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RESUMO DIREITO CIVIL III

LEGENDAS:
* = Tema relacionado, mas não necessariamente enfatizado em
sala.
Conteúdo Prova A1
Cessão de crédito; Assunção das dívidas e Adimplemento e
extinção das obrigações.
Conteúdo Prova A2
Cessão de crédito; Assunção de dívida; Adimplemento e
extinção das obrigações e Adimplemento Indireto das
obrigações (334-388).
Global
Todo o conteúdo do semestre (até o art. 420 CC.)

DA CESSÃO DE CRÉDITO (286-298 CC.)


É possível transmitir a outra pessoa o seu título de crédito, desde que isso não
se oponha a natureza da obrigação em questão. Do mesmo modo, é possível
pagar uma dívida por alguém. Quando credor passa o seu crédito a alguém, isso
se nomeia cessão de crédito.
Salvo disposição em contrário quando cedido o crédito, abrange-se todos os
acessórios (princípio da gravitação). A cláusula proibitiva não poderá ir contra o
cessionário de boa-fé (art. 166 CC.)
288: a transmissão só terá efeito perante terceiros se tiver sido realizada
mediante instrumento público. Se tiver sido feita através de instrumento
particular a transmissão é válida, mas não afeta os terceiros. (todo aquele não
envolvido diretamente com a cessão será considerado um terceiro)
289: quando a cessão tratar de crédito hipotecário, terá o cedido direito de
registrar uma averbação da cessão. Isso se faz necessário para que o novo
credor se sub-rogue no lugar do antigo.
290: só terá validade a cessão quando notificado o devedor e este por escrito
expresso se declare ciente. Isso acontece para o devedor ter o direito de se opor.
291: tendo ocorrido várias cessões, valerá aquela onde ocorreu a tradição do
título de crédito.
292: fica desobrigado o devedor se ele fizer o pagamento ao credor primitivo
antes de ter sido notificado da cessão do crédito. Uma vez notificado, se mesmo
depois de notificado, ele pagar ao credor primitivo; deverá pagar novamente ao
novo credor. (se ele não foi notificado da cessão, a dívida é inexigível).
293: o cessionário (o beneficiado da cessão) pode exercer seus atos
independentemente da notificação ao devedor, para fins não relacionados ao
vínculo entre o devedor e o cessionário, como é caso da prescrição da dívida por
exemplo.
294: o devedor pode opor ao cessionário tudo aquilo que podia opor ao cedente
antes da cessão do crédito.
A princípio o cedente não é responsabilizado pelo pagamento, visto que ele sai
da obrigação. Ainda assim ele é responsável pela existência da dívida (quem
criou a dívida é necessariamente o credor primário juntamente ao devedor em
questão). A cessão é uma alienação por isso o alienante é responsável pelo ato.
(pode caracterizar-se a má-fé por exemplo)
O credor que não se responsabiliza pelo pagamento, mas somente pela
existência do crédito, é chamado de Pro soluto. Já o Pro solvendo é aquele
que também se responsabiliza pelo pagamento (art. 297 CC.)
297: o cedente responsável pelo pagamento (pro solvendo), havendo
inadimplência pelo devedor; deverá o cedente ressarcir tudo o que lhe foi dado
pelo cessionário mais juros e as eventuais despesas com relação a cessão.
298: uma vez que o crédito foi penhorado, ele não poderá mais ser cedido a
ninguém. Se o credor tentar realizar uma cessão após ser notificado da penhora,
o ato será ineficaz. (o negócio jurídico é válido entre as partes, mas não
Se o devedor realiza o pagamento ao cessionário antes da penhora, ele ficará
exonerado da obrigação, restando somente os direitos do terceiro e do cedente
na obrigação. Já no caso onde o devedor realiza o pagamento ao cessionário
após ter sido notificado da penhora; ele também ficará obrigado perante o
terceiro.
O cedente sendo solidário ao devedor não pagará mais do que dele recebe.
(EX: o credor primário recebeu 20 mil e cede um título no valor de 25 mil a
alguém, entregando assim os 20 mil que tinha recebido. Havendo falhas e
ele sendo cobrado pelo cessionário pelos 5 mil restantes ele não pagaria mais
nada dos 25 mil reais, pois tudo o que ele recebeu foi 20 mil reais, em outro caso
seria prestigiar o enriquecimento sem causa.)

Crédito Hipotecário *
É chamado de crédito Hipotecário um empréstimo que uma entidade outorga a
alguém, estabelecendo condições para a devolução.
EX: Suponhamos que eu fiz um financiamento para comprar uma casa no valor
de 20 mil reais; a casa fica como uma garantia para o banco, até eu pagar o valor
estipulado pelo empréstimo (20 mil+ juros ou outros valores, quando houver).
Quando eu terminar o pagamento, o banco que me fez o financiamento não terá
mais direitos sobre a casa.

DA ASSUNÇÃO DA DÍVIDA (299-303)


É permitido terceiro assumir a dívida de alguém, desde que o credor consinta
(podem estipular prazo para tanto), a isso se dá o nome de assunção da dívida.
Uma vez assumida a dívida pelo terceiro, o devedor origina fica exonerado da
obrigação, salvo no caso onde o assuntor (aquele que assume a dívida) era
insolvente no momento da assunção e o credor ignorou.
Com a assunção também são extintas as garantias dadas pelo devedor primário,
salvo o caso onde ele expressamente permita o seu mantimento.
301: se a substituição do devedor for anulada, restaura-se o débito, com todas
as garantias que ele havia dado, salvo as dadas por terceiro. No caso em que o
terceiro tinha conhecimento do vício e nada comentou, suas garantias também
ficarão envolvidas, como forma de punição.
302: o assuntor não pode se opor as condições em que estava o devedor
primário.
303: o adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do
crédito garantido. Se o credor notificado não impugnar em 30 dias a assunção
do débito, se presume a sua concordância. (é uma exceção ao 299; neste caso
se presume a concordância no lugar da recusa.)
ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (ART. 304 -333 CC.)
➢ Pagamento
304: Qualquer interessado na extinção da obrigação pode pagá-la, utilizando da
consignação em pagamento (art. 335 CC.) quando houver oposição pelo credor.
305: o terceiro não interessado que paga, tem direito ao reembolso, a princípio.
Existem duas formas de pagamento nesse caso, sendo o pagamento em nome
próprio e o pagamento à conta do devedor.
Legenda:
Preto = Terceiro interessado
Verde = Terceiro Não Interessado

TERCEIRO INTERESSADO
≠ TERCEIRO NÃO INTERESSADO

Realização do
pagamento

Tem direito apenas ao


reembolso, não se sub-
Sub-rogasse no lugar do rogando no lugar do credor.
credor original, passando a Se o credor tinha meios de
ter todos os direitos que ilidir; resolver; pagar a
este possuía, inclusive os prestação por conta, então
acessórios. não estará obrigado a
reembolsar o valor.

TERCEIRO SOLVENTE*

➢ Se o terceiro não interessado fizer o pagamento de uma dívida que estava


prescrita ou que por outra razão não mais existia, não ficará obrigado o
devedor a reembolsá-lo.
• Se o devedor tinha meios de resolver a obrigação sem interferências, então
não ficará obrigado a reembolsar o terceiro que pagou.
➢ O pagamento realizado de boa-fé ao credor putativo; presumido por forma e
aparência, será válido, ainda que posteriormente se venha a descobrir que
aquele não era o credor no caso concreto. (Teoria da aparência; 309 CC.)
TERCEIRO SOLVENTE *
É denominado terceiro solvente aquele que já realizou o pagamento da dívida
do devedor.
A princípio, para evitar o enriquecimento sem causa, o terceiro solvente terá
direito apenas ao reembolso por aquilo que pagou e a relação original será
extinta.
Nos casos onde a lei prevê a sub-rogação, o terceiro assume a posição do credor
original, o credor por sua vez é retirado da relação e o devedor se mantém na
sua posição. Tanto o terceiro interessado em resolver a obrigação, como o
terceiro não interessado que paga à conta do devedor, se sub-rogarão no
lugar do credor original, assumindo sua posição e tendo todos os direitos,
privilégios, ações e garantias que este possuía. (art. 349 CC.)
➢ Pagamento à conta do devedor: quando o terceiro não interessado paga em
nome do devedor, como se um representante dele fosse.
Assim como o terceiro interessado, o terceiro não interessado que paga à conta
do devedor também pode pagar ainda que o credor se oponha, novamente
fazendo uso do pagamento em consignação.
Já no caso onde devedor se opõe ou não tem conhecimento da existência desse
terceiro e o credor aceita a proposta de pagamento por ele feito. Poderá este
terceiro realizar o pagamento, mas, não se sub-roga na posição do credor
original, nem poderá exigir reembolso, visto que o credor era contrário ao
pagamento, ou sequer conhecia a vontade deste terceiro em pagar. (Como o
pagamento foi feito em nome do devedor e ele sequer sabia da existência deste
terceiro, ou teve o pagamento feito contra a sua vontade Art. 306 CC.)
Porém, no caso onde o credor e o devedor se opõem ao pagamento pelo
terceiro não interessado, esse pagamento ainda que realizado será inválido.

FUNGÍVEL X INFÚNGÍVEL*
São considerados bens fungíveis aqueles que podem ser substituídos por outros
de mesma espécie, como refeições, objetos etc.
Já os bens infungíveis são aqueles que não podem ser substituídos, como é
caso das obras de arte, imóveis, dentre outros.
Art. 307: pagamentos que envolvam tramitação de imóvel, deverão ser feitas
unicamente por aquele que possa alienar o bem (aquele que tem posse, que
pode fazer uso do bem)
➢ Quando se der coisa fungível e o credor, e este de boa-fé, o aceitar e
consumir o bem, mesmo que depois se descubra que o bem dado não era de
posse de quem o entregou, não poderão exigir do credor que devolva o valor
ou o bem.
EX: Eu devo uma bolsa, pego a bolsa de um conhecido e dou como pagamento
e o credor de boa-fé aceita. Eu não tinha posse do bem, então eu não poderia
aliená-lo dessa forma.
• Se o credor não tiver consumido o bem, deverá no caso de pedido do real
possuidor do bem, restituir o bem.
• Se o credor consumir de boa-fé este bem fungível, não poderão exigir dele a
restituição do bem.
➢ No caso onde o bem não possa ser restituído, o prejudicado (verdadeiro dono
do bem consumido) poderá exigir perdas e danos pelo bem entregue.
Vale lembrar que o credor não é obrigado a receber nada diferente do que havia
sido estabelecido, mesmo que seja algo com mais valor agregado.

DIVISÍVEL X INDIVISÍVEL*
Os bens se dividem em dois grupos, sendo divisíveis e indivisíveis. São divisíveis
todos os bens que se possa fracionar sem que o bem seja danificado ou tenha
perca no seu valor puro, como é o caso de grãos que são empacotados e
distribuídos a vários lugares, se tratando assim de um bem divisível.
Já os indivisíveis são os bens que não podem ser fracionados, como carros,
casas etc.
Vale lembrar que não é porque um bem é originalmente divisível que eu posso
fraciona-lo. (EX: se eu compro um pacote de arroz no supermercado, eu não
posso exigir apenas uma parte daquele pacote só porque os grãos são divisíveis,
quando o arroz está empacotado e no supermercado ele é como um bem
indivisível).

A QUEM PAGAR? (308-312)


“Quem paga mal, paga duas vezes”
O pagamento deve ser feito ao credor ou a aquele que legalmente o represente,
sob pena de só ser validado quando constatada a conversão em proveito pelo
credor ou quando o próprio credor ratificar; aprovar o pagamento.
309: quando feito de boa-fé, o pagamento feito ao credor putativo; presumido, é
válido.
310: não será valido o pagamento feito a incapaz, salvo o caso onde fique
comprovada a conversão em proveito do credor.
311: é presumido que o portador da quitação tem direito a receber, se abrirá
exceção nos casos em que as circunstâncias contraponham esse tópico.
312: se o devedor realizar o pagamento mesmo que o crédito tenha sido
penhorado, ou impugnado por terceiros (feita por via judicial ou cartório de títulos
e documentos), o pagamento será considerado ineficaz, tendo ele de pagar
novamente com direito de regresso ao credor.
➢ Se o pagamento por negligência ou má fé for feito ao credor, não será eficaz
pois naquele momento o credor não possuí o direito de recebe-lo e quitar a
dívida.
➢ O devedor ainda ficará em dívida quanto a penhora ou ao terceiro
impugnador, tendo de pagar de novo a eles.
➢ No caso onde o devedor se viu obrigado a pagar novamente ao terceiro ou à
penhora, ele terá direito de regresso pelo que foi pago ao credor original,
evitando assim o enriquecimento sem causa.

DO OBJETO DE PAGAMENTO (313-326)


O credor não é obrigado a aceitar nada diverso do que foi estabelecido, mesmo
que seja algo de mais valor agregado. Também não é obrigado nenhum dos
lados a fazer o pagamento fragmentado, salvo o caso de acordo prévio.
315: as dívidas devem ser pagas dentro do prazo em moeda corrente na regra
geral
➢ As prestações sucessivas podem sofrer aumentos no decorrer do tempo
➢ Quando aparecerem causas imprevisíveis ou se notar a desproporção dos
valores da execução, as partes poderão chamar ao juiz para ajustar o valor.
➢ Prestações devem ser pagas em moeda nacional corrente. Mesmo que no
contrato exista uma cláusula exigindo o pagamento em moeda estrangeira,
esta será nula. (art. 104 CC. pode gerar enriquecimento indevido por conta
das oscilações de valor nas moedas)
319: o devedor que paga tem direito a quitação e poderá reter o pagamento até
recebe-lo e até exigi-lo judicialmente se preciso. (esse direito lhe foi dado como
forma de assegurar que ele não seja cobrado pela mora e por juros injustamente)
320: a quitação poderá decorrer de meio particular, desde que cumpra os
requisitos; nome de ambas as partes; valor e espécie da prestação; tempo e
lugar do pagamento. Além disso também é necessária a assinatura das partes
envolvidas.
321: quando o pagamento for de título e este for perdido, poderá o devedor exigir
que o credor faça uma outra declaração de pagamento e que inutilize a que foi
perdida, inclusive segurando o pagamento até que o credor o faça.
➢ EX: pagamento com cheque; se o cheque for perdido o devedor pode pedir
que o credor declare que o pagamento foi realizado por outro meio; isso
inclusive aumenta a segurança; se um terceiro encontrasse o cheque por
exemplo, não existiria motivo para se pagar o valor.
Presume-se nas prestações sucessivas que ao ser realizado o pagamento da
última, as anteriores foram pagas; do mesmo modo se presumem pagos os juros
quando o capital for pago (princípio da gravitação).
Presume-se também que as despesas quanto á realização do pagamento e a
quitação são de responsabilidade do devedor. Se por culpa do credor ocorrer um
aumento nesse valor, ao credor caberá pagar esse excesso. A entrega do título
ao devedor confirma a presunção do pagamento; o tendo o credor 60 dias para
provar o contrário.
326: quando a prestação envolver peso e nenhuma das partes se pronunciar,
eles aceitarão os determinados no lugar da execução (EX: se o pagamento se
realizar na Bahia, se consideraria o peso daquele estado).

DO LUGAR DO PAGAMENTO (327-330)


A princípio o pagamento ocorrerá no domicílio do devedor (art. 70-78 CC.), o
credor deverá buscar ao devedor. Se abrirá exceção nos casos:
➢ Contrariar a lei
➢ Convenção em local diverso pelas partes
▪ Quando forem acordados dois ou mais lugares para a realização do
pagamento, ao credor caberá a escolha.
▪ Quando o pagamento envolver a tradição de imóvel, ela ocorrerá na
localização do mesmo.
329: Quando algo grave ocorrer o devedor poderá designar outro local para o
pagamento.
➢ Quando o pagamento for feito em outro local, será reconhecido pela lei a
renúncia do credor pelos termos do contrato, isto é, presume-se que
concordou (121 CC. Condição, evento futuro e incerto)

DO TEMPO DE PAGAMENTO (331-333)


331: quando não houver nenhum ajustamento quanto ao tempo do pagamento,
ele poderá ocorrer imediatamente, salvo o caso de contrariar a lei.
332: nas obrigações que envolverem condições, se terá a exigibilidade por parte
do credor a partir do momento em que a condição foi cumprida, devendo o
devedor estar ciente do cumprimento da condição.
EX: Seguro de carro, o evento de bater um carro para a seguradora cobrir o
conserto é algo incerto, imprevisível. A condição aqui seria justamente o ocorrer
de um acidente, algum fator inevitável, imprevisível, incerto.
De forma simples podemos imaginar que “eu só farei isso se aquilo acontecer”,
o credor só terá essa prerrogativa de cobrança se a condição imposta for
cumprida.
333: ao credor caberá cobrança antes do vencimento do prazo estipulado,
quando existir (termo, evento futuro e certo) art. 131 CC)
➢ Falência do devedor e/ou concurso de credores (se aplicam os dispostos de
insolvência, art. 955 CC.) nos casos de insolvência
➢ Se bens, penhorados ou hipotecados, forem dados como garantia a outro
credor.
➢ Em teoria, se o outro credor tomar a posse do bem, o credor desta relação
não conseguiria nada e ficaria de mãos vazias, isto é, perde as suas
garantias. Prevendo isso, o legislador permitiu a que o primeiro credor faça a
cobrança antecipadamente, saindo na frente do credor que teria a garantia.
➢ Quando as garantias prestadas se tornarem insuficientes e o devedor
intimado se negar a aumenta-las, ou se elas cessarem (Garantias
Fidejussórias ≠ Reais).
Em nenhum dos casos tratados valerá a antecipação aos devedores solventes
da relação jurídica, quando houver a solidariedade no polo passivo (múltiplos
devedores).

A teoria da Imprevisão (relação com o art. 332 CC.) *


A teoria da imprevisão (rebus sic stantibus; “enquanto as coisas estão assim”)
trata da possibilidade de alterar um contrato, com base em um fato imprevisível.
Quando se estabelece uma relação jurídica obrigacional, levamos em conta o
estado atual das coisas; por isso; é prevista a possibilidade legal de alteração de
cláusulas que eventualmente se tornam injustas em decorrência de um novo fato
eu era imprevisível (invencível; inevitável e imprevisível).
Os fatores que podem desencadear a teoria da imprevisão são previstos nos
arts. 478-480 CC., sendo:
a) Aparição de um acontecimento imprevisível
b) Alteração econômica do contrato
c) Onerosidade excessiva por uma das partes
Garantias: Fidejussórias X Reais (relação com o art. 333 CC.) *
Existem dois tipos de garantia nos negócios jurídicas sendo a real e a
fidejussória.
É denominada como garantia real o patrimônio bruto do devedor, como uma casa
que possa ser dada como a garantia de um contrato.
Já a garantia fidejussória se refere ao comprometimento da pessoa, a promessa,
a palavra que a pessoa dá que irá cumprir. Os contratos por exemplo, são um
documento que provam que a pessoa se comprometeu em fazer algo, por isso
eles se enquadram como garantia fidejussória.

DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO (334-345)


Se da o nome de consignação ao pagamento feito de forma indireta; diferente
do estabelecido contratualmente por algum motivo, como recusa do recebimento
por exemplo.
334: vale o pagamento e se extingue a obrigação, com o depósito judicial, ou em
estabelecimento bancário da coisa devida, nos termos da lei.

Lugar do pagamento (art. 335)


Conforme o art. 335 CC., a consignação poderá ocorrer nos seguintes casos:
a) Se o credor não puder receber, ou sem justa causa se recusar a receber o
pagamento ou dar a quitação de forma devida.
b) Se o credor não for nem mandar nenhum representante para receber a coisa
no tempo e lugar estabelecidos.
c) Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente ou
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso/difícil.
d) Quando ocorrer dúvida quanto a quem de fato se deve pagar.
e) Havendo conflito quanto ao objeto do pagamento.
336: para que seja válido o pagamento feito em consignação, todos os requisitos
subjetivos e objetivos devem estar presentes.
337: o depósito deve ser requerido no lugar do pagamento, e cessará os juros
correntes, salvo caso onde o pagamento seja julgado improcedente. (nenhuma
das partes deve ser levada a cumprir a obrigação em local diferente do
estabelecido, portanto, o lugar do depósito em consignação deverá ser o foro
competente local.
338:enquanto o credor não declarar que recebeu nem impugnar o pagamento
realizado, poderá o devedor fazer o levantamento, desde que arque com as
despesas processuais deste ato.
339: se o credor aceita o pagamento, o devedor perderá a prerrogativa de fazer
o levantamento, visto que já não se tem a prioridade de validar o depósito. (para
poder realizar o levantamento neste caso, será necessário que os codevedores
e fiadores aceitem, visto que o levantamento pode gerar custos a eles)
340: após anuência ou impugnação pelo credor ao pagamento (mesmo caso do
art. 339) realizado o levantamento pelo devedor sem a autorização dos
codevedores e/ou fiadores envolvidos, estes ficarão exonerados da obrigação.
➢ É uma forma de proteger os codevedores e fiadores, se eles não concordam
com o levantamento após o pronunciamento pelo credor, não ficarão
obrigados a pagar os custos do levantamento.
341: no caso da coisa do pagamento for imóvel ou deva ser entregue onde
estiver, poderá o devedor citar o credor para que vá recebe-la, sob pena de ser
depositada caso o credor não compareça.
342: sendo a coisa indeterminada de escolha do credor, ele será citado para
realizar sua escolha; não comparecendo, perderá esse direito, e será depositada
a coisa escolhida pelo devedor. Uma vez feita a escolha pelo devedor nesses
casos, deverá se seguir o disposto do art. 341 CC.
343: a princípio, as contas relacionadas ao depósito julgado procedente, serão
de responsabilidade do credor.
344: quando existir litígio quanto a quem pagar o credor deverá fazer uso da
consignação. Não realizando o pagamento ele não se exonera da obrigação, e
caso pague a um dos possíveis credores, ele assume o risco do pagamento.
(“quem paga mal paga duas vezes”)
345: os próprios credores podem requerer o pagamento em consignação, a fim
de evitar que o devedor pague a um dos credores em litígio.

DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO (346-351)


O pagamento com sub-rogação trata dos casos onde com o pagamento se
assume a posição do credor anterior, com todos os seus privilégios e garantias.
346: ocorrerá a sub-rogação em favor dos seguintes casos:
a) Credor que paga a dívida do devedor comum
b) Adquirente de imóvel hipotecado que paga ao credor hipotecário, bem como
o terceiro que paga para não perder seu direito sobre o imóvel.
c) Terceiro interessado que paga a dívida pela qual era ou poderia ser cobrado,
mesmo que parcialmente.
347: a sub-rogação será convencional quando:
a) Quando o credor pago por terceiro, expressamente lhe passa todos os seus
direitos.
b) Quando o terceiro empresta ao devedor a exata quantia para solver a dívida,
sob a condição de ficar sub-rogado nos direitos do credor da relação
obrigacional.
348: nos termos do inciso I do art. 347, valem os dispostos relacionados à cessão
de crédito.
349: a sub-rogação transfere ao novo credor todos os privilégios e garantias
do credor primitivo na relação jurídica, em relação à dívida, ao devedor principal
e aos fiadores.
350: na sub-rogação legal o novo credor não recebe todos os direitos e garantias
do anterior, só podendo cobrar o reembolso do que pagou a devedor.
• Isso ocorre porque na sub-rogação legal se equipara a uma cessão de
crédito, e não pode gerar uma fonte de lucro ao sub-rogatário.
351: o credor originário tem preferência em relação ao sub-rogado quando não
tiver sido inteiramente reembolsado, ou se o patrimônio do devedor não suprir a
sua dívida com ambos.

DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO (352-355)


Dá-se o nome de imputação do pagamento o direito do devedor de quitar dois
ou mais débitos líquidos, vencidos e para com o mesmo credor.
352: a pessoa obrigada por dois ou mais pagamentos a um mesmo credor, terá
o direito de escolher qual das dívidas irá sanar (dívida líquida e exigível), quando
estas forem de mesma natureza e se forem líquidas e vencidas. Esse direito é
extensível a terceiros interessados no pagamento.
353: não havendo uma indicação do pagamento, caberá ao credor a escolha de
um dos débitos, não cabendo nenhum tipo de resposta pelo devedor, salvo caso
de dolo ou violência.
354: havendo envolvidos capital e juros na dívida, se imputarão primeiro os juros,
salvo estipulação em contrário ou no caso onde o capital quite a dívida.
355: se nenhuma das partes indicar a dívida a ser paga, se dará preferência a
aquelas que sejam mais antigas, se todas forem iguais nesse aspecto, o
pagamento será para a mais onerosa (juros superiores); ainda havendo
discussão, se levará tanto o aspecto financeiro como o tempo da dívida para
solucionar.

DA DAÇÃO EM PAGAMENTO (356-359)


Se dá o nome de dação em pagamento quando existe a alteração quanto o
objeto ou prestação da dívida a ser paga.
356: o credor pode consentir pagamento diverso do que foi estabelecido,
podendo a troca ser de um objeto por outro, de um objeto por dinheiro, de um
objeto por um fato etc.
357: uma vez estabelecido o preço da dação em pagamento, será regulado o
negócio pelas regras de contrato de compra e venda.
➢ Embora a dação em pagamento não seja um contrato, suas normas são de
contrato por equiparação, visto que ela é uma modalidade específica de
solução para possíveis conflitos.
358: se a coisa dada for um título de crédito, importará os dispostos da cessão
de crédito.
➢ Quando existe a dação de um título se fala de uma determinada relação
jurídica (datio in solutum), a qual permite a cobrança do credor a um terceiro
envolvido . Quando o próprio devedor for o polo passivo da relação jurídica,
não se caracteriza a dação em pagamento, mas apenas um meio de
pagamento diverso (datio pro solvendo), uma novação.
359: se o credor for evicto da coisa dada como pagamento, seja parcialmente
ou inteiramente, se reestabelece a obrigação anterior, com todas as garantias,
ressalvados os direitos de terceiros.
➢ Evicção é quando se perde o direito da coisa adquirida, por uma ação judicial
que reconheça o direito de terceiro sobre a coisa em questão. (EX: Pessoa X
vende um carro a pessoa Y, após recebido o carro, sai um sentença que
afirma o direito da pessoa Z sobre o carro em questão; o carro será dado a
pessoa Z e se restabelecerá a relação de X e Y se houver sido uma dação
em pagamento por exemplo.
➢ O terceiro é o evictor, aquele que gera a evicção pelo seu direito para com o
bem, o alienante é o devedor que dá a coisa do terceiro como pagamento e
o credor é o evicto, aquele que perde o direito que tinha pelo que adquiriu,
tendo o direito de ser ressarcido. No caso se a relação tivesse sido uma
dação em pagamento, se aplicaria o disposto do art. 359.

DA NOVAÇÃO (360-367)
A novação é nome dado a criação de uma nova obrigação, de forma a extinguir
a primeira; isto é; quando o devedor contrai nova dívida com o credor para
extinguir a primeira obrigação.
360: ocorre a novação quando o devedor contrair nova dívida com o credor;
quando um novo devedor suceder o primeiro, ficando este quite; quando devido
a obrigação, novo credor assumir.
➢ Caso a nova obrigação for nula ou declarada como anulável, poderá o credor
exigir a realização da anterior.
➢ Não importa o tipo de obrigação, ela sempre poderá ser substituída por outra.
➢ EX: uma novação pode tratar uma obrigação condicional, mesmo que a
obrigação antiga fosse diversa, como um termo ou mesmo uma obrigação
pura e simples.
➢ Sempre há algo de novo na obrigação trazida pela novação, sendo a novação
objetiva quando existir alteração quanto ao objeto, quantidade, qualidade e
afins; subjetiva quando a alteração se referir as partes do contrato ou mesmo
subjetiva-objetiva, onde ambos os fatores estão presentes. (aliquid novi)
361: a novação não se presume, devendo a intenção de novar (amicus
novandi), seja de forma expressa (escrita), ou tácita (diferença das obrigações
antigas e novas). Quando não há novação simplesmente se confirma os
acordados da primeira obrigação.
362: quando a novação se der pela assunção de um novo devedor, terá o credor
direto de permiti-lo ou não.
➢ Do mesmo modo, se a novação ocorrer pela troca de credor, caberá o
consentimento aos demais credores, quando existirem, e aos devedores.
363: quando o novo devedor for insolvente, não terá o credor ação contra o
devedor anterior, salvo o caso em que for caracterizada a má-fé.
➢ Isso acontece, pois, a solvência não é um requisito de validade da novação,
cabe ao credor averiguar as condições financeiras desse novo devedor antes
de autorizar a novação.
364: salvo estipulação em contrário, ocorrendo a novação, os acessórios e
garantias dadas na obrigação anterior, não serão mais válidas. (Princípio da
Gravitação Jurídica; o acessório segue o principal)
➢ Todos concordando, poderão ser mantidas as garantias e acessórios da
primeira obrigação.
➢ No caso de garantias dadas por bens de terceiros, estas só poderão ser
mantidas se o terceiro em questão anuir; permitir.
365: quando houver pluralidade de devedores e um deles realizar a novação,
somente sobre os bens deste será contabilizada a nova obrigação.
➢ No caso onde a obrigação inicial for indivisível e ocorrer o descrito acima, os
demais devedores da relação ficarão exonerados, visto que não é possível
pagar apenas parte da obrigação.
366: fica exonerado o fiador (terceiros) que não concordou com a novação.
367: salvo nas obrigações meramente anuláveis, não são objetos da novação as
obrigações nulas e/ou extintas. (Não há a possibilidade de discutir essa regra,
uma vez eu obrigações nulas e extintas são vistas como inexistentes)

DA COMPENSAÇÃO (368-380)
A compensação se baseia no aspecto de anulação das dívidas. Quando duas
pessoas se devem simultaneamente, suas dívidas se extinguem até onde seja
justo para ambos lados (ela pode ser total ou parcial), de forma a simplificar a
relação.
368: se duas pessoas simultaneamente forem credoras e devedoras uma da
outra, suas obrigações se extinguem até onde se compensarem.
369: a compensação pode ocorrer com dívidas líquidas, vencidas e fungíveis.
➢ A liquidez da dívida não exige que o valor esteja definido, mas somente que
ele seja apurável.
➢ Quando as obrigações forem de coisa incerta, o direito de escolha deve ser
do devedor para que ocorra a compensação. Se a escolha for do credor,
haverá a necessidade de pronunciar a vontade das partes.
370: se as obrigações forem diferentes em termos de qualidade e eles estiverem
previstos em contrato, mesmo que sejam de mesmo gênero as coisas fungíveis,
não se compensarão as obrigações.
371: o fiador pode compensar a dívida com o credor de seu afiançado.
372: os prazos de favores, mesmo que não tenham vencido, não justificam a
contraposição do credor em questão à compensação.
373: de forma geral, a causa da dívida não impede a compensação, exceto:
➢ Se vier de esbulho (similar ao roubo; é a retirada forçada da posse de um
bem), desapropriação, roubo ou furto.
➢ Se uma delas provier de comodato, depósito ou alimentos
➢ Se uma for de coisa não suscetível de penhora.
374: Revogado
375: Não haverá compensação quando as partes renunciarem a possibilidade,
ou quando por livre acordo a excluírem.
➢ A renúncia é facultativa e pode ocorrer de forma expressa ou até mesmo
tácita, com o pagamento da d´vida em questão por exemplo.
376: não se pode compensar dívida assumida por um terceiro representante
(mandatário, curador), pois se caracteriza a ausência de personalidade das
partes.
EX: a pessoa A é representante da pessoa B e a representando, contrai uma
dívida com a pessoa C. Mesmo que por ventura a pessoa A fosse credora da
pessoa C em uma outra obrigação, essas obrigações não poderiam se
compensar, pois as pessoas envolvidas são diferentes.

Relação 1
A é representante
B é o devedor
C é o credor
Relação 2
A é credor
B Inexiste
C é devedor

A pessoa A é meramente uma representante na relação. Como os credores e


devedores não são as mesmas pessoas, as obrigações não podem se
compensar (B e C ≠ A e C).
377: o devedor notificado da cessão de crédito não tem direito a opor a
compensação. Antes de ocorrida acessão ou se ele não tiver sido notificado,
poderá o devedor se opor à compensação. (art. 294 e 476)
➢ Esta regra parte da lógica de que não se pode exigir nada do outro se não
tiver cumprido a sua parte na relação contratual.
➢ No caso descrito, o devedor deverá opor-se assim que notificado, ou perderá
o seu direito de oposição.
378: se as dívidas não forem pagáveis no mesmo lugar, poderão as partes e
compensar (vencimento em local diverso não impede a compensação), só lhes
será cobrado que arquem com os custos que se façam necessários.
379: estando uma das partes obrigada por mais de uma dívida compensável,
serão levados em conta os dispostos da seção da Imputação do Pagamento.
(352-355)
380: Não se pode realizara compensação em prejuízo a terceiro. Se no caso, um
de devedores tiver o seu crédito penhorado por um terceiro antes de ocorrida a
tentativa de compensação, não poderá realiza-la, pois isso seria prejudicial ao
direito de terceiro. Por outro lado, se a compensação tiver ocorrido antes da
penhora, então ela será válida e eficaz.

DA CONFUSÃO (381-384)
Dá-se o nome de Confusão para representar a falta de precisão das partes no
processo, isto é, quando não é possível definir o credor e o devedor da relação
por meios normais. (não é possível identificar quem é o ativo e o passivo)
381: extingue-se a obrigação quando a qualificação de credor e devedor forem
da mesma pessoa.
➢ Para se caracterizar a figura da confusão existem alguns requisitos sendo: 1-
unidade da relação obrigacional, 2-figura do credor e do devedor na mesma
pessoa, 3- ausência da separação do patrimônio das partes.
EX: Eu possuo uma dívida com a minha mãe, tendo ela assim crédito comigo.
Supondo que ela viesse a falecer e eu herdasse esse crédito, se caracterizaria
a confusão pois eu me tornaria o credor e o devedor da mesma relação jurídica.
382:a confusão pode envolver dívida total ou parcial.
➢ Para fins de extinção judicial a dívida deverá ser de cunho total.
383: a dívida que envolver devedores e/ou credores solidários só extingue a
dívida na sua parte correspondente.
384: cessando a confusão, se retornará a dívida ao seu estado anterior.
EX: no mesmo caso de herança citado anteriormente, se posteriormente fosse
descoberta uma causa que anula o testamento, a minha dívida voltaria ao seu
estado original, como se a confusão nunca tivesse existido.

DA REMISSÃO DA DÍVIDA (385-388)


A remissão da dívida é como uma renúncia, o credor abre mão do seu crédito
com o devedor, se ambos concordarem.
385: a remissão da dívida aceita pelo devedor extingue a obrigação, salvos os
direitos de terceiros.
386: a devolução voluntária do título prova desoneração do devedor e seus
coobrigados. Para tanto são necessários alguns requisitos:
➢ Capacidade do credor alienar e do devedor de receber
➢ Tradição do título
➢ Entrega do título pelo próprio credor ou por alguém que por direito o
represente (esse requisito presume a capacidade do credor de alienar)
387:a restituição voluntária do objeto empenhado prova renúncia apenas com
relação a garantia real, e não à extinção da dívida.
388:a remissão a um dos codevedores (solidariedade) extingue a dívida apenas
na parte que a ele corresponde.
➢ Diferentemente do D. Penal, no D. Civil se pode dar esse benefício
individualmente, no caso, se um dos devedores ficar desobrigado, os demais
ainda terão que pagar a parte que a eles corresponder.
➢ Havendo pluralidade de credores e sendo indivisível a obrigação, sendo um
dos devedores perdoado, poderão os credores realizar a cobrança, devendo
ressarcir o valor correspondente ao devedor perdoado.
INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (ARTS. 389 A 420 CC.)

DISPOSIÇÕES GERAIS
389: não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais
juros e os honorários de advogados.
390: nas obrigações negativas (de não fazer), o devedor responde pela
inadimplência a partir do dia em que praticou o ato que não deveria.
391: pelo inadimplemento da obrigação, respondem todos os bens do devedor.
392: nos contratos de benefícios, responde por culpa o contratante se o contrato
o favorecia, e por dolo se não o favorecia.
➢ Se distingue o dolo da culpa, só se impõe o dever de indenizar ao devedor
que não se beneficiar do contrato.
➢ Em caso do contrato não for de benefício, mas de onerosidade, ambas as
partes responderão por culpa.
393: não responde o devedor pelos casos fortuitos ou pela força maior, salvo se
houver expressamente se responsabilizados por eles.

DA MORA (Atrasos)
394: considera-se em mora o devedor que não pagar ou o devedor que não quer
receber (injustamente) no tempo e lugar previamente estabelecidos.
395:responde o devedor pelo prejuízo que a sua mora der causa mais juros e os
honorários de advogados com atualização monetária.
➢ Se pela mora do devedor a prestação se tornar inútil para o credor, poderá o
credor rejeitá-la e exigir perdas e danos do devedor.
396: não existindo fato ou omissão imputável ao devedor, ele não será
responsabilizado pela mora.
397: estando o devedor em mora numa obrigação líquida e positiva, se
caracteriza o inadimplemento da obrigação.
➢ São três os requisitos da mora, sendo:
• Inexecução culposa da obrigação
• Exigibilidade imediata da obrigação
• Prestação Líquida e certa (seu valor já deve ter sido apurado; calculado e
deve ter todos os seus elementos estabelecidos)
398:nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora.
399: o devedor em mora responde pela impossibilidade de cumprir com a
prestação, bem como pelo caso fortuito e pela força maior.
➢ Uma vez que o devedor já deveria ter pago o que deve, ele responderá por
tudo o que acontecer após a data do vencimento da prestação, salvo o caso
onde fique provado que mesmo se tivesse cumprido no tempo certo, o pior
ainda ocorreria.
400: a mora pelo credor retira a responsabilidade do devedor, isento de dolo,
pela conservação da coisa e obriga o credor a ressarcir as despesas da
conservação recebimento, da forma que seja mais favorável ao devedor.
➢ Quando o credor recusa o pagamento sem justificativa (caracteriza mora pelo
credor), a ele será cobrado os dispostos do art. 400 CC.
➢ Não há a necessidade de culpa pelo credor nesse caso, mas apenas que o
recebimento seja atrasado pela recusa sem causa.
401: livra-se da mora:
a) Por parte do devedor, quando pagar a prestação conjuntamente aos
prejuízos decorrentes do atraso.
b) Por parte do credor, quando receber o pagamento e se sujeita aos efeitos da
mora até aquele dia (assumir os custos do pagamento e conservação do
bem, etc.).
• A mora se encerra quando a pessoa a aceita e paga as suas consequências.
• Outro caso que pode encerrar a mora é quando o afetado renúncia o direito
que poderia obter da situação, podendo a renúncia ser expressa ou tácita.

DAS PERDAS E DANOS


402: salvo as exceções expressamente previstas em lei, considera-se as perdas
e danos tudo aquilo que o credor perdeu mais tudo aquilo que deixou de ganhar.
(o que perdeu + o que poderia ter ganho se a obrigação tivesse sido cumprida
corretamente)
403: mesmo que a inexecução do devedor resulte de dolo, o montante das
perdas e danos não é alterado; só podendo ser cobrado o prejuízo e o lucro
cessante. (o que poderia ter ganho)
➢ Neste artigo afasta-se o caráter punitivo da indenização. É indiferente se foi
caracterizado dolo ou culpa, isso não afeta o valor a ser indenizado.
404:nas obrigações de pagamento em dinheiro, as perdas e danos serão pagos
com seu valor devidamente atualizado, considerando os custos processuais e
honorários de advogados.
➢ Se ficar provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo e que não há
pena convencional*, o juiz poderá conceder ao credor indenização-
suplementar. (Cláusula penal art. 408 a 416 CC.)
405: se contam os juros da mora desde a citação inicial.
DOS JUROS LEGAIS
406: os juros fixados por lei, não convencionadas, ou sem taxa estipulada; serão
fixados segundo a taxa em vigor para a mora dos pagamentos devidos à
Fazenda Nacional. (os juros das dívidas da Fazenda Nacional e as não
estipuladas também serão os mesmos)
➢ Os juros são coisas fungíveis que o devedor deve pagar pelo uso da coisa,
como se fossem um “bônus” e no geral são vistos como acessórios (seguem
o principal)
• Em certos casos, é possível que os juros assumam a figura principal, a partir
do momento que se tornarem exigíveis, viabilizando sua cobrança
separadamente.
407:ainda que se alegue não haver prejuízo, o devedor permanece obrigado
aos juros da mora estabelecidos pelas partes, decisão judicial ou arbitramento.

DA CLÁUSULA PENAL
408: o devedor que não cumpre a obrigação aciona a cláusula penal, ainda que
culposamente ou se caracterizando a mora.
➢ Uma vez descumprido o acordo surge a cláusula penal que impõe uma
sanção econômica, se reforça o vínculo obrigacional estipulando multa; seja
pelo descumprimento ou atraso da obrigação. Inclusive, em certos casos é
possível liquidar antecipadamente as perdas e danos.
409: a cláusula penal pode tratar da inexecução completa, de uma cláusula em
específico ou simplesmente da mora, independentemente de ter sido estipulada
conjuntamente a obrigação ou posteriormente.
410: se o inadimplemento for total, a cláusula penal será convertida em
alternativa, em benefício ao credor.
➢ Esse artigo não voga para inexecução parcial ou execução insatisfatória.
411:quando o caso envolver cláusula específica do contrato ou falar de mora;
poderá o credor exigir o cumprimento da obrigação e o cumprimento da pena
conjuntamente.
412: o valor da pena econômica cominada não pode exceder o valor da
obrigação principal.
413:é dever do juiz reduzir a penalidade se a obrigação foi cumprida em parte,
ou se o valor da penalidade for excessivo com relação à natureza e finalidade do
negócio jurídico.
➢ O juiz não pode ser extremo ao ponto de anular a penalidade.
414: se a obrigação for indivisível e houver a solidariedade de devedores, um
deles cometendo falta, todos responderão.
➢ A cobrança pelo credor só poderá ser feita integralmente ao devedor que
cometeu a falta, respondendo os demais apenas pela parte que lhes couber.
➢ Ainda que todos respondam conjuntamente pela cláusula penal, fica salvo o
direito de regresso aos devedores inocentes contra àquele que acionou a
cláusula.
415: quando a obrigação for divisível, só responde pela falta o devedor que
infringiu a regra, e proporcionalmente a parte que lhe cabe da obrigação.
416: para exigir a pena convencional (e/ou cláusula penal) não é necessário que
o credor alegue prejuízo, mas tão somente que o devedor descumpra a
obrigação.
➢ Em via de regra, mesmo que o prejuízo do credor seja superior ao valor da
cláusula penal do devedor; não poderá o credor exigir indenização
suplementar, se assim não houver sido convencionado previamente pelas
partes.

DAS ARRAS OU SINAL


As arras, também chamadas de sina, é um termo utilizado para se referir a uma
garantia de que o acordo (contratos no geral) será cumprido; ela pode ser em
dinheiro ou um bem.
EX: Imaginemos uma relação contratual entre A) e B)
A entrega um valor de 1000 reais a B) como forma de garantir que o acordo será
cumprido. Isso é como um jogo por ambas as partes, se uma das duas partes
desistir do contrato, esta será penalizada.
Neste exemplo se A) desistisse do acordo a pessoa B) ficaria com o valor
entregue a ele como compensação. Agora se fosse B) quem desistisse, ele teria
de devolver o valor para A), dobrado.
Pessoa A) entrega 1000 reais a
B) de arras.

Pessoa A) desiste do O contrato é cumprido Pessoa B) desiste do


contrato. normalmente. contrato.

A pessoa B) fica com os A pessoa B) devolve A pessoa B) devolve os


1000 reais dados por A), o valor dado por A) 1000 reais de A)
como compensação. (1000 reais) e o dobrados, (1000 x2) como
contrato é encerrado. forma de compensação.

Arras Confirmatórias X Penitenciais


Existem dois tipos diferentes de arras sendo:
a) Arras Confirmatórias: é o tipo de arras que garante o contrato e não concede
o direito de arrependimento, isto é não permite que as partes desistam do
contrato posteriormente, no caso dessas arras terem sido aplicadas e alguma
das partes desistir do contrato, esta responderá por perdas e danos.
b) Arras Penitenciais: também garante o contrato, mas dessa vez admite a
cláusula de arrependimento (deve ser expressa) e não admite indenização
suplementas ou perdas e danos.
➢ Conforme Helena Diniz, essas arras já são como uma antecipação das
perdas e danos, por isso não admitem nenhum outro tipo de suplemento a
indenização.
➢ Carlos Roberto Gonçalves pontua que elas recebem esse nome de
penitenciais pois são como uma pena convencionada pelas partes.

417: no caso da conclusão do contrato, as arras deverão ser devolvidas ou


usadas de forma a completar o valor da dívida.
418:(Tabela acima) quando a parte que forneceu as arras desistir do contrato,
poderá a outra ficar com o valor ou bem dado, como se fosse uma espécie de
indenização. Caso a parte que desistir seja a que recebeu as arras, poderá a
outra exigir a sua devolução em dobro, com atualização monetária, juros e
honorários advocatícios.
419: a parte inocente pode pedir indenização suplementar, se ficar provado que
teve maior prejuízo. Pode exigir também a execução do contrato com as perdas
e danos.
➢ Em ambos os casos as arras valem como uma taxa mínima para a
indenização. (menor valor possível)
➢ Este artigo só é aplicável caso as arras sejam confirmatórias.
420:caso tenha sido estipulado o direito de arrependimento (arras penitenciais),
se aplicará o disposto do art. 418, porém nesse caso, não é possível exigir
indenização suplementar.

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)


Davi de Lima Bezerra 4°A

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