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ASSOCIAÇÃO TERESINENSE DE ENSINO / ATE

FACULDADE SANTO AGOSTINHO


CURSO DE ESPECIALIZAÇAO LATU SENSU EM PSICOLOGIA
CLÍNICA
DISCIPLINA: ENFOQUE PSICOSSOMÁTICO DO PROCESSO
TERAPÊUTICO
MINISTRANTE: PROF. MS. PÉRISSON DANTAS DO
NASCIMENTO 

RESILIÊNCIA

TERESINA, 2.010.
IDIMÁ TELES DE ALMEIDA

NAYANA LOPES VASCONCELOS

RESILIÊNCIA

Trabalho apresentado como


requisito para avaliação na Disciplina
Enfoque Psicossomático do Processo
Terapêutico do Curso de Pós-Graduação
Lato Sensu em Psicologia da Faculdade
Santo Agostinho, tendo como ministrante o
Professor Mestre Périsson Dantas do
Nascimento.

TERESINA, 2.010.
INTRODUÇÃO

O trabalho trata sobre resiliência e os mecanismos que estão na base de seu


processo; buscando-se fazer uma reflexão acerca da importância do seu estudo para o
trabalho do psicólogo. Buscou-se revisar o conceito de resiliência sob diferentes
perspectivas, demonstrando que, no enfoque da Psicologia, se tem procurado
compreender os processos e condições que possibilitam a superação de situações de
crises.
Resiliência é um termo proveniente da física que faz referência à capacidade que
possui um corpo para recuperar sua forma original depois de suportar uma pressão. Ao
ser incorporada a ciência do comportamento foi definida como a capacidade que o
individuo possui para superar adversidades e sair fortalecido. É um fenômeno
importante do desenvolvimento humano; no entanto, seu conceito encontra-se em fase
de discussão, pois esse campo de pesquisa é recente na área das ciências humanas.
Destaca-se, também, a questão da resiliência inserida no movimento da
Psicologia Positiva, reafirmando a sua importância para a determinação de novos
horizontes para pesquisas nas áreas das ciências humanas e sociais. Psicologia Positiva
como movimento de investigação de aspectos potencialmente saudáveis dos seres
humanos, em oposição à psicologia tradicional e sua ênfase nos aspectos
psicopatológicos. E, a resiliência, destaca-se entre os fenômenos indicativos de vida
saudável, por referir-se a processos que explicam a superação de adversidades, cujo
discurso foca o indivíduo. O estudo indica, também, que o conceito de resiliência está
em construção; além disso, tem relação direta com os fatores de risco e de proteção.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

CONCEITO DE RESILIÊNCIA

Na língua portuguesa, a palavra resiliência, aplicada às ciências sociais e


humanas, vem sendo utilizada há poucos anos. O minidicionário de língua portuguesa
de autoria de Ferreira (2001), diz que, na Física, resiliência “é a propriedade pela qual a
energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão
causadora duma deformação elástica”. No sentido figurado, o mesmo dicionário aponta
o termo como “resistência ao choque”. A referência é feita apenas à resiliência de
materiais, e mesmo no sentido figurado, nada é especificamente claro para a
compreensão do que seja a resiliência quando se trata de pessoas.
A noção de resiliência vem sendo utilizada há muito tempo pela Física e
Engenharia, sendo um de seus precursores o cientista inglês Thomas Young, que, em
1807, considerando tensão e compressão, introduz pela primeira vez a noção de módulo
de elasticidade. Young descrevia experimentos sobre tensão e compressão de barras,
buscando a relação entre a força que era aplicada num corpo e a deformação que esta
força produzia.
Em Psicologia, o estudo do fenômeno da resiliência é relativamente recente.
Vem sendo pesquisado há cerca de trinta anos. Aliado a teorias da psicopatologia,
desenvolvimento e estresse, o conceito de resiliência foi definido a princípio como um
conjunto de traços de personalidade e capacidades que tornavam invulneráveis as
pessoas que passavam por experiências traumáticas e não desenvolviam doenças
psíquicas, caracterizando assim, a qualidade de serem resistentes (ANTHONY &
COHLER, 2000).
A resiliência é a manifestação de competências e habilidades na realização de
tarefas inerentes ao desenvolvimento humano tais como, o desempenho acadêmico,
profissional e de parentalização na vida adulta (MASTEN e COATSWORTH, 1998
apud PESCE, 2004).
Essas competências eram observadas em pessoas que na infância passaram por
situações de privação social e emocional que pudessem levar a dificuldades futuras.
Com o avanço dos estudos, novas facetas desse fenômeno foram sendo descobertas,
admitindo-se então a vulnerabilidade das pessoas a situações adversas, considerando
então resilientes aquelas que conseguiam se recuperar possuindo um desenvolvimento
saudável na vida adulta. Resiliência e invulnerabilidade não são termos equivalentes,
afirmam Zimmerman e Arunkumar ,1994 apud Yunes, 2003. Segundo estes autores,
resiliência refere-se a uma “habilidade de superar adversidades, o que não significa que
o indivíduo saia da crise ileso, como implica o termo invulnerabilidade”.
Tomando como base a teoria do estresse e adaptação a resiliência foi estudada
no âmbito da família, sendo considerada em sua totalidade, submetida a desafios
próprios do ciclo vital e outros inesperados. A resiliência familiar é um processo de
adaptação aos eventos estressores que ultrapassa o simples ajustamento, pois envolve a
mudança de crenças e de visão do mundo (MCCUBBIN, 1996 apud YUNES, 2003).
Junqueira e Deslandes (2003), a partir de uma revisão crítica das publicações
sobre resiliência do final dos anos 1990, verificaram que o conceito não apresenta uma
definição consensual, sendo caracterizado em termos mais operacionais do que
descritivo. As autoras consideram a resiliência como a capacidade do sujeito de, em
determinados momentos e de acordo com as circunstâncias, lidar com a adversidade não
sucumbindo a ela, alertando para a necessidade de relativizar, em função do indivíduo e
do contexto, o aspecto de “superação” de eventos potencialmente estressores apontado
em algumas definições de resiliência. Defendem que o termo resiliência traduz
conceitualmente a possibilidade de superação num sentido dialético, o que representa
não uma eliminação, mas uma ressignificação do problema.
Para Yunes (2003), o estudo do fenômeno da resiliência é relativamente recente.
Vem sendo pesquisado há cerca de trinta anos, mas apenas nos últimos cinco anos os
encontros internacionais têm trazido este construto para discussão. Sua definição não é
clara, tampouco precisa quanto na Física ou na Engenharia, e nem poderia sê-lo, haja
vista a complexidade e multiplicidade de fatores e variáveis que devem ser levados em
conta no estudo dos fenômenos humanos.
A resiliência, aplicada à Psicologia, pode ser definida como a capacidade
universal que permite a uma pessoa, grupo ou comunidade a possibilidade de prevenir,
minimizar ou superar os efeitos nocivos de adversidades, saindo não necessariamente
ileso, mas fortalecido ou até mesmo transformado (GROTBERG, 2005). Estudos
mostram que a resiliência é um fenômeno comum que surge a partir de funções e
processos adaptativos normais do ser humano (MASTEN, 2001 apud PESCE, 2004).
É caracterizada como um conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que
possibilitam ter uma vida saudável, até mesmo vivendo em um ambiente não saudável.
Integrando ingredientes psicológicos, sociais, emocionais, cognitivos, culturais, éticos,
entre outros (RUTTER, 1993 apud PESCE, 2004). O meio-ambiente deve ser
considerado para o entendimento dos processos adaptativos do indivíduo no curso de
sua vida. Desta forma se justifica a importância deste entendimento para o trabalho do
psicólogo.

RESILIÊNCIA (RISCO E PROTEÇÃO)

Compreender o conceito de resiliência a partir da interação do indivíduo com o


seu ambiente implica o entendimento dinâmico dos chamados fatores de risco e
proteção. Os fatores de risco são os eventos de vida que, quando presentes, aumentam a
probabilidade de o indivíduo apresentar problemas físicos, psicológicos e sociais. Já os
fatores de proteção referem-se às influências que modificam, melhoram ou alteram
respostas pessoais a determinados riscos de desadaptação. Tanto no conceito de fatores
de risco, quanto no de proteção, a literatura tem destacado a necessidade de se enfatizar
uma abordagem de processos. Ou seja, a priori, nenhuma variável é fator de risco ou
proteção, uma vez que qualquer fator pode, potencialmente, ser de risco em uma
situação e protetor em outra, dependendo justamente da relação estabelecida entre as
variáveis individuais e o contexto sócio-ambiental.
Sobre os fatores de risco, é importante destacar que a resiliência aparece em
situações que expõem ao risco. Portanto, sem “risco, adversidade ou situação
estressora” não se pode falar em resiliência. Há três formas pelas quais os indivíduos
podem superar a situação de risco:
1. podem não ter vivenciado muitas das experiências estressantes que
tendem a ser associadas com o risco;
2. podem desenvolver habilidades de enfrentamento para contra-atacar o
risco e responder com mudanças que cancelam o impacto negativo do
risco e o fazem avançar a novos níveis de adaptação e
3. podem dispor de algum fator de proteção que diminua o impacto do
risco. (COWAN, 1996 apud KOLLER, 2007)

Os fatores de risco são os acontecimentos estressantes da vida, tais como a


pobreza, as perdas afetivas, as enfermidades, o desemprego, as guerras, entre outros.
(RUTTER ,1993 apud PESCE, 2004). Segundo o auto, os fatores de proteção são as
influências que modificam, melhoram ou alteram a resposta de uma pessoa frente a
algum perigo que pode desencadear não adaptação. Entre estes, estão as relações
parentais satisfatórias, fontes de apoio social disponíveis, auto-imagem positiva, crença
ou religião, favorecimento da comunicação e colaboração na resolução de problemas
(PINHEIRO, 2004). Estes fatores são importantes para o psicólogo, pois estão,
juntamente com os de risco, relacionados a eventos de vida, os recursos, disposições ou
demandas do indivíduo podem protegê-lo de eventos estressantes e/ou levá-los a
desencadear enfermidades (BRONFENBRENNER & MORRIS, 1998 apud YUNES,
2003).
A reação de uma pessoa frente a uma experiência traumática pode ser de
diferentes formas (PINHEIRO, 2004). Tal fato é fundamental para o profissional
psicólogo; tanto no que concerne ao paciente, quanto à família ou equipe de
atendimento. Pessoas resilientes, ao enfrentar com sucesso um evento traumático não
experimentam sintomas disfuncionais, nem vêem interrompido seu funcionamento
normal, mas conseguem manter um equilíbrio estável sem que afete seu rendimento e
sua vida diária.
Outra discussão refere-se ao fato de que o acúmulo de fatores de risco poderia
predizer a resiliência, já que todo ser humano possui um limite para lidar com o
estresse.
Celia e Souza (2002) comentam que ter mais do que quatro eventos estressantes
na vida eleva a condição de risco. Outros autores advertem para o perigo da utilização
do somatório de itens de eventos de vida encontrados em escalas e instrumentos para
definir um indivíduo de alto risco. É preciso considerar a heterogeneidade dos tipos de
eventos que muitas vezes são classificados da mesma forma, além do que, muitas vezes
o mais importante não é apenas saber se o respondente vivenciou determinada situação,
mas também como o evento afetou o indivíduo (GARMEZY, 1996; LUTHAR &
CUSHING, 1999; LUTHAR & ZIGLER, 1991 apud PESCE, 2004).
É a combinação entre a natureza, a quantidade e a intensidade dos fatores de
risco que define o contexto da adversidade necessária para a resiliência (KAPLAN,
1999 apud PESCE, 2004). Para Rutter (1993), a proximidade entre fatores de risco e
proteção merece ser prioridade e sugere que se use o termo risco sob a ótica de um
mecanismo e não de um fator, uma vez que risco numa determinada situação pode ser
proteção em outra. Alerta para o perigo em definir de forma arbitrária eventos isolados
como fatores de risco, dando importância à ideia de equilíbrio entre risco e proteção, de
forma que os primeiros sejam moderados pelos segundos, proporcionando como
resultado uma atitude positiva frente à adversidade da vida.
Seja como for que se constitui o risco, é possível aprender formas de
enfrentamento a partir da convivência com indivíduos que o vivenciaram e
ultrapassaram com sucesso. A resposta do indivíduo ao risco tem sido descrita em
termos de vulnerabilidade e resiliência. (LUTHAR, 1991; ANTONI & KOLLER, 2000
apud PESCE, 2004). Por vulnerabilidade entende-se a predisposição individual para
desenvolver variadas formas de psicopatologias ou comportamentos não eficazes, ou
susceptibilidade para um resultado negativo no desenvolvimento. No outro lado, está a
resiliência, como a predisposição individual para resistir às conseqüências negativas do
risco e desenvolver-se adequadamente.
Os fatores ou mecanismos de proteção que um indivíduo dispõe internamente ou
capta do meio em que vive são considerados elementos cruciais para a compreensão do
tema. Os termos mais utilizados para tratar a adversidade são fatores de risco, eventos
de vida ou estressores, enquanto que os fatores de proteção são usualmente nomeados
como mediadores (buffers). A presença de um fator de proteção pode determinar o
surgimento de outros fatores de proteção em algum outro momento. Portanto,
compreender de que forma esses mediadores agem para atenuar os efeitos negativos do
estresse ou do risco é tarefa tão complexa quanto determinar o que é fator de
adversidade para cada ser humano.
Os processos de proteção têm a característica essencial de provocar uma
modificação catalítica da resposta do indivíduo aos processos de risco. Possuem quatro
principais funções: (1) reduzir o impacto dos riscos, fato que altera a exposição da
pessoa à situação adversa; (2) reduzir as reações negativas em cadeia que seguem a
exposição do indivíduo à situação de risco; (3) estabelecer e manter a auto-estima e
auto-eficácia, através de estabelecimento de relações de apego seguras e o cumprimento
de tarefas com sucesso; (4) criar oportunidades para reverter os efeitos do estresse
(RUTTER, 1993 apud PESCE 2004).
Há divergências na literatura sobre a capacidade desses fatores predizerem
efetivamente a resiliência. Para Trombeta e Guzzo (2002), apenas os fatores de proteção
são preditivos de resiliência, enquanto os fatores de risco não possuem tal capacidade.
Para Yunes e Szymanski (2001), a resiliência é o produto final da combinação e
acúmulo dos fatores de proteção.
Um conceito importante para se compreender a capacidade de resiliência do
indivíduo é o de coping ((RUTTER, 1993 apud PESCE, 2004)). Refere-se ao
posicionamento e às ações individuais frente às situações negativas de vida. São
esforços cognitivos e comportamentais utilizados pelo indivíduo para lidar com as
situações indutoras de estresse (FOLKMAN & LAZARUS, 1985 apud YUNES 2003).
Podem estar direcionados para a emoção (esforço para regular o estado emocional
associado ao estresse) ou ser focalizado no problema (esforço para agir na origem do
estresse, tentando modificá-lo). Estratégias de coping mais voltadas para o
enfrentamento direto dos problemas ou a elaboração das dificuldades são mais encon-
tradas em indivíduos resilientes, podendo moderar o efeito das adversidades, tornando-
se um fator protetivo (SILVA, 2001). Nos indivíduos resilientes há menor utilização de
estratégias de coping de evitação dos problemas. O coping ilustra a importância das
diferenças individuais nos níveis social, psicológico e neuroquímico (KAVSEK &
SEIFFGE-KRENKE, 1996 apud PESCE, 2004).
A resiliência não é absoluta nem é adquirida. É uma capacidade que resulta de
um processo dinâmico e evolutivo que varia conforme as circunstâncias; a natureza
humana; o contexto e a etapa de vida, e cuja expressão varia de diferentes maneiras em
diferentes culturas (MASTEN, 2001 apud PESCE, 2004). É um processo, um vir a ser.
Desta forma, não é tanto a pessoa que é resiliente, mas sua evolução, o processo de sua
história vital individual. A resiliência é uma capacidade que resulta de um processo
dinâmico.

PSICOLOGIA POSITIVA E RESILIÊNCIA

A partir do movimento da denominada Psicologia Positiva, sobretudo a partir do


ano 2000, uma nova preocupação tem sido trazida aos estudos da psicologia e,
particularmente, da resiliência. A psicologia positiva, apresenta o movimento de
ressaltar os aspectos positivos do desenvolvimento, indicativos de uma vida saudável. É
dentre esses fenômenos considerados positivos no desenvolvimento humano que se
encontra a resiliência — uma adaptação positiva a despeito das adversidades. Trata-se
de compreender os fatores e processos que promovem o desenvolvimento psicológico
sadio e quais os aspectos que são responsáveis por fortalecer e construir competências
nos indivíduos. Essa nova perspectiva, como se vê, encoraja o foco nos estudos sobre os
fatores de proteção, sobretudo para se desenvolverem estratégias de prevenção mais
eficazes. Essas estratégias deveriam consistir tanto na evitação do risco, como na
promoção de um funcionamento psicológico mais saudável após a exposição ao mesmo.
A Psicologia Positiva mostra que a resiliência é uma realidade. Confirmada por
testemunho de pessoas que viveram alguma situação traumática, conseguiram encará-la
e seguir vivendo e se desenvolvendo, muitas vezes, em um nível melhor, como se o
trauma vivido tivesse auxiliado no desenvolvimento de recursos já existentes
(KOBASA, 1982; MANCIAUX e cols., 2001 apud RUDNICKI, 2007).
Assim, a capacidade de controle permite ao indivíduo perceber, conseqüências
previsíveis devidas a sua própria atividade e, conseqüentemente, manejar os estímulos
em seu próprio beneficio. São capazes de interpretar os acontecimentos estressantes e
incorporá-los dentro de um plano pessoal de metas, transformando-os em algo
consistente com o sistema de valores do organismo e não em algo perturbador.
Um dos fatores importantes para o psicólogo são os efeitos que estão mediados por
mecanismos de avaliação do ambiente e por mecanismos de enfrentamento (KOBASA,
1979 apud RUDNICKI, 2007). Pessoas resistentes experimentam os eventos de forma
similar a pessoas menos resistentes, porém, os avaliam como menos ameaçadores,
mantendo-se mais otimistas sobre sua habilidade para enfrentá-los.
Pessoas com capacidade de resiliência são mais resistentes, suas características
de personalidade estão associadas a maiores níveis de afeto positivo e, menores de afeto
negativo, respostas psicofisiológicas de estresse. Mostra maior tolerância à frustração e
agem de diferentes formas. A primeira é a forma como percebem o estímulo estressante;
percebendo estímulos estressantes como positivos e controláveis. A outra leva a um
determinado estilo de enfrentamento com características que podem minimizar os
efeitos do estímulo estressante facilitando estratégias mais adaptativas ou inibindo as
menos adaptativas (KOBASA, 1979b; AVIA, & VÁZQUEZ, 1999; FOLKMAN &
MOSKOVITZ, 2000, apud RUDNICKI, 2007).
Nesse sentido, além de ser protetor ao indivíduo evitar situações que o
exponham ao risco, poderia ser também protetora a experiência do risco e a
reconstrução psicológica que tal experiência proporcionasse.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aprofundamento em estudos sobre resiliência representa uma abordagem para


conhecer como o indivíduo se desenvolve quando confrontada com circunstâncias
adversas. Nestas situações, muito se focalizava nos fatores de risco e na etiologia dos
problemas. No entanto, importantes aprendizados podem ser adquiridos pela
convivência com pessoas que ultrapassaram com sucesso o risco. A investida na
resiliência tem enfraquecido o foco na patologia da desvantagem e valorizado aqueles
que obtêm sucesso de alguma forma em suas vidas.
O estudo aponta que a existência de características de risco e de proteção está
associada ao desenvolvimento de padrões resilientes e, sendo assim, contribui para que
o indivíduo incorpore estratégias de enfrentamento que permitam a ele desenvolver uma
adaptação positiva frente a um estressor. Essa consideração se reflete, portanto, na
necessidade de psicólogo e cliente estabelecerem formas efetivas de planejar e
implementar intervenções com o objetivo de promover o desenvolvimento de
resiliência. Pois, diante da situação atual que se caracteriza pela alta ocorrência de
eventos aversivos no decorrer do desenvolvimento, algumas pessoas passam por
situações traumáticas e a superam saindo fortalecidas, e outras não conseguem
recuperar-se da situação ocorrida. Um dos motivos para que cada indivíduo lide de
formas diferentes com problemas semelhantes está relacionado com o conceito de
resiliência.
Ao passar por uma situação traumática, muitas pessoas tendem a procurar ajuda
profissional para orientá-las nesse contexto adverso, sendo o psicólogo um desses
profissionais que possuem formação adequada para fornecer a ajuda necessária. Os
estudos sobre a resiliência são de grande contribuição para o trabalho do psicólogo, pois
ao conhecer a resiliência, será possível ver um indivíduo como capaz de procurar
recursos para superar as adversidades, não sendo somente um observador passivo de sua
história, e sim capaz de buscar recursos em si mesmo e no ambiente que o rodeia para a
resolução de conflitos.
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