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tino-
carâter
cultural sue levamos. Essa experiência tem sido um dado Íor-
mador de nossa rêflexão crítica desde os tempos da In<lepen-
clência. Ela pode ser e loi interpretada de muitas maneiras,
por românticos, naturalistas, modernistas, esquerda, direita,
cosmopolitas, nacionalistas etc., o que faz supor que comes-
ponda a um problema durável e de fundo.
"&tes ae sggisc4i
uma explicacão a mais, disamos portante gue o mencionq_do
$elsstar el_umelo.
As suas manilestações cotidianas vão do inbfensivo ao
horripilante. 0 Papai Noel enfrentando a canícula êm roupa
de esquimó é um exemplo de inadequação. Da ótica de um
tradicionalista, a guitarra elétrica no país clo samba é outro.
Entre os representantes do regime de 64 foi comum clizer que
o povo brasileiro é despreparado e que dernocracia aqui não
passâva de uma impropriedade. No século XIX comentava-se
o abismo entre a fachada liberal do Império, calcada no par-
lamentarismo inglês, e o regime de trabaiho efetivo, que era
escravo. Mário de Andrade, no "Lundu do escritor difícil",
chamava de macaco o compatriota que só sabia das coisas do
estrangeiro. Recentemente, quando a política de Direitos Hu-
manos do governo Montoro passou a beneficiar os presos,
,a\4 .a! I/ !:,'-\.
ri. .,. l,' i-*'t(::: .".'+1*' :. I /.s],/i..*-; houve manilestações de insatisfação popular: por que dar ga-
,.
rantias aos condenaclos, se fora da cadeia elas faltam a muita
29
r\JÊÃtl)r 1..1
gente? I)essa perspectiva, também os Direitos llumanos se- autarquia intelectual para reconhecer os inconvenientes desta
riarn postiços no Brasii... Sao exemplos desencontrados, mui- praxe, â que falta a convicção não sô das teorias, logo tro-
to diferentes no calibre, pressuponclo *rodos de ver incompa- oadas, mas tambêm de suas implicações fi]enos prôximas, de
tíveis uns corl os ouiros, mas escolhiclos com propôsito de in- srra relação coÍn o movimento social cortjunto, e, ao fim e ao
cabo, da relevância do próprio trabalho e dos assuntos estu-
dados. Percepções e teses notâveis a respeito da ctúfura do
pais são decapitadas periodicamente, e problemas a muito
modelo. custo iclentificados e assurnidos ficam sem o desdobrameuto ., r/
da questão
tudan Letras, vejamos algo que ihes poderia colrespouder. p prejuízo acarretado se pode --
comprovar pela via contrária, t"iiü__rr-Oo a estatura isolada de
v.
efir nosso campo. Nos vinte anos em que tenho
dado aula de literatura assisti ao trânsito da crítica por inr- uns poucos escritores como Macliado de Assis, Mário de An- ,Yt'-g
pressiorrismo, hisioriografia positivista, new critícisrz anreri- drade e, hoje, Atrtonio Cauclido, cuja qualidade se prende a \"ulJt
cano, estilística, marxismo, fenomenologia, estruturalismo,
pós-estruturalismo e agorâ teorias da recepção. A lista é im-
este ponto. A nenhunr deles faltou informação nenr abertura
para a atualidade. Entretanto, todos souberam retomarcritica-
fl
pressionante e atesta o esforço de atualização e desprovincia- mente e em larga escala o trabalho dos predecessores, enten-
nização em nossa universidade. Mas é iâcil obseruar que só dido não como peso morto, mas como elemento dinâmico e
raramente a passagem de uma escola a outta correspotrde, irresolvido, subjacente às contradições conternporâneas.2
como seria de esperãr, ao esgotamento de um projeto; no geral Não se trata, portanto, de continuidade pela continui-
ela se deve ao prestígio americano ou europeu da doutrina dade, mas da constituição de utn campo de problemas reais,
seguinte. Resulta a impressão * decepcionante * d.a nru- particulares, conl inserção e duração histôrica próprias, que
dança sern neçessidade interna, e por isso mesmo sem pro- recolha as forças em pl'esença e solicite o passo adiante. Sern \
veito" O gosto pela novidade tenrrinolóeicâ_§ dogtrlnâriqpr*- desrnerecer os [eóricos da últinra leva que estudarnos cm nossos I'
conheci cursos de faculdade, parece evidente que nos situaríamos me-
.rf,
çxgupls,êff)rÍUqg plano acAdêEico - do ssrâtet.jJt]ilatiyç d§_-_
. lhor se nos obrigássemos a um juízo refleticlo sobre as pers- d{\
ggssê yrd4_ç.ulIqf?1, Veremos quc o problerna está mal posto, pectivas propostas por Sílvio Romero, Osivald e Mârio de An- \
,f If
nras alrtes «lisso não custa reconhecer a sua verdade relativa. drade, Antonio Candido, pelo grupo concretista, pelos C"- { 1.0
pecês... Eá uma dose de adensamento cultural, dependente \ lo{ íet
4 '
Jro Brasil parece recomeçar do eero. O ar:etite oela prorLrção d. ulianç -0-/t)in
-o-fl- r/
a -ú- ^,.1n
tgét rl,".tntr"t fl .#"
da reflexão. Con notava Ma- titica:gdg, Isso posto, vale a pena lernbrar que aos hispano-
ue determina a americanos o Brasil dá impressáo de invejâvel orgauicidade
intelectual, e que, por incrível que pareça, dentro do relativo
eles talvez até tenham razão.
Não é preciso ser adepto da tradição ou de uma impossível
(2) Para um baianço equilibrado e substancioso do tema, ver do próprio An'
(i) Machâ<Jo cie Ássis, "A nrlva geração", in obru completa,lti' de Jarreiro, tonio Candido "Literatura e subdesenvolvimento", it Á educação pela noiíe, Stra
Aguil6, 1959, v. 3, p, fiX6. Paulo, Àtica, 1987.
30 31
não otrstante, da ilusão própria ao nacionalismo populista,
que coloca o mal todo no exterior.
Quando os nacionalistas de <lireita em 64 denunciavam
meis ra- corno alienígena o marxismo talvez imaginassem qlle o fas-
to. oara alel]érlt
-zg3y§1,-pçItpqlto,.p,ara
alguêm =go=P§Çlgqtg
con Ag::qts§ cismo fosse invenção brasileira. @i-
Gtu'appólq=qpqqtp..q-lgtg.gill3lggg:b*q§Lq-gpp:f gpgggÉ1qg-, ferenÇas, as duas vertentes ruciqtali.stas qqlBgi(llêI1-1-l- gspe-
iendênci+nretropolitaprtpggLitlcar,r.-çal.qlgu'jl1q-lq!*çl"it-ô1 íâverm achar o que buscavam atravês da eliminaçês do que
mais substantiva. A conclusão é ilusória, como se verá, mas
tern apoio intuitivo forte. Durante algum tempo ela andou na submnõiilutàltica do rraíq. A mesma iiusáo ftincionou no
boca dos nacionalismos de esquerda e direita, convergência ffiIõXfX=uando entretanto nova cultura nacional se de-
a
que, sendo mart sinal para â esquerda, deu gratrde circulação veu muito mais à díversificaçâo dos modelos europeus que à
social àquele ponfo cle vista e contribuiu para prestigiar cr exclusão do nrodelo português. Na outra banda, dos retró-
baixo-nível. gra<los, os adversários da descaracterização romântico-liberal
";ruís
" da socieclacle brasileira tampouco chegavam ao país atttêntíco,
Daí a bu
'r I L') P-i]
..+ od.rltffirro seria a cultlra popular se fosse possível pre- pois cxtirlradas zts novicla«1cs franccs:rs e inglesas ficava res-
ffimêrcio e, sobretudo, da comunicação de massa? t:rurada a oLrlcltt c<llr.lnial, isto é, utna criação porttlguesa. O
O que seria uma economia naciotral sem mistura? De 64
para paracloxo geral cleste tipo de purismo está encarnado na fiÊrrra
cá a internacionalização do capital, a mercantilização das re- rle Policarpo Quaresma, a queil1 o afã de autenticidacle leva a
lações sociais e â pre§ença da mídia avançaram tanto que es- se expressar em tupi, língua estranha para ele. Analogarnente
tas questões perderam a verossimilhança. Entretanto, hâ vinte ern Quarup, de Antonio Callado, onde o depositário da uação
anos apenas elas ainda agitavam a intelectualidade e ocu' autêntica não ê o passado pré-colonial, corno queria a figura
pavam a ordem do dia. Reinava um estado de espírito com- rle Lima Ban'eto, mas o interior longínquo do territôrio, dis-
tante da costa atlântica e de seus contatos esttangeirizantes.
bativo, segundo o qual o progres§o resultaria de uma espécie
cle reconquista, ou melhor, da expulsão dos invasores' Recha'
Unt grupo de personage:rs identifica uo mapa o ceirtro geo-
e in- gráfico clo país e sai à sua busca. Depois de mr.rita peripécia a
çado o lrnperialismo, neutralizadas as formas mercantis
dustriais de cultura que lhe correspondiam, e afastacla a parte expedição chega ao termo da procura, onde encontra
formigueiro.
- lltrl
antinacional da burguesia, aliada do primeiro, estaria tudo
pronto parâ que desabrochasse a cultura nacional verdadeira, 4o nacionalista a padronizaÇão e a marca americana çue
a§-güglorgs*etúçndid çt co'tt o
d e s c a rac t e rízqd{t p elg s elsry?efit
. É claro
çglru^Wy%ba. A ênfase, muito justa, nos mecailisnros da
tivos da
clominação norte-americana servia à mitificação cla comttni- geraÇão sesuinte. oara cuem o novo clima era natural. o nq-
clade brasileira, objeto de amor patriôtico e subtraída à aná- ciqnalismo é que teria de parecer esteticantente arcaico e pro-
lise cle classe que a tornaria problemâticâ por sua vez' Aqui ê y.inciano. Pela primeira vez, que eu saiba, entra em circulaÇâo
preciso uma ressalvâ: o governo Goulart, «lurante o qu:rl esle !r sentinrento de clüe a defesa das sinsularidades nacionais
sentimento <las coisas chegou ao auge' foi trm perío<lo de acon- contra a uniformização imperialista é um tópico vazio. Sobre
lecimcnt<ls exlraorclinârios, c«lm Cxperimentação social e rea- ftlndo r1e indírstria cultural, o mal-estar na cultura brasileira
linhanrerrlos denrocrítticos em larga escala. Não po<le ser re- desaparece, ao menos para quem queira se iludir.
r{uz.iclo às irrconsistências tlc sua agtg-itnagem Também nos anos 60 o nacionalismo havia sido objeto da
-ilustrativas,
an
32 .,J
crítica de grupos que se estimavam mais avançados que ere
política e esteticamente. o raciocínio de então vem fAfit*$gIiê_tgncesêeçente
'- i l-------------l--- é outro fator no descrédito- do _
sen<Ío reto-
rnado efir uossos dias, mas agora sem ruta de classes nacionalis tnq c!4tuIêI. A_glreqtação an l.ito tal i zadora. a orefe-
ner, a,ti- rência por níveis de historicictade alheios ao ârnbito nacional,_
imperialismo, e no âmbito internacio,alíssimo rra comuni-
cação de massas. N"cs@_ + desfirontaeem de andaimes convençionais cia vida literária
d,e_$u1plôgiê_utu_
(tais como as nocões de autoria. obra. influência. origjnali- _,
Itura " dade etc.) desmancham, ou, ao menos, desprestigiam a cor-
pape.l dg vehariq. Iricâ pâ.tente o §eu cafâreimG. m; de
v4ç1q!A e comprefilentar
yruvrlrÇrêrru q complementar de de lôrlnâ§ arcS"icas de opressã-o.
lizaÇão da grande obra e a redenção da coletividade. corres-
a oondência cujo valor de çonheciurento e potencial de misti{i-
tura venr an ç4E4q_lgg-§êg__dpsp&iygis e que enima os _
da
s.idiê, Assim corro os nacionalistas atacavam o irnperialismo E!gU{â. O esvaziamento pode ser fulminante e conyen""r em
e erarn lacônicos quanto à opressão burguesa, os antinacio- parte, além de render conlorto ao sentirnento nacional onde
rnenos se espera.
,.*Q._gápi a_á-Essu n d ari a
e$ relação ao ori gS§penSle {ç_le, _yA& 14g§p§*gtc= EqLa
p-e.{§p-§çXrva-€ala.Ç-a*u.=u1-qird=:dget:os=d!e!-l§.d-g-_çsúrutqdos
gs f orsqr eulluffii§ -do ço- n trqçu,!q-g--ç.§-ta* a b ê§g_dp_tu a}e s tqr
.
\
tróf icos, São Paulo, Perspectiva, Ig?8), e ,,Da raeão arrlr.|.- I
, i {ágica: diâlogo e diferença na cnltura brasileira", rrç IliLr.olrlo lidarles clerivadas clo natriarcaclo rLtral forrna ito centro rje slr4 I
j j ae Campos (ÍJoletínt Bibliográfit:o lJiblhtt,.:u Múrit) tltr ,4rr- poesia. Ào primeiro dos dois elementos cabe o prrpel de veleida- à
I
§ efracte, São Paulo, v. 44, jart./dez..lgtii]). dc disparaíada ("Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia"). O
B§Ia:te§,] !-r91up!ltgulqg@r clesajuste não é encaratlo como vexame, e sim com otimismo *
arcem leva a eouaÇiouff op combater relações de suborcli-
g3sãr-r efgt_!-v-q. §e_fê_ gg§_-A§*
irí a urtviclade
-, (:on-lo intlício cle inocôncia nacional e cia possi-
se bilirliule tL: ttLn lttttto histótico itltcrttittivo, cltter tlizer, não-bur-
tgrna"m dispç,sáveis }rma yez desvestidrls do presiígig da_ori-
grrôs. Llstc progtcssisrtto .rui gt'ttt'ri.t' se cr:ntpleta pela aposta na
sinalidade? auré,rtu341e
tecrri[icaç:iiu: irtocência Irrasileira (fr"trto cle cristianizaçáo e abur-
e§1êLe*u]-ç*ogdigflp q C.
*- *-* guesamento apenas superficiais) + técnica = utopia. A iciéia é
postiç as. Çontrariamente a,q q lrg .aglrS.-
r.-,tr1
lt.\)dJ - @§.gsgg"gaojeja_n
\.:
la ary1lise fa4;gpo1, íL quebra do deslumbramento qqltural do aproveitar o progrcsso tnaterial moderno para saltar da socieclade
6 tu.nr,.r* i.x;'' s*brip.§çIy_-sh,-i-d.*q"unp_ _d"tn o pré-burguesa diretamente ao paraíso. O próprio Marx na car{a
çr:-drs;sa: *gtOlino. A reprodução de soluções cle ponta lesponde a neces- tarnosa a Vera Sassr-rlitch (1881) especulava soble uma hipótese
*4- /t'r' sidaclesculturais, econônricas e poríticas de que a noçã* de Barecida, segunclo a qual a coitluna camponesa russa alcançaria o
cópia, com sua conotação psicologizante, não dá iciéia e as socialisrno sem interregno capítalista, graças aos meios que o pro-
* zr,ié--- quais não especifica. Em_dççE:êUqa o exome .lesta gresso do Ociclente coloçava à sua clisposição. Neste mêsrno sen-
) ê'rràrr \)a " ticlo, ainda que en-r registo onde piada, provocação, filoso{ia da
::3:-:::.*
cri\/o:Ái[) füíL
o cazes história e profetismü eslão indistintos (como aliás mais tartle enr
sla
,*.r.*.--"ó"*tçf ,qqr ryz atmm Glauber Rocha), a Antiapoíagia visava clueirnar ttma etapa.
I pou<.lsr- ta uulQ pâr- a-
}§À rc'- ttqulal=de-ean
,.:abr,{Í, la tlo no Brasil pela cultura ocidental, está c]rug que o prggrarma de
saq.e lil;fu- : c.dtica de corte fi te-
Oswald lhe alterava a tônica. É o primitivismo locâI que devolver4
i-*/ .- @nte. Ain<ia aqui o nacionalisrno é argr-i-
me.ntativamente a parte fraca, mâs nem por isso sua srrpe_ Lcd.nsqdê-pgtgrqpulelgte*a-§e!Ídg1i-qçl9".qlq, .quel dizq1,, !qe*1!
raçito filosôfica satisfaz, pois nada cliz sobre as :.ealiclacles a qIEg
,Uitcs$çãA.9:1qt{ g. do uqilitarisrno capitalista. A. i
clne ele cleve a força. Entre parôntesis, note-se quc ncstcs ril- ra seria um ponto carcleal clit'erenciado e corn virtualidade !t-{Iica
limos temp.rs a qllase ausência clo naci.nirlism<l n, ilcbate in- (algo semelhante está insinua-
{r:leclual sél'ir: tenr anclatlo ao Í)íl' corn a slrÍl presença cres- do nos pôemas de htlário dc Anclrade e Raul Bopp sobre a pregLriça
centc n:r írrtla cla adnrirristrztçilo cla ctrltrrra, orrde ptrra mal olr amazônica). Foi profr-rnda portanto a viravoltil valorativa operacla
para bem nlo há conro fugir i\ crxislôncir eletiva cla clin-rensão
pelo Moclernismo: pela prirneira vez o plocesso e.m curso no Brasil
tracional. A volta pelu outra portu reflele unr paradoxo incon-
é considerado e sopesado dlretamellte no coiltexto da atualidade
ii
:
;:
ii:
mundial, corlo tendo algo a olerecer no capítulo. E_m.lugar .',
;:i :. .
--
clogio o sentimento de viverem entre instituições e
se i,qUe r-rrn
eml:asbacnnr*lrto, Os*ald proponhu u*u nostu.u !r::-rr:... âã.- copiadas
---^ são
que ^^.-,^á-. Á^ estrangeiro
do oc}r'qn<yairn e
+ trãn
não rpfleferrr reali-
refletenr a rg:fli-
rcuÍe*e S e rn sentin rÊnto d_e i níed-orj d arle g1$afbf "ultorêl
lfr-*Jq ,ffinr -l.ptéttiT:
. lAed g _
1rê ç!-eglur_i ,fu * local. Coutu clo, n ãro b asta:'enun"ii: :n : T1
@-dsrdhqb-gqlig-s.1-gl'4aqJa&qn-qrad-o-ra.arlis-rân-c_iairprernpo ,iiüLrru,"uiyer
ç de modo mais autê1tico. Aliâs, esta renúncia não
Yrrur uv "tr
l)el}Sitt
çorrratvrs"íve.i*a_pâriç._dq_ j:$_rl_qurcldçt-@_Lq§1ps ,"irrerrsávcl. Por outro 1a,Jo, a clestruição {ilosófica da noÇão de
:tt,. _ I r_,-_^ TJ^--- "-^-^ .-,-
prorpst as qxÍf aof dinéLias . ffipin tamporco faz desaparecef o problema. Itletl para a^colls- ino-
A voga dos rrmnifestos oswã.ldianos a partir rta c}écacra de 60, ffin.io programâtica co,r que o antropófago ignora o
e sobretuclo nos arlos 70, ocone em contexto muito diverso do ffingi*"nto, o qual teirna em reaparecet.de"Tupi or not Tupi,
Osrvald, cujo teor
primitivo. c) pano de funrlo a-aora é clado pe:la ditadura militar,, ;,,,+i.,*tls ilre question", na fatnosa fôrmula
ávida de progresso técnico, aliada ao grande capital, nacional e 11. ile contradição
* a busca da identidade naciotral passando
e um trocadillo
;...f.fo 1íngua inglesa, por uma citação clássica
,.
internacional, e menos repressiva. qlre o es;:erado em matéria tle
,l
|::
iii costumes. No outro ctullpo, a lentativa de passar à guerra revolu*
;$;* diz,muito sobre o imPasse.
ll
ffi Vista em perspectiva histôrica a questão talvez se des-
]:: cionária para clerrubtu o capitalismo também alterarrâ as acepções
a res'
Í,i n.plique. Silvio Roprero tem excelentesO observações
a:t
i" do que fosse "r'adical". Em sumâ, nacra a ver coill a estreiteza pro- que
:ti
!: ii:,.. eito, de mistura com vârios absurdos.
trecho vamos
vinciana dos anos 2ü, por oposição à quar a rebelião antropof.ági- em 1897 contra Ma-
'li:Íi tír,titar e comentar estâ num livro escrito -{,. /
l*1.' ca fazia figura libertríria e esclarecida em alto gra*. Nas novas cir.-
íffifu c1e Assis, justan:rente parâ provâr que a arte deste trão '
T nstâncias o otindsmo técnico tem ':. a:i-r *4t'-.;7
!,{ i,.i tt,.uu de anglornania inepta, servil, inadequada etc' 'í..,.t''" -
.?ii,V '
,")''
Deu-se, entretanto, uma espêcie de disparate t"'l: umâ
Ç))"' .
net' i\
:i' ,
i: \
prejuízo do resulJado artístico muitas vezes bom. Em detrinrento
da lirnpidez corlstrutiva e tIo lance agurio, tão pãcuhares ao espí-
pe-
qllena elite intelectual separou-se notavelmetrte do grosso cla
t)
1, t
t,
I,t
populaçio, e, âo passo que esta peÍmatlece quase inteirametrte /
rito praticado por osward, sobe a coÍ.açã'cros procedimentos incutta, aquela, sendo eln especial dotada da faculdade de í)"l 'r'^"f{'
14i-
mários e avacalhantes, clue ele tanrbém cultivava. A deglutição aprenrler e imitar, atirou'se a copiar na política e nas letras \,
sem culpa pode exemplifical uma evolucão desta espécie. o que
era liberdade em face do catolicismo, da trurguesia e do cleslum-
brame,to diante da Europa é hoje, nos anos g0, um áIibi desajei-
tado e rombudo para lidar acriticameiite com as ambigüidades
da de rnestiços e meridionais, apaixo-
cultua de massa, que pedem lucidez" Como não notar que ü lrabilidade i.lgsô-$a ejlallia
;
sujeit* da Antropofagia t@' pêta-luvqúql i-êLa-pia dq4{
- seurelhante, neste ponto, ao *aciona-
lismo * ó o brasileiro em gerar, sem especificação de crasse?
-se§ 4
ou Jr"tt. ,t"; raie dat!8-do ill§{liêtp au nquo de nossa vida
que a arralogia com o processo digestivo nada esclarece "
cla políti- 9.49 qe§qs:hlslóla'
purq4lep.ç^ tenrpg; coloniais' -a hâbil polítigL Ílq:5-eg1:e- t'
I
ca e estética do processo cultural coütempoúneo? "nnt11
En-r síntese" desde o sócuro passado existe entre gação, aÍasta, '
as Basiiio, Durão, Golzaga'
pessoâs educarlas do Brasil * urlla categoria social, .@iCI Oe.gçsgg. Por isso tiven-ros
mais Alvarenga Peixoto, Claudio e Silva Alvaretrga, que se mo-
veram nurn meio de idêias puramente poltuguesas e brasi-
(3) Á obser.,'ação é de Vinicius Dantas.
leiras.
-r8 3q
Corn o primeiro irnperador e a Regência, a pequena fresta
(aberta) no muro de nosso isoramento pcr I). ioão vr arargou-
mente, note-se que a exigência de organicidade coincidia no
se, e cômeçâmos a copiar o rornantismo político e literârio tempo com â expansão de lmperialismo e ciência organizada,
dos
franceses. tluas tendôncias que toffiravam obsoleta a hipótese tle uma cultura
Macaqueamos a carta de 1814, transplantamos para câ as naci«:nal autocentrada e hannônica.
fantasias de Benjamin constant, arremedamos o p:irramenta- 9pecadgorieinal,, causâ dâ descone a._lQgefei-
risnro e a política cnnstitucional do autor tle Adt.tlplt., clc ,ris- hs_aegô[iyqsjgla estão Lo plano da çisão social: a cultura seJr
tnra com a poesia e os sonhos do autor de ltutó a Atda. rekqões com o ambiefite. a ç$odtrçáo q:ue não sai do fi+ndo de .
4t) 41
tarto, a distância entre elite e popuiação serÍa rnenor naquele a em beneficio das classes dominantes locais. I)ia.p-
ternpo? o amor da cópia menos vivo? Seguramente não, e aliás não istência itâvel
é isso que está dito. A coesão ár que se refere a pâssâgern era cle
outra ordem, efeito da "hábil política da segregação" (!), que sepa* plr.ell-a9li}l!rqq-4gqs-14*4aaiLpgteçq§§qql-e-§J{ên-sq-!tg5-ott
râvâ o Brasil de tudo que não fosse português. A comparação nou- po-rliçpt. - Uttb aqrgn 3!s,,emp1esla d4s, desplorP osit adas etc"
.
segundo outÍà reÊrÍI, diversa da consagrada nos países hegemôni- de tratralho escravo. a qfual por sua vez. com perdão da bt-q-
cos. Daí o sentimento tão difundido cle pastiche incligno, a que yidade,.decorria dqRevolgção Industri+l inglesa e da col?se-
escâpava Machado de As.sis, cuja grande imparcialklade Ihe per- ,[iiente crise. clo anJiqo sis.tema colonial. quer dizer. r/eç.qrrua
rltt ki;tórío cçntem .7 Assim, a nrâ-formação brasileira,
mitia ver um modo particr"rlar de funcionerffiento ideológico onde
dita atrasada, manifesta a ordem rla attralirlade a mesmo tí-
os cÍemais críticos só enxergavam esvaziamento. Em palavras de
tulo que o progresso dos países adiantados. 9s "{isp+Lq-tes"
Sórgio Buarque de Holancla: "A presteza com gue na antiga colô-
nia chegara a cliÍundir-se a pregação das 'idéiar novas,, e o fervor
de Silvio
- na vefda à
i,ta-
finalidpde,
com qile em mrrilos círculos elas foram abraçadas às r,ésperas rla
liFrnq.mundial - não são clesvios. Plendem-se
Inesm+"do- processq Brasil. exiee a -
V Independência, mostram de modo inequÍvoco. a possibilidacle
IJ rgiteracão do trabalho Íorcallqou semi-forcado e a ctecorrente
que tiúam de atender a um clesejo insofrido de murJar, à genera-
\.i1
\^ §eqr-esacão -cultural dos pobres. Com moclificações, muito
lizada cefieza de que o povo, aÍinal, se achava ama<lurecido parâ tlisso veio até os nossos dias. No momento o panofAnra parece
Y
tl- a rnudança. Mas também é claro que a ordem social expressa por estar mudando, devido a consumo e cornunicação de lnassas,
CI
.I I elas estava longe de encontrar aqui o seu equivalen(e exato, mor-
/,, J crüo efeito à primeira vista ê anti-segregador. São os novís-
3 mente Fora dos meios citadinos. outm eÍa â articulação da socie- simos termos da opressão e expropriação cul'fural, pouco ex&-
\'p
.Ç dade, outros os critórios básicos de exploração econômica e da nrinados por etrquanto.
repartição de privilégios, de sode que não podiam, essas idéias, $gsint, 4 tgse d,a cóqia culfurill é ideoloeia na acepcão
((
ter o sentido qre lhes era dado em parte da Europa ou da antiga §rârxisla do terruo. guer dizer. uma ilusão bem fur-rdada na-§--
América inglesa l.".l.O resultado ó que as 1,órmulas e palavras são ,apefênc-iCç:-â coexistôncia entre principios burgueses e do an-
its rnesmas, erntrora fclssem diversos o conteírdo e o sisniÍlcadO tigo regime, fato muito notório e glosado, é explicarla seguntio
clrre :rc1ui passavÍlm a âssumir"_n
(7) Emília Viotti da Costa, Da lt'Íonarquitt à Repuhlica: momeilto§ r/ecisivos,
(ír)Stlri.li,rllrr:rrrlucdcHolanda, l)oltttpérioàl?epúbtica, t.?,v.5 daHi.srórta São Paulo, Grijalbo, Luiz Felipe de Â.lencastro, "La traite négriêre et
797-1, cap. 1;
I'uniré nationale brésilienne", Rcvut: Française de l'Histoire J'0ilrru ltier, l. 66, n.
lir'tttl tla tivili ;rrçtirt ltrtsíleira, dirigida pclo mesmo AutnÍ, são paulo, Difel. 197?-
244-5, 19?9; Fernando Novais, "Passagens para o Novo M*ndo", Novos Estudos
l' /'/ ti .
Cebrap, Sâo Paulo, Cebrap, n. 9,jul. 1984.
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um esquenra plausível, de alcance abrangente e
fundamento
individualista, em que efeitos e causas estão trocatros ante cultural veio asero eixo de
ern toda
linha. tiva crítica tua e difundida. Para trf,
Silvio, a falta de n!:gelant0
" i1)
ão nacional desta últirna. po; a* 0antio o lgitor nut,lr falso problema.
2) Q qqe é *m .{n+t-esÍRr de c-lqsse.dominante,.ljFado à
Itaria cle formas de des dade brutais ::
I
rnln colno feição
rte socierl ,::j.
nacional.
ada". O ;ti):::
adotacla a idéia cle nação que erâ nor- 3) IiçÉr sugerido que as elites se pociedarn conduzir d.e
rna) da classe dominante pelas viclas que explorâva putro modo, sanando o problerna. o qne eqriivale a pedil que
a tornatra
estrangeira ern seu prôprio juí2o... A origem
colonial e e§cÍa-
vista destas causas salta aos olhos. 4) Por sua lógica o argumento oculta o essencial, pois
ê p {eli.!êfr giqg cp131qmente assoc!+{as- à_qqi ta_ç o
.
elite e m uando o
fl rypli_
c"êrll-se da m.e-qqp grrÊgi1i. Cg1lÍo.rÍrtç"
ç_ç e-qus -críticos, a cópia
estâ nos sntípqd-aç-d-e- prisinaii lo&, iii"i*o
sentido na-
eional,. "o*
jgiçp-lp-{epsgdgüg-q-sd*es}i{qg§-s.ltçg:1[la,r.i*"t".
5) ,à solução impiícita estâ nlL auto-reformír. da
pra, no extr-emo a dominaça" afrsorutãÇ;iã-;'"i,ttrr., classq
ttadaexpressq".dàss_ol4!ts.üeq_çLq_e,lllç.dã_qri{+,_s-ç*e*..tràrnro,
do balha
o tr4ço de fqtili"dadsgtlg-_{9§Iillq.d-i§.gq
ttçrtpo e que *tg,.n, da atualidade. para n-
escritores souberam explorar. Dra;;;;iiterul"ry
p"Í- teresse. o que *
{ ica exó t icas_ " _qlt].+
l. gg[]-. lig_{çêg gqlLo--*igilclq i nredi ato
_
o u lorr _ mocracla
- neste canrno vale crollls _dpfiniqãg__dg_{q:.
e
do irnitado-no orieinal. e também o
(Paulo Emilio Salles Gomes fala de "ilossa incompetência
criativa em copiar"'.) !e-
euiEte arranio d-e três elementos: um a-
lijade do país. a giUiiifgsão (as n3qõer adiantaclas -..seqfu-
Wê-:dliga glxl A*qlg!$ e! ro as s gqgcqr 3 s e g u p-d a . fu §ip
este essuema é irre -sa-
ber. a dimensão orsanizada e cumulativa do processo, alorça
(tj) Ver Oclso Furtado, A pró'revolttç:ão brusilcira, Rio rie Janeiro, Fundo de
('rrllrrra, l1)(r2, e [;ernatrdo II. Cardoso, Entpresúrio iudtstrial e descrtt'olvinzenlo
r,r1)rr(rrnri'r, mt llra.sil, São Pau[o. DiÍel, 1964.
(t)) I'arrlo L'lnrilio Salles Cornes, Cinema: traietória nrt suhrlesenvolvímento,
l{irr rle Jarrciro, Paz c'l'etra. 1980, p. 77.
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