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Erberson R. Pinheiro dos Santos Os 4Cs da Educação Cristã
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possível, e tenho certeza de que os benefícios que você terá com esse livro digital
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Sumário 4
I CONHECIMENTO BÍBLICO 9
1 Introdução 11
2 A Importância da hermenêutica 13
2.1 O abismo do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2 O abismo geográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 O Abismo cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4 O abismo do idioma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.5 O abismo literário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.6 O abismo sobrenatural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.7 Hermenêutica, exegese e homilética . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3 O método histórico-gramatical 19
3.1 Preparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.3 Análise contextual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.4 Análise formal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.5 Análise detalhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.6 Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.7 Reflexão teológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.8 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
IV CONHECIMENTO DE DIDÁTICA 91
9 Introdução 93
10 Aprendizagem 95
10.1 Estilos de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
10.2 Aplicação do ciclo de aprendizagem na sala de aula . . . . . . . . . 102
13 Conclusão 117
• 1° C - Conhecimento Bíblico
• 3° C - Conhecimento do Assunto
• 4° C - Conhecimento de Didática
CONHECIMENTO BÍBLICO
1 NICODEMUS, A. A Bíblia e seus intérpretes. 3ª edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
Para interpretar corretamente a Bíblia, deve-se conhecer alguns detalhes dos livros
que a compõe, tais como: quando foi escrito, em que circunstância foi escrito, por
quem foi escrito e qual o propósito pelo qual foi escrito. Ao contrário do que muitos
pensam, você não precisa fazer um curso de teologia para saber de todas essas coisas,
esse conhecimento pode ser adquirido em livros sobre hermenêutica e exegese. Aqui,
neste livro, irei apresentar um método de interpretação conhecido como "método
histórico-gramatical".
4 ZUCK, R. B. A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia. 1ª edição. São Paulo: Vida Nova, 1994.
Para fazer a interpretação correta das Escrituras é necessário adotar um método. Isso
não significa que você vai fazer algo engessado, sem poder seguir as instruções do
Espírito Santo. Você vai orar, buscar a direção de Deus e depois vai usar as diretrizes
de algum método para fazer a interpretação correta do texto bíblico em questão. Será
apresentado aqui o método de interpretação bíblica chamado de histórico-gramatical.
Esse método surgiu na Reforma Protestante no século XVI, e tem como premissa
que a Bíblia é a Palavra de Deus, infalível e inspirada pelo Espírito Santo. Com esse
método você terá um passo a passo para fazer a interpretação do texto bíblico e
entender o seu real significado. A aplicação do método deve acontecer de maneira
flexível, pois dependendo da profundidade do seu estudo, muitos passos podem ser
resumidos ou adaptados para a sua realidade.
O método histórico-gramatical, emergido progressivamente, da prática da interpre-
tação da Bíblia, defende que o “[...] significado de um texto é aquele que o autor tinha
em mente, e que a intenção do autor pode ser derivada com o máximo de exatidão,
observando-se os fatos da história e as regras de gramática aplicáveis ao texto sob
estudo”1 .
A estrutura proposta aqui é baseada no livro “Introdução a exegese bíblica” de
Michael Gorman. Os passos a serem seguidos são:
Saiba que você sempre precisa interpretar um texto bíblico para ministrar uma
aula de excelência. Algumas lições são temáticas, outras lições são 100% baseadas
em um texto bíblico. Mas, independentemente do tipo de lição, o ato de interpretar
deve ser colocado em prática. Os tipos de lições serão abordados de maneira mais
detalhada no 3º C – Conhecimento do assunto. Adiantando um pouco esse assunto,
considere a seguinte classificação das lições:
Tipo 2: O professor tem a revista com o estudo pronto e a lição é baseada em uma
única doutrina bíblica ou várias doutrinas.
Essa lição teve como propósito mostrar quem de fato é Jesus Cristo. Foi estudada
a humanidade e a divindade de Jesus, enfatizado o propósito da sua missão que é
salvar a humanidade.
Essa lição foi baseada na parábola do bom samaritano. Foi realizada a exposição
do texto de Lucas 10.25-37. Nesse caso, toda a lição se baseou nesse texto.
Exemplo: Você pretende ministrar uma série de estudos expondo a carta aos efésios.
3.1 Preparação
Antes de começar a fazer o trabalho de exegese (interpretação) você precisa escolher
o texto bíblico corretamente. Esse trabalho é chamado de delimitação da perícope.
Delimitação da perícope
Para quem tem a revista, o texto bíblico já vem delimitado. No entanto, nem sempre
a delimitação proposta pelo escritor da revista está de acordo com a sua delimitação
verdadeira. Você vai entender isso mais adiante.
A primeira tarefa a ser feita no processo de interpretação bíblica é a delimitação
do texto a ser estudado, algo essencial para que o estudo a ser ministrado tenha
coerência. Em uma linguagem mais técnica, essa parte é chamada de delimitação
da perícope. Uma perícope é um “pedaço” de um texto que tem começo, meio e
fim. Nem sempre a divisão que está na Bíblia é fiel ao que o autor queria fazer, isso
acontece porque a divisão de capítulos e versículos que tem na Bíblia hoje foi feita
pelos tradutores e não pelo escritor original.
Suponha que você deseja pregar a respeito da passagem que se encontra em Efésios
5.1-2. O que vem em mente é que esse texto é independente, pois está no começo
do capítulo. Mas se você olhar com mais cuidado, verá que os versículos 1 e 2 do
capítulo 5 estão concluindo o pensamento de Paulo acerca da santidade que começa
no versículo 25 do capítulo 4; dessa forma o texto a ser estudado deve ser Efésios
4.25-5.2.
Esse texto (Efésios 4.25-5.2) é considerado uma perícope, pois aqui Paulo está se
aprofundando sobre o tema santidade discutido anteriormente (Efésios 4.17-24). Ele
trata aqui (Efésios 4.25-5.2) sobre o abandono de todo pecado que era praticado antes
A mudança do local onde acontece a ação. Em João 8.59 Jesus sai do templo, e em
João 9.1 Jesus está caminhando; isso indica que em João 9.1 começa uma nova perícope.
3.2 Pesquisa
Visão Geral (Familiarização com o texto)
A familiarização com o texto é muito importante, pois quase tudo o que lemos pode
não ficar muito claro com uma leitura inicial; por isso, é necessário ler a passagem
bíblica várias vezes para conseguir entender o que o autor quis dizer. Ler em traduções
diferentes também ajuda muito, pois o processo de tradução é complexo, assim um
texto bíblico pode ficar mais claro em uma tradução do que em outra. Nesse momento,
você ainda não vai tirar conclusões, no máximo vai fazer algumas anotações, ou seja,
vai registrar as primeiras impressões da passagem bíblica escolhida. Não existe uma
regra com relação ao que anotar, se tiver uma palavra que se repete, anote ela; se for
uma narrativa anote o nome dos personagens.
Outra tarefa que deve ser realizada é entender um pouco mais sobre o livro em que
está contida a passagem bíblica. Você deve procurar saber quem escreveu, quando
escreveu, para quem escreveu, porque escreveu e o tema principal, isso faz toda
a diferença. Explicar uma passagem de filipenses sabendo que Paulo estava preso
faz toda diferença na interpretação. Para essa tarefa será necessário ler um livro
de introdução ao Antigo Testamento ou Introdução ao Novo Testamento. Não se
preocupe agora em fazer um estudo profundo da passagem nesta fase da interpretação,
2 KUNZ, Claiton André. Método histórico-gramatical. In: Via teológica. Curitiba: FTBP, 2008. Nº 16, vol. 2, p. 23-53.
Formulação da hipótese
De acordo com o dicionário online do Google:
Logo no início da sua interpretação você já deve formular sua hipótese; neste caso,
você vai supor ou conjecturar o significado do texto bíblico estudado. Talvez, no
final do seu estudo, você chegue à conclusão de que sua hipótese não é válida, mas é
importante fazer mesmo assim.
Muito provavelmente, na formulação da hipótese, você irá exteriorizar tudo aquilo
que você já ouviu sobre o texto e aquilo que você acha que o texto significa, mas não
se preocupe, assim que você for prosseguindo no estudo, poderá ir revisando sua
hipótese inicial.
Faça as seguintes perguntas para formular uma boa hipótese:
Contexto histórico
Todos os textos bíblicos foram escritos em um contexto histórico específico, e para
compreender corretamente um texto bíblico é necessário saber quando o texto foi
escrito, por quem foi escrito, para quem foi escrito e onde foi escrito. Ao considerar
tudo isso, é necessário entender qual o contexto político e religioso naquela situação3 .
Observe que para entender o Antigo Testamento, você deve saber sobre a divisão
de Israel em Reino do Norte e Reino do Sul, você tem que compreender também sobre
os povos vizinhos de Israel, tais como: os moabitas, os amonitas e os filisteus. Além
disso, ter conhecimento dos grandes reinos, tais como: Egito, Assíria, Babilônia e
Medo-Persa.
3 GORMAN, Michael. Introdução à exegese bíblica. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.
Contexto cultural
Se nos dias de hoje as culturas são diferentes, imagina agora o abismo cultural entre
nós e os povos dos tempos bíblicos; são textos escritos em uma região diferente da
nossa há muitos anos. Entender o contexto cultural é de extrema relevância para se
fazer uma interpretação correta da Bíblia.
“E enviou dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e um homem, que leva
um cântaro de água, vos encontrará; segui-o” (Marcos 9.17).
• Tem como saber algo a mais sobre a sua história, posição social, crenças ou
política?
4 VIRKLER, Henry A. Hermenêutica avançada. 1ª edição. São Paulo: Editora Vida, 2001.
• Houve alguma circunstância especial que levou o autor bíblico a escrever aquele
livro específico?
Essas perguntas são importantes, pois elas nos levam a fazer uma análise mais
profunda da passagem estudada; e aquelas anotações que você fez no início da leitura
podem ser expandidas agora.
Contexto literário
Para entender o contexto literário, é necessário ler o que vem antes e depois do texto
estudado, pois todo texto deve ser entendido de acordo com seu contexto; se for
possível, leia todo o livro em que está o texto. A leitura do livro completo contribui
para o entendimento de alguns questionamentos, tais como: Qual a função do texto
dentro do livro? Qual argumento o escritor está defendendo? Qual a influência do
personagem na história? Muito do contexto histórico vai ajudar no contexto literário.
Sempre se lembre de um detalhe primordial:
Você nunca deve ler apenas um versículo isolado ou somente o texto bíblico
indicado na sua revista.
A primeira leitura demanda um pouco de tempo, recomendo pelo menos 30 minutos
para essa tarefa. Apesar de 30 minutos parecer pouco, é um tempo suficiente para ler
pelo menos dois capítulos antes e dois capítulos após a passagem estudada; se você
puder dedicar um pouco mais de tempo, é melhor ainda para a sua compreensão do
texto analisado.
Veja um exemplo na passagem bíblica Filipenses 4.13, de como uma leitura fora do
contexto pode trazer uma interpretação errada.
“Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as
coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como
a padecer necessidade” (Filipenses 4.12).
Não se desespere, você não precisa ler a Bíblia toda em uma semana. No entanto,
seria interessante já tê-la lido toda pelo menos uma vez na vida para ter uma visão
geral. A regra básica de interpretação é “a Bíblia interpreta a própria Bíblia”5 .
Se você precisa de uma orientação direcionada para saber como fazer uma boa
análise literária, faça a si mesmo as seguintes perguntas:
Contexto canônico
O princípio básico de Martinho Lutero ao interpretar a Bíblia era “a Bíblia interpreta
a própria Bíblia”6 . Não significa que você vai ignorar os contextos histórico e cultural,
mas que você vai procurar relação do texto estudado com outras passagens bíblicas.
Para analisar o contexto canônico, faça a si mesmo as seguintes perguntas:
• Qual a relação desse texto com outros textos do outro Testamento (Antigo ou
Novo Testamento)?
• Com quais outros textos bíblicos ou temas o seu texto parece estar em conflito?
Esse possível conflito pode ser resolvido?
• Livro poético;
• Cartas;
• Narrativas;
• Livro profético.
O texto a ser estudado pertence a uma unidade maior (gêneros citados acima). No
entanto, esse pequeno texto pode pertencer a um outro estilo literário, essa parte
menor assume uma forma literária, por exemplo:
• Oráculo profético;
• Parábola;
• História de milagre;
• Sermão.
Esboços
A elaboração de um esboço analítico é um aspecto essencial do estudo, pois o texto
tem uma sequência lógica e você, como intérprete da Bíblia, deve perceber o fluxo
das ideias; isso evita que o resultado do estudo não seja um amontoado de ideias sem
sentido.
As pessoas prestam mais atenção em uma ministração quando conseguem entender
a sequência lógica das ideias, por essa razão, para que você entenda a sequência e
transmita isso na sua ministração, você deve fazer o esboço analítico. Esse esboço tem
as divisões principais e as subdivisões, mas não vem acompanhado de explicações ou
algum tipo de interpretação. Para entender melhor, veja o exemplo abaixo com a
passagem bíblica de Efésios 6.10-20:
Assim que listar as palavras-chave, você vai procurar saber o significado “básico”
da palavra, o significado semântico da palavra (o significado dentro do contexto) e
onde essa palavra se encontra em outras passagens bíblicas, e se possível, fora da
Bíblia.
Para exemplificar, observe as seguintes passagens bíblicas: João 1.14 e Efésio 2.3:
8 KUNZ, Claiton André. Método histórico-gramatical. In: Via teológica. Curitiba: FTBP, 2008. Nº 16, vol. 2, p. 23-53
9 GUSSO, Antônio Renato. Como Entender a Bíblia. Curitiba: AD Santos, 2017.
“Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne,
fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira,
como os outros também” (Efésios 2.3).
Carne nesses dois textos no original é sarx que significa: carne, corpo, natureza
humana, materialidade; parentesco. Em João 1.14, carne tem o sentido de natureza
humana, ou seja, Jesus se tornou um ser humano; já em Efésios 2.3, carne tem o
sentido negativo, pois significa natureza pecaminosa. Apesar ser a mesma palavra,
tanto no grego como no português, o contexto diz o que ela realmente significa.
3.6 Síntese
Depois de ter realizado todo esse trabalho detalhado sobre o texto, deve-se sintetizar
tudo em poucas palavras (um parágrafo). A síntese vai além de fazer uma conclusão
do estudo, a ideia é propor uma conclusão acerca do significado essencial do texto,
em relação ao seu propósito ou função, depois de tê-lo estudado. Fazer a síntese é
uma atividade que vai “forçar” você a mostrar que realmente entendeu o significado
do texto bíblico estudado.
Durante todo o trabalho de interpretação, deve-se sempre ter em mente que a Bíblia
é um livro que possui uma mensagem transformadora. Lembre-se que o propósito da
sua interpretação não deve ser apenas produzir um estudo literário do texto bíblico,
mas deve ser um estudo voltado para transformar vidas. Na síntese o exegeta procura
o ponto principal, e essa busca começa desde a pesquisa. As seguintes perguntas
podem ajudar nesse processo:
interpretação teológica é uma comunhão cada vez maior com Deus e uns com os
outros10 .
Para refletir sobre o texto e fazer uma aplicação pessoal, faça as seguintes perguntas:
Fazendo a aplicação
Ao fazer a interpretação de um texto bíblico, você deve entender o texto no seu
contexto original e no contexto contemporâneo, tomando cuidado para não dar um
significado em vez de procurar o verdadeiro significado. A aplicação para os dias
atuais deve estar relacionada ao seu significado original.
Para fazer uma boa reflexão teológica, você deve procurar saber o que o texto
afirma sobre os seguintes temas:
• O povo de Deus;
• Os frutos da salvação;
• O amor de Deus;
• O amor ao próximo;
Segundo GORMAN11 :
O que importa para todos os intérpretes é poder fundamentar a reflexão numa análise
cuidadosa do texto e envolver tanto o texto quanto os outros em um espírito de
humildade.
10 GORMAN, Michael. Introdução à exegese bíblica. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.
11 GORMAN, Michael. Introdução à exegese bíblica. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.
• Vida cotidiana nos tempos bíblicos (PACKER, J. I.; TENNEY, Merril.C.; WHITE
Jr., William).
A falta de ensino das doutrinas pode trazer muitas consequências para a igreja. O
que acontece muitas vezes nas igrejas é o ensino de usos e costumes como se fossem
doutrinas. Usos e costumes mudam com o local, data, igreja. Já as doutrinas são
imutáveis. De acordo com Wayne Gruden
Uma doutrinas é o que a Bíblia como um todo nos ensina hoje acerca de algum tópico
específico1 .
No segundo século a religião cristã, como nova força no mundo, a qual se revelou na
organização da igreja, teve de lutar pela sua própria existência. Teve de defender dos
perigos externos e internos, de justificar sua existência e de conservar sua pureza de
doutrina diante de erros sutis. (História das doutrinas cristãs)2
• Bibliologia;
• Teontologia;
• Cristologia;
• Pneumatologia;
• Antropologia;
• Hamartiologia;
• Soteriologia;
• Angelologia;
• Escatologia.
Essa divisão acima não é uma regra, pois cada livro vai adotar uma maneira
diferente de abordar as doutrinas. Podemos tomar como exemplo o estudo do pecado
(Hamartiologia) que muitas vezes é tratado como um subtópico da doutrina do
homem (Antropologia). Aconselho você a olhar o índice de alguns livros de teologia
sistemática para entender melhor essa organização. O índice é fácil de encontrar na
internet (no site da editora ou de livrarias online).
Se você é um professor da EBD que realmente quer aprender mais sobre doutrinas,
compre um livro de teologia sistemática o mais rápido possível. Comprar um livro
de teologia sistemática pode ser uma tarefa complicada, pois há muitas opções no
mercado e cada livro vem com um ponto de vista diferente. Alguns livros de teologia
sistemática fazem uma abordagem filosófica outros seguem uma linha mais deno-
minacional. Alguns seguem a interpretação arminiana outros a calvinista. Alguns
6.1 Teontologia
Estudo de Deus.
Na teontologia estuda-se acerca do caráter de Deus, seus atributos, sua natureza,
ou seja, estudamos todos os aspectos que Ele revelou na sua palavra. Não é possível
entender Deus por completo, porém podemos aprender um pouco acerca Dele através
das escrituras, para assim termos um relacionamento sério com Ele.
Neste livro não pretendo entrar em detalhes sobre os argumentos acerca da exis-
tência de Deus. Esse conteúdo pode ser encontrado nos livros de teologia sistemática
e outros livros que são voltados para esse propósito1 . Aqui, o propósito é fazer uma
introdução à doutrina de Deus destacando os principais pontos.
A natureza de Deus
Partimos do princípio de que Deus existe. Mas será que realmente podemos conhecer
a Deus? A natureza de Deus se refere ao “ser de Deus”, quem Ele é de fato, não àquilo
que Ele faz.
Esse tema tem sido debatido há séculos e a posição defendida pelos pais da igreja
e pelos reformadores é que Deus não pode ser totalmente compreendido. Deus se
revela nas escrituras, mas nós nunca, de fato, conheceremos Ele na sua essência.
1O livro de teologia sistemática do Wayne Grudem tem bons argumentos acerca da existência de Deus. Para se
aprofundar no tema, é bom ler algum livro que trata especificamente sobre a existência de Deus: 20 evidências que
Deus existe (Kenneth D. Boa, Robert M. Bowman Jr) e Deus não está morto (Rice Broocks).
O finito não pode conhecer o infinito. No entanto, tudo que precisamos conhecer
sobre Deus foi revelado nas escrituras. Qualquer ideia sobre Deus que foi escrita
ou falada por meio de uma revelação especial que não é a Bíblia, é mentirosa. Dois
conceitos acerca de Deus devem ser observados antes de qualquer estudo sobre Deus:
transcendência e imanência2 .
"Quem mediu as águas na concha da mão, ou com o palmo definiu os limites dos
céus? Quem jamais calculou o peso da terra, ou pesou os montes na balança e as colinas
nos seus pratos?"(Isaías 40.12)
Deus está muito além do universo, por maior que o universo seja, não pode conter
Deus. Salomão na sua sabedoria reconheceu que nada pode conter Deus.
"Mas será possível que Deus habite na terra? Os céus, mesmo os mais altos céus, não
podem conter-te. Muito menos este templo que construí!"(1 Reis 8.27)
"Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua
presença?"(Salmos 139.7)
A imanência de Deus significa que Ele está presente na vida das pessoas, significa
que podemos ter um relacionamento com Ele. Muitas religiões vão pregar um Deus
exclusivamente transcendente, que está longe e não pode ter um relacionamento com
2 SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 1ª Edição. Curitiba: AD Santos, 2014.
"Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: "Habito
num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para
dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito."(Isaías 57.15)
Os atributos de Deus
Devido à nossa limitação em relação a Deus, não é possível descrever o ser de Deus
por completo. No entanto, nas Escrituras encontramos a revelação de Deus e podemos
descrever alguns de seus atributos. Os atributos pertencem à essência divina, sem as
quais Ele não seria Deus. Os atributos serão divididos aqui como naturais e morais.
Os atributos naturais estão relacionados ao ser de Deus, tais como sua autoexistência,
onipotência, onipresença. Os atributos morais estão relacionados ao que é correto.
Seria algo relacionado ao comportamento de Deus, tais como sua santidade, bondade,
justiça. Todos esses atributos Deus tem na sua maior perfeição e não de maneira
limitada como nós. Nós podemos amar, mas Deus é o próprio amor. Nós podemos
ser bons, mas a bondade de Deus é infinita. Nós podemos ser justos, mas a justiça de
Deus é perfeita.
Espiritualidade
A Bíblia afirma que Deus é Espírito, portanto não tem carne nem osso (Jo 4.24; Is 31.3;
Hb 12.9). Não podemos afirmar que Deus tem uma parte material e outra espiritual.
As escrituras muitas vezes se referem aos olhos de Deus, braços de Deus, dentre
outras expressões referentes às partes do corpo humano, no entanto, essas expressões
são uma linguagem antropomórfica, que tem como objetivo esclarecer alguma atitude
ou atributo divino em uma linguagem que podemos entender.
Independência
Deus não precisa da sua criação para existir, pois ele existe independentemente de
qualquer coisa. Deus jamais foi criado, ou passou a existir em algum momento. Ele
tem vida em si mesmo (Jo 5.26).
Personalidade
Deus é um ser pessoal. As propriedades fundamentais da personalidade são a auto-
consciência, a autodeterminação e a consciência moral.
A autoconsciência significa ter conhecimento de si mesmo como realidade distinta
de tudo mais que existe3 . Essa autoconsciência de Deus é muito superior à humana,
mas em certo grau, tem a mesma ideia. Um animal, por exemplo, não é autoconsciente,
pois tem apenas um conhecimento das coisas. Um ser autoconsciente pode analisar
os seus sentimentos e comparar com os outros. Deus tem conhecimento de si mesmo
(Mt 11.27) e de tudo que acontece ao mesmo tempo (Jr 11.20). A autodeterminação é a
capacidade de dirigir a si mesmo como quer. Deus não é dirigido por forças externas
ou pela sua criação. Ele estabelece seus propósitos como quer e determina todas as
coisas (Jó 23.13; Rm 9.11; Hb 6.17).
Consciência moral significa saber distinguir entre o bem e o mal, o certo e o errado.
Deus é santo e nele não há impureza alguma (Jr 9.24).
Imutabilidade
O ser humano pode mudar de ideia, pode sofre mudanças na aparência, no humor,
nos pensamentos. Mas Deus não muda. Ele é imutável:
O salmista diz:
Não faria sentido crer em um Deus que mudasse o tempo todo. Cremos em um
Deus que ama em todo o tempo, que é justo em todo tempo, que não aumenta nem
diminui em nada.
Eternidade
Deus é eterno. Ele sempre existiu e sempre vai existir. Deus não foi criado em algum
momento.
A eternidade é algo que nunca iremos compreender por completo. O ser humano
está limitado ao tempo, mas Deus transcende todas as limitações temporais:
3 SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 1ª Edição. Curitiba: AD Santos, 2014.
Com quase toda a certeza, Deus não está no tempo. A vida dele não consiste em
momentos que são seguidos por outros momentos. Se um milhão de pessoas oram
para ele às dez e meia da noite, ele não precisa ouvi-las todas no instantezinho que
chamamos de dez e meia. Dez e meia, ou qualquer outro momento ocorrido desde
a criação do mundo, é sempre o presente para Deus. Para dizê-lo de outra maneira,
Deus tem toda a eternidade para ouvir a brevíssima oração de um piloto cujo avião
está prestes a cair em chamas4 .
Mais adiante no seu livro, C. S. Lewis esclarece mais um pouco essa questão
afirmando que a ideia de passado, presente e futuro para Deus não existe.
Suponha, no entanto, que Deus esteja fora e acima da linha de tempo. Nesse caso,
isso que chamamos "amanhã"é visível para ele da mesma forma que o que chamamos
"hoje". Todos os dias são "agora"aos olhos de Deus. Ele não se lembra de que ontem você
fez isto e aquilo; simplesmente vê você fazer essas coisas, porque, embora você tenha
perdido para sempre o dia de ontem, ele não perdeu. Ele não "antevê"você fazendo isto
e aquilo amanhã; simplesmente vê você fazendo essas coisas, pois, embora o amanhã
ainda não exista para você, já existe para ele. Você nunca pensou que os atos que faz
agora são menos livres só porque Deus sabe o que você está fazendo. Bem, ele conhece
suas ações de amanhã exatamente da mesma maneira — pois já está no amanhã
e pode simplesmente observá-lo. Num certo sentido, ele não conhece nossas ações
até que elas tenham acontecido; no entanto, o momento em que elas acontecem já é
"agora"para ele.5
Tudo isso pode parecer "muita viagem", mas serve para entendermos a questão
da eternidade. A própria palavra "eternidade"não é bem entendida por nós porque
pressupõe uma duração de tempo infinita. Mas a eternidade de Deus está fora desse
conceito temporal. Deus simplesmente existe, ele é o EU SOU (Ex 3.14).
Onipresença
Da mesma forma que Deus não está preso ao tempo, Ele não está preso ao espaço.
Deus está presente em todos os lugares.
4 LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. 1ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
5 LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. 1ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
"Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua
presença?
Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá
estás."(Salmos 139.7,8)
Não podemos cair no erro do panteísmo, dizendo que tudo é Deus e Deus é tudo.
Não é assim. Não sabemos explicar exatamente como acontece isso, mas Ele está
presente mediante sua energia e sua essência6 .
Onisciência
Deus sabe de todas as coisas e nada foge do seu conhecimento. Ele não precisa
aprender nada, pois tudo o que existe foi Ele quem criou e tudo o que acontece
está no seu controle, pois Ele é soberano. O salmista expressou muito bem essa
onisciência: Senhor, tu me sondas e me conheces.
6.2 Cristologia
Estudo da pessoa de Cristo.
Na Cristologia procuramos entender tudo que as escrituras revelam acerca da
pessoa de Cristo. Dentre os vários temas estudados sobre Cristo, estuda-se a união
hipostática de Cristo, como Ele pode ser homem e Deus ao mesmo tempo, e como o
seu sacrifício é suficiente para nos salvar.
6 SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 1ª Edição. Curitiba: AD Santos, 2014.
"Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os
seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno,
Príncipe da Paz."(Isaías 9.6)
"Mas tu, Belém-Efrata, embora sejas pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para
mim aquele que será o governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante,
em tempos antigos."(Miquéias 5.2)
O termo “tempos antigos” também pode ser traduzido como eternidade. Muitas
outras passagens do Antigo Testamento apontam para o aspecto divino do Messias.
Evidências da divindade de Cristo no Novo Testamento
No Novo Testamento temos muito mais evidências da divindade de Cristo.
O ministério de Jesus foi marcado por milagres. O apóstolo João afirmou que Jesus
realizou muitos sinais miraculosos que não foram registrados (Jo 20.30). Os seus
milagres confirmaram sua autoridade sobre as doenças, as deformações físicas, os
demônios, a natureza, a vida e muito mais. Todo esse poder e autoridade para realizar
milagres e maravilhas mostra que Ele era divino.
O próprio Jesus tinha consciência de sua divindade. Certa vez Ele disse que era um
com o Pai (Jo 10.30). Em outra ocasião Jesus afirmou que tem vida em si mesmo assim
como o Pai (Jo 5.26). Em muitas outras passagens vamos observar Jesus falando que
é Deus.
Jesus tem toda autoridade nos céus e na terra (Mt 28.18). Ele tem autoridade para
perdoar pecados (Mc 2.10), autoridade para conceder vida eterna (Jo 17.2), autoridade
para salvar (Mt 1.21). Ele recebeu adoração desde o seu nascimento até sua morte e
ressurreição (Mt 2.2; Jo 20.28).
Acontece que ninguém consegue explicar como foi esse esvaziamento, qual a
natureza dele ou o que foi retirado ou diminuído de Jesus quando Ele encarnou.
Alguns dizem que Jesus renunciou apenas alguns de seus atributos, como onipotência,
onipresença e onisciência. No entanto, nesse caso Jesus deixou de ser totalmente
Deus durante a encarnação.
Uma outra interpretação afirma que esses atributos não foram retirados, mas foram
apenas “escondidos” dentro dele, e não foram usados devido a limitação do corpo
humano. Dessa forma, Jesus ainda continuava com todos os seus poderes, mas nas
limitações do seu corpo. Essa afirmação parece ser mais coerente.
O livro de teologia sistemática do pastor Zacarias de Aguiar faz uma analogia
interessante em relação a este assunto7 . Imagina um grande corredor velocista que
resolve correr com suas pernas amarradas a outra pessoa que não é atleta. Ele não
vai conseguir ter o mesmo rendimento, pois está limitado a outra pessoa. No entanto,
ele não deixou de ser veloz. Assim também podemos pensar com relação à Cristo,
pois Ele não deixou de possuir seus atributos, mas estava limitado no exercício deles.
Os ofícios de Cristo
A nação de Israel tinha uma estrutura política e religiosa relativamente simples.
Existia o rei que cuidava da parte política da nação e julgava o povo. Tinha o sacerdote
que cuidava da parte religiosa da nação, realizava sacrifícios e cuidava do templo.
Tinha também o profeta, que não era um cargo oficial, mas estava sempre presente
em todas as épocas, pois ele trazia a mensagem de Deus para o povo. Ninguém
podia exercer os três ofícios ao mesmo tempo. O personagem histórico do Antigo
Testamento que chegou mais próximo foi Samuel, que foi juiz, sacerdote e profeta.
No entanto, o rei não podia realizar as tarefas do sacerdote. O rei Uzias resolveu
queimar incenso no templo (função do sacerdote) e ficou leproso (2 Cr 26.19).
Esses três ministérios foram exercidos por Jesus. Como profeta, ele revela Deus,
como rei, Jesus exerce o domínio sobre todas as coisas e como sacerdote, conduz o
homem à presença de Deus.
O ofício profético
Jesus foi chamado de profeta em várias situações:
7 SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. 1ª Edição. Curitiba: AD Santos, 2014.
"E procuravam um meio de prendê-lo; mas tinham medo das multidões, pois elas o
consideravam profeta."(Mateus 21.46)
Todos ficaram cheios de temor e louvavam a Deus. "Um grande profeta se levantou
entre nós", diziam eles. "Deus interveio em favor do seu povo". (Lucas 7.16)
"Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados."(Hebreus 10.4)
"Por esse motivo era necessário um sacerdote perfeito, que realizasse um sacrifício
único capaz de salvar os pecadores. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens
fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito
para sempre."(Hebreus 7.28)
"Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele,
uma vez, oferecendo-se a si mesmo."(Hebreus 7.27)
Os sacerdotes entravam em um santuário feito por mãos humanas, mas Jesus fez
diferente:
"Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, po-
rém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;"(Hebreus 9.24)
Agora ele é o nosso intercessor. Jesus intercedeu por nós enquanto estava na terra,
e agora no céu continua intercedendo, pois tornou-se nosso sumo-sacerdote para
6.3 Pneumatologia
Estudo do Espírito Santo.
Na pneumatologia vemos que o Espírito Santo é real e tem agido desde a criação
do mundo. Estudamos sobre a ação do Espírito Santos no Antigo Testamento, nos
tempos do Novo Testamento e nos dias de hoje, capacitando os salvos para fazer a
obra de Deus.
"mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas,
até mesmo as coisas mais profundas de Deus. Pois, quem dentre os homens conhece
as coisas do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma,
ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus."(1 Coríntios 2.10,11)
Então perguntou Pedro: "Ananias, como você permitiu que Satanás enchesse o seu
coração, a ponto de você mentir ao Espírito Santo e guardar para si uma parte do
dinheiro que recebeu pela propriedade? Ela não lhe pertencia? E, depois de vendida, o
dinheiro não estava em seu poder? O que o levou a pensar em fazer tal coisa? Você não
mentiu aos homens, mas sim a Deus". (Atos 5.3,4)
Neste texto fica bem claro que mentir ao Espírito Santo é mentir para Deus.
Os atributos divinos são atribuídos ao Espírito Santo. Ele é onisciente (Sl 139.1-6),
onipresente (Sl 139.7), onipotente (Lc 1.35) e eterno (Hb 9.14). Isso mostra mais uma
vez que o Espírito Santo não é menor nem maior que o Pai e o Filho, pois o Espírito
realiza as mesmas obras que o Pai e o Filho. Ele estava na criação do mundo (Gn 1.2),
realiza a regeneração (Tt 3.5), a justificação (1Co 6.11) e a ressurreição (Rm 8.11).
"Quando Saul ouviu isso, o Espírito de Deus apoderou-se dele, e ele ficou furioso."(1
Samuel 11.6)
Neste caso, a fúria de Saul era contra os inimigos de Israel. Ele batalhou e venceu
porque o Senhor deu a vitória (1Sm 11.13).
Quando Deus mandou Moisés construir o tabernáculo, não tinha no meio do
povo pessoas capacitadas para realizar a confecção do material. Dessa forma, Deus
chamou Bezalel e Aoliabe e os capacitou com o Espírito de Deus a fim de trabalharem
em toda sorte de obra em ouro, prata, bronze e madeira.
Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas tes-
temunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra". (Atos 1.8)
Pedro, que chegou a negar Jesus, quando foi cheio do Espírito Santo pregou com
ousadia e milhares de pessoas se converteram (At 2.14-41). Os apóstolos pregavam
o Evangelho cheios do Espírito Santo (At 6.10; 1Ts 1.5; 1Pe 1.12). Wayne Grudem
afirma que “o Espírito Santo fala por meio da mensagem do Evangelho à medida que
ela é proclamada de maneira eficaz no coração das pessoas”8 .
O Espírito Santo atua capacitando os salvos para o serviço através de dons
espirituais:
"Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as
distribui individualmente, a cada um, conforme quer."(1 Coríntios 12.11)
6.4 Soteriologia
Estudo da salvação.
Na soteriologia estudamos todos os aspectos da salvação. Vemos que Deus planejou
8 GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva Louis. 2ª Edição. São Paulo: Vida Nova, 2012.
A necessidade de salvação
A palavra evangelho vem do grego [euangelion]” e significa “boas novas” ou “boas
notícias”. Para apresentar a boa notícia, é necessário falar da má notícia. Antes de
falar da salvação, é importante ressaltar a necessidade que o ser humano tem da
salvação. O ser humano pecou e está longe de Deus e não pode fazer nada para
mudar essa situação.
A Bíblia nos conta como o pecado entrou no mundo através de Adão e Eva. Deus
colocou Adão e Eva no jardim do Éden:
"E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o
guardar."(Gênesis 2.15)
• Agora o homem vai ter que trabalhar pesado para sobreviver (Gn 3.19);
Adão e Eva quebraram seu relacionamento com Deus quando pecaram, adquiriram
a natureza de pecado e rebelião contra o Senhor e contaminaram todos os seus
descendentes com essa natureza pecaminosa (Rm 5.12). Como resultado do pecado
de nossos primeiros pais, toda a humanidade caiu em pecado, e isso afetou todos
nós de uma forma terrível e medonha. A explicação para todas essas desgraças que
acontecem no mundo é essa nossa natureza pecaminosa que herdamos de Adão. A
Bíblia diz que nós já nascemos com essa natureza pecaminosa:
Além de nascer com uma natureza pecaminosa, o ser humano pratica vários pecados
durante a vida. Dessa forma, não existe nada que o ser humano possa fazer para
alcançar favor diante de Deus. A condenação é certa, pois Deus é Santo e Justo.
A graça de Deus
A Bíblia deixa bem claro que o ser humano não tem mérito nenhum diante de Deus:
"Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo
imundo"(Isaías 64.6)
Por causa da queda o homem está destituído da glórias de Deus (Rm 3.23), é escravo
do pecado (Rm 6.20) e está morto em delitos e pecados (Ef. 2.1). Mas Deus, pela
sua infinita misericórdia, traçou um plano para salvar a humanidade. Essa iniciativa
divina é chamada de graça. A palavra graça significa “favor imerecido”. O ser humano
não merece nada diante de Deus, mas Ele pela sua infinita misericórdia concede a
salvação.
Foi pela graça que Deus enviou seu Filho, Jesus Cristo, para morrer pelos nossos
pecados:
"sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em
Cristo Jesus"( Romanos 3.24).
"Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de
Deus; não por obras, para que ninguém se glorie."(Efésios 2.8,9)
Fora de Cristo não há salvação. O ser humano só será salvo se crer em Jesus como
único e suficiente Salvador e Senhor da sua vida. E isso não acontece por mérito
humano, mas somente pelos méritos de Cristo.
Os estágios da salvação
O estudo da salvação é simples e complexo ao mesmo tempo. O tema salvação está
nas escrituras de Gênesis à Apocalipse. Um leitor da Bíblia, por mais simples que
ele seja, deve ser capaz de entender essa mensagem de salvação. No entanto, para
compreendermos melhor esse tema, devemos estudar um pouco mais a fundo. Ao
estudar esse tema nas escrituras de maneira mais atenta, podemos perceber que a
salvação é apresentada como um processo em vários estágios:
"e se colocou atrás de Jesus, a seus pés. Chorando, começou a molhar-lhe os pés com
as suas lágrimas. Depois os enxugou com seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o
perfume."(Lucas 7.38)
Depois desse ato, Jesus é criticado pelos fariseus. Ele conta uma parábola e
mostra que a atitude daquela mulher era de amor, pois ela reconhecia que era uma
pecadora e sabia que somente Jesus poderia salvá-la. E, de fato, foi isso que aconteceu:
A salvação neste caso aparece como um ato. A partir daquele momento ela já era
uma pessoa salva. Com Zaqueu aconteceu algo parecido. Depois que ele se mostra
arrependido, Jesus diz “Hoje veio salvação a esta casa” (Lc 19.9).
A conversão, que vem do grego epistrofe, significa volta. Ela acontece quando a
pessoa resolve abandonar o pecado e voltar-se para Deus. A conversão pode ser
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e
nos purificar de toda injustiça."(1 João 1.9)
"Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus
o ressuscitou dentre os mortos, será salvo."(Romanos 10.9)
Adoção: Os seres humanos são criaturas de Deus e não filhos de Deus. A Bíblia
diz que filho é aquele que crê:
"Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se
tornarem filhos de Deus,"(João 1.12)
Dessa forma, somos feitos filhos de Deus pela fé em Cristo. Como filhos somos
“herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo” (Rm 8.17). Nossa adoção é o cumprimento
de um plano de Deus.
"Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo,
conforme o bom propósito da sua vontade,"(Efésios 1.5)
"Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que
estamos sendo salvos, é o poder de Deus."(1 Coríntios 1.18)
"porque para Deus somos o aroma de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que
estão perecendo."(2 Coríntios 2.15)
A pessoa que crê em Jesus como Salvador já tem a vida eterna (Jo 6.47). Mas a
consumação final dessa salvação adquirida no momento que a pessoa entregou sua
vida a Cristo só vai acontecer quando Cristo vencer a morte (1Co 15.26) e restaurar
todas as coisas.
CONHECIMENTO DO ASSUNTO
O que quero enfatizar aqui é que a pessoa que vai ministrar o ensinamento, dever
ter conhecimento do assunto ou do tema a ser ensinado. O professor deve conhecer
muito do assunto, pois uma aula ministrada por alguém que não conhece o assunto
se torna uma aula ruim e exaustiva.
Eu oriento você a seguir as dicas acima, pois elas contribuem para que o momento
de preparação da sua aula seja mais produtivo. Algumas coisas vão variar de uma
pessoa para outra. Alguns preferem lugares silenciosos (dica II), mas tem pessoas
que não se importam com o barulho. O local de estudo deve ser bem organizado para
alguns (dica I), outros não dão muita importância a esse detalhe. Recomendo que
você priorize ter mais tempo para aprender, ao invés de está se organizando para
estudar, pois a parte de organização antecede o momento dos estudos, mas não pode
tomar o tempo do seu aprendizado, para se adequar a sua realidade, procure sempre
fazer o que é melhor para você.
Para você entender melhor como se organizar e estudar, sem perder tempo orga-
nizando tudo ou estudando muito sem rendimento, vou lhe contar dois exemplos
de organização, considerando cada dica sugerida, farei um paralelo entre a maneira
que estudo e como minha esposa estuda, algumas tarefas se assemelham, outras se
divergem.
Em relação a dica I, Eu gosto de estudar em um local limpo e arrumado, sempre
dedico algum tempo arrumando a bagunça antes de começar a estudar, mas também
não fico arrumando o ambiente o dia inteiro para estudar meia hora, eu quero o local
agradável para estudar, a minha esposa também é adepta dessa ideia.
Sobre a dica II, eu gosto de silêncio, mas não me importo com algum barulho,
pois consigo me concentrar em situação adversas, adversas mesmo. Quando estava
escrevendo meu TCC (do curso de física) não sobrava tempo para estudar outras
coisas legais (teologia, filosofia, etc), então, a solução que encontrei foi ler no ônibus,
uma vez que o trajeto durava em torno de 45 minutos, eu tinha tempo suficiente
para ler 12 livros em um ano, nem todos conseguem isso, mas eu me adaptei. Já a
minha esposa não gosta de barulho, precisa de muita concentração, não consegue
ler assuntos que exigem muita atenção dentro de um ônibus, ela ama silêncio e
tranquilidade para estudar.
Já a dica III, eu coloco em prática sempre que sento para estudar, não marco o
tempo, mas sempre que percebo que já estou um bom período concentrado, levanto
e vou fazer outra coisa (no máximo 5 minutos), depois volto para meus estudos com
a mente renovada. Essa técnica de fazer pausas regulares é chamada de pomodoro.
Basta fazer uma pesquisa na loja de aplicativos do seu smartphone que você vai
encontrar vários que podem lhe auxiliar nisso. Diferente de mim, a minha esposa
não gosta de muitas pausas, ela prefere estudar de 30 minutos a 90 minutos e ter
uma pausa de 20 minutos ou menos, do que ter muitos intervalos, uma vez que os
primeiros 15 minutos ela utiliza para começar a se concentrar, as repetidas pausas
atrapalhariam o seu rendimento. Então você percebe duas maneiras distintas de
aproveitar o tempo e ter um estudo produtivo.
A respeito da dica IV, eu tive uma experiência excelente colocando-a em prática
quando fiz o concurso para professor da universidade; a partir desse sucesso alcançado,
sempre procuro reproduzir o que estudei sem consultar o material. Os concursos para
professores de universidades federais são um pouco diferentes dos outros concursos.
O edital vem com dez ou quinze temas, e os inscritos devem estudar esses temas e no
dia da prova recebem várias folhas em branco para escrever tudo o que sabem do
assunto sorteado (sem consultar nada). Para que eu me lembrasse de tudo no dia da
prova, resolvi ministrar os temas para alguns amigos meus que tinham interesse em
Depois de aprender dicas essenciais para a sua produtividade nos estudos, apresento
princípios para você ter um bom conhecimento do assunto e, consequentemente,
preparar uma boa aula. Você deve anotar o que estuda para absorver melhor o
conteúdo, conhecer o escritor da revista para se familiarizar com o seu conteúdo,
conhecer o assunto principal da revista e os tipos de lições para abordar com qualidade
durante a sua aula. Vamos aprender cada um desses princípios nas próximas páginas
deste livro.
Para ministrar uma boa aula, você deve dominar bem o tema, e para isso, você
deve identificar o assunto da revista. Tanto as revistas, quanto as lições, podem ser
classificadas em alguns tipos que seguem um padrão. Entender os tipos de revistas
e de lições, além de ajudá-lo a preparar melhor sua aula da semana também vai
prepará-lo para qualquer ministração no futuro.
Não pretendo criar um passo a passo que deve ser seguido à risca para preparar
uma boa aula, o objetivo aqui é oferecer as diretrizes, e cada professor vai adaptar
à sua realidade, pois, deve-se levar em consideração que alguns professores têm a
semana inteira para estudar a lição, enquanto outros têm apenas o sábado. Leia,
entenda e aplique para o seu contexto.
No final deste capítulo tem um modelo de plano de preparação da aula que será
usado de acordo com o tipo de lição.
• Dízimo;
• Ética cristã;
• Santidade;
• Pecado;
• Evangelismo e missões;
• Sexualidade;
• Volta de Jesus.
Esta lista acima cita apenas alguns exemplos de temas recorrentes nos últimos
anos. Quando digo recorrentes, não indica que tiveram muitas lições que falaram
exclusivamente dos temas citados acima, significa que esses temas apareceram em
várias lições. Por exemplo, a lição que teve como título “Ética Cristã e sexualidade”
• Política;
• Feminismo;
• Ideologia de gênero;
• Marxismo;
• Evolucionismo;
• Redes sociais.
Vejo muitas pessoas querendo combater alguns desses “ismos” que têm por aí, mas
não têm o mínimo de conhecimento do assunto. Para combater a ideologia de gênero,
você deve estudá-la. Pense nas seguintes perguntas:
Quando surgiu esse termo? Quais foram e quem são os principais defensores? Por
que defendem isso? O que eles querem alcançar? Como cristãos, devemos aceitar os
ensinos dessa ideologia?
Essas e outras perguntas devem fazer parte da sua pesquisa para se aprofundar em
qualquer tema, para isso, procure ler livros, jornais e revistas sobre o assunto. Não leia
apenas livros que combatem a ideologia em questão, mas leia livros dos defensores,
pois se você ler apenas títulos que falam contra, com certeza será influenciado
pelas ideias desse escritor, considere que todo leitor também é um intérprete. Para
ilustrar, observe esse exemplo: alguém escreveu um livro criticando o feminismo,
provavelmente esse autor está apresentando ali sua interpretação daquele assunto.
Por isso, para compreender bem o assunto, você deve ler as fontes originais sobre
o feminismo e tirar suas próprias conclusões. Dessa mesma forma, as regras de
hermenêutica também valem para esse contexto.
Mesmo se a lição é temática, você vai observar que tem um texto bíblico principal;
geralmente esse texto está relacionado ao tema da lição, mas não é explorado por
completo, e se você se prender muito nele, não vai conseguir expor todo o conteúdo
da lição.
• Ler a revista pelo menos três vezes. Somente na terceira vez vai marcar o que
achou importante;
• Ler o livro de apoio (somente se tiver acesso a esse livro). Algumas editoras
publicam junto com a revista um livro para auxiliar o professor;
Essas etapas podem ser seguidas durante toda a semana ou somente no dia antes da
aula. No final deste capítulo tem um modelo com as atividades diárias de preparação
da aula (você pode adaptar de acordo com a sua realidade). Lembre-se que preparar a
aula um dia antes não é o ideal, e eu não recomendo, mas se não for possível preparar
com antecedência, pois mesmo com uma rotina exaustiva você tem o desejo de se
dedicar à obra do Senhor, faça um cronograma para um dia antes da aula. De qualquer
maneira, procure estudar um pouco com antecedência, a leitura da revista ou do
capítulo de um livro não demora mais que quinze minutos; além do mais, na internet
tem alguns conteúdos em áudio1 , e, você pode ouvir enquanto dirige, anda de ônibus,
varre a casa. Aconselho que você aproveite todos os meios para se preparar com
antecedência e ter uma aula de qualidade.
Se o texto bíblico principal é explicado dentro do conteúdo da lição, você vai fazer
a interpretação dele usando o método histórico-gramatical para professores da EBD
apresentado no Conhecimento Bíblico (parte 1 do livro). Na maioria das vezes, na
lição temática, o texto bíblico não é explorado dentro do conteúdo, mesmo assim, é
interessante fazer uma interpretação deste texto e apresentar aos seus alunos durante
sua aula. No entanto, como nosso tempo para estudar o conteúdo da lição é muito
curto e o tempo da aula também é pequeno, na lição temática não será necessário
aplicar todos os passos do método. Você vai aplicar apenas uma parte do método:
1O site www.ebdemfoco.com (tem aplicativo também) disponibiliza aulas em áudio das lições CPAD, que você pode
baixar a aula para ouvir depois.
Neste caso, na interpretação deste texto bíblico você vai buscar somente entender
o contexto e a forma literária para que possa fazer algum comentário sobre ele na
aula.
Além do texto bíblico principal, você vai escolher pelo menos três versículos para
fazer uma pesquisa um pouco mais profunda, mas sem aplicar o método por completo
(os 2 passos citados acima), pois a ideia é pesquisar os contextos e forma literária
para ter uma visão geral do seu real significado. A dica principal é: nunca leia apenas
um versículo isolado e sempre procure entender o seu contexto. Tenha em mente que
se você não estudar os versículos citados na lição, pode acontecer alguns problemas:
o primeiro é que sua aula será apenas uma lição de moral, o segundo problema é
que você corre um alto risco de ficar sem responder uma possível pergunta de seus
alunos. Procure saber sobre o livro que o texto se encontra: quem escreveu, quando
escreveu, para quem escreveu, qual o propósito, e seja qual for o assunto, sempre
procure embasamento bíblico, assim você estará preparado para as discussões que
surgirem em sala de aula.
Quando a lição é temática, o ideal é você se aprofundar no tema, pois, devido o
tempo que temos para preparar aula, fica difícil estudar os versículos sem consultar
um comentário bíblico, então você vai precisar consultar um comentário para se apro-
fundar no texto bíblico principal e nos versículos. Como o método de interpretação
aplicado neste tipo de lição é mais resumido, o comentário vai lhe ajudar entender as
passagens bíblicas em um tempo menor do que se você fosse fazer uma interpretação
completa.
Essa lição teve como propósito mostrar quem de fato é Jesus Cristo. Foi estudada
a humanidade e a divindade de Jesus, enfatizado o propósito da sua missão, que é
Ao aplicar todos os passos do método, você vai ter em mãos um estudo completo
do texto bíblico, que já é praticamente todo o conteúdo da sua aula; dessa forma, você
vai se aprofundar na lição, pois você vai levar para sala de aula a sua interpretação
do texto e a interpretação do autor da revista. Mas não se esqueça que você também
deve ler todos os versículos citados na lição, pois eles complementam a passagem
bíblica estudada e contribuem para a sua aula.
• Comentários bíblicos.
Sempre considere que neste tipo de lição o objetivo é fazer uma exposição do texto
bíblico, apresentando o seu significado para a época do acontecimento (narrativas), o
seu significado para os primeiros leitores e o seu significado para hoje, para que você
possa aplicar na sua aula e na realidade dos seus alunos.
8.5 Como preparar uma aula quando não tem uma revista
Se você é um professor que não tem uma revista, o primeiro passo é escolher uma
passagem bíblica para preparar sua aula. A escolha do texto é algo pessoal, mas isso
não deve ser um problema, pois toda a Escritura tem algo de Deus para nós. Neste
caso, você vai aplicar o método por completo e ainda vai usar o método de ensino de
Jesus (apresentado na última seção deste capítulo).
“Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem
pelo vosso corpo, quanto que haveis de vestir. Não é a vida mais que o alimento e o
corpo mais do as vestes?” (Mt 6.25).
No versículo acima nós observamos Jesus fazendo uma afirmação acerca das
preocupações com as coisas cotidianas. Se ele parasse aqui, seria interessante, mas
Jesus quer deixar esse ensinamento na mente dos seus ouvintes, dessa forma, ele
coloca mais um elemento no seu ensino: a ilustração.
“Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros;
e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?” (Mt 6.26)
Agora, Jesus vai além de simplesmente afirmar algo, ele faz uma ilustração usando
a imagem de uma ave para que os seus ouvintes entendam seu ensino sobre as
preocupações cotidianas. Se ele parasse aqui, já seria muito interessante, mas seus
ouvintes/alunos ficariam sem saber o que fazer diante desse ensino. Então Jesus vai
um pouco adiante e faz uma aplicação.
“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã
cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt. 6.33, 34).
Afirmar
Ilustrar
Pode ser um exemplo bíblico, uma parábola da bíblia ou uma história criada por
você.
Acredite, as pessoas gostam muito de ouvir histórias, por isso Jesus contava tantas
parábolas.
O que fazer:
Como fazer:
Você pode fazer um estudo com um ou mais tópicos usando esta estrutura. O
padrão mais usado é com três tópicos.
Introdução
De acordo com Stuart Olyott 2 , a introdução tem apenas um objetivo: “deixar as
pessoas interessadas pelo assunto sobre o qual você vai ministrar”. As pessoas quando
chegam à igreja, na maioria das vezes, estão preocupadas com seus problemas, e suas
mentes ficam divagando. Quem vai ministrar tem a responsabilidade de mostrar o
quanto aquele assunto é importante, e, consequentemente, deve prender a atenção
dos seus ouvintes.
2 Olyott, S. Pregação Pura e Simples. 1ª Edição. São José dos Campos: Editora Fiel, 2005.
Discurso
O discurso é o conteúdo da sua mensagem, que você vai preparar depois que fez a
exegese do texto usando o método histórico-gramatical.
Depois de estudar o texto detalhadamente, chega o momento de estruturar o estudo
que será ministrado. Não é interessante levar para a sala de aula ou para o púlpito
o resultado da exegese, pois corre o risco de apresentar um estudo muito técnico.
O professora da EBD tem que apresentar um conteúdo didático para alcançar seu
objetivo, que é a transformação de vidas.
O discurso deve conter divisões, ou seja, tópicos. Os tópicos são importantes para
que o ouvinte acompanhe o estudo na ordem correta e aprenda o conteúdo para,
consequentemente, colocar em prática. Nossa mente não aprecia a desorganização.
Tente decorar a seguinte ordem de palavras:
caiu, casa, voltava, chuva, trabalho, hoje, enquanto, uma, eu.
Agora fica mais fácil de decorar as palavras, pois estão organizadas em uma frase
que faz sentido. Da mesma forma, uma aula ou pregação que não é organizada, deixa
os ouvintes confusos.
Em relação à quantidade de tópicos, não existe uma regra, pois cada mensagem a ser
ministrada tem uma característica específica e cada professor ou pregador tem suas
Quero destacar aqui três coisas que acontecem quando nos aproximamos de Jesus
com fé:
Os tópicos estão contidos no texto, mas só foram deduzidos após fazer a exegese
do texto e entender o seu real significado. Esses tópicos foram desenvolvidos detalha-
damente para explicar melhor o que significa cada uma dessas afirmações. Dentro
de cada um destes tópicos, foi apresentado uma ilustração e uma aplicação. Vamos
detalhar sobre as ilustrações agora.
Ilustrações
De acordo com Stuart Olyott 3 : “uma ilustração é uma linguagem figurada que traz
clareza ou discernimento a um assunto”. Muitas vezes estamos explicando um tema
confuso e a única maneira de deixar o assunto mais claro é fazendo uma ilustração.
Além do mais, elas deixam a verdade mais atraente e facilitam a memorização.
Jesus usou muitas ilustrações a fim de deixar seus ensinos mais claros para seus
ouvintes. Além das ilustrações mais simples do sermão do monte, Ele elaborou
ilustrações mais completas, conhecidas como parábolas.
Você não precisa criar parábolas, para ilustrar suas mensagens, como Jesus fez.
Mas, com um pouco de esforço, é possível fazer ilustrações relevantes para melhorar
suas aulas e pregações. Existem várias fontes de ilustrações para explorarmos e
usarmos nos nossos estudos.
As escrituras são as nossas principais fontes de ilustrações. Podemos usar as
histórias bíblicas para ilustrar algumas verdades que estamos ensinando. Vamos
3 Olyott, S. Pregação Pura e Simples. 1ª Edição. São José dos Campos: Editora Fiel, 2005.
supor que você vai ministrar sobre amizade. A passagem de Marcos 2.1-12 pode ser
usada para ilustrar, pois ali observamos quatro amigos que se dispõe a carregar um
outro amigo paralítico em uma cama, descendo-o pelo telhado para que ele chegasse
até Jesus. Deve-se ficar bem claro que esse não é o propósito desta passagem, ela não
foi escrita para explicar o valor da amizade (veja logo acima o seu real sentido no
exemplo dos tópicos), no entanto, ela pode sim ser usada para ilustrar sobre amizade.
A passagem de 2 Reis 5.1-19 pode ser usada para ilustrar uma fé relutante, neste caso,
a fé de Naamã.
Outra fonte de ilustrações são as observações do nosso cotidiano. Jesus sempre
fazia ilustrações relacionadas às experiências diárias das pessoas da época. Ele falava
de trigo, achar tesouros, encontrar pérolas, plantios e colheitas, conservação de
vinhos, etc. Neste caso, você pode usar as atividades relacionadas ao cotidiano dos
seus ouvintes para ilustrar seus ensinos. Lembre-se que as histórias de Jesus, apesar
de serem possíveis de terem acontecido, elas foram criadas por Ele.
De acordo com o Stuart Olyott 4 , é importante ter uma ilustração em cada tópico.
Mas nem sempre conseguimos pensar em uma ilustração, e, neste caso, existe a
possibilidade de deixar o estudo ou o sermão sem ilustrações. No entanto, não é
interessante fazer isso, pois vai ficar faltando algo, e vale o esforço para conseguir
pensar em algo que vai clarear os conceitos abstratos durante a ministração. Uma
dica, é fazer a seguinte pergunta em cada tópico: Qual experiência humana, objeto
físico ou parte da natureza esclarece melhor este conceito? 5 .
• Elas devem ser breves, pois se forem muito longas perdem o sentido e mascaram
a verdade que têm como objetivo ilustrar.
• Elas devem ser claras, pois se forem muito complicadas você terá que usar uma
outra ilustração para explicá-la.
• Elas devem ter relação com o conceito que você quer ilustrar.
• Elas devem ser fiéis à realidade. Não leve para seu estudo ilustrações que
envolvam ficção científica ou outras coisas mirabolantes. A não ser que a
situação exija isso, mas é muito raro.
4 Olyott, S. Pregação Pura e Simples. 1ª Edição. São José dos Campos: Editora Fiel, 2005.
5 Lachler, K. Prega a Palavra.1ª Edição. São Paulo: Vida Nova, 1990.
"Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente
que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram
os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na
rocha."(Mateus 7.24,25)
Podemos observar que Jesus usa uma ilustração para explicar como é a vida de
quem pratica a palavra. Aprendamos com o mestre. Quem se dispõe a ministrar a
palavra de Deus, deve primeiro praticá-la, para depois ensiná-la. Uma vez que quem
vai ensinar deve investir tempo para descobrir qual é a aplicação do texto bíblico em
questão na vida dos alunos, dessa forma, os seus alunos vão sair da sua aula sabendo
exatamente o que deve ser colocado em prática.
Uma aula sem aplicação perde totalmente o sentido, e assemelha-se a alguém que
afia a ponta de uma flecha, mas erra o alvo. O aluno sai da aula sem saber exatamente
por que começou a lhe ouvir.
Aplicar a mensagem é dizer o que fazer, como fazer e porque fazer. Você deve ser o
mais específico possível. Vamos supor que a mensagem a ser pregada é Efésios 5.25,
que fala do amor dos maridos para com as esposas. Se o pregador finalizar apenas
dizendo que o marido tem que amar a esposa, vai ficar algo muito vago. Como o
marido deve amar a esposa? O que ele deve fazer para demonstrar seu amor? Qual
deve ser o seu comportamento dentro de casa para provar seu amor? Por que ele
deve mostrar seu amor na prática?
Quando Jesus pregou para a mulher samaritana em João 4.7-30, fez uma aplicação
que tocou na parte da vida que ela mais precisava de ajuda. Se Jesus simplesmente
falasse para ela se arrepender dos seus pecados, muito provavelmente não haveria
mudança de vida, seria algo muito genérico. Jesus diz logo: “Vai, chama teu marido e
vem cá” (Jo 4.16). O Mestre fez o mesmo com o jovem rico e muitas vezes com os
fariseus.
Jesus usava a seguinte estrutura nas suas aplicações: o que fazer? Como fazer? Por
que fazer?
Vejamos o sermão de Jesus em Mateus 6.1-18. Ele divide seu ensino em três partes:
ações de caridade (Mt 6.1-4), oração (Mt 6.5-15) e jejum (Mt 6.16-18).
Em relação às ações de caridade, Jesus diz o que fazer: nós devemos nos comprome-
ter em dar esmolas e ajudar os necessitados. Depois diz como fazer: ao dar esmolas,
faça isso em segredo, não faça nenhum alarde para mostrar para os outros que é
bonzinho. Por último Jesus diz por que fazer: E seu Pai, que vê o que é feito em
segredo, o recompensará (Mt 6.4).
Agora, como atividade, leia as outras duas partes do sermão de Jesus e identifique
os detalhes da aplicação (Mt 6.5-15; Mt 6.16-18).
Ao fazer a aplicação, deve-se tomar muito cuidado para não fazer afirmações
puramente legalistas. A ideia é apresentar as verdades do Evangelho para que haja
mudança de vida motivada pelo Espírito Santo. Em Efésios 5.25, está escrito para
o esposo amar a esposa como Cristo amou a igreja. Aqui o expositor vai fazer a
aplicação dizendo exatamente o que fazer, como fazer e por que fazer, e, ao mesmo
tempo vai fazer a relação de tudo isso com o amor de Cristo pelo seu povo. Jesus
cuida da igreja, morreu pela igreja, etc.
Conclusão
Alguns professores e pregadores preferem fazer toda a exposição, e, no final, fazer as
aplicações para depois encerrar. Neste caso, a conclusão se resume nas aplicações.
No entanto, como expliquei acima, no discurso você já deve fazer as aplicações. A
conclusão, do meu ponto de vista, serve para reafirmar os tópicos e relembrar as
aplicações.
Quando chegar o momento de finalizar o ensino, finalize. A conclusão deve ser
curta. Alguns têm uma certa tendência de pregar tudo novamente com outras palavras,
demorando muito e deixando os alunos desanimados.
No marketing tem uma expressão chamada “call to action”. Esta expressão diz
que toda ação de marketing tem que levar o ouvinte/cliente A tomar uma atitude.
Preste bastante atenção naquelas propagandas televisivas que apresentam algum
produto, no final, eles sempre falam para você pegar o telefone e ligar para aproveitar
a promoção. Pregar e ensinar a palavra de Deus é parecido, ninguém pode ficar
apático diante do que foi exposto, alguma ação deve ser tomada. Você já fez isso
quando realizou a aplicação, mas aqui, na conclusão, essa atitude a ser tomada pelos
ouvintes deve ser reforçada.
1. Tipo de lição:
6. Qual livro físico ou PDF já li sobre esse tema? Tem como eu acessar
esse livro ou PDF agora no preparo dessa aula?
8. Tem algum tópico que pode ser considerado mais importante? Mais
difícil?
1. Tipo de lição:
Essa resposta vai definir o tipo de lição, isso é importante, pois cada tipo tem
uma maneira diferente de preparação da aula, se você tem dúvidas sobre os
tipos de lições, peço que reveja no conteúdo deste capítulo os detalhes de cada
tipo de lição.
6. Qual livro físico ou PDF já li sobre esse tema? Tem como eu acessar
esse livro ou PDF agora no preparo dessa aula?
Se você já leu algo sobre o tema e acha que pode lhe ajudar no preparo da aula,
procure logo esse material, geralmente aprendemos mais quando revisamos
aquilo que já lemos. Uma dica, é sempre marcar o que você lê e acha importante
nos livros. Muitos não gostam que “riscar” ou “marcar” seus livros mas eu
acredito que livros foram feitos para serem lidos, marcados e riscados, desde
que seja para fins didáticos. Ao ler o que você marcou nos livros, já acelera o
processo de lembrar o que foi estudado muito tempo atrás.
8. Tem algum tópico que pode ser considerado mais importante? Mais
difícil?
Geralmente as lições vêm com três tópicos e cada tópico vem com três subtópi-
cos (pode ser diferente). Em muitos casos, um dos tópicos é mais importante
para a lição como um todo, tente encontrar esse tópico. Se for o caso de ficar
uma dúvida em um tópico específico, procure estudá-lo um pouco mais que os
outros.
Dia 1
Leitura da revista
Leitura do subsídio da revista
Dia 2
Leitura da revista
Interpretação da leitura bíblica em classe (se for uma lição baseada em
um texto bíblico).
Leitura de algum livro ou texto sobre o tema (se for uma lição baseada
em um tema).
Dia 3
Dia 4
Dia 5
CONHECIMENTO DE DIDÁTICA
• O professor nem pega na revista, passa a aula inteira falando de coisas que não
estão relacionadas com a aula.
• O professor dá uma aula muito rica em conteúdo, mas somente ele fala, os
alunos não participam.
EBD VAZIA!!!
Para aprender, o aluno precisa estar totalmente envolvido com novas experiências
(Experiência Concreta); ele deve refletir sobre essas experiências de várias perspecti-
vas (Observação Reflexiva); depois deve criar conceitos que integram suas observações
com alguma teoria que faz sentido (Conceituação Abstrata). Então, ele deve ser capaz
de usar essas teorias para tomar decisões e resolver problemas (Experimentação
Ativa).
De acordo com Kolb, a experiência concreta é totalmente contrária à concei-
tuação abstrata (observa a figura imagem 10.1, parte de cima e de baixo). Essa
é a primeira dimensão da aprendizagem. Se um aluno tem muita habilidade para
fazer uma experiência concreta, ele não terá muita habilidade para realizar uma
conceitualização abstrata. Se ele for bom de conceitualização abstrata, não será
bom de experimentação concreta. Esses dois extremos são contrários um ao outro.
Um está relacionado ao concreto, o outro ao abstrato. Um evento que vai ser estudado
pode ser abordado de maneira concreta por um aluno e de maneira abstrata por outro
aluno.
Por outro lado, a observação reflexiva é contrária à experimentação ativa (olhe
a figura 10.1, lado direito e esquerdo). Essa é a segunda dimensão da aprendizagem.
Uma vez que o aluno compreendeu a experiência (por uma experimentação concreta
ou conceituação abstrata), ele precisa transformar essa experiência em algo significa-
tivo e usável, que define a resposta emocional à experiência. A observação reflexiva
é abstrata e a experimentação ativa é concreta. Um aluno prefere refletir sobre o
resultado, outro prefere aplicar o resultado.
Essas duas dimensões da aprendizagem podem se combinar de várias maneiras
diferentes. A primeira dimensão, experiência concreta e conceituação abstrata (parte
de cima e de baixo da figura), são contrárias, portanto, o aluno vai preferir uma delas.
A segunda dimensão, observação reflexiva e experimentação ativa (lado direito e
esquerdo da figura), também são contrárias, portanto, o aluno vai preferir uma delas.
As combinações são as seguintes (imagem 10.2):
Um aluno que procura compreender a experiência por uma experimentação
concreta e transformar essa experiência em algo significativo e usável, através da
observação reflexiva, é chamado de divergente.
Um aluno que procura compreender a experiência por uma conceituação abstrata
e transformar essa experiência em algo significativo e usável, através da observação
reflexiva, é chamado de assimilador.
Um aluno que procura compreender a experiência por uma conceituação abstrata
e transformar essa experiência em algo significativo e usável, através da experimen-
tação ativa, é chamado de convergente.
Um aluno que procura compreender a experiência por uma experiência concreta
e transformar essa experiência em algo significativo e usável, através da experimen-
tação ativa, é chamado de acomodador.
O resultado dessas combinações (divergente, assimilador, convergente e acomo-
dador) são chamados de estilos de aprendizagem. Vamos aprender sobre eles na
próxima seção.
Você pode se sentir meio perdido depois de tantos conceitos e definições. Mas
não se preocupe, mais adiante vou fazer a aplicação desses conceitos em sala de aula
de uma maneira bem simples. Tenho certeza que você vai aprender tudo de uma
1. Divergente
2. Assimilador
3. Convergente
4. Acomodador
Eu acredito que a notação da Marlene Lefever é mais simples de decorar, isso ficará
mais claro quando explicar sobre cada estilo mais adiante.
Antes de detalhar cada estilo, gostaria que você entendesse como é a estrutura de
uma boa aula (observe a figura 10.3).
Veja que uma boa aula começa com uma introdução onde o professor vai
analisar o conhecimento que os alunos têm do assunto. Nessa fase ele vai interagir
com os alunos.
Depois o professor vai ensinar o novo assunto, pois o objetivo é que eles
aprendam algo novo. Nessa fase, o professor vai explicar o assunto com a revista, a
Bíblia, suas anotações e o que mais ele tiver preparado durante a semana.
Por último, o professor vai propor algo para incentivar o uso do assunto estudado.
Isso tem que ser fora da sala de aula, durante a semana.
alunos escreverem uma oração em um papel, depois todos vão realizar essa oração
em conjunto, cada um faz a sua. Depois vão guardar essa oração em uma caixinha. E,
assim, pedir para que contem depois o testemunho da resposta daquela oração.
4ª Fase: Agora muitos alunos podem estar se perguntando o que fazer depois
de tudo isso. O professor tem que orientar a aplicação desse novo conceito após a
aula. Depois que forem para casa, eles têm que colocar em prática, caso contrário, a
aula vai cair no esquecimento. O professor pode propor uma semana de oração para
colocarem em prática o que aprenderam durante a semana. Pode marcar um horário
para orarem juntos na igreja. Pode ser um período de oração durante a semana na
casa de um dos alunos. Cada dia na casa de um aluno diferente, por exemplo. O
importante aqui é fazer com que o novo conceito seja aplicado na prática fora da sala
de aula.
Agora vamos entender o que realmente significa os estilos de aprendizagem e como
que cada estilo está relacionado com cada fase da aula. Vejamos a seguinte imagem
(ver imagem 10.4).
Cada fase da aula está relacionada ao estilo de aprendizagem dos alunos:
1ª Fase: Você interage com a turma, porque o aluno interativo precisa disso para
aprender melhor.
2ª Fase: Você ministra a aula com o assunto novo, porque o aluno analítico precisa
aprender coisas novas.
3ª Fase: Você testa o novo conceito na sala de aula, porque o aluno pragmático
4ª Fase: Você propõe algo para fazer durante a semana, porque o aluno dinâmico
precisa ir além da sala da aula.
Para você ministrar uma boa aula na EBD, é necessário seguir alguns passos. Aqui
nesta seção irei mostrar o passo a passo de uma boa aula.
Aqui o professor vai revisar tudo que foi estudado na aula anterior. É uma revisão
um pouco detalhada. Se você usou uma revista da Escola dominical, fale de cada um
dos tópicos. Se você ensinou sobre uma passagem bíblica, revise os tópicos na qual
você dividiu a passagem.
Não importa muito se foi você ou não quem ministrou a aula anterior. Muitas
vezes na escola dominical uma classe tem dois ou mais professores. No entanto, isso
não impede um professor de fazer a revisão da aula ministrada por outro professor.
O professor deve estudar todo o conteúdo da revista, mesmo que ele não ministre
a aula. Devemos sempre lembrar que as revistas seguem uma sequência, ou seja, a
lição anterior é pré-requisito para a lição atual, que é pré-requisito para a próxima
lição.
A parte mais importante da revisão é saber se os seus alunos colocaram em prática
o que foi ensinado. Por isso, o aluno deve participar ativamente da revisão. O
professor deve perguntar para os alunos se eles lembram do assunto estudado e
quais ensinamentos da aula foi colocado em prática durante a semana. Se o professor
passou alguma atividade, é o momento de cobrar essa atividade.
Objetivo geral deve ficar bem claro no começo da sua aula, pois, assim, você não
vai perder o foco durante a aula. Esse objetivo está relacionado ao tema central e
também ao que o aluno será capaz de fazer no final da aula. Nunca se esqueça que o
seu aluno irá aprender algo novo.
Objetivos específicos:
que o professor ensinou, sonha alto, visualiza os fatos como se eles já tivessem
ocorrido. Quando o professor instiga a classe para que gerem ideias, terão nesses
aprendizes um potencial para criação, começarão a expor as suas ideias aos demais e
quando se derem conta terão aprendido enquanto ensinam.
• Têm empatia;
• Aprendem falando;
• Consideram-se intelectuais;
• Valorizam a teoria;
• Precisam de competição;
• São impessoais;
• São impessoais;
• Lideram;
• Requerem flexibilidade;
• Gostam de pessoas;
• São imprevisíveis;
• Valorizam a criatividade;
Chegamos ao fim do livro, mas não pense que seja o fim da sua jornada para ser um
professor de excelência. Essa jornada só está começando e vai durar a vida inteira,
pois nunca podemos parar de aprender.
Gostaria de fazer algumas considerações. Em primeiro lugar, não deixe esse con-
teúdo apenas na teoria, coloque em prática tudo que aprendeu aqui. Em segundo
lugar, faça adaptações de acordo com sua realidade, não considere este conteúdo
como sendo um manual que deve ser seguido à risca sem mudar nada, pois esse não
é o objetivo. O objetivo é fornecer as diretrizes para que você possa ministrar uma
aula de excelência usando os recursos que você tem disponível. Em terceiro lugar,
entre em contato comigo pelo whatsapp, e-mail ou qualquer outro meio para sugerir
melhorias. Estou aberto a sugestões. Este trabalho não é fruto da minha cabeça, mas
é resultado de anos ouvindo os principais anseios dos professores da EBD.
Que Deus possa abençoar grandemente sua vida e lhe capacitar para oferecer o
melhor.
Sobre o autor
Bacharel em física e formando em teologia, possui mestrado
em engenharia e trabalha como professor universitário.
Desenvolve trabalhos na igreja na área da educação cristã
desde 2004. Em 2016 fundou a EBD em Foco, uma
plataforma para professores da EBD que querem ministrar
uma aula de excelência. Na plataforma produz um conteúdo
exclusivo para as igrejas e ministra cursos de capacitação
para educadores cristãos de todo o Brasil.