico da vida cristã.
Com um conhecimento fraco das principais doutrinas cristãs, o estudo de temas mais
avançados na EBD se torna um desafio para aluno e para o professor.
Certa vez fui ministrar uma aula na classe de discipulado e estava falando de dons
espirituais, e nesse dia apareceu um novo convertido que estava indo pela primeira
vez na escola dominical. Fiquei sem saber o que fazer, pois falar de profecia e línguas
estranhas para quem se converteu ontem não é tão simples. Tive que explicar para
esse novo convertido que já estávamos bem avançados, e fiz uma pequena revisão de
tudo o que já tinha ensinado para poder localizá-lo na aula daquele dia.
Imagina uma igreja que não tem classe de discipulado, que o novo convertido
vai direto estudar a revista de adultos (ou maturidade cristã). Imagina agora que
ele chegue à classe e a revista aborda temas relacionados à escatologia, temos um
novo convertido que se depara com aquela aula que nem mesmo os crentes antigos
conseguem entender. Essa situação não é hipotética, todos os dias isso acontece nas
classes de Escola Dominical no Brasil inteiro. Neste caso o professor pode fazer uma
pausa na aula e resumir a doutrina estudada ou marcar um outro momento com ele
para explicar melhor sobre as doutrinas. Se o professor não for capacitado, o aluno
não vai entender nada e nunca mais volta.
Um domínio das doutrinas básicas faz com que sua aula não seja algo sem conexão,
que não está relacionada a nada. Você não está na igreja domingo pela manhã somente

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para “cumprir tabela”, a sua aula deve ser o que o aluno tem de mais importante
na semana. Você deve mostrar que não é "apenas"mais uma aula, é a apresentação
sistemática de tudo o que a gente acredita. Além do mais, esse conhecimento vai
fazer o aluno se achegar mais a Deus, pois é através das doutrinas que entendemos
mais sobre a natureza de Deus, de Cristo e do Espírito Santo.

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Capítulo 5
Os perigos da falta de ensino das doutrinas

A falta de ensino das doutrinas pode trazer muitas consequências para a igreja. O
que acontece muitas vezes nas igrejas é o ensino de usos e costumes como se fossem
doutrinas. Usos e costumes mudam com o local, data, igreja. Já as doutrinas são
imutáveis. De acordo com Wayne Gruden

Uma doutrinas é o que a Bíblia como um todo nos ensina hoje acerca de algum tópico
específico1 .

Muitos podem se perguntar se há realmente uma necessidade de estudar doutrinas,


visto que elas são extraídas da Bíblia. Seguindo esta logica, basta ler a Bíblia para
conhecer as doutrinas. De fato, elas são extraídas da Bíblia, mas elas não estão
organizadas de maneira sistemática na Bíblia. A elaboração das doutrinas surgiu da
necessidade de combater as heresias na igreja primitiva a partir do segundo século.
De acordo com Louis-Berkhof:

No segundo século a religião cristã, como nova força no mundo, a qual se revelou na
organização da igreja, teve de lutar pela sua própria existência. Teve de defender dos
perigos externos e internos, de justificar sua existência e de conservar sua pureza de
doutrina diante de erros sutis. (História das doutrinas cristãs)2

Assim que os apóstolos morreram, os líderes da igreja primitiva que assumiram


o lugar dos apóstolos sofreram muito para combater as heresias. Surgiram muitos
falsos líderes com ensinamentos totalmente contrários àquilo que era ensinado pelos
apóstolos. Quase todas as heresias estavam relacionadas à temas relevantes para toda
a fé cristã: Deus, Jesus, Espírito Santo, salvação, pecado, mundo espiritual.
Um herege chamado Marcião dizia que o Deus do Antigo Testamento era diferente
do Deus do Novo Testamento. Ele anulou por completo o Antigo Testamente, pegou
algumas cartas de Paulo e montou o primeiro Cânon (lista de livros inspirados). Essa
1 GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva Louis. 2ª Edição. São Paulo: Vida Nova, 2012.
2 BERKHOF, Louis. História das doutrinas cristãs. 1ª Edição em Português. Editora Pes, 1992.

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distinção de duas divindades, cada uma com sua existência independente, parece
ser influência do gnosticismo3 . O gnosticismo, que também era uma heresia da
época, dizia que o Deus que criou o mundo material era inferior ao Deus supremo
que era puro espírito. Marcião, apoderando-se desse pensamento gnóstico, afirmou
que o Deus do Antigo testamento (que era o criador) era inferior ao Deus do Novo
Testamento que foi revelado por Jesus4 . Como a igreja não aceitou os seus ensinos,
ele fundou a própria igreja, que sobreviveu por várias gerações5 .
Outra heresia que surgiu no contexto da igreja primitiva foi o arianismo. Essa
heresia foi criada e divulgada por Ário, bispo de Alexandria, cujas opiniões foram
condenadas no Concílio de Nicéia em 325 d.C. Ário dizia que Jesus era uma criação
de Deus e, portanto, não era Deus. Para ele, Jesus era um deus de segunda categoria.
Os arianos usavam várias passagens bíblicas para sustentar seus argumentos (Jo 1.14;
3.16, 18; 1Jo 4.9). Vejamos o texto de Colossenses 1.15: “O qual é imagem do Deus
invisível, o primogênito de toda a criação”. Segundo os arianos, esse versículo deixa
claro que Jesus foi a primeira criatura de Deus. Mas esse versículo não defende esse
pensamento herético. O texto deve ser lido de acordo com seu contexto histórico
e cultural. Na época em que foi escrito, a primogenitura era sinal de autoridade na
família durante a sua geração. O texto de colossenses diz que Cristo é “primogênito de
toda a criação”, ou seja, ele tem os privilégios da autoridade e do governo concernente
à criação. Hoje, as testemunhas de Jeová dizem a mesma coisa.
Surgiu também um grupo chamado de ebionitas. Eles faziam justamente o contrário
de Marcião. Eles acreditavam que para ser salvo a pessoa deveria seguir o judaísmo.
Além do mais, afirmavam que Jesus era 100% humano e não tinha natureza divina.
Segundo eles, no momento do batismo, o Cristo, que era divino, entrou em Jesus, que
era humano, e o ajudou durante o seu ministério. Na cruz, o Cristo abandona Jesus e
por isso ele clama: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?"(Mateus 27.46).
Em contraste com os ebionismo, surgiu os docetismo, que afirmava que Jesus era
100% Deus e não tinha nada da natureza humana. Para eles, Jesus apenas aparentava
ter um corpo humano.
Se você observar, todos os exemplos que citei acima distorcem a natureza de Deus,
de Jesus, e mudam completamente como a salvação é alcançada. Um Jesus criado, um
Jesus apenas divino ou apenas humano, não poderia executar o plano de salvação por
completo. Para que esses ensinos errados não se consolidassem como verdadeiros, os
pais da igreja (assim que eram chamados os substitutos dos apóstolos) tiveram que se
reunir em concílios e definir muito bem cada um desses temas importantes para a fé
cristã. Dessa forma, surgiu a necessidade de sistematização das doutrinas da igreja.
Você acha que a igreja de hoje não passa pelo mesmo problema? Com certeza
3 BRUCE, F. F. O Cânon das Escrituras. 1ª Edição. São Paulo: Hagnos, 2011.
4 EHRMAN, Bart. Evangelhos perdidos. 1ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2008.
5 BRUCE, F. F. O Cânon das Escrituras. 1ª Edição. São Paulo: Hagnos, 2011.

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passam, e em um nível muito mais profundo. A internet está na palma da mão da


maioria das pessoas. Um ensino errado se espalha muito rapidamente, pois o tempo
todo somos bombardeados com várias mensagens de texto, vídeos, áudios e imagens
com ensinamentos totalmente contrários à Palavra de Deus. Se nossos alunos da EBD
não aprenderem a doutrina correta na igreja, vão aprender a errada por outros meios.
O problema não é somente as religiões e seitas que permeiam o mundo religioso. A
secularização também traz muitos prejuízos para a vida dos cristãos e para a sociedade
como um todo. A grande maioria das pessoas (ímpios ou não) têm uma visão de Deus
muito limitada. Para muitos, Deus é um ser que criou o universo e não faz mais nada,
são os chamados de Deístas. Jesus é tratado apenas como um grande mestre da moral
e o Espírito Santo é totalmente ignorado ou tratado apenas como uma força. Sem
falar dos que não acreditam em Deus e se esforçam para denegrir o cristianismo.

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Capítulo 6
Doutrinas que devemos saber para ministrar uma boa aula

Umas das maneiras de estudar as doutrinas é através da disciplina de teologia siste-


mática. A teologia sistemática organiza as doutrinas da seguinte maneira:

• Bibliologia;

• Teontologia;

• Cristologia;

• Pneumatologia;

• Antropologia;

• Hamartiologia;

• Soteriologia;

• Angelologia;

• Escatologia.

Essa divisão acima não é uma regra, pois cada livro vai adotar uma maneira
diferente de abordar as doutrinas. Podemos tomar como exemplo o estudo do pecado
(Hamartiologia) que muitas vezes é tratado como um subtópico da doutrina do
homem (Antropologia). Aconselho você a olhar o índice de alguns livros de teologia
sistemática para entender melhor essa organização. O índice é fácil de encontrar na
internet (no site da editora ou de livrarias online).
Se você é um professor da EBD que realmente quer aprender mais sobre doutrinas,
compre um livro de teologia sistemática o mais rápido possível. Comprar um livro
de teologia sistemática pode ser uma tarefa complicada, pois há muitas opções no
mercado e cada livro vem com um ponto de vista diferente. Alguns livros de teologia
sistemática fazem uma abordagem filosófica outros seguem uma linha mais deno-
minacional. Alguns seguem a interpretação arminiana outros a calvinista. Alguns

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vêm com vários volumes, outros são mais simplificados. Uma maneira de comprar
qualquer coisa e minimizar os erros na hora da compra é assistir vídeos de review
na internet e ler os comentários sobre o produto no site das lojas virtuais. Faça isso
sempre que for comprar livros, pois ajuda muito na escolha da melhor opção para
você.
Aqui neste livro vou falar um pouco das seguintes doutrinas: Teontologia, Cristo-
logia, Pneumatologia e Soteriologia. A abordagem dessas doutrinas será simplificada,
pois o objetivo aqui não é escrever um livro de teologia sistemática. Vou apresentar
um pouco dessas doutrinas apenas para que você tenha uma noção básica de cada
uma. Se você já estudou teologia sistemática, sinta-se à vontade para pular essa seção.

6.1 Teontologia
Estudo de Deus.
Na teontologia estuda-se acerca do caráter de Deus, seus atributos, sua natureza,
ou seja, estudamos todos os aspectos que Ele revelou na sua palavra. Não é possível
entender Deus por completo, porém podemos aprender um pouco acerca Dele através
das escrituras, para assim termos um relacionamento sério com Ele.

O que a Bíblia ensina sobre Deus


Em primeiro lugar a Bíblia não tenta provar que Deus existe. O objetivo da Bíblia é
narrar a as ações redentoras de Deus para com a humanidade. A Bíblica começa com
Deus já existindo e criando todas as coisas:

"No princípio Deus criou os céus e a terra."(Gênesis 1.1)

Neste livro não pretendo entrar em detalhes sobre os argumentos acerca da exis-
tência de Deus. Esse conteúdo pode ser encontrado nos livros de teologia sistemática
e outros livros que são voltados para esse propósito1 . Aqui, o propósito é fazer uma
introdução à doutrina de Deus destacando os principais pontos.

A natureza de Deus
Partimos do princípio de que Deus existe. Mas será que realmente podemos conhecer
a Deus? A natureza de Deus se refere ao “ser de Deus”, quem Ele é de fato, não àquilo
que Ele faz.
Esse tema tem sido debatido há séculos e a posição defendida pelos pais da igreja
e pelos reformadores é que Deus não pode ser totalmente compreendido. Deus se
revela nas escrituras, mas nós nunca, de fato, conheceremos Ele na sua essência.
1O livro de teologia sistemática do Wayne Grudem tem bons argumentos acerca da existência de Deus. Para se
aprofundar no tema, é bom ler algum livro que trata especificamente sobre a existência de Deus: 20 evidências que
Deus existe (Kenneth D. Boa, Robert M. Bowman Jr) e Deus não está morto (Rice Broocks).

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O finito não pode conhecer o infinito. No entanto, tudo que precisamos conhecer
sobre Deus foi revelado nas escrituras. Qualquer ideia sobre Deus que foi escrita
ou falada por meio de uma revelação especial que não é a Bíblia, é mentirosa. Dois
conceitos acerca de Deus devem ser observados antes de qualquer estudo sobre Deus:
transcendência e imanência2 .

Deus é transcendente, ou seja, Ele é separado da criação e da história. Ele é


muito superior à sua criação:

"Quem mediu as águas na concha da mão, ou com o palmo definiu os limites dos
céus? Quem jamais calculou o peso da terra, ou pesou os montes na balança e as colinas
nos seus pratos?"(Isaías 40.12)

Deus está muito além do universo, por maior que o universo seja, não pode conter
Deus. Salomão na sua sabedoria reconheceu que nada pode conter Deus.

"Mas será possível que Deus habite na terra? Os céus, mesmo os mais altos céus, não
podem conter-te. Muito menos este templo que construí!"(1 Reis 8.27)

Reconhecer a transcendência de Deus nos leva a ter uma atitude de humildade


diante do criador do universo. Esse abismo entre nós e Deus não existe apenas por
causa do pecado; é de ordem metafísica, está relacionada à nossa criação. Deus
sempre existiu, e nós somos apenas uma criatura, que temos o nosso valor, mas nunca
seremos iguais a Deus.
A transcendência de Deus nos leva a reconhecer muitas heresias logo de início.
Muitas religiões e igrejas apresentam um deus fraco, sem poder e subordinado ao
homem. Essa ideia de confissão positiva, meditação transcendental, dentre outras
só revela o quanto o deus que eles adoram são fracos. Deus não pode ser colocado
na parede como muitos cristãos fazem. Tudo que temos é somente pela sua graça e
misericórdia.
Deus é imanente, ou seja, ele se relaciona com sua criação. Deus está presente
em todos os lugares:

"Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua
presença?"(Salmos 139.7)

A imanência de Deus significa que Ele está presente na vida das pessoas, significa
que podemos ter um relacionamento com Ele. Muitas religiões vão pregar um Deus
exclusivamente transcendente, que está longe e não pode ter um relacionamento com
2 SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 1ª Edição. Curitiba: AD Santos, 2014.

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o ser humano.
É de suma importância ter um equilíbrio entre a transcendência e a imanência.
Uma ênfase muito grande na transcendência leva ao deísmo. Dessa forma, Deus teria
criado todas as coisas, e agora estaria longe sem a possibilidade de relacionamento
com a criação. Uma ênfase muito grande na imanência leva ao panteísmo. Assim
Deus seria um só com a criação – Deus é tudo e tudo é Deus.
A Bíblia revela que Deus está acima da criação e ainda assim, se relaciona com ela:

"Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: "Habito
num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para
dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito."(Isaías 57.15)

Os atributos de Deus
Devido à nossa limitação em relação a Deus, não é possível descrever o ser de Deus
por completo. No entanto, nas Escrituras encontramos a revelação de Deus e podemos
descrever alguns de seus atributos. Os atributos pertencem à essência divina, sem as
quais Ele não seria Deus. Os atributos serão divididos aqui como naturais e morais.
Os atributos naturais estão relacionados ao ser de Deus, tais como sua autoexistência,
onipotência, onipresença. Os atributos morais estão relacionados ao que é correto.
Seria algo relacionado ao comportamento de Deus, tais como sua santidade, bondade,
justiça. Todos esses atributos Deus tem na sua maior perfeição e não de maneira
limitada como nós. Nós podemos amar, mas Deus é o próprio amor. Nós podemos
ser bons, mas a bondade de Deus é infinita. Nós podemos ser justos, mas a justiça de
Deus é perfeita.
Espiritualidade
A Bíblia afirma que Deus é Espírito, portanto não tem carne nem osso (Jo 4.24; Is 31.3;
Hb 12.9). Não podemos afirmar que Deus tem uma parte material e outra espiritual.
As escrituras muitas vezes se referem aos olhos de Deus, braços de Deus, dentre
outras expressões referentes às partes do corpo humano, no entanto, essas expressões
são uma linguagem antropomórfica, que tem como objetivo esclarecer alguma atitude
ou atributo divino em uma linguagem que podemos entender.
Independência
Deus não precisa da sua criação para existir, pois ele existe independentemente de
qualquer coisa. Deus jamais foi criado, ou passou a existir em algum momento. Ele
tem vida em si mesmo (Jo 5.26).

"Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade


tu és Deus."(Salmos 90.2)

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Personalidade
Deus é um ser pessoal. As propriedades fundamentais da personalidade são a auto-
consciência, a autodeterminação e a consciência moral.
A autoconsciência significa ter conhecimento de si mesmo como realidade distinta
de tudo mais que existe3 . Essa autoconsciência de Deus é muito superior à humana,
mas em certo grau, tem a mesma ideia. Um animal, por exemplo, não é autoconsciente,
pois tem apenas um conhecimento das coisas. Um ser autoconsciente pode analisar
os seus sentimentos e comparar com os outros. Deus tem conhecimento de si mesmo
(Mt 11.27) e de tudo que acontece ao mesmo tempo (Jr 11.20). A autodeterminação é a
capacidade de dirigir a si mesmo como quer. Deus não é dirigido por forças externas
ou pela sua criação. Ele estabelece seus propósitos como quer e determina todas as
coisas (Jó 23.13; Rm 9.11; Hb 6.17).
Consciência moral significa saber distinguir entre o bem e o mal, o certo e o errado.
Deus é santo e nele não há impureza alguma (Jr 9.24).
Imutabilidade
O ser humano pode mudar de ideia, pode sofre mudanças na aparência, no humor,
nos pensamentos. Mas Deus não muda. Ele é imutável:

"De fato, eu, o Senhor, não mudo"(Malaquias 3.6)

O salmista diz:

"Mas tu permaneces o mesmo, e os teus dias jamais terão fim."(Salmos 102.27)

Não faria sentido crer em um Deus que mudasse o tempo todo. Cremos em um
Deus que ama em todo o tempo, que é justo em todo tempo, que não aumenta nem
diminui em nada.
Eternidade
Deus é eterno. Ele sempre existiu e sempre vai existir. Deus não foi criado em algum
momento.

"Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade


tu és Deus."(Salmos 90.2)

A eternidade é algo que nunca iremos compreender por completo. O ser humano
está limitado ao tempo, mas Deus transcende todas as limitações temporais:

3 SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 1ª Edição. Curitiba: AD Santos, 2014.

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"Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos
como um dia."(2 Pedro 3.8)

O grande escritor C. S. Lewis faz a seguinte reflexão sobre a questão do tempo.


Não precisa acreditar no que ele disse, mas é interessante esse ponto de vista.

Com quase toda a certeza, Deus não está no tempo. A vida dele não consiste em
momentos que são seguidos por outros momentos. Se um milhão de pessoas oram
para ele às dez e meia da noite, ele não precisa ouvi-las todas no instantezinho que
chamamos de dez e meia. Dez e meia, ou qualquer outro momento ocorrido desde
a criação do mundo, é sempre o presente para Deus. Para dizê-lo de outra maneira,
Deus tem toda a eternidade para ouvir a brevíssima oração de um piloto cujo avião
está prestes a cair em chamas4 .

Mais adiante no seu livro, C. S. Lewis esclarece mais um pouco essa questão
afirmando que a ideia de passado, presente e futuro para Deus não existe.
Suponha, no entanto, que Deus esteja fora e acima da linha de tempo. Nesse caso,
isso que chamamos "amanhã"é visível para ele da mesma forma que o que chamamos
"hoje". Todos os dias são "agora"aos olhos de Deus. Ele não se lembra de que ontem você
fez isto e aquilo; simplesmente vê você fazer essas coisas, porque, embora você tenha
perdido para sempre o dia de ontem, ele não perdeu. Ele não "antevê"você fazendo isto
e aquilo amanhã; simplesmente vê você fazendo essas coisas, pois, embora o amanhã
ainda não exista para você, já existe para ele. Você nunca pensou que os atos que faz
agora são menos livres só porque Deus sabe o que você está fazendo. Bem, ele conhece
suas ações de amanhã exatamente da mesma maneira — pois já está no amanhã
e pode simplesmente observá-lo. Num certo sentido, ele não conhece nossas ações
até que elas tenham acontecido; no entanto, o momento em que elas acontecem já é
"agora"para ele.5
Tudo isso pode parecer "muita viagem", mas serve para entendermos a questão
da eternidade. A própria palavra "eternidade"não é bem entendida por nós porque
pressupõe uma duração de tempo infinita. Mas a eternidade de Deus está fora desse
conceito temporal. Deus simplesmente existe, ele é o EU SOU (Ex 3.14).
Onipresença
Da mesma forma que Deus não está preso ao tempo, Ele não está preso ao espaço.
Deus está presente em todos os lugares.

4 LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. 1ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
5 LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. 1ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

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"Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua
presença?
Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá
estás."(Salmos 139.7,8)

Não podemos cair no erro do panteísmo, dizendo que tudo é Deus e Deus é tudo.
Não é assim. Não sabemos explicar exatamente como acontece isso, mas Ele está
presente mediante sua energia e sua essência6 .
Onisciência
Deus sabe de todas as coisas e nada foge do seu conhecimento. Ele não precisa
aprender nada, pois tudo o que existe foi Ele quem criou e tudo o que acontece
está no seu controle, pois Ele é soberano. O salmista expressou muito bem essa
onisciência: Senhor, tu me sondas e me conheces.

"Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos.


Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos te são
bem conhecidos. Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces
inteiramente, Senhor."(Salmos 139.1-4)
Onipotência
Deus é infinito em poder (Jó 11.10; Sl 135.6; Is 43.13) e é a fonte de todo poder existente
no universo. Ele criou todas as coisas pelo seu infinito poder (Gn 1.1-2.1). Ele é mais
poderoso do que qualquer coisa que existe. A onipotência de Deus deve ser entendida
de maneira a evitar o dualismo que muitos pensam existir entre Deus e o Diabo. O
Diabo é um derrotado, ele não tem poder nenhum. Jesus disse que todo poder foi
lhe dado, tanto no céu quanto na terra (Mt 28.18). Se todo poder pertence a Deus,
não sobrou nada para o inimigo de nossas almas. Diante do poder de Deus o Diabo
estremece (Tg 2.19).
Muitos outros atributos de Deus estão explícitos nas escrituras, mas não vamos
abordar todos aqui neste livro. Deus é infinito, e nenhum livro vai conseguir abordar
tudo que Ele é.

6.2 Cristologia
Estudo da pessoa de Cristo.
Na Cristologia procuramos entender tudo que as escrituras revelam acerca da
pessoa de Cristo. Dentre os vários temas estudados sobre Cristo, estuda-se a união
hipostática de Cristo, como Ele pode ser homem e Deus ao mesmo tempo, e como o
seu sacrifício é suficiente para nos salvar.
6 SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 1ª Edição. Curitiba: AD Santos, 2014.

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A natureza divina de Cristo
Jesus é Deus em toda sua inteireza. Crer na divindade de Cristo é fundamental para
viver um cristianismo verdadeiro. Em todas as épocas surgem ideias e doutrinas que
negam a divindade de Jesus, alguns o têm apenas como um grande mestre da moral
outros acreditam que Jesus é um “deus” inferior ao Pai. Mas o cristão verdadeiro crer
que Jesus é Deus, pois se Ele não é Deus, não pode salvar ninguém. Toda a doutrina
da salvação depende dessa afirmação “Jesus é Deus”.
Evidências da divindade de Cristo no Antigo Testamento
Todo o Antigo Testamento aponta para Cristo. Deus chamou Abraão e fez uma
promessa que a partir dele todas as famílias da terra seriam abençoadas. Quando Deus
mandou Moisés construir o tabernáculo, estava ali toda uma simbologia que apontava
para a vida e a obra de Jesus. Várias profecias do Antigo Testamento prometiam
um redentor que seria divino. O profeta Isaias profetizou o nascimento de um menino:

"Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os
seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno,
Príncipe da Paz."(Isaías 9.6)

Os designativos “Deus Poderoso” e “Pai Eterno” apontam para a divindade do


menino. Miqueias também profetizou sobre o Messias:

"Mas tu, Belém-Efrata, embora sejas pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para
mim aquele que será o governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante,
em tempos antigos."(Miquéias 5.2)

O termo “tempos antigos” também pode ser traduzido como eternidade. Muitas
outras passagens do Antigo Testamento apontam para o aspecto divino do Messias.
Evidências da divindade de Cristo no Novo Testamento
No Novo Testamento temos muito mais evidências da divindade de Cristo.
O ministério de Jesus foi marcado por milagres. O apóstolo João afirmou que Jesus
realizou muitos sinais miraculosos que não foram registrados (Jo 20.30). Os seus
milagres confirmaram sua autoridade sobre as doenças, as deformações físicas, os
demônios, a natureza, a vida e muito mais. Todo esse poder e autoridade para realizar
milagres e maravilhas mostra que Ele era divino.
O próprio Jesus tinha consciência de sua divindade. Certa vez Ele disse que era um
com o Pai (Jo 10.30). Em outra ocasião Jesus afirmou que tem vida em si mesmo assim
como o Pai (Jo 5.26). Em muitas outras passagens vamos observar Jesus falando que
é Deus.
Jesus tem toda autoridade nos céus e na terra (Mt 28.18). Ele tem autoridade para

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perdoar pecados (Mc 2.10), autoridade para conceder vida eterna (Jo 17.2), autoridade
para salvar (Mt 1.21). Ele recebeu adoração desde o seu nascimento até sua morte e
ressurreição (Mt 2.2; Jo 20.28).

A natureza humana de Cristo


Afirmar a humanidade de Jesus é tão importante quanto afirmar sua divindade. Muitas
implicações práticas para nossa salvação vêm dessa doutrina. Se Jesus não fosse
humano, seu sacrifício na cruz seria inválido e ele não teria sofrido pelos nossos
pecados.
Jesus viveu como qualquer ser humano, sua concepção foi sobrenatural, mas Ele
foi uma criança normal como qualquer uma outra. Seu crescimento foi normal (Lc
2.40-52). Jesus teve muitas limitações físicas como cansaço (Jo 4.6) e sede (Mt 11.19).
Também experimentou todo tipo de emoção humana: alegria (Lc 10.21), tristeza (Mt
26.37), amor (Jo 11.5), compaixão (Mt 9.36) e muitas outras.
A encarnação de Jesus foi muito importante para a nossa salvação, pois ao encarnar
Ele viveu como qualquer ser humano. Não existe nenhuma situação difícil que
passamos que Cristo não tenha experimentado algo parecido. Seus sofrimentos como
ser humano foram reais e mesmo assim Ele superou tudo, pois tinha um propósito.
Jesus sentiu o que nós sentimos, e por isso podemos recorrer a Ele sempre que
precisarmos. Cristo é nosso mediador porque se tornou um de nós e, ao mesmo
tempo é Deus.
A união das duas naturezas de Jesus Cristo
Esse tema é muito complexo, por isso não será explorada aqui todas as interpretações
teológicas sobre a união das duas naturezas de Cristo. Mas não posso deixar de tratar
desse tema de maneira um pouco mais geral e por isso apresentarei algumas diretrizes
para entender esse assunto.
Em primeiro lugar temos que ver a possibilidade de ter acontecido essa união
das duas naturezas. O ser humano foi criado a imagem e semelhança de Deus.
Portanto, ele possui racionalidade e também é um ser espiritual. O irracional não
teria capacidade de unir com o divino, mas, no caso do ser humano, isso é possível.
Não quero dizer que o Jesus divino entrou em um corpo humano diferente. Isso
significa que ao encarnar Jesus assumiu um corpo igual a qualquer homem, mas sem
pecado.
Em segundo lugar não podemos dizer que Jesus era mais divino do que humano ou
mais humano do que divino. Uma natureza não era superior à outra. Os teólogos são
unânimes em dizer que Jesus era, e ainda é, 100% divino e 100% humano ao mesmo
tempo. Qualquer afirmação que diminua uma parte em detrimento da outra gera
alguns problemas teológicos muito sérios.
O texto bíblico mais usado para explicar essa doutrina é filipenses 2.6-7:

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"que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia
apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos
homens."(Filipenses 2.6,7)

Acontece que ninguém consegue explicar como foi esse esvaziamento, qual a
natureza dele ou o que foi retirado ou diminuído de Jesus quando Ele encarnou.
Alguns dizem que Jesus renunciou apenas alguns de seus atributos, como onipotência,
onipresença e onisciência. No entanto, nesse caso Jesus deixou de ser totalmente
Deus durante a encarnação.
Uma outra interpretação afirma que esses atributos não foram retirados, mas foram
apenas “escondidos” dentro dele, e não foram usados devido a limitação do corpo
humano. Dessa forma, Jesus ainda continuava com todos os seus poderes, mas nas
limitações do seu corpo. Essa afirmação parece ser mais coerente.
O livro de teologia sistemática do pastor Zacarias de Aguiar faz uma analogia
interessante em relação a este assunto7 . Imagina um grande corredor velocista que
resolve correr com suas pernas amarradas a outra pessoa que não é atleta. Ele não
vai conseguir ter o mesmo rendimento, pois está limitado a outra pessoa. No entanto,
ele não deixou de ser veloz. Assim também podemos pensar com relação à Cristo,
pois Ele não deixou de possuir seus atributos, mas estava limitado no exercício deles.

Os ofícios de Cristo
A nação de Israel tinha uma estrutura política e religiosa relativamente simples.
Existia o rei que cuidava da parte política da nação e julgava o povo. Tinha o sacerdote
que cuidava da parte religiosa da nação, realizava sacrifícios e cuidava do templo.
Tinha também o profeta, que não era um cargo oficial, mas estava sempre presente
em todas as épocas, pois ele trazia a mensagem de Deus para o povo. Ninguém
podia exercer os três ofícios ao mesmo tempo. O personagem histórico do Antigo
Testamento que chegou mais próximo foi Samuel, que foi juiz, sacerdote e profeta.
No entanto, o rei não podia realizar as tarefas do sacerdote. O rei Uzias resolveu
queimar incenso no templo (função do sacerdote) e ficou leproso (2 Cr 26.19).
Esses três ministérios foram exercidos por Jesus. Como profeta, ele revela Deus,
como rei, Jesus exerce o domínio sobre todas as coisas e como sacerdote, conduz o
homem à presença de Deus.
O ofício profético
Jesus foi chamado de profeta em várias situações:

A multidão respondia: "Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia". (Mateus 21.11)

7 SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 1ª Edição. Curitiba: AD Santos, 2014.

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"E procuravam um meio de prendê-lo; mas tinham medo das multidões, pois elas o
consideravam profeta."(Mateus 21.46)

Todos ficaram cheios de temor e louvavam a Deus. "Um grande profeta se levantou
entre nós", diziam eles. "Deus interveio em favor do seu povo". (Lucas 7.16)

Além do reconhecimento por parte do povo, o ofício profético de Jesus também


se destacou pela sua atitude de revelar Deus ao povo. Ele era a imagem do Deus
invisível (Cl 1.15). A representação exata do ser de Deus (Hb 1.3). Jesus foi além dos
profetas do Antigo Testamento, pois ele não somente revelou a palavra falada de
Deus, como também foi a palavra encarnada (Jo 1.1).
O ofício sacerdotal
No Antigo Testamento, o sacerdote era responsável por levar os pecados do povo
diante de Deus e oferecer sacrifícios para assegurar o favor divino. No entanto, esses
sacrifícios não eram perfeitos:

"Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados."(Hebreus 10.4)

"Por esse motivo era necessário um sacerdote perfeito, que realizasse um sacrifício
único capaz de salvar os pecadores. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens
fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito
para sempre."(Hebreus 7.28)

O sumo-sacerdote da antiga aliança precisava realizar um sacrifício por si mesmo


e somente depois realizava sacrifícios pelo povo (Lv 16). Mas Jesus não precisou
oferecer sacrifícios por si mesmo, pois ele nunca cometeu pecados (Hb 4.15). Ele foi
o ofertante e a oferta ao mesmo tempo.

"Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele,
uma vez, oferecendo-se a si mesmo."(Hebreus 7.27)

Os sacerdotes entravam em um santuário feito por mãos humanas, mas Jesus fez
diferente:

"Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, po-
rém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;"(Hebreus 9.24)

Agora ele é o nosso intercessor. Jesus intercedeu por nós enquanto estava na terra,
e agora no céu continua intercedendo, pois tornou-se nosso sumo-sacerdote para

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sempre (Hb 6.20).

6.3 Pneumatologia
Estudo do Espírito Santo.
Na pneumatologia vemos que o Espírito Santo é real e tem agido desde a criação
do mundo. Estudamos sobre a ação do Espírito Santos no Antigo Testamento, nos
tempos do Novo Testamento e nos dias de hoje, capacitando os salvos para fazer a
obra de Deus.

O Espírito Santo é uma Pessoa


Em primeiro lugar, devemos entender que o Espírito Santo não é uma força ativa
como alguns dizem, mas Ele é uma pessoa da trindade. Pode-se destacar alguns fatos
que evidenciam sua personalidade.
Como pessoa, o Espírito Santo possui inteligência:

"mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas,
até mesmo as coisas mais profundas de Deus. Pois, quem dentre os homens conhece
as coisas do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma,
ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus."(1 Coríntios 2.10,11)

Ao ler essa passagem acima fica bem claro a independência e a inteligência do


Espírito Santo. Ele não é uma força ativa como alguns afirmam. O Espírito Santo fala
(At 13.2), ensina (Jo 14.26), convence (Jo 16.8-11) e intercede (Rm 8.26). Tudo isso
mostra como o Espírito Santo age como uma pessoa.
O Espírito Santo pode ser insultado (Hb 10.29), blasfemado (Mt 12.31,32) e en-
tristecido (Ef 4.30). Tudo isso mostra que como pessoa, o Espírito Santo pode ser
atingido.
Como ser pessoal, o Espírito Santo quer se relacionar com as pessoas. O salmista
Davi pediu para que não retirasse dele o Espírito Santo (Sl 51.11). O apóstolo Paulo
disse para andarmos pelo Espírito (Gl 5.16).

O Espírito Santo é um Ser Divino


O Espírito Santo é chamado Deus em várias passagens bíblicas. Vejamos a passagem
de Atos 5.3,4:

Então perguntou Pedro: "Ananias, como você permitiu que Satanás enchesse o seu
coração, a ponto de você mentir ao Espírito Santo e guardar para si uma parte do
dinheiro que recebeu pela propriedade? Ela não lhe pertencia? E, depois de vendida, o
dinheiro não estava em seu poder? O que o levou a pensar em fazer tal coisa? Você não
mentiu aos homens, mas sim a Deus". (Atos 5.3,4)

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Neste texto fica bem claro que mentir ao Espírito Santo é mentir para Deus.
Os atributos divinos são atribuídos ao Espírito Santo. Ele é onisciente (Sl 139.1-6),
onipresente (Sl 139.7), onipotente (Lc 1.35) e eterno (Hb 9.14). Isso mostra mais uma
vez que o Espírito Santo não é menor nem maior que o Pai e o Filho, pois o Espírito
realiza as mesmas obras que o Pai e o Filho. Ele estava na criação do mundo (Gn 1.2),
realiza a regeneração (Tt 3.5), a justificação (1Co 6.11) e a ressurreição (Rm 8.11).

O Espírito Santo Capacita para o Serviço


No meio pentecostal muitos pensam que a capacitação do Espírito Santo está restrita
aos nove dons citados em 1 Coríntios 12.8-10. Em primeiro lugar, a intenção de
Paulo não era fazer uma lista completa dos dons espirituais. Portanto, podemos
encontrar nas escrituras muitos outros dons que são concedidos pelo Espírito Santo.
Em segundo lugar, os dons e as capacitações do Espírito Santo vão muito além
de atividades puramente eclesiásticas. Observamos nas escrituras o Espírito Santo
capacitando alguém para reinar, liderar, julgar, trabalhar com metais, e muito mais.
Vejamos como o Espírito Santo capacitou pessoas tanto no Antigo como no Novo
testamento.
No Antigo Testamento
No Antigo Testamento o Espírito Santo capacitava pessoas para serviços especiais.
Sansão não tinha forço por si mesmo, pois todas as vezes que ele precisava usar
a "sua"força o texto bíblico afirma que o Espírito do Senhor se apossava dele (Jz
15.14). Josué foi capacitado para liderar com sabedoria (Nm 27.18). Saul foi usado
pelo Espírito para guerrear:

"Quando Saul ouviu isso, o Espírito de Deus apoderou-se dele, e ele ficou furioso."(1
Samuel 11.6)

Neste caso, a fúria de Saul era contra os inimigos de Israel. Ele batalhou e venceu
porque o Senhor deu a vitória (1Sm 11.13).
Quando Deus mandou Moisés construir o tabernáculo, não tinha no meio do
povo pessoas capacitadas para realizar a confecção do material. Dessa forma, Deus
chamou Bezalel e Aoliabe e os capacitou com o Espírito de Deus a fim de trabalharem
em toda sorte de obra em ouro, prata, bronze e madeira.

"e o enchi do Espírito de Deus, dando-lhes destreza, habilidade e plena capacidade


artística para desenhar e executar trabalhos em ouro, prata e bronze, para talhar e
esculpir pedras, para entalhar madeira e executar todo tipo de obra artesanal."(Êxodo
31.3-5)

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O Espírito Santo era ativo no Antigo Testamento e nada foi realizado sem sua ação
poderosa.
No Novo Testamento
Não podemos negar que no Novo Testamento o Espírito Santo foi derramado sem
medidas. O derramamento do Espírito Santo foi prometido no Antigo Testamento e
se cumpriu no dia de pentecostes. Quando o Espírito foi derramado, houve entre os
que receberam a plenitude do Espírito um desejo de pregar as boas novas. Esse era o
propósito, capacitar os crentes para evangelizar:

Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas tes-
temunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra". (Atos 1.8)

Pedro, que chegou a negar Jesus, quando foi cheio do Espírito Santo pregou com
ousadia e milhares de pessoas se converteram (At 2.14-41). Os apóstolos pregavam
o Evangelho cheios do Espírito Santo (At 6.10; 1Ts 1.5; 1Pe 1.12). Wayne Grudem
afirma que “o Espírito Santo fala por meio da mensagem do Evangelho à medida que
ela é proclamada de maneira eficaz no coração das pessoas”8 .
O Espírito Santo atua capacitando os salvos para o serviço através de dons
espirituais:

"Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as
distribui individualmente, a cada um, conforme quer."(1 Coríntios 12.11)

Existem na Bíblia algumas listas de dons espirituais. As principais listas de dons


citadas na Bíblia estão detalhadas na figura 6.1.
Quando o apóstolo Paulo descreve uma lista de dons, ele não tem a intenção de
expor por completo todos os dons concedidos pelo Espírito Santo. O Espírito age
como ele quer de acordo com a necessidade da igreja. Os dons são para a edificação
do corpo de Cristo. O dom de ensinar, por exemplo, pode ser uma capacitação para
ensinar na EBD, pode ser ensinar através de um texto escrito, pode ser ensinar através
de um vídeo. Não existe limite para a ação do Espírito Santo, mas não podemos ficar
inventando dons que não edificam em nada. Algumas igrejas falam de dons do riso,
dons de imitar animais, dentre outras aberrações. Essas coisas não fazem o menor
sentido, pois não edifica a igreja em nada.

6.4 Soteriologia
Estudo da salvação.
Na soteriologia estudamos todos os aspectos da salvação. Vemos que Deus planejou
8 GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva Louis. 2ª Edição. São Paulo: Vida Nova, 2012.

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Figura 6.1: Lista de dons

salvar a humanidade desde a fundação do mundo. Se observarmos bem, salvação é o


tema principal da Bíblia, de Gênesis à Apocalipse Deus revela e realiza seu plano de
salvação. Esse plano consistia em enviar Jesus Cristo, que é Deus encarnado, para
viver uma vida santa e morrer pagando um alto preço pelos nossos pecados, para
assim nos reconciliar com Deus para sempre mediante a fé.

A necessidade de salvação
A palavra evangelho vem do grego [euangelion]” e significa “boas novas” ou “boas
notícias”. Para apresentar a boa notícia, é necessário falar da má notícia. Antes de
falar da salvação, é importante ressaltar a necessidade que o ser humano tem da
salvação. O ser humano pecou e está longe de Deus e não pode fazer nada para
mudar essa situação.

A Bíblia nos conta como o pecado entrou no mundo através de Adão e Eva. Deus
colocou Adão e Eva no jardim do Éden:
"E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o
guardar."(Gênesis 2.15)

Deus deu algumas ordens:

E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás


livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque
no dia em que dela comeres, certamente morrerás."(Gênesis 2.16-17)

No entanto eles desobedeceram a Deus:

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"E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e
árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a
seu marido, e ele comeu com ela."(Gênesis 3.6)

O resultado do pecado de Adão e Eva, foi desastroso:

• A mulher passou a ter dores de parto (Gn 3.16);

• Agora o homem vai ter que trabalhar pesado para sobreviver (Gn 3.19);

• Agora o homem vai morrer: do pó veio, ao pó te tornarás (Gn 3.19);

• Foram expulsos do jardim (Gn 3.23).

Adão e Eva quebraram seu relacionamento com Deus quando pecaram, adquiriram
a natureza de pecado e rebelião contra o Senhor e contaminaram todos os seus
descendentes com essa natureza pecaminosa (Rm 5.12). Como resultado do pecado
de nossos primeiros pais, toda a humanidade caiu em pecado, e isso afetou todos
nós de uma forma terrível e medonha. A explicação para todas essas desgraças que
acontecem no mundo é essa nossa natureza pecaminosa que herdamos de Adão. A
Bíblia diz que nós já nascemos com essa natureza pecaminosa:

"Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe."(Salmos


51.5)

Além de nascer com uma natureza pecaminosa, o ser humano pratica vários pecados
durante a vida. Dessa forma, não existe nada que o ser humano possa fazer para
alcançar favor diante de Deus. A condenação é certa, pois Deus é Santo e Justo.

A graça de Deus
A Bíblia deixa bem claro que o ser humano não tem mérito nenhum diante de Deus:

"Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo
imundo"(Isaías 64.6)

Por causa da queda o homem está destituído da glórias de Deus (Rm 3.23), é escravo
do pecado (Rm 6.20) e está morto em delitos e pecados (Ef. 2.1). Mas Deus, pela
sua infinita misericórdia, traçou um plano para salvar a humanidade. Essa iniciativa
divina é chamada de graça. A palavra graça significa “favor imerecido”. O ser humano
não merece nada diante de Deus, mas Ele pela sua infinita misericórdia concede a
salvação.

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Foi pela graça que Deus enviou seu Filho, Jesus Cristo, para morrer pelos nossos
pecados:

"sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em
Cristo Jesus"( Romanos 3.24).

"Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de
Deus; não por obras, para que ninguém se glorie."(Efésios 2.8,9)

Fora de Cristo não há salvação. O ser humano só será salvo se crer em Jesus como
único e suficiente Salvador e Senhor da sua vida. E isso não acontece por mérito
humano, mas somente pelos méritos de Cristo.

Os estágios da salvação
O estudo da salvação é simples e complexo ao mesmo tempo. O tema salvação está
nas escrituras de Gênesis à Apocalipse. Um leitor da Bíblia, por mais simples que
ele seja, deve ser capaz de entender essa mensagem de salvação. No entanto, para
compreendermos melhor esse tema, devemos estudar um pouco mais a fundo. Ao
estudar esse tema nas escrituras de maneira mais atenta, podemos perceber que a
salvação é apresentada como um processo em vários estágios:

Estágio 1. Salvação como um ato que acontece em um dado momento. Isso é


chamado de conversão. Quando uma pessoa se arrepende dos pecados e passa a ser
uma nova criatura (2Co 5.17).
Quando Jesus está na casa de Simão, entra uma mulher pecadora e faz algo diferente:

"e se colocou atrás de Jesus, a seus pés. Chorando, começou a molhar-lhe os pés com
as suas lágrimas. Depois os enxugou com seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o
perfume."(Lucas 7.38)

Depois desse ato, Jesus é criticado pelos fariseus. Ele conta uma parábola e
mostra que a atitude daquela mulher era de amor, pois ela reconhecia que era uma
pecadora e sabia que somente Jesus poderia salvá-la. E, de fato, foi isso que aconteceu:

Jesus disse à mulher: "Sua fé a salvou; vá em paz". (Lucas 7.50)

A salvação neste caso aparece como um ato. A partir daquele momento ela já era
uma pessoa salva. Com Zaqueu aconteceu algo parecido. Depois que ele se mostra
arrependido, Jesus diz “Hoje veio salvação a esta casa” (Lc 19.9).
A conversão, que vem do grego epistrofe, significa volta. Ela acontece quando a
pessoa resolve abandonar o pecado e voltar-se para Deus. A conversão pode ser

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melhor entendida se estudarmos os seus dois aspectos principais: arrependimento e
fé. Um não pode acontecer sem o outro, pois são inseparáveis.
No arrependimento a pessoa muda sua mente e atitude em relação ao pecado. O
pecador que ouve o evangelho e é tocado pelo Espírito Santo, deve reconhecer a
realidade do pecado em sua vida e mudar de atitude. Um arrependimento verdadeiro
não envolve apenas as emoções, mas envolve o aspecto intelectual:

"Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me


persegue. Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a
tua sentença e tens razão em condenar-me."(Salmos 51.3,4)

O arrependimento acontece no momento da conversão, mas também acontece


durante toda a vida do cristão.

"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e
nos purificar de toda injustiça."(1 João 1.9)

O arrependimento vem acompanhado da fé em Jesus Cristo. O mundo fala de fé,


mas não explicita o objeto da fé. No cristianismo a fé deve ser fundamentada em
Cristo, pois a fé não é um fim em si mesma. A salvação acontece quando cremos em
Jesus como nosso Salvador e Senhor:

"Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus
o ressuscitou dentre os mortos, será salvo."(Romanos 10.9)

A fé salvadora é uma crença intelectual e ao mesmo tempo vem do coração. O


cristão não deve ter uma fé “cega”, mas ele deve entender o evangelho e confiar que
o sacrifício de Cristo foi suficiente para perdoar seus pecados.

Neste primeiro estágio acontece também a regeneração, justificação e adoção.

Regeneração: é a obra sobrenatural de Deus e, que o pecador arrependido é


transformado em uma nova criatura (2Co 5.17). A regeneração também é chamada
de novo nascimento (Jo 3.3).

Justificação: De acordo com Wayne Grudem, justificação é “um ato instantâneo e


legal da parte de Deus pelo qual ele considera os nossos pecados perdoados e a justiça
de Cristo como pertencente a nós e declara-nos justos à vista dele”9 . Na justificação
o pecador é declarado perdoado, todos os seus pecados são lançados sobre Cristo (Is
9 GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva Louis. 2ª Edição. São Paulo: Vida Nova, 2012.

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53.4,5) e a vida de santidade de Cristo é imputada em nós (Rm 4.5).

Adoção: Os seres humanos são criaturas de Deus e não filhos de Deus. A Bíblia
diz que filho é aquele que crê:

"Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se
tornarem filhos de Deus,"(João 1.12)

Dessa forma, somos feitos filhos de Deus pela fé em Cristo. Como filhos somos
“herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo” (Rm 8.17). Nossa adoção é o cumprimento
de um plano de Deus.

"Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo,
conforme o bom propósito da sua vontade,"(Efésios 1.5)

Estágio 2. Salvação como um processo. A salvação é apresentada na Bíblica como


algo que ainda está acontecendo, pois é um processo que vai até o fim da vida do
crente.

"Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que
estamos sendo salvos, é o poder de Deus."(1 Coríntios 1.18)

"porque para Deus somos o aroma de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que
estão perecendo."(2 Coríntios 2.15)

Podemos observar nessas passagens que a salvação também é um processo contínuo.


Nós somos salvos e estamos sendo salvos. Esse processo é chamado de santificação.
Várias passagens bíblicas falam de crescimento espiritual, no qual o crente vai se
santificando (Rm 6.19,22; 1Co 3.1; 2Co 7.1; 1Ts 4.3,4,7).
Estágio 3. Salvação como evento escatológico. A salvação só será consumada
quando estivermos na glória por toda a eternidade. Esse estágio também é chamado
de glorificação. O apóstolo Paulo dá ênfase a essa salvação futura:

"Façam isso, compreendendo o tempo em que vivemos. Chegou a hora de vocês


despertarem do sono, porque agora a nossa salvação está mais próxima do que quando
cremos."(Romanos 13.11)

A pessoa que crê em Jesus como Salvador já tem a vida eterna (Jo 6.47). Mas a
consumação final dessa salvação adquirida no momento que a pessoa entregou sua
vida a Cristo só vai acontecer quando Cristo vencer a morte (1Co 15.26) e restaurar
todas as coisas.

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Podemos resumir esses três estágios assim: na conversão somos livres da condena-
ção do pecado, na santificação somos livres do domínio do pecado e na glorificação
somos livres da presença o pecado.

6.5 Considerações finais


Aprender sobre as doutrinas pode transformar sua aula, pois além de melhorar o
conteúdo de cada lição, vai edificar a vida dos seus alunos que aprenderão mais
sobre as bases da fé cristã. O conhecimento das doutrinas não é algo que pode ser
adquirido de imediato, mas é um aprendizado que vem com o tempo. Você que é
professor da EBD deve se comprometer a estudar sobre doutrinas e procurar sempre
identificá-las nas lições da EBD.

Livros para aprimorar seu conhecimento das doutrinas

• Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva (Wayne Gruden);

• Teologia Sistemática Pentecostal (Antônio Gilberto);

• Manual de Teologia Sistemática (Zacarias de Aguiar Severa);

• Conhecendo as Doutrinas da Bíblia (Myer Pearlman).

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Parte III

CONHECIMENTO DO ASSUNTO

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Capítulo 7
Introdução

Seguindo a metodologia proposta, após estudar e colocar em prática o Conhecimento


Bíblico, no qual você aprendeu a preparar sua aula com um método de interpretação
bíblica, e depois de compreender e ter domínio do Conhecimento das Doutrinas para
enriquecer sua aula, agora você irá se aprofundar no assunto a ser ministrado.
Antes de explorar esse conhecimento, preciso esclarecer que existe uma diferença
entre os termos tema e assunto. O assunto é algo global, e o tema é algo mais específico,
isto é, o tema é um recorte do assunto. Mas nesse livro vou abordar ambos os termos
como equivalentes.
Preciso que você saiba que para dominar o assunto não tem fórmula mágica, você
tem que se sentar e estudar. Mas não é somente estudar na semana que vai preparar
a aula, você deve criar o hábito de aprender continuamente. Não conheço outra
maneira de fazer a obra de Deus com qualidade, ensinar algo realmente relevante,
algo que vai mudar a vida das pessoas, sem uma dedicação efetiva nos estudos. Esse
estudo deve ser acompanhado de muita oração, muita leitura da Bíblia e de vários
outros livros de temas variados. Você que deseja ser um professor de excelência
precisa mergulhar nos livros para aprender tudo que for possível acerca do tema a
ser ministrado na sua aula da EBD.
Essa dedicação não é obrigatória apenas para uma aula na EBD, pode ser para
ministrar em um culto de ensino na igreja, um estudo para jovens, um ensino para
casais, ou seja, qualquer atividade de ensino cristão. Para ressaltar a importância da
dedicação, volto a citar o versículo que você leu no início desse livro:

“Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;” (Romanos


12.7).

O que quero enfatizar aqui é que a pessoa que vai ministrar o ensinamento, dever
ter conhecimento do assunto ou do tema a ser ensinado. O professor deve conhecer
muito do assunto, pois uma aula ministrada por alguém que não conhece o assunto
se torna uma aula ruim e exaustiva.

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Muitos professores ficam nervosos quando vão ministrar aula, pois não passaram
por nenhum treinamento ou não tem o hábito de falar em público. Mas esse nervo-
sismo pode ser minimizado se o professor dominar todo conteúdo a ser ministrado
na aula, pois se ele estiver bem preparado, com certeza vai ministrar uma boa aula,
mesmo estando nervoso. Não importa se você tem uma revista com o estudo pronto
ou se vai preparar seu estudo do zero, o assunto a ser ministrado deve ser dominado.
A sociedade está passando por uma transformação radical com relação ao acesso à
informação. O acesso a qualquer conteúdo está muito mais democrático, pois qualquer
pessoa pode acessar um livro, artigo, vídeo ou curso pelo celular ou computador.
Na era da informação não existe desculpa, temos a obrigação de nos aprofundar
no estudo do assunto a ser ministrado. A obra de Deus é coisa séria, não podemos
realizá-la de forma relaxada. Os livros estão por toda a parte e a internet tem muito
conteúdo de qualidade, basta você saber procurar e estudar.
E por falar em estudar, eu separei algumas dicas para que você possa se organizar
e conseguir obter um aprendizado com excelência.

7.1 Dicas para estudar e aprender melhor


1. Arrumar o local de estudos: Uma mesa cheia de coisas atrapalha a concentração,
portanto tire tudo de cima da mesa e deixe apenas o livro que você está lendo.
2. O silêncio é importante: Procure estudar em locais silenciosos, que te ajudam
na concentração, ou em locais que lhe inspiram.
3. Faça pausas periódicas: O nosso cérebro tende a perder a concentração depois
de 20 minutos de estudos. Portanto, pequenas pausas a cada 20 minutos podem
lhe ajudar muito a ser mais produtivo. Mas se o seu rendimento for melhor com
um tempo maior de estudo, 30 minutos, por exemplo, você pode fazer intervalos
a cada 30 minutos ou de acordo com a qualidade de tempo de estudo que você
considera que não seja cansativo. Estudar 2 horas seguidas, por exemplo, pode
se tornar exaustivo e improdutivo. Por isso recomendo que você regule o seu
tempo de forma que o momento de estudo seja produtivo.
4. Não esqueça o que aprendeu: Tente reproduzir o que foi estudado sem recorrer
ao livro, explique para alguém, escreva em um papel, ou seja, reproduza o
que você estudou de alguma forma, pois isso vai lhe ajudar a fixar o que foi
aprendido.

Eu oriento você a seguir as dicas acima, pois elas contribuem para que o momento
de preparação da sua aula seja mais produtivo. Algumas coisas vão variar de uma
pessoa para outra. Alguns preferem lugares silenciosos (dica II), mas tem pessoas
que não se importam com o barulho. O local de estudo deve ser bem organizado para
alguns (dica I), outros não dão muita importância a esse detalhe. Recomendo que

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você priorize ter mais tempo para aprender, ao invés de está se organizando para
estudar, pois a parte de organização antecede o momento dos estudos, mas não pode
tomar o tempo do seu aprendizado, para se adequar a sua realidade, procure sempre
fazer o que é melhor para você.
Para você entender melhor como se organizar e estudar, sem perder tempo orga-
nizando tudo ou estudando muito sem rendimento, vou lhe contar dois exemplos
de organização, considerando cada dica sugerida, farei um paralelo entre a maneira
que estudo e como minha esposa estuda, algumas tarefas se assemelham, outras se
divergem.
Em relação a dica I, Eu gosto de estudar em um local limpo e arrumado, sempre
dedico algum tempo arrumando a bagunça antes de começar a estudar, mas também
não fico arrumando o ambiente o dia inteiro para estudar meia hora, eu quero o local
agradável para estudar, a minha esposa também é adepta dessa ideia.
Sobre a dica II, eu gosto de silêncio, mas não me importo com algum barulho,
pois consigo me concentrar em situação adversas, adversas mesmo. Quando estava
escrevendo meu TCC (do curso de física) não sobrava tempo para estudar outras
coisas legais (teologia, filosofia, etc), então, a solução que encontrei foi ler no ônibus,
uma vez que o trajeto durava em torno de 45 minutos, eu tinha tempo suficiente
para ler 12 livros em um ano, nem todos conseguem isso, mas eu me adaptei. Já a
minha esposa não gosta de barulho, precisa de muita concentração, não consegue
ler assuntos que exigem muita atenção dentro de um ônibus, ela ama silêncio e
tranquilidade para estudar.
Já a dica III, eu coloco em prática sempre que sento para estudar, não marco o
tempo, mas sempre que percebo que já estou um bom período concentrado, levanto
e vou fazer outra coisa (no máximo 5 minutos), depois volto para meus estudos com
a mente renovada. Essa técnica de fazer pausas regulares é chamada de pomodoro.
Basta fazer uma pesquisa na loja de aplicativos do seu smartphone que você vai
encontrar vários que podem lhe auxiliar nisso. Diferente de mim, a minha esposa
não gosta de muitas pausas, ela prefere estudar de 30 minutos a 90 minutos e ter
uma pausa de 20 minutos ou menos, do que ter muitos intervalos, uma vez que os
primeiros 15 minutos ela utiliza para começar a se concentrar, as repetidas pausas
atrapalhariam o seu rendimento. Então você percebe duas maneiras distintas de
aproveitar o tempo e ter um estudo produtivo.
A respeito da dica IV, eu tive uma experiência excelente colocando-a em prática
quando fiz o concurso para professor da universidade; a partir desse sucesso alcançado,
sempre procuro reproduzir o que estudei sem consultar o material. Os concursos para
professores de universidades federais são um pouco diferentes dos outros concursos.
O edital vem com dez ou quinze temas, e os inscritos devem estudar esses temas e no
dia da prova recebem várias folhas em branco para escrever tudo o que sabem do
assunto sorteado (sem consultar nada). Para que eu me lembrasse de tudo no dia da
prova, resolvi ministrar os temas para alguns amigos meus que tinham interesse em

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aprender sobre o assunto, dessa forma, eu estudava e ministrava a aula sem olhar o
que tinha escrito e sem consultar os livros, como resultado, no dia da prova eu não
tive dificuldades para lembrar e tirei 9,5 na prova escrita; pela graça de Deus fiquei
em primeiro lugar com uma nota muito boa. Sei que nem sempre é possível relembrar
anotando; então, eu fico falando sozinho mesmo, parece loucura para quem vê, mas o
importante é que estou fixando o que estudei. Por outro lado, a minha esposa prefere
escrever, reproduzindo o que aprendeu e os pontos mais importantes. Às vezes ela
reproduz falando, mas prefere escrever ou ficar mentalizando tudo o que aprendeu,
para depois ser reproduzido em sala.

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Capítulo 8
Princípios para preparar uma boa aula

Depois de aprender dicas essenciais para a sua produtividade nos estudos, apresento
princípios para você ter um bom conhecimento do assunto e, consequentemente,
preparar uma boa aula. Você deve anotar o que estuda para absorver melhor o
conteúdo, conhecer o escritor da revista para se familiarizar com o seu conteúdo,
conhecer o assunto principal da revista e os tipos de lições para abordar com qualidade
durante a sua aula. Vamos aprender cada um desses princípios nas próximas páginas
deste livro.
Para ministrar uma boa aula, você deve dominar bem o tema, e para isso, você
deve identificar o assunto da revista. Tanto as revistas, quanto as lições, podem ser
classificadas em alguns tipos que seguem um padrão. Entender os tipos de revistas
e de lições, além de ajudá-lo a preparar melhor sua aula da semana também vai
prepará-lo para qualquer ministração no futuro.
Não pretendo criar um passo a passo que deve ser seguido à risca para preparar
uma boa aula, o objetivo aqui é oferecer as diretrizes, e cada professor vai adaptar
à sua realidade, pois, deve-se levar em consideração que alguns professores têm a
semana inteira para estudar a lição, enquanto outros têm apenas o sábado. Leia,
entenda e aplique para o seu contexto.
No final deste capítulo tem um modelo de plano de preparação da aula que será
usado de acordo com o tipo de lição.

8.1 Anotar o que estuda


Sabemos que muitas pessoas preferem apenas ler e não anotar nada, pois acreditam
que vão lembrar de tudo depois. Não vou entrar em detalhes aqui sobre a capacidade
do cérebro de guardar informações, mas acredito que qualquer coisa a mais que você
fizer para aprender melhor é válido. Fazer anotações do que está estudando é uma
tarefa que com toda certeza vai lhe ajudar a aprender o assunto estudado; e isso vale
para aulas e palestras.
Às vezes a anotação em si nunca mais será consultada, mas só o fato de anotar já vai
lhe ajudar a fixar o conteúdo, por isso, o recomendável é que você tenha um caderno

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para fazer suas anotações. Eu, particularmente, tenho três cadernos, um deles eu uso
para preparar minhas aulas da EBD, ou seja, vou lendo e anotando tudo que achei
interessante; o outro eu uso para anotar minhas ideias (qualquer tipo de ideia), é
um caderno muito valioso para mim, pois a maioria das anotações são colocadas em
prática; já o terceiro caderno eu uso para anotar alguns temas que estudo e cursos
online em que estou matriculado.
Geralmente compro cadernos pequenos e sem pauta, mas você pode escolher qual a
melhor opção, só não deixe de anotar. Tem pessoas que preferem os recursos digitais
para anotar (computador ou celular); não existe regra para isso, faça da maneira que
for melhor e mais simples para você.
No preparo da aula da EBD é importante você dividir por tópicos e subtópicos no
caderno, e eu aconselho você a sempre fazer isso. Para facilitar o entendimento da
lição é importante que durante o estudo você anote sobre cada detalhe que achou
significativo para depois explorar melhor o assunto.

8.2 Conhecer o escritor da revista


Quando lemos um texto fazemos uma interpretação dele; saiba que interpretação
não é exclusividade da Bíblia, mas é algo que fazemos em qualquer leitura. Um passo
importante para entender o conteúdo da lição é conhecer o autor, portanto, antes
de começar a ler qualquer lição da EBD ou qualquer texto, procure saber um pouco
mais da vida do escritor, pesquise o currículo dele na internet, busque conhecer os
livros que ele já escreveu, que temas mais aborda em seus escritos e qual a ênfase
que ele dá em certos temas teológicos.

8.3 Conhecer o assunto principal da revista


Toda revista vem com um assunto principal na capa, que vai definir o assunto ou o
tema de cada lição, dominar esse assunto é de extrema importância para a preparação
das aulas.
Para que você possa dominar o conteúdo da revista, é necessário comprá-la com
antecedência e “passar o olho” em cada uma das lições para entender a ideia geral
do escritor e da editora; em seguida você vai ler a primeira lição na íntegra. Isso vai
ajudar bastante, pois na primeira lição já tem algumas dicas do que será estudado
nas próximas, se você estiver com tempo para ler a revista toda antes de começar as
aulas, é melhor ainda.
Após identificar o assunto principal da revista e das lições, você vai traçar um
plano de estudo para o trimestre (ou quadrimestre, dependendo da editora). Você vai
definir quais livros vai ler, quais sites vai acessar, quais livros da Bíblia vai estudar,
quais cursos vai fazer, quais vídeos vai assistir. Eu defendo a ideia de que o professor
da EBD deve fazer uma imersão total no assunto da revista para que suas aulas sejam
de excelência. Não adianta deixar para estudar um dia antes que não vai ficar bom.

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Erberson R. Pinheiro dos Santos Os 4Cs da Educação Cristã

Independente da editora, as revistas seguem um padrão quanto ao tipo de conteúdo


que é publicado. Fiz uma pequena pesquisa com as revistas da CPAD de 2013 a 2019
(28 revistas no total) e percebi que existem 4 tipos. Vou citar alguns exemplos da
editora CPAD, mas acredito que todas as editoras seguem o mesmo padrão.
1. Revista baseada em um tema específico.
No 3º trimestre de 2016 a CPAD abordou sobre evangelização. O assunto foi
“O desafio da evangelização: Obedecendo ao Ide do Senhor Jesus de levar as
Boas-Novas a toda criatura”.
2. Revista baseada em uma única doutrina bíblica ou várias doutrinas.
No 3º trimestre de 2017 a CPAD abordou sobre várias doutrinas. O tema foi “A
razão da nossa fé: Assim cremos, assim vivemos”.
No 4º trimestre de 2017 a CPAD abordou sobre Soteriologia (a doutrina da
salvação). O tema foi “A Obra da Salvação: Jesus Cristo é o caminho, a verdade
e a vida”.
3. Revista baseada em um livro da Bíblia.
No 3º trimestre de 2013 a CPAD abordou a carta de Paulo aos filipenses. O
assunto foi “Filipenses: a humildade de Cristo como exemplo para a igreja”.
4. Revista baseada em um ou vários personagens bíblicos.
No 1º trimestre de 2013 a CPAD abordou a história de Elias e Eliseu. O assunto
foi “Elias e Eliseu: um ministério de poder para toda a igreja”.
Das 28 revistas analisadas, verifiquei o seguinte:
1. Revista baseada em um tema (46%)
2. Revista baseada em um livro da Bíblia (36%)
3. Revista baseada em um ou vários personagens bíblicos (11%)
4. Revista baseada em uma única doutrina bíblica ou várias doutrinas (7%)
Olhando para esse resultado, pode-se perceber que a editora CPAD tem preferência
por revistas temáticas e baseadas em livros da Bíblia. Entender isso já vai lhe ajudar
a decidir sobre a compra de alguns livros para compor sua biblioteca pessoal, você
tem liberdade de escolher qualquer livro para comprar ou ler, mas o professor da
EBD que quer estar sempre preparado, deve ler bastante sobre interpretação bíblica,
panoramas do antigo e novo testamento e comentários bíblicos. Os temas abordados
são variados e é muito difícil prever qual será o tema da próxima lição. Na próxima
seção, após fazer a análise das lições, vou dar algumas dicas sobre quais temas o
professor da EBD deve se aprofundar para estar sempre preparado.

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8.4 Conhecer os tipos e o assunto das lições
Uma vez que você entendeu os tipos de revistas, chegou o momento de entender
sobre os tipos e o assunto das lições. Cada revista vem com um certo número de
lições, as revistas trimestrais, por exemplo, possuem em torno de 13 lições, assim
como as revistas, as lições também podem ser classificadas.
Os tipos de lições estão relacionados com os tipos de revistas; por exemplo, uma
revista que tem como tema principal um livro da Bíblia, muito provavelmente, todas as
lições serão baseadas em um texto bíblico; já quando a revista é baseada em um tema,
muito provavelmente as lições serão temáticas. No entanto, há exceções, algumas
revistas temáticas possuem lições baseadas em um texto bíblico.

TIPO 1: Lição baseada em um tema.


Nessa pesquisa, observei que as lições temáticas são as mais comuns e muitas vezes
o tema está relacionado a algum assunto em evidência na atualidade. Quando a
crise no Brasil atingiu seu ápice em 2016, a CPAD lançou a revista “O Deus de toda
provisão — Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio às crises”, e todas as
lições desta revista tiveram relação com a crise que estava afetando toda a nação. Em
2018 ocorreu as eleições presidenciais e para alertar a igreja com relação a algumas
ideologias, a CPAD lançou a revista “Valores cristãos — Enfrentando as questões
morais de nosso tempo”, da mesma maneira, todas as lições foram temáticas.
É muito difícil prever qual será o tema da próxima lição, mas se observarmos
algumas lições, detectaremos alguns temas recorrentes. Vou listar alguns aqui:

• Dízimo;

• Ética cristã;

• Salvação e boas obras (este é um tema doutrinário);

• Santidade;

• Pecado;

• Evangelismo e missões;

• Sexualidade;

• Volta de Jesus.

Esta lista acima cita apenas alguns exemplos de temas recorrentes nos últimos
anos. Quando digo recorrentes, não indica que tiveram muitas lições que falaram
exclusivamente dos temas citados acima, significa que esses temas apareceram em
várias lições. Por exemplo, a lição que teve como título “Ética Cristã e sexualidade”

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falou também de santidade. Por isso, é interessante o professor da EBD comprar


livros que falam desses temas e guardar na sua estante.
Acredito que os temas que citei acima sempre vão fazer parte da vida do cristão.
Agora vou citar alguns temas que estão em evidência no momento em que estou
escrevendo este livro; pode ser que eles continuem em evidência por muito tempo,
pois são temas que vão e vem dependendo da época. Estes temas não necessariamente
são tratados explicitamente na Bíblia, por isso recomendo que você, professor, sempre
se mantenha atualizado sobre temas extrabíblicos, tais como:

• Política;

• Feminismo;

• Ideologia de gênero;

• Marxismo;

• Evolucionismo;

• Redes sociais.

Vejo muitas pessoas querendo combater alguns desses “ismos” que têm por aí, mas
não têm o mínimo de conhecimento do assunto. Para combater a ideologia de gênero,
você deve estudá-la. Pense nas seguintes perguntas:

Quando surgiu esse termo? Quais foram e quem são os principais defensores? Por
que defendem isso? O que eles querem alcançar? Como cristãos, devemos aceitar os
ensinos dessa ideologia?

Essas e outras perguntas devem fazer parte da sua pesquisa para se aprofundar em
qualquer tema, para isso, procure ler livros, jornais e revistas sobre o assunto. Não leia
apenas livros que combatem a ideologia em questão, mas leia livros dos defensores,
pois se você ler apenas títulos que falam contra, com certeza será influenciado
pelas ideias desse escritor, considere que todo leitor também é um intérprete. Para
ilustrar, observe esse exemplo: alguém escreveu um livro criticando o feminismo,
provavelmente esse autor está apresentando ali sua interpretação daquele assunto.
Por isso, para compreender bem o assunto, você deve ler as fontes originais sobre
o feminismo e tirar suas próprias conclusões. Dessa mesma forma, as regras de
hermenêutica também valem para esse contexto.
Mesmo se a lição é temática, você vai observar que tem um texto bíblico principal;
geralmente esse texto está relacionado ao tema da lição, mas não é explorado por
completo, e se você se prender muito nele, não vai conseguir expor todo o conteúdo
da lição.

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Nesse caso você vai seguir o seguinte roteiro no preparo da aula (isso aqui é na
semana da aula):

• Ler a revista pelo menos três vezes. Somente na terceira vez vai marcar o que
achou importante;

• Ler o livro de apoio (somente se tiver acesso a esse livro). Algumas editoras
publicam junto com a revista um livro para auxiliar o professor;

• Se aprofundar no tema da lição com livros sobre o assunto;

• Pesquisar PDF’s na internet ou em redes sociais sobre a lição em questão;

• Pesquisar vídeos na internet sobre a lição;

• Ler todos os versículos da lição;

• Aplicar o método histórico-gramatical de forma parcial no texto bíblico princi-


pal e em alguns versículos citados na lição (até três versículos).

Essas etapas podem ser seguidas durante toda a semana ou somente no dia antes da
aula. No final deste capítulo tem um modelo com as atividades diárias de preparação
da aula (você pode adaptar de acordo com a sua realidade). Lembre-se que preparar a
aula um dia antes não é o ideal, e eu não recomendo, mas se não for possível preparar
com antecedência, pois mesmo com uma rotina exaustiva você tem o desejo de se
dedicar à obra do Senhor, faça um cronograma para um dia antes da aula. De qualquer
maneira, procure estudar um pouco com antecedência, a leitura da revista ou do
capítulo de um livro não demora mais que quinze minutos; além do mais, na internet
tem alguns conteúdos em áudio1 , e, você pode ouvir enquanto dirige, anda de ônibus,
varre a casa. Aconselho que você aproveite todos os meios para se preparar com
antecedência e ter uma aula de qualidade.
Se o texto bíblico principal é explicado dentro do conteúdo da lição, você vai fazer
a interpretação dele usando o método histórico-gramatical para professores da EBD
apresentado no Conhecimento Bíblico (parte 1 do livro). Na maioria das vezes, na
lição temática, o texto bíblico não é explorado dentro do conteúdo, mesmo assim, é
interessante fazer uma interpretação deste texto e apresentar aos seus alunos durante
sua aula. No entanto, como nosso tempo para estudar o conteúdo da lição é muito
curto e o tempo da aula também é pequeno, na lição temática não será necessário
aplicar todos os passos do método. Você vai aplicar apenas uma parte do método:
1O site www.ebdemfoco.com (tem aplicativo também) disponibiliza aulas em áudio das lições CPAD, que você pode
baixar a aula para ouvir depois.

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1. Análise contextual: consideração dos contextos histórico, cultural, literário e


canônico.

2. Análise formal: análise da forma, estrutura e movimento do texto.

Neste caso, na interpretação deste texto bíblico você vai buscar somente entender
o contexto e a forma literária para que possa fazer algum comentário sobre ele na
aula.
Além do texto bíblico principal, você vai escolher pelo menos três versículos para
fazer uma pesquisa um pouco mais profunda, mas sem aplicar o método por completo
(os 2 passos citados acima), pois a ideia é pesquisar os contextos e forma literária
para ter uma visão geral do seu real significado. A dica principal é: nunca leia apenas
um versículo isolado e sempre procure entender o seu contexto. Tenha em mente que
se você não estudar os versículos citados na lição, pode acontecer alguns problemas:
o primeiro é que sua aula será apenas uma lição de moral, o segundo problema é
que você corre um alto risco de ficar sem responder uma possível pergunta de seus
alunos. Procure saber sobre o livro que o texto se encontra: quem escreveu, quando
escreveu, para quem escreveu, qual o propósito, e seja qual for o assunto, sempre
procure embasamento bíblico, assim você estará preparado para as discussões que
surgirem em sala de aula.
Quando a lição é temática, o ideal é você se aprofundar no tema, pois, devido o
tempo que temos para preparar aula, fica difícil estudar os versículos sem consultar
um comentário bíblico, então você vai precisar consultar um comentário para se apro-
fundar no texto bíblico principal e nos versículos. Como o método de interpretação
aplicado neste tipo de lição é mais resumido, o comentário vai lhe ajudar entender as
passagens bíblicas em um tempo menor do que se você fosse fazer uma interpretação
completa.

TIPO 2 - Lição baseada em uma única doutrina ou várias doutrinas.


Quando o tema da lição é sobre uma doutrina específica, o professor vai aproveitar
a oportunidade para ministrar uma aula completa sobre a doutrina abordada na
lição. Tudo o que foi explicado na lição temática, poderá ser usado aqui, há, porém,
uma diferença, os livros usados, pois neste tipo de lição o livro mais apropriado será
sobre teologia sistemática. Uma dica importante é: Não esqueça de fazer aplicações
práticas daquela doutrina. Vejamos o seguinte exemplo desse tipo de lição publicada
pela revista CPAD:

Lição 4 da CPAD do 3º trimestre de 2017 - O Senhor e Salvador Jesus Cristo

Essa lição teve como propósito mostrar quem de fato é Jesus Cristo. Foi estudada
a humanidade e a divindade de Jesus, enfatizado o propósito da sua missão, que é

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salvar a humanidade. O professor que aproveitou para estudar sobre cristologia, com
certeza ministrou uma aula de excelência.

TIPO 3: Lição baseada em um texto bíblico.


Neste caso a lição vem com um texto bíblico que serve de base para toda a aula, ou seja,
o escritor da revista faz uma exposição do texto bíblico. Esse tipo de lição geralmente
tem como objetivo extrair o real significado do texto bíblico e fazer aplicações para
os dias de hoje.
O professor da EBD que deseja se preparar bem para ministrar esse tipo de lição,
deve fazer sua própria interpretação da passagem bíblica em questão, e ao fazer sua
própria interpretação, o professor pode chegar a resultados diferentes do escritor da
revista. Mas não se preocupe, muitos textos bíblicos são difíceis de explicar e muitas
vezes teólogos conceituados não chegam a um consenso.
Levar para a sala uma interpretação alternativa à interpretação do escritor da
revista vai enriquecer a aula, pois é uma boa oportunidade para que todos possam
debater juntos a passagem e aprenderem uns com os outros. Se o professor souber
mediar o debate, com certeza será algo muito produtivo.
De certa forma, o professor deve ser o mais bem preparado, pois ele deve estudar
o texto de maneira profunda e, para isso, deve aplicar o seu conhecimento de her-
menêutica e exegese. Uma dica para preparar aula para esse tipo de lição é aplicar o
método histórico-gramatical na passagem bíblica estudada:

• Preparação: Delimitação da perícope.

• Pesquisa: Visão geral e hipótese.

• Análise contextual: Análise dos contextos histórico, cultural, literário e canô-


nico.

• Análise formal: Análise da forma, estrutura e movimento do texto.

• Análise detalhada: Análise das várias partes do texto.

• Síntese: Síntese do texto como um todo.

• Reflexão teológica: Aplicação prática.

Ao aplicar todos os passos do método, você vai ter em mãos um estudo completo
do texto bíblico, que já é praticamente todo o conteúdo da sua aula; dessa forma, você
vai se aprofundar na lição, pois você vai levar para sala de aula a sua interpretação
do texto e a interpretação do autor da revista. Mas não se esqueça que você também
deve ler todos os versículos citados na lição, pois eles complementam a passagem
bíblica estudada e contribuem para a sua aula.

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Em relação à consulta a um comentário bíblico, o ideal é deixar para o final, não


consulte o comentário antes de fazer sua própria interpretação do texto bíblico. No
entanto, sabemos que a tentação de consultar logo o comentário bíblico é muito
grande e muitas vezes, necessário. Então, vou fazer uma breve reflexão sobre o uso
de comentários na preparação da aula. Meu propósito aqui não é impor regras sobre
como você vai preparar sua aula. Sempre dou dicas supondo o caso ideal, ou seja,
suponho que você tem tempo para preparar sua aula com antecedência. Mas, na
realidade, nem sempre as coisas acontecem como nós esperamos, mesmo quando
organizamos nossas tarefas, sempre aparece alguns imprevistos e a preparação da
aula fica para a última hora. Ficar sem ministrar a aula é algo que não está em pauta
aqui.
Em situações em que você não conseguiu estudar com antecedência e fazer sua
interpretação do texto bíblico, recorra aos comentários bíblicos. Mas como você já
aprendeu o método histórico-gramatical (eu suponho), fica mais fácil escolher um
bom comentário para o seu tipo de aula e entender a abordagem do comentarista.
Portanto, mesmo consultando uma interpretação realizada por outra pessoa (neste
caso um teólogo), o conhecimento do método vai lhe ajudar a aproveitar melhor o
que dizem acerca daquela passagem bíblica.
Em relação aos livros que você vai usar, siga as instruções dos passos do método
histórico-gramatical apresentado no Conhecimento Bíblico. Mas vou listar aqui para
relembrar:

• Livros que fazem um panorama do Antigo e Novo Testamento;

• Livros que fazem uma análise política e cultural do contexto bíblico;

• Comentários bíblicos.

Sempre considere que neste tipo de lição o objetivo é fazer uma exposição do texto
bíblico, apresentando o seu significado para a época do acontecimento (narrativas), o
seu significado para os primeiros leitores e o seu significado para hoje, para que você
possa aplicar na sua aula e na realidade dos seus alunos.

8.5 Como preparar uma aula quando não tem uma revista
Se você é um professor que não tem uma revista, o primeiro passo é escolher uma
passagem bíblica para preparar sua aula. A escolha do texto é algo pessoal, mas isso
não deve ser um problema, pois toda a Escritura tem algo de Deus para nós. Neste
caso, você vai aplicar o método por completo e ainda vai usar o método de ensino de
Jesus (apresentado na última seção deste capítulo).

1. Preparação: Delimitação da perícope.

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2. Pesquisa: Visão geral e hipótese.

3. Análise contextual: Análise dos contextos histórico, cultural, literário e canô-


nico.

4. Análise formal: Análise da forma, estrutura e movimento do texto.

5. Análise detalhada: Análise das várias partes do texto.

6. Síntese: Síntese do texto como um todo.

7. Reflexão teológica: Aplicação prática.

Aqui neste tipo de lição, a dica em relação à consulta a um comentário bíblico é a


mesma que no tipo anterior: deixe para consultar um comentário bíblico somente no
final, depois de finalizar seu estudo.

Estruturando o conteúdo didaticamente


Para você, professor que tem a revista com o estudo pronto, esta seção não é necessária.
O objetivo nesta seção é orientar a você, professor, que não tem uma revista para
se guiar. Vou te ensinar como montar a estrutura do ensino que será ministrado, e
preparar seu estudo desde o início.
Uma vez que você interpretou o seu texto corretamente, chegou o momento de
você estruturar o conteúdo de maneira didática para que ele seja transmitido para os
seus alunos. A interpretação é um passo obrigatório, e não deve ser ignorado, mas
não lhe aconselho a ir para a aula apenas com a interpretação que você realizou; você
deve usar a interpretação para estruturar o seu conteúdo de maneira que seu público
possa entender as principais lições contidas naquele texto.
O teólogo irlandês Stuart Olyott propõe em seu livro “Ministrando como o mestre”
um método para preparar um estudo didaticamente baseado nos ensinos de Jesus.
De acordo com esse escritor, Jesus ensinava da seguinte maneira:

Primeiro Jesus faz uma afirmação:

“Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem
pelo vosso corpo, quanto que haveis de vestir. Não é a vida mais que o alimento e o
corpo mais do as vestes?” (Mt 6.25).

No versículo acima nós observamos Jesus fazendo uma afirmação acerca das
preocupações com as coisas cotidianas. Se ele parasse aqui, seria interessante, mas
Jesus quer deixar esse ensinamento na mente dos seus ouvintes, dessa forma, ele
coloca mais um elemento no seu ensino: a ilustração.

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Depois Jesus faz uma ilustração

“Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros;
e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?” (Mt 6.26)

Agora, Jesus vai além de simplesmente afirmar algo, ele faz uma ilustração usando
a imagem de uma ave para que os seus ouvintes entendam seu ensino sobre as
preocupações cotidianas. Se ele parasse aqui, já seria muito interessante, mas seus
ouvintes/alunos ficariam sem saber o que fazer diante desse ensino. Então Jesus vai
um pouco adiante e faz uma aplicação.

Por último Jesus faz uma aplicação

“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã
cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt. 6.33, 34).

Ao lermos o texto completo, observamos Jesus fazer várias afirmações e ilustrações.


Mas, no final do capítulo 6, Jesus faz uma aplicação de todo seu ensino. Ele incentiva
os seus ouvintes/alunos a colocarem em prática o que foi ensinado; Ele não somente
incentiva, mas diz o que tem que ser feito.
Na estrutura abaixo você vai ter uma noção de como funciona esse método, as
afirmações são os tópicos do seu ensino, e cada tópico deve ter uma ilustração e uma
aplicação.

ESTUDO SOBRE A PASSAGEM BÍBLICA...

Afirmar

Aqui você retira uma verdade do texto.

Será o Tópico 1 do seu estudo.

Ilustrar

Aqui você coloca as ilustrações referentes ao tópico 1.

Pode ser um exemplo bíblico, uma parábola da bíblia ou uma história criada por
você.
Acredite, as pessoas gostam muito de ouvir histórias, por isso Jesus contava tantas
parábolas.

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Aplicar

Aqui você vai fazer as aplicações do tópico 1.

O que fazer:

Como fazer:

Por que fazer:

Você pode fazer um estudo com um ou mais tópicos usando esta estrutura. O
padrão mais usado é com três tópicos.

8.6 A estrutura de um estudo bíblico – afirmar, ilustrar e


aplicar
Na seção anterior, apresentei o método usado por Jesus para ministrar seus ensinos,
que consiste em afirmar, ilustrar e aplicar. Você já entendeu a ideia geral, então agora
mostrarei detalhes de cada um desses passos e apresentarei a estrutura completa de
um estudo bíblico bem preparado. Vale ressaltar que estes passos não estão vinculados
apenas ao preparo de uma aula para a EBD, mas pode ser usado para preparo de
qualquer mensagem bíblica que tem como objetivo ser ministrada na igreja ou ser
publicada na forma escrita.
Um estudo completo deve ter: introdução, discurso e conclusão. Dentro do discurso
vamos estudar os detalhes que são: afirmar, ilustrar e aplicar. Irei detalhar cada uma
destas partes.
Alguns professores ou pregadores, preferem fazer apenas um esboço bem simples
do seu estudo a ser ministrado. No entanto, eu o incentivo a escrever o estudo
completo. É muito importante você anotar tudo de maneira detalhada. Se não for
possível, faça pelo menos um esboço bem delineado.

Introdução
De acordo com Stuart Olyott 2 , a introdução tem apenas um objetivo: “deixar as
pessoas interessadas pelo assunto sobre o qual você vai ministrar”. As pessoas quando
chegam à igreja, na maioria das vezes, estão preocupadas com seus problemas, e suas
mentes ficam divagando. Quem vai ministrar tem a responsabilidade de mostrar o
quanto aquele assunto é importante, e, consequentemente, deve prender a atenção
dos seus ouvintes.
2 Olyott, S. Pregação Pura e Simples. 1ª Edição. São José dos Campos: Editora Fiel, 2005.

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Erberson R. Pinheiro dos Santos Os 4Cs da Educação Cristã

No preparo do seu estudo, a introdução é o último a ser escrito ou pensado. Não se


preocupe com sua introdução logo no início do preparo, pois ela deve levar direta-
mente ao discurso. Se você ainda não estruturou o seu discurso, que são os tópicos
do seu estudo, não tem como fazer uma boa introdução.
A introdução deve ser simples, direta e curta. Muitos professores da EBD e pre-
gadores passam muito tempo na introdução, e quando entram na mensagem em si,
os ouvintes já estão cansados. Em uma aula da EBD, a introdução a ser ministrada
deve envolver a participação da turma. Vou detalhar sobre a ministração na parte IV
do livro; aqui, irei explicar apenas sobre a preparação. No entanto, no momento de
preparo da introdução da sua aula, você já deve pensar na ministração, para assim
desenvolver suas ideias de interação com a turma.
Você pode usar a introdução para contextualizar a passagem bíblica que vai ser
ministrada e despertar a curiosidade do seu público, quem sabe, apresentado um
problema que aparentemente não tem solução. Você também pode contar uma
pequena história que tem relação com a mensagem. As ideias são muitas, mas nunca
perca de vista que o objetivo da introdução é prender a atenção dos seus ouvintes.
Além do mais, ela tem que estar relacionada ao discurso, que é o próximo passo.

Discurso
O discurso é o conteúdo da sua mensagem, que você vai preparar depois que fez a
exegese do texto usando o método histórico-gramatical.
Depois de estudar o texto detalhadamente, chega o momento de estruturar o estudo
que será ministrado. Não é interessante levar para a sala de aula ou para o púlpito
o resultado da exegese, pois corre o risco de apresentar um estudo muito técnico.
O professora da EBD tem que apresentar um conteúdo didático para alcançar seu
objetivo, que é a transformação de vidas.
O discurso deve conter divisões, ou seja, tópicos. Os tópicos são importantes para
que o ouvinte acompanhe o estudo na ordem correta e aprenda o conteúdo para,
consequentemente, colocar em prática. Nossa mente não aprecia a desorganização.
Tente decorar a seguinte ordem de palavras:
caiu, casa, voltava, chuva, trabalho, hoje, enquanto, uma, eu.

Agora vamos organizar as palavras em uma frase:

Hoje caiu uma chuva enquanto eu voltava do trabalho.

Agora fica mais fácil de decorar as palavras, pois estão organizadas em uma frase
que faz sentido. Da mesma forma, uma aula ou pregação que não é organizada, deixa
os ouvintes confusos.
Em relação à quantidade de tópicos, não existe uma regra, pois cada mensagem a ser
ministrada tem uma característica específica e cada professor ou pregador tem suas

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preferências. Devemos tomar cuidado para não exagerar na quantidade de divisões.
Um estudo com dez tópicos pode deixar seus ouvintes confusos, pois quando estiver
no tópico cinco, ninguém lembra mais do primeiro.
Se você estiver preparando uma mensagem baseada em um texto bíblico, as divisões
devem estar dentro do texto e não devem ser criadas aleatoriamente.
No texto de Marcos 2.1-12, observamos um paralítico que é levado pelos seus
amigos até Jesus através do telhado. Quando fiz o estudo detalhado deste texto, uma
parte (Mc 2.5) me chamou a atenção “Vendo a fé que eles tinham”. Dessa forma, usei
a questão deles se aproximarem de Jesus com fé para deduzir meus tópicos.

Quero destacar aqui três coisas que acontecem quando nos aproximamos de Jesus
com fé:

• Tópico 1. Perdão dos pecados (Mc 2.5);

• Tópico 2. Oposição (Mc 2.6-7);

• Tópico 3. Bênçãos além da salvação (2.9).

Os tópicos estão contidos no texto, mas só foram deduzidos após fazer a exegese
do texto e entender o seu real significado. Esses tópicos foram desenvolvidos detalha-
damente para explicar melhor o que significa cada uma dessas afirmações. Dentro
de cada um destes tópicos, foi apresentado uma ilustração e uma aplicação. Vamos
detalhar sobre as ilustrações agora.

Ilustrações
De acordo com Stuart Olyott 3 : “uma ilustração é uma linguagem figurada que traz
clareza ou discernimento a um assunto”. Muitas vezes estamos explicando um tema
confuso e a única maneira de deixar o assunto mais claro é fazendo uma ilustração.
Além do mais, elas deixam a verdade mais atraente e facilitam a memorização.
Jesus usou muitas ilustrações a fim de deixar seus ensinos mais claros para seus
ouvintes. Além das ilustrações mais simples do sermão do monte, Ele elaborou
ilustrações mais completas, conhecidas como parábolas.
Você não precisa criar parábolas, para ilustrar suas mensagens, como Jesus fez.
Mas, com um pouco de esforço, é possível fazer ilustrações relevantes para melhorar
suas aulas e pregações. Existem várias fontes de ilustrações para explorarmos e
usarmos nos nossos estudos.
As escrituras são as nossas principais fontes de ilustrações. Podemos usar as
histórias bíblicas para ilustrar algumas verdades que estamos ensinando. Vamos
3 Olyott, S. Pregação Pura e Simples. 1ª Edição. São José dos Campos: Editora Fiel, 2005.

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Erberson R. Pinheiro dos Santos Os 4Cs da Educação Cristã

supor que você vai ministrar sobre amizade. A passagem de Marcos 2.1-12 pode ser
usada para ilustrar, pois ali observamos quatro amigos que se dispõe a carregar um
outro amigo paralítico em uma cama, descendo-o pelo telhado para que ele chegasse
até Jesus. Deve-se ficar bem claro que esse não é o propósito desta passagem, ela não
foi escrita para explicar o valor da amizade (veja logo acima o seu real sentido no
exemplo dos tópicos), no entanto, ela pode sim ser usada para ilustrar sobre amizade.
A passagem de 2 Reis 5.1-19 pode ser usada para ilustrar uma fé relutante, neste caso,
a fé de Naamã.
Outra fonte de ilustrações são as observações do nosso cotidiano. Jesus sempre
fazia ilustrações relacionadas às experiências diárias das pessoas da época. Ele falava
de trigo, achar tesouros, encontrar pérolas, plantios e colheitas, conservação de
vinhos, etc. Neste caso, você pode usar as atividades relacionadas ao cotidiano dos
seus ouvintes para ilustrar seus ensinos. Lembre-se que as histórias de Jesus, apesar
de serem possíveis de terem acontecido, elas foram criadas por Ele.
De acordo com o Stuart Olyott 4 , é importante ter uma ilustração em cada tópico.
Mas nem sempre conseguimos pensar em uma ilustração, e, neste caso, existe a
possibilidade de deixar o estudo ou o sermão sem ilustrações. No entanto, não é
interessante fazer isso, pois vai ficar faltando algo, e vale o esforço para conseguir
pensar em algo que vai clarear os conceitos abstratos durante a ministração. Uma
dica, é fazer a seguinte pergunta em cada tópico: Qual experiência humana, objeto
físico ou parte da natureza esclarece melhor este conceito? 5 .

Dicas importantes com relação às ilustrações.

• Elas devem ser breves, pois se forem muito longas perdem o sentido e mascaram
a verdade que têm como objetivo ilustrar.

• Elas devem ser claras, pois se forem muito complicadas você terá que usar uma
outra ilustração para explicá-la.

• Elas devem ter relação com o conceito que você quer ilustrar.

• Elas devem ser fiéis à realidade. Não leve para seu estudo ilustrações que
envolvam ficção científica ou outras coisas mirabolantes. A não ser que a
situação exija isso, mas é muito raro.
4 Olyott, S. Pregação Pura e Simples. 1ª Edição. São José dos Campos: Editora Fiel, 2005.
5 Lachler, K. Prega a Palavra.1ª Edição. São Paulo: Vida Nova, 1990.

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Aplicações
Ministrar uma aula ou pregar uma mensagem significa que você vai apresentar as
verdades bíblicas de maneira organizada e convencer os ouvintes a colocarem essas
verdades em prática.
Tiago, em sua carta diz:

"Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mes-


mos."(Tiago 1.22)

Jesus também deixou bem claro que devemos praticar a palavra:

"Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente
que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram
os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na
rocha."(Mateus 7.24,25)

Podemos observar que Jesus usa uma ilustração para explicar como é a vida de
quem pratica a palavra. Aprendamos com o mestre. Quem se dispõe a ministrar a
palavra de Deus, deve primeiro praticá-la, para depois ensiná-la. Uma vez que quem
vai ensinar deve investir tempo para descobrir qual é a aplicação do texto bíblico em
questão na vida dos alunos, dessa forma, os seus alunos vão sair da sua aula sabendo
exatamente o que deve ser colocado em prática.
Uma aula sem aplicação perde totalmente o sentido, e assemelha-se a alguém que
afia a ponta de uma flecha, mas erra o alvo. O aluno sai da aula sem saber exatamente
por que começou a lhe ouvir.
Aplicar a mensagem é dizer o que fazer, como fazer e porque fazer. Você deve ser o
mais específico possível. Vamos supor que a mensagem a ser pregada é Efésios 5.25,
que fala do amor dos maridos para com as esposas. Se o pregador finalizar apenas
dizendo que o marido tem que amar a esposa, vai ficar algo muito vago. Como o
marido deve amar a esposa? O que ele deve fazer para demonstrar seu amor? Qual
deve ser o seu comportamento dentro de casa para provar seu amor? Por que ele
deve mostrar seu amor na prática?
Quando Jesus pregou para a mulher samaritana em João 4.7-30, fez uma aplicação
que tocou na parte da vida que ela mais precisava de ajuda. Se Jesus simplesmente
falasse para ela se arrepender dos seus pecados, muito provavelmente não haveria
mudança de vida, seria algo muito genérico. Jesus diz logo: “Vai, chama teu marido e
vem cá” (Jo 4.16). O Mestre fez o mesmo com o jovem rico e muitas vezes com os
fariseus.
Jesus usava a seguinte estrutura nas suas aplicações: o que fazer? Como fazer? Por
que fazer?

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Vejamos o sermão de Jesus em Mateus 6.1-18. Ele divide seu ensino em três partes:
ações de caridade (Mt 6.1-4), oração (Mt 6.5-15) e jejum (Mt 6.16-18).
Em relação às ações de caridade, Jesus diz o que fazer: nós devemos nos comprome-
ter em dar esmolas e ajudar os necessitados. Depois diz como fazer: ao dar esmolas,
faça isso em segredo, não faça nenhum alarde para mostrar para os outros que é
bonzinho. Por último Jesus diz por que fazer: E seu Pai, que vê o que é feito em
segredo, o recompensará (Mt 6.4).
Agora, como atividade, leia as outras duas partes do sermão de Jesus e identifique
os detalhes da aplicação (Mt 6.5-15; Mt 6.16-18).
Ao fazer a aplicação, deve-se tomar muito cuidado para não fazer afirmações
puramente legalistas. A ideia é apresentar as verdades do Evangelho para que haja
mudança de vida motivada pelo Espírito Santo. Em Efésios 5.25, está escrito para
o esposo amar a esposa como Cristo amou a igreja. Aqui o expositor vai fazer a
aplicação dizendo exatamente o que fazer, como fazer e por que fazer, e, ao mesmo
tempo vai fazer a relação de tudo isso com o amor de Cristo pelo seu povo. Jesus
cuida da igreja, morreu pela igreja, etc.

Conclusão
Alguns professores e pregadores preferem fazer toda a exposição, e, no final, fazer as
aplicações para depois encerrar. Neste caso, a conclusão se resume nas aplicações.
No entanto, como expliquei acima, no discurso você já deve fazer as aplicações. A
conclusão, do meu ponto de vista, serve para reafirmar os tópicos e relembrar as
aplicações.
Quando chegar o momento de finalizar o ensino, finalize. A conclusão deve ser
curta. Alguns têm uma certa tendência de pregar tudo novamente com outras palavras,
demorando muito e deixando os alunos desanimados.
No marketing tem uma expressão chamada “call to action”. Esta expressão diz
que toda ação de marketing tem que levar o ouvinte/cliente A tomar uma atitude.
Preste bastante atenção naquelas propagandas televisivas que apresentam algum
produto, no final, eles sempre falam para você pegar o telefone e ligar para aproveitar
a promoção. Pregar e ensinar a palavra de Deus é parecido, ninguém pode ficar
apático diante do que foi exposto, alguma ação deve ser tomada. Você já fez isso
quando realizou a aplicação, mas aqui, na conclusão, essa atitude a ser tomada pelos
ouvintes deve ser reforçada.

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Como prometido, apresento um modelo de planejamento para você analisar a lição
a ser ministrada, e um plano com as atividades diárias de preparação da aula a ser
ministrada.
Planejamento para analisar a lição a ser ministrada
Título da lição:
Texto bíblico principal:

1. Tipo de lição:

Lição baseada em um tema


Lição baseada em uma doutrina
Lição baseada em uma passagem bíblica

2. O texto bíblico principal é explicado na lição?

Sim. A lição toda é baseada no texto bíblico.


Sim. Mas não é toda lição que aborda o texto bíblico. Ele é explicado na
íntegra em uma parte da lição.
Não. O texto bíblico é apenas citado na lição, mas não é explicado com
detalhes.
Não. A lição não fala nada do texto bíblico principal. Parece que ele está
lá só de enfeite.

3. A lição trata de alguma doutrina?

Sim. Toda a lição é sobre uma doutrina estudada na teologia sistemática.


Sim. Mas a doutrina não é o tema principal. No entanto, ela está na lição
de maneira explícita.
Não. Mas acredito que as doutrinas estão implícitas.

4. Tema principal da lição:

5. Qual o domínio que tenho do tema?

É um tema que tenho muito conhecimento.


Conheço pouco. Já li algumas coisas, mas não tenho tanto domínio.
Não sei praticamente nada desse tema.

6. Qual livro físico ou PDF já li sobre esse tema? Tem como eu acessar
esse livro ou PDF agora no preparo dessa aula?

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7. Tem alguma passagem bíblica dentro do conteúdo da lição que precisa


de uma explicação mais profunda?

8. Tem algum tópico que pode ser considerado mais importante? Mais
difícil?

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Após a leitura desse primeiro planejamento, talvez você se pergunte: Por que e
para quê eu preciso parar e pensar nessas questões e qual a importância disso para a
minha aula?
Se você tem essa dúvida, ou até mesmo entende e considera importante, mas não
consegue visualizar o impacto dessas perguntas na sua aula, aconselho você a ler
logo abaixo as análises das respostas, que você vai entender a necessidade desse
planejamento inicial.
Análise das respostas

1. Tipo de lição:
Essa resposta vai definir o tipo de lição, isso é importante, pois cada tipo tem
uma maneira diferente de preparação da aula, se você tem dúvidas sobre os
tipos de lições, peço que reveja no conteúdo deste capítulo os detalhes de cada
tipo de lição.

2. O texto bíblico principal é explicado na lição?


Se na pergunta 1 você marcou que a lição é baseada em um texto bíblico,
obviamente na pergunta 2 você vai marcar que “A lição toda é baseada no texto
bíblico.” No entanto, pode acontecer da lição ser temática e o texto bíblico ser
abordado em uma parte da lição, se esse for o caso, você vai preparar a lição de
acordo com o que foi ensinado sobre uma lição temática, mas vai fazer também
sua própria interpretação do texto bíblico principal. Talvez não seja necessário
fazer uma interpretação completa, mas o método histórico-gramatical pode ser
usado nessa situação de maneira resumida.

3. A lição trata de alguma doutrina?


Se a lição for baseada em uma doutrina, obviamente aqui você vai marcar que
“Toda a lição é sobre uma doutrina estudada na teologia sistemática.” Porém,
nos outros tipos de lições, pode ser que tenha alguma doutrina explícita ou
implícita, então, você tem que analisar com cuidado para identificar as doutrinas
e preparar a aula com um livro de teologia sistemática do lado.

4. Tema principal da lição:

5. Qual o domínio que tenho do tema?


Identificar o tema e depois definir o nível de conhecimento que você tem dele
é de grande importância para o seu preparo. Se for um tema que você nunca
leu nada, pode ser que vá precisar de um pouco mais de tempo para preparar
essa aula. Geralmente quando o tema é difícil e o tempo é curto, é necessário
recorrer à internet e assistir vídeos específicos do tema em questão, na maioria
das vezes, vídeos vão direto ao ponto e dão uma ideia geral do tema.

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6. Qual livro físico ou PDF já li sobre esse tema? Tem como eu acessar
esse livro ou PDF agora no preparo dessa aula?
Se você já leu algo sobre o tema e acha que pode lhe ajudar no preparo da aula,
procure logo esse material, geralmente aprendemos mais quando revisamos
aquilo que já lemos. Uma dica, é sempre marcar o que você lê e acha importante
nos livros. Muitos não gostam que “riscar” ou “marcar” seus livros mas eu
acredito que livros foram feitos para serem lidos, marcados e riscados, desde
que seja para fins didáticos. Ao ler o que você marcou nos livros, já acelera o
processo de lembrar o que foi estudado muito tempo atrás.

7. Tem alguma passagem bíblica dentro do conteúdo da lição que precisa


de uma explicação mais profunda?
Depois de estudar a lição, procure ver se tem alguma citação bíblica que precisa
de uma explicação mais detalhada. Ei, não adianta dizer que são todas! Escolha
algumas mesmo, você não precisar explorar detalhadamente todas. Primeiro,
porque muitos versículos citados na lição servem apenas para sustentar algo
que o escritor escreveu, segundo, porque se for estudar com detalhes todas as
passagens bíblicas, você vai demorar um mês para preparar uma aula. Veja
aquelas passagens que de fato estão relacionadas com o tema e podem de fato,
acrescentar algo na lição como um todo.

8. Tem algum tópico que pode ser considerado mais importante? Mais
difícil?
Geralmente as lições vêm com três tópicos e cada tópico vem com três subtópi-
cos (pode ser diferente). Em muitos casos, um dos tópicos é mais importante
para a lição como um todo, tente encontrar esse tópico. Se for o caso de ficar
uma dúvida em um tópico específico, procure estudá-lo um pouco mais que os
outros.

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Plano com as atividades diárias de preparação da aula a ser ministrada
Título da lição:
Professor:
Considere que em todos os dias você vai começar seu estudo com oração.

 Dia 1

Leitura da revista
Leitura do subsídio da revista

 Dia 2

Leitura da revista
Interpretação da leitura bíblica em classe (se for uma lição baseada em
um texto bíblico).
Leitura de algum livro ou texto sobre o tema (se for uma lição baseada
em um tema).

 Dia 3

Leitura da revista marcando o mais importante.


Interpretação da leitura bíblica em classe (se for uma lição baseada em
um texto bíblico).
Leitura de algum livro ou texto sobre o tema. Procure se aprofundar no
tópico que você achou mais importante ou difícil (se for uma lição baseada
em um tema).

 Dia 4

Leitura do livro de apoio (se tiver disponível).


Consulta de um comentário bíblico para confirmar sua interpretação (se
for uma lição baseada em um texto bíblico).
Consulta de um comentário bíblico para entender uma passagem compli-
cada (se for uma lição baseada em um tema).
Planejamento do material didático

 Dia 5

Assistir algum vídeo na internet comentando a lição.


Elaboração do material didático

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Parte IV

CONHECIMENTO DE DIDÁTICA

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Capítulo 9
Introdução

Depois de adquirir conhecimento bíblico, conhecer as principais doutrinas e estudar


profundamente o assunto da aula, chegou a hora de preparar a sua aula e ir para a
sala compartilhar todo o conhecimento adquirido entre os alunos. No entanto, é aqui
que muitos professores falham, pois, apesar de ter todo o conhecimento, a aula é
ruim e ninguém é edificado.
No método dos 4Cs da educação cristã, o conhecimento de didática é o quarto
C, que está relacionado à maneira que a aula é transmitida. Se não tem didática,
não tem aprendizado. Infelizmente essa é a parte mais ignorada pelos professores e
educadores cristãos.
Se você vai à EBD com frequência, com certeza já presenciou alguns dos seguintes
acontecimentos em uma aula na sua igreja:

• O professor passa 40 minutos na introdução, e quando faltam dez minutos sai


lendo tudo na correria.

• O professor ler a revista toda e não explica nada.

• O professor nem pega na revista, passa a aula inteira falando de coisas que não
estão relacionadas com a aula.

• O professor dá uma aula muito rica em conteúdo, mas somente ele fala, os
alunos não participam.

Qual o resultado disso?

EBD VAZIA!!!

Podemos observar que muitas vezes não se trata de falta de conhecimento do


professor, pois ele cumpre os três primeiros C’s (Conhecimento da Bíblico, Conhe-
cimento das Doutrinas e Conhecimento do Assunto). O que falta aqui é “apenas” a

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didática. Muitos acham que a didática não é importante, porém não adianta você ter
conhecimento, se você não sabe passar esse conhecimento para os seus alunos.
Para que aconteça, de fato, o aprendizado, é necessário usarmos técnicas que nos
ajudam a transmitir o conhecimento para os alunos de uma maneira eficiente. A aula
tem que ter um objetivo, e esse objetivo tem que ser cumprido, no final da aula você
tem que ver o resultado do seu trabalho. E com o passar do tempo, o resultado vai
aparecer de maneira mais evidente.
Muitas vezes é mais interessante um professor com conhecimento básico que saiba
passar esse conhecimento, do que um professor com muito conhecimento, mas que
fala sozinho e não consegue transmitir nada edificante.
Antes de mais nada, temos que “exorcizar” da nossa mente a ideia que uma boa
aula é aquela que o professor fala o tempo todo sozinho, “transmitindo” tudo o que
sabe para os alunos e os alunos ficam sentados somente “recebendo” esse conheci-
mento “transmitido”. Isso jamais pode acontecer, ninguém é detentor do saber. O
conhecimento deve ser compartilhado, todo aluno vai para a sala de aula com algum
conhecimento prévio do que vai ser ensinado, o professor deve aproveitar isso para
transformar sua aula em um diálogo, e não ficar apenas no monólogo.
O caminho é longo, mas não é impossível. Cada vez que você aprender algo sobre
didática, procure colocar em prática, e aos poucos você vai se tornando um professor
melhor. Não existe professor ruim, o que existe é professor desinteressado, que não
busca melhorar sua aula para servir a Deus com excelência.

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Capítulo 10
Aprendizagem

Muitos teóricos da educação tentam fazer uma definição de aprendizagem. De acordo


com Kolb1 “A aprendizagem é o processo pelo qual o conhecimento é criado através
da transformação da experiência”. De acordo com Illeris2 aprendizagem é “qualquer
processo que, em organismos vivos, leve a uma mudança permanente em capacidades
e que não se deva unicamente ao amadurecimento biológico ou envelhecimento”.
Peter Jarvis3 define aprendizagem da seguinte maneira: “A aprendizagem humana
é a combinação de processos ao longo da vida, pelos quais a pessoa inteira – corpo
(genético, físico e biológico) e mente (conhecimento, habilidades, atitudes, valores
emoções, crenças e sentidos) – experimenta as situações sociais, cujo conteúdo
percebido é transformado no sentido cognitivo, emotivo ou prático (ou por qualquer
combinação) e integrado à biografia individual da pessoa, resultando em uma pessoa
continuamente em mudança (ou mais experienciada)”.
Podemos observar que as definições de aprendizagem podem variar de um teórico
para outro. Algumas definições são simples outras mais complexas. O professor da
EBD ao ler as definições acima pode observar que aprendizagem está relacionada
com transformação, mudança. Todo tipo de ensino só pode ser considerado válido
se trouxer transformação. O professor da EBD tem que estar preparado para levar
ao seu aluno um ensino transformador. O principal propósito da educação cristã é
moldar Cristo na vida dos alunos.
No seu estudo sobre aprendizagem experienciada, Kolb4 afirma que experiência
exerce um papel importante no processo de aprendizagem. O ponto forte de sua
teoria é o ciclo de aprendizagem que tem como objetivo mostrar como a experiência
é traduzida para os conceitos, que por sua vez são usados para novas experiências.
Se um aluno quer aprender com eficiência, precisa de quatro tipos de habilidades:
1 Kolb, D. A. Experiential learning: experience as the source of learning and development. Englewood Cliffs, New
Jersey: Prentice Hall, 1984.
2 ILLERIS, Knud (ed). TEORIAS CONTEMPORÂNEAS DA APRENDIZAGEM. 1ª edição. Porto Alegre: Penso, 2013.
3 ILLERIS, Knud (ed). TEORIAS CONTEMPORÂNEAS DA APRENDIZAGEM. 1ª edição. Porto Alegre: Penso, 2013.
4 Kolb, D. A. Experiential learning: experience as the source of learning and development. Englewood Cliffs, New

Jersey: Prentice Hall, 1984.

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Figura 10.1: Ciclo de aprendizagem de Kolb

habilidades de experiência concreta, habilidades de observação reflexiva, habilidades


de conceitualização abstrata e habilidades de experimentação ativa (imagem 10.1).

Experiência Concreta: aprender através dos sentimentos e do uso dos sentidos;


Observação Reflexiva: aprender observando;
Conceituação Abstrata: aprender pensando. A aprendizagem, nessa etapa, com-
preende o uso da lógica e das ideias;
Experimentação Ativa: Aprender fazendo. A aprendizagem, nessa etapa, toma
uma forma ativa.

Para aprender, o aluno precisa estar totalmente envolvido com novas experiências
(Experiência Concreta); ele deve refletir sobre essas experiências de várias perspecti-
vas (Observação Reflexiva); depois deve criar conceitos que integram suas observações
com alguma teoria que faz sentido (Conceituação Abstrata). Então, ele deve ser capaz
de usar essas teorias para tomar decisões e resolver problemas (Experimentação
Ativa).
De acordo com Kolb, a experiência concreta é totalmente contrária à concei-
tuação abstrata (observa a figura imagem 10.1, parte de cima e de baixo). Essa
é a primeira dimensão da aprendizagem. Se um aluno tem muita habilidade para
fazer uma experiência concreta, ele não terá muita habilidade para realizar uma
conceitualização abstrata. Se ele for bom de conceitualização abstrata, não será
bom de experimentação concreta. Esses dois extremos são contrários um ao outro.
Um está relacionado ao concreto, o outro ao abstrato. Um evento que vai ser estudado

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Figura 10.2: Estilos de aprendizagem de Kolb

pode ser abordado de maneira concreta por um aluno e de maneira abstrata por outro
aluno.
Por outro lado, a observação reflexiva é contrária à experimentação ativa (olhe
a figura 10.1, lado direito e esquerdo). Essa é a segunda dimensão da aprendizagem.
Uma vez que o aluno compreendeu a experiência (por uma experimentação concreta
ou conceituação abstrata), ele precisa transformar essa experiência em algo significa-
tivo e usável, que define a resposta emocional à experiência. A observação reflexiva
é abstrata e a experimentação ativa é concreta. Um aluno prefere refletir sobre o
resultado, outro prefere aplicar o resultado.
Essas duas dimensões da aprendizagem podem se combinar de várias maneiras
diferentes. A primeira dimensão, experiência concreta e conceituação abstrata (parte
de cima e de baixo da figura), são contrárias, portanto, o aluno vai preferir uma delas.
A segunda dimensão, observação reflexiva e experimentação ativa (lado direito e
esquerdo da figura), também são contrárias, portanto, o aluno vai preferir uma delas.
As combinações são as seguintes (imagem 10.2):
Um aluno que procura compreender a experiência por uma experimentação
concreta e transformar essa experiência em algo significativo e usável, através da
observação reflexiva, é chamado de divergente.
Um aluno que procura compreender a experiência por uma conceituação abstrata
e transformar essa experiência em algo significativo e usável, através da observação
reflexiva, é chamado de assimilador.
Um aluno que procura compreender a experiência por uma conceituação abstrata
e transformar essa experiência em algo significativo e usável, através da experimen-
tação ativa, é chamado de convergente.
Um aluno que procura compreender a experiência por uma experiência concreta
e transformar essa experiência em algo significativo e usável, através da experimen-
tação ativa, é chamado de acomodador.
O resultado dessas combinações (divergente, assimilador, convergente e acomo-
dador) são chamados de estilos de aprendizagem. Vamos aprender sobre eles na
próxima seção.
Você pode se sentir meio perdido depois de tantos conceitos e definições. Mas
não se preocupe, mais adiante vou fazer a aplicação desses conceitos em sala de aula
de uma maneira bem simples. Tenho certeza que você vai aprender tudo de uma

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maneira bem didática.

10.1 Estilos de aprendizagem


Os estudos sobre estilos de aprendizagem começaram na década de 1960 com Rita
Dunn5 . Somente em 1984, os estudos sobre estilos de aprendizagem tomaram uma
nova dimensão com a publicação do Inventário de Estilos de Aprendizagem por Kolb6 .
Vários autores definem estilos de aprendizagem, mas vou apresentar a definição da
autora evangélica, especialista em educação cristã, Marlene Lefever7 traz a seguinte
definição: Um estilo de aprendizagem é a maneira em que uma pessoa vê ou percebe
as coisas melhores e, em seguida, processa ou usa o que tenha visto.
Cada aluno aprende do seu jeito. Por mais que todos têm o mesmo objetivo, e
o resultado de uma boa aula é a transformação de vida, a maneira que cada aluno
assimila o conteúdo é diferente. Uma boa aula leva em consideração as necessidades
específicas dos alunos e a maneira que cada um aprende.
Podemos dizer que a maneira que cada aluno aprende é tão particular, que cada
um tem seu estilo de aprendizagem. Dessa forma, o ideal seria identificar como cada
aluno em particular aprende, mas seria um absurdo tentar atingir cada aluno com
seu estilo específico. Também seria complicado identificar o estilo de aprendizagem
específico de cada um. Diante dessa realidade, o professor tem que estar mais próximo
possível dos seus alunos para tentar identificar as suas necessidades e sua maneira
de aprender.
Os estudos sobre estilos de aprendizagem chegaram em resultados que facilitam
muito a identificação dos estilos da maioria dos alunos. David Kolb em seu trabalho
afirma que os estilos de aprendizagem podem ser classificados em quatro tipos:

1. Divergente

2. Assimilador

3. Convergente

4. Acomodador

A Marlene Lefever em seu livro “Estilos de Aprendizagem” usa a seguinte notação


para os quatro estilos apresentados por Kolb:

1. O aprendiz interativo (Divergente)


5 BATH, Mehraj Ahmad. Understanding the Learning Styles and its Influence on Teaching/Learning Process. Interna-
tional Journal of Education and Psychological Research.Volume 3, Issue 1, pp: 14-21, March 2014
6 Kolb, D. A. Experiential learning: experience as the source of learning and development. Englewood Cliffs, New

Jersey: Prentice Hall, 1984.


7 LEFEVER, Marlene. Estilos de Aprendizagem. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

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Figura 10.3: Ciclo de aprendizagem

2. O aprendiz analítico (Assimilador)

3. O aprendiz pragmático (Convergente)

4. O aprendiz dinâmico (Acomodador)

Eu acredito que a notação da Marlene Lefever é mais simples de decorar, isso ficará
mais claro quando explicar sobre cada estilo mais adiante.
Antes de detalhar cada estilo, gostaria que você entendesse como é a estrutura de
uma boa aula (observe a figura 10.3).
Veja que uma boa aula começa com uma introdução onde o professor vai
analisar o conhecimento que os alunos têm do assunto. Nessa fase ele vai interagir
com os alunos.

Depois o professor vai ensinar o novo assunto, pois o objetivo é que eles
aprendam algo novo. Nessa fase, o professor vai explicar o assunto com a revista, a
Bíblia, suas anotações e o que mais ele tiver preparado durante a semana.

A próxima fase da aula é o momento em que o professor vai aplicar o novo


conceito que foi estudado. Para ser mais específico, ele vai testar o novo conceito em
sala de aula. Pode ser com um exemplo, uma dinâmica, uma entrevista, ou qualquer
outro método que possa deixar bem claro que tudo o que foi estudado realmente tem
aplicações práticas na vida dos alunos.

Por último, o professor vai propor algo para incentivar o uso do assunto estudado.
Isso tem que ser fora da sala de aula, durante a semana.

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Aprendizes interativos (ou divergentes na notação de Kolb)
Esse aprendiz destaca em experiência concreta e observação reflexiva. Possuem
uma grande habilidade imaginativa. O aprendiz interativo aprende melhor ouvindo
e compartilhando ideias, são aqueles alunos que interagem com o professor, seja
perguntando, seja compartilhando experiências ou mesmo colocando seu ponto de
vista. Esses alunos são de suma importância para o desenvolvimento do assunto, pois
eles usam seus sentidos, sensibilidade e a observação para fomentarem rumos ao
pensamento do professor.
Os interativos estão sempre dispostos a participarem, e muitas das perguntas que
fazem, ajudam os mais tímidos que gostariam de fazer as mesmas perguntas e, devido
serem inibidos, não o fazem.
Estes aprendizes processam o conhecimento através da reflexão das observações
feitas, quando ele está em silêncio é devido a reunião de argumentos que está for-
mulando para participar em algum ponto da aula, quando o professor toca no ponto
de raciocínio, com certeza, terá sua aula interrompida por ele, pois vai expor o que
observou.
Os alunos interativos não são muito amigáveis com soluções convencionais, pois
aprendem melhor em situações que possam gerar ideias. Estão sempre preocupados
com o bem-estar dos outros e têm uma fértil imaginação.
Eles geralmente têm amplo interesse em cultura e tendem a se especializar em
artes. As pesquisas realizadas por Kolb mostram que as pessoas formadas nas áreas
de humanas e artes tendem a ser interativas.

Aprendizes analíticos (ou assimiladores na notação de Kolb)


As habilidades dominantes de aprendizagem desse aprendiz são conceitualização
abstrata e observação reflexiva. A grande habilidade desse aprendiz é a formulação
de modelos teóricos. Ele gosta mais da parte teórica do que da parte prática de uma
teoria.
Os aprendizes analíticos são os alunos que aprendem pelo método tradicional, por
assimilarem bem os conteúdos, geralmente são considerados os melhores alunos. São
planejadores e trabalham seus pensamentos com estratégias. Estão sempre em busca
da perfeição, da resposta correta, exigem de si mesmo os níveis mais altos possíveis
buscando as melhores notas na escola e na vida.
Estes aprendizes adquirem conhecimento observando, ouvindo e anotando tudo o
que se ministra. Associam observações feitas a partir de conhecimentos já adquiridos.
O modelo tradicional de ensino lhes é melhor assimilado porque são teóricos e
consolidam suas bases de aprendizagem em literaturas já lidas.
Os analíticos não contam muito com intuição, pois é na lógica que estão firmadas
suas decisões, não costumam aceitar fatos não comprovados, por isso são congratula-
dos como os melhores alunos do método tradicional. Buscam constantemente novos

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conhecimentos, têm um excelente hábito de leitura e dispõem de certa facilidade para


assuntos complexos.
Em relação à formação superior, eles preferem ciências básicas (física, química,
matemática) em detrimento das ciências aplicadas (engenharias, por exemplo).
Por outro lado, os analíticos não gostam muito de relacionamentos interpessoais,
desenvolvem certas dificuldades para trabalho em equipe, preferem a companhia
de um livro ao perder tempo com discussões sem fundamentos para eles. São orga-
nizados e sempre pensam que grupos bagunçam. Como são analíticos precisam de
concentração e um ambiente organizado lhes dará sempre essa condição.

Aprendizes pragmáticos (ou convergentes na notação de Kolb)


Este aprendiz tem maneiras de aprender opostas aos interativos (divergentes). Ele se
destaca na conceitualização abstrata e experimentação ativa e está preocupado com
a aplicação prática das ideias. Para ele, ideias que ficam apenas no campo teórico,
não possuem utilidade nenhuma.
O aprendiz pragmático se diverte com ideias, provando se são funcionais. Este
aluno vai testar as teorias no mundo real, analisando se elas são racionais e se
funcionam verdadeiramente. Preferem cabalmente ver o trabalho sendo realizado, se
sobressaem dos demais nas atividades que exigem prática.
O aprendiz pragmático aprende melhor quando aprender é combinado com fazer.
Se na sala de aula forem levantados problemas, com certeza tomarão a frente, pois
gostam de resolver problemas. Sua ferramenta para tal solução é a hipótese, sempre
testará o maior número de vezes possível.
As pesquisas de Kolb concluíram que esse aprendiz não se entrega muito às emoções
e prefere lidar com coisas em vez de pessoas. Em relação à formação superior, ele
prefere cursos de ciências aplicadas, por exemplo, cursos de engenharia.
Algumas pessoas tiram notas baixas na escola, mas na sua casa sabem consertar
tudo o que quebra. O pragmático pode muitas vezes passar por “burro” na escola,
mas isso é um grande engano, pois ele saber fazer coisas que ninguém mais consegue.

Aprendizes dinâmicos (ou acomodadores na notação de Kolb)


Este aprendiz é o oposto do aprendiz analítico (assimilador). Ele se destaca na
experiência concreta e experimentação ativa.
Similar aos pragmáticos, o aprendiz dinâmico também gosta de ação, porém não
abrirá mão de criar novas situações em cima do que está proposto 8 . Eles sempre que-
rem ir além do que foi ensinado, pois precisam experimentar todas as possibilidades.
Como foi apresentado anteriormente, aprendizes analíticos não contam muito com
a intuição, no entanto, os dinâmicos a usam como uma ferramenta excelente para
perceber novas direções e criar novas possibilidades.
8 LEFEVER, Marlene. Estilos de Aprendizagem. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

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Esse aprendiz não temerá assumir os riscos e estará sempre disposto a mudar. Eles
adoram o novo, sempre fazendo experiências, utilizando a estratégia de tentar e errar
até chegarem ao resultado.
As pesquisas de Kolb mostram que esse aprendiz prefere formação em áreas técnicas
ou práticas como negócios. Como são bons de relacionamento e liderança, conseguem
ter bons resultados no ramo empresarial. Essas áreas costumam ter problemas que
para serem resolvidos que exigem habilidades de intuição ou tentativa e erro, ponto
forte do aprendiz dinâmico.
São excelentes em trabalhos em grupos, pois usarão as pessoas para encontrar
a teoria que venham ajudá-los a resolver os problemas. Esse aprendiz trabalhará
muito bem com os demais estilos. Em detrimento de serem criativos, serão sempre
inquietos, por isso não precisam seguir padrões de teorias para realizarem seus feitos.
A criatividade para ele é mais importante do que qualquer coisa.

10.2 Aplicação do ciclo de aprendizagem na sala de aula


Vou apresentar aqui um resumo de uma aula em que se aplica os estilos de aprendiza-
gem.

Tema da aula: Orando como Jesus ensinou


1º Fase: O professor vai interagir com os alunos falando sobre a vida de oração
deles. Vai perguntar se todos sabem orar, se eles oram todos os dias, se eles já
perceberam que suas orações foram respondidas. Se alguém disser que teve orações
respondidas, ele vai pedir para o aluno contar seu testemunho. O professor também
pode levar para sala de aula alguém que tem um bom testemunho sobre oração. Pode
levar um vídeo contanto um testemunho ou alguma história relacionada ao tema.
Enfim, as possibilidades são infinitas, o importante é interagir com a turma para saber
o quanto eles sabem sobre oração e despertar a curiosidade deles para o assunto a ser
ministrado.
2ª Fase: O professor vai ministrar sua aula de acordo com o seu preparo. Essa fase
é o que chamam por aí de “a aula em si”. Muitos pensam que a aula se resume apenas
nessa fase. Como esquecem das outras fases, deixa de ministrar uma aula completa.
Todas as fases são importantes, pois cada uma contempla um estilo de aprendizagem.
Aqui nessa fase também é importante realizar dinâmicas e usar recursos didáticos
variados. Mas o foco aqui é transmitir o conteúdo novo.
3ª Fase: O professor já conseguiu entender o quanto seus alunos sabem do assunto,
já ensinou o assunto novo, e agora ele tem que testar esse novo conceito ensinado.
Muitos alunos vão se perguntar - como vou aplicar isso na minha vida? – Como
colocar isso em prática? – Será que tudo o que o professor ensinou tem aplicação
prática? Para tirar essas dúvidas, o professor deve fazer alguma dinâmica para
demonstrar esse novo conceito na sala de aula. O professor pode pedir para seus

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Figura 10.4: Ciclo de aprendizagem relacionado aos estilos de aprendizagem

alunos escreverem uma oração em um papel, depois todos vão realizar essa oração
em conjunto, cada um faz a sua. Depois vão guardar essa oração em uma caixinha. E,
assim, pedir para que contem depois o testemunho da resposta daquela oração.
4ª Fase: Agora muitos alunos podem estar se perguntando o que fazer depois
de tudo isso. O professor tem que orientar a aplicação desse novo conceito após a
aula. Depois que forem para casa, eles têm que colocar em prática, caso contrário, a
aula vai cair no esquecimento. O professor pode propor uma semana de oração para
colocarem em prática o que aprenderam durante a semana. Pode marcar um horário
para orarem juntos na igreja. Pode ser um período de oração durante a semana na
casa de um dos alunos. Cada dia na casa de um aluno diferente, por exemplo. O
importante aqui é fazer com que o novo conceito seja aplicado na prática fora da sala
de aula.
Agora vamos entender o que realmente significa os estilos de aprendizagem e como
que cada estilo está relacionado com cada fase da aula. Vejamos a seguinte imagem
(ver imagem 10.4).
Cada fase da aula está relacionada ao estilo de aprendizagem dos alunos:

1ª Fase: Você interage com a turma, porque o aluno interativo precisa disso para
aprender melhor.

2ª Fase: Você ministra a aula com o assunto novo, porque o aluno analítico precisa
aprender coisas novas.

3ª Fase: Você testa o novo conceito na sala de aula, porque o aluno pragmático

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precisa desse teste para aula fazer sentido para ele.

4ª Fase: Você propõe algo para fazer durante a semana, porque o aluno dinâmico
precisa ir além da sala da aula.

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Capítulo 11
Estrutura de uma aula na EBD

Para você ministrar uma boa aula na EBD, é necessário seguir alguns passos. Aqui
nesta seção irei mostrar o passo a passo de uma boa aula.

11.1 Revisão da(s) aula(s) anterior(es)


Na revisão é importante interagir com os alunos para saber se estão colocando
em prática o que estão aprendendo. É importante o professor saber se o conteúdo
ministrado está sendo relevante para os alunos.

a) Revisar somente a aula anterior

Aqui o professor vai revisar tudo que foi estudado na aula anterior. É uma revisão
um pouco detalhada. Se você usou uma revista da Escola dominical, fale de cada um
dos tópicos. Se você ensinou sobre uma passagem bíblica, revise os tópicos na qual
você dividiu a passagem.
Não importa muito se foi você ou não quem ministrou a aula anterior. Muitas
vezes na escola dominical uma classe tem dois ou mais professores. No entanto, isso
não impede um professor de fazer a revisão da aula ministrada por outro professor.
O professor deve estudar todo o conteúdo da revista, mesmo que ele não ministre
a aula. Devemos sempre lembrar que as revistas seguem uma sequência, ou seja, a
lição anterior é pré-requisito para a lição atual, que é pré-requisito para a próxima
lição.
A parte mais importante da revisão é saber se os seus alunos colocaram em prática
o que foi ensinado. Por isso, o aluno deve participar ativamente da revisão. O
professor deve perguntar para os alunos se eles lembram do assunto estudado e
quais ensinamentos da aula foi colocado em prática durante a semana. Se o professor
passou alguma atividade, é o momento de cobrar essa atividade.

b) Revisar várias aulas anteriores

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A revisão das aulas anteriores não é obrigatória, porém em alguns momentos
ela pode ser importante, pois relembra os alunos que aquilo que será estudado está
conectado a um contexto maior. É importante contextualizar o tema da aula atual a
partir das aulas anteriores. Nesse momento também é importante perguntar para
os alunos se eles estão colocando em prática tudo o que está sendo ensinado no
trimestre.
Essa revisão também vale para quem está ensinando durante um período, sobre
um tema, alguma passagem bíblica, salmos, evangelhos, etc.

11.2 Objetivos da aula


Toda aula tem um objetivo geral e um objetivo específico, se esses objetivos não
estiverem claros na mente do professor, a aula não será boa. Algumas revistas da
EBD já vêm com esse o objetivo geral e específico escritos no início de cada lição.

a) Definir o objetivo geral

Objetivo geral deve ficar bem claro no começo da sua aula, pois, assim, você não
vai perder o foco durante a aula. Esse objetivo está relacionado ao tema central e
também ao que o aluno será capaz de fazer no final da aula. Nunca se esqueça que o
seu aluno irá aprender algo novo.

b) Definir os objetivos específicos de cada ponto

Os objetivos específicos estão relacionados ao objetivo a ser alcançado em cada


tópico. No entanto, eu gosto de ir mais adiante. Gosto de definir os objetivos
específicos pensando no que o aluno será capaz de fazer com aquele aprendizado.
Vejamos o seguinte exemplo:

Tema da aula: O evangelismo nos dias de hoje.

Objetivo geral: Entender a importância de ganhar almas para Cristo através da


pregação da palavra de Deus.

Objetivos específicos:

1. Entender sobre o plano de salvação.


2. Aprender a fazer uma abordagem para evangelizar.
3. Saber explicar o plano de salvação para o pecador.
4. Entender a importância de pregar para os amigos na escola ou no trabalho.

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Esses são os objetivos a serem alcançados em uma aula sobre evangelismo. O


professor deve passar o seu conteúdo sempre pensando nesses objetivos. Podemos
reescrever esses objetivos da seguinte maneira:
No final da aula os alunos devem estar aptos a:

1. Descrever o plano de salvação.

2. Fazer uma abordagem para evangelizar.

3. Explicar o plano de salvação para o pecador.

4. Pregar para os amigos na escola ou no trabalho.

Definir os objetivos também ajuda a manter o foco da aula e ajudar o professor


quando algum aluno foge do assunto para contar algum testemunho que não está
relacionado ao tema. Basta o professor dizer “muito obrigado, agora vamos voltar,
pois temos alguns objetivos a serem alcançados”.

11.3 Introdução ao assunto da aula


A introdução é muito importante, pois é aqui que você ganha o seu público. Seja em
uma aula, palestra ou pregação, você tem no máximo três minutos para mostrar para
seu público que vale a pena eles te ouvirem. Você deve deixar bem claro para seus
alunos que a aula que você está prestes a ministrar será realmente significativa para
a vida deles.
Não existe aprendizagem partindo do zero. Todo aluno tem um conhecimento
prévio do assunto e o professor deve começar sua aula com esse conhecimento.
Mesmo que o aluno nunca tenha estudado o tema, ele já deve ter vivenciado na
prática algo relacionado ao tema da aula.
Essa é a parte da aula que o aluno interativo mais gosta, pois ele tem a oportu-
nidade de interagir com o professor e com a turma. Eles passarão a compartilhar
com toda a turma suas experiências e seu conhecimento acerca do tema estudado. Já
na introdução da aula estarão aguçados para participarem. Ele pode ajudar muito o
professor nesse momento.
Não seja aquele professor que pensa que tem todo o conhecimento e que vai apenas
repassar esse conhecimento. Lembre-se que você também é um aprendiz e que seus
alunos têm um conhecimento prévio do assunto.

11.4 Ministração do assunto


Na ministração, o professor vai explicar o assunto da lição.
O professor vai manusear a Bíblia para usar todo o conhecimento adquirido sobre
a palavra de Deus e sobre o assunto que estudou durante a semana. É nessa fase que

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muitos falham, pois não possuem conhecimento de hermenêutica e não leem a Bíblia
com frequência. Por isso, é importante o professor adquirir conhecimento Bíblico
durante toda sua vida e se preparar bem durante a semana.
É nessa fase da aula que o aprendiz analítico participa com mais interesse. Ele gosta
da explicação bíblica de maneira sistemática, com o professor falando. Eles precisam
entender o assunto detalhadamente para fazerem a concordância com assuntos já
conhecidos. Para isso, precisarão estar concentrados, daí um dos motivos para não
gostarem de reunião de grupos.
O professor deve orientar esses alunos na descoberta do que precisam saber, lhes
dando passos sistemáticos e, devido sua característica planejadora estratégica, de-
senvolverão padrões para alcançarem resultados. Os alunos analíticos gostam do
método de repetição até memorizarem os conteúdos.
No entanto, é nessa fase da aula que o professor deve pensar em recursos didá-
ticos para repassar o conteúdo da lição. O uso de recursos visuais e dinâmicas é
indispensável aqui, pois, assim, você atinge todos os alunos .
Aqui na ministração, o aprendiz pragmático fica se perguntando qual será a aplica-
ção desse assunto. Mas isso fica para a próxima fase da aula. Vale ressaltar que todos
os estilos aprendem em todas as fases. No entanto, cada um destaca em uma fase
específica.

11.5 Aplicação do assunto ensinado


Depois de explicar o conteúdo, o professor vai aplicar o assunto ministrado na vida
dos alunos. A aplicação pode acontecer em cada tópico ou pode ficar para o final.
Na aplicação o aprendiz pragmático entra em cena. O aprendiz pragmático sempre
se preocupará com o lado prático da solução do problema, pois, para ele não basta
saber sobre o assunto, tem que saber o que fazer com o que foi aprendido. Tentarão
descobrir como pôr em prática o que aprenderam. São inimigos de teorias que em
seu juízo não lhe acrescenta nada, uma aula voltada a analíticos, perderá pragmáticos.
Gostam de experimentar o que foi ensinado na teoria. Para o aprendiz pragmático, o
que se aprende em sala de aula tem que servir para “agora”.
O professor deve deixar bem claro que o assunto ministrado tem aplicações práticas.

11.6 Conclusão e apresentação do próximo assunto


O professor deve concluir a aula fazendo um resumo de todo o conteúdo estudado e
suas aplicações, depois deve falar do próximo assunto a ser ministrado.
O mais importante nessa fase é a atividade que o professor vai propor para ser
realizada durante a semana. Se o professor não mostrar que tem algo a mais, ele pode
prejudicar o aprendiz dinâmico.
Essa fase da aula deve contemplar diretamente o aprendiz dinâmico. Ele não gosta
de ficar apenas no que foi ensinado, tem que ir mais adiante. Ele quer ir além daquilo

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que o professor ensinou, sonha alto, visualiza os fatos como se eles já tivessem
ocorrido. Quando o professor instiga a classe para que gerem ideias, terão nesses
aprendizes um potencial para criação, começarão a expor as suas ideias aos demais e
quando se derem conta terão aprendido enquanto ensinam.

11.7 Recursos didáticos


Uma realidade da maioria das igrejas é a falta de recursos didáticos para o professor
ministrar a aula. Muito vão dizer que o motivo é a falta de recursos financeiros para
comprar. No entanto, essa desculpa “não cola”, pois um quadro branco ou negro é
muito barato. Pelo menos um quadro o professor deve ter para ministrar sua aula.
Meu pai foi dirigente de uma igreja pequena que não tinha recursos. Quando eu
era convidado para ministrar aula na EBD dessa igreja, levava a minha TV de casa.
Tem gente que não faz isso, mas eu não hesito em levar, pois acredito que tudo que
tenho pertence ao Senhor.
Mais importante que os recursos, é saber usá-los. Na verdade, não tem nenhum
segredo, mas vale prestar atenção em alguns detalhes.
O quadro pode ser negro ou branco. O quadro negro é mais barato que o branco,
risca com giz, que também é mais barato que pincel, mas para riscar bem, precisa
estar bem firme na parede. O quadro branco perde quando se compara os preços,
mas ele é mais fácil de riscar e por isso não precisa ficar muito firme. Pode ficar em
um cavalete que é fácil mudar de lugar. Eu prefiro quadro branco.
Quando for ministrar uma aula no quadro, procure não ficar na frente do quadro
enquanto escreve. Sempre que estiver falando olhe para os alunos, pois não é legal
falar de costas, mesmo que esteja escrevendo. Use o quadro para montar esquemas
e desenhar. Não precisa ficar apenas escrevendo o que está dizendo. O professor
também pode imprimir alguma figura e colar no quadro. As possibilidades são muitas,
use sua criatividade.
O Datashow ou TV são recursos mais “poderosos”, pois eles são usados para
ministrar uma aula com recursos visuais no formato digital. Você pode mostrar uma
figura, passar um vídeo ou ministrar a aula completa com slides. Muitos acham que é
complicado ministrar uma aula com slides, mas não se preocupe, com o tempo você
se acostuma. A principal barreira de uma aula com slides é a produção dos slides,
pois exige conhecimento técnico para fazer um slide de qualidade1 .
Os slides não podem ter somente texto. O mais interessante dos slides é explorar
o lado visual para melhorar o aprendizado. Se você não tem conhecimento técnico
para produzir os slides ou não tem tempo, pode procurar na internet que encontra.
Alguns sites disponibilizam slides gratuitos (geralmente são simples) ou pagos (mais
elaborados como os slides do EBD em Foco). Com o slide pronto, o professor deve
1O site www.ebdemfoco.com tem slides de qualidade para professores da EBD.

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estudá-lo com cuidado para dominar tudo o que está escrito. Nunca vá para a aula
sem conhecer o slide que vai usar.

Livros para aprimorar seu conhecimento de didática

• Métodos Criativos de Ensino (Marlene Lefever)


Esse livro é excelente para quem quer ministrar uma aula diferenciada. Eu
recomendo, mas confesso que tem alguns capítulos um pouco fora de contexto.
Primeiro porque foi escrito para o público norte-americano, segundo porque
foi escrito em uma época que a tecnologia não era muito avançada. Não sei se
a nova edição veio atualizada em relação a isso. Mas de qualquer maneira, é
um excelente livro. É indispensável para o professor da EBD.

• Estilos de Aprendizagem (Marlene Lefever)


Nesse livro Marlene Lefever faz uma adaptação dos estudos sobre estilos de
aprendizagem para a realidade do professor da EBD. É um excelente livro para
quem quer se aprofundar neste tema.

• Socorro: Sou professor da Escola Dominical (Lécio Dornas)


É um ótimo livro, pois tem dicas muito práticas para o professor da EBD.
Recomendo.

• Ensino participativo na Escola Dominical (Marcos Tuler)


Esse livro também é bem prático e incentiva o professor a ministrar uma aula
em que todos participam. Recomendo.

• As sete leis do Ensino (John Milton Gregory)


Esse livro é muito bom. Mas confesso que é um pouco teórico. Se você for ler
ele, procure ler com calma, anotando os detalhes e procurando saber como vai
aplicar o que ele ensina.

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Capítulo 12
Resumo dos estilos de aprendizagem

Características dos aprendizes interativos:

• Falam dando uma visão panorâmica;

• Aprendem ouvindo e compartilhando ideias;

• Respondem as perguntas “Por quê?” e “Por que não?”;

• São sociáveis, amigáveis, sensíveis;

• Têm empatia;

• Observam com perspicácia a natureza humana;

• Gostam de ouvir e falar;

• Trabalham melhor em um ambiente barulhento;

• Não gostam de leituras longas, memorizar e trabalhar sozinhos;

• São pessoas idealizadoras;

• Estão em sintonia com seus sentimentos;

• Veem os fatos em relação às pessoas;

• Aprendem falando;

• Gostam do sentimento de “meu grupo”;

• Sentem-se mais espertas quanto mais falam;

• Gostam de teatro, simulação, mímica;

• Não gostam de situações do tipo perder/ganhar;

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• Valorizam mais as pessoas que os produtos, mais as amizades que as notas;

• Gostam de um ambiente de trabalho colorido;

• Definem-se em termos de amizade.

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Características dos aprendizes analíticos:

• Gostam de informações apresentadas de forma lógica e sequencial;

• Valorizam fatos números e o que é teórico;

• Debatem para provar pela lógica a posição ou a resposta correta;

• Valorizam pessoas talentosas e sábias;

• Colocam alvos de longo prazo e avaliam suas consequências;

• São interessados em ideias;

• Consideram-se intelectuais;

• Valorizam a teoria;

• Pensam em termos de respostas corretas e incorretas;

• Valorizam estarem certos;

• Gostam de ouvir e fazer anotações;

• Gostam de professores que trazem informações;

• Preferem um ambiente silencioso para trabalhar;

• Aprendem pela metodologia tradicional;

• Detestam situações e métodos em que ninguém ganha;

• Definem a si mesmos pelo quanto são espertos;

• Gostam de ler a Bíblia para tirar conceitos e princípios;

• Precisam de competição;

• São impessoais;

• Preferem trabalhar sozinhos.

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Características dos aprendizes pragmáticos:

• Movimentam-se durante o processo de aprendizagem;

• Valorizam a ação, o desenvolvimento de produtos, o “como”;

• São realistas e práticos;

• Lidam com as consequências lógicas;

• São orientados para alvos;

• Encaram habilidades como conhecimento;

• Valorizam gerentes de treinamento;

• Preferem trabalhar sozinhos;

• São impessoais;

• Não gostam de ler;

• Valorizam o pensamento estratégico;

• Restringem o julgamento a coisas concretas;

• Avaliam o sucesso pelo funcionamento dos projetos;

• Não gostam que lhes forneçam as respostas;

• São excelentes em resolver problemas;

• Gostam de ler sobre “como”;

• Veem o cristianismo em termos de ação;

• Leem a Bíblia para obter informações práticas;

• Não gostam de ficar sentados quietos para aprender;

• Ensinam e aprendem com demonstrações;

• Podem ser versáteis em mecânica e computadores.

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Características dos aprendizes dinâmicos:

• Lideram;

• Têm atitudes de comportamento experimental;

• Cultivam um senso de humor bem desenvolvido;

• Requerem flexibilidade;

• Gastam muito tempo para fazer uma tarefa;

• Precisam ter alternativas;

• Gostam de salas de aula voltadas para os alunos;

• São curiosos e perspicazes;

• Gostam de professores que facilitam e estimulam a criatividade;

• São voltados para o futuro;

• Querem tomar atitudes diferentes ou quebrar as regras;

• Toma decisões baseadas em intuições;

• Gostam de pessoas;

• Comunicam-se com grande habilidade;

• Gostam de representar, ou de qualquer forma de arte que lhes permita firmar a


individualidade;

• São imprevisíveis;

• Valorizam a criatividade;

• Possuem uma forte intuição;

• Conseguem ver várias maneiras de abordar uma situação ou problema;

• Trabalham para fazer as coisas melhores ou diferentes.

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Capítulo 13
Conclusão

Chegamos ao fim do livro, mas não pense que seja o fim da sua jornada para ser um
professor de excelência. Essa jornada só está começando e vai durar a vida inteira,
pois nunca podemos parar de aprender.

Gostaria de fazer algumas considerações. Em primeiro lugar, não deixe esse con-
teúdo apenas na teoria, coloque em prática tudo que aprendeu aqui. Em segundo
lugar, faça adaptações de acordo com sua realidade, não considere este conteúdo
como sendo um manual que deve ser seguido à risca sem mudar nada, pois esse não
é o objetivo. O objetivo é fornecer as diretrizes para que você possa ministrar uma
aula de excelência usando os recursos que você tem disponível. Em terceiro lugar,
entre em contato comigo pelo whatsapp, e-mail ou qualquer outro meio para sugerir
melhorias. Estou aberto a sugestões. Este trabalho não é fruto da minha cabeça, mas
é resultado de anos ouvindo os principais anseios dos professores da EBD.
Que Deus possa abençoar grandemente sua vida e lhe capacitar para oferecer o
melhor.

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O ministério de ensino é de suma importância para um crescimento saudável
da igreja. Realizá-lo com competência, requer preparo e dedicação. Este
livro tem como objetivo ajudar a todos os educadores cristãos a serem mais
dedicados, e, ao mesmo tempo, prepará-los para exercer este ministério com
competência, oferecendo o melhor nas atividades de ensino da sua igreja. Ao
ler este livro, o educador cristão vai aprender a interpretar um texto bíblico
corretamente, vai conhecer os principais tipos de lições, vai preparar uma
aula de acordo com cada tipo, vai entender como as doutrinas se relacionam
com o conteúdo da aula e vai desenvolver sua didática, para assim, transmitir
um conteúdo transformador de vidas.

Sobre o autor
Bacharel em física e formando em teologia, possui mestrado
em engenharia e trabalha como professor universitário.
Desenvolve trabalhos na igreja na área da educação cristã
desde 2004. Em 2016 fundou a EBD em Foco, uma
plataforma para professores da EBD que querem ministrar
uma aula de excelência. Na plataforma produz um conteúdo
exclusivo para as igrejas e ministra cursos de capacitação
para educadores cristãos de todo o Brasil.

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