Você está na página 1de 76

LÍNGUA PORTUGUESA

1
1
LÍNGUA PORTUGUESA

SUMÁRIO

1. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS .......................................................... 03

2. DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL ............................................................................ 07

3. DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL .................................................. 27

4. MORFOLOGIA ............................................................................................................... 44

5. DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO ................................... 47

6. DISCURSO DIRETO E INDIRETO .................................................................................... 57

7. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL ......................................................................... 59

8. REGÊNCIA ...................................................................................................................... 70

2
2
LÍNGUA PORTUGUESA

COMPREENSÃO E
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
 DEFINIÇÃO DE TEXTO
A palavra texto, sem sombra de dúvida, é familiar a qualquer pessoa e aparece
frequentemente no linguajar cotidiano, mas o texto não é simplesmente um aglomerado de frases.

De acordo com Infante (2007, p. 90),


“A palavra texto provém do latim textum, que significa ‘tecido, entrelaçamento’. Há,
portanto, uma razão etimológica para nunca esquecermos que o texto resulta de uma
ação de tecer, de entrelaçar unidades e partes a fim de formar um todo inter-relacionado.
Daí podermos falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que
garantem sua coesão, sua unidade.”

É importante ressaltar que todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de


escala mais ampla, como observam Fiorin e Savioli (2007, p. 13):
“Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o
produziu. De uma forma ou outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma
posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na
sociedade. Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade,
tem sempre uma intenção por trás”.

Portanto, num texto, o significado de uma parte depende de sua relação com as outras partes,
tornando-se uma estrutura construída de tal modo que as frases não têm significado autônomo, pois
o seu sentido depende da correlação que elas possuem com as demais frases.

Não podemos esquecer que existem textos verbais e não verbais, consistindo aqueles dos
textos escritos ou orais, e estes dos textos visuais, constituídos por ícones e/ou símbolos.

 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS


VARIADOS
Interpretar um texto consiste em analisar o que está escrito, ou seja, coletar dados sobre o
texto. Para interpretar um texto devemos abstrair tanto as ideias explícitas quanto as implícitas nele
contidas. Como afirmado anteriormente, não existe texto desprovido de contexto e de várias
implicações, que podem ser políticas, filosóficas, sociológicas, acadêmicas, entre outras.

Bechara (2006) lista a forma como devemos analisar um texto:


• Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contato com o assunto; a segunda para
observar como o texto está articulado; desenvolvido.
• Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma
conclusão, ou, ainda, uma falsa oposição.
• Sublinhar, em cada parágrafo, a ideia mais importante (tópico frasal).

3
3
LÍNGUA PORTUGUESA

• Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do
que foi pedido.
• Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto, etc., para não se confundir no
momento de responder a questão.
• Escrever, ao lado de cada parágrafo, ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida
neles.
• Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu.
• Se o enunciado mencionar tema ou ideia principal, deve-se examinar com atenção a
introdução e/ou a conclusão.
• Se o enunciado mencionar argumentação, deve-se preocupar com o desenvolvimento.
• Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do texto:
pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.)

Três erros comuns na interpretação de textos, e que podem levar a uma escolha errada no
momento da interpretação, são a extrapolação, redução e contradição.

Bechara (2006) define esses erros capitais na análise de um texto da seguinte forma:
Extrapolação: consiste em “fugir do texto”. Ocorre quando se interpreta o que não está
escrito, não se atendo ao que está relatado.
Redução: Consiste em valorizar uma parte do texto em detrimento da sua totalidade.
Deixa-se de considerar o texto como um todo para ater-se somente a uma parte dele.
Contradição: Consiste em se entender o contrário do que está escrito.

Observe que as provas de concurso estão cada dia mais complexas na interpretação, assim,
para se obter um bom resultado, não basta somente interpretar o texto, mas sim demonstrar o
conhecimento do candidato a respeito do assunto, levando em consideração as atualidades, pois
todos os textos de concursos são, de algum modo, ligados às atualidades. O texto é o ponto de
partida, mas deve-se avaliar o contexto e a atualidade.

 VAMOS EXEMPLIFICAR POR MEIO DE UMA QUESTÃO DE PROVA:


1 As diferenças de classes vão ser estabelecidas em dois
níveis polares: classe privilegiada e classe não privilegiada.
Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de
4 um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que
classificar por extremos não reflete a complexidade de classes
da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos. Em cada um
7 dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas
preferimos alçar a dicotomia maior que tanto habita o mundo
das estatísticas quanto, e principalmente, o mundo do
10 imaginário social. Estudos a respeito de riqueza e pobreza ora
dão quitação a classes pela forma quantitativa da ordem do
ganho econômico, ora pelo grau de consumo na sociedade
13 capitalista, ora pela forma de apresentação em vestuário, ora
pela violência de quem não tem mais nada a perder e assim por
diante. O imaginário, em sua organização dinâmica e com sua
16 capacidade de produzir imagens simbólicas e estereótipos,
maneja representações que possibilitam pôr ordem no caos.

4
4
LÍNGUA PORTUGUESA

O imaginário, acionado pela imaginação individual, é


19 pluriespacial e, na interação social, constrói a memória, a
história museológica. Mesmo que possamos pensar que
estereótipos são resultado de matrizes, a cultura é dinâmica,
22 porquanto símbolos e estereótipos são olhados e
ressignificados em determinado instante social.

Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja. São


Paulo: Fapesp&Annablume, p. 62 (com adaptações).

COM BASE NA ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E NOS ASPECTOS GRAMATICAIS DO TEXTO,


JULGUE OS ITENS QUE SE SEGUEM.
Questão de prova: Subentende-se da argumentação do texto que “os picos” (l. 6)
correspondem aos mais salientes indicadores de classes — a privilegiada e a não privilegiada —,
referidos no texto também como “extremos” (l. 5) e “polos” (l. 7).

Comentário: Antes de passarmos à análise da questão propriamente dita, é importante


ressaltar que o texto em questão é um bom exemplo da necessidade de o candidato possuir uma boa
“bagagem de leitura” da atualidade, de tal forma que possa interpretar o texto no contexto em que
está inserido. Essa observação aplica-se à interpretação de textos em geral, como ressaltamos
anteriormente. Com relação à questão em análise, embora o texto afirme que classificar por
extremos não reflete a complexidade de classes da sociedade brasileira, os “picos” referidos na linha
6 são os “extremos” das classes sociais, os quais funcionam como “polos” (l. 7) opostos: a classe
privilegiada e a não privilegiada. A alternativa, portanto, está
CERTA.

 VEJA MAIS UM EXEMPLO DE QUESTÃO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO:


A vida humana como valor jurídico
1 Vivemos sob a égide de uma Constituição que
orienta o Estado no sentido da dignidade da pessoa humana,
tendo como normas a promoção do bem comum, a garantia
4 da integridade física e moral do cidadão e a proteção
incondicional do direito à vida. Essa proteção é de tal forma
solene que o atentado a essa integridade eleva-se à condição
7 de ato de lesa-humanidade: um atentado contra todos os
homens.
Afirma-se que a Constituição do Brasil protege a
10 vida e que tudo aquilo que soa diferente é contrário ao
Direito e por isso não pode realizar-se. Todavia, dizer que a
vida depende da proteção da Carta Maior é superfetação
13 porque a vida está acima das normas e compõe todos os
artigos, parágrafos, incisos e alíneas de todas as
constituintes.
16 A cada dia que passa, a consciência atual,
despertada e aturdida pela insensibilidade e pela indiferença
do mundo tecnicista, começa a se reencontrar com a mais
19 lógica de suas normas: a tutela da vida. Essa consciência de
que a vida humana necessita de uma imperiosa proteção vai

5
5
LÍNGUA PORTUGUESA

criando uma série de regras que se ajustam mais e mais com


22 cada agressão sofrida, não apenas no sentido de se criar
dispositivos legais, mas como maneira de estabelecer formas
mais fraternas de convivência. Este, sim, seria o melhor
25 caminho.
Tudo isso vai sedimentando a idéia de que a vida de
todo ser humano é ornada de especial dignidade, o que deve
28 ser colocado de forma clara em defesa da proteção das
necessidades e da sobrevivência de cada um. Esses direitos
fundamentais e irrecusáveis da pessoa humana devem ser
31 definidos por um conjunto de normas que possibilitem que
cada um tenha condições de desenvolver suas aptidões e suas
possibilidades.

CONSIDERANDO AS IDEIAS E A ESTRUTURA DO TEXTO ACIMA, JULGUE OS ITENS DE 1 A 5.


1. O texto defende que a sociedade brasileira, apesar de vítima da violência do contexto
tecnológico atual, tem por valor superafetado a proteção do direito à vida, garantido
constitucionalmente.
2. Entre os pilares que sustentam a Carta Magna brasileira — a dignidade da pessoa, o respeito
ao cidadão, a garantia da sua integridade, o fortalecimento do bem comum e o resguardo do direito
à vida —, sobreleva-se este último, pela qualidade de incondicional.
3. É redundante afirmar que a Constituição do Brasil dá especial ênfase à defesa à existência
no país, uma vez que a vida sobreleva-se a constituições sociais e está pressuposta em vários
dispositivos legais.
4. O texto argumenta que é universal e incontestável a consciência de que urge o
estabelecimento de formas mais fraternas de convivência no mundo atual.
5. O texto estrutura-se de forma dissertativa, com léxico predominantemente denotativo,
apesar de haver palavras empregadas em sentido conotativo, a exemplo de “soa” (l.10) e “ornada”
(l.27).

Comentário: Conforme temos observado nas últimas provas, a prova de conhecimentos


básicos apresenta questões de ordem linguística e de interpretação utilizando um mesmo texto
como base. Embora se trate de uma prova do ano de 2004, é interessante observar as mudanças
ocorridas e o grau de dificuldade cada vez maior constante nas provas de concursos.
Vamos analisar somente o item 3, para exemplificar, pois é uma típica questão de
interpretação de texto, que necessita uma reflexão sobre o texto como um todo, levando-se também
em consideração os aspectos externos a ele (atualidades). A Constituição brasileira visa, acima de
tudo, garantir proteção incondicional ao direito à vida ou à existência, e pode-se considerar
redundante (superafetação – l. 12) tal afirmação. A vida sobreleva-se (está acima – linha 13) a
constituições sociais (normas – l. 13), porém ela não está pressuposta em vários dispositivos legais (a
parte do enunciado legal em que se prevê o efeito de sua incidência), mas sim compõe todos os
artigos, parágrafos, incisos e alíneas de todas as constituintes (referente à constituição ou que tem a
missão de elaborar a constituição). Dessa forma, o item está ERRADO.

6
6
LÍNGUA PORTUGUESA

 DICAS PARA UMA BOA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS:


a) tenha uma boa noção de História e dos fatos ocorridos nos últimos anos (atualidades);
b) tenha concentração na leitura do texto;
c) o texto é a fonte primária e principal; se ele contrariar as atualidades, siga o texto;
d) tenha em mente que todo entendimento de texto é, de alguma forma, limitado, pois
ninguém domina todas as áreas do conhecimento;
e) preste atenção a todos os detalhes. Muitas vezes, uma única palavra constante na questão
pode fazer a diferença entre ela ser considerada certa ou errada em relação ao conteúdo do texto.

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL

Ortografia (do grego ortho = correto; grafia = escrita) é a parte da gramática que trata da
escrita correta das palavras, segundo os padrões da língua culta. Na Língua Portuguesa, alguns
fatores dificultam essa escrita. Os dois principais itens que acarretam essa dificuldade relacionam-se,
primeiro, à possibilidade de alguns fonemas admitirem grafias diferentes e, segundo, à etimologia,
isto é, à origem das palavras. Ainda há a incorreção gráfica provocada pela pronúncia errada.

A ortografia oficial da Língua Portuguesa é composta dos sistemas ortográficos fonético,


etimológico e misto, como podemos verificar no quadro:

FONÉTICO ETIMOLÓGICO MISTO


Representa as palavras de acordo
Consiste na exata e fiel figuração dos
com a grafia de origem, Resultante da fusão dos dois
sons, escrevendo as palavras tal e qual
reproduzindo todas as letras do primeiros.
se pronunciam.
étimo.
Exemplos: cristo, pressentir, inalar, Exemplos: esgoto, igreja,
Exemplos: hoje, humano, hilário
escrever sete, tratar

Embora listemos a seguir algumas dicas práticas referentes à ortografia oficial da Língua
Portuguesa, a melhor forma de se aprender a correta grafia de um vocábulo é a retenção da sua
imagem, o que ocorre por meio da leitura e da escrita.

Não podemos esquecer que, de acordo com o Novo Acordo Ortográfico, o alfabeto da língua
portuguesa passou a ter oficialmente 26 letras, com a inclusão das letras k, w e y.

 EMPREGO DAS LETRAS


a) Uso do C ou Ç
Usa-se C ou Ç nos seguintes casos:

7
7
LÍNGUA PORTUGUESA

• após um ditongo: afeição, coice, foice, eleição.


• nomes derivados do verbo TER: abster – abstenção / deter – detenção / reter – retenção.
• nomes relacionados com palavras cujo radical termina em T: executar – execução / marte
– marciano / infrator – infração.
• nos vocábulos de origem árabe: cetim / açucena / açúcar.
• nos vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Juçara, cachaça, cacique.
• nos sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu: barcaça, ricaço, aguçar,
empalidecer, carniça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.

b) Uso do G
Usa-se a letra G nos seguintes casos:
• nas terminações AGEM, IGEM, UGEM, EGE e OGE: garagem, vertigem, ferrugem, bege,
foge.
• nas terminações ÁGIO, ÉGIO, ÍGIO, ÓGIO, ÚGIO: sufrágio, sortilégio, vestígio, relógio,
refúgio.
• nos verbos terminados em GER e GIR: eleger, dirigir.
• depois da letra R (com poucas exceções): emergir, surgir.
• depois da letra A, quando não seja radical terminado com J: ágil, agente.

c) Uso do J
Usa-se a letra J nos seguintes casos:
• nas palavras derivadas de outras palavras terminadas em JA: franja, gorjeta, laranjeira,
lojista.
• antes do ditongo EI, com algumas exceções: jeito, sujeito, sujeira. Algumas exceções:
bagageiro, estrangeiro, ligeiro, mensageiro, passageiro.
• todas as formas dos verbos terminados em JAR: arranjar – arranjei / enferrujar -
enferrujei / viajar – viajei.
• nas palavras de origem latina: jeito, majestade, hoje.
• nas palavras de origem árabe, africana ou exótica: alforje, jiboia, manjerona. Atenção: a
palavra SERGIPE é uma exceção.
• nas palavras terminadas com AJE: laje, ultraje.

d) Uso do S
Usa-se S nos seguintes casos:
• nos sufixos ês, esa, esia e isa, quando o radical é substantivo, ou em gentílicos e títulos
nobiliárquicos: freguês, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
• nos sufixos gregos ase, ese, ise e ose: catequese, morfose.
• nas formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quis, quiseste.

8
8
LÍNGUA PORTUGUESA

• nos nomes derivados de verbos com radicais terminados em d: aludir – alusão / decidir –
decisão / empreender – empresa / difundir – difusão.
• nos diminutivos cujos radicais terminam com s: Luís – Luisinho / Rosa – Rosinha / lápis –
lapisinho.
• após ditongos: coisa, pausa, pouso.
• em verbos derivados de nomes cujo radical termine com s: análise – analisar / pesquisa –
pesquisar.
• nos grupos IST e UST: misto, justo, custo.
• verbos cujos radicais terminam em D, ND, RG, RT, CORR, PEL e SET: aludir – alusão /
repreender – repreensão / imergir – imersão / reverter – reversão / recorrer – recurso /
impelir – impulso / consentir – consenso.
• adjetivos terminados em OSO e OSA: bondoso, generoso, piedoso, maravilhosa, gostosa.

e) Uso do SS
Usa-se SS nos seguintes casos:
• verbos cujos radicais terminem em GRED, CED, MET e PRIM: progredir – progresso /
interceder – intercessão / prometer – promessa / reprimir – repressão.
• quando o prefixo termina com vogal e se junta com palavra iniciada por s: a + simétrico –
assimétrico / re + surgir – ressurgir.
• no pretérito perfeito do subjuntivo: ficasse, falasse.

f) Uso do X
Usa-se a letra X nos seguintes casos:
• depois de ditongo, de EM, BRU, ME e PU: queixa, deixa, enxada, enxoval, bruxa, mexer,
puxar. Observação: a palavra capucho é exceção.
Atenção: Se a palavra primitiva se escrever com CH, este é mantido: encher (vem da
palavra cheio), encharcar (vem da palavra charco), enchumaçar (vem da palavra chumaço).
• nas palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, muxoxo, xucro.
• nas palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (j): xampu, lagartixa.

g) Uso do Z
Usa-se a letra Z:
• nos sufixos EZ e EZA em substantivos abstratos derivados de adjetivos: rapidez, sensatez,
esperteza, pobreza.
• no sufixo IZAR, quando a palavra primitiva não se escreve com S: atual – atualizar /
concreto – concretizar / ironia – ironizar.
• como consoante de ligação se o radical não terminar com S: café + al – cafezal / pé +
zinho – pezinho.

 SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

9
9
LÍNGUA PORTUGUESA

• semântica é o estudo da significação das palavras.

• Significante e significado
Significante é a parte física da palavra (os fonemas e as letras).

Significado é o sentido da palavra que provoca na mente do ouvinte ou do leitor uma imagem
ou uma ideia.

• Sinônimos e antônimos
Sinônimos são palavras que têm um sentido geral comum, porém distinguem por
particularidades e se empregam em situações diferentes.
Ex.: Adversário – antagonista / Transformação – metamorfose

Antônimos são palavras de significação oposta.


Ex.: Riqueza – pobreza / Bom – mau

• Homônimos e parônimos
Homônimos são palavras diferentes no sentido, mas que têm a mesma pronúncia. Dividem-se
em homônimos perfeitos e homônimos imperfeitos.

• Homônimos perfeitos são palavras diferentes no sentido, mas idênticas na escrita e na


pronúncia.
Ex.: Homem são. (adj.) / São João. (subst.) / São várias as causas. (verbo)

• Homônimos imperfeitos, que se dividem em:

Homônimos homógrafos, quando têm a mesma escrita e a mesma pronúncia, exceto a


abertura da vogal.
Ex.: Almoço (substantivo) / Almoço (verbo)

Homônimos homófonos, quando têm a mesma pronúncia, mas escrita diferente.


Ex.: Cessão / Seção / Sessão

• Denotação e conotação
• Denotação é o emprego da palavra em seu sentido próprio (usada quando se quiser dar
caráter técnico ou científico ao texto).

• Conotação é o uso da palavra em sentido figurado, dando ao texto várias interpretações


(esse recurso é muito utilizado em textos literários). Exemplos:
Construí um muro de pedra. (denotação)
Ela possui um coração de pedra. (conotação)

 PARTICULARIDADES GRAMATICAIS

10
10
LÍNGUA PORTUGUESA

A seguir apresentamos algumas das palavras da Língua Portuguesa que apresentam


dificuldade quanto ao seu emprego no que se refere à grafia correta.

 A GRAFIA DOS PORQUÊS


 PORQUÊ
• Substantivo
Ex.: Não sei o porquê de tanta alegria.

 POR QUE
• usado em perguntas diretas.
Ex.: E tu, por que resolveste aderir à greve?

• usado em perguntas indiretas.


Ex.: Não entendemos por que (motivo) os bancos não abrirão hoje.

• quando puder ser substituído por “pelo qual, pelos quais, pela qual, pelas quais, por qual,
por quais”.
Ex.: São profundas as crises por que passamos.

 POR QUÊ
• em fim de frase.
Ex.: Não recorreram ao advogado, por quê?

 PORQUE
• introduz explicação, indicação de causa.
Ex.: Todos foram embora porque já estava tarde.

 EXERCÍCIOS:
1. Observe as seguintes propostas de reformulação da frase “Por que uma melodia romântica
pode disparar sensações tão agradáveis?”
I – Perguntamo-nos sobre o porquê de uma melodia romântica poder provocar sensações tão
agradáveis.
II – Perguntamo-nos porque uma canção romântica pode desferir sensações tão agradáveis.
III – Perguntamo-nos por que motivo uma música romântica pode suscitar sensações tão
agradáveis?

Quais mantêm o sentido e a correção?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.

11
11
LÍNGUA PORTUGUESA

e) Apenas II e III.

2. Observe as frases.
I – Não foste à palestra _____ o assunto não interessava?
II – Eis _____ nós fomos aprovados.
III – A reportagem revela _____ os hospitais são tão caros.
IV – São inimagináveis as dificuldades _____ passamos.

Completa correta e respectivamente as frases acima a opção


a) por que – porque – porque – por que.
b) por que – por que – por que – porque.
c) porque – por que – por que – por que.
d) porque – porque – porque – por que.
e) por que – por que – por que – por que.

Gabarito: 1)a 2)a

 MAL E MAU
• mal é antônimo de bem. Pode ser advérbio, substantivo, ou conjunção temporal.
Ex.: Ele estava passando mal. (advérbio)
O bem sempre vence o mal. (substantivo)
Mal cheguei, ela saiu. (conjunção temporal)

• mau é antônimo de bom. É adjetivo.


Ex.: Ele é um mau aluno.

 ONDE E AONDE
• onde: indica lugar (o lugar onde se está); refere-se a verbos que exprimem estados,
permanência.
Ex.: Onde fica o hospital mais próximo?

• aonde: indica ideia de movimento. Equivale a para onde.


Ex.: Aonde você vai com tanta pressa?

 SENÃO E SE NÃO
• senão: equivale a caso contrário, a não ser, em orações adverbiais condicionais.
Ex.: Não fazia nada, senão criticar.

• se não: equivale a se por acaso não, em orações adverbiais condicionais.


Ex.: Se não estudarmos muito, não seremos aprovados no concurso.

12
12
LÍNGUA PORTUGUESA

 TAMPOUCO E TÃO POUCO


• tampouco: é um advérbio; equivale a também não.
Ex.: Não foi trabalhar, tampouco apresentou justificativa.

• tão pouco: é um advérbio de intensidade.


Ex.: Estudei tão pouco esta semana.

 TRÁS, ATRÁS E TRAZ


• trás e atrás: são advérbios de lugar.
Ex.: Atrás daquela colina há um pequeno vilarejo.

• traz: do verbo trazer.


Ex.: Ele sempre traz presentes quando vem nos visitar.

 HÁ E A
• há: do verbo haver. Utiliza-se no tempo passado. Para saber se o seu emprego está correto,
substitua-o pelo verbo fazer.
Ex.: Há (faz) cinco anos que não o vejo.

• A: Usa-se para exprimir distância ou tempo futuro.


Ex.: Daqui a três anos estarei formado.
Minha escola fica a quinhentos metros de casa.

 MAS E MAIS
• mas: é uma conjunção coordenativa adversativa. Equivale a contudo, porém, todavia.
Ex.: Consegui ser aprovado na escola, mas minhas notas ficaram pouco acima da média.

• mais: é um pronome ou advérbio de intensidade. Seu antônimo é menos.


Ex.: Ele era o aluno mais dedicado da turma.

 USO DO HÍFEN
Observe no quadro as regras vigentes para a utilização do hífen:

PREFIXOS OU REGRAS EXEMPLOS OBSERVAÇÕES


FALSOS
PREFIXOS
Vogais iguais Usa-se o hífen anti-ibérico, auto-organização, Mas os prefixos co, pro, pre, re se
quando o prefixo e contra-almirante, infra-axilar, juntam ao segundo elemento,
o segundo micro-ondas, neo-ortodoxo, ainda que este inicie pelas vogais o
elemento juntam- sobre-elevação, anti- ou e: coocupar, coorganizar,
se com a mesma coautor, coirmão, cooperar,

13
13
LÍNGUA PORTUGUESA

vogal. inflamatório. preenchimento, preexistir,


preestabelecer, proeminente,
propor reeducação, reeleição,
reescrita.
Vogais Não se usa o hífen autoescola, autoajuda,
diferentes quando os autoafirmação, semiaberto,
elementos se unem semiárido, semiobscuridade,
com vogais contraordem, contraindicação,
diferentes. extraoficial,
neoexpressionista, intraocular,
semiaberto, semiárido.
Consoantes Usa-se o hífen se a inter-racial, super-revista,
iguais consoante do final hiper-raquítico, sub-
do prefixo for igual brigadeiro.
à do início do
segundo elemento.
Se o segundo Não há hífen antirreligioso, minissaia, Porém, conforme a regra anterior,
elemento quando o segundo ultrassecreto, ultrassom. com prefixos hiper, inter, super,
começa com s, elemento começa deve-se manter o hífen: hiper-
r. com s ou r; nesse realista, inter-racial, super-
caso, duplicam-se racional, super-resistente.
as consoantes.

Se o segundo Usa-se o hífen: se o circum-murado, circum-


elemento primeiro elemento, navegação, pan-hispânico,
começa com h, terminado em m pan-africano, pan-americano.
m, n, ou com ou n, unir-se com
vogais. as vogais ou
consoantes h, m ou
n.
Ex, sota, soto, Usa-se hífen com ex-almirante, ex-presidente, Escreva, porém, sobrepor.
vice os prefixos: ex, sota-piloto, soto-pôr, vice-
sota, soto, vice. almirante, vice-rei.
Pré, pós, pró Usa-se hífen com pré-escolar, pré-nupcial, pós- Se os prefixos não forem
os prefixos pré, graduação, pós-tônico, pós- autônomos, não haverá hífen:
pós, pró (tônicos e cirúrgico, pró-reitor, pós- predeterminado, pressupor,
acentuados com auricular. pospor, proativo, propor.
autonomia).
O prefixo Usa-se o hífen anti-herói, inter-hemisférico, As grafias consagradas serão
termina em quando o prefixo sub-humano, anti- mantidas: reidratar, desumano,
vogal ou r e b e termina em r, b ou hemorrágico, bio-histórico, inábil, reabituar, reabilitar, reaver.
o segundo vogais e o segundo super-homem, giga-hertz, poli- Se houver perda do som da vogal
elemento se elemento começa hidratação, geo-história. final, prefere-se não usar hífen e
inicia com h. com h. eliminar o h: cloridrato
(cloro+hidrato), clorídrico
(cloro+hídrico).
Sufixos de Usa-se o hífen com Anajá-mirim, Ceará-mirim,
origem tupi sufixo de origem capim-açu, andá-açu, amoré-
tupi, quando a guaçu.
pronúncia exige

14
14
LÍNGUA PORTUGUESA

 EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA


São considerados acentos:
(´) → agudo
(^) → circunflexo
(`) → grave

Os acentos agudo e circunflexo servem para indicar a sílaba tônica (mais forte) dos vocábulos,
a abertura ou não da vogal, a flexão de número (singular/plural) do verbo e a diferença entre
palavras homônimas (que têm a mesma pronúncia e/ou a mesma grafia). O acento grave serve para
indicar a fusão entre duas vogais (crase).

Quanto à posição da sílaba tônica, veja a tabela a seguir:

PROPAROXÍTONA PAROXÍTONA OXÍTONA


pú bli co
tran qui lo
ca ri jó

A tabela abaixo apresenta as regras para acentuação das palavras, já de acordo com a nova
ortografia. As colunas em negrito indicam as regras que foram alteradas.

TIPO DE PALAVRA OU QUANDO


EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
SÍLABA ACENTUAR
sílaba, pássaro,
Proparoxítonas Sempre vítima,
romântico.
álbum, árduos,
Se terminadas Observe: 1) Palavras terminadas em
automóvel,
em: R, X, N, L, I, ENS não levam acento: hifens, polens.
bênção, bíceps,
IS, UM, UNS, US, 2) Não usa-se acento nos prefixos
cárie, fácil,
Paroxítonas PS, Ã, ÃS, ÃO, paroxítonos que terminam em R nem
fênix, látex,
ÃOS; ditongo nos que terminam em I: inter-helênico,
órfãs, órfãos,
oral, seguido ou super-homem, anti-herói, semi-
pólen,
não de S. internato.
revólver.
avô, avós,
Se terminadas Observe: palavras terminadas em I, IS,
igarapé,
Oxítonas em: A, AS, E, ES, U, US não levam acento: tatu,
parabéns,
O, OS, EM, ENS. Morumbi, abacaxi.
refém, vatapá.
Atente para os acentos nos verbos com
formas oxítonas: adorá-lo, debatê-lo,
etc.
Terminados em mês, pás, pé,
Monossílabos tônicos
A, AS, E, ES, mês, pó, pôs,
(são oxítonas também)
O,OS. vá.

Í e Ú em palavras Í e Ú levam saída, saúde, Atenção: Segundo o novo acordo

15
15
LÍNGUA PORTUGUESA

oxítonas e paroxítonas acento se miúdo, aí, ortográfico, nas paroxítonas o i e u não


estiverem Araújo, Esaú, serão mais acentuados se vierem
sozinhos na Luís, Itaú, baús, depois de um ditongo: baiuca,
sílaba (hiato) Piauí bocaiuva, feiura. Porém, se, nas
oxítonas, mesmo com ditongo, o i e u
estiverem no final, haverá acento:
tuiuiú, Piauí, teiú.
papéis, herói,
Ditongos abertos em heróis, troféu,
ÉIS, ÉU(S), ÓI(S)
palavras oxítonas céu, mói
(moer)
Na terceira
Verbos ter e vir, bem pessoa do plural eles têm, eles
como seus derivados. do presente do vêm
indicativo
Na terceira
pessoa do
singular leva ele obtém,
acento agudo; detém,
Derivados de ter e vir na terceira mantém; eles
pessoa do plural obtêm, detêm,
do presente mantêm
levam
circunflexo
1. Se o i e u forem seguidos de s, a
regra se mantém: balaústre, egoísmo,
baús, jacuís. 2. Não se acentuam i e u
se depois vier 'nh': rainha, tainha,
Í e Ú levam saída, saúde, moinho. 3. Esta regra é nova: nas
acento se miúdo, aí, paroxítonas, o i e u não serão mais
Í e Ú em palavras
estiverem Araújo, Esaú, acentuados se vierem depois de um
oxítonas e paroxítonas
sozinhos na Luís, Itaú, baús, ditongo: baiuca, bocaiuva, feiura,
sílaba (hiato) Piauí saiinha (saia pequena), cheiinho
(cheio). 4. Mas, se, nas oxítonas,
mesmo com ditongo, o i e u estiverem
no final, haverá acento: tuiuiú, Piauí,
teiú.
Esta regra desapareceu (para palavras
paroxítonas). Escreve-se agora: ideia,
colmeia, celuloide, boia. Observe: há
Ditongos abertos em ideia, colmeia, casos em que a palavra se enquadrará
NUNCA
palavras paroxítonas boia em outra regra de acentuação. Por
exemplo: contêiner, Méier, destróier
serão acentuados porque terminam em
R.
arguir e
redarguir
Esta regra desapareceu. Os verbos
usavam acento
arguir e redarguir perderam o acento
Verbos arguir e agudo em
agudo em várias formas (rizotônicas):
redarguir (agora sem algumas pessoas
eu arguo (fale: ar-gú-o, mas não
trema) do indicativo, do
acentue); ele argui (fale: ar-gúi), mas
subjuntivo e do
não acentue.
imperativo
afirmativo.

16
16
LÍNGUA PORTUGUESA

aguar enxaguar,
averiguar, Esta regra sofreu alteração. Observe:
apaziguar, Quando o verbo admitir duas
delinquir, pronúncias diferentes, usando a ou i
obliquar usavam tônicos, aí acentuamos estas vogais: eu
Verbos terminados em acento agudo águo, eles águam e enxáguam a roupa
guar, quar e quir em algumas (a tônico); eu delínquo, eles delínquem
pessoas do (í tônico). Se a tônica, na pronúncia,
indicativo, do cair sobre o u, ele não será acentuado:
subjuntivo e do Eu averiguo (diga averi-gú-o, mas não
imperativo acentue) o caso.
afirmativo.
Esta regra desapareceu. Agora se
ôo, êe NUNCA vôo, zôo escreve: zoo, perdôo, veem, magoo,
voo.
Esta regra desapareceu, exceto para os
verbos: PODER (diferença entre
passado e presente. Ele não pôde ir
ontem, mas pode ir hoje. PÔR
(diferença com a preposição por):
Vamos por um caminho novo, então
vamos pôr casacos; TER e VIR e seus
Em alguns
Acento diferencial compostos (ver acima). Observe: 1)
verbos.
Perdem o acento as palavras
compostas com o verbo PARAR: Para-
raios, para-choque. 2) FÔRMA (de
bolo): O acento será opcional; se
possível, deve-se evitá-lo: Eis aqui a
forma para pudim, cuja forma de
pagamento é parcelada.

 EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE


O artigo definido feminino quando vem precedido da preposição a, funde-se com ela, e tal
fusão é representada na escrita por um acento grave sobre a vogal (à):
Vou a + a escola = Vou à escola.

A troca de escola por um substantivo masculino equivalente comprova a existência de


preposição e artigo: Vou ao (a + o) colégio.

Regras básicas para o uso da crase:


1. É condição essencial que o acento grave venha antes de palavra feminina.
2. É necessário que a palavra dependa de outra que exija a preposição a.
3. É necessário que a palavra admita o artigo feminino (sentido particularizado).

Usa-se crase também nos seguintes casos:


1. Nas formas àquela, àquele, àquelas, àqueles, àquilo e derivados.
Ex.:
- Cheguei àquela (a + aquela) cidade.

17
17
LÍNGUA PORTUGUESA

- Por favor, encaminhe-se àquele (a + aquele) balcão.


- Referiu-se àqueles (a + aqueles) livros.
- Não deu importância àquilo (a + aquilo).

2. Nas indicações de horas, desde que determinadas. Atenção: zero e meia incluem-se na
regra.
Ex.:
- Veio às 10 horas.
- Chegou à meia-noite em ponto.
- A greve iniciará à zero hora.

3. Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas: às pressas, à risca, às vezes, à noite, à


direita, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à
medida que, à proporção que, à forma de, à espera de, etc.
Ex.:
- À direita ficava a biblioteca.
- Saiu às pressas.
- Estava à espera do pai.
- O bife foi servido à moda da casa.

4. Nas locuções que indicam meio ou instrumento e em outras nas quais a tradição linguística
o exija: à bala, à chave, à mão, à tinta, à venda, à vista, à toa, à espera, etc. Com relação a essa regra,
há divergências entre os estudiosos da língua, porém, prefira o uso do acento grave.
Atenção: Neste caso não se pode usar a regra prática de substituir a por ao.
Ex.:
- Morto à bala.
- Escrito à mão.
- Pagamento à vista.
- Andava à toa.

5. Antes dos relativos que, qual e quais, quando o a ou as puderem ser substituídos por ao ou
aos.
Ex.:
- Esta é a mulher à qual você se referiu. (Equivalente: este é o homem ao qual você se
referiu.)
- Mencionou as pesquisas às quais nos dedicamos. (Equivalente: mencionou os trabalhamos
aos quais nos dedicamos.)

Não se usa crase nos seguintes casos:


1. Palavras masculinas: TV a cabo, barco a remo, traje a rigor.

18
18
LÍNGUA PORTUGUESA

Exceção: Existe a crase quando se pode subentender uma palavra feminina, especialmente
moda e maneira, ou qualquer outra que determine um nome de empresa ou coisa.
Ex.:
- Salto à Luís XV (à moda de Luís XV).
- Estilo à José de Alencar (à maneira de).
- Refiro-me à UFRGS (universidade).
- Vou à Verbo Jurídico (editora)

2. Nome de cidade: Chegou a Brasília. Iremos a Florença este ano.


Exceção: Há crase quando se atribui uma qualidade à cidade: Chegou à Brasília da corrupção.
Iremos à Florença das belas artes.

3. Verbo: Rapidamente aprendeu a ler. Começou a estudar. Disposto a colaborar.

4. Substantivos repetidos: Cara a cara, frente a frente, gota a gota, de ponta a ponta.

5. Ela, esta e essa: Pediram a ela que saísse. / Cheguei a esta conclusão. / Dedicou o livro a
essa mulher.

6. Outros pronomes que não admitem artigo, como: ninguém, alguém, toda, cada, tudo, você,
alguma, qual, etc.

7. Formas de tratamento: Escreverei a Vossa Excelência. / Recomendamos a Vossa Senhoria...


/ Pediram a Vossa Majestade...

8. Uma: Foi a uma festa.


Exceções: Na locução à uma (ao mesmo tempo) e no caso em que uma designa hora (Chegará
à uma hora).

9. Palavra feminina tomada em sentido genérico: Não damos ouvidos a reclamações. / Em


respeito a morte em família, faltou ao serviço. Repare: Em respeito a falecimento, e não ao
falecimento. / Não me refiro a mulheres, mas a meninas.

Alguns casos são fáceis de identificar: se couber o indefinido uma antes da palavra feminina,
não existirá crase. Assim: A pena pode ir de (uma) advertência a (uma) multa. / Igreja reage a (uma)
ofensa de candidato em Guarulhos. / As reportagens não estão necessariamente ligadas a (uma)
agenda. / Fraude leva a (uma) sonegação recorde. / Empresa atribui goteira a (uma) falha no sistema
de refrigeração. / Partido se rende a (uma) política de alianças.

Havendo determinação, porém, a crase é indispensável: Morte de vítima de roubo leva à


punição (ao castigo) dos ladrões. / Funcionário admite ter cedido à pressão (ao desejo) do chefe.

10. Substantivos no plural que fazem parte de locuções de modo: Pegaram-se a dentadas. /
Agrediram-se a bofetadas. / Progrediram a duras penas.

19
19
LÍNGUA PORTUGUESA

11. Nomes de mulheres célebres: Ele a comparou a Anita Garibaldi. / Preferia Julia Roberts a
Sandra Bullock.

12. Dona e madame: Deu o dinheiro a dona Carmem . / Já se acostumou a madame Isabel.
Exceção: Há crase se o dona ou o madame estiverem particularizados: Referia-se à Dona Flor
dos dois maridos.

13. Numerais considerados de forma indeterminada: O número de mortos chegou a cinco. /


Nasceu a 2 de junho. / Fez uma visita a três empresas.

14. Distância, desde que não determinada: Ele ficou a distância. / O trem estava a distância.

Quando se define a distância, existe crase: O trem estava à distância de 300 metros da
estação. / Ele ficou à distância de dez metros dos assaltantes.

15. Terra, quando a palavra significa terra firme: O navio estava chegando a terra. / O
marinheiro foi a terra. (Não há artigo com outras preposições: Viajou por terra. / Esteve em terra.)
Nos demais significados da palavra, usa-se a crase: Voltou à terra natal. / Os astronautas
regressaram à Terra.

16. Casa, considerada como o lugar onde se mora: Voltou a casa. / Chegou cedo a casa. (Veio
de casa, voltou para casa, sem artigo.) Se a palavra estiver determinada, existe crase: Voltou à casa
dos pais. / Faremos uma à Casa Branca.

 VEJA ALGUMAS QUESTÕES DE CONCURSOS REFERENTES AO USO DA CRASE:

(...) Estudos a respeito de riqueza e pobreza ora dão quitação a classes pela forma quantitativa da
ordem do ganho econômico, ora pelo grau de consumo na sociedade capitalista, ora pela forma
de apresentação em vestuário, ora pela violência de quem não tem mais nada a perder e assim
por diante. O imaginário, em sua organização dinâmica e com sua capacidade de produzir
imagens simbólicas e estereótipos, maneja representações que possibilitam pôr ordem no caos.
(...)

Questão de prova: Na linha 11, a ausência de sinal indicativo de crase no segmento “a classes”
indica que foi empregada apenas a preposição a, exigida pelo verbo dar, sem haver emprego do
artigo feminino.

Comentário: A palavra “classes” é um substantivo feminino tomado em sentido genérico,


portanto, não se deve empregar o artigo feminino. A preposição “a”, antes da palavra “classes” é
exigida pelo verbo “dar”. A alternativa está CERTA.

20
20
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) A ocultação, pela indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por seus
produtos provavelmente custou tantas vidas quanto as destruídas por todos os assassinatos
ocorridos nos Estados Unidos da América durante uma década inteira; e outros produtos
perigosos, como o cigarro, também provocam, a cada ano, mais mortes do que essas.

Questão de prova: No segmento “quanto as destruídas” (l.14-15), o emprego do acento grave


é facultativo, visto que o termo “quanto” rege complemento com ou sem a preposição a.

Comentário: No segmento “quanto as destruídas” não há crase porque o “as” é um pronome


demonstrativo que indica a repetição da palavra vidas. A alternativa está ERRADA.

Um guia para quem quer denunciar crimes contra a natureza


1 Em parceria com a SOS Mata Atlântica, a maior
entidade ambientalista do país, a revista Veja, em sua edição
online, está oferecendo um roteiro para quem quer denunciar
4 crimes contra a natureza. São endereços, telefones e páginas na
Internet dos órgãos públicos ligados à preservação do meio
ambiente, catalogados estado por estado. Trata-se da parte
7 principal de um guia completo produzido pela SOS Mata
Atlântica, que traz ainda explicações sobre a legislação
ambiental e dados dos projetos realizados pela entidade.
Veja online, maio/2003 (com adaptações)

Questão de prova: Com base na estruturação sintática dos períodos do texto III, assinale a
opção correta.
Somente a alternativa D será analisada, por abordar o uso da crase:
(item D) O sinal indicativo de crase empregado na linha 5 é dispensável, porque “meio
ambiente” (l.5-6) é uma simples complementação do vocábulo antecedente.

Comentário: O sinal indicativo de crase utilizado neste período não é dispensável. Observe:
“ligados a” + “a preservação” = “ligados à preservação”. A alternativa está ERRADA.

 EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO


Há certos recursos da linguagem ‒ pausa, melodia, entonação e, até mesmo, silêncio ‒ que só
estão presentes na oralidade. Na linguagem escrita, para substituir tais recursos, usamos os sinais de
pontuação.

Estes são também usados para destacar palavras, expressões ou orações e esclarecer o sentido
de frases, a fim de dissipar qualquer tipo de ambiguidade.

Apesar de muitas vezes indicarem pausas, os sinais de pontuação têm, preponderantemente,


uma justificativa sintática ou semântica. Os sinais de pontuação podem ser classificados em dois

21
21
LÍNGUA PORTUGUESA

grupos. Observe que esta distinção não é rigorosa, pois outras classificações podem ser utilizadas, já
que os sinais de pontuação indicam, ao mesmo tempo, a pausa e a melodia.

O primeiro grupo compreende, fundamentalmente, os sinais que se destinam a marcar as


pausas: o ponto ( . ), o ponto e vírgula ( ; ) e a vírgula ( , ).

O segundo grupo compreende os sinais cuja função essencial é marcar a melodia, a entoação:
os dois-pontos ( : ), o ponto de interrogação ( ? ), o ponto de exclamação ( ! ), o travessão ( ‒ ), o
parênteses ( ( ) ), entre outros.

 USO DO PONTO
Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de uma frase declarativa de um
período simples ou composto.
- Desejo-lhe uma feliz viagem.
- A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu interior era
conservado com primor.

O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por exemplo: fev. = fevereiro, hab.
= habitante, rod. = rodovia.

O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome de ponto final.

 USO DO PONTO E VÍRGULA


Como o nome indica, este sinal serve de intermediário entre o ponto e a vírgula, podendo
aproximar-se mais daquele ou mais desta, dependendo dos valores pausais e melódicos que
representa o texto. No primeiro caso, equivale a uma espécie de ponto reduzido; no segundo,
equivale a uma vírgula alongada.

Geralmente, emprega-se o ponto e vírgula para:


a) separar orações coordenadas que tenham certo sentido ou aquelas que já apresentam
separação por vírgula:
Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura,
tornou-se uma doidivanas.

b) separar vários itens de uma enumeração:


Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções, e coexistência de instituições públicas e privadas
de ensino;
IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;

 USO DA VÍRGULA

22
22
LÍNGUA PORTUGUESA

De todos os sinais de pontuação, a vírgula, normalmente, é o que apresenta maior grau de


dificuldade na sua utilização correta.

A vírgula marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não somente para separar
elementos de uma oração, mas também orações de um só período.

Emprega-se a vírgula nos seguintes casos:


a) para separar os elementos mencionados numa relação:
- A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas, analistas de sistemas e
secretárias.
- O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar, área de serviço e dois
banheiros.

Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da enumeração, a vírgula
deve ser empregada:
- Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz alta, e ria,
e roía as unhas.

b) para isolar o vocativo:


- Cristina, desligue já esse telefone!
- Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete.

c) para isolar o aposto:


- Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no elevador.
- Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino.

d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou melhor,
aliás, além disso, etc.):
- Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos
economizado durante anos.
- Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.

e) para isolar o adjunto adverbial antecipado:


- Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas.
- Ontem à noite, fomos todos jantar fora.

f) para isolar elementos repetidos:


- O palácio, o palácio está destruído.
- Estão todos cansados, cansados de dar dó!

g) para isolar, nas datas, o nome do lugar:

23
23
LÍNGUA PORTUGUESA

- São Paulo, 22 de maio de 1995.


- Roma, 13 de dezembro de 1995.

h) para isolar os adjuntos adverbiais:


- A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.
- Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio gerente.

i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela conjunção e:


- Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.
- Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir.
- Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.

j) para indicar a elipse de um elemento da oração:


- Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras, estrebuchava como um animal.
- Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que foi um acidente.

k) para separar o paralelismo de provérbios:


- Ladrão de tostão, ladrão de milhão.
- Ouvir cantar o galo, sem saber onde.

l) após a saudação em correspondência (social e comercial):


- Com muito amor,
- Respeitosamente,

m) para isolar as orações adjetivas explicativas:


- Marina, que é uma criatura maldosa, "puxou o tapete" de Juliana lá no trabalho.
- Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por Graciliano Ramos.

n) para isolar orações intercaladas:


- Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.
- O filme, disse ele, é fantástico.

 USO DOS DOIS PONTOS


Os dois pontos servem para marcar, na escrita, uma sensível suspensão da voz na melodia de
uma frase não concluída. Dessa forma, são empregados em:
a) uma enumeração:
... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo porque falou: e daí
tornou atrás, ao próprio ato. Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os
cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível... (Machado de Assis)

24
24
LÍNGUA PORTUGUESA

b) uma citação:
Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:
- Afinal, o que houve?

c) um esclarecimento:
Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse, mas
para magoar Lucila.

Observe que os dois pontos são também usados na introdução de exemplos, notas ou
observações.

Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos:


ratificar/retificar, censo/senso, descriminar/discriminar etc.

Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada na frase de per si (= cada um
por sua vez, isoladamente).

Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios:


cedinho, longinho, melhorzinho, pouquinho etc.

 USO DO PONTO DE INTERROGAÇÃO


O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta, ainda que esta não
exija resposta:
O criado pediu licença para entrar:
- O senhor não precisa de mim?
- Não obrigado. A que horas janta-se?
- Às cinco, se o senhor não der outra ordem.
- Bem.
- O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a cavalo?
- Não.
(José de Alencar)

 USO DO PONTO DE EXCLAMAÇÃO


O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com
entonação exclamativa, que normalmente exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.
- Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito compreensível e muito
repousante, Jacinto!
- Então janta, homem!

25
25
LÍNGUA PORTUGUESA

(Eça de Queiroz)

O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas:


Oh! Valha-me Deus!

 VEJA ALGUMAS QUESTÕES DE CONCURSOS QUE ABORDAM O USO DA


PONTUAÇÃO:
(...)
3 Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo,
4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano
5 como um contínuo devir de experiências individuais
6 intransferíveis. (...)

Questão de prova: Na linha 4, o sinal de dois-pontos tem a função de introduzir uma


explicação para as orações anteriores; por isso, em seu lugar, poderia ser escrito porque, sem
prejuízo para a correção gramatical do texto ou para sua coerência.

Comentário: Efetivamente, os dois-pontos poderiam ser substituídos por “porque”, pois


introduzem uma explicação para o que foi dito anteriormente: “Ao mesmo tempo, seres humanos,
somos indivíduos porque vivemos nosso ser cotidiano como um contínuo devir de experiências
individuais.” A alternativa está CERTA.

1 A característica central da modernidade, não seria


2 demais repetir, é a institucionalização do universalismo — e
3 seu duplo, a igualdade — como princípio organizador da esfera
4 pública. (...)

Questão de prova: De acordo com as normas de pontuação, seria correto empregar, nas linhas
2 e 3, vírgulas no lugar dos travessões; entretanto, nesse caso, a leitura e a compreensão do trecho
poderiam ser prejudicadas, dada a existência da vírgula empregada após “duplo”, no interior do
trecho destacado entre travessões.

Comentário: Observe o período com a alteração feita, caso os travessões fossem substituídos
por vírgula: “A característica central da modernidade, não seria demais repetir, é a
institucionalização do universalismo, e seu duplo, a igualdade, como princípio organizador da esfera
pública”. A alteração feita modifica o sentido da frase, dando a entender que a igualdade é o duplo
da institucionalização do universalismo. Assim, a alternativa está CERTA.

(...)
11 Como tentativas de acompanhar essa velocidade
12 vertiginosa que marca o processo de constituição da sociedade
13 hipermoderna, surge a flexibilidade do mundo do trabalho e a
14 fluidez das relações interpessoais. (...)

26
26
LÍNGUA PORTUGUESA

Questão de prova: A ausência de vírgula depois de “vertiginosa” (l.12) indica que a oração
iniciada por “que marca” (l.12) restringe a ideia de “velocidade vertiginosa” (l.11-12).

Comentário: As orações adjetivas restritivas delimitam o sentido do substantivo antecedente.


São indispensáveis ao sentido total da oração. A oração iniciada por “que marca”, restringe o
substantivo velocidade, que a antecede. A alternativa está CERTA.

1 A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de


2 Aviação Civil (ANAC) aprovou, em setembro último,
3 alterações no seu regimento interno com o objetivo de fazer
4 frente aos novos desafios do setor de aviação civil, em razão de
5 sua expansão e do considerável aumento do número de
6 usuários do transporte aéreo no país nos últimos anos. (...)

Questão de prova: O segmento “em setembro último” (l.2) está empregado entre vírgulas por
constituir expressão adverbial intercalada entre termos da oração de que faz parte.

Comentário: O segmento “em setembro” exerce efetivamente a função, nessa oração, de


expressão adverbial, motivo pelo qual aparece entre vírgulas. A alternativa está CERTA.

DOMÍNIO DOS MECANISMOS


DE COESÃO TEXTUAL

De acordo com Antônio Suárez Abreu (2006, p. 13),


“Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo
encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que damos o
nome de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade chama-
se coesão. Podemos definir a coesão, mais especificamente, dizendo que se trata de
uma maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença
A”.

A coesão é a ligação entre as partes mínimas do texto, está inserida na microestrutura do


texto. Esse elemento é fundamental tanto na interpretação quando na redação de textos. Um
texto coeso é um texto no qual as ideias não se contradizem, e a sequência do desenvolvimento
do tema abordado observa uma sequência lógica.

Palavras como preposições, conjunções e pronomes possuem a função de criar um


sistema de relações, referências e retomadas no interior de um texto, garantindo unidade entre

27
27
LÍNGUA PORTUGUESA

as diversas partes que o compõem. Essa relação de elementos no texto recebe o nome de
coesão textual.

Com relação à análise de provas, coesão textual é a ligação entre as partes do texto,
sempre levando em conta que um bom texto deve prezar pela coesão entre orações, períodos e,
principalmente, parágrafos.

 EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO,


REPETIÇÃO, CONECTORES E OUTROS ELEMENTOS DE
SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL
 REFERENCIAÇÃO
Haliday e Hasan (1973) definem a referência como um movimento de recuperação de
elementos, que estão tanto dentro quanto fora do texto. Para separar esses dois tipos de referência,
os autores denominaram exóforas as referências situacionais e endóforas as textuais. Veja o
esquema abaixo (adaptado de Fávero e Koch, 2002):

 EXÓFORA
Na exófora, a remissão é feita a algum elemento da situação comunicativa, ou seja, o referente
está fora da superfície textual. Acrescentamos aqui a noção de dêixis à referência situacional
(exofórica).

Podemos definir dêixis como a coesão em que um termo com significado se refere a outro
também com significado. Assim, A dêixis designa o conjunto de palavras ou expressões (expressões
dêiticas) que têm como função "apontar" para o contexto situacional (exófora) de uma dada
interação.

Segundo Melo, a raiz etimológica do vocábulo dêixis remete à noção de indicação. Dêixis
significa, na tradição greco-latina, “apontar”, “indicar”, “demonstrar”; mas, na Linguística
contemporânea, faz referência à função dos pronomes pessoais e demonstrativos, tempos verbais e
outras categorias gramaticais que relacionam enunciados aos aspectos de tempo, espaço e pessoa na
enunciação, isto é, dêixis é a localização e identificação de pessoas, objetos, eventos, processos e
atividades sobre as quais falamos ou a que nos referimos no momento da interação verbal.

Podemos tratar a dêixis como o modo mais óbvio de efetivação do elo entre a produção
linguística dos falantes e os contextos situacionais em que tal produção ocorre. Ela permite marcar

28
28
LÍNGUA PORTUGUESA

no enunciado as circunstâncias de sua enunciação por meio de cinco categorias: lugar, pessoa,
tempo, discurso e dinâmica social.

Por exemplo, veja um bilhete no qual está escrita a seguinte frase: Eu quero que você vá hoje à
minha escola. Observe que o termo “hoje” perde o sentido se não houver, no bilhete, uma data
referencial de quando ele foi escrito. O pronome “eu” também deve estar explícito no contexto, caso
contrário ninguém sabe a quem se refere.

Veja mais um exemplo de dêixis: O que você quer que eu faça com uma cadeira assim?
Certamente a cadeira está em péssimo estado e a palavra “assim” indica (= aponta) isso.

Pronomes demonstrativos em função dêitica ou exofórica


Veja alguns exemplos em que o uso dos pronomes demonstrativos se faz mediante a função
dêitica (espcial), por quem fala no momento em que fala. Assim:
a) Esta mesa está quebrada. (= Esta mesa [aqui perto de mim que falo, primeira pessoa do
discurso] está quebrada.)

b) Passe-me esse copo, por favor! (= Passe-me esse copo [que está aí perto de você a quem
falo, segunda pessoa do discurso], por favor).

c) Isso é seu? Refiro-me a esse belo relógio que está em seu pulso.

d) Isto é meu! Estou falando deste relógio que está em meu pulso.

 ENDÓFORA
A endófora é dividida em: anáfora e catáfora.

 ANÁFORA
Expressão que retoma uma ideia anteriormente expressa. A anáfora, assim como a catáfora,
remete sempre a algo que esteja dentro dos limites do texto. Observe:
O garoto acordou sobressaltado. Ele não conseguia lembrar-se do que tinha acontecido.

Nesse exemplo, o pronome “Ele” retoma uma expressão já citada anteriormente – “o garoto”
–, portanto trata-se de uma retomada por anáfora.

Sandra e Helena, apesar de serem gêmeas, são muito diferentes. Por exemplo, esta é calma,
e aquela é explosiva.

Nesse exemplo, “esta” retoma o nome próprio “Sandra”, e “aquela” retoma o nome próprio
“Helena”. “Este” e “aquele” são chamados anafóricos.

Observe que os termos anafóricos são bem mais comuns nos textos que os catafóricos. Essa é,
inclusive, a regra para produção de textos. Dê preferência ao uso dos anafóricos por indicarem mais
clareza nos textos. É melhor dizer e depois retomar do que fazer uma referência genérica e, só
depois, expor o termo com significado.

29
29
LÍNGUA PORTUGUESA

Platão e Fiorin (2007, p. 282) observam que “Quando um elemento anafórico está empregado
num contexto tal que pode referir-se a dois termos antecedentes distintos, isso provoca
ambiguidade e constitui uma ruptura de coesão”. Por isso, “é importante tomar cuidado para que o
leitor perceba claramente a que termo se refere o elemento anafórico”.

Nesse sentido, veja o exemplo a seguir:


O PT entrou em desacordo com o PMDB por causa de sua proposta de aumento de salário.
No caso, sua pode estar se referindo à proposta do PT ou à do PMDB.

 CATÁFORA
Pronome ou expressão nominal que antecipa uma expressão presente em porção posterior do
texto. A remissão catafórica realiza-se, preferencialmente, através de pronomes demonstrativos ou
indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais espécies de
pronomes, de advérbios e de numerais. Observe:
Só quero isto: ser aprovado no concurso!

No exemplo, o pronome “isto” só pode ser recuperado se identificarmos o termo aprovado,


que aparece na porção posterior à estrutura.

O incêndio destruiu tudo: casas, móveis, plantações.

O pronome indefinido “tudo” antecipa os substantivos que virão a seguir: casas, móveis,
plantações, os quais irão esclarecer a frase.

- Pronomes demonstrativos em função endofórica ou textual


1. Por meio da anáfora (isto é, ao que precede) estabelece-se uma relação coesiva de
referência que nos permite interpretar um item ou toda uma ideia anteriormente expressa no texto,
por exemplo, pelos pronomes demonstrativos essa, esse, isso, como a seguir:
a) Vi uma saia linda na loja. Pena que essa roupa era muito cara. (Essa roupa = uma saia)
b) João foi preso como estelionatário. Esse cara nunca me enganou! (Esse cara = João)
c) Tivemos hoje uma aula sobre o uso da anáfora. Isso já foi estudado no semestre anterior.
(Isso = anáfora)

2. Um elemento de referência é catafórico quando sua interpretação depender de algo que se


seguir no texto; aqui, ele será representado pelos pronomes demonstrativos esta, este e isto.
Exemplos:
a) Estas foram as últimas palavras do meu professor: estude muito, pois somente a dedicação
aos estudos fará com que você obtenha o resultado que espera.
b) Quando saí de casa, meu pai me disse isto: respeite os outros, pois somente assim você será
respeitado.
c) Este foi o anúncio do Ministro da Economia: “A inflação vai se manter nos patamares
previstos.”

30
30
LÍNGUA PORTUGUESA

 VEJAMOS A SEGUIR ALGUMAS QUESTÕES DE CONCURSOS QUE ABORDAM OS


ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO:
Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar
a eficiência, a produtividade e a competitividade nos processos
gerenciais e nos produtos e serviços das organizações. Ou seja,
4 é o fermento do crescimento econômico e social de um país.
Para isso, é preciso criatividade, capacidade de inventar e
coragem para sair dos esquemas tradicionais. Inovador é o
7 indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em
situações com as quais ele se defronta. É preciso uma atitude
de abertura para as coisas novas, pois a novidade é catastrófica
10 para os mais céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação
é um percurso de difícil travessia para a maioria das
instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de
13 um empreendimento em uma realidade duradoura e lucrativa.
A inovação estimula a comercialização de produtos ou serviços
e também permite avanços importantes para toda a sociedade.
16 Porém, a inovação é verdadeira somente quando está
fundamentada no conhecimento. A capacidade de inovação
depende da pesquisa, da geração de conhecimento.
19 É necessário investir em pesquisa para devolver resultados
satisfatórios à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo
de investimento não são necessariamente recursos financeiros
22 ou valores econômicos, podem ser também a qualidade de vida
com justiça social.

Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Darcy.


Revista de jornalismo científico e cultural da Universidade de
Brasília, novembro e dezembro de 2009, p. 37 (com adaptações).

Questão de prova: Subentende-se da argumentação do texto que o pronome demonstrativo,


no trecho “desse tipo de investimento” (l.20-21), refere-se à ideia de “fermento do crescimento
econômico e social de um país” (l.4).

Comentário: O pronome demonstrativo “desse” (l.20) refere-se à palavra “pesquisa” (l.19) e


não à ideia de “fermento do crescimento econômico e social de um país”, que está vinculada à
palavra “inovar” (l. 1). A alternativa, portanto, está ERRADA.

1 A demanda por transporte aéreo doméstico de


passageiros cresceu 7,65% em setembro deste ano em relação
ao mês de setembro de 2011. Trata-se do maior nível de
4 demanda para o mês de setembro desde o início da série de
medições, em 2000. De janeiro a setembro de 2012, a demanda
acumulada apresentou crescimento de 7,30% e a oferta
7 ampliou-se em 5,52% em relação ao mesmo período de 2011.
Entretanto, a oferta (assentos-quilômetros oferecidos – ASK),
no mês de setembro, apresentou queda de 2,13%, após oito
10 anos consecutivos de crescimento, sendo essa a primeira

31
31
LÍNGUA PORTUGUESA

redução de oferta para o mês de setembro desde 2003.

Questão de prova: O pronome “essa” (l.10) está empregado em referência à informação


“queda de 2,13%” (l.9).

Comentário: A alternativa está CERTA. O pronome demonstrativo “essa” refere-se,


efetivamente, à “queda de 2,13%”.

 SUBSTITUIÇÃO
A coesão por substituição consiste na colocação de um item em lugar de outro(s) elemento(s)
do texto, ou até mesmo de uma oração inteira.

Veja o exemplo:
Ela comprou um sapato. Eu também quero comprar um.
Ela comprou um sapato novo e eu também.

Observe que ocorre uma redifinição, ou seja, não há identidade entre o item de referência e o
item pressuposto. O que existe, na verdade, é uma nova definição nos termos: um, também.

Compare com outro exemplo:


Comprei um sapato preto, mas Maria preferiu um marrom.

O termo “preto” é o adjunto adnominal de sapato. Ele é, então, o modificador do substantivo.

Todavia, esse termo é silenciado e, em seu lugar, faz-se presente a porção especificativa
“marrom”. Logo, trata-se de uma redefinição do referente.

 SUBSTITUIÇÃO POR SINONÍMIA


São elementos de substituição que guardam traços semânticos comuns com o referente. Veja
o exemplo:
Vi uma garotinha correndo em minha direção segurando uma espécie de embrulho. Quando
se aproximou, a menina me deu um abraço e deixou o pacote caído no chão.

- “Menina” substitui “uma garotinha”

- “Pacote” substitui “uma espécie de embrulho”

 SINONÍMIA POR HIPERONÍMIA


Substituição pelo nome de um grupo ao qual o referente pertença (troca por um elemento
mais amplo). Veja o exemplo:
Era notória a enorme antipatia que Tom Jobim nutria por Manuel Bandeira. O que sequer
imaginávamos é o que o poeta teria feito ao músico, para que a situação chegasse a esse
nível.

32
32
LÍNGUA PORTUGUESA

- “Poeta” é hiperônimo de “Manuel Bandeira”.

- “Músico” é hiperônimo de “Tom Jobim”.

 SINONÍMIA POR HIPONÍMIA


Substituição por um elemento do grupo designado pelo referente (troca por um elemento
mais restrito). Veja o exemplo:
O boxeador desceu do carro afirmando que não falaria de religião. Desde que Mike Tyson se
converteu ao islamismo, o esporte tem ficado em segundo plano nas coletivas de imprensa.

- “Mike Tyson” é hipônimo de “Boxeador”.

- “Islamismo” é hipônimo de “Religião”.

 REPETIÇÃO
A repetição, na coesão textual, está ligada à coesão lexical, que pode ser garantida através de
diferentes processos.

Por não ser possível a sua substituição, a repetição da mesma unidade lexical ao longo do
texto pode revelar-se necessária para a coesão do texto. Veja o exemplo a seguir, extraído da obra
Capitães de Areia, de Jorge Amado:
“Professor riu. Assim passaram a manhã, Professor fazendo a cara dos que vinham pela rua,
Pedro Bala recolhendo as pratas ou os níqueis que jogavam.”

Nesse exemplo, a repetição do nome Professor é necessária para evitar a ambiguidade.

A repetição pode ser evitada, quando necessário, através da substituição lexical, que já foi
abordada. Como já foi mencionado anteriormente, no que tange à redação de textos visando à prova
descritiva, a repetição desnecessária de palavras pode ser compreendida pela banca examinadora
como pobreza de vocabulário.

 CONECTORES
A coesão textual por conectores, ou coesão interfrásica, utiliza mecanismos de
sequencialização que marcam diversos tipos de interdependência entre as frases que ocorrem num
texto. Basicamente, a conexão interfrásica é assegurada pelos conectores, que podem
ser conjunções (ex.1) ou advérbios conectivos (ex.2). Veja os exemplos:
(1) Parto para uma longa viagem, quando acabar este trabalho.

(2) Estou disposta a abdicar do feriado. Agora, não me peçam que trabalhe 12 horas por dia.

O uso correto dos conectores permite uma maior coesão textual e facilita a compreensão
global do texto. Os conectores podem ser: conjunções, locuções conjuncionais, advérbios, locuções
adverbiais, preposições, locuções prepositivas, expressões adjetivas ou orações completas. Veja o
quadro abaixo:

33
33
LÍNGUA PORTUGUESA

TIPO DE CONEXÃO /
FUNÇÃO DA CONECTORES
CONEXÃO

e, além disso, além do mais, e ainda, e até, também, igualmente, do mesmo


Adição modo, não só ...como também, não só ... como ainda, bem como, assim como, por
um lado ... por outro, nem...nem, de novo, incluindo...

com certeza, decerto, naturalmente, é evidente que, certamente, sem dúvida


Certeza
que,...

mas, porém, todavia, contudo, no entanto, doutro modo, ao contrário, pelo


Oposição / contraste
contrário, contrariamente, não obstante, por outro lado...

apesar de, ainda que, embora, mesmo que, por mais que, se bem que, ainda
Concessão
assim, mesmo assim...

pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim, concluindo, em conclusão, em


Conclusão / síntese /
síntese, consequentemente, em consequência, por outras palavras, ou seja, em
resumo
resumo, em suma, ou melhor...

com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, sem dúvida, de certo, deste modo,
Confirmação
na verdade, ora, aliás, sendo assim, veja-se, assim...

quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é, por exemplo, ou
Explicitação / seja, é o caso de, nomeadamente, em particular, a saber, entre outros,
particularização especificamente, ou melhor, assim, ressalte-se, saliente-se, importa salientar, é
importante frisar ...

Na minha opinião, a meu ver, em meu entender, no meu ponto de vista, parece-
Opinião
me que, creio que, penso que, para mim, ...

Dúvida talvez, provavelmente, é provável que, possivelmente, é possível, porventura...

fosse...fosse, ou, ou então, ou ...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja,


Alternativa
alternativamente, em alternativa, senão ...

como, conforme, também, tanto...quanto, tal como, assim como, tão como, pela
Comparação
mesma razão, do mesmo modo, de forma idêntica, igualmente, ...

por tudo isto, de modo que, de tal forma que, de sorte que, daí que, tanto...que, é
Consequência por isso que...

pois, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez que, por causa de,
Causa
posto que, em virtude de, devido a, graças a ...

com o intuito de, para (que), a fim de, com o fim de, com o objetivo de, de forma a
Fim / intenção
...

se, caso, a menos que, salvo se, exceto se, a não ser que, desde que, supondo que,
Hipótese / Condição
admitindo que ...

em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em segundo lugar, em


Sequência temporal / seguida, seguidamente, então, durante, ao mesmo tempo, quando,
espacial. simultaneamente, depois de, após, até que, enquanto, entretanto, logo que, no
fim de, por fim, finalmente, acima, abaixo, atrás, ao lado, à direita, à esquerda, ao
centro, adiante, diante, em cima, em baixo, no meio, naquele lugar, detrás, por

34
34
LÍNGUA PORTUGUESA

trás (de), próximo de sob, sobre...

 COESÃO POR ELIPSE


Ocorre quando um ou mais elementos do texto são omitidos em algum dos contextos em que
deveria ocorrer.
-Maria vai comprar o carro?
- Vai!

Houve a omissão dos termos Maria (sujeito) e comprar o sapato (predicado verbal), todavia
essa não prejudicou nem a correção gramatical nem a clareza do texto.

A elipse consiste na omissão de uma expressão recuperável pelo contexto, evitando assim a
sua repetição.

Veja os exemplos abaixo:


Luís foi à ópera, onde [ ] encontrou os amigos.

A final da Copa do Brasil foi muito bem disputada, ao contrário do que aconteceu na [ ]
anterior.

Nos exemplos apresentados, os lugares onde as palavras foram omitidas estão assinalados
pelos sinais [ ] que representam elipses. No primeiro exemplo, a palavra omitida é o pronome
pessoal ele ou o nome próprio Luís; enquanto no segundo, elidiu-se a palavra final.

 VEJA A SEGUIR ALGUNS EXEMPLOS DE PROVAS DE CONCURSOS REFERENTES AOS


ELEMENTOS DE COESÃO TEXTUAL:
Em geral, quando falamos de violência, pensamos em
uso da força, com vistas à exclusão de grupos ou indivíduos
de uma dada situação de poder. Essa violência pode ou não
4 encontrar resistência na violência dos excluídos. Como quer
que seja, nos dois casos estão em jogo os princípios
axiológicos que permitem arbitrar o que é legal ou ilegal,
7 legítimo ou ilegítimo, na interação entre os humanos. O ponto
central é a noção de abuso de poder, de invasão
desestruturante de uma ordem desejável, posta no horizonte
10 ético da cultura.
O fato histórico do alheamento de indivíduos ou
grupos humanos em relação a outros não é novo na dinâmica
13 social. Desqualificar moralmente o outro significa não vê-lo
como um agente autônomo e criador potencial de normas
éticas ou como um parceiro na obediência a leis partilhadas
16 e consentidas ou, por fim, como alguém que deve ser
respeitado em sua integridade física e moral.
No estado de alheamento, o agente da violência não
19 tem consciência da qualidade violenta de seus atos. Se o
possível objeto da violência nada tem a oferecer-lhe, então
não conta como pessoa humana e pouco importa o que venha
22 a sofrer. Ao contrário da crueldade inspirada na rivalidade

35
35
LÍNGUA PORTUGUESA

ameaçadora, real ou imaginária, a indiferença anula quase


totalmente o outro em sua humanidade.

Jurandir Freire. A ética democrática e seus inimigos.


In: O desafio ético, p. 77-80 (com adaptações).

Questão de prova (item 3) As expressões “o outro” (l.13), “-lo” (l.13) e “alguém” (l.16)
estabelecem uma cadeia coesiva, designando o mesmo referente.

Comentário: A alternativa está CERTA, pois as expressões referidas na questão designam o


mesmo referente.

(...) Pode-se dizer que o caminho da inovação é um percurso de difícil travessia para a maioria
das instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de um empreendimento em uma
realidade duradoura e lucrativa. (...)

Questão de prova O período sintático iniciado por “Inovar significa” (l.12) estabelece, com o
período anterior, relação semântica que admite ser explicitada pela expressão Por conseguinte,
escrevendo-se: Por conseguinte, inovar significa (...).

Comentário: “Por conseguinte” é um conector que indica conclusão, síntese, resumo, o que
não se aplica ao caso acima. O período iniciado por “inovar” não conclui o período anterior, mas sim
apresenta uma definição do que significa “inovar”. A alternativa, portanto, está ERRADA.

1 Nós, seres humanos, somos seres sociais: vivemos


nosso cotidiano em contínua imbricação com o ser de outros.
Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo,
4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano
como um contínuo devir de experiências individuais
intransferíveis. Isso admitimos como algo indubitável. Ser
7 social e ser individual parecem condições contraditórias da
existência. De fato, boa parte da história política, econômica e
cultural da humanidade, particularmente durante os últimos
10 duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse dilema. Assim,
distintas teorias políticas e econômicas, fundadas em diferentes
ideologias do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa
13 dualidade, seja reclamando uma subordinação dos interesses
individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário, afastando o
ser humano da unidade de sua experiência cotidiana. Além
16 disso, cada uma das ideologias em que se fundamentam essas
teorias políticas e econômicas constitui uma visão dos
fenômenos sociais e individuais que pretende firmar-se em uma
19 descrição verdadeira da natureza biológica, psicológica ou

36
36
LÍNGUA PORTUGUESA

espiritual do humano.

Humberto Maturana. Biologia do fenômeno social: a


ontologia da realidade. Miriam Graciano (Trad.). Belo
Horizonte: UFMG, 2002, p. 195 (com adaptações).

Questão de prova: Depreende-se do texto que as “condições contraditórias” mencionadas na


linha 7 decorrem da dificuldade que o ser humano tem em admitir que suas experiências são
intransferíveis porque surgem de “um contínuo devir” (l.5).

Comentário: O substantivo “devir” significa “série de mudanças concretas pelas quais passa
um ser”, e o adjetivo “contínuo” significa “movimento ininterrupto”, assim, a ideia transmitida pelo
texto é que os seres humanos vivem o seu cotidiano como um movimento ininterrupto de
experiências individuais intransferíveis. As “condições contraditórias” mencionadas na linha 7
referem-se ao fato de os seres humanos serem ao mesmo tempo sociais e individuais. A alternativa,
portanto, está ERRADA.

Questão de prova: Nas relações de coesão do texto, as expressões “esse dilema” (l.10) e
“dessa dualidade” (l.12-13) remetem à condição do ser humano: unitário em “sua experiência
cotidiana” (l.15), mas imbricado “com o ser de outros” (l.2).

Comentário: O “dilema” a que se refere o texto é a “dualidade” de ser social (= o ser dos
outros) e individual (= unitário) ao mesmo tempo. A alternativa está CERTA.

(...) Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de um corte epistemológico, na
medida em que fica óbvio que classificar por extremos não reflete a complexidade de classes da
sociedade brasileira, apesar de indicar os picos.

Questão de prova: Na linha 4, para se evitar a repetição de “que”, seria adequado substituir o
trecho “que classificar” (l.4-5) por ao classificar, preservando-se tanto a coerência textual quanto a
correção gramatical do texto.

Comentário: A substituição dos trechos indicados na questão não lhes confere o mesmo
significado semântico. Tanto a coerência textual quanto a correção gramatical do texto são
prejudicadas na substituição sugerida. Observe: “(...) na medida em que fica óbvio ao classificar por
extremos (...)”. A alternativa, portanto, está ERRADA.

37
37
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e traficantes que possam ser
encontrados em uma rua escura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que
tais criminosos causam são minúsculos quando comparados com os de criminosos respeitáveis,
que vestem colarinho branco e trabalham para as organizações mais poderosas. (...)

Questão de prova: Sem prejuízo para a coerência textual e a correção gramatical, o trecho
“Mas os danos (...) minúsculos”, que inicia o segundo período do texto, poderia ser substituído por:
Embora os danos causados por esses criminosos sejam ínfimos (...).

Comentário: A substituição do conector “mas” pelo conector “embora” altera o significado do


texto, interferindo na coerência textual. Da forma exposta no texto, depreende-se que os danos
causados pelos criminosos não causam tanto prejuízo quanto os dos criminosos que vestem
colarinho branco. Na substituição sugerida, o período fica incompleto, pois necessita de uma
conclusão requerida pelo raciocínio introduzido por “embora”. A alternativa, portanto, está ERRADA.

 EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS


Verbo é a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da natureza, estado e mudança de
estado. Os verbos flexionam-se em número (singular e plural), pessoa (primeira, segunda e terceira),
modo (indicativo, subjuntivo e imperativo; formas nominais: gerúndio, infinitivo e particípio), tempo
(presente, passado e futuro) e apresenta voz (ativa e passiva).

De acordo com a vogal temática, os verbos estão agrupados em três conjugações:


1ª conjugação - ar: cantar, estudar, trabalhar
2ª conjugação - er: beber, comer, estabelecer
3ª conjugação - ir: abrir, ir, vir

Observação: O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, compor, impor) pertencem a
2ª conjugação devido à sua origem latina poer.

Elementos Estruturais do Verbo: As formas verbais apresentam três elementos em sua


estrutura: Radical, Vogal Temática e Tema.

Radical: elemento mórfico que concentra o significado essencial do verbo. Observe as formas
verbais dos verbos cantar, beber e abrir. Flexionando esses verbos, nota-se que há uma parte que
não muda, e que nela está o significado real do verbo.

cant é o radical do verbo cantar;


beb é o radical do verbo beber;
abr é o radical do verbo abrir.

Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual conjugação pertence o verbo. Há
três vogais temáticas: 1ª conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.

38
38
LÍNGUA PORTUGUESA

Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal temática: cantar: -cant (radical) + a
(vogal temática) = tema. Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o radical: cantei = cant
ei.

Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou ao tema, para indicar as flexões de
modo e tempo, desinências modo temporais e número pessoa, desinências número pessoais.

Cantávamos
Cant = radical
a = vogal temática
va = desinência modo temporal
mos = desinência número pessoal

Flexões Verbais: Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar o número e a
pessoa.

- eu canto – 1ª pessoa do singular


- tu cantas – 2ª pessoa do singular
- ele canta – 3ª pessoa do singular
- nós cantamos – 1ª pessoa do plural
- vós cantais – 2ª pessoa do plural
- eles cantam – 3ª pessoa do plural

 CORRELAÇÃO DE MODOS E TEMPOS


 MODOS
Três são os modos: indicativo, subjuntivo e imperativo. Normalmente, o indicativo exprime
certeza e é o modo típico das orações coordenadas e principais; o subjuntivo exprime incerteza,
dúvida, possibilidade, algo hipotético e é mais comum nas subordinadas; por fim, o imperativo
exprime ordem, solicitação, súplica.

Há construções que permitem tanto um modo como outro, algo que dependerá do
comprometimento do usuário e suas intenções:
Só deixe entrar os que pagaram o ingresso.
(indicativo: há certeza do fato, trabalha-se o fato de forma convicta, direta)

Só deixe entrar os que pagarem o ingresso.


(subjuntivo: projeta-se a possibilidade, trabalha-se o hipotético, não há certeza)

O indicativo expressa ação real (no passado, no presente ou no futuro), enquanto o subjuntivo
expressa incerteza, dúvida, possibilidade ou hipótese.

Além dessa regra geral, deve-se lembrar que, em períodos subordinados, o subjuntivo é
característico das orações subordinativas (não da oração principal).

39
39
LÍNGUA PORTUGUESA

Nas subordinadas, o subjuntivo:


• É obrigatório, na oração final e na concessiva.
Ex.: Gritei para que pudesse me ouvir.
Embora esteja cansado, se recusa a parar de estudar.

• Ocorre na oração causal que se inicia com a conjunção “como”.


Ex.: Como quisesse saber a verdade, tornou a perguntar.

• Ocorre na oração condicional (ver construções hipotéticas, a seguir)


Ex.: Se tivesse tempo, estudaria.

• Ocorre na oração temporal que remete ao futuro.


Ex.: Quando tiver saudades, voltará.

 Modo Indicativo:
- Pretérito perfeito: presente do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Tenho falado)

- Pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito do indicativo do auxiliar + particípio do


VP (Tinha falado)

- Futuro do presente: futuro do presente do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Terei


falado)

- Futuro do pretérito: futuro do pretérito indicativo do auxiliar + particípio do VP (Teria


falado)

 Modo Subjuntivo:
- Pretérito perfeito: presente do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tenha falado)

- Pretérito mais que perfeito: imperfeito do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP


(Tivesse falado)

- Futuro composto: futuro do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tiver falado)

 Formas Nominais:
- Infinitivo composto: infinitivo pessoal ou impessoal do auxiliar + particípio do VP (Ter
falado / Teres falado)

- Gerúndio composto: gerúndio do auxiliar + particípio do VP (Tendo falado)

OBSERVAÇÕES:
 O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o imperfeito na forma simples e o
perfeito e o mais que perfeito nas formas compostas.
 Não há presente composto nem pretérito imperfeito composto.

40
40
LÍNGUA PORTUGUESA

 TEMPOS
 Presente do indicativo - indica um fato real situado no momento ou época em que se
fala.

 Presente do subjuntivo - indica um fato provável, duvidoso ou hipotético situado no


momento ou época em que se fala.

 Pretérito perfeito do indicativo - indica um fato real cuja ação foi iniciada e concluída no
passado.

 Pretérito imperfeito do indicativo - indica um fato real cuja ação foi iniciada no passado,
mas não foi concluída ou era uma ação costumeira no passado.

 Pretérito imperfeito do subjuntivo - indica um fato provável, duvidoso ou hipotético


cuja ação foi iniciada, mas não concluída no passado.

 Pretérito mais que perfeito do indicativo - indica um fato real cuja ação é anterior a
outra ação já passada.

 Futuro do presente do indicativo - indica um fato real situado em momento ou época


vindoura.

 Futuro do pretérito do indicativo - indica um fato possível, hipotético, situado num


momento futuro, mas ligado a um momento passado.

 Futuro do subjuntivo - indica um fato provável, duvidoso, hipotético, situado num


momento ou época futura.

Alguns verbos da Língua Portuguesa apresentam problemas de conjugação. A seguir temos


uma lista, seguida de comentários sobre essas dificuldades de conjugação.
• Precaver-se (defectivo e pronominal) - presente do indicativo - precavemo-nos,
precaveis-vos - pretérito perfeito indicativo - precavi-me, precaveste-te...

 Remir (defectivo) - presente do indicativo - remimos, remis - pretérito perfeito


indicativo - remi, remiste...

 Requerer (irregular) - presente do indicativo - requeiro, requeres... - pretérito perfeito


indicativo - requeri, requereste, requereu... (derivado do querer, diferindo dele na 1ª
pessoa do singular do presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo e
derivados, sendo regular)

 Prover: Prover (irregular) - presente do indicativo - provejo, provês, provê, provemos,


provedes, proveem - pretérito perfeito indicativo - provi, proveste, proveu...

 Reaver: este verbo só é conjugado nas pessoas em que o verbo haver apresenta apenas
a letra V. Assim, no presente do indicativo temos só reavemos, (havemos), vós reaveis
(haveis). Pretérito perfeito indicativo - reouve, reouveste, reouve... (verbo derivado do
haver, mas só é conjugado nas formas verbais com a letra v)

41
41
LÍNGUA PORTUGUESA

 Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, vales, vale... - pretérito perfeito


indicativo - vali, valeste, valeu...

 EMPREGO DOS VERBOS NAS ORAÇÕES COORDENADAS


As orações coordenadas, em princípio, devem manter o mesmo tempo e modo verbais,
principalmente se essas orações, coordenadas entre si, são subordinadas a uma outra.

Ex.: Estude e aprenda.

Embora esteja atento e faça anotações, não acompanha o raciocínio do professor.

Logicamente, se entre as orações coordenadas estiver implícita uma sequência de ações, os


tempos verbais deverão revelá-la. Ex.: “Sofreu um acidente, mas virá trabalhar.” (O acidente
aconteceu em um momento anterior à vinda para o trabalho).

Em período composto com oração coordenada sindética explicativa, é comum que o verbo da
oração coordenada assindética se encontre no imperativo. Ex.: Não saia, que quero falar contigo.

 VEJA OS EXEMPLOS ABAIXO DE QUESTÕES DE CONCURSOS QUE ABORDAM O


EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS VERBAIS.

Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a eficiência, a produtividade e a


competitividade nos processos gerenciais e nos produtos e serviços das organizações. Ou seja, é
o fermento do crescimento econômico e social de um país. (...)

Item 3 A forma verbal “é” (l.4) está flexionada no singular porque, na oração em que ocorre,
subentende-se “Inovar” (l.1) como sujeito.

Comentário: A alternativa está CERTA. Se o sujeito da frase estivesse explícito, a frase ficaria
da seguinte forma: “Inovar é o fermento do crescimento econômico e social de um país”.

(...) O particularismo das diferenças produz exclusão social e simbólica, dificultando os


sentimentos de pertencimento e interdependência social, necessários para a efetiva
institucionalização do universalismo na esfera pública. (...)

Questão de prova: As relações entre as ideias do texto mostram que a forma verbal
“dificultando” (l.10) está ligada a “diferenças” (l.9); por isso, seriam respeitadas as relações entre os
argumentos dessa estrutura, como também a correção gramatical, caso se tornasse explícita essa
relação, por meio da substituição dessa forma verbal por e dificultam.

Comentário: O verbo “dificultar”, na frase em questão, está no gerúndio. Ao ser alterada a


forma verbal para o presente do indicativo, o verbo deve ser flexionado de acordo com o núcleo do
sujeito, “o particularismo” (3ª pessoa do singular). Dessa forma, a substituição sugerida no texto está
incorreta, pois deveria ser “e dificulta”. A alternativa está ERRADA.

42
42
LÍNGUA PORTUGUESA

Cada vez que sai a lista das melhores empresas para se trabalhar, as pessoas se perguntam o que
elas têm de diferente. (...)

Questão de prova: Textualmente, a expressão “Cada vez” (l.1) corresponde a Todas as vezes,
mas, para que essa substituição seja gramaticalmente aceitável, é necessário empregar o verbo
seguinte no plural: saem.

Comentário: O verbo “sair” refere-se ao termo “lista das melhores empresas para se
trabalhar”, que está no singular. Assim, o verbo não deve ser empregado no plural, mas no singular,
como já consta no texto. A alternativa está ERRADA.

Questão de prova: Na linha 2, para manter a coerência textual e a concordância verbal, a


supressão do pronome “elas” exigiria também a supressão do sinal de acento em “têm”.

Comentário: Mesmo que houvesse a supressão do pronome “elas”, o verbo continuaria


flexionado na 3ª pessoa do plural, pois se refere às “melhores empresas”. A alternativa está ERRADA.

(...) Os Estados Unidos da América cresceram a uma taxa superior a 3% em 12 meses, mas a
maioria dos analistas aposta que a economia americana perderá força no segundo semestre. (...)

Questão de prova: Se o verbo da oração “mas a maioria dos analistas aposta” (l.6) estivesse
flexionado no plural — apostam —, o período estaria incorreto, visto que, de acordo com a
prescrição gramatical, a concordância verbal, em estrutura dessa natureza, deve ser feita com o
termo “maioria”.

Comentário: Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, representadas por “a


maioria de, a maior parte de, a metade de, uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode
concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a segue. Assim, o verbo
“apostar” poderia estar flexionado no plural, para concordar com “analistas”, e o período estaria
correto. A alternativa está ERRADA.

43
43
LÍNGUA PORTUGUESA

MORFOLOGIA: ESTRUTURA E
FORMAÇÃO DE PALAVRAS

Chama-se formação de palavras o conjunto de processos morfossintáticos que permitem a


criação de unidades novas baseadas em morfemas lexicais. Utilizam-se, assim, para formar as
palavras, os afixos de derivação ou os procedimentos de composição.

O processo de derivação consiste em acrescentar prefixos e sufixos aos radicais; a


composição, em unir dois ou mais radicais, formando-se, assim, novas palavras.

 DERIVAÇÃO
 DERIVAÇÃO PREFIXAL
Consiste em acrescentar prefixos a um radical.
Ex. engordar infeliz desonesto supermercado anormal refazer

 DERIVAÇÃO SUFIXAL
Consiste em acrescentar sufixos ao radical.
Ex. felizmente honestidade mercadoria amável herbário livraria

 DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA
Consiste no acréscimo simultâneo de prefixos e sufixos ao radical. A retirada de um deles
inviabiliza a palavra. Ocorre geralmente nos verbos.
Ex. amanhecer desalmado ajoelhar

 DERIVAÇÃO REGRESSIVA (DEVERBAL)


Consiste na redução da palavra derivante. Geralmente ocorre nos verbos. Diminui-se o verbo
e, a partir dele, forma-se um substantivo abstrato.
Ex. apelar – apelo amparar – amparo atacar – ataque fugir – fuga

 DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA
Consiste na mudança de classe gramatical de uma palavra. Por ele se explica a passagem de:
a) Substantivos comuns a próprios: Coelho, Leão, Pereira
b) Substantivos próprios a comuns: damasco (de Mc Adam)
c) Adjetivos a substantivos: capital, circular, veneziana
d) Substantivos a adjetivos: burro, perua
e) substantivos, adjetivos e verbos a interjeições: silêncio! bravo! viva!

44
44
LÍNGUA PORTUGUESA

f) verbos a substantivos: jantar, prazer


g) particípios (presentes ou passados) a preposições: mediante, salvo
h) particípios (passados) a substantivos e adjetivos: conteúdo, resoluto

 COMPOSIÇÃO
Consiste em formar uma palavra nova pela união de dois ou mais radicais. A palavra nova
representa uma ideia única e autônoma, muitas vezes dissociada das noções expressas pelos seus
componentes.
Ex. passatempo amor-perfeito

 COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO


Nesse tipo de composição, as palavras envolvidas no processo conservam sua integridade (não
há perda de fonemas).
Ex. beija-flor, girassol, bem-me-quer, guarda-chuva, Nosso Senhor, segunda-feira, mil-folhas,
madre-pérola

 COMPOSIÇÃO POR AGLUTINAÇÃO


Ocorre quando um ou mais elementos envolvidos na composição perde fonemas.
Ex. embora = em + boa + hora petróleo = petra + óleo aguardente = água + ardente abrolhos =
abra + os + olhos panetone = pane + di + Toni

 HIBRIDISMO
Uma palavra é híbrida quando formada a partir de elementos de línguas diferentes. Ex.
sambódromo: samba (português)
dromo (grego) burocracia: buro (francês)
cracia (grego)

 ONOMATOPEIA
As onomatopeias são palavras imitativas, isto é, palavras que procuram reproduzir
aproximadamente certos sons ou ruídos.
Ex. tique-taque zás-trás zum-zum miar arrulhar

 ABREVIAÇÃO VOCABULAR
O ritmo acelerado da vida intensa de nossos dias obriga-nos, necessariamente, a uma elocução
mais rápida. Economizar tempo e palavras é uma tendência geral do mundo de hoje.
Ex. foto (fotografia) moto (motocicleta) bus (ônibus)

 SIGLA

45
45
LÍNGUA PORTUGUESA

Consiste em reduzir longos títulos a meras siglas, constituídas das letras iniciais das palavras
que os compõem.
Ex. ONU (Organização da Nações Unidas)
UNESCO ( United Nations Educacional, Scientific and Cultural)
UNE (União Nacional dos Estudantes)

 CLASSES GRAMATICAIS

CLASSE FUNÇÃO EXEMPLIFICAÇÃO


homem, cachorro, carinho,
Nomeia tudo (seres, animais, objetos, ansiedade, calor, Deus,
substantivo
sentimentos, emoções, ações etc)
alienação, saudade
Define ou indefine; determina ou o, a, os, as, um, uma, uns,
artigo
indetermina o substantivo umas
ele, o, a, seu, dela, este,
pronome Acompanha ou substitui o substantivo. ninguém, quanto, cujo,
toda, nenhum, que, qual
belo, alto, amável, gordo,
adjetivo Caracteriza, qualifica o substantivo.
inteligente, feliz
segundo, dois terços, quinto,
numeral Indica quantidade ou ordem do substantivo. milésimo,
quíntuplo, dobro
Exprime ação, estado ou fenômeno estudar, ser, estar, chover,
verbo
da natureza gear
muito, devagar, depressa, hoje,
advérbio Indica circunstância aqui, agora, ontem,
calmamente, ansiosamente
Liga termos estabelecendo uma de, para, por, em, diante,
preposição
relação entre eles perante, sob, sobre
e, porém, que,porque, de modo
Liga orações estabelecendo uma relação que, embora, como,
conjunção
entre elas.
quando

interjeição Traduz emoções. oh! ah! socorro! bravo!

46
46
LÍNGUA PORTUGUESA

DOMÍNIO DA ESTRUTURA
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO
 RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS
DA ORAÇÃO
Orações coordenadas são as que mantêm entre si relação de independência. Observe o
seguinte exemplo:
Passeamos pela praia, / tomamos banho de mar, / brincamos.
1ª oração: Passeamos pela praia
2ª oração: tomamos banho de mar
3ª oração: brincamos

As três orações que compõem esse período têm sentido próprio e não mantêm entre si
nenhuma dependência sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de
sentido, mas, uma não depende da outra sintaticamente.

As orações independentes de um período são chamadas de orações coordenadas (OC), e o


período formado só de orações coordenadas é chamado de período composto por coordenação.

Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas
e Coordenadas Sindéticas.

 COORDENADAS ASSINDÉTICAS
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através de nenhum conectivo. Estão
apenas justapostas.
Ex.: Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.

 COORDENADAS SINDÉTICAS
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas que são ligadas através de
uma conjunção coordenativa.
Ex.: A mulher saiu da casa / e entrou no carro.

Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração uma classificação:
As orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas,
alternativas, conclusivas e explicativas.
Vejamos exemplos de cada uma delas:

Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: e, nem, não só… mas também, não só… como,
assim… como.
- Não só cantei como também dancei.

47
47
LÍNGUA PORTUGUESA

- Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.


- Comprei o protetor solar e fui à praia.

Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no


entanto, ainda, assim, senão.
- Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando.
- Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia.

Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: ou… ou; ora…ora; quer…quer; seja…seja.


- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras diferentes.
- Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto.

Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: logo, portanto, por fim, por conseguinte,
consequentemente.
- Passei no concurso, portanto irei comemorar.
- Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
- Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.

Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois.


- Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo.
- Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
- Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.

 PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO


No período composto por subordinação sempre aparecem dois tipos de oração: oração
principal e oração subordinada.

O período:
Todos esperam sua volta.

É um período simples, pois apresenta uma única oração. Nele podemos identificar:
Todos (suj.) esperam (v.t.dir.) sua volta. (obj. direto)

Se transformarmos o período simples acima em um período composto, teremos:


Todos esperam que você volte.

1ª oração: Todos esperam

48
48
LÍNGUA PORTUGUESA

2ª oração: que você volte

Nesse período, a 1ª oração apresenta o sujeito todos e o verbo transitivo direto esperam, mas
não apresenta o objeto direto de esperam. Por isso, a 2ª oração é que tem de funcionar como objeto
direto do verbo da 1ª oração.

Verificamos, então, que:


I. a 1ª oração não exerce, no período acima, nenhuma função sintática. Por esse motivo ela
é chamada de oração principal.
II. a 2ª oração depende da 1ª, serve de termo (objeto direto) da 1ª e completa-lhe o
sentido. Por esse motivo, a 2ª oração é chamada de oração subordinada.

 RESUMINDO:
Oração principal: é um tipo de oração que no período não exerce nenhuma função sintática e
tem associada a si uma oração subordinada.

Oração subordinada: é toda oração que se associa a uma oração principal e exerce uma
função sintática (sujeito, objeto, adjunto adverbial etc.) em relação à oração principal.

As orações subordinadas classificam-se, de acordo com seu valor ou função, em:

 ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS


São aquelas orações subordinadas que exercem as seguintes funções: sujeito, objeto direto,
objeto indireto, complemento nominal, predicado nominal e aposto, exemplos:
Insinuou nada saber.
Pediu que se fizesse silêncio

As orações subordinadas substantivas podem ser de seis espécies:


1ª. Subjetivas: são aquelas que exercem a função de sujeito em relação à outra oração.
Importa estudar continuamente.
Sabe-se que a situação econômica ainda vai ficar pior.
Convém que não saias de casa.

Para encontrar o sujeito de uma oração, deve-se interrogar o verbo da oração:


Importa o quê? O que se sabe? O que convém?

2ª. Objetivas diretas: são aquelas que exercem a função de objeto direto de outra oração.
- Informamos que os bancos abrirão mais tarde hoje.
- Ele não sabia como responder a pergunta.
- Responda se já fez a tarefa pedida.
- Olha como tudo terminou bem!
- Penso que eles voltarão amanhã.

49
49
LÍNGUA PORTUGUESA

- Temo que ele saia ferido.


- Pedi que saíssem da sala.
- Vi-o correr.

Observa-se que o objeto direto é identificado da seguinte maneira: quem confia, confia em
alguma coisa; quem sabe, sabe de alguma coisa; quem espera, espera alguma coisa; e assim por
diante.

As locuções “tenho medo”, “estou com esperança” e “sou de opinião” ou “ele é de opinião”
têm força transitiva direta, isto é, são equivalentes a verbos transitivos diretos: temer, esperar,
opinar. Se estas expressões vierem acompanhadas de preposição de antes da conjunção que, as
orações já não serão objetivas diretas, mas completivas nominais:
- Tenho medo de que ele não consiga terminar o trabalho a tempo.
- Estou com esperança de que meu time ganhe o jogo.
- Estou com receio de que ela se atrase.

3ª. Objetivas indiretas: são aquelas que exercem a função de objeto indireto de outra oração,
isto é, ligam-se à oração principal mediante preposição. Exemplos:
- Preciso rever todas as evidências.
- Ele não gostou das insinuações.
- O acidente obstou a que chegássemos mais cedo.
- O funcionário obedeceu a todos que lhe são superiores.

A identificação do objeto indireto é realizada da seguinte forma: quem precisa, precisa de


alguma coisa; quem gosta, gosta de alguma gosta; quem obedece, obedece a alguma coisa; e assim
por diante.

4ª. Completivas nominais: são aquelas que completam o sentido de um substantivo, adjetivo
ou advérbio.
Exemplos:
- Ele tinha esquecido de que sua proposta não agradara.
- Eles estavam esperançosos de que tudo se resolveria.
- A opinião de que Ana desistirá do concurso é conclusão precipitada.

Assim como alguns verbos exigem objeto que lhes complete o sentido, há algumas palavras
que necessitam de outras que lhes completem o sentido. Assim, pode-se à semelhança dos verbos,
perguntar: Acordo de quê? Esperançoso de quê? Opinião de quê? (ou sobre o quê?) Medo de quê? A
reposta a estas perguntas constitui o complemento nominal.

5ª. Predicativas: são aquelas que funcionam como predicativo do sujeito.


Exemplos:
- O bom é que eles não desconfiam nunca.
- O mal é você ficar de braços cruzados.

50
50
LÍNGUA PORTUGUESA

- O certo é que Ricardo não se casará.


- A falácia é que para ficar rico é preciso ficar pobre.

Não se deve confundir oração predicativa com oração subjetiva.


Exemplos:
- É certo que o Barcelona não ganhará do Real Madrid. = subjetiva.
A oração grifada funciona como sujeito

- O certo é que o Barcelona não ganhará do Real Madrid. = predicativa


A oração grifada funciona como predicativo do sujeito.

6ª. Apositivas: são aquelas que funcionam como aposto.


Exemplos:
- Sua instrução foi única: estudar muito.
- Pedi-lhe um favor: que me chamasse às seis horas.

O aposto é uma forma de adjunto adnominal, que é constituído de uma palavra ou expressão
em aposição, exemplificando um ou vários termos expressos na oração. Note-se nos exemplos que
estudar sempre explica a frase inicial, determina qual foi sua instrução; qual foi o favor pedido.

 ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS


A oração que modifica um substantivo de outra oração é denominada oração subordinada
adjetiva. Em geral, tais orações são introduzidas por pronome relativo.
Exemplo:
- O garoto que era triste tornou-se um garoto alegre.

As orações subordinadas adjetivas exercem a função sintática de adjunto adnominal de um


termo da oração principal.

As orações subordinadas adjetivas são de duas espécies: explicativas e restritivas.


As explicativas são aquelas que indicam qualidade inerente ao substantivo a que se referem.
Justapõem-se a um substantivo já plenamente definido pelo contexto. Além disso, as orações
adjetivas explicativas podem ser eliminadas sem prejuízo do sentido. Têm função meramente
estilística.
Exemplos:
- O inverno suíço de 1987, que foi muito rigoroso, matou 100 pessoas.
- O homem, que é um ser racional, tem perdido suas características mais preciosas.
- O lírio, que é branco, já não é símbolo de candura.

As orações adjetivas explicativas são menos comuns que as restritivas. As orações adjetivas
restritivas delimitam o sentido do substantivo antecedente. São indispensáveis ao sentido total da
oração.
Exemplos:

51
51
LÍNGUA PORTUGUESA

- Todo aluno que é estudioso é digno de aprovação.


- Todo político que é honesto é capaz de causar revoluções administrativas.
- Não acredito no médico do qual me falaste há pouco.
- O professor cujas orientações não são diretivas tem conseguido resultados assustadores
nos últimos tempos.

 ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS


Um terceiro tipo de orações subordinadas são as adverbiais, isto é, aquelas que equivalem a
advérbios em relação a outra oração.

Os adjuntos adverbiais são termos acessórios das orações; são determinantes. Os


determinantes adverbiais acrescentam “ao predicado o esclarecimento de lugar, tempo, modo etc.”
Exemplos:
- Almoçarei ao meio-dia.
- Chegaram aqui as embarcações.
- Ontem choveu.
- Aquela mulher caminha com dificuldade.
- Tu te exprimes muito bem.

São, portanto, os adjuntos adverbiais expressões que acrescentam circunstâncias aos fatos
expressos.

Recorde-se também que as orações reduzidas às vezes indicam circunstâncias que


caracterizam e restringem o sentido do verbo:
Exemplos:
- Não te emprestarei dinheiro para gastares com futilidades. (adverbial final reduzida de
infinitivo)
- Chegando ao cinema, comprei os ingressos. (subordinada adverbial temporal reduzida de
gerúndio)
- Terminada a aula, voltei pra casa. (subordinada adverbial temporal reduzida de particípio)

As orações subordinadas adverbiais são dos seguintes tipos: causais, comparativas,


consecutivas, concessivas, condicionais, conformativas, finais, proporcionais e temporais.

1ª. Causais: são aquelas que modificam a oração principal apresentando uma circunstância de
causa, isto é, respondem à pergunta "por quê?" feita à oração principal.
Exemplos:
- Daniela saiu porque precisava.
- Luísa não saiu porque estava frio.
- Luís deixou o trabalho porquanto sua saúde era precária.

52
52
LÍNGUA PORTUGUESA

São conjunções causais: porque, que, porquanto, visto que, por isso que, como, visto como,
uma vez que, já que, pois que.

2ª. Comparativas: são aquelas que correspondem ao segundo termo de uma comparação.
Exemplos:
- Marisa é tão boa vendedora quanto Teresa.
- "A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro."

São conjunções comparativas: como, mais do que, assim como, bem como, que nem (como),
tanto quanto.

3ª. Consecutivas: são aquelas que são introduzidas por um termo intensivo que vem em
seguida à oração principal, acrescentando-lhe ideias e explicações, ou completando-a, ou tirando
uma conclusão.
Exemplos:
- O Plano de Estabilização Econômica foi tão cercado de flores de todos os lados que não
percebemos suas consequências menos interessantes.
- Onde estás, Luciana, que não te vejo!
- José bebia tanto que morreu afogado no seu próprio vômito.
- Faça seu trabalho de tal modo que não venha a lastimar-se do resultado que dele possa
advir.

São conjunções consecutivas: (tanto) que, (tão) que, (de tal forma) que.

4ª. Concessivas: são aquelas que se caracterizam pela ideia de concessão que transmitem à
oração principal.
Exemplos:
- Ainda que faça frio, o jogo se realizará.
- Ela foi ao parque, embora estivesse chovendo.

São conjunções concessivas: embora, posto que, se bem que, ainda que, sempre que, desde
que, conquanto, mesmo que, por pouco que, por muito que.

5ª. Condicionais: são aquelas que se caracterizam por transmitir ideias de condição à oração
principal.
Exemplos:
- Se o filme for ruim, sairei do cinema.
- Caso tivesse realizado as obras necessárias, não teria perdido a eleição.

São conjunções condicionais: se, salvo se, senão, caso, desde que, exceto se, contanto que, a
menos que, sem que, uma vez que, sempre que.

53
53
LÍNGUA PORTUGUESA

6ª. Conformativas: são aquelas que indicam o modo como ocorreu a ação expressa na oração
principal.
Exemplos:
- Conforme os últimos acontecimentos, o Oriente Médio corre risco de uma guerra
generalizada.
- Escrevi um memorando, segundo o estilo oficial estabelece.

São conjunções conformativas: de modo que, assim como, bem como, de maneira que, de sorte
que, de forma que, do mesmo modo que, segundo conforme.

7ª. Finais: são aquelas que indicam o fim ou finalidade à oração principal.
Exemplos:
- É preciso que haja políticos de concepções liberais extremadas para que os conservadores
não reduzam os homens a títeres.
- Acenei-lhe para que silenciasse.

São conjunções subordinativas finais: para que, a fim de que.

8ª. Proporcionais: são aquelas que transmitem ideia de proporcionalidade à ideia principal.
Exemplos:
- À proporção que o tempo passa, a agonia recrudesce.
- O barulho de algazarra aumenta à medida que se aproxima das crianças.

São conjunções subordinativas proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que.

9ª. Temporais: são aquelas que indicam relação de tempo naquilo que se refere à ação
expressa pela oração principal.
Exemplos:
- Enquanto ouço música, recupero o equilíbrio emocional.
- Cada vez que eu penso, te sinto, te vejo...

São conjunções subordinadas temporais: quando, enquanto, agora que, logo que, desde que,
assim que, tanto que, apenas, antes que, até que, sempre que, depois que, cada vez que.

 ORAÇÕES REDUZIDAS
São denominadas orações reduzidas aquelas que apresentam o verbo numa das formas
nominais, ou seja, infinitivo, gerúndio e particípio.

As orações reduzidas de formas nominais podem, em geral, ser desenvolvidas em orações


subordinadas. Essas orações são classificadas como as desenvolvidas correspondentes.

As orações reduzidas não são introduzidas por conectivo.

54
54
LÍNGUA PORTUGUESA

No caso de se fazer uso de locução verbal, o auxiliar indica se se trata de oração reduzida ou
não.
Na frase:
Tendo de ausentar-se, declarou vacante seu cargo.

Temos aqui uma oração reduzida de gerúndio. Portanto, é condição para que a oração seja
reduzida que o auxiliar se encontre representado por uma forma nominal.

 ORAÇÕES REDUZIDAS DE INFINITIVO


Substantivas subjetivas: são aquelas que exercem a função de sujeito do verbo de outra
oração.
Exemplos:
- Não convém agires assim.
- É certo ter ocorrido uma disputa de desinteressados.
- Urge partires imediatamente.

Substantivas objetivas diretas: são aquelas que exercem a função de objeto direto.
Exemplos:
- Ordenou saírem todos logo.
- Respondeu estarem fechadas as matrículas.
- Peça-lhes fazer silêncio.

Substantivas objetivas indiretas: são aquelas que funcionam como objeto indireto da oração
principal.
Exemplo:
- Aconselho-te a sair imediatamente.

Substantivas predicativas: são aquelas que funcionam como adjetivo da oração principal.
Exemplos:
- O importante é não se deixar corromper pela desonestidade.
- Seu desejo era adquirir um automóvel.

Substantivas completivas nominais: são aquelas que funcionam como complemento de um


nome da oração principal.
Exemplos:
- Maria estava disposta a sair da casa.
- Tinha o desejo de espalhar os fatos verdadeiros.

55
55
LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivas apositivas: são aquelas que funcionam como aposto da oração principal.
Exemplos:
- Fez uma proposta a sua companheira: viajarem para a praia, no fim do ano.
- Recomendou-lhe dois procedimentos: ler e refletir exaustivamente a obra de José de
Alencar.

Adverbiais: são aquelas que funcionam como adjunto adverbial da oração principal.
Exemplos:
- Chegou para poder colaborar. (final)
- Alegraram-se ao receberem os campeões. (temporal)
- Não obstante ser ainda jovem, conquistou posições invejáveis. (concessivas)
- Não poderá voltar ao trabalho sem me avisar com antecedência. (condicional)
- Não compareceu por se encontrar doente. (causal)
- É alegre de fazer inveja. (consecutiva)

Adjetivas: são aquelas que funcionam como adjetivo da oração principal.


Exemplo:
- O aluno não era de deixar de ler suas redações.

 ORAÇÕES REDUZIDAS DE GERÚNDIO


Subordinadas adjetivas:
- Parei um instante e vi o professor admoestando o garoto.

Adverbiais:
- Retornando de férias, volte ao trabalho. (temporal)
- João Batista, ainda trajando à moda antiga, apresentava-lhe galhardamente. (concessiva)
- Querendo, você conseguirá obter resultados positivos nos exames. (condicional)
- Desconfiando de suas palavras, dispensei-o. (causal)
- Xavier, ilustre comerciante, enriqueceu-se vendendo carros. (modal ou conformativa)

 ORAÇÕES REDUZIDAS DE PARTICÍPIO


Subordinada adjetiva:
- As notícias apresentadas pelo Canal X são superficiais.

Adverbiais:
- Terminada a aula, os alunos retiraram-se da classe. (temporal)
- Reconhecido seu direito, teriam tido outro comportamento. (condicional)

56
56
LÍNGUA PORTUGUESA

- Acossado pela política, não se entregou. (concessiva)


- Quebradas as pernas, não pôde correr. (causal)

DISCURSO DIRETO E INDIRETO

Trata-se de duas formas distintas de, em um texto escrito, reproduzir a fala de alguém. No
discurso direto, reproduz- se literalmente a fala da personagem. É como se abríssemos um espaço no
texto para que ela pudesse falar diretamente. Já, no discurso indireto, a declaração da personagem é
informada por meio de um narrador.

DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO


Pontuação (: - “ ,) Conjunções integrantes (que/se)
João disse: “Estou estudando muito.” João disse que estava estudando muito.
Pronomes (1ª pessoa) Pronomes (3ª pessoa)
Meu carro foi roubado aqui, afirmou Luís. Luís afirmou que o carro dele fora roubado lá.
Aqui, cá Ali, lá
Presente do Indicativo Pretérito Imperfeito do Indicativo
Estudo sempre nesta sala, disse Ana. Ana disse que estudava sempre naquela sala.
Este, esta, isto Aquele, aquela, aquilo
Pretérito-Mais-que-Perfeito do Indicativo Tempo
Pretérito Perfeito do Indicativo Composto
O aluno afirmou: “Concluí o trabalho ontem.” O aluno afirmou que concluíra (tinha/havia
concluído) o trabalho no dia anterior.
Ontem No dia anterior
Futuro do Presente do Indicativo Futuro do Pretérito do Indicativo
Viajarei amanhã, garantiu a mulher. A mulher garantiu que viajaria no dia seguinte.
Amanhã No dia seguinte

Presente do Subjuntivo Futuro do Subjuntivo Pretérito Imperfeito do Subjuntivo


Modo Imperativo O professor recomendou que fizéssemos os
Façam os exercícios, recomendou o professor. exercícios.

 OBSERVAÇÕES:
1. Se o verbo que está fora da fala da personagem estiver no presente, os pronomes
demonstrativos continuam os mesmos. Exemplo:

- Tenho muito trabalho este ano, disse. Disse que tinha muito trabalho naquele ano.
- Tenho muito trabalho este ano, diz ele. Diz que tem muito trabalho este ano.

57
57
LÍNGUA PORTUGUESA

2. É mantido o presente no discurso indireto, se a ação declarada na fala perdura perdura


ainda no momento em que se fala ou quando se expressa um juízo, uma opinião pessoal ou um
provérbio. Exemplo:

- A união faz a força, disse o líder. O líder disse que a união faz a força.
- A noite é boa conselheira, diz a sabedoria A sabedoria popular diz que a noite é boa
popular. conselheira.

3. Quando uma interrogação direta, com verbo no presente do indicativo, implica dúvida
quanto a uma resposta afirmativa, no discurso indireto se usa o futuro do pretérito ou pretérito
imperfeito do indicativo. Exemplo:

O rapaz perguntou: “de que me vale este O rapaz perguntou de que lhe valeria (ou valia)
testemunho?” aquele testemunho.

 QUESTÕES DE CONCURSO
Dos anais da república:
- O senhor não tem medo de nada, presidente?
-Nada.
-Nem de barata?
Pausa de segundos. Digo a verdade, ou minto para parecer mais humano?(...) Não. Melhor
ser curto e sincero.
- Nem de barata.

1. Assinale a alternativa que melhor reproduz a primeira fala do diálogo.


a) Alguém perguntou se o presidente não tinha medo de barata.
b) Alguém perguntou se o senhor não tinha medo de nada, presidente.
c) Perguntaram ao presidente se o senhor não tinha medo de barata.
d) Perguntaram a alguém se o senhor, presidente, não tinha medo de nada.
e) Alguém perguntou ao presidente se ele não tinha medo de nada.

2. Considere o seguinte segmento adaptado do texto:


É como se Abdul dissesse: “Não sou todo daqui e minha tribo não resume inteiramente
minha humanidade.”

Qual das alternativas abaixo apresenta uma reformulação correta e equivalente, em termos de
significado, do trecho acima?
a) É como se Abdul dissesse que não era todo dali e que sua tribo não resumia inteiramente
sua humanidade.
b) É como se Abdul dissesse que não seria todo daqui e que sua tribo não resumiria
inteiramente sua humanidade.
c) É como se Abdul dissesse que não sou todo dali e minha tribo não resume inteiramente
minha humanidade.
d) É como se Abdul dissesse que não fora todo daí e que sua tribo não resume inteiramente
minha humanidade.

58
58
LÍNGUA PORTUGUESA

e) É como se Abdul dissesse que não é todo dali e que sua tribo não resumia inteiramente sua
humanidade.

3. Observe os trechos de frases do texto, abaixo transcritos, e as propostas de sua


transformação em discurso indireto.
I - Alguns de meus colegas (...) submetiam-me a fortes pressões de legitimação.
Tio Held confessou que alguns de seus colegas o submetiam a fortes pressões de
legitimação.

II - Há pouco tempo ouvi com bastante comoção estes versos de Gottfried Benn.
Tio Held lembrou que havia pouco tempo ouviu com grande comoção estes versos de
Gottfried Benn.

III - (...) Também aprendi como é possível ser feliz.


Tio Held revelou que também havia aprendido como era possível ser feliz.

Quais propostas de transformação em discurso indireto estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e II.
e) I, II e III.

GABARITO: 1 - e; 2 - a; 3 - e

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

 CONCORDÂNCIA VERBAL
É o processo pelo qual o verbo altera suas desinências para se adequar morfossintaticamente
ao sujeito. Em alguns casos, porém, a relação de concordância se estabelece entre verbo e
predicativo, verbo e aposto, verbo e adjunto adnominal, verbo e complemento nominal.

Regra geral: O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa, especificamente com o
núcleo.
Exemplos: O cigarro deve ser evitado.
O desperdício de água pode ser eliminado.
Vocês não conhecem seus direitos?

59
59
LÍNGUA PORTUGUESA

 CONCORDÂNCIA DO VERBO COM SUJEITO SIMPLES


a) Quando o sujeito for representado por um substantivo coletivo, o verbo ficará no singular.
- A torcida invadiu o campo e agrediu os jogadores.

Quando o sujeito coletivo estiver acompanhado de adjunto ou distante do verbo, admite-se o


verbo no plural.
- O grupo de grevistas gritava (ou gritavam) palavras de ordem.

b) Quando o sujeito for representado por nomes próprios de lugar ou título de obra:
O verbo ficará no plural, se o nome estiver precedido de artigo no plural.
- Os Estados Unidos estão enfrentando uma grave crise econômica.

O verbo ficará no singular, se o nome não estiver precedido de artigo ou se o arti go estiver no
singular.
- O Amazonas nasce em território peruano.

c) Quando o sujeito for um pronome de tratamento, o verbo ficará na 3ª pessoa.


- Vossa Senhoria está doente?
- Vossas Excelências pediram calma?

d) Quando o sujeito for representado pelo pronome relativo que, o verbo concordará com o
antecedente do pronome.
- Hoje é você que preparará a janta.

e) Quando o sujeito for representado pelo pronome relativo quem, o verbo poderá ficar na 3ª
pessoa do singular ou concordar com a pessoa do antecedente do pronome.
- Fui eu quem falou.
- Fomos nós quem falou.

f) Quando o sujeito for o pronome relativo da expressão um dos que, o verbo ficará no plural
(mais comum) ou no singular (mais raro).
- Uma das pessoas que desconfiavam (ou desconfiava) de mim era Maria.

g) Quando o sujeito for um pronome interrogativo ou indefinido singular seguido das


expressões de nós, de vós, dentre nós, dentre vós, o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.
- Qual de nós apitará o jogo amanhã?

h) Quando o sujeito for expressão partitiva ‒ parte de, uma porção de, a maioria de, grande
parte de, a maior parte de ‒ seguida de um substantivo no plural, o verbo ficará no singular ou no
plural.
- A maioria dos trabalhadores preferiu (ou preferiram) férias coletivas.

60
60
LÍNGUA PORTUGUESA

i) Quando o sujeito contiver uma expressão que denota quantidade aproximada ‒ cerca de,
perto de, mais de, menos de ‒ o verbo concordará com o numeral que o acompanha.
- Cerca de duas mil pessoas assistiram ao show.
- Mais de uma pessoa foi atropelada pelo carro desgovernado.

Se a expressão mais de um estiver associada a verbos com ideia de reciprocidade, o verbo


ficará no plural.
- Mais de um atleta agrediram-se.

j) Verbos dar / bater / soar indicando horas: Concordará com o sujeito.


- O relógio deu duas horas.
- O sino da igreja bateu três horas.

 OUTROS CASOS DE CONCORDÂNCIA VERBAL COM SUJEITO SIMPLES


• Verbo + pronome se:
Quando o se é pronome apassivador o verbo concorda com o sujeito. (Encontraram-
se erros no texto. [= erros foram encontrados no texto])

Quando o se é índice de indeterminação do sujeito o verbo fica na 3a pessoa do


singular. (Não se discorda de opiniões tão bem fundamentadas.)

• Expressão partitiva + nome no plural


Verbo no singular ou no plural. (A maior parte dos competidores discordou/ discordaram do
regulamento.)

• Expressões numéricas aproximativas


O verbo concorda com o numeral. (Mais de dez carros foram danificados no acidente.)

• Pronomes que e quem:


Que o verbo concorda com o antecedente desse pronome. (Ninguém conhece os
caminhos que levam à felicidade.)

Quem o verbo concorda com o antecedente ou fica na 3ª pessoa do singular. (Foram as


crianças quem descobriram/descobriu toda a verdade.)

• Expressão "um dos + [palavra no plural] + que"


Verbo no singular ou plural. (Você não é um dos alunos que pensa / pensam assim.)

 CONCORDÂNCIA VERBAL COM SUJEITO COMPOSTO


A concordância do verbo com o sujeito composto é determinada por três fatores:
- o posicionamento do sujeito na estrutura da frase;
- os diferentes tipos de palavras que podem formar o sujeito;

61
61
LÍNGUA PORTUGUESA

- o tipo de palavra que liga os núcleos.

 SUJEITO COMPOSTO POSICIONADO ANTES DO VERBO


Verbo no plural. (A chuva fria e o vento forte atrapalharam a festa.)

Particularidades dessa regra:


a) Quando os núcleos do sujeito são sinônimos (ou aproximadamente sinônimos), o verbo
pode ficar no singular ou no plural. Assim:
dominava
A paz e a tranqüilidade a imensa catedral.
dominavam

núcleos sinônimos

b) Quando os núcleos do sujeito formam uma enumeração gradativa, o verbo pode ficar no
singular ou no plural. Por exemplo:

Um olhar, um sorriso, um gesto amigo conforta uma alma angustiada.


confortam

núcleos em gradação

c) Quando os núcleos estão seguidos por palavra de valor resumitivo no singular (tudo, nada,
ninguém ou alguém), o verbo fica, necessariamente, no singular. Veja:

palavra resumitiva

A ameaça, o terror, a agressão, nada o amedrontaria.

sujeito composto verbo no singular

d) Quando o sujeito apresenta a expressão "um e outro", o verbo pode ficar no singular ou no
plural. Por exemplo:

Um e outro deputado denunciou os desvios de verbas


denunciaram

 SUJEITO COMPOSTO POSICIONADO DEPOIS DO VERBO


Verbo no plural ou concordando com o primeiro núcleo

- (Atrapalharam/Atrapalhou a festa a chuva fria e o vento forte.)

62
62
LÍNGUA PORTUGUESA

Compõem a paisagem do quadro uma montanha e um lago cristalino.

verbo no plural sujeito composto depois do verbo

1º núcleo

Compõe a paisagem do quadro uma montanha e um lago cristalino.

sujeito composto depois do verbo

Sujeito composto de pessoas gramaticais diferentes


- Com 1ª pessoa (eu/nós) — verbo na 1ª pessoa do plural. (Ela, tu e eu iremos.)
- Sem 1ª pessoa — verbo na 2ª ou na 3ª pessoa do plural. (Ela e tu ireis/irão.)

Núcleos do sujeito ligados por ou/nem


- Se houver ideia de exclusão, verbo no singular; se não houver, verbo no plural.

Exemplos:
- A Itália ou a Holanda vencerá a próxima copa do mundo.
- A chuva ou o frio o fariam desistir da viagem.
- Nem você nem aquele pintor medíocre se casará com ela.
- Nem você nem meu amigo sabem a verdade.

 CONCORDÂNCIA NOMINAL
É a concordância de nomes entre si. A que vai nos interessar particularmente é a concordância
do adjetivo com o substantivo.

 PRINCIPAIS CASOS
Primeiro caso:
Preste atenção a este exemplo:

Comprei abacate e melão maduro (ou maduros).

Conclusão: Quando o adjetivo modifica dois ou mais substantivos do mesmo número (abacate
e melão estão no singular), o adjetivo pode concordar com o substantivo mais próximo (melão) ou ir
para o plural, concordando com os dois substantivos.

Essa opção de concordância também se dá quando os substantivos são de gênero e número


diferentes.

63
63
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.:
Comprei abacate e maçãs madura (ou maduros).
Comprei abacates e maçã madura (ou maduros).
Comprei uvas e maçã madura (ou maduras).

Segundo caso:
Preste atenção nestes exemplos:
Comprei abacate e maçã estragados.
Comprei maçã e abacate estragado.
Comprei abacate e maçã estragada.

Conclusão: Quando o adjetivo modifica dois ou mais substantivos do mesmo número, mas de
gêneros diferentes (abacate é masculino; maçã é feminino), o adjetivo vai para o masculino plural ou
concorda com o mais próximo.

Terceiro caso:
Preste atenção a estes exemplos:
Comprei maduro abacate e melão.
Comprei estragada maçã e abacate.

Conclusão: Quando o adjetivo aparece antes dos substantivos, faz-se a concordância sempre
com o substantivo mais próximo.

Quarto caso:
Preste atenção a estes exemplos:
Ela tem ideia e pensamento fixo.
Ela tem pensamento e ideia fixa.

Conclusão: Quando o adjetivo modifica dois substantivos sinônimos ou tomados por


sinônimos, concorda sempre com o substantivo mais próximo.

Quinto caso:
Preste atenção a este exemplo:
Comprei o livro e a maçã madura.

Conclusão: Quando o adjetivo se refere apenas ao último substantivo, só com ele concorda.
(Claro! Não existe livro “maduro”.)

Sexto caso:
Preste atenção a este exemplo:
Passei dia e noite frios no Canadá.

64
64
LÍNGUA PORTUGUESA

Conclusão: Quando os substantivos são antônimos, o adjetivo vai obrigatoriamente para o


plural, concordando com o gênero que tem preferência.

Sétimo caso:
Preste atenção a estes exemplos:
O rapaz e a garota eram argentinos
Eram argentinos o rapaz e a garota.
Eram argentinos a garota e o rapaz.

Conclusão: Quando o adjetivo é predicativo (tanto do sujeito quanto do objeto), faz-se a


concordância normal, qualquer que seja a ordem dos termos da oração, ou seja, o masculino
prevalece sempre, quando há mistura de gêneros.

 OUTROS CASOS
Variam normalmente:
a) Mesmo e Próprio
- Ele mesmo (ou próprio) lava suas roupas.
- Ela mesma (ou própria) lava suas roupas.
- Eles mesmos (ou próprios) lavam suas roupas.
- Elas mesmas (ou próprias) lavam suas roupas.

b) Extra e Quite
- Ele fez apenas uma hora extra.
- Ele fez muitas horas extras.
- Estou quite com o banco.
- Estamos quites com o banco.

c) Junto
Só varia quando equivale a “um com outro” (e variações).
Ex.:
- Nunca vi esses rapazes juntos. (= um com outro)
- Minhas filhas chegaram juntas na escola. (= uma com a outra)
- Do contrário, não varia:
- Nunca vi esses rapazes junto com a mãe.
- Minhas filhas chegaram junto comigo.

d) Só
Varia quando equivale a “sozinho”, mas não quando equivale a “somente”.
Ex.:

65
65
LÍNGUA PORTUGUESA

- As crianças ficaram sós em casa. (sozinhas)


- Só as crianças ficaram em casa. (somente)

e) Leso
Concorda com o substantivo a que se refere.
Ex.:
- Eles cometeram um crime de leso-idioma.
- Eles cometeram um crime de lesa-pátria.

f) Obrigado
Concorda com o substantivo a que se refere.
Ex.:
- Ele saiu dizendo muito obrigado.
- Ela saiu dizendo muito obrigada.
- Eles saíram dizendo muito obrigados.
- Elas saíram dizendo muito obrigadas.

g) Anexo
Quando é empregado sozinho, concorda com o substantivo ao qual se refere.
Ex.:
- Anexo segue o recibo.
- Anexa segue a fotografia.
- Anexos seguem os recibos.
- Anexas seguem as fotografias.

Quando é empregado antecedido da preposição “em” fica invariável.


Ex.:
- Em anexo segue o recibo.
- Em anexo segue a fotografia.
- Em anexo seguem os recibos.
- Em anexo, seguem as fotografias.

h) Incluso
Ex.:
- Já está incluso na conta o antepasto.
- Já está inclusa na conta a sobremesa.
- Já estão inclusos na conta os refrigerantes.
- Já estão inclusas na conta as bebidas.

66
66
LÍNGUA PORTUGUESA

i) Nenhum
Ex.:
- Eles não são nenhuns coitadinhos.
- Elas não são nenhumas coitadinhas.

j) Caro e Barato
Variam apenas quando são adjetivos.
Ex.:
- A gasolina brasileira não é barata, é cara.
- As frutas importadas estão caras, e não baratas.

Quando advérbios, não variam.


Ex.:
- A gasolina brasileira custa caro , e não barato.
- As frutas importadas estão custando caro, e não barato.

k) Bastante
Varia normalmente, quando é adjetivo.
Ex.:
- Comam bastantes frutas, crianças!
- Vi bastantes novidades na feira.
- Quando advérbio, não varia:
- As crianças comem bastante.
- As crianças riram bastante no circo.

l) Meio
Varia quando é adjetivo ou numeral. Nesse caso, significa “metade”.
Ex.:
- Cheguei ao meio-dia e meia (hora).
- Comprei duas meias melancias na feira.
- Quando advérbio, é invariável:
- Ela ficou meio nervosa.
- As crianças estão meio medrosas.

 CASOS FINAIS
 PRIMEIRO CASO:

67
67
LÍNGUA PORTUGUESA

As expressões é bom, é necessário, é proibido, além de outras assemelhadas, ficam


invariáveis, se acompanhadas de substantivos que exprimem ideia genérica, indeterminada.
Ex.:
- É preciso muita paciência para dirigir no trânsito paulistano.
- É necessário folga semanal remunerada.
- Água é bom para matar a sede.
- É proibido entrada de pessoas estranhas.
- Não é permito entrada de pessoas estranhas neste local.

Havendo determinação do substantivo, o adjetivo com ele concordará:


Ex.:
- É necessária nossa participação ativa nessa reivindicação.
- Esta água é boa para matar a sede.
- É proibida a entrada de pessoas estranhas.
- Não é permitida a presença de estranhos neste local.

 SEGUNDO CASO:
Os particípios de orações reduzidas concordam normalmente com o sujeito. Só não variam
quando fazem parte de tempo composto da voz ativa; na voz passiva, o particípio varia
normalmente.
Ex.:
- Feita a denúncia, regressamos a casa.
- Dada a ordem, tratou-se de cumpri-la.
- Dados os últimos retoques, partimos.
- Elas tinham feito a denúncia, eles haviam dado a ordem.
- Foi inaugurada, na manhã de ontem, nova creche no bairro.

68
68
LÍNGUA PORTUGUESA

3 Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de


4 um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que
5 classificar por extremos não reflete a complexidade de classes
6 da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos.

Questão de prova: O uso da forma verbal “se trata” (l.3), no singular, atende às regras de
concordância com o termo “um corte epistemológico” (l.4) e seriam mantidas a coerência entre os
argumentos e a correção gramatical do texto se fosse usado o termo no plural, cortes
epistemológicos, desde que o verbo fosse flexionado no plural: se tratam.

Comentário: O primeiro passo para responder corretamente essa questão é analisarmos a


transitividade do verbo “tratar” (tomada no contexto em pauta), no qual um questionamento surge:
trata-se de quê? Resposta: “de um corte epistemológico”.

O segundo passo é analisarmos o chamado complemento do verbo – o que nos permite


afirmar que se trata de um objeto indireto, em virtude da presença da preposição. Dessa forma,
retomando alguns conceitos voltados para os tipos de sujeito, temos que: O sujeito se conceitua
como indeterminado em uma das ocorrências, o verbo se apresenta na terceira pessoa do singular
acompanhado do “se”, sendo essa partícula concebida como índice de indeterminação do sujeito.
Dessa forma, já que se trata de um verbo transitivo indireto, não devemos flexionar a forma verbal.
Assim, o verbo não deve ser flexionado no plural. A alternativa está ERRADA.

(...)
11 Como tentativas de acompanhar essa velocidade
12 vertiginosa que marca o processo de constituição da sociedade
13 hipermoderna, surge a flexibilidade do mundo do trabalho e a
14 fluidez das relações interpessoais. (...)

Questão de prova: A forma verbal “surge” (l.13) está flexionada no singular porque estabelece
relação de concordância com o conjunto das ideias que compõem a oração anterior.

Comentário: A oração iniciada por surge está no singular porque o verbo “surge” estabelece
relação de concordância com “a flexibilidade”, que está no singular. A alternativa, portanto, está
ERRADA.

(...)
11 As razões para esse estancamento encontram-se no comportamento
12 do polo dinâmico da economia mundial, os países emergentes,
13 cujo desenvolvimento econômico começou a desacelerar —
14 ainda que a partir de taxas exuberantes de expansão.

69
69
LÍNGUA PORTUGUESA

Questão de prova:No trecho “cujo desenvolvimento econômico (...) expansão” (l.13-14),


identifica-se relação de causa e consequência entre a construção sintática destacada com travessão e
a oração que a antecede.

Comentário: A construção sintática destacada com travessão inicia pela conjunção concessiva
“ainda que”, que pode ser substituída, no trecho em análise, por “embora” ou “mesmo que”,
indicando ideia de concessão, não de causa e consequência. A alternativa, portanto, está ERRADA.

REGÊNCIA

Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, apresentam mudança de


significado. O conhecimento das diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico muito
importante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens escritas, oferece
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:

 AGRADAR
1. Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, acariciar.
Exemplos:
- Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quando o revê.
- Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia não perde oportunidade de
agradá-lo.

2. Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege
complemento introduzido pela preposição "a".
Exemplo:
- O cantor não agradou aos presentes. O cantor não lhes agradou.

 ASPIRAR
1. Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), inalar.
Exemplo:
- Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o.)

2. Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como ambição.


Exemplo:
- Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a elas.)

70
70
LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: como o objeto indireto do verbo "aspirar" não é pessoa, mas coisa, não se
usam as formas pronominais átonas "lhe" e "lhes" e sim as formas tônicas "a ele (s)",
"a ela (s)".
Exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela.)

 ASSISTIR
1. Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assistência a, auxiliar.
Exemplo:
- As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. As empresas de saúde negam-se a
assisti-los.

2. Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, estar presente, caber, pertencer.
Exemplos:
- Assistimos ao documentário.
- Não assisti às últimas sessões.
- Essa lei assiste ao inquilino.

Obs.: No sentido de morar, residir, o verbo "assistir" é intransitivo, sendo


acompanhado de adjunto adverbial de lugar introduzido pela preposição "em".
Exemplo:
Assistimos numa conturbada cidade.

 CHAMAR
1. Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a atenção ou a presença de.
Exemplos:
- Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la. Chamei você várias vezes. /
Chamei-o várias vezes.

2. Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar objeto direto e indireto, ao qual
se refere predicativo preposicionado ou não.
Exemplos:
- A torcida chamou o jogador mercenário. A torcida chamou ao jogador mercenário.
- A torcida chamou o jogador de mercenário. A torcida chamou ao jogador de mercenário.

 CUSTAR
1. Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo acompanhado de
adjunto adverbial.
Exemplo:

71
71
LÍNGUA PORTUGUESA

- Frutas e verduras não deveriam custar muito.

2. No sentido de ser difícil, penoso pode ser intransitivo ou transitivo indireto.


Exemplo:
- Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Intransitivo Reduzida de Infinitivo

- Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela atitude.


Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Indireto Reduzida de
Infinitivo

Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que atribuem ao verbo


"custar" um sujeito representado por pessoa. Observe o exemplo abaixo: Custei
para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema.

 IMPLICAR
1. Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
a) Dar a entender, fazer supor, pressupor
Exemplo:
- Suas atitudes implicavam um firme propósito.

b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar


Exemplo:
- Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um povo.

2. Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver


Exemplo:
- Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.

Obs.: No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com


preposição "com".
Exemplo:
Implicava com quem não trabalhasse arduamente.

 PROCEDER
1. Proceder é intransitivo no sentido de ter fundamento ou agir. Nessa segunda acepção, vem
sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.

72
72
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos:
- As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
- Você procede muito mal.

2. Nos sentidos de ter origem ou dar início é transitivo indireto.


Exemplos:
- O avião procede de Maceió.
- Procedeu-se aos exames.
- O delegado procederá ao inquérito.

 QUERER
1. Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Exemplos:
- Querem melhor atendimento.
- Queremos um país melhor.

2. Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar.


Exemplos:
- Quero muito aos meus amigos. Ele quer bem à linda menina.
- Despede-se o filho que muito lhe quer.

 VISAR
1. Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto,
rubricar.
Exemplos:
- O homem visou o alvo.
- O gerente não quis visar o cheque.

2. No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, é transitivo indireto e rege a
preposição "a".
Exemplos:
- O ensino deve sempre visar ao progresso social.
- Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

73
73
LÍNGUA PORTUGUESA

REGÊNCIA VERBAL + PRONOME RELATIVO


Sempre que, na oração, houver um pronome relativo, se o verbo que vier após o
pronome relativo solicitar preposição, esta preposição pula para antes do pronome
relativo. Veja os exemplos.
Ex. A mulher com quem me casei é médica.
Ex. Ela faz todas as comidas de que mais gosto.
Ex. A casa em cuja cozinha conversávamos agora está abandonada.
Ex. O assunto sobre o qual falamos é sigiloso.

74
74
LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, Antônio Suarez. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2006.

BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2010.

FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore Villaça. Linguística textual: introdução. São Paulo: Cortez,
2002.

FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo:
Ática, 2007.

INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto: curso prático de leitura e redação. 6. ed. São Paulo: Scipione,
2007.

MELO, Iran Ferreira de. Você sabe o que é dêixis?: Um panorama dos elementos dêiticos,
verdadeiros coringas da linguagem e objetos de estudo da Pragmática. Disponível em:
<http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/22/artigo179006-
1.asp>. Acesso em: 2 abr. 2017.

75
75
LÍNGUA PORTUGUESA

76
76

Você também pode gostar