Este documento discute o conceito de resiliência em três frases. Apresenta definições de resiliência da física e psicologia, descrevendo-a como a capacidade de se recuperar de adversidades e sair fortalecido. Também aborda fatores de risco e proteção, explicando que riscos aumentam problemas enquanto fatores de proteção melhoram respostas a riscos e promovem adaptação.
Este documento discute o conceito de resiliência em três frases. Apresenta definições de resiliência da física e psicologia, descrevendo-a como a capacidade de se recuperar de adversidades e sair fortalecido. Também aborda fatores de risco e proteção, explicando que riscos aumentam problemas enquanto fatores de proteção melhoram respostas a riscos e promovem adaptação.
Este documento discute o conceito de resiliência em três frases. Apresenta definições de resiliência da física e psicologia, descrevendo-a como a capacidade de se recuperar de adversidades e sair fortalecido. Também aborda fatores de risco e proteção, explicando que riscos aumentam problemas enquanto fatores de proteção melhoram respostas a riscos e promovem adaptação.
CURSO DE ESPECIALIZAÇAO LATU SENSU EM PSICOLOGIA CLÍNICA DISCIPLINA: ENFOQUE PSICOSSOMÁTICO DO PROCESSO TERAPÊUTICO MINISTRANTE: PROF. MS. PÉRISSON DANTAS DO NASCIMENTO
RESILIÊNCIA
TERESINA, 2.010. IDIMÁ TELES DE ALMEIDA
NAYANA LOPES VASCONCELOS
RESILIÊNCIA
Trabalho apresentado como
requisito para avaliação na Disciplina Enfoque Psicossomático do Processo Terapêutico do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Psicologia da Faculdade Santo Agostinho, tendo como ministrante o Professor Mestre Périsson Dantas do Nascimento.
TERESINA, 2.010. INTRODUÇÃO
O trabalho trata sobre resiliência e os mecanismos que estão na base de seu
processo; buscando-se fazer uma reflexão acerca da importância do seu estudo para o trabalho do psicólogo. Buscou-se revisar o conceito de resiliência sob diferentes perspectivas, demonstrando que, no enfoque da Psicologia, se tem procurado compreender os processos e condições que possibilitam a superação de situações de crises. Resiliência é um termo proveniente da física que faz referência à capacidade que possui um corpo para recuperar sua forma original depois de suportar uma pressão. Ao ser incorporada a ciência do comportamento foi definida como a capacidade que o individuo possui para superar adversidades e sair fortalecido. É um fenômeno importante do desenvolvimento humano; no entanto, seu conceito encontra-se em fase de discussão, pois esse campo de pesquisa é recente na área das ciências humanas. Destaca-se, também, a questão da resiliência inserida no movimento da Psicologia Positiva, reafirmando a sua importância para a determinação de novos horizontes para pesquisas nas áreas das ciências humanas e sociais. Psicologia Positiva como movimento de investigação de aspectos potencialmente saudáveis dos seres humanos, em oposição à psicologia tradicional e sua ênfase nos aspectos psicopatológicos. E, a resiliência, destaca-se entre os fenômenos indicativos de vida saudável, por referir-se a processos que explicam a superação de adversidades, cujo discurso foca o indivíduo. O estudo indica, também, que o conceito de resiliência está em construção; além disso, tem relação direta com os fatores de risco e de proteção. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CONCEITO DE RESILIÊNCIA
Na língua portuguesa, a palavra resiliência, aplicada às ciências sociais e
humanas, vem sendo utilizada há poucos anos. O minidicionário de língua portuguesa de autoria de Ferreira (2001), diz que, na Física, resiliência “é a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica”. No sentido figurado, o mesmo dicionário aponta o termo como “resistência ao choque”. A referência é feita apenas à resiliência de materiais, e mesmo no sentido figurado, nada é especificamente claro para a compreensão do que seja a resiliência quando se trata de pessoas. A noção de resiliência vem sendo utilizada há muito tempo pela Física e Engenharia, sendo um de seus precursores o cientista inglês Thomas Young, que, em 1807, considerando tensão e compressão, introduz pela primeira vez a noção de módulo de elasticidade. Young descrevia experimentos sobre tensão e compressão de barras, buscando a relação entre a força que era aplicada num corpo e a deformação que esta força produzia. Em Psicologia, o estudo do fenômeno da resiliência é relativamente recente. Vem sendo pesquisado há cerca de trinta anos. Aliado a teorias da psicopatologia, desenvolvimento e estresse, o conceito de resiliência foi definido a princípio como um conjunto de traços de personalidade e capacidades que tornavam invulneráveis as pessoas que passavam por experiências traumáticas e não desenvolviam doenças psíquicas, caracterizando assim, a qualidade de serem resistentes (ANTHONY & COHLER, 2000). A resiliência é a manifestação de competências e habilidades na realização de tarefas inerentes ao desenvolvimento humano tais como, o desempenho acadêmico, profissional e de parentalização na vida adulta (MASTEN e COATSWORTH, 1998 apud PESCE, 2004). Essas competências eram observadas em pessoas que na infância passaram por situações de privação social e emocional que pudessem levar a dificuldades futuras. Com o avanço dos estudos, novas facetas desse fenômeno foram sendo descobertas, admitindo-se então a vulnerabilidade das pessoas a situações adversas, considerando então resilientes aquelas que conseguiam se recuperar possuindo um desenvolvimento saudável na vida adulta. Resiliência e invulnerabilidade não são termos equivalentes, afirmam Zimmerman e Arunkumar ,1994 apud Yunes, 2003. Segundo estes autores, resiliência refere-se a uma “habilidade de superar adversidades, o que não significa que o indivíduo saia da crise ileso, como implica o termo invulnerabilidade”. Tomando como base a teoria do estresse e adaptação a resiliência foi estudada no âmbito da família, sendo considerada em sua totalidade, submetida a desafios próprios do ciclo vital e outros inesperados. A resiliência familiar é um processo de adaptação aos eventos estressores que ultrapassa o simples ajustamento, pois envolve a mudança de crenças e de visão do mundo (MCCUBBIN, 1996 apud YUNES, 2003). Junqueira e Deslandes (2003), a partir de uma revisão crítica das publicações sobre resiliência do final dos anos 1990, verificaram que o conceito não apresenta uma definição consensual, sendo caracterizado em termos mais operacionais do que descritivo. As autoras consideram a resiliência como a capacidade do sujeito de, em determinados momentos e de acordo com as circunstâncias, lidar com a adversidade não sucumbindo a ela, alertando para a necessidade de relativizar, em função do indivíduo e do contexto, o aspecto de “superação” de eventos potencialmente estressores apontado em algumas definições de resiliência. Defendem que o termo resiliência traduz conceitualmente a possibilidade de superação num sentido dialético, o que representa não uma eliminação, mas uma ressignificação do problema. Para Yunes (2003), o estudo do fenômeno da resiliência é relativamente recente. Vem sendo pesquisado há cerca de trinta anos, mas apenas nos últimos cinco anos os encontros internacionais têm trazido este construto para discussão. Sua definição não é clara, tampouco precisa quanto na Física ou na Engenharia, e nem poderia sê-lo, haja vista a complexidade e multiplicidade de fatores e variáveis que devem ser levados em conta no estudo dos fenômenos humanos. A resiliência, aplicada à Psicologia, pode ser definida como a capacidade universal que permite a uma pessoa, grupo ou comunidade a possibilidade de prevenir, minimizar ou superar os efeitos nocivos de adversidades, saindo não necessariamente ileso, mas fortalecido ou até mesmo transformado (GROTBERG, 2005). Estudos mostram que a resiliência é um fenômeno comum que surge a partir de funções e processos adaptativos normais do ser humano (MASTEN, 2001 apud PESCE, 2004). É caracterizada como um conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que possibilitam ter uma vida saudável, até mesmo vivendo em um ambiente não saudável. Integrando ingredientes psicológicos, sociais, emocionais, cognitivos, culturais, éticos, entre outros (RUTTER, 1993 apud PESCE, 2004). O meio-ambiente deve ser considerado para o entendimento dos processos adaptativos do indivíduo no curso de sua vida. Desta forma se justifica a importância deste entendimento para o trabalho do psicólogo.
RESILIÊNCIA (RISCO E PROTEÇÃO)
Compreender o conceito de resiliência a partir da interação do indivíduo com o
seu ambiente implica o entendimento dinâmico dos chamados fatores de risco e proteção. Os fatores de risco são os eventos de vida que, quando presentes, aumentam a probabilidade de o indivíduo apresentar problemas físicos, psicológicos e sociais. Já os fatores de proteção referem-se às influências que modificam, melhoram ou alteram respostas pessoais a determinados riscos de desadaptação. Tanto no conceito de fatores de risco, quanto no de proteção, a literatura tem destacado a necessidade de se enfatizar uma abordagem de processos. Ou seja, a priori, nenhuma variável é fator de risco ou proteção, uma vez que qualquer fator pode, potencialmente, ser de risco em uma situação e protetor em outra, dependendo justamente da relação estabelecida entre as variáveis individuais e o contexto sócio-ambiental. Sobre os fatores de risco, é importante destacar que a resiliência aparece em situações que expõem ao risco. Portanto, sem “risco, adversidade ou situação estressora” não se pode falar em resiliência. Há três formas pelas quais os indivíduos podem superar a situação de risco: 1. podem não ter vivenciado muitas das experiências estressantes que tendem a ser associadas com o risco; 2. podem desenvolver habilidades de enfrentamento para contra-atacar o risco e responder com mudanças que cancelam o impacto negativo do risco e o fazem avançar a novos níveis de adaptação e 3. podem dispor de algum fator de proteção que diminua o impacto do risco. (COWAN, 1996 apud KOLLER, 2007)
Os fatores de risco são os acontecimentos estressantes da vida, tais como a
pobreza, as perdas afetivas, as enfermidades, o desemprego, as guerras, entre outros. (RUTTER ,1993 apud PESCE, 2004). Segundo o auto, os fatores de proteção são as influências que modificam, melhoram ou alteram a resposta de uma pessoa frente a algum perigo que pode desencadear não adaptação. Entre estes, estão as relações parentais satisfatórias, fontes de apoio social disponíveis, auto-imagem positiva, crença ou religião, favorecimento da comunicação e colaboração na resolução de problemas (PINHEIRO, 2004). Estes fatores são importantes para o psicólogo, pois estão, juntamente com os de risco, relacionados a eventos de vida, os recursos, disposições ou demandas do indivíduo podem protegê-lo de eventos estressantes e/ou levá-los a desencadear enfermidades (BRONFENBRENNER & MORRIS, 1998 apud YUNES, 2003). A reação de uma pessoa frente a uma experiência traumática pode ser de diferentes formas (PINHEIRO, 2004). Tal fato é fundamental para o profissional psicólogo; tanto no que concerne ao paciente, quanto à família ou equipe de atendimento. Pessoas resilientes, ao enfrentar com sucesso um evento traumático não experimentam sintomas disfuncionais, nem vêem interrompido seu funcionamento normal, mas conseguem manter um equilíbrio estável sem que afete seu rendimento e sua vida diária. Outra discussão refere-se ao fato de que o acúmulo de fatores de risco poderia predizer a resiliência, já que todo ser humano possui um limite para lidar com o estresse. Celia e Souza (2002) comentam que ter mais do que quatro eventos estressantes na vida eleva a condição de risco. Outros autores advertem para o perigo da utilização do somatório de itens de eventos de vida encontrados em escalas e instrumentos para definir um indivíduo de alto risco. É preciso considerar a heterogeneidade dos tipos de eventos que muitas vezes são classificados da mesma forma, além do que, muitas vezes o mais importante não é apenas saber se o respondente vivenciou determinada situação, mas também como o evento afetou o indivíduo (GARMEZY, 1996; LUTHAR & CUSHING, 1999; LUTHAR & ZIGLER, 1991 apud PESCE, 2004). É a combinação entre a natureza, a quantidade e a intensidade dos fatores de risco que define o contexto da adversidade necessária para a resiliência (KAPLAN, 1999 apud PESCE, 2004). Para Rutter (1993), a proximidade entre fatores de risco e proteção merece ser prioridade e sugere que se use o termo risco sob a ótica de um mecanismo e não de um fator, uma vez que risco numa determinada situação pode ser proteção em outra. Alerta para o perigo em definir de forma arbitrária eventos isolados como fatores de risco, dando importância à ideia de equilíbrio entre risco e proteção, de forma que os primeiros sejam moderados pelos segundos, proporcionando como resultado uma atitude positiva frente à adversidade da vida. Seja como for que se constitui o risco, é possível aprender formas de enfrentamento a partir da convivência com indivíduos que o vivenciaram e ultrapassaram com sucesso. A resposta do indivíduo ao risco tem sido descrita em termos de vulnerabilidade e resiliência. (LUTHAR, 1991; ANTONI & KOLLER, 2000 apud PESCE, 2004). Por vulnerabilidade entende-se a predisposição individual para desenvolver variadas formas de psicopatologias ou comportamentos não eficazes, ou susceptibilidade para um resultado negativo no desenvolvimento. No outro lado, está a resiliência, como a predisposição individual para resistir às conseqüências negativas do risco e desenvolver-se adequadamente. Os fatores ou mecanismos de proteção que um indivíduo dispõe internamente ou capta do meio em que vive são considerados elementos cruciais para a compreensão do tema. Os termos mais utilizados para tratar a adversidade são fatores de risco, eventos de vida ou estressores, enquanto que os fatores de proteção são usualmente nomeados como mediadores (buffers). A presença de um fator de proteção pode determinar o surgimento de outros fatores de proteção em algum outro momento. Portanto, compreender de que forma esses mediadores agem para atenuar os efeitos negativos do estresse ou do risco é tarefa tão complexa quanto determinar o que é fator de adversidade para cada ser humano. Os processos de proteção têm a característica essencial de provocar uma modificação catalítica da resposta do indivíduo aos processos de risco. Possuem quatro principais funções: (1) reduzir o impacto dos riscos, fato que altera a exposição da pessoa à situação adversa; (2) reduzir as reações negativas em cadeia que seguem a exposição do indivíduo à situação de risco; (3) estabelecer e manter a auto-estima e auto-eficácia, através de estabelecimento de relações de apego seguras e o cumprimento de tarefas com sucesso; (4) criar oportunidades para reverter os efeitos do estresse (RUTTER, 1993 apud PESCE 2004). Há divergências na literatura sobre a capacidade desses fatores predizerem efetivamente a resiliência. Para Trombeta e Guzzo (2002), apenas os fatores de proteção são preditivos de resiliência, enquanto os fatores de risco não possuem tal capacidade. Para Yunes e Szymanski (2001), a resiliência é o produto final da combinação e acúmulo dos fatores de proteção. Um conceito importante para se compreender a capacidade de resiliência do indivíduo é o de coping ((RUTTER, 1993 apud PESCE, 2004)). Refere-se ao posicionamento e às ações individuais frente às situações negativas de vida. São esforços cognitivos e comportamentais utilizados pelo indivíduo para lidar com as situações indutoras de estresse (FOLKMAN & LAZARUS, 1985 apud YUNES 2003). Podem estar direcionados para a emoção (esforço para regular o estado emocional associado ao estresse) ou ser focalizado no problema (esforço para agir na origem do estresse, tentando modificá-lo). Estratégias de coping mais voltadas para o enfrentamento direto dos problemas ou a elaboração das dificuldades são mais encon- tradas em indivíduos resilientes, podendo moderar o efeito das adversidades, tornando- se um fator protetivo (SILVA, 2001). Nos indivíduos resilientes há menor utilização de estratégias de coping de evitação dos problemas. O coping ilustra a importância das diferenças individuais nos níveis social, psicológico e neuroquímico (KAVSEK & SEIFFGE-KRENKE, 1996 apud PESCE, 2004). A resiliência não é absoluta nem é adquirida. É uma capacidade que resulta de um processo dinâmico e evolutivo que varia conforme as circunstâncias; a natureza humana; o contexto e a etapa de vida, e cuja expressão varia de diferentes maneiras em diferentes culturas (MASTEN, 2001 apud PESCE, 2004). É um processo, um vir a ser. Desta forma, não é tanto a pessoa que é resiliente, mas sua evolução, o processo de sua história vital individual. A resiliência é uma capacidade que resulta de um processo dinâmico.
PSICOLOGIA POSITIVA E RESILIÊNCIA
A partir do movimento da denominada Psicologia Positiva, sobretudo a partir do
ano 2000, uma nova preocupação tem sido trazida aos estudos da psicologia e, particularmente, da resiliência. A psicologia positiva, apresenta o movimento de ressaltar os aspectos positivos do desenvolvimento, indicativos de uma vida saudável. É dentre esses fenômenos considerados positivos no desenvolvimento humano que se encontra a resiliência — uma adaptação positiva a despeito das adversidades. Trata-se de compreender os fatores e processos que promovem o desenvolvimento psicológico sadio e quais os aspectos que são responsáveis por fortalecer e construir competências nos indivíduos. Essa nova perspectiva, como se vê, encoraja o foco nos estudos sobre os fatores de proteção, sobretudo para se desenvolverem estratégias de prevenção mais eficazes. Essas estratégias deveriam consistir tanto na evitação do risco, como na promoção de um funcionamento psicológico mais saudável após a exposição ao mesmo. A Psicologia Positiva mostra que a resiliência é uma realidade. Confirmada por testemunho de pessoas que viveram alguma situação traumática, conseguiram encará-la e seguir vivendo e se desenvolvendo, muitas vezes, em um nível melhor, como se o trauma vivido tivesse auxiliado no desenvolvimento de recursos já existentes (KOBASA, 1982; MANCIAUX e cols., 2001 apud RUDNICKI, 2007). Assim, a capacidade de controle permite ao indivíduo perceber, conseqüências previsíveis devidas a sua própria atividade e, conseqüentemente, manejar os estímulos em seu próprio beneficio. São capazes de interpretar os acontecimentos estressantes e incorporá-los dentro de um plano pessoal de metas, transformando-os em algo consistente com o sistema de valores do organismo e não em algo perturbador. Um dos fatores importantes para o psicólogo são os efeitos que estão mediados por mecanismos de avaliação do ambiente e por mecanismos de enfrentamento (KOBASA, 1979 apud RUDNICKI, 2007). Pessoas resistentes experimentam os eventos de forma similar a pessoas menos resistentes, porém, os avaliam como menos ameaçadores, mantendo-se mais otimistas sobre sua habilidade para enfrentá-los. Pessoas com capacidade de resiliência são mais resistentes, suas características de personalidade estão associadas a maiores níveis de afeto positivo e, menores de afeto negativo, respostas psicofisiológicas de estresse. Mostra maior tolerância à frustração e agem de diferentes formas. A primeira é a forma como percebem o estímulo estressante; percebendo estímulos estressantes como positivos e controláveis. A outra leva a um determinado estilo de enfrentamento com características que podem minimizar os efeitos do estímulo estressante facilitando estratégias mais adaptativas ou inibindo as menos adaptativas (KOBASA, 1979b; AVIA, & VÁZQUEZ, 1999; FOLKMAN & MOSKOVITZ, 2000, apud RUDNICKI, 2007). Nesse sentido, além de ser protetor ao indivíduo evitar situações que o exponham ao risco, poderia ser também protetora a experiência do risco e a reconstrução psicológica que tal experiência proporcionasse. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O aprofundamento em estudos sobre resiliência representa uma abordagem para
conhecer como o indivíduo se desenvolve quando confrontada com circunstâncias adversas. Nestas situações, muito se focalizava nos fatores de risco e na etiologia dos problemas. No entanto, importantes aprendizados podem ser adquiridos pela convivência com pessoas que ultrapassaram com sucesso o risco. A investida na resiliência tem enfraquecido o foco na patologia da desvantagem e valorizado aqueles que obtêm sucesso de alguma forma em suas vidas. O estudo aponta que a existência de características de risco e de proteção está associada ao desenvolvimento de padrões resilientes e, sendo assim, contribui para que o indivíduo incorpore estratégias de enfrentamento que permitam a ele desenvolver uma adaptação positiva frente a um estressor. Essa consideração se reflete, portanto, na necessidade de psicólogo e cliente estabelecerem formas efetivas de planejar e implementar intervenções com o objetivo de promover o desenvolvimento de resiliência. Pois, diante da situação atual que se caracteriza pela alta ocorrência de eventos aversivos no decorrer do desenvolvimento, algumas pessoas passam por situações traumáticas e a superam saindo fortalecidas, e outras não conseguem recuperar-se da situação ocorrida. Um dos motivos para que cada indivíduo lide de formas diferentes com problemas semelhantes está relacionado com o conceito de resiliência. Ao passar por uma situação traumática, muitas pessoas tendem a procurar ajuda profissional para orientá-las nesse contexto adverso, sendo o psicólogo um desses profissionais que possuem formação adequada para fornecer a ajuda necessária. Os estudos sobre a resiliência são de grande contribuição para o trabalho do psicólogo, pois ao conhecer a resiliência, será possível ver um indivíduo como capaz de procurar recursos para superar as adversidades, não sendo somente um observador passivo de sua história, e sim capaz de buscar recursos em si mesmo e no ambiente que o rodeia para a resolução de conflitos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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