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10/11/2021 15:22 Arbitragem ainda longe dos minoritários | Empresas | Valor Econômico

Empresas
Arbitragem ainda longe dos minoritários
Por Camila Maia, De São Paulo — Valor
11/06/2015 05h00 · Atualizado há 6 anos

Mauro Cunha, presidente da Amec: “Quando um investidor pensa em problema, ele ainda pensa na CVM e não na
Câmara de Arbitragem do Mercado” — Foto: Valor

A reforma da Lei de Arbitragem, sancionada em 26 de maio, resolveu um dos


principais pontos de desacordo a respeito da aplicação das cláusulas sobre o tema
presentes nos estatutos das companhias abertas. Mesmo com a mudança,
permanecem alguns problemas da aplicação da arbitragem no Brasil nos conflitos
das empresas. O mecanismo, que tem o lado positivo de ser mais rápido e eficiente
que a Justiça comum, ainda é considerado caro - e especialistas apontam a
necessidade de outras mudanças, para torná-lo mais acessível a acionistas
minoritários.

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10/11/2021 15:22 Arbitragem ainda longe dos minoritários | Empresas | Valor Econômico

A reformulação acrescentou o artigo 136-A na Lei das S.A., estabelecendo o direito de


retirada aos acionistas que não aprovarem, em assembleia, a adoção de uma
cláusula de arbitragem no estatuto da companhia. O direito não é válido se as ações
da empresa em questão tiverem liquidez comprovada, ou se a inclusão da cláusula
representar condição para que a sociedade seja admitida no Novo Mercado.

Segundo Marta Viegas, conselheira de administração do Instituto Brasileiro de


Governança Corporativa (IBGC), essa alteração é positiva e resolve a controvérsia
sobre a aplicabilidade da cláusula arbitral no estatuto para todos os minoritários.

A Lei das S.A. prevê desde 2001 - quando foi criada a Câmara de Arbitragem do
Mercado (CAM) - que o estatuto poderia incluir uma cláusula desse tipo. Na antiga
redação da lei, no entanto, havia o questionamento sobre a vinculação de
minoritários que votaram contra ou compraram ações depois da decisão, abrindo
espaço para a discussão, por exemplo, entre a Petrobras e seus acionistas.

"Havia discussão se os minoritários eventualmente poderiam entrar em juízo


mesmo havendo a cláusula de arbitragem. Acho que a alteração na Lei das S.A. veio
para resolver isso, vemos isso como algo muito positivo", afirmou Marta.

Segundo a advogada Adriana Braghetta, sócia do escritório L.O. Baptista-SVMFA, que


integrou a comissão de juristas instituída pelo Senado para elaborar o projeto de
revisão da Lei de Arbitragem, a redação do artigo 136-A, resolveu "o primeiro ponto
nevrálgico, que era a validade da cláusula". Após esse ponto, "é preciso pensar em
uma forma de representação desses acionistas minoritários. Daqui para frente, cada
empresa de capital aberto pode e deve pensar nisso", diz Adriana.

A cláusula de adesão à CAM é obrigatória nos níveis mais altos de governança da


BM&FBovespa.

Os custos de um processo na Câmara de Arbitragem são mais elevados do que na


Justiça comum, mas o foro tem o lado positivo de ser especializado para soluções de
questões referentes ao direto empresarial e societário. Além disso, o prazo médio
dos procedimentos é muito mais curto, enquanto na Justiça uma ação pode levar
anos e seus custos podem exceder as expectativas iniciais.

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A adesão à CAM é vista como uma forma de proteção do mercado de capitais.


"Existem exemplos muito positivos em que a arbitragem foi utilizada de forma célere
e técnica", disse Marta, do IBGC,

Para Mauro Cunha, presidente da Amec, o uso da arbitragem nos conflitos das
empresas não atingiu a amplitude que se imaginava desde sua criação. "Quando um
investidor pensa em problema, ele ainda pensa na CVM e não na CAM [Câmara de
Arbitragem do Mercado]. É preciso entender o porquê disso e tentar resolver os
problemas", afirmou.

A arbitragem não restringe o acesso à Justiça, mas é uma forma de lidar com eficácia,
aponta Cunha, com a ressalva de que trata-se de uma opinião pessoal. Para ele, um
efeito colateral da discussão sobre a aplicabilidade das cláusulas de arbitragem é
lembrar os investidores que eles precisam ler os estatutos. "Você compra uma ação,
têm determinadas regras no estatuto e você está preso a elas", afirmou.

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