Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Outtub
ubrro 2008
Psicologia na luta pela democratização da Comunicação Eventos do CRP-RJ discutem violência de Estado e Ado-
- Pág. 17 ção - Pág. 18
O uso público de espaços públicos - Pág 17 CRP-RJ comemora o Dia do psicólogo - Pág. 20
Editorial • Expediente •
Conse lho R
nselho Reegio nal d
ional dee Psic
Psicolo
ologgia
sicolo
“Amoladores de facas” do R io d
Rio dee JJane
aneir
aneir o – CRP
iro -RJ
CRP-RJ
Rua Delgado de Carvalho, 53 – Tijuca - CEP: 20260-280
Tel/Fax: (21) 2139 5400 - E-mail: crprj@crprj.org.br
O que significa pensar diversidade sexual tar o preconceito seria uma ingênua dedução, site: www.crprj.org.br
como direito humano? Como pensar Direitos Dir
ireetor ia E
Exxecu
cuttiva:
uma análise que justifica e alimenta os autori-
José Novaes – presidente - CRP 05/980
Humanos para além de uma concepção vin- tários ‘pontos de vista’, os relativismos e a ênfa- Eliana Olinda Alves - vice-presidente - CRP 05/24612
Marília Álvares Lessa – tesoureira - CRP 05/1773
culada à noção de tratados e convenções? O se na boa ou má consciência. O autoritarismo Maria da Conceição Nascimento – secretária - CRP 05/26929
que significa pensar Direitos Humanos como dos ‘pontos de vista’ funda-se no esvaziamento Membros Efetivos:
Ana Carla Souza Silveira da Silva - CRP 05/18427
práticas? Como pensar em práticas homo- da implicação coletiva e da construção históri- Eliana Olinda Alves - CRP 05/24612
fóbicas para falar de homofobia? E, enfim, o ca e sociopolítica do olhar e do outro. O pre- Francisca de Assis Rocha Alves - CRP 05/18453
Janaina Barros Fernandes - CRP 05/26927
que tem a homofobia a ver com a nossa práti- conceito remetido a uma questão pessoal esva- José Henrique Lobato Vianna - CRP 05/18767
ca, de psicólogos? zia suas tramas com o poder, sua eficácia polí- Lindomar Expedito Silva Darós - CRP 05/20112
Luiz Fernando Monteiro P. Bravo - CRP 05/2346
Falamos de homofobia quando afirmamos tica na manutenção e na desqualificação dos Lygia Santa Maria Ayres - CRP 05/1832
que a cada três dias um homossexual é morto no modos de existir. O que os amoladores de facas Maria da Conceição Nascimento - CRP 05/26929
Noeli de Almeida Godoy de Oliveira - CRP 05/24995
Brasil por conta da sua condição homossexual têm em comum é a presença camuflada do ato Pedro Paulo G. de Bicalho – CRP 05/26077
Suyanna Linhales Barker - CRP 05/27041
ou, ainda, quando lembramos que existem 80 genocida. São genocidas, porque retiram da Wilma Fernandes Mascarenhas - CRP 05/27822
países que criminalizam a homossexualidade em vida o sentido de experimentação e de criação Membros Suplentes:
Alessandra Daflon dos Santos - CRP 05/26697
suas leis penais – e, destes, sete ainda como ques- coletiva”. Ana Lúcia de Lemos Furtado - CRP 05/0465
tão de pena de morte. Homofobia entendida, Por que trazer para uma discussão sobre o Ana Maria Marques Santos - CRP 05/18966
Elizabeth Pereira Paiva - CRP 05/4116
assim, como genocídio. enfretamento à homofobia o conceito de Érika Piedade da Silva Santos - CRP 05/20319
Luis Antônio Baptista, em seu texto “A atriz, amoladores de facas? Porque, para além da ques- Fernanda Brant Gabry Stellet - CRP 05/29217
Luciléia Pereira- CRP 05/29453
o padre e a psicanalista – os amoladores de fa- tão da criminalização, está a pergunta: “onde es- Márcia Ferreira Amêndola - CRP 05/24729
cas”, nos diz: “o fio da faca que esquarteja, ou o tão essas práticas que amolam facas?”. E em que Maria Márcia Badaró Bandeira - CRP 05/2027
Rosilene Souza Gomes de Cerqueira - CRP 05/10564
tiro certeiro nos olhos, possui alguns aliados, sentido a prática de amolar facas são práticas Samira Younes Ibrahim - CRP 05/7923
agentes sem rostos que preparam o solo para que vão de encontro a práticas de Direitos Hu- Vanda Vasconcelos Moreira - CRP 05/6065
Vivian de Almeida Fraga - CRP 05/30376
esses sinistros atos. Sem cara ou personalidade, manos? Quem são os amoladores de facas? Em Comissão de Comunicação Social:
Alessandra Daflon dos Santos
podem ser encontrados em discursos, textos, quais momentos amolamos facas? Eliana Olinda Alves
falas, modos de viver, modos de pensar que cir- Recorramos a Foucault: para além da ques- José Novaes
Marília Álvares Lessa
culam entre famílias, jornalistas, prefeitos, ar- tão da normalidade, por que é construído, em Noeli de Almeida Godoy de Oliveira
tistas, padres, psicanalistas, etc. Destituídos de torno da sexualidade, um objeto de saber? Qual Colab
olabo orador a:
Fabiana Castelo Valadares - CRP 05/28553
aparente crueldade, tais aliados amolam a faca é o lugar do psicólogo na produção desses sabe-
Jor nalista Resp
Responsáv
espo nsáveel
e enfraquecem a vítima, reduzindo-a a pobre res que, aliados a exercícios de poder, produzem Marcelo Cajueiro - MTb 15963/97/79
coitado, cúmplice do ato, carente de cuidado, processos de subjetivação? Lembremos de João Proje
jetto Gráfic
Gráfic o
ráfico
Octavio Rangel
fraco e estranho a nós, estranho a uma condi- Cabral de Melo Neto, que em ‘Morte e Vida Redação
Bárbara Skaba (jornalista)
ção humana plenamente viva.” O que têm em Severina’ nos pergunta: qual parte nos cabe nes- Felipe Simões (estagiário)
comum, afinal, os amoladores de facas? “Apon- se latifúndio? Produção Edit or ial
Edito
Diagrama Comunicações Ltda.
(21) 2232-3866 / 3852-6820
Imp
mprressão
(continuação da página anterior) riam contribuir para a expressão de outras for- “A qquestão
uestão não é
Já o psicólogo, conselheiro do CRP-RJ e pro- mas de relação com o desejo, outros modos de ser, aceitar ou não
fessor do Instituto de Psicologia da UFRJ Pedro não apenas os caricaturais. Existem mil outras for- aceitar
itar.. Ninguém
Ninguém
Paulo Gastalho de Bicalho (CRP 05/26077) colo- mas de ser homossexual que não estão visíveis na pergunta a
ca em questão a própria necessidade de aceitação. mídia. A questão é que essa imagem que se vende or ie ntação se
ientação xual
sexual
“A questão não é aceitar ou não aceitar. Ninguém não é a imagem que corresponde à experiência em dos cida dãos no
cidadãos
pergunta a orientação sexual dos cidadãos no mo- sua integridade”, declara o professor. É no que mo
mome me nt
ment
ntoo da
mento da declaração do Imposto de Renda, por também acredita Pedro Paulo: “O estereótipo, seja declar ação d
laração o
do
exemplo. Portanto, não há a questão de aceitar ele qual for, só ajuda a manter concepções Imp
mpostost
ostooddee R
Reenda. SSee são cidadãos eem
cidadãos m
ou não suas contribuições tributárias. É preciso generalizantes e distantes da singularidade que seus d
seus deeveres, d deevem seserr da mesma ffo orma
tratar com isonomia outras questões. Se são cida- atravessa existências e que propiciam a diversida- em se us dir
seus direeitos, se
itos, m dist
sem inções.
inções.””
distinções.
dãos em seus deveres, devem ser da mesma forma de e a pluralidade”. Pedr
drooP aulo B
Paulo icalho
Bicalho
com seus direitos, sem distinções”. Inserida nesse contexto social, a família - que,
O psicólogo e pesquisador Alexandre Nabor para os psicólogos, possui um papel importante
Mathias de França (CRP05/32345), colaborador na apropriação de homossexuais que estão entran- nossos ‘pré-conceitos’, passamos a desconstruí-
do Grupo de Trabalho Psicologia e Diversidade do em contato com sua sexualidade - pode acabar lo para moldar novos conceitos. É a descons-
Sexual do CRP-RJ, também não fala em aceitação, se transformando em mais um mecanismo exclu- trução para uma nova construção. O mais im-
mas tolerância. “Tenho observado que a tolerân- dente. Para Marcelo, “a família tem um papel portante é saber o que se faz com o preconceito,
cia está um pouco maior. Entre adolescentes, por crucial de dialogar sobre dificuldade que temos para que ele não se enraíze e se transforme em
exemplo, a questão sobre orientação sexual não é em aceitar a diferença e a diversidade”. “Mesmo um ato homofóbico”.
tão assustadora como há vinte anos”. Ele ressalta, com a suposta crise da família brasileira na socie-
O papel da Psicologia
no entanto, que ainda há muitos mecanismos de dade contemporânea, ela ainda é uma instituição
reprodução do preconceito. “A mídia é um dos muito importante, muito subsidiadora do modo Mas de que forma essa reflexão e esse diálogo
grandes contribuintes para o crescimento da como as pessoas se constituem”, completa. apontados por Alexandre podem ser construídos
desinformação e de mitos que foram criados ao “A família pode ser ao mesmo tempo uma fon- na nossa sociedade? Os profissionais entrevista-
longo dos anos em relação à homossexualidade, te de conflito ou de suporte. Muitas vezes, o pre- dos acreditam que um dos caminhos é através da
tais como ‘todo gay é frágil, efeminado e insegu- conceito começa na própria família. Outras ve- Psicologia. A primeira questão apontada por eles
ro’, ‘toda lésbica é masculina’, ‘toda travesti é pros- zes, quando ela compreende, acolhe e aceita, pode é o seu papel social, ou seja, a contribuição para o
tituta’, assim por diante. Cada estereótipo criado ser um apoio fundamental para lidar com os pre- enfrentamento ao preconceito na sua expressão
na mídia, tais como são veiculados nos progra- conceitos em outros contextos da vida”, destacam coletiva, não individual.
mas humorísticos e novelas, é mais um ser huma- Isadora e Marcos. “A Psicologia, como saber e prática, tem papel
no que é desrespeitado em sua singularidade”. Pedro Paulo ressalta o sofrimento causado por importante, na medida em que pode garantir a
Marcelo Santana também problematiza o pa- essa discriminação. “O preconceito faz sofrer. E legitimidade de um desejo – homossexual – não
pel da mídia. “As mídias mais hegemônicas pode- nenhum ser humano precisa sofrer desnecessaria- como desvio ou patologia, mas sim como uma
mente. A sexualidade, enquanto um critério que expressão da diversidade humana”, dizem Isadora
nos define, emerge de um processo histórico mar- e Marcos. “A Psicologia deve contribuir para uma
“O p prreconcnceeitoé
ito cado por relações de saber-poder. A pergunta que reflexão sobre as diferentes formas de expressão
uma ação tão tên tênue
ue se faz é: por que o modo como nos relacionamos da sexualidade humana, desconstruindo estereó-
que, às vvez ezes, ne
ezes, nem m (ou não nos relacionamos) sexualmente serve para tipos, preconceitos e um discurso de homoge-
percebemos qque ue o dizer algo sobre nós?”. neização dos homossexuais”.
temos. Ele está Alexandre França chama a atenção, ainda, De acordo com Pedro Paulo, outra discussão
const
nstrruíd
uídoo na para o preconceito. “O preconceito é uma ação que pode ser levantada pela Psicologia é a
cult
culturur
ura,a, mas ppoo de tão tênue que, às vezes, nem percebemos que o problematização do que se entende por homo-
se
serr ttrransf
ansfoorma
mad do temos. Ele está construído na cultura, mas pode fobia. “Não entendemos que homofobia seja res-
em algo a se
algo serr rreefle
flettido e dialo
ido dialoggado.” ser transformado em algo a ser refletido e dialo- trita a violências físicas, que podem ser coibidas
Ale xandr
xandree F
lexandr Frrança gado. A partir do momento em que falamos de por uma lei que criminaliza tais práticas. Homo-
fobia também são discursos e omissões. Homo- pel dos psicólogos na clínica. “No âmbito do con- A grande questão é
fobia também é uma questão institucional. Te- sultório, a Psicologia pode ser uma poderosa fer- sobreviver a esses
mos há quase 10 anos uma resolução que deixa ramenta no sentido de ajudar pessoas em crise, estereótipos,
claro que nenhum psicólogo pode, publicamen- em processo de inadequação social, ou até mesmo possibilitar que um
te, se pronunciar preconceituosamente. Como em processo de desvelamento da sua identidade, conjunto maior de
também não podemos, por métodos e técnicas oferecendo suporte para o fortalecimento desses diversidades possa
psicológicas, tentar curar aquilo que a Psicolo- indivíduos”, esclarece. se
serr cco
omp
mprreendido.”
ndido
gia brasileira afirma não ser patologia, perver- Ele coloca que, no geral, estudos apontam três Marcelo Santana
são ou desvio”. momentos críticos na auto-descoberta da homos-
Para Marcelo Santana, “a Psicologia tem mui- sexualidade: “O primeiro é quando o indivíduo se
to a contribuir devido à sua inserção privilegiada percebe diferente do que a sociedade e a família instigação, desenvolvi a ‘desconstrução’ de deter-
na sociedade contemporânea. A Psicologia pode esperam dele; o segundo, quando ele decide inves- minados depoimentos preconceituosos, legitima-
fazer alianças com os movimentos sociais e dialo- tigar essa atração e procura alguém para dividir dos pelo discurso da moral e dos bons costumes,
gar com as pessoas que trabalham no campo da suas angústias; finalmente, quando ele decide as- tidos como ‘normais’. Muitos dos participantes
Educação. Além disso, nós, psicólogos que traba- sumir sua identidade. Cabe ao psicólogo, quando sofriam discriminações diariamente, mas não con-
lhamos com essas questões, devemos politizar mais a situação assim o exigir, ajudar pessoas e grupos seguiam ver que havia direitos legais que os favo-
a homofobia, garantir que as pessoas não sofram nesse processo de auto-descoberta”. recessem. O discurso é uma ferramenta fundamen-
tanto por conta disso. Por que é preciso tanto so- Posição semelhante é adotada por Alexandre tal para o profissional de Psicologia enfrentar o
frimento em relação ao fato de a pessoa ter um França. “A Psicologia se coloca como apoio fun- preconceito e a discriminação, dando, assim, su-
desejo e práticas sexuais diferentes da maioria?”. damental às pessoas que se encontram vulnerá- porte a pessoas que se encontram caladas e vulne-
Roberto Pereira também acredita que “a Psi- veis psicossocialmente. Em 2007, pude desenvol- ráveis”.
cologia pode contribuir de forma significativa na ver no Grupo Diversidade Niterói (GDN), um Pedro Paulo questiona a colocação da homos-
desconstrução de mitos, tabus e padrões estereo- grupo de apoio psicológico, que já existia na insti- sexualidade como fator negativo na formação
tipados” na sociedade, mas destaca também o pa- tuição. Através do método da contextualização e psicológica do sujeito. Ele exemplifica com os re-
(continua na próxima página)
(continuação da página anterior) pre melhor do que cada profissional tomar uma
sultados da pesquisa “Psicologia e criminalização medida simplesmente limitada por seus valores”.
da sexualidade: impactos da resolução CFP 001/ Por outro lado, no entanto, o professor reflete
99”, coordenada por ele na UFRJ, que entrevis- sobre a necessidade de uma resolução para deter-
tou cerca de 100 homossexuais. “Mais de 60% dos minar uma prática que já deveria ser realizada
entrevistados, em algum momento de sua vida, pelos psicólogos. “O que nós temos feito há tanto
foram encaminhados a psicólogos quando o as- tempo em relação a uma questão tão séria? Ela diz
sunto em pauta era a sexualidade de LGBTs. En- respeito ao modo como as pessoas se relacionam
tre os que se declaravam heterossexuais, no en- com seu desejo, com seu prazer. Por que devería- “A P sic
Psic olo
ologg ia, cco
sicolo omo sabsabeer e p rát
prát ica, tteem
rática,
tanto, ninguém foi encaminhado ao psicólogo mos ser gestores disso? Não devemos estar nessa pap
papeel imp
impo or tant
tante,e, na me dida eem
medida m qqueue ppo o de
por conta de sua ‘heterossexualidade’. É preciso, posição”. gar ant
arant ir a le
antir legg it imida
itimida
imidad de d
dee um d ese
dese jo –
esejo
portanto, discutirmos amplamente o que isso Roberto Pereira também problematiza a Re- ho mosse
homosse
mossexual
xual – não cco omo d esv
desv
esvioio ou
significa e, principalmente, o que nós psicólogos solução do CFP, que, para ele, não deveria ser ne- pat olo
ologg ia, mas sim cco
patolo omo uma eexp xp
xprressão
temos feito com essas demandas que são endere- cessária, mas ainda é. “O CFP tem tido um papel da di
divversida de h
sidad umana
umana””,
humana
çadas a nós”. fundamental desde a publicação da Resolução con- Mararccos N ascime
Nascime
asciment nto e IIsa
nto sa
saddor a Gar
Garciacia
Ainda no contexto da clínica, os profissionais tra qualquer tentativa de patologização por par-
destacam a importância e, ao mesmo tempo, a ne- te dos psicólogos com relação à orientação sexu-
movimentos que têm se configurado em torno
cessidade de reflexão acerca da Resolução 001/99 al. Não raro, vemos ainda companheiros(as)
dessas questões, não vai ser um bom formador ”,
do Conselho Federal de Psicologia, que determi- nossos(as) envolvidos em ‘cruzadas pela cura da
acrescenta Marcelo.
na que psicólogos não podem tratar a homosse- homossexualidade’”.
Segundo Pedro Paulo, a universidade tem avan-
xualidade como doença (veja mais no box da pá- Segundo Alexandre França, outro aspecto im-
çado em relação às pesquisas na área. “Cada vez
gina 5). “Entendemos que o CFP dá suporte aos portante da Resolução é ser um instrumento para
mais temos transversalizado nossos conteúdos pro-
psicólogos e também à sociedade, ao tornar pú- o psicólogo respaldar suas decisões éticas. “A Re-
gramáticos com discussões em torno do tema.
blica esta resolução, para o entendimento da di- solução 001/99 foi criada pelo CFP devido à de-
Cada vez mais temos produzido pesquisas e pro-
versidade sexual não como uma doença, distúr- manda a alguns profissionais da Psicologia de pro-
jetos de extensão, além de eventos marcados pela
bio ou perversão, ou seja, um ‘problema’ a ser tra- porem tratamento para homossexuais com a fi-
transdisciplinaridade. Não defendo a existência
tado, mas como uma forma de expressão da di- nalidade de ‘cura’. A resolução dá ao psicólogo o
de disciplinas específicas, mas da possibilidade de
versidade humana que deve ser respeitada, com- respaldo de que a homossexualidade não deve ser
este tema atravessar outros conteúdos”.
preendida e acolhida”, colocam Isadora Garcia e vista como algo patológico. Penso na importân-
Alexandre França, por sua vez, resume outras
Marcos Nascimento. cia da resolução na legitimidade do direito sexual
formas de contribuição do psicólogo. “Há vários
Marcelo Santana concorda com essa idéia, pois individual”.
trabalhos que podem ser desenvolvidos pelo psi-
acredita que “isso ser colocado em evidência é sem- Além do aspecto social e do clínico, um tercei-
cólogo: na clínica, dando apoio psicológico para
ro ponto destacado pelos entrevistados sobre o
as pessoas que precisem de encorajamento para
papel da Psicologia no combate à homofobia é
“A P sic
Psic olo
ologg ia p
sicolo ode
po decidir suas escolhas; nas ONGs, propondo tra-
sua atuação nas universidades, ou seja, na forma-
se
serr uma p pooderosa balhos de grupo e abrindo espaço para que pesso-
ção de novos profissionais e nas pesquisas acerca
fer rame
amentanta no as possam colocar suas experiências de vida com
da diversidade sexual. “A formação dos psicólo-
se nt
sent id
ntid
idood dee aj udar
ajudar outras diferentes das suas; nas empresas, levando
gos ainda carece de espaço para esta temática. No
pesso
essoasas eem
m cr ise, eem
crise, m a discussão sobre a homossexualidade na tentati-
entanto, já encontramos pesquisas em nível de
processo d dee va de mostrar que a mesma é uma variação do
graduação, mestrado e doutorado, que vêm dis-
ina
inaddequação so social,
cial, comportamento sexual humano e não um obstá-
cutindo sobre Psicologia, diversidade sexual e
ou até mesmo eem m culo potencial; ou em todas as áreas psicológicas,
homofobia”, afirmam Isadora e Marcos.
processo d dee d esv
esveelame
desv nt
lament
ntoo da ssua
ua tentando instigar a potencialidades destas pesso-
“Acho importante que o profissional da Psico-
id
ideent
ntida
idad
ida de, oofferecend
ndoo ssup
up
upo or te par
paraa o as que estão sofrendo, tentando diminuir o medo
logia problematize seus próprios valores, princi-
for tale
talecime
ciment
cime nt
ntood esses indi
desses víd
indivíd uos.
uos.””
víduos. e a insegurança que a violência pode ocasionar”.
palmente na formação dos futuros profissionais. As eent
nt
ntrrev istas ffeeitas par
paraa esta matér
matériaia estão
Ro b e r t o P
Peereir
iraa O profissional que não reflete, que não se alia aos disp
dispoonív
níveeis na ínt
ínteegr a eem
m www .cr
www.cr
.crpprj.o
rj.o rg
.org .b
.brr
rg.b
como as leis de criminalização da homofobia, do do, ir muito além do Sistema Penal. Outras ban- berdade de opinião e expressão foi uma grande
reconhecimento da união civil de pessoas do deiras poderiam ser levantadas, como a da ado- conquista da sociedade brasileira que nós defen-
mesmo sexo, de mudança de nome de travestis e ção por casais homossexuais ou a união civil, que demos radicalmente. Porém, não se pode confun-
transexuais”. estariam mexendo num dos pilares do Estado, que dir liberdade de opinião com incitação à violên-
Paula destaca que, entre os projetos para as leis é a família”. cia e discriminação. Também é preciso deixar cla-
citadas por Cláudio, o da criminalização da Para Cláudio, por outro lado, a lei de crimi- ro que não queremos criar uma nova casta, uma
homofobia é o mais avançado no Congresso, o nalização é importante para acabar com posturas ‘ditadura gay’, ou ter direitos privilegiados, como
que é usado como argumento para defendê-lo. homofóbicas de grupos que tentam impor visões alguns grupos dizem”.
Mas a psicóloga questiona essa forma de dar visi- preconceituosas a toda a sociedade. “Há uma idéia Ambos os entrevistados concordam, no entan-
bilidade ao movimento LGBT. “Fala-se muito que, de que é natural ofender, bater, matar homosse- to, que o debate em torno da criminalização deve
com esse projeto, ‘estamos fazendo História’. Mas xuais. E ainda mais, de que a apuração dos crimes ser ampliado. “O debate sobre a criminalização e
eu pergunto: qual é a história que queremos cons- não chega a lugar nenhum, de que ninguém vai sobre a homofobia acaba acontecendo um pouco
truir? Sim, esse é o projeto que mais andou, mas dar importância. Há também uma visão – em entre muros, do movimento para o movimento”,
olha o que ele pede!”. minha opinião, autoritária e, muitas vezes, fascis- afirmou Paula. Para Cláudio, “há pouco espaço
A psicóloga acredita que o movimento LGBT ta – de que essas pessoas estão prestando um servi- na mídia para debater o assunto. Alguns progra-
poderia repensar sua forma de ação e priorizar ço à população ao tirar os homossexuais do con- mas de televisão já vêm participando, mas a mai-
outras demandas. “Não é a toa que esse projeto da vívio da sociedade”. or parte deles ou é para gerar um embate entre
criminalização tem força. Ele coincide com o Es- Segundo o militante, essa visão vem de setores nós e os evangélicos - mais para aumentar a audi-
tado neoliberal, que demanda cada vez mais o sis- conservadores da sociedade, que tentam barrar o ência do que para gerar um debate rico - ou são
tema punitivo. O debate para construir uma ci- projeto de lei alegando que ele ofende a liberdade programas evangélicos que falam da lei sem dar
dadania homossexual precisa ser muito amplia- de expressão. “O projeto deixa bem claro que li- direito de a comunidade (LGBT) se colocar”.
nuiu em muito a auto-estima dos homossexuais. tido, acho que dois anos de AIDS podiam equi- rossexualidade normalmente usada para escon-
Mas se costuma esquecer que a AIDS teve um efei- valer a 10 anos de esforços de visibilidade do mo- der a prática homossexual dentro de casamentos
to colateral tremendamente positivo: ela levou vimento pelos direitos homossexuais. héteros.
para as primeiras páginas dos jornais a existên-
cia de homossexuais concretos (como atores de Como o senhor vê o preconceito e a homo- Como o senhor analisa a articulação do movi-
Hollywood e da TV Globo) e, sobretudo, a viva- fobia no Brasil? mento de luta anti-homofobia hoje no Brasil?
cidade de uma cultura homossexual. A socieda- Estão vivos e continuam fazendo muito mal. O GLBT é um movimento que tem sido mais
de foi bombardeada, a contragosto, com infor- Fico pasmo quando ouço homofóbicos dissimu- eficaz na luta geral do que quotidiana. As leis anti-
mações de que gays existiam, tinham nome e en- lados dizerem que agora virou moda ser homos- discriminatórias estão se impondo. Mas os gru-
dereço. Quando um médico denunciava que exis- sexual. Eu os convidaria a darem um passeio de pos de ativismo GLBT sempre foram e, acredito,
tiam saunas gays promíscuas, estava brandindo mãos dadas com outro homem. E, mais ainda, a continuarão restritos às classes médias. Com isso,
uma faca de dois gumes: através dele a popula- darem um beijo entre dois homens ou duas mu- o nível de conhecimento dos direitos e a consciên-
ção era informada de que homossexuais tinham lheres. A reprovação generalizada ou até mesmo cia política são baixos na comunidade homosse-
um estilo de vida próprio, ainda que imposto a violência que certamente iriam sofrer os faria xual. Felizmente, temos as Paradas do Orgulho
marginalmente pela sociedade, e eram muito ati- sentir na pele o que é ser homossexual no Brasil. GLBT que se multiplicam pelo Brasil. Bem ou mal,
vos no exercício da sua sexualidade. A AIDS con- Não por acaso, temos uma parcela extraordiná- é o nosso movimento de massa mais concreto em
solidou socialmente a idéia da existência concre- ria de práticas “bissexuais” neste país. As aspas prol da afirmação do amor homossexual e da visi-
ta de uma comunidade homossexual. Nesse sen- são do mesmo tamanho do biombo da hete- bilidade GLBT.
MUDOU-SE Impresso
DESCONHECIDO Especial
RECUSADO
9912174124/2007-DR/RJ
ENDEREÇO INSUFICIENTE
NÃO EXISTE O Nº INDICADO DEVOLUÇÃO CRP - 5ª REGIÃO
GARANTIDA
INFORMAÇÃO ESCRITA PELO
CORREIOS
PORTEIRO OU SÍNDICO CORREIOS
FALECIDO
AUSENTE
NÃO PROCURADO
REINTEGRADO AO SERVIÇO
POSTAL EM ___/___/___
EM___/___/_____________________
CARTEIRO
IMPRESSO