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REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÃO (RDC)

O Regime Diferenciado de Contratação (RDC) foi inaugurado,


formalmente, com a Lei 12.462, de 2011. Na esfera federal, o diploma
foi regulamentado pelo Decreto 7.581, de 2011.  

Inicialmente, as regras simplificadas dirigiram-se às contratações de


bens e serviços para a Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo
(2014) e Jogos Olímpicos (2016). Vejamos:
Art. 1o   É instituído o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às licitações e contratos
necessários à realização:

I - dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, constantes da


Carteira de Projetos Olímpicos a ser definida pela Autoridade
Pública Olímpica (APO); e

II - da Copa das Confederações da Federação Internacional de


Futebol Associação - Fifa 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014,
definidos pelo Grupo Executivo - Gecopa 2014 do Comitê Gestor
instituído para definir, aprovar e supervisionar as ações previstas
no Plano Estratégico das Ações do Governo Brasileiro para a
realização da Copa do Mundo Fifa 2014 - CGCOPA 2014,
restringindo-se, no caso de obras públicas, às constantes da matriz
de responsabilidades celebrada entre a União, Estados, Distrito
Federal e Municípios;

III - de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para


os aeroportos das capitais dos Estados da Federação distantes até
350 km (trezentos e cinquenta quilômetros) das cidades sedes dos
mundiais referidos nos incisos I e II.

Observação: a Autoridade Pública Olímpica é consórcio público de


Direito Público, sob a forma de autarquia em regime especial. O
Protocolo de Intenções firmado entre a União, Estado do RJ e
Município do RJ foi ratificado, na esfera federal, pela Lei 12.396,
de 2011.
Apesar de a Lei ter sido editada pela União, dentro de sua competência
privativa de legislar sobre normas gerais em matéria de licitações e
contratos (norma, a priori, válida para todos os entes políticos e suas
Administrações), o RDC não é extensível, na matéria dos incisos I a III,
a todos os entes da Federação. Perceba, na leitura do inc. III, que a Lei
pode alcançar, conforme o caso, Estados da Federação distantes até 350
km das cidades sedes dos mundiais.
 
Fixação
2012-MCTI – Cespe 
Acerca de licitações e contratos da administração pública, regulamentados
pela Lei n.º 8.666/1993, e do regime diferenciado de contratações públicas,
regrado pela Lei n.º 12.462/2011, julgue os itens seguintes.
A Lei n.º 12.462/2011 tem incidência em âmbito nacional, atingindo todos
os entes da Federação. (Certo/Errado)1

Ademais, esclareça-se que o RDC não é obrigatório para a construção


de estádios, aeroportos e obras de infraestrutura. Isto é, a
Administração Pública pode, por conveniência, utilizar-se da Lei de
Concessões de Serviços Públicos (a Lei 8.987, de 1995), da Lei 8.666, de
1993, ou, ainda, da Lei da Parceria Público-Privada.

Acrescenta-se que as particularidades do RDC, por serem


desburocratizantes, notadamente gerenciais (eficientes), foram,
recentemente, estendidas a objetos diversos dos esportes. Vejamos:
Art. 1o   É instituído o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às licitações e contratos
necessários à realização:

(...)

IV - das ações integrantes do Programa de Aceleração do


Crescimento (PAC)     
V - das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único
de Saúde - SUS.       
Assim, com essa inserção, mais especificamente do inc. V ao art. 1º, a
Lei do RDC, que antes era doutrinariamente reconhecida como norma
temporária (encerrar-se-ia em 2016 com os Jogos Olímpicos),
caminha para a definitividade, afinal o SUS é sistema constitucional
dotado de permanência. Assim, restam amenizadas as ideias de que o
RDC não é aplicável a todos os entes da Federação e é norma de caráter
temporário, isso porque o PAC e o SUS não se restringem aos Estados e
Municípios em que ocorrerão a Copa e os Jogos Olímpicos, e o SUS é
programa de Governo perene.

São objetivos do RDC:


I - ampliar a eficiência nas contratações públicas e a
competitividade entre os licitantes;

II - promover a troca de experiências e tecnologias em busca


da melhor relação entre custos e benefícios para o setor público;
III - incentivar a inovação tecnológica; e

IV - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a


seleção da proposta mais vantajosa para a administração
pública.
O RDC – que visa o aumento da eficiência nas contratações – conta com
regras próprias, distintas, em parte, das já delineadas no Estatuto de
Licitações (a Lei 8.666, de 1993). Professor, isso significa dizer que,
uma vez optado pelo RDC, as diretrizes da Lei 8.666, de 1993, são
afastadas por completo? Não é bem assim! A Lei 8.666, de 1993, é a
norma geral, é o “Estatuto dos Estatutos” de Licitações e Contratos.
Portanto, sempre que houver uma lacuna ou disposição expressa no
RDC, aplicar-se-á, subsidiariamente, a Lei 8.666, de 1993. Sobre o
tema, dispõe o §2º do art. 1º do RDC:
Art. 1o  É instituído o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às licitações e contratos
necessários à realização:

(...)

§ 2o  A opção pelo RDC deverá constar de forma expressa do


instrumento convocatório e resultará no afastamento das normas
contidas na Lei no  8.666, de 21 de junho de 1993, exceto nos
casos expressamente previstos nesta Lei.
Veja: “casos expressamente previstos nesta Lei”. Para exemplificar,
leia, a seguir, o disposto no art. 35 do Regime Diferenciado:
Art. 35. As hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação
estabelecidas nos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993, aplicam-se, no que couber, às contratações realizadas com
base no RDC.

Parágrafo único. O processo de contratação por dispensa ou


inexigibilidade de licitação deverá seguir o procedimento previsto
no art. 26 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

Observação: o art. 41 do RDC prevê a contratação direta de


remanescente de obras e serviços. Essa hipótese de contratação
sem modalidade de licitação é prevista no inc. XI do art. 24 da Lei
8.666, de 1993. Porém há uma importante distinção. No RDC, a
empresa é convocada segundo as condições por esta ofertadas.
Na Lei 8.666, de 1993, por sua vez, a empresa convocada deve
observar os preços e condições da empresa que teve o contrato
rescindido.
Enquanto procedimento de licitação, o RDC, à semelhança do rito da
Lei 8.666, de 1993, deve observar um conjunto de princípios, e
é composto por etapas, no caso: (1) preparatória (fase interna), (2)
publicação, (3) apresentação das propostas ou lances, (4) julgamento,
(5) habilitação, (6) recursal, (7) encerramento.

São princípios previstos expressamente no RDC:


Art. 3o As licitações e contratações realizadas em conformidade
com o RDC deverão observar os princípios da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
eficiência, da probidade administrativa, da economicidade, do
desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação ao
instrumento convocatório e do julgamento objetivo.
Veja, agora, o disposto no “caput” do art. 3º da Lei 8.666, de 1993:
Art. 3o  A licitação destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa
para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
Então, notou alguma diferença? 

O RDC registra, expressamente, o princípio da economicidade (ótima


relação custos versus benefícios). É “um prato cheio” para as ilustre
bancas organizadoras, algo do tipo: “marque, abaixo, o princípio
previsto expressamente no RDC, porém implícito na Lei 8.666, de
1993”.

Antes de prosseguirmos no estudo das fases e peculiaridades do Regime,


é oportuno frisar, antecipadamente, que a inversão de fases – antes
característica da modalidade de licitação Pregão – é uma das
novidades inseridas no diploma. Com a inversão, a fase de julgamento
precederá a de habilitação, conferindo à licitação maior celeridade e
dinamismo. A regra é, portanto, inversão de fases. Só se houver
previsão expressa no instrumento convocatório, é que
a habilitação poderá anteceder o julgamento e a apresentação das
propostas.

Outras inovações são citadas por Maria Sylvia Di Pietro, entre as quais:

→ Ampliação dos Objetivos da Licitação (§1º do art. 1º);


→ Restrições à Publicidade do Orçamento Estimado (art. 6º);

→ Inversão nas Fases de Julgamento (art. 12);

→ Novos Critérios de Julgamento (art. 18);

→ Previsão de Procedimentos Auxiliares das Licitações (art. 29);

→ Possibilidade de Remuneração Variável Vinculada ao Desempenho da


Contratada (art. 10);

→ Previsão da Contratação Simultânea (art. 11);

→ Previsão da Contratação Integrada entre os Regimes de Execução do


Contrato (art. 8º);

→ Pré-qualificação das empresas licitantes (procedimentos auxiliares).


 

Fixação
2012 - TJ/AL – Cespe
As inovações do RDC, em relação à Lei n.º 8.666/1993, incluem a:
A criação do sistema de registro de preços.
B previsão de recursos administrativos após as fases de habilitação e de
julgamento.
C instituição da pré-qualificação permanente de fornecedores, que permitirá
à administração pública realizar licitações com a participação apenas dos
pré-qualificados.
D possibilidade de contratação pelo regime de empreitada por preço
unitário.
E fase de julgamento de proposta posterior à de habilitação2

Passemos às etapas/fases do RDC.

A primeira etapa é a preparatória.

Rompe-se com a infeliz ideia de que a licitação se inicia com a


publicação do instrumento convocatório. Valorizou-se, expressamente,
o trabalho interno de planejamento. Está-se diante da fase interna da
licitação.

A fase interna bem planejada é de extrema importância, pois, ao ser


viabilizada com cautela, com zelo, com o mínimo de deficiências, acaba
por evitar atrasos tão indesejados durante a fase externa. Os
intermináveis recursos são responsáveis pela demora da contratação,
logo, uma fase interna procedida sem erros e desatenções, levará a um
processo licitatório melhor executado com menos “discussões” entre os
potencias interessados no contrato (os licitantes), portanto, diminuição
do número de recursos administrativos; judiciais; aos Tribunais de
Contas, etc. Consequentemente, a licitação será mais célere em sua
fase externa. Assim, fundamental uma fase interna bem feita.

O RDC fornece-nos alguns dos requisitos a serem atendidos durante a


fase interna da licitação, são exemplos:

1º - Planilhas para a elaboração das propostas;

2º - Escolha da modalidade de licitação e tipo de licitação;

3º - Elaboração do Edital;

4º - Ato de designação da comissão de licitação;

Em síntese, é na fase interna que a Administração certifica-se da real


necessidade de adquirir ou não o objeto, bem como de medir sua
qualidade e quantidade. Em tradução a essa preocupação com a correta
definição do objeto da licitação, reproduz-se a Súmula 177 do TCU, a
seguir:
A definição precisa e suficiente do objeto licitado constitui regra
indispensável da competição, até mesmo como pressuposto do
postulado de igualdade entre os licitantes, do qual é subsidiário o
princípio da publicidade, que envolve o conhecimento, pelos
concorrentes potenciais das condições básicas da licitação,
constituindo, na hipótese particular da licitação para compra, a
quantidade demandada uma das especificações mínimas e
essenciais à definição do objeto do pregão.
2
 Letra C. Os demais itens estão incorretos. Na letra A, o SRP não é
inovação do RDC, tendo sido previsto, por exemplo, na Lei 8.666, de
1993. Na letra B, a fase recursal é única, e dá-se, de regra, depois de
declarada a empresa vencedora. Na letra D, os regimes de execução
indireta foram previstos na Lei 8.666, de 1993, exceção para a
contratação integrada. Na letra E, o julgamento precede à fase de
habilitação. 

A questão sobre o orçamento é um ponto essencial para o concurso


público. No RDC, os valores orçados pela Administração são sigilosos, ou
seja, os licitantes não conhecem, previamente, a cotação de preços do
Estado, o que, num país sério, pode conferir à licitação maior
competitividade, e, assim, preços praticados pelos contendores mais
vantajosos para o Poder Público. Vejamos (art. 6º do RDC):
Art. 6o Observado o disposto no § 3o, o orçamento previamente
estimado para a contratação será tornado público apenas e
imediatamente após o encerramento da licitação, sem prejuízo da
divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais
informações necessárias para a elaboração das propostas.

§ 1o Nas hipóteses em que for adotado o critério de julgamento


por maior desconto, a informação de que trata o caput deste
artigo constará do instrumento convocatório.

§ 2o No caso de julgamento por melhor técnica, o valor do prêmio


ou da remuneração será incluído no instrumento convocatório.

§ 3o Se não constar do instrumento convocatório, a informação


referida no caput deste artigo possuirá caráter sigiloso e será
disponibilizada estrita e permanentemente aos órgãos de controle
externo e interno.
Da leitura do dispositivo, podem ser depreendidos dois detalhes
preciosos para fins de concurso, abaixo:
→ O orçamento não será sigiloso quando adotar-se o tipo de
licitação “por maior desconto”, e

→ As informações são sigilosas para os particulares em geral.


O acesso, no entanto, deverá ser franqueado aos órgãos de
controle interno (exemplo da CGU, na esfera federal) e externo
(exemplo do TCU, Ministério Público e Judiciário).
 
Fixação
(2012/DNIT – ESAF) Acerca do Regime Diferenciado de Contratações
Públicas – RDC instituído pela Lei n. 12.462/2011, é correto afirmar,
exceto:
a) Tem incidência de âmbito nacional, mas não atinge todos os entes da
federação.
b) No regime de contratação integrada, é o próprio contratado quem
elabora o projeto executivo e também o projeto básico.
c) O orçamento previamente estimado para uma contratação a ser efetuada
pelo RDC será tornado público obrigatoriamente antes da licitação
independentemente do critério de julgamento adotado.
d) Preenchidos os requisitos legais, a fase de habilitação poderá anteceder
às fases de apresentação de propostas ou lances e de julgamento.
e) O RDC aplica-se às licitações e contratos necessários s obras de
infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das
capitais dos estados da federação distantes até 350 Km das cidades sedes
dos eventos internacionais da copa do mundo e das olimpíadas3

Ainda, na fase interna, há importante distinção em relação às regras da


Lei 8.666, de 1993. O art. 9º da Lei 8.666, de 1993, veda que o autor do
projeto (básico ou executivo) participe, direta ou indiretamente, da
licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens
a eles necessários. No RDC, tratando-se de contratação integrada (art.
9º), ficará compreendida a elaboração e o desenvolvimento dos projetos
básico e executivo. Professor, significar dizer que, na contratação
integrada, não haverá projeto básico? Sim, haverá apenas um
anteprojeto de engenharia.

Na elaboração do instrumento convocatório, a Administração poderá:


→ Indicar a Marca ou Modelo (princípio da padronização);

Art. 7o No caso de licitação para aquisição de bens, a administração


pública poderá:

I - indicar marca ou modelo, desde que formalmente justificado, nas


seguintes hipóteses:

a) em decorrência da necessidade de padronização do objeto;

b) quando determinada marca ou modelo comercializado por mais de


um fornecedor for a única capaz de atender às necessidades da
entidade contratante; ou

c) quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser melhor


compreendida pela identificação de determinada marca ou modelo
aptos a servir como referência, situação em que será obrigatório o
acréscimo da expressão “ou similar ou de melhor qualidade”;

→ Exigir a apresentação de amostras;

→ Requerer certificado de qualidade do produto ou do processo de


fabricação;

→ Solicitar do fabricante carta de solidariedade, com o objetivo de


assegurar a fiel execução do contrato.
 
 
Fixação
(2012/PFN - ESAF) A legislação atinente ao Regime Diferenciado de
Contratações Públicas prevê a possibilidade de que os editais de licitação
para aquisição de bens estabeleçam diversas exigências, entre as
quais não se inclui a de que:
a) o produto seja de determinada marca, pela necessidade de padronização
do objeto.
b) seja fornecida certificação da qualidade do processo de fabricação de
determinado produto.
c) seja apresentada, em caso de licitante distribuidor, carta de
solidariedade emitida pelo fabricante.
d) seja apresentada amostra do bem, ainda na fase de julgamento das
propostas.
e) sejam oferecidos apenas produtos com registro válido no Sistema de
Registro de Preços − SRP.  4

À semelhança da Lei 8.666, de 1993, o instrumento convocatório, no


RDC, poderá ser impugnado. No caso, o art. 45 do RDC prevê o prazo de
2 e 5 dias úteis, seja, nessa ordem, a licitação destinada à
aquisição/alienação de bens ou à contratação de obras ou serviços.
 
Fixação
2012-MCTI – Cespe 
Acerca de licitações e contratos da administração pública, regulamentados
pela Lei n.º 8.666/1993, e do regime diferenciado de contratações públicas,
regrado pela Lei n.º 12.462/2011, julgue os itens seguintes.
Somente os participantes do certame têm legitimidade para impugnar edital
de licitação por motivo de irregularidade. (Certo/Errado)5

A segunda etapa é a publicação.

Quanto à publicação (2ª fase do procedimento), lembremos que a Lei


8.666, de 1993, obriga a publicação do instrumento convocatório
(exceção feita ao convite) em Diários Oficiais e Jornais Diários de
Grande Circulação. É inimaginável que, em pleno séc. XXI, a publicação
oficial dos atos estatais seja feita em documentos impressos, e,
sobretudo, de pouca visibilidade pelos cidadãos comuns. Nesse
contexto, o RDC inovou, ao dispensar a publicação do extrato do edital
nos Diários Oficiais, no caso de licitações cujo valor não ultrapasse 150
mil reais (obras) e 80 mil reais (bens e serviços, inclusive de
engenharia).

Ainda relativamente à publicidade, temos que os prazos de divulgação


são diversos dos previstos na Lei 8.666, de 1993. Nesta, são
estabelecidos os seguintes prazos:
⇒ Concorrência: mínimo de 45 dias, se técnica; mínimo de 30 dias, nos
demais casos;
⇒ Tomada de Preços: mínimo de 30 dias, se técnica; mínimo de 15
dias, nos demais casos;
⇒ Convite: mínimo de 5 dias úteis;
⇒ Leilão: mínimo de 15 dias;
⇒ Concurso: mínimo de 45 dias.
No RDC, por sua vez, há prazos diversos, trate-se de aquisição de bens
ou para a contratação de serviços e obras. Vejamos:

⇒ Aquisição de bens:

→ 5 dias úteis (critérios de julgamento pelo menor preço ou pelo maior


desconto), e
→ 10 dias úteis, nas demais hipóteses.

⇒ Serviços e Obras:
→ 15 dias úteis (critérios de julgamento pelo menor preço ou pelo
maior desconto), e
→ 30 dias úteis, nas demais hipóteses.

⇒ Licitações com critério de julgamento pela maior oferta: 10 dias


úteis.

⇒ Licitações em que se adote o critério de julgamento pela melhor


combinação de técnica e preço, pela melhor técnica ou em razão do
conteúdo artístico: 30 dias úteis.
A terceira etapa é a de apresentação de propostas ou dos lances.

A lei, ao se referir a propostas e lances, quis representar que o


procedimento de licitação poderá ser fechado (propostas) ou aberto
(lances).

A quarta fase é a de julgamento.

Antes de apresentarmos as diretrizes do julgamento/classificação, cabe


o detalhamento das regras sobre a comissão de licitação.

Nos termos da Lei (art. 34), as licitações serão processadas e julgadas


por comissão permanente ou especial de licitações,
composta majoritariamente por servidores ou empregados públicos
pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos ou entidades
responsáveis pela licitação. Não há, perceba, indicação do número
mínimo de integrantes da comissão, distintamente da Lei 8.666, de
1993, que prevê o número mínimo de três, sendo dois obrigatoriamente
do órgão/entidade licitante.

Abre-se um parêntese para esclarecer que o Decreto Federal 7.581, de


2011, é expresso quanto à composição da comissão de licitação.
Vejamos:
Art. 6o  As licitações serão processadas e julgadas por comissão
permanente ou especial. 

§ 1o  As comissões de que trata o caput serão compostas por, no


mínimo, três membros tecnicamente qualificados, sendo a maioria
deles servidores ou empregados públicos pertencentes aos quadros
permanentes dos órgãos ou entidades responsáveis pela licitação.
Ainda conforme o Decreto Federal, compete à comissão de
licitação, por exemplo:
I - elaborar as minutas dos editais e contratos ou utilizar
minuta padrão elaborada pela Comissão do Catálogo Eletrônico de
Padronização, e submetê-las ao órgão jurídico;

II - receber e examinar os documentos de habilitação, declarando


habilitação ou inabilitação de acordo com os requisitos
estabelecidos no instrumento convocatório;

III - receber recursos, apreciar sua admissibilidade e, se não


reconsiderar a decisão, encaminhá-los à autoridade competente;

IV - encaminhar os autos da licitação à autoridade competente


para adjudicar o objeto, homologar a licitação e convocar o
vencedor para a assinatura do contrato;

V - propor à autoridade competente a revogação ou a anulação


da licitação; e

VI - propor à autoridade competente a aplicação de sanções. 


Depreende-se, do rol acima, que a comissão de licitação deve ser,
realmente, muito qualificada, pois, além da condução do procedimento
em si, ficará responsável por elaborar as minutas dos editais e
contratos. Não lhe cabe, no entanto: julgar recursos, adjudicar e
homologar o objeto da licitação, aplicar sanções, e revogar/anular o
procedimento.

Vencidas essas considerações, passemos ao estudo dos critérios de


julgamento ou tipos de licitação. A seguir, um quadro comparativo
entre os tipos de licitação da Lei 8.666, de 1993, e o RDC.
 
Lei 8.666, de 1993 RDC
Menor Preço Menor Preço ou Maior Desconto
Melhor Técnica Melhor Técnica ou Conteúdo Artístico(1)
Técnica e Preço Técnica e Preço(2)
Maior Lance ou Maior Oferta de Preço(3)
Oferta
Sem Coincidência Maior Retorno Econômico(4)
 

(1) Equivale ao procedimento de licitação concurso, por ser dirigido à


escolha de trabalho técnico, artístico ou científico, com a fixação de
prêmio ou remuneração ao vencedor do certame.

(2) Art. 20. No julgamento pela melhor combinação de técnica e preço,


deverão ser avaliadas e ponderadas as propostas técnicas e de preço
apresentadas pelos licitantes, mediante a utilização de parâmetros
objetivos obrigatoriamente inseridos no instrumento convocatório.

§ 1o  O critério de julgamento a que se refere o caput deste artigo será


utilizado quando a avaliação e a ponderação da qualidade técnica das
propostas que superarem os requisitos mínimos estabelecidos no
instrumento convocatório forem relevantes aos fins pretendidos pela
administração pública, e destinar-se-á exclusivamente a objetos:

I - de natureza predominantemente intelectual e de inovação


tecnológica ou técnica; ou

II - que possam ser executados com diferentes metodologias ou


tecnologias de domínio restrito no mercado, pontuando-se as
vantagens e qualidades que eventualmente forem oferecidas para
cada produto ou solução.

§ 2o É permitida a atribuição de fatores de ponderação distintos para


valorar as propostas técnicas e de preço, sendo o percentual de
ponderação mais relevante limitado a 70% (setenta por cento).

(3) Destina-se aos contratos geradores de receita para a Administração,


como as permissões de uso privativo de bens públicos (restaurantes em
repartições públicas, por exemplo). Para a doutrina, esse critério
equivale ao tipo “maior lance ou oferta” da Lei 8.666, de 1993.

(4) Perceba que é o único critério sem qualquer referência na Lei


8.666, de 1993. É utilizado exclusivamente para a celebração de
contratos de eficiência (serviços, apenas). As propostas serão
selecionadas de forma a selecionar a que proporcionará a maior
economia para a Administração Pública decorrente da execução do
contrato.
 

Fixação
(2012/DNIT – ESAF) São critérios de julgamento passíveis de serem
utilizados no âmbito do Regime Diferenciado de Contratações Públicas –
RDC, exceto: 
a) Menor preço ou maior desconto.
b) Menor retorno econômico.
c) Melhor técnica ou conteúdo artístico.
d) Maior oferta.
e) Técnica e preço6.

Uma vez julgadas as propostas, em caso de empate entre duas ou mais


propostas, o RDC prevê os seguintes critérios:

I - disputa final, em que os licitantes empatados poderão apresentar


nova proposta fechada em ato contínuo à classificação;

II - a avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, desde


que exista sistema objetivo de avaliação instituído;

III - os critérios estabelecidos no art. 3o  da Lei no  8.248, de 23 de


outubro de 1991, e no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho
de 1993; e

IV - sorteio.

Essas regras não prejudicam o favorecimento das MEs e das EPPs,


conforme prevê o art. 44 da LC 123, de 2006.

A quinta fase é a habilitação.

As regras não destoam, substancialmente, daquelas previstas na Lei


8.666, de 1993. Porém, o art. 14 da Lei do RDC fornece-nos algumas
sutilezas. Vejamos:

⇒ poderá ser exigida dos licitantes a declaração de que atendem aos


requisitos de habilitação;

⇒ será exigida a apresentação dos documentos de habilitação apenas


pelo licitante vencedor, exceto no caso de inversão de fases;
⇒ no caso de inversão de fases, só serão recebidas as propostas dos
licitantes previamente habilitados; e
⇒ em qualquer caso, os documentos relativos à regularidade
fiscal poderão ser exigidos em momento posterior ao julgamento das
propostas, apenas em relação ao licitante mais bem classificado.
⇒ poderão ser exigidos requisitos de sustentabilidade ambiental, na
forma da legislação aplicável.

Acrescento que, no Decreto 7.581, de 2011, previu-se a possibilidade de


os documentos serem substituídos, parcial ou totalmente, por
Certificado de Registro Cadastral (CRC) e Certificado de Pré-
qualificação (CPQ).

A sexta etapa é a recursal.

A doutrina costuma apontar que o recurso administrativo são todos os


meios colocados à disposição dos administrados para provocar a
reapreciação de uma matéria pela Administração.
 
A regra é que a fase recursal seja ÚNICA. Nos termos do art. 27 da Lei,
a fase é única se o rito for o normal, ou seja, com o julgamento
precedendo à fase de habilitação. Nesse caso, o recurso só poderá ser
interposto depois de habilitado o licitante vencedor. Porém, se
houver inversão de fases, com a habilitação anterior ao julgamento e à
apresentação de propostas ou lances, os recursos são cabíveis contra a
habilitação e o julgamento, enfim, interposição dupla de recursos, à
semelhança da Lei 8.666, de 1993.

O prazo para a interposição dos recursos é igual ao previsto na Lei


8.666, de 1993: em cinco dias úteis, contados a partir da data da
intimação ou da lavratura da ata, excluindo-se o dia de início,
incluindo-se o de vencimento.

O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermédio da


autoridade que praticou o ato recorrido, cabendo a esta reconsiderar
sua decisão no prazo de 5 dias úteis ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo
subir, devidamente informado, devendo, neste caso, a decisão do
recurso ser proferida dentro do prazo de 5 dias úteis, contados do seu
recebimento, sob pena de apuração de responsabilidade.

Por fim, a fase de encerramento.

Nessa etapa, à semelhança do rito do Pregão, admite-se que a comissão


de licitação negocie preços e condições mais vantajosas com o licitante
melhor classificado. Uma vez exaurida a negociação, o procedimento
será encerrado e os autos encaminhados à autoridade superior, que
poderá:

I - determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades


que forem supríveis;

II - anular o procedimento, no todo ou em parte, por vício insanável;

III - revogar o procedimento por motivo de conveniência e


oportunidade; ou
IV - adjudicar o objeto, homologar a licitação e convocar o licitante
vencedor para a assinatura do contrato, preferencialmente em ato
único. 

Caberá recurso, no prazo de 5 dias úteis, a partir da data da anulação


ou revogação da licitação, garantindo-se, por conseguinte, a aplicação
dos princípios do contraditório e da ampla defesa.

Encerrado o procedimento, passa-se à contratação propriamente dita.


Uma vez convocado para assinar o termo do contrato, aceitar ou retirar
o instrumento equivalente, o interessado deverá observar os prazos e
condições estabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação,
sem prejuízo da aplicação de sanções.

E se a empresa convocada não assinar o contrato? A Administração pode


convocar a 2º melhor classificada? E se esta se recusar, poderá ser
punida? E os preços e condições praticados, são os do vencedor? Vamos
por parte.

Se convocado, dentro do prazo de validade da proposta, recusar-se à


celebração do contrato, ficará impedido de licitar e contratar,
com todos os entes da Federação, pelo prazo de 5 anos. Será, ainda,
descredenciado dos sistemas de cadastramento da União, do Estado e
Município do Rio de Janeiro (entes federativos que compõem a
Autoridade Pública Olímpica).

Uma vez frustrada a celebração com a empresa melhor classificada, a


Administração Pública poderá revogar a licitação ou convocar os
licitantes remanescentes. Nesse caso, o licitante será convocado na
ordem de classificação, e para celebrar o contrato nas condições
ofertadas pelo licitante vencedor.

Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação nas


condições ofertadas pelo licitante vencedor, a Administração Pública
poderá convocar os licitantes remanescentes, na ordem de
classificação, para a celebração do contrato nas condições
ofertadas por estes, desde que o respectivo valor seja igual ou inferior
ao orçamento estimado para a contratação, inclusive quanto aos preços
atualizados nos termos do instrumento convocatório.

No RDC, são previstos os seguintes regimes de execução indireta:

I - empreitada por preço unitário;

II - empreitada por preço global;


III - contratação por tarefa;

IV - empreitada integral; ou

V - contratação integrada.

Nas licitações e contratações de obras e serviços de engenharia, serão


adotados, preferencialmente, os regimes dos incisos II, IV e V. Embora
preferenciais, na impossibilidade de adoção de tais regimes, a
Administração deverá inserir nos autos a motivação que justifique a
exceção.

Em todos os regimes (EXCETO na contratação integrada), deverá haver


projeto básico aprovado pela autoridade competente, disponível para
exame dos interessados em participar do processo licitatório. E, em
todos os casos (INCLUSIVE na contratação integrada), deverá haver,
para a execução das obras e serviços de engenharia, Projeto Executivo.

Ao compararmos o RDC com a Lei 8.666, de 1993, perceba que há


identidade entre os regimes de execução, com exceção para a
contratação integrada, inovação do RDC. O art. 9º do Regime
Diferenciado fornece-nos o detalhamento da contratação integrada.
Abaixo, algumas informações úteis para fins de concurso público:
→  Regime facultativo nas licitações de obras e serviços de engenharia
(prévia motivação técnica e econômica);

→ Projetos Básico e Executivo a cargo da empresa contratada. Daí a


necessidade de o instrumento convocatório conter anteprojeto de
engenharia;

→ Valor estimado da contratação com base nos valores praticados pelo


mercado, pagos pela Administração em objetos similares, ou avaliação
do custo global da obra (orçamento sintético ou metodologia expedita
ou paramétrica);

→ Deverá ser adotado o critério de julgamento de técnica e preço;

→ Vedada a celebração de termos aditivos aos contratos firmados,


exceto nos seguintes casos: teoria da imprevisão (caso fortuito e força
maior) e alteração a pedido da Administração, nos limites percentuais
da Lei 8.666, de 1993 (25% de acréscimos ou supressões).
 
Fixação
2012 - TJ/AL – Cespe
O Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), criado pela Lei
n.º 12.462/
2011 especificamente para reger licitações e contratos nacionais relativos
aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, à Copa das Confederações
da Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA) 2013 e à Copa
do Mundo FIFA 2014, foi recentemente estendido para as obras do
Programa de Aceleração do Crescimento 
(PAC) do governo federal.
É característica do regime de contratação integrada 
A impossibilidade de execução de todas as etapas da obra pelo contratado.
B entrega de obra incompleta e sem condições de operação.
C  possibilidade de aditivos ao contrato na fase de projeto executivo.
D possibilidade de remuneração variável vinculada ao desempenho da
contratada.
E o fato de projeto básico e executivo serem objetos de licitações distintas.7

Quanto à duração dos contratos, a regra é idêntica àquela prevista na


Lei 8.666, de 1993. Se contratos para obras, a duração fica adstrita à
vigência do crédito orçamentário. Se para serviços, de duração
continuada, poderão ser prorrogados até a data de extinção
da Autoridade Pública Olímpica (APO).

Já falei demais para um simples resumo, não é verdade? Vou


finalizar, então, com breves considerações sobre as contratações
simultâneas e possibilidade de remuneração variável.

Relativamente às contratações simultâneas, o art. 11 do RDC prevê que


a Administração Pública poderá, mediante justificativa
expressa, contratar mais de uma empresa ou instituição para
executar o mesmo serviço, desde que não implique perda de economia
de escala, quando:
I - o objeto da contratação puder ser executado de forma
concorrente e simultânea por mais de um contratado; ou

II - a múltipla execução for conveniente para atender à


administração pública.
A Lei veda as contratações simultâneas para serviços de engenharia. Na
esfera federal, o Decreto 7.581, de 2011, estendeu a vedação para as
obras. Todavia, esse decreto não se aplica às demais entidades
federativas. Logo, para efeito de prova, você deve observar o comando
da questão ou conteúdo do enunciado, e verificar se há ou não menção
ao Decreto, pois, se ausente registro, siga a Lei, a qual veda apenas
para serviços de engenharia.

Fica o registro de que as contratações simultâneas são, na verdade,


forma de parcelamento, conforme previsto no art. 15, IV, e §§1º e 2º do
art. 23 da Lei 8.666, de 1993.
Por fim, quanto à remuneração variável, o art. 10 da Lei dispõe que,
na contratação das obras e serviços, inclusive de engenharia, poderá ser
estabelecida remuneração variável vinculada ao desempenho da
contratada, com base em metas, padrões de qualidade, critérios de
sustentabilidade ambiental e prazo de entrega definidos no instrumento
convocatório e no contrato. A utilização da remuneração variável será
motivada e respeitará o limite orçamentário fixado pela Administração
Pública para a contratação.

 No dia 20/11/2015 foi publicada a Lei 13.190/2015, alterando o Regime


Diferenciado de Contratações (Lei 12.462/2011).
Basicamente, foram feitas três mudanças importantes:
(i) inclusão de novas hipóteses de aplicação do RDC;
(ii) possibilidade de resolução de conflitos por meio de arbitragem e mediação;
(iii) previsão de utilização do RDC para celebrar contratos de locação sob medida (built
to suit).
Antes de comentar tais alterações, é importante ressaltar que o Supremo Tribunal
Federal (MS 33.889) suspendeu a eficácia de quase toda a Lei 13.190/2015, em virtude
do chamado “contrabando legislativo” (inclusão de assuntos sem relação de
pertinência temática durante a tramitação da medida provisória no Congresso). Desse
modo, apenas parte do item (i) acima está vigente. Todos os demais itens estão
suspensos.
Vamos falar resumidamente sobre cada uma dessas mudanças e os impactos da
decisão do STF.
I) Novas hipóteses de aplicação do RDC
A Lei 13.190/2015 ampliou o âmbito de incidência do RDC incluindo cinco novos
objetos:
obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma e administração
de estabelecimentos penais e de unidades de atendimento socioeducativo;
ações no âmbito da segurança pública;
obras e serviços de engenharia, relacionadas a melhorias na mobilidade urbana ou
ampliação de infraestrutura logística;
contratos de locação de bens móveis e imóveis, nos quais o locador realiza prévia
aquisição, construção ou reforma substancial, com ou sem aparelhamento de bens,
por si mesmo ou por terceiros, do bem especificado pela administração;
obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de pesquisa, ciência e
tecnologia.
Ressalte-se que, em razão da suspensão da eficácia de parte da Lei 13.190/2015,
apenas os itens 1 e 2 acima estão vigentes. Todos os demais estão suspensos pelo STF,
em virtude do contrabando legislativo comentado anteriormente.
Desse modo, atualmente, até que seja apreciado o mérito do MS 33.889, o RDC poderá
ser utilizado para as licitações e contratos necessários à realização:
1) da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014; (já encerradas)
2) dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016;
3) das obras de infraestrutura e dos serviços para os aeroportos das capitais dos
Estados distantes até 350 km das cidades sedes dos eventos acima;
4) das ações do PAC;
5) das obras e serviços de engenharia: (i) no âmbito do SUS; (ii) para estabelecimentos
penais e unidades de atendimento socioeducativo e (iii) no âmbito dos sistemas
públicos de ensino;
6) das ações no âmbito da segurança pública;
II) Arbitragem e mediação
A Lei 13.190/2015 acrescentou a possibilidade de que, nos contratos regidos pelo RDC,
seja incluída cláusula prevendo que a resolução dos conflitos entre a Administração
Pública e o contratado seja feita por meio da arbitragem e da mediação. Veja:
Art. 44-A. Nos contratos regidos por esta Lei, poderá ser admitido o emprego dos
mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada
no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de
1996, e a mediação, para dirimir conflitos decorrentes da sua execução ou a ela
relacionados.
A arbitragem e a mediação são mecanismos privados de resolução de conflitos, por
intermédio dos quais se busca uma solução para disputa sem necessidade de
intervenção do Poder Judiciário.
Lembrando que esse dispositivo também está suspenso pelo STF. Não obstante, isso
não impede que a Administração Pública use a arbitragem na solução de conflitos
contratuais, pois existe previsão explícita nesse sentido em outra lei: a Lei de
Arbitragem (Lei 13.129/2015). Veja:
Art. 1º (…)
1º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para
dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
2º A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a
celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou
transações.
III) Locação sob medida (built to suit)
A Lei 13.190/2015 incluiu a possibilidade de que a Administração Pública firme
contratos de locação sob medida utilizando o RDC. Nesse tipo de contrato, o particular
aceita adquirir, construir ou realizar uma reforma substancial em determinado bem
com o objetivo de adequá-lo às necessidades da Administração. Esta, por sua vez, se
compromete a alugar o bem do particular, por determinado período de tempo.
Tal sistemática permite que a Administração tenha a sua disposição um bem “sob
medida”, customizado para atender a suas exigências e parâmetros, sem precisar
passar por todo o processo de licitação de obras públicas; o particular, por sua vez,
recebe como contraprestação alugueis que remuneram não apenas o uso do bem, mas
também os investimentos que foram feitos.
Veja o dispositivo que foi acrescentado à Lei do RDC:

Art. 47-A. A administração pública poderá firmar contratos de locação de bens móveis
e imóveis, nos quais o locador realiza prévia aquisição, construção ou reforma
substancial, com ou sem aparelhamento de bens, por si mesmo ou por terceiros, do
bem especificado pela administração.
§ 1o A contratação referida no caput sujeita-se à mesma disciplina de dispensa e
inexigibilidade de licitação aplicável às locações comuns.
§ 2o A contratação referida no caput poderá prever a reversão dos bens à
administração pública ao final da locação, desde que estabelecida no contrato.
§ 3o O valor da locação a que se refere o caput não poderá exceder, ao mês, 1% (um
por cento) do valor do bem locado.
Detalhe é que, em regra, a Administração deverá realizar licitação para celebrar o
contrato de locação sob medida. Todavia, conforme se verifica no §1º acima, as regras
de dispensa e inexigibilidade se aplicam aos contratos buit to suit, entre elas, a regra
do art. 24, X da Lei 8.666/93, segundo a qual é dispensável a licitação para a “compra
ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da
administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua
escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo
avaliação prévia”.
Assim, na teoria, exige-se licitação para a locação sob encomenda. No entanto, na
prática, em se tratando de bens imóveis, a contratação built to suit poderá ser feita de
forma direta, com dispensa de licitação, nos termos do art. 24, X, da Lei 8.666/93.
O dispositivo que incluiu o built to suit à Lei do RDC também se encontra suspenso
pelo STF. Todavia, a doutrina e a jurisprudência, antes da Lei 13.190/2015, já admitiam
a possibilidade de celebração desse tipo de contrato pela Administração Pública,
inclusive com a dispensa de licitação. A introdução do novo dispositivo à Lei do RDC
visa, tão somente, difundir e dar maior legitimidade a esse modelo de locação.
Portanto, na prática, a suspensão não irá afetar em nada.

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