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FICA A DICA – DIREITO CONSTITUCIONAL1


Olá, futuros(as) Defensores(as) Públicos(as) do Estado do Pará! Como estão nessa reta final? Como vocês já
devem ter visto, o nosso FAD de hoje será sobre Remédios Constitucionais.

Por aqui teremos um X-TUUUUDO: um misto de Constitucional & Tutela Coletiva & Processo Penal & DOU-
TRIA&LEISECA&JURIS&SÚMULAS.

Esqueçam aquela história: ‘’Ain, mas essa parte é de processo civil ou de constitucional?’’. Já avisei antes e repi-
to: na prova da Defensoria, principalmente na etapa discursiva, a palavra de ordem é INTERDISCIPLINARIDADE!!!!!

#PARTIUGABARITAR! Já prepara aí o seu vadinho & #MAPEIAOVADE.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

1. Conceito:

Remédios constitucionais são garantias constitucionais que têm o formato de ações judiciais, sendo normas
de conteúdo assecuratório, visando a assegurar direitos fundamentais e instrumentalizadas processualmente.

2. Previsão dos remédios constitucionais nas Constituições do Brasil:

REMÉDIO CONSTITUCIONAL PREVISÃO NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS


- Constituição de 1891 (OBS: EC 01/1926 restringiu a teoria brasileira do HC).
- Constituições de 1933, 1937, 1946, 1967/1969 (OBS: AI-5, de 1968, restringiu
Habeas corpus
sua amplitude).
- Constituição de 1988: art. 5º, LXVIII.
- Constituições de 1934, 1946, 1967/1969 - Não previsto na Constituição de
Mandado de Segurança
1937. - Constituição de 1988: art. 5º, LXIX.
Mandado de Segurança Co-
Previsto SÓ na Constituição de 1988 (art. 5º, LXX).
letivo
Previsto SÓ na Constituição de 1988 (art. 5º, LXXI).
Mandado de Injunção OBS: Lembrar que jurisprudência do STF admite MI coletivo, o que foi positi-
vado na Lei 13.300/16.
Habeas data Previsto SÓ na Constituição de 1988 (art. 5º, LXXII)
Constituições de 1934, 1946, 1967/1969 - Não previsto na Constituição de 1937
Ação popular
- Constituição de 1988: art. 5º, LXXII

1  Por Magali Medeiros.

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HABEAS CORPUS

1. Onde está previsto?

A Constituição de 1988 prevê:

Art. 5º. LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violên-
cia ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Lei Complementar nº 80/94. Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:
(...)
IX – impetrar habeas corpus, mandado de injunção, habeas data e mandado de segurança ou qualquer outra ação
em defesa das funções institucionais e prerrogativas de seus órgãos de execução;

No Código de Processo Penal (CPP), está previsto a partir do art. 647.

2. Conceito:

O habeas corpus consiste em uma ação de natureza constitucional que tem como objetivo coibir qualquer
ilegalidade ou abuso de poder contra a liberdade de locomoção, norteada pelos princípios da celeridade, gratui-
dade e informalidade.

3. História:

🌎 No mundo: Historicamente, o habeas corpus foi a primeira garantia de direitos fundamentais, concedida por
“João Sem Terra”, monarca inglês, na Magna Carta, em 1215, e formalizada, posteriormente, pelo Habeas Corpus
Act, em 1679.

E no Brasil? A primeira manifestação do instituto deu-se em 1821, através de um alvará emitido por Dom Pedro
I, pelo qual se assegurava a liberdade de locomoção. A terminologia “habeas corpus” só apareceria em 1830, no
Código Criminal.

#ATENÇÃO! Foi garantido constitucionalmente a partir de 1891, permanecendo nas Constituições subsequentes.
#COLANARETINA: Constituição de 1891.

Em que consiste a doutrina brasileira do habeas corpus?

Seu principal expoente foi Rui Barbosa. O habeas corpus foi inicialmente utilizado como remédio para ga-
rantir não só a liberdade física como também os demais direitos que tinham por pressuposto básico a locomoção.

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Essa doutrina surgiu porque na época da promulgação da Constituição de 1891 não havia outros remédios
constitucionais, de forma que se adotou interpretação ampla ao cabimento do HC, usado em situações de ameaça
a direitos constitucionalmente assegurados, decorrentes de ilegalidades ou abusos de poder. Assim, no começo da
República Brasileira, o HC não tutelava somente o direito à liberdade de locomoção.

Perdurou até o advento da Reforma Constitucional de 1926, impondo o exercício da garantia somente para
os casos de lesão ou ameaça de lesão à liberdade de ir e vir.

4. Qual a natureza Jurídica do HC?

Sua natureza jurídica não é a de recurso, mas sim – tal qual a revisão criminal – a de ação autônoma de
impugnação, embora esteja no Título II do CPP, que trata de recursos.

#NÃOCONFUNDA #LOUCOSPORTABELAS:

HABEAS CORPUS REVISÃO CRIMINAL

Pressupõe constrangimento ou risco de constrangi- Pressupõe decisão condenatória ou absolutória im-


mento à liberdade de locomoção. própria com trânsito em julgado.

Comporta uma fase de dilação probatória. Dispõe o


No HC, não há uma fase de dilação probatória, de- art. 621 do CPP que uma das hipóteses de revisão cri-
vendo a prova ser pré-constituída. minal ocorre quando surge prova nova capaz de ino-
centar ou autorizar a diminuição da pena.
Pode ser usado antes e durante processo, e até
Pode ser ajuizada se houver o trânsito em julgado, in-
mesmo depois do trânsito em julgado, mas desde
clusive após o cumprimento da pena ou a morte do
que subsista constrangimento à liberdade de loco-
indivíduo (art. 623 do CPP).
moção.
Havendo a morte do paciente durante o processo, Havendo a morte do paciente durante o processo,
ocorrerá a perda do objeto do HC. será nomeado um curador (art. 631 do CPP).

#SELIGA: É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado?


1ª) SIM. Foi o que decidiu a 2ª Turma no RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info
892).
2ª) NÃO. É a posição majoritária no STF e no STJ.
Vale ressaltar que se houver alguma ilegalidade flagrante, o Tribunal poderá conceder a ordem de ofício.
STF. 2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892).
A orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o habeas corpus não se revela
instrumento idôneo para impugnar decreto condenatório transitado em julgado. STF. 1ª Turma. HC
188551 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 08/09/2020.

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Não se admite habeas corpus para se questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do trânsito
em julgado da ação originária e tampouco antes do trânsito em julgado da revisão criminal. A nulidade não
suscitada no momento oportuno é impassível de ser arguida através de habeas corpus, no afã de superar a pre-
clusão, sob pena de transformar o writ em sucedâneo da revisão criminal. STF. 1ª Turma. RHC 124041/GO,
rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 30/8/2016 (Info 837).

5. Alguns conceitos importantes para a #PROVADISCURSIVA:

a) Impetrante: é o autor da ação constitucional de habeas corpus;

Quem são os legitimados ativos?

Observe o que diz o CPP:

CPP. Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem
como pelo Ministério Público.

O impetrante, portanto, poderá ser qualquer pessoa física (nacional ou estrangeira) em sua própria defesa,
em favor de terceiro, podendo ser o Ministério Público ou mesmo pessoa jurídica (em favor de pessoa física).

#JÁCAIU #DP #STF: O remédio constitucional do “habeas corpus” qualifica-se como típica AÇÃO PENAL PO-
PULAR, o que legitima o seu ajuizamento “por qualquer pessoa”, inclusive por estudante de Direito (CPP, art. 654,
“caput”), qualquer que seja a instância judiciária competente.
#ATENÇÃO! Lembre-se de que o HC não comporta instrução probatória, é necessária a prova pré-consti-
tuída. Em outras palavras, é exigida prova documental já juntada com a petição inicial.

b) Paciente: é o indivíduo em favor do qual se impetra, podendo ser o próprio impetrante;

c) Autoridade coatora ou impetrado: é a autoridade que pratica a ilegalidade ou abuso de poder.

Podem ser legitimados passivos:

A pessoa responsável pela violência ou coação, que pode ser o delegado de polícia (ao instaurar um IPL
abusivo ou efetuar prisão em flagrante abusiva, por exemplo), o membro do MP (ao requisitar um IPL abusiva-
mente) o juiz (ao prender indevidamente) etc.

#ATENÇÃO! Referida ação pode ser formulada sem advogado, não tendo de obedecer a nenhuma formalidade
processual ou instrumental, sendo gratuita (CF, art. 5º, LXXVII):

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício
da cidadania.

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Pode o HC ser impetrado para trancar ação penal ou inquérito policial, bem como em face de particular,
como no clássico exemplo de hospital psiquiátrico que priva o paciente de sua liberdade de ir e vir, ilegalmente,
atendendo a pedidos desumanos de filhos ingratos que abandonam seus pais.

6. E a competência?

O órgão competente para apreciar a ação de habeas corpus será determinado de acordo com a autoridade
coatora, e a Constituição prevê algumas situações atribuindo previamente a competência a tribunais, em razão do
paciente2.

Há três regramentos básicos:

1º) O HC contra ato de autoridade coatora que possui foro por prerrogativa de função é julgado pelo Tribu-
nal competente para processar e julgar os crimes praticados por ela.

Ex.: cabe ao STF processar e julgar HC que tenha o Procurador-Geral da República como autoridade coatora.

2º) Se a autoridade coatora for órgão jurisdicional, a competência será do Tribunal imediatamente superior.

3º) A princípio, não se admite o HC per saltum. Ou seja, para que seja processado e julgado por uma ins-
tância superior, é necessário que a instância inferior, que possui competência, tenha esgotado o julgamento do HC,
salvo em situações teratológicas ou de manifesta ilegalidade.

Nesse sentido:

Súmula 691 do STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra
decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar. #JÁCAIU
#ATENÇÃO:
• A Súmula 691 pode ser afastada em casos excepcionais, quando houver teratologia, flagrante ilegalidade
ou abuso de poder que possam ser constatados “ictu oculi”. STF. 2ª Turma. HC 143476/RJ, rel. orig. Min. Gilmar
Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/6/2017 (Info 868).
• Embora a Súmula n. 691 do STF vede a utilização de habeas corpus impetrado ante decisão de relator que,
em writ impetrado perante o Tribunal de origem, indefere o pedido liminar, admite-se, em casos excepcionais,
configurada flagrante ilegalidade, a superação do entendimento firmado no referido enunciado sumular STJ. 6ª
Turma, HC 551.676/RN, Rel. Min. Antonio Saldanha, julgado em 19/05/2020.

Além disso, lembre-se de que a súmula 690 do STF está superada:

Súmula 690-STF: Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra
decisão de turma recursal de juizados especiais criminais.
2  Vide arts.: art. 102, I, “d”, “i”; art. 102, II, “a”; art. 105, I, “c; art. 105, II, “a”; art. 108, I, “d”; art. 108, II; art. 109, VII e art. 121, §§ 3º e 4º, V, combinado com o
art. 105, I, “c”: Justiça Eleitoral.

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O STF reviu seu posicionamento sobre o tema e passou a decidir que a competência para julgar HC impe-
trado contra ato da Turma Recursal é do Tribunal de Justiça (se for turma recursal estadual) ou do Tribunal
Regional Federal (se a turma recursal for do JEF).

6. Espécies:

a) Preventivo: quando alguém se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder (a restrição à locomoção ainda não se consumou). Nessa situação poder-se-á
obter um salvo-conduto para garantir o livre trânsito de ir e vir.

b) Repressivo: quando a constrição ao direito de locomoção já se consumou, estaremos diante do habeas corpus
liberatório ou repressivo, para cessar a violência ou coação.

7. Cabimento:

Como vimos, o HC somente é cabível se alguém estiver sofrendo ou sob ameaça de violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, em razão de constrangimento legal.

Ele exige, portanto, uma violência física ou moral (coação) atual ou iminente. É relevante, portanto, que haja
atos concretos com essas finalidades, não sendo cabível a medida para combater situações hipotéticas.

É exigido ainda que tal situação derive de uma ilegalidade ou de abuso de poder.

#DEOLHONAJURIS:
Não cabe HC para questionar decisão fundamentada que fixou guarda unilateral no âmbito de ação de
divórcio
A definição do regime de guarda, no âmbito de ação divórcio, não tem nenhuma repercussão, propriamente, no
direito de locomoção da criança, desde que preservado o direito de visita e, assim, a convivência com o genitor
com quem não resida. Assim, o habeas corpus não se presta a imiscuir no modo como tais responsabilidades
serão, a partir do divórcio, partilhadas entre os pais. Logo, o HC não é a via adequada para que um dos
genitores discuta o específico propósito de manter ou não o regime de guarda unilateral estabelecida em
decisão judicial. STJ. 3ª Turma. HC 636.744/SP, Rel. Min. Marco Aurelio Belizze, julgado em 15/06/2021.
Condições para a concessão de Habeas Corpus
Uma vez conhecido o habeas corpus somente deverá ser concedido em caso de réu preso ou na iminência de
sê-lo, presentes as seguintes condições:
(1) violação à jurisprudência consolidada do STF;
(2) violação clara à Constituição; ou
(3) teratologia na decisão impugnada, caracterizadora de absurdo jurídico.
STF. 1ª Turma. AgRg no HC 200.055, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/06/2021.

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Quando a liberdade de alguém estiver direta ou indiretamente ameaçada, cabe habeas corpus ainda que para
solucionar questões de natureza processual. STF. 2ª Turma. HC 163943 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 4/8/2020 (Info 985).
#IMPORTANTE:
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da
prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é possível o estabelecimento da custódia, alcançan-
do-se o direito de ir e vir. STF. 1ª Turma. HC 170735/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 30/6/2020 (Info 984).

#APOSTACICLOS:

Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória PREJUDICA o pedido de trancamento da ação


penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.

7.1) Situações em que a jurisprudência NÃO se admitiu HC:

• Não cabe habeas corpus de ofício no bojo de embargos de divergência.

• Não cabe HC contra decisão monocrática de Ministro do STF/STJ.

• Não cabe habeas corpus para discutir se foi correta ou não a fixação da competência e se existe conexão
entre os crimes, bem como sobre a existência de transnacionalidade do delito imputado.

• Não cabe HC contra decisão que determina o afastamento ou a perda do exercício da função pública.

• Não cabe habeas corpus para discutir processo criminal envolvendo o art. 28 da LD.

• Não cabe HC para obter direito à visita íntima/autorização de visita.

• Não cabimento de habeas corpus contra decisão do Ministro do STJ que nega a liminar em ação cautelar.

• Não cabimento de HC para trancar impeachment.

• Não cabe habeas corpus para reexame dos pressupostos de admissibilidade dos recursos.

• Para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente em homicídio praticado na direção de veículo
automotor.

• Não cabe habeas corpus quando não está em jogo a liberdade de locomoção.

• Não cabe habeas corpus para excluir qualificadora que não era manifestamente improcedente.

• Não cabe habeas corpus para discutir tipificação dos fatos.

• Não cabe habeas corpus para rediscutir dosimetria.

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#DIVERGÊNCIA:
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o
trancamento da ação penal? Com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava pendente
fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim?
• STJ: SIM. Fica prejudicado. A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas
corpus em que se busca o trancamento da ação penal. STJ. 6ª Turma. HC 495.148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 657).
• STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus. A aceitação do acordo de transação
penal não impede o exame de habeas corpus para questionar a legitimidade da persecução penal. Embora o
sistema negocial possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor gravidade, a barganha no
processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do acusado. Assim, o controle judicial
é fundamental para a proteção efetiva dos direitos fundamentais do imputado e para evitar possíveis abusos que
comprometam a decisão voluntária de aceitar a transação. Não há qualquer disposição em lei que imponha a
desistência de recursos ou ações em andamento ou determine a renúncia ao direito de acesso à Justiça. STF. 2ª
Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019.

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:

Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário,
proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.

Súmula 694-STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de
patente ou de função pública.

• O STF entende que nesses casos não há risco ou ameaça à liberdade de locomoção.

• Não caberá “habeas corpus” em relação a punições disciplinares militares (art. 142, § 2º, da CF/88).

#JÁCAIU1000vezes: Súmula 693-STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

Súmula 395-STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas,
por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.

Súmula 695-STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.

Súmula 692-STF: Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato
ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.

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7.2) Hipóteses de cabimento exemplificativas do CPP:

Observe os artigos a seguir:

Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.

8. Procedimento:

#MAPEIAOVADE:

CPP. Art. 654. § 1º. A petição de habeas corpus conterá:


a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência,
coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda
o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação
das respectivas residências.

Recebida a petição, a autoridade coatora será intimada para prestar informações escritas (art. 662):

Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1º, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade
indicada como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente
mandará preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a petição.

Em seguida, o MP terá vista dos autos, para parecer.

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Cabe medida liminar no seu procedimento?

Sim, desde que presentes os requisitos da urgência e plausibilidade jurídica.

#NOVIDADELEGISLATIVA: O habeas corpus impetrado contra ato de autoridade policial será julgado pelo juiz
de primeira instância. Inclusive, com o advento do pacote anticrime, o inciso XII do art. 3º-B do CPP dispõe que
compete ao juiz das garantias julgar HC impetrado antes do oferecimento da denúncia:
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguar-
da dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competin-
do-lhe especialmente:
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;

Importante destacar que, conforme o art. 581, inciso X, do CPP, o recurso contra a decisão que conceder
ou negar a ordem de habeas corpus é o recurso em sentido estrito (RESE), neste caso, trata-se de impugnação
de decisão de um juiz de primeira instância.

9. Habeas Corpus Coletivo:

Apesar de não haver previsão legal expressa, tanto o STF como o STJ têm admitido a impetração de habeas
corpus coletivo. Existem dois dispositivos legais que, indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus co-
letivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580, ambos do CPP:

Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus,
se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
Art. 654. §2º. Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no
curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

É possível fazer uma analogia com o mandado de segurança de natureza coletivo previsto no art. 5º,
LXX, da CF/88.

Além disso, no âmbito internacional, o art. 25, 1, da Convenção Americana de Direitos Humanos, garante o
emprego de um instrumento processual simples, rápido e efetivo para tutelar a violação de direitos fundamentais
reconhecidos pela Constituição, pela Lei ou pela citada Convenção.

A reunião, em um único processo, de questões que poderiam estar diluídas em centenas de habeas corpus
implica economia de tempo, de esforço e de recursos, atendendo, assim, ao crescente desafio de tornar a presta-
ção jurisdicional mais célere e mais eficiente. Trata-se de uma forma de prestigiar a isonomia na prestação jurisdi-
cional e de facilitar o acesso à Justiça.

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Quem são os legitimados?

Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art. 12 da Lei
nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo.

Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo:

1) o Ministério Público;

2) o partido político com representação no Congresso Nacional;

3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há


pelo menos 1 (um) ano;

4) a Defensoria Pública.

#DEOLHONAJURIS: A 2ª Turma do STF, no julgamento do HC 143.641, entendeu cabível a impetração cole-


tiva de habeas corpus e, por maioria, concedeu a ordem para determinar a substituição da prisão preven-
tiva pela domiciliar — sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319
do CPP — de todas as mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e deficientes sob sua
guarda, (...), excetuados os casos de crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus
descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas
pelos juízes que denegarem o benefício.
A Turma, ainda, estendeu a ordem, de ofício, às demais mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crian-
ças e de pessoas com deficiência, bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas em idêntica
situação no território nacional, observadas as restrições previstas acima. STF. 2ª Turma.HC 143641/SP. Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
Observação: A Lei nº 13.769/2018 positivou no CPP o entendimento manifestado pelo STF: Art. 318-A. A prisão
preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência
será substituída por prisão domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça
a pessoa; II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
#APOSTACICLOS: STF deferiu medida liminar em habeas corpus coletivo impetrado pela DPU para determinar
que os juízes e Tribunais do país cumpram a Recomendação 62/2020 do CNJ e adotem uma série de medidas
para evitar a propagação da Covid-19 nos estabelecimentos prisionais.
Diante da persistência do quadro pandêmico de emergência sanitária decorrente da Covid-19 e presentes a
plausibilidade jurídica do direito invocado, bem como o perigo de lesão irreparável ou de difícil reparação a
direitos fundamentais das pessoas levadas ao cárcere, admite-se — analisadas as peculiaridades dos proces-
sos individuais pelos respectivos juízos de execução penal, e desde que presentes os requisitos subjetivos — a
adoção de medidas tendentes a evitar a infecção e a propagação da Covid-19 em estabelecimentos prisionais,
dentre as quais a progressão antecipada da pena. STF. 2ª Turma. HC 188820 MC-Ref/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 24/2/2021 (Info 1006).

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10. Jurisprudência em Teses do STJ3

Pessoal, a banca CESPE ama cobrar esses entendimentos:

1) O STJ não admite que o remédio constitucional seja utilizado em substituição ao recurso próprio (apelação,
agravo em execução, recurso especial), tampouco à revisão criminal, ressalvadas as situações em que, à vista da
flagrante ilegalidade do ato apontado como coator, em prejuízo da liberdade da paciente, seja cogente a con-
cessão, de ofício, da ordem de habeas corpus.

2) O conhecimento do habeas corpus pressupõe prova pré-constituída do direito alegado, devendo a parte
demonstrar de maneira inequívoca a pretensão deduzida e a existência do evidente constrangimento ilegal.

3) O trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é medida excepcional, admissível apenas quando
demonstrada a falta de justa causa (materialidade do crime e indícios de autoria), a atipicidade da conduta ou a
extinção da punibilidade.

4) O reexame da dosimetria da pena em sede de habeas corpus somente é possível quando evidenciada flagrante
ilegalidade e não demandar análise do conjunto probatório.

5) O habeas corpus é ação de rito célere e de cognição sumária, não se prestando a analisar alegações relativas
à absolvição que demandam o revolvimento de provas.

6) É incabível a impetração de habeas corpus para afastar penas acessórias de perda de cargo público ou gradua-
ção de militar imposta em sentença penal condenatória, por não existir lesão ou ameaça ao direito de locomoção.

Súmula 694-STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de
patente ou de função pública.

7) O habeas corpus não é a via adequada para o exame aprofundado de provas a fim de averiguar a condição
econômica do devedor, a necessidade do credor e o eventual excesso do valor dos alimentos, admitindo-se nos
casos de flagrante ilegalidade da prisão civil.

3  EDIÇÃO N. 36:

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8) Não obstante o disposto no art. 142, § 2º, da CF, admite-se habeas corpus contra punições disciplinares
militares para análise da regularidade formal do procedimento administrativo ou de manifesta teratologia.

9) A ausência de assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo na inicial de habeas corpus inviabiliza o seu
conhecimento, conforme o art. 654. § 1º, “c”, do CPP.

10) É cabível habeas corpus preventivo quando há fundado receio de ocorrência de ofensa iminente à liberdade
de locomoção.

11) Não cabe habeas corpus contra decisão que denega liminar, salvo em hipóteses excepcionais, quando
demonstrada flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão impugnada, sob pena de indevida supressão de ins-
tância, nos termos da Súmula n. 691/STF.

12) O julgamento do mérito do habeas corpus resulta na perda do objeto daquele impetrado na instância supe-
rior, na qual é impugnada decisão indeferitória da liminar.

13) Compete aos Tribunais de Justiça ou aos Tribunais Regionais Federais o julgamento dos pedidos de habeas
corpus quando a autoridade coatora for Turma Recursal dos Juizados Especiais.

14) A jurisprudência do STJ admite a reiteração do pedido formulado em habeas corpus com base em fatos ou
fundamentos novos.

15) O agravo interno não é cabível contra decisão que defere ou indefere pedido de liminar em habeas corpus.

16) O habeas corpus não é via idônea para discussão da pena de multa ou prestação pecuniária, ante a ausência
de ameaça ou violação à liberdade de locomoção.

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FICA A DICA

Súmula 693-STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

17) O habeas corpus não pode ser impetrado em favor de pessoa jurídica, pois o writ tem por objetivo salvaguardar
a liberdade de locomoção.

18) A jurisprudência tem excepcionado o entendimento de que o habeas corpus não seria adequado para
discutir questões relativas à guarda e adoção de crianças e adolescentes.

MANDADO DE SEGURANÇA

1. Conceito:

O mandado de segurança, criação brasileira, é uma ação constitucional de natureza civil, qualquer que seja a do
ato impugnado, seja ele administrativo, seja ele jurisdicional, criminal, eleitoral, trabalhista etc.

2. Previsão:

#MAPEIAOVADE:

CF/88. Art. 5º. LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não ampara-
do por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autori-
dade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Lei n. 12.016/09. Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não ampara-
do por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física
ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e
sejam quais forem as funções que exerça.

Depois que foi superada a doutrina brasileira do habeas corpus, ganhou força o mandado de segurança,
remédio constitucional criado no Brasil e positivado na Constituição de 1934.

Lembre-se de que o direito líquido e certo é aquele que pode ser demonstrado de plano mediante prova
pré-constituída, sem a necessidade de dilação probatória.

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FICA A DICA

3. Natureza Jurídica:

É um instituto híbrido, que circunda diversos ramos do direito. A doutrina classifica o MS como uma ação
civil com procedimento sumarizado, além de ser um remédio constitucional.

#JÁCAIU: A natureza de ação civil não se desnatura em hipótese alguma, ainda que seja impetrado no curso de
uma ação penal ou eleitoral, por exemplo.

4. Legitimidade:

O legitimado ativo (impetrante) é o detentor de “direito líquido e certo não amparado por habeas corpus
ou habeas data”. Assim, dentro desse rol incluem-se: pessoas físicas (brasileiras ou não, residentes ou não, domi-
ciliadas ou não), jurídicas, órgãos públicos despersonalizados, porém com capacidade processual (Chefias dos
Executivos, Mesas do Legislativo), universalidades de bens e direitos (espólio, massa falida, condomínio), agentes
políticos (governadores, parlamentares), o Ministério Público etc.

Art. 1º. (...). § 3º. Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer
o mandado de segurança.
Art. 3º. O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar
mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias,
quando notificado judicialmente.
Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta
Lei, contado da notificação.

Já o legitimado passivo (impetrado) é a autoridade coatora, responsável pela ilegalidade ou abuso


de poder, autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Veja o que diz a lei do MS:

Lei n. 12.016/09.
Art. 1º. (...) §1º. Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos
políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas
naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
Art. 2º. Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o
qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada.
Art. 6º. (...) § 3º. Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
emane a ordem para a sua prática.

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O STF já decidiu que o Presidente da República é parte legítima para figurar como autoridade coatora em
MS.

#JÁCAIU: Se o ato questionado em mandado de segurança tiver sido assinado por determinada autoridade em
decorrência de delegação (delegação de assinatura), a autoridade que delegou os atos de representação mate-
rial à autoridade delegada não perderá a legitimidade passiva para o mandamus.
#APOSTACICLOS. TEORIA DA ENCAMPAÇÃO: é o ingresso da autoridade coatora correta ou da pessoa
jurídica a que ela pertença no feito para suprimir o vício e, em decorrência permite o julgamento do
mandado de segurança.
Nesse caso, deve o juiz determinar a emenda da inicial ou, na hipótese de erro escusável, corrigi-lo de ofício, e
não extinguir o processo sem julgamento do mérito, apesar da autoridade coatora ser incorreta poderia pros-
seguir pela pessoa jurídica.
Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes, cumulati-
vamente, os seguintes requisitos:
a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do
ato impugnado;
b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e
c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.
#NÃOCONFUNDA: A Teoria da Encampação aqui é diferente da encampação no Direito Administrativo, pois
neste a encampação é a retomada coercitiva do serviço pelo poder concedente.
#DEOLHONAJURIS: O rito procedimental do mandado de segurança é incompatível com a intervenção de
terceiros, conforme se extrai do art. 24 da Lei nº 12.016/09, ainda que na modalidade de assistência litisconsor-
cial. STJ. 1ª Seção. AgInt na PET no MS 23.310/DF, Rel. Min. Aussete Magalhães, julgado em 28/04/2020. STF. 2ª
Turma. RExt-AgR-ED 1.046.278/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 06/11/2020.

5. Competência:

A competência para processar e julgar o mandado de segurança dependerá da categoria da autoridade


coatora e sua sede funcional, sendo definida nas leis infraconstitucionais, bem como na própria CF.

Quando houver mais de uma autoridade coatora, serão demandados no foro de qualquer uma delas, na
escolha do impetrante.

Caso uma das autoridades tenha maior hierarquia com privilegio de foro, este determinará a competência.

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#SELIGANASÚMULA:
• Súmula 41 STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar e julgar, originariamente,
mandado de segurança contra ato de outros tribunais ou dos Respectivos órgãos (compete ao próprio TJ ou
TRF).
• Súmula 376 STJ: Compete a Turma Recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado
especial.
• Súmula 330 STF: O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer de mandado de segurança
contra atos dos tribunais de Justiça dos Estados.
• Súmula 624 STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segu-
rança contra atos de outros tribunais.

6. Classificação:

O mandado de segurança pode ser:

a) repressivo de ilegalidade ou abuso de poder já praticados;

b) preventivo: quando estivermos diante de ameaça a violação de direito líquido e certo do impetrante.

7. Prazo decadencial:

O prazo para impetração do mandado de segurança, de acordo com o art. 23 da lei, é de 120 dias, contado
da ciência, pelo interessado, do ato a ser impugnado.

• Súmula 430 STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de
segurança.
• Súmula 632 STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de se-
gurança.
É constitucional o art. 23 da Lei nº 12.016/2009, que fixa o prazo decadencial de 120 dias para a impetração de
mandado de segurança. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre
de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).
#DEOLHONAJURIS. O STF já relativizou o prazo de 120 dias do MS em nome da segurança jurídica:
Em outubro/2004, a parte impetrou mandado de segurança no STF. O writ foi proposto depois que já havia se
passado mais de 120 dias da publicação do ato impugnado. Dessa forma, o Ministro Relator deveria ter extingui-
do o mandado de segurança sem resolução do mérito pela decadência. Ocorre que o Ministro não se atentou
para esse fato e concedeu a liminar pleiteada. Em março/2017, a 1ª Turma do STF apreciou o mandado de se-
gurança.

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O que fez o Colegiado? Extinguiu o MS sem resolução do mérito em virtude da decadência?


NÃO. A 1ª Turma do STF reconheceu que o MS foi impetrado fora do prazo, no entanto, como foi concedida li-
minar e esta perdurou por mais de 12 anos, os Ministros entenderam que deveria ser apreciado o mérito da ação,
em nome da segurança jurídica. STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/3/2017
(Info 859).
- O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor de vantagem inte-
grante de proventos ou de remuneração de servidor público renova-se mês a mês.
A redução, ao contrário da supressão de vantagem, configura relação de trato sucessivo, pois não equivale à ne-
gação do próprio fundo de direito. Assim o prazo decadencial para se impetrar a ação mandamental renova-se
mês a mês.
• Ato que SUPRIME vantagem: é ato ÚNICO (o prazo para o MS é contado da data em que o prejudicado
tomou ciência do ato).
• Ato que REDUZ vantagem: consiste em prestação de TRATO SUCESSIVO (o prazo para o MS renova-se mês
a mês).
STJ. Corte Especial. EREsp 1.164.514-AM, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/12/2015 (Info 578).

#LOUCOSPORTABELAS:

ATO QUE REAJUSTA BENEFÍCIO


ATO QUE SUPRIME VANTAGEM ATO QUE REDUZ VANTAGEM EM VALOR INFERIOR AO DEVI-
DO
Ato único. Prestação de trato sucessivo. Prestação de trato sucessivo.
O prazo para o MS é contado da
O prazo para o MS renova-se O prazo para o MS renova-se
data em que o prejudicado toma
mês a mês (periodicamente). mês a mês (periodicamente).
ciência do ato.

8. Objeto:

a) atos normativos concretos: produzem efeitos diretos no campo da vida, podendo sua edição gerar lesão ao
jurisdicionado, podendo ser utilizado o MS. Os atos normativos abstratos não podem ser impugnados via MS.

Súmula 266 do STF: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.
#EXCEÇÃO: quando a lei tiver efeitos concretos. Ex. uma lei que concede isenções fiscais, um decreto que de-
sapropria bens etc.

b) Ato judicial: para conhecimento da impetração, exige-se a cumulação de três requisitos:

• Inexistência de instrumento recursal idôneo;

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• Não formação da coisa julgada;

• Teratologia na decisão atacada ou manifestamente ilegal.

Súmula 202 do STJ: A impetração de mandado de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona
a interposição de recurso.

9. Não cabe MS quando se tratar:

a) De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

b) De decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo (Súmula 267 - STF);

c) De decisão judicial transitada em julgado (Súmula 268 - STF);

#DEOLHONAJURIS: No entanto, se a impetração do mandado de segurança for anterior ao trânsito em julgado


da decisão questionada, mesmo que venha a acontecer, posteriormente, o mérito do MS deverá ser julgado, não
podendo ser invocado o seu não cabimento ou a perda de objeto. STJ. Corte Especial. EDcl no MS 22.157-DF, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/03/2019 (Info 650).
Somente se admite a impetração de MS contra ato judicial se houver abusividade, teratologia, a existência de
dano irreparável ou de difícil reparação, decorrente da prática do ato judicial impugnado, desde que não seja
possível a interposição de recurso passível de atribuição de efeito suspensivo. STJ. Corte Especial. AgRg no MS
17857-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 7/11/2012.

d) De ato “interna corporis” do Poder Legislativo;

e) De “lei em tese” (Súmula 266 - STF).

Art. 1º. § 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos adminis-
tradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

Segundo o STF, é CONSTITUCIONAL o art. 1º, § 2º da Lei nº 12.016/2019:

#DEOLHONAJURIS: Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados por adminis-
tradores de empresas públicas, sociedades de economia mista e concessionárias de serviço público.
Vamos entender:
#AJUDAMARCINHO: Segundo o art. 5º, LXIX, da CF/88, o ajuizamento do mandado de segurança somente é
cabível contra atos praticados no desempenho de atribuições do poder público:

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Atos de gestão comercial são atos estranhos à ideia da delegação do serviço público em si. Esses atos se desti-
nam à satisfação de interesses privados na exploração de atividade econômica, submetendo-se a regime jurídico
próprio das empresas privadas.
Em palavras mais simples, se um administrador de empresa pública, sociedade de economia mista ou concessio-
nária de serviço público pratica um ato de gestão comercial, ele não está atuando “no exercício de atribuições do
Poder Público”. A gestão comercial dessas empresas é assunto de caráter nitidamente privado. Logo, não cabe
realmente mandado de segurança por força da própria previsão constitucional.
A despeito de não ter sido mencionada pelo STF, vale a pena recordarmos a Súmula 333 do STJ, cuja redação é
a seguinte:
Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por socie-
dade de economia mista ou empresa pública.
Esse enunciado permanece válido mesmo com o art. 1º, § 2º da Lei nº 12.016/2009. Isso porque os atos pratica-
dos em licitação possuem natureza jurídica de atos administrativos (e não de atos de gestão comercial).

- Mandado de segurança contra Projeto de Lei ou Emenda Constitucional: trata-se de um dos exemplos
clássicos de controle de constitucionalidade preventivo em concreto, tendo por legitimado ativo exclusivo o
parlamentar, isso porque o direito público subjetivo de participar de um processo legislativo hígido (devido proces-
so legislativo) pertence somente aos membros do Poder Legislativo.

A jurisprudência do STF consolidou-se no sentido de negar legitimidade ativa ad causam a terceiros, que não
ostentem a condição de parlamentar, ainda que invocando a sua potencial condição de destinatários da futura lei
ou emenda à Constituição, sob pena de indevida transformação em controle preventivo de constitucionalidade em
abstrato, inexistente em nosso sistema constitucional.

Cabe lembrar que a perda superveniente do mandato faz com que seja extinto o MS, por ilegitimidade ativa,
já que o mandamus não pode impugnar leis em tese, papel exercido ações de controle concentrado. Em
regra, o MS não pode tratar sobre o mérito do projeto de lei ou emenda, salvo se for PEC que busque abolir
direito fundamental.

#EMRESUMO:

a) em relação a projeto de lei, o controle judicial não analisará a matéria, mas apenas o processo legislativo;

b) em relação à PEC, o controle será um pouco mais amplo, abrangendo não apenas a regularidade de procedi-
mento, mas também, a matéria, permitindo o trancamento da tramitação de PEC que tenda a abolir cláusula pétrea.

#DEOLHONAJURIS: O mandado de segurança não é o instrumento processual adequado para o controle


abstrato de constitucionalidade de leis e atos normativos. STF. 2ª Turma. RMS 32.482/DF, rel. orig. Min. Teori
Zavaski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 21/8/2018 (Info 912).

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FICA A DICA

Vale ressaltar, no entanto, que é possível a declaração incidental de inconstitucionalidade em MS:


É possível a declaração incidental de inconstitucionalidade, em mandado de segurança, de quaisquer
leis ou atos normativos do Poder Público, desde que a controvérsia constitucional não figure como pe-
dido, mas sim como causa de pedir, fundamento ou simples questão prejudicial, indispensável à resolução do
litígio principal. STJ. 2ª Turma. RMS 31.707-MT, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª
Região), julgado em 13/11/2012.

#SELIGA: O MS não é substitutivo de ação de cobrança (Súmula 269 do STF) e a sua concessão não produz efei-
tos patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via
judicial própria (Súmula 271 do STF). No mesmo sentido, o art. 14, §4º, da Lei 12.016/09.

10. Procedimento:

Candidato(a), atente-se para a “cola lícita” a seguir. Não perde tempo e #MAPEIAOVADE.

Requisitos da petição inicial:

Art. 6º. A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresen-
tada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além
da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce
atribuições.
§1º. No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público
ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente,
por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da
ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.
§2º. Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instru-
mento da notificação.

#JÁCAIU: O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a deci-
são denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

#ATENÇÃO para o dispositivo a seguir:

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segu-
rança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração.

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§1º. Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá APELAÇÃO e, quando a competência
para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator
caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre. #JÁCAIU
§2º. O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial.

#DISCURSIVA: Mais uma vez, atente-se para essa cola lícita sobre os pedidos, prevista no art. 7º:

#MAPEIAOVADE:

Art. 7º. Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:


I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as
cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações;
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, envian-
do-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito;
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impug-
nado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante
caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

#ATENÇÃO #APOSTACICLOS: É CONSTITUCIONAL o art. 7º, III, da Lei nº 12.016/2019.


O juiz tem a faculdade de exigir caução, fiança ou depósito para o deferimento de medida liminar em
mandado de segurança, quando verificada a real necessidade da garantia em juízo, de acordo com as circuns-
tâncias do caso concreto.
No exercício do seu poder geral de cautela, o magistrado pode analisar se determinado caso específico exige
caução, fiança ou depósito.
A caução, fiança ou depósito previstos no art. 7º, III, da Lei nº 12.016/2019 configuram mera faculdade, que pode
ser exercida se o magistrado entender ser necessária para assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.
Não se trata, portanto, de um obstáculo ao poder geral de cautela, mas uma faculdade que vai ao encontro do
art. 300, § 1º, do CPC:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória
idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se
a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
(...) STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado
em 9/6/2021 (Info 1021).

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Dando continuidade:

Art. 7º. (...) §1º. Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá AGRAVO de
instrumento, observado o disposto no Código de Processo Civil.
§2º. Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a
entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e
a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

#PROVADISCURSIVA: É INCONSTITUCIONAL ato normativo que vede ou condicione a concessão de me-


dida liminar na via mandamental. É inconstitucional o art. 7º, § 2º da Lei nº 12.016/2009.
O STF considerou inconstitucional impedir ou condicionar a concessão de medida liminar, o que caracteriza
verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito líquido e certo do impetrante.
A Corte concluiu que:
É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida liminar na via
mandamental. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Mo-
raes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).
ATENÇÃO! Em virtude dessa decisão do STF, fica superada a Súmula 212 do STJ:
Súmula 212-STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida
liminar cautelar ou antecipatória. (entendimento superado)

O MP deve ser intimado para, no prazo improrrogável de 10 dias, oferecer opinativo:

Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7º desta Lei, o juiz ouvirá o representante do
Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a
qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.

Todavia, perceba que o STF já relativizou tal dispositivo:

#DEOLHONAJURIS. Em regra, é indispensável a intimação do Ministério Público para opinar nos proces-
sos de mandado de segurança, conforme previsto no art. 12 da Lei nº 12.016/2009.
No entanto, a oitiva do Ministério Público é desnecessária quando se tratar de controvérsia acerca da qual o
tribunal já tenha firmado jurisprudência.
Assim, não há qualquer vício na ausência de remessa dos autos ao Parquet que enseje nulidade processual se já
houver posicionamento sólido do Tribunal. Nesses casos, é legítima a apreciação de pronto pelo relator. STF. 2ª
Turma. RMS 32482/DF, rel. orig. Min. Teori Zavaski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 21/8/2018 (Info
912).

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FICA A DICA

Além disso, importante destacar que concedida a segurança, porque vencida a Administração Pública, a senten-
ça mandamental encontra-se sujeita ao reexame obrigatório, com exceção das hipóteses dos §§3º e 4º do 496
do NCPC, quais sejam:

§ 3º. Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na
causa for de valor certo e líquido inferior a:
I – 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
II – 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações
de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
III – 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito
público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I – súmula de tribunal superior;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de re-
cursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente públi-
co, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

E qual é o recurso cabível?

Caberá APELAÇÃO, nos termos do art. 14:

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.


§1º. Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.
§2º. Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

Caso o MS seja de competência originária de Tribunal:

• Concedida segurança: RE ou RESP;

• Denegada segurança ou extinto sem mérito: ROC.

• Em se tratando de erro grosseiro, o STF não tem aplicado o princípio da fungibilidade recursal às hipóteses
em que se interpõe RE ou RESP ao invés de ROC.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não é cabível a interposição de recurso ordinário contra decisão monocrá-


tica do relator no Tribunal que denegou o MS. 

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FICA A DICA

O recurso ordinário constitucional, na hipótese do art. 105, II, b, da CF, dirige-se contra os mandados de se-
gurança decididos em única instância pelos TRF’s ou pelos TJ’s, quando denegatória a decisão.  Decisão de
“tribunal” não é a monocrática exarada por um dos desembargadores, mas sim acórdão de um de seus
órgãos fracionários. Logo, se o mandado de segurança foi denegado por um Desembargador em decisão
monocrática, faz-se necessária, antes da interposição do recurso ordinário, a prévia propositura de agra-
vo regimental, sob pena de ofensa ao princípio da colegialidade. STJ. 3ª Turma. AgRg na MC 19.774-SP, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 2/10/2012.

#LOUCOSPORTABELAS:

ROC A SER JULGADO PELO STJ ROC A SER JULGADO PELO STF

I – Caberá ROC para o STF se qualquer Tribunal Su-


perior denegar (ou seja, julgar contra o autor de):
I – Caberá ROC para o STJ se qualquer  TRF ou
TJ denegar (ou seja, julgar contra o autor de): ·Habeas corpus
·Habeas corpus ·Mandado de segurança
·Mandado de segurança ·Mandado de injunção
·Habeas data

II – Caberá ROC para o STJ se qualquer  juiz fede-


ral julgar uma causa que envolva:
·Estado estrangeiro X Município brasileiro
·Estado estrangeiro X pessoa residente ou
domiciliada no país
II – Caberá ROC para o STF em caso de qualquer juiz
·Organismo internacional X Município brasileiro federal julgar crime político.
·Organismo internacional X pessoa residente ou Os crimes políticos são julgados por juiz federal (art.
domiciliada no país 109, IV, CF). Neste caso, o recurso contra a decisão do
Exemplos de organismo internacional: ONU, Unesco, juiz federal é o ROC, interposto diretamente no STF
Cruz Vermelha. (a questão não passará pelo TRF).

Obs: as causas entre Estado estrangeiro ou organis-


mo internacional e Município ou pessoa domiciliada
ou residente no País são julgadas pelo juiz federal
(art. 109, II, CF). Neste caso, o recurso contra a deci-
são do juiz federal nessas causas é o ROC, interposto
diretamente no STJ (a questão não passará pelo TRF).

Súmula 272 STF: Não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisão denegatória de mandado
de segurança.

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FICA A DICA

Vale lembrar que aqui a sentença tem a peculiaridade de não admitir a condenação do vencido ao paga-
mento de honorários advocatícios:

Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a con-
denação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância
de má-fé.

O STF declarou a constitucionalidade desse dispositivo:

#DEOLHONAJURIS: É constitucional o art. 25 da Lei nº 12.016/2009, que prevê que não cabe, no processo de
mandado de segurança, a condenação em honorários advocatícios.
A Corte possui entendimento sumulado, no sentido de que não cabem honorários de sucumbência na via
mandamental:
Súmula 512-STF: Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança.

O STJ também comunga da mesma posição:


Súmula 105-STJ: Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios.

#SELIGA: O art. 25 veda exclusivamente honorários sucumbenciais, não tratando sobre honorários ad-
vocatícios contratuais. Assim, é lícita a cobrança, por parte do advogado, de honorários ajustados com o seu
cliente por meio de contrato. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Ale-
xandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).

E como ocorrerá a execução da sentença?

Observe o que diz a lei:

Art. 14. §3º. A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo
nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.
§4º. O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de
mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e
municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do
ajuizamento da inicial.

O que esse §4º quer dizer é que valores anteriores à propositura não podem ser exigidos no mandado de
segurança. Existem duas súmulas do STF que espelham este entendimento:

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Súmula 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.


Súmula 271-STF: Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais, em relação a período
pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria.

Assim, o pagamento de verbas atrasadas, em sede de mandado de segurança, restringe-se às parcelas exis-
tentes entre a data da impetração e a concessão da ordem.

Cabe à parte impetrante, após o trânsito em julgado da sentença mandamental concessiva, ajuizar nova de-
manda de natureza condenatória para reivindicar os valores vencidos em data anterior à impetração do mandado
de segurança.

Nesse sentido, veja como decidiu o STJ:

#DEOLHONAJURIS: Segundo a atual e predominante jurisprudência do STJ, os efeitos financeiros, por ocasião
da concessão da segurança, devem retroagir à data de sua impetração, devendo os valores pretéritos
ser cobrados em ação própria. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1481406/GO, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
17/04/2018.

É possível desistir do MS?

Sim, apresentada a desistência, total ou parcial, deve ser ela homologada independentemente da exis-
tência de consentimento da parte demandada.

#DEOLHONAJURIS: É possível que o impetrante desista do MS após já ter sido prolatada sentença de
mérito?
Em regra, SIM. Existem julgados do STF e STJ admitindo (STF. RE 669367/RJ, Min. Rosa Weber, julgado em
02/05/2013; STJ. 2ª Turma. REsp 1.405.532-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/12/2013. Info 533 .
O entendimento acima parecia consolidado. Ocorre que, em um caso concreto noticiado no Informativo 781 o
STF afirmou que não é cabível a desistência de mandado de segurança, nas hipóteses em que se discute
a exigibilidade de concurso público para delegação de serventias extrajudiciais, quando na espécie já
houver sido proferida decisão de mérito, objeto de sucessivos recursos.
No caso concreto o pedido de desistência do MS foi formulado após o impetrante ter interposto vários recursos
sucessivos (embargos de declaração e agravos regimentais), todos eles julgados improvidos. Dessa forma o Mi-
nistro Relator entendeu que tudo levaria a crer que o objetivo do impetrante ao desistir seria o de evitar
o fim da discussão com a constituição de coisa julgada. Com isso, ele poderia propor uma ação ordinária
em 1ª instância e, assim, perpetuar a controvérsia, ganhando tempo antes do desfecho definitivo con-
trário. Assim, com base nessas peculiaridades, a 2ª Turma do STF indeferiu o pedido de desistência. STF.
2ª Turma MS 29093 ED-ED-AgR/DF MS 29129 ED-ED-AgR/DF MS 29189 ED-ED-AgR/DF MS 29128 ED-ED-AgR/
DF MS 29130 ED-ED-AgR/DF MS 29186 ED-ED-AgR/DF MS 29101 ED-ED-AgR/DF MS 29146 ED-ED-AgR/DF, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgados em 14/4/2015 (Info 781).

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Para finalizar esse tópico, observe os dispositivos a seguir:

Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso es-
pecial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada.
#JÁCAIU: Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não im-
pedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.
Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos
judiciais, salvo habeas corpus.
(...)

11. Pedido de Suspensão:

O pedido de suspensão é um instrumento processual (incidente processual) por meio do qual as pessoas
jurídicas de direito público ou o Ministério Público requerem ao Presidente do Tribunal que for competente
para o julgamento do recurso que suspenda a execução de uma decisão, sentença ou acórdão proferidos, sob o
argumento de que esse provimento jurisdicional prolatado causa grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
economia públicas.

Qual a sua natureza jurídica?

Prevalece que se trata de um “incidente processual”.

E onde está previsto?

Há cinco diferentes dispositivos legais prevendo pedido de suspensão:

· art. 12, § 1º da Lei nº 7.347/85(suspensão de liminar em ACP);

· art. 4º da Lei nº 8.437/92(suspensão de liminar ou sentença em ação cautelar, em ação popular ou em ACP).
É considerada pela doutrina como a previsão mais geral sobre o pedido de suspensão;

· art. 1º da Lei nº 9.494/97(suspensão de tutela antecipada concedida contra a Fazenda Pública);

· art. 16 da Lei nº 9.507/97(suspensão da execução de sentença concessiva de habeas data);

· art. 15 da Lei nº 12.016/09(suspensão de liminar e sentença no mandado de segurança).

No caso do MS, observe o que dispõe o art. 15:

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Art. 15. Quando, a REQUERIMENTO de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério
Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do
tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução
da liminar e da sentença, dessa decisão caberá AGRAVO, SEM EFEITO SUSPENSIVO, no prazo de 5 (cinco)
dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.
§ 1º Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo
pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou ex-
traordinário.
§ 2º É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1º deste artigo, quando negado provimento a
agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.
§ 3º A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e
seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.
§ 4º O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a
plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.
§ 5º As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente
do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido
original.

Quem pode formular pedido de suspensão?

a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios;

b) autarquias e fundações;

c) Ministério Público;

d) concessionárias de serviço público (desde que para tutelar o interesse público primário).

É possível analisar o mérito?

NÃO. Na análise do pedido de suspensão, é vedado o exame do mérito da demanda principal. O que será
examinado pelo Tribunal é se a decisão prolatada acarreta risco de grave lesão à:

a) ordem;

b) saúde;

c) segurança; ou

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d) economia públicas.

Nesse sentido, decidiu o STJ:

#DEOLHONAJURIS: O incidente da suspensão de liminar e de sentença, por não ser sucedâneo recursal, é
inadequado para a apreciação do mérito da controvérsia STJ. Corte Especial. AgInt na SLS 2.564/SP, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 27/10/2020.
A suspensão de liminar e de sentença limita-se a averiguar a possibilidade de grave lesão à ordem, à segurança,
à saúde e à economia públicas. Os temas de mérito da demanda principal não podem ser examinados
nessa medida, que não substitui o recurso próprio. (AgRg na SLS 1.135/MA, Rel. Ministro PRESIDENTE DO
STJ, Rel. p/ Acórdão Ministro CESAR ASFOR ROCHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 12/04/2010, DJe 20/05/2010)

Contudo, cuidado:
APESAR DE NÃO SE EXAMINAR O MÉRITO, DEVE SER REALIZADO UM JUÍZO MÍNIMO DE DELIBAÇÃO
Mesmo sendo vedado ao Presidente do Tribunal examinar o mérito da demanda principal, é preciso, para que se
conceda a suspensão de liminar, que haja um mínimo de plausibilidade na tese da Fazenda Pública, porque
o pedido de suspensão funciona como uma contracautela, devendo, por isso, demonstrar fumus boni
iuris e periculum in mora inverso:
(...) 1. A jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal Federal permite o proferimento de um juízo mínimo de
delibação, no que concerne ao mérito objeto do processo principal, quando da análise do pedido de suspen-
são de decisão (SS 846-AgR/DF, rel. Ministro Sepúlveda Pertence, DJ 29.5.96; SS 1.272-AgR, rel. Ministro Carlos
Velloso, DJ 18.5.2001, dentre outros). (STA 73 AgR, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em
17/03/2008, DJe-078 DIVULG 30-04-2008 PUBLIC 02-05-2008 EMENT VOL-02317-01 PP-00001)

Cabimento:

O STJ entende que não é cabível a utilização da suspensão de segurança em demandas de natureza crimi-
nal, isto porque o cabimento de pedido de suspensão de segurança limita-se aos feitos de natureza cível:

“O cabimento de pedido de suspensão de segurança limita-se aos feitos de natureza cível. Não há previsão legal
para o manejo da contracautela com a finalidade de suspender a execução de decisões proferidas no transcurso
de procedimentos de índole penal”. (STJ. AgRg-SuspSeg 2.944. Proc. 2018/0044282-6/AM. Corte Especial. Relª
Min. Laurita Vaz; Julgado em 16/05/2018).

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De quem é a competência?

Observe a tabelinha a seguir:

A competência para apreciar o pedido de suspensão é do Presidente do Tribunal


que teria competência para julgar o recurso contra a decisão.
Decisão prolatada por Ex: concedida liminar por juiz federal do AM, o pedido de suspensão será julgado
juiz  de 1ª instância: pelo Presidente do TRF1.
Ex2: concedida liminar por juiz de direito do AM, o pedido de suspensão será julga-
do pelo Presidente do TJAM.
O pedido de suspensão será decidido pelo:
Decisão prolatada
por membro de TJ ou · Presidente do STF: se a matéria for constitucional.
TRF:
· Presidente do STJ: se a matéria for infraconstitucional.
Se a causa tiver fundamento constitucional, é possível o ajuizamento  de pedi-
Decisão prolatada por do de suspensão dirigido ao Presidente do STF.
membro de Tribunal
Superior: Se a causa não tiver fundamento constitucional, não há possibilidade  de  pedi-
do de suspensão.

#DEOLHONAJURIS: A competência do STJ para deliberar acerca de pedidos de suspensão de liminar está vincu-
lada à fundamentação de natureza infraconstitucional, com conteúdo materialmente federal, da causa de pedir.
STJ. Corte Especial. AgInt na SLS 2.249/GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 29/03/2017.

Qual é o prazo de duração do pedido de suspensão no MS?

A lei silencia, mas segundo a súmula 626 do STF:

Súmula 626 do STF: A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da
decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou,
havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida
coincida, total ou parcialmente, com o da impetração.

UFA! Já cansou? Respira fundo que ainda tem mais:

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MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

1. Previsão:

Artigo 5º, LXX, CF: o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LMS. Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária,
ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há,
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros
ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, DISPENSADA, para
tanto, autorização especial.

2. Objeto:

Ampara os interesses transindividuais, sejam os individuais homogêneos, sejam coletivos. O art. 21, parágrafo
único, da Lei n. 12.016/2009, na linha do que já conceituava o CDC, define:

Art. 21. (...) Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular
grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da ativ-
idade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

3. Legitimidade:

a) PARTIDO POLÍTICO com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos
a seus filiados ou à finalidade partidária (questões políticas);

b) ORGANIZAÇÃO SINDICAL legalmente constituída e atuando na defesa dos interesses de seus membros. No
RE 198.919 DF, o STF decidiu que a exigência de 1 ano de constituição diz respeito somente às associações, e não
aos sindicatos;

c) ENTIDADE DE CLASSE ou ASSOCIAÇÃO legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um)
ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma
dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial:

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Súmula 629 STF: a impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor de seus
associados independe da autorização destes.
Súmula 630 STF: a entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a preten-
são veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

#LOUCOSPORTABELAS:

As associações precisam de autorização específica de seus filiados para o ajuizamento de ações em de-
fesa destes?

Regra geral: SIM Exceção: MS coletivo

A autorização estatutária genérica conferida à asso-


ciação não é suficiente para legitimar a sua atuação No caso de impetração de mandado de segurança
em juízo na defesa de direitos de seus filiados. Para coletivo, a associação não precisa de autorização es-
cada ação, é indispensável que os filiados autorizem pecífica dos filiados.
de forma expressa e específica, a demanda.

O inciso XXI do art. 5º da CF/88 exige autorização O inciso LXX do art. 5º da CF/88 NÃO exige autori-
expressa. zação expressa.

Trata-se de hipótese de legitimação processual (a as- Trata-se de hipótese de legitimação extraordinária


sociação defende, em nome dos filiados, direito dos (substituição processual), ou seja, a associação de-
filiados que autorizaram). fende, em nome próprio, direito dos filiados.

#OLHAOGANCHO #TESEINSTITUCIONAL #DISCURSIVA: A legitimidade da Defensoria Pública para im-


petrar mandado de segurança coletivo
Apesar de não haver previsão legal expressa da legitimidade da Defensoria para a impetração de MSC, a doutri-
na defende a ampliação dos legitimados, para abarca-la: “(...) o constituinte dirigiu o Mandado de Segurança
Coletivo à correção da ilegalidade de autoridade pública, nas mãos da sociedade civil, em uma postura de
fortalecimento da participação democrática e da educação para a cidadania. Seguindo-se essa premissa, como
a legitimação constitucional confiada à Defensoria Pública está ligada à sua finalidade essencial, poderá ela
(a Defensoria Pública) ajuizar qualquer ação para tutela de interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos que tenham repercussão em interesses tutelados, do que se colhe a legitimidade para o
Mandado de Segurança Coletivo, ante a conjugação dos arts. 134 e 5º, LXXIV, da Constituição Federal,
à luz, ainda, do viés impingido pelas alterações dadas ao art. 4º. da Lei Complementar 80, de 1994, pela
Lei Complementar 132, de 2009.”

(...) Portanto, nada obsta que seja ampliada a legitimação para o Mandado de Segurança Coletivo, haja vista que
o catálogo de direitos, liberdades e garantias estatuído pela Constituição Federal não se limita à relação do art.
5º., como prescreve a norma do seu parágrafo segundo, quando anota que os direitos e garantias expressos na
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados.

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Seria, à evidência, mera ampliação legal do bloco de constitucionalidade, haja vista que a Constituição Federal
atribui à Defensoria Pública pertinência para pleitear judicialmente uma postura ativa em favor daqueles interes-
ses e, por conseguinte, em benefício da democracia participativa e do pleno acesso à justiça.
A contrário sensu, sujeitos indeterminados, necessitados organizacionais e vulneráveis de toda espécie ficariam
desatendidos face ao não acatamento da legitimidade propugnada, em nome de um interpretação formalista e
impeditiva da contemplação de pleito que visa a realização material de uma pretensão.
Trata-se, à evidência, de um microssistema acolhido pelo legislador, em especial no inciso VII de aludido artigo,
para dotar a Defensoria Pública de todos os instrumentos processuais e espécies de ações capazes de propiciar
a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos quando o resultado da demanda
puder beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes, de forma a deferir a necessidade de releitura do art. 5o. LXX,
no âmbito do sistema Constitucional de 1988 e do art. 21 da Lei 12.016/2009”4.

4. Coisa julgada e Litispendência:

Nos termos do art. 22 da LMS:

Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do
grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

No mandado de segurança coletivo, existe um aparente regramento próprio para a coisa julgada, limitada
aos mentos do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante (“ultra partes’’). A doutrina, porém, costuma enxer-
gar no comando um mero esclarecimento da natureza de substituição processual dos legitimados.

Sobre a litispendência, observe o §1º:

§1º. O mandado de segurança coletivo NÃO INDUZ litispendência para as ações individuais, mas os efeitos
da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a DESISTÊNCIA de seu man-
dado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva.

5. Medida liminar:

Ainda nos termos do art. 22 da LMS:

§2º. No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do represen-
tante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas)
horas.

4  BORGES, Felipe Dezorzi. A legitimidade da Defensoria Pública para o mandado de segurança coletivo. Disponível em: https://www.anadef.org.br/biblio-
teca/artigos/2514-a-legitimidade-da-defensoria-publica-para-o-mandado-de-seguranca- coletivo-

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Contudo, o STF declarou a inconstitucionalidade desse dispositivo, senão vejamos:

#DEOLHONAJURIS. É inconstitucional o § 2º do art. 22, que exigia a oitiva prévia do representante da pessoa
jurídica de direito público como condição para a concessão de liminar em mandado de segurança coletivo. Essa
previsão restringia o poder geral de cautela do magistrado.
Conforme argumentou o Min. Marco Aurélio:
“O preceito contraria o sistema judicial alusivo à tutela de urgência. Se esta surge cabível no caso concreto, é
impertinente, sob pena de risco do perecimento do direito, estabelecer contraditório ouvindo-se, antes de
qualquer providência, o patrono da pessoa jurídica. Conflita com o acesso ao Judiciário para afastar lesão ou
ameaça de lesão a direito”. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexan-
dre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).

Cabe sustentação oral?

Sim. Foi publicada a Lei nº 13.676/2018, que alterou a Lei nº 12.016/2009, para permitir a defesa oral do pe-
dido de liminar na sessão de julgamento do mandado de segurança.

Veja a nova redação do art. 16 da Lei do MS:

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo asse-
gurada a defesa oral na sessão do julgamento do mérito ou do pedido liminar.

Para finalizarmos o ponto sobre MS, vamos revisar a Jurisprudência em Teses do STJ (#CESPEAMA).

EDIÇÃO N. 43: MANDADO DE SEGURANÇA - I

1) A indicação equivocada da autoridade coatora não implica ilegitimidade passiva nos casos em que o equívoco
é facilmente perceptível e aquela erroneamente apontada pertence à mesma pessoa jurídica de direito público.

Essa tese deve ser lida à luz dos critérios fixados na Súmula 628 do STJ:

Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes, cumula-
tivamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações
e a que ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e
c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.

2) Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ele cabe o mandado de
segurança ou medida judicial. (Súmula n. 510/STF)

3) A teoria da encampação tem aplicabilidade nas hipóteses em que atendidos os seguintes pressupostos: subor-
dinação hierárquica entre a autoridade efetivamente coatora e a apontada na petição inicial, discussão do mérito
nas informações e ausência de modificação da competência.

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4) O Governador do Estado é parte ilegítima para figurar como autoridade coatora em mandado de segurança
no qual se impugna a elaboração, aplicação, anulação ou correção de testes ou questões de concurso público,
cabendo à banca examinadora, executora direta da ilegalidade atacada, figurar no polo passivo da demanda.

Cuidado com o seguinte entendimento: Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candida-
to em concurso público – em razão da subjetividade dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos
no edital – a legitimidade passiva será da entidade responsável pela elaboração do certame. STJ. 1ª Turma. REsp
1.425.594-ES, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 7/3/2017 (Info 600)

5) No Mandado de Segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo
penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo. (Súmula n. 701/STF).

Esse entendimento vale também para os prazos recursais. Assim, o início da contagem do prazo para inter-
posição da apelação conta-se da intimação da sentença, e não da juntada aos autos do mandado respectivo (STJ
HC 217.554/SC, julgado em 19/06/2012).

6) A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veicu-
lada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. (Súmula n. 630/STF)

7) A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados inde-
pende da autorização destes. (Súmula n. 629/STF)

8) A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso.
(Súmula n. 202/STJ). Válida. No entanto, fique atenta(o) exposta na Tese 9, abaixo.

9) A impetração de segurança por terceiro, nos moldes da Súmula n. 202/STJ, fica afastada na hipótese em
que a impetrante teve ciência da decisão que lhe prejudicou e não utilizou o recurso cabível.

10) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança, na hipótese de exclusão do
candidato do concurso público, é o ato administrativo de efeitos concretos e não a publicação do edital, ainda que
a causa de pedir envolva questionamento de critério do edital.

11) O prazo decadencial para impetração mandado de segurança contra ato omissivo da Administração
renova-se mês a mês, por envolver obrigação de trato sucessivo.

12) Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.
(Súmula n. 376/STJ)

• Mandado de segurança contra ato da Turma Recursal: competência da própria Turma Recursal.

• Habeas corpus contra ato da Turma Recursal: competência do TJ ou TRF.

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13) O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar e julgar, originariamente, mandado de
segurança contra ato de outros Tribunais ou dos respectivos órgãos. (Súmula n. 41/STJ)

Obs.: MS contra ato do TJ é julgado pelo próprio TJ.

14) Admite-se a impetração de mandado de segurança perante os Tribunais de Justiça para o exercício do
controle de competência dos juizados especiais.

É admitida a impetração de mandado de segurança perante os Tribunais de Justiça para o exercício


do controle de competência dos juizados especiais. Vale ressaltar, contudo, que compete às Turmas Re-
cursais, a teor do que dispõe a Súmula 376 do STJ, apreciar os mandados de segurança que tenham por
objetivo o controle de mérito dos atos de juizado especial (STJ. 1ª Turma. AgInt no RMS 57.285/DF, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 16/09/2019).

15) O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para processar e julgar, originariamente, mandado de segurança
contra ato de órgão colegiado presidido por Ministro de Estado. (Súmula n. 177/STJ)

EDIÇÃO N. 85: MANDADO DE SEGURANÇA - II

1) Compete à justiça federal comum processar e julgar mandado de segurança quando a autoridade apontada
como coatora for autoridade federal, considerando-se como tal também os dirigentes de pessoa jurídica de direito
privado investidos de delegação concedida pela União.

2) O impetrante pode desistir da ação mandamental a qualquer tempo antes do trânsito em julgado, in-
dependentemente da anuência da autoridade apontada como coatora.

3) Ante o caráter mandamental e a natureza personalíssima da ação, não é possível a sucessão de partes no
mandado de segurança, ficando ressalvada aos herdeiros a possibilidade de acesso às vias ordinárias.

Só é cabível sucessão processual em mandado de segurança quando o feito se encontrar já na fase de execução
(STJ. 1ª Seção. PET no MS 20.157/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/06/2019).

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4) O prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança tem início com a ciência inequívoca do ato
lesivo pelo interessado.

5) A verificação da existência de direito líquido e certo, em sede de mandado de segurança, não tem sido admitida
em recurso especial, pois é exigido o reexame de matéria fático-probatória, o que é vedado em razão da Súmula
n. 7/STJ.

6) A ação mandamental não constitui via adequada para o reexame das provas produzidas em Processo
Administrativo Disciplinar - PAD.

7) Não cabe mandado de segurança para conferir efeito suspensivo ativo a recurso em sentido estrito in-
terposto contra decisão que concede liberdade provisória ao acusado.

8) Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição. (Súmula n. 267/
STF)

9) A impetração de mandado de segurança contra ato judicial é medida excepcional, admissível somente
nas hipóteses em que se verifica de plano decisão teratológica, ilegal ou abusiva, contra a qual não caiba
recurso.

10) O cabimento de mandado de segurança contra decisão de órgão fracionário ou de relator do Superior
Tribunal de Justiça é medida excepcional autorizada apenas em situações de manifesta ilegalidade ou
teratologia.

11) Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. (Súmula n. 268/STF)

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12) É incabível mandado de segurança que tem como pedido autônomo a declaração de inconstitucionalidade de
norma, por se caracterizar mandado de segurança contra lei em tese. (Recurso Repetitivo - Tema 430)

13) É necessária a efetiva comprovação do recolhimento feito a maior ou indevidamente para fins de declaração
do direito à compensação tributária em sede de mandado de segurança. (Recurso Repetitivo - Tema 118) (Súmula
n. 213/STJ)

Tratando-se de Mandado de Segurança impetrado com vistas a declarar o direito à compensação tributária, em
virtude do reconhecimento da ilegalidade ou inconstitucionalidade da exigência da exação, independentemente
da apuração dos respectivos valores, é suficiente, para esse efeito, a comprovação de que o impetrante ocupa a
posição de credor tributário, visto que os comprovantes de recolhimento indevido serão exigidos posteriormente,
na esfera administrativa, quando o procedimento de compensação for submetido à verificação pelo Fisco.

De outro lado, tratando-se de Mandado de Segurança com vistas a obter juízo específico sobre as parcelas a serem
compensadas, com efetiva investigação da liquidez e certeza dos créditos, ou, ainda, na hipótese em que os efeitos
da sentença supõem a efetiva homologação da compensação a ser realizada, o crédito do contribuinte depende de
quantificação, de modo que a inexistência de comprovação cabal dos valores indevidamente recolhidos representa
a ausência de prova pré-constituída indispensável à propositura da ação. STJ. 1ª Seção. REsp 1715256-SP, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/02/2019 (Recurso Repetitivo – Tema 118) (Info 643).

14) É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contri-
buinte. (Súmula n. 460/STJ) (Recurso Repetitivo - Tema 258)

15) O mandado de segurança não pode ser utilizado com o intuito de obter provimento genérico aplicável a todos
os casos futuros de mesma espécie.

EDIÇÃO N. 91: MANDADO DE SEGURANÇA - III

1) Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de precatório não têm
caráter jurisdicional (Súmula n. 311/STJ) e, por isso, podem ser combatidos pela via mandamental.

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2) É incabível mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a agravo em execução interposto
pelo Ministério Público.

3) O mandado de segurança não pode ser utilizado como meio para se buscar a produção de efeitos patrimoniais
pretéritos, uma vez que não se presta a substituir ação de cobrança, nos termos das Súmulas n. 269 e 271 do Su-
premo Tribunal Federal.

4) Não configura ação de cobrança a impetração de mandado de segurança visando a desconstituir ato adminis-
trativo que nega conversão em pecúnia de férias não gozadas, afastando-se as restrições previstas nas Súmulas n.
269 e 271 do Supremo Tribunal Federal.

5) O mandado de segurança é meio processual adequado para controle do cumprimento das portarias de conces-
são de anistia política, afastando-se as restrições das Súmulas n. 269 e 271 do Supremo Tribunal Federal.

6) O termo inicial do prazo de decadência para impetração de mandado de segurança contra aplicação de pena-
lidade disciplinar é a data da publicação do respectivo ato no Diário Oficial.

7) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de ação mandamental contra ato que fixa ou altera sis-
tema remuneratório ou suprime vantagem pecuniária de servidor público e não se renova mensalmente inicia-se
com a ciência do ato impugnado.

8) O prazo decadencial para impetração de mandado de segurança não se suspende nem se interrompe
com a interposição de pedido de reconsideração na via administrativa ou de recurso administrativo des-
provido de efeito suspensivo.

9) Admite-se a emenda à petição inicial de mandado de segurança para a correção de equívoco na indi-
cação da autoridade coatora, desde que a retificação do polo passivo não implique alterar a competência
judiciária e que a autoridade erroneamente indicada pertença à mesma pessoa jurídica da autoridade de
fato coatora.

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10) O Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão possui legitimidade para figurar no polo passivo
de ação mandamental impetrada com o intuito de ensejar a nomeação em cargos relativos ao quadro de pessoal
do Banco Central do Brasil - BACEN.

11) As autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e personalidade jurídica própria, distinta da enti-
dade política à qual estão vinculadas, razão pela qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para figurar como
autoridades coatoras em ação mandamental.

12) Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios. (Súmula
n. 105/STJ)

13) A impetração de mandado de segurança interrompe o prazo prescricional em relação à ação de repetição do
indébito tributário, de modo que somente a partir do trânsito em julgado do mandamus se inicia a contagem do
prazo em relação à ação ordinária para a cobrança dos créditos indevidamente recolhidos.

14) A impetração de mandado de segurança interrompe a fluência do prazo prescricional no tocante à ação ordi-
nária, o qual somente tornará a correr após o trânsito em julgado da decisão.

MANDADO DE INJUNÇÃO

1. Previsão:

Artigo 5º, LXXI, CF: Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à so-
berania e à cidadania.
Lei nº 13.300/2016: Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo
órgão legislador competente.

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2. Conceito:

Mandado de injunção é uma ação de cunho constitucional que pode ser proposta por qualquer interessado
com o objetivo de tornar viável o exercício de direitos e liberdades constitucionais ou de prerrogativas relacionadas
com nacionalidade, soberania ou cidadania e que não estão sendo possíveis de ser exercidos em virtude da falta
total (ex.: direito de greve de servidores públicos) ou parcial (por falta ou incompletude de regulamentação da
norma – omissão parcial propriamente dita – ou por ofensa ao princípio da igualdade, quando o direito é dado a
um grupo, excluindo outros) de norma regulamentando estes direitos (Síndrome da inefetividade das normas
constitucionais).

3. Requisitos para concessão:

Os dois requisitos constitucionais para o mandado de injunção são, portanto:

a) norma constitucional de eficácia limitada, prescrevendo direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas


inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

b) falta de norma regulamentadora, tornando inviável o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas acima
mencionados (omissão).

#NÃOCONFUNDA:

MANDADO DE INJUNÇÃO ADI POR OMISSÃO


Natureza e finalidade
Natureza e finalidade
A finalidade é declarar que há uma omissão, já que
Trata-se de processo no qual é discutido um direito não existe determinada medida necessária para tor-
subjetivo. A finalidade é viabilizar o exercício de um nar efetiva uma norma constitucional.
direito. Há, portanto, controle concreto de constitu-
cionalidade. Estamos diante, portanto, de processo objetivo, em
que há controle abstrato de constitucionalidade.

Cabimento Cabimento
Cabível quando faltar norma regulamentadora de di- Cabível quando faltar norma regulamentadora rela-
reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas cionada com qualquer norma constitucional de efi-
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. cácia limitada.

Legitimados ativos
MI individual: pessoas naturais ou jurídicas que se Legitimados ativos
afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas. Os legitimados da ADI por omissão estão descritos
no art. 103 da CF/88.
MI coletivo: estão previstos no art. 12 da Lei nº
13.300/2016.

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Competência Competência
A competência para julgar a ação dependerá da Se relacionada com norma da CF/88: STF.
autoridade que figura no polo passivo e que possui
atribuição para editar a norma. Se relacionada com norma da CE: TJ.

Efeitos da decisão
Reconhecido o estado de mora legislativa, será defe-
rida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado Efeitos da decisão
promova a edição da norma regulamentadora;
Declarada a inconstitucionalidade por omissão, o Ju-
II - estabelecer as condições em que se dará o exer- diciário dará ciência ao Poder competente para que
cício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas este adote as providências necessárias.
reclamados ou, se for o caso, as condições em que
poderá o interessado promover ação própria visando Se for órgão administrativo, este terá um prazo de 30
a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa dias para adotar a medida necessária.
no prazo determinado. Se for o Poder Legislativo, não há prazo.
OBS: será dispensada a determinação a que se refere
o inciso I quando comprovado que o impetrado dei-
xou de atender, em mandado de injunção anterior,
ao prazo estabelecido para a edição da norma.

4. Espécies:

Existem duas espécies de mandado de injunção:

a) INDIVIDUAL: proposto por qualquer pessoa física ou jurídica, em nome próprio, defendendo interesse pró-
prio, isto é, pedindo que o Poder Judiciário torna viável o exercício de um direito, liberdade ou prerrogativa seu e
que está impossibilitado pela falta de norma regulamentadora.

b) COLETIVO: proposto por legitimados restritos previstos na lei, em nome próprio, mas defendendo interesses
alheios. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os perten-
centes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou cate-
goria (art. 12, parágrafo único, da LMI).

O mandado de injunção coletivo não foi previsto expressamente pelo texto da CF/88, mesmo assim sempre
foi admitido pelo STF e atualmente encontra-se disciplinado pela Lei nº 13.300/2016.

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5. Legitimidade ativa:

5.1. Mandado de injunção individual:

São legitimados ativos para o mandado de injunção individual, como impetrantes, as pessoas naturais ou
jurídicas que se afirmam titulares dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
lidade, à soberania e à cidadania.

Art. 3º São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se
afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, como impetrado, o Poder,
o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.

5.2. Mandado de injunção coletivo:

Por sua vez, são legitimados ativos para a impetração do mandando de injunção coletivo, como impetrantes:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:


I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídi-
ca, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totali-
dade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos
humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal.
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os
pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.

#JÁCAIU: Observa-se, portanto, que a LMI (art. 12, I a IV) amplia a previsão dos legitimados ativos para a pro-
moção do mandado de injunção coletivo em comparação à legislação que disciplina o mandado de segurança
coletivo (art. 21 da Lei n. 12.016/2009), em relação ao Ministério Público e à Defensoria Pública.

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6. Legitimidade passiva:

O mandado de injunção individual ou coletivo deverá ser impetrado contra o Poder, o órgão ou a auto-
ridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.

A petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além do órgão
impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado (art. 4º da LMI).

No caso de normas de iniciativa reservada, como, por exemplo, aquelas previstas no art. 61, § 1º, em relação
ao Presidente da República, o mandado de injunção deverá ser impetrado também em face do titular da referida
iniciativa reservada, pois é ele que deve deflagrar (dar início) o processo legislativo, não podendo o Congresso
Nacional atuar sem a sua provocação formal, sob pena de inconstitucionalidade do eventual ato normativo a ser
editado (vício formal propriamente dito subjetivo).

7. Competência:

As regras de competência para impetrar o mandado de injunção são disciplinadas na própria Constituição
Federal e variam de acordo com o órgão ou a autoridade responsável pela edição da norma regulamentadora.
Confira:

COMPETÊNCIA QUANDO A ATRIBUIÇÃO PARA ELABORAR A NORMA FOR DO...

• Presidente da República
• Congresso Nacional
• Câmara dos Deputados
STF • Senado Federal
(art. 102, I, “q”) • Mesas da Câmara ou do Senado
• Tribunal de Contas da União
• Tribunais Superiores
• Supremo Tribunal Federal.

STJ órgão, entidade ou autoridade federal, excetuados os casos de competência do


STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da
(art. 105, I, “h”) Justiça Federal.
Juízes e Tribunais da
Justiça Militar, Justiça
órgão, entidade ou autoridade federal nos assuntos de sua competência.
Eleitoral, Justiça do Tra-
balho

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órgão, entidade ou autoridade federal, se não for assunto das demais «Justiças» e
desde que não seja autoridade sujeita à competência do STJ.
Juízes Federais e TRFs Ex: compete à Justiça Federal julgar MI em que se alega omissão do Conselho
Nacional de Trânsito (CONTRAN) na edição de norma de trânsito que seria de sua
atribuição (STJ MI 193/DF).

órgão, entidade ou autoridade estadual, na forma como disciplinada pelas Cons-


Juízes estaduais e TJs
tituições estaduais.

Competências recursais envolvendo MI expressamente previstas na CF/88:

• Compete ao STF julgar, em recurso ordinário, o mandado de injunção decidido em única instância pelos Tribunais
Superiores, se denegatória a decisão (art. 102, II, “a”, da CF/88).

• Compete ao TSE julgar o recurso interposto pelo autor contra a decisão do TRE que denegar mandado de injun-
ção (art. 121, § 4º, V).

8. Procedimento:

A petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além do órgão
impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado.

Quando o documento necessário à prova do alegado encontrar-se em repartição ou estabelecimento públi-


co, em poder de autoridade ou de terceiro, havendo recusa em fornecê-lo por certidão, no original ou em cópia
autêntica, será ordenada, a pedido do impetrante, a exibição do documento no prazo de 10 dias, devendo, nesse
caso, ser juntada cópia à segunda via da petição.

Se a recusa em fornecer o documento for do impetrado, a ordem será feita no próprio instrumento da no-
tificação.

Recebida a petição inicial, será ordenada:

I) a notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via apresen-
tada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 dias, preste informações;

II) a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, devendo
ser-lhe enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no feito.

A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for manifestamente incabível ou manifes-
tamente improcedente.

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Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, prescreve a lei, caberá agravo, em 5 dias, para o
órgão colegiado competente para o julgamento da impetração.

Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o Ministério Público, que opinará em 10
dias, após o quê, com ou sem parecer, os autos serão conclusos para decisão.

9.1) Eficácia da decisão:

A Lei 13.300/2016 adotou a corrente concretista individual intermediária:

Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:


I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas rec-
lamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los,
caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o
impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

a) Corrente NÃO concretista:

Quando julga procedente o MI, o Judiciário deverá apenas comunicar o Poder, órgão, entidade ou auto-
ridade que está sendo omisso. Corrente conservadora adotada até 2007, em respeito à separação dos poderes.

b) Corrente concretista:

Quando julga procedente o MI, o Judiciário deverá editar a norma que está faltando ou determinar que
seja aplicada, ao caso concreto, uma já existente para outras situações análogas. Daí porque se chama “con-
cretista”.

#LOUCOSPORTABELAS:

MANDADO DE INJUNÇÃO

A concessão da ordem no MI “concretiza” o direito diretamente, independen-


temente de atuação do órgão omisso, até que a norma constitucional venha a
ser regulamentada.
Concretista Direta
A decisão vale ou para todos (geral) e, nesse caso, terá efeitos erga omnes, ou para
um grupo, classe ou categoria de pessoas (coletivo), ou apenas para o impetrante,
pessoa natural ou jurídica (individual);

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FICA A DICA

Julgando procedente o MI, o Judiciário fixa ao órgão omisso prazo para elabo-
rar a norma regulamentadora.
Concretista interme-
diária Findo o prazo e permanecendo a inércia, o direito passa a ser assegurado para to-
dos (geral), para grupo, classe ou categoria de pessoas (coletivo) ou apenas para
o impetrante, pessoa natural ou jurídica (individual);

A decisão apenas decreta a mora do Poder, órgão ou autoridade com atribuição


Não Concretista
para editar a norma regulamentadora, reconhecendo-se formalmente a sua inércia.

10. Sentença e Coisa Julgada:

Nos termos da LMI:

Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regula-
mentadora.
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou
indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.

Mesmo na impetração individual, após o trânsito em julgado, poderá haver a extensão dos efeitos aos casos
análogos, ampliando a extensão subjetiva em prol da isonomia. Observe o que diz a lei:

Art. 9º. (...)


§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão
monocrática do relator.
§ 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração
fundada em outros elementos probatórios.

A Lei nº 13.300/2016 prevê a possibilidade de ser proposta ação de revisão da decisão concessiva do man-
dado de injunção. Confira:

Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado,
quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito.
Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento estabelecido nesta Lei.

Importante registrar que após a implementação da norma pelo Judiciário, pode ser que surja regulamenta-
ção por parte do real incumbido – essa nova norma produzirá efeitos apenas ex nunc, não retroagindo quanto aos
beneficiários da impetração anterior, salvo se mais benéfica:

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FICA A DICA

Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por de-
cisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável.
Parágrafo único. Estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for editada antes da decisão, caso
em que o processo será extinto sem resolução de mérito.

Além disso, a Lei nº 13.300/2016 traz uma regra específica sobre a coisa julgada no mandado de injunção
coletivo:

Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes
da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto
nos §§ 1º e 2º do art. 9º.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no
prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.

Contudo, lembre-se de que se aplica ao MI o microssistema do processo coletivo. Assim, aquilo que não for
disciplinado na LMI, cabe aplicação do CDC e LACP. Especialmente no que diz respeito à coisa julgada deve ser
aplicado o disposto no art. 103 do CDC. Em relação à litispendência deve ser aplicado o art. 104.

HABEAS DATA

1. Previsão:

CF/88. Art. 5º. LXXII - conceder-se-á habeas data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Lei 9.507/97. Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou
banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro
mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.

Surgiu na década de 1970 nos EUA para tutelar o direito à privacidade e impedir a manipulação abusiva das
informações, positivado pela primeira vez no Brasil com a Constituição de 1988 e regulamentado pela Lei 9.507/97.

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FICA A DICA

2. Conceito:

Trata-se de ação para a garantia do direito que assiste a todas as pessoas de ter acesso às informações a seu
respeito que constem de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público, para
que delas tome conhecimento e, se necessário for, para retificar os dados inexatos ou obsoletos ou que impliquem
discriminação.

#ATENÇÃO! #JÁCAIU: Essa garantia não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5º, XXXIV, “b”),
ou informações de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5º, XXXIII).
Havendo recusa no fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou esclarecimento de situações
de interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou informações de terceiros, o remédio próprio é o mandado de
segurança, e não o habeas data. Se o pedido for para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, aí sim o remédio será o habeas data.

3. Legitimidade ativa e passiva

Qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá ajuizar a ação constitucional de habeas data para ter acesso às
informações a seu respeito.

#JÁCAIU: Podem manusear o Habeas data entes despersonalizados com capacidade processual.

O polo passivo será preenchido de acordo com a natureza jurídica do banco de dados. Em se tratando de
registro ou banco de dados de entidade governamental, o sujeito passivo será a pessoa jurídica componente da
administração direta e indireta do Estado. Na hipótese de registro ou banco de dados de entidade de caráter pú-
blico, a entidade que não é governamental, mas, de fato, privada, figurará no polo passivo da ação.

Art. 1º. Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações
que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade
produtora ou depositária das informações.

Assim, é possível enquadrarmos as empresas privadas de serviço de proteção ao crédito (SPC) no polo passi-
vo na ação de habeas data. Aliás, o art. 43, § 4º, do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) estabelece
que “os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são
considerados entidades de caráter público”.

#RESUMINDO:
a) Sujeito ativo: pessoa física, pessoa jurídica, brasileiro ou estrangeiro;
b) Sujeito passivo: entidades governamentais, instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas que prestem
serviços para o público ou de interesse público, e desde que detenham dados referentes ao impetrante.

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FICA A DICA

4. Procedimento:

Veja o que diz a lei:

Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será
apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem
decisão.

Diante do exposto, percebe-se que a lei regulamentadora exige prova da recusa de informações pela auto-
ridade, sob pena de, inexistindo pretensão resistida, a parte ser julgada carecedora da ação, por falta de interesse
processual.

Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra “a”) se não houve recusa de informações por
parte da autoridade administrativa.
Se não houve recusa administrativa, não tem motivo para o autor propor a ação. Falta interesse de agir
(interesse processual).

O art. 21 da lei do habeas data, em cumprimento ao dispositivo constitucional constante do art. 5º, LXXVII,
previu serem gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e retificação de dados e para
anotações de justificação, bem como a ação de habeas data.

Ao despachar a inicial, o juiz determinará a notificação do coator do conteúdo da petição, a fim de que
preste informações que julgar necessárias. Após isso, deverá ser ouvido o representante do Ministério Público no
prazo de 5 dias. A seguir, os autos serão conclusos ao juiz para decisão a ser proferida em 5 dias. Da decisão do
juiz caberá apelação. Atente-se que, se a decisão for procedente, a apelação não terá efeito suspensivo.

#DEOLHONAJURIS: O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concer-
nentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à
arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais.
No caso concreto, o STF reconheceu que o contribuinte pode ajuizar habeas data para ter acesso às informações
relacionadas consigo e que estejam presentes no sistema SINCOR da Receita Federal. O SINCOR (Sistema de
Conta Corrente de Pessoa Jurídica) é um banco de dados da Receita Federal no qual ela armazena as informa-
ções sobre os débitos e créditos dos contribuintes pessoas jurídicas. A decisão foi tomada com base no SINCOR,
mas seu raciocínio poderá ser aplicado para outros bancos de dados mantidos pelos órgãos fazendários. STF.
Plenário. RE 673707/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/6/2015 (repercussão geral) (Info 790).

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FICA A DICA

5. Competência:

As regras sobre competência estão previstas na Constituição e no art. 20 da Lei n. 9.507/97:

• art. 102, I, “d”: competência originária do STF para processar e julgar o habeas data contra atos do Presi-
dente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da
União, do Procurador-Geral da República e do próprio STF;

• art. 102, II, “a”: compete ao STF julgar em recurso ordinário o habeas data decidido em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

• art. 105, I, “b”: compete ao STJ processar e julgar, originariamente, os habeas data, contra ato do Ministro
de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ou do próprio tribunal;

• art. 108, I, “c”: competência originária dos TRFs para processar e julgar os habeas data contra ato do próprio
tribunal ou do juiz federal;

• art. 109, VIII: aos juízes federais compete processar e julgar os habeas data contra ato de autoridade fede-
ral, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

• art. 121, § 4º, V: competência atribuída ao TSE para julgar em grau de recurso habeas data denegado pelo
TRE;

• art. 125, § 1º: em relação aos Estados a competência será definida pela Constituição Estadual.

Art. 20. O julgamento do habeas data compete:


I - originariamente:
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos;
II - em grau de recurso:
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais
Superiores;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais;

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FICA A DICA

c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva Constituição e a
lei que organizar a Justiça do Distrito Federal;
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição.

No entanto, a Constituição Federal prevê a viabilidade de Recurso Ordinário Constitucional, no âmbito


do HD, apenas para o STF e não para o STJ. Assim vejamos na tabela abaixo:

ROC P/ STF ROC P/ STJ


MS, HC, HD ou MANDADO DE INJUNÇÃO. O MS é
MS APENAS.
apenas uma das hipóteses.
Contra ACÓRDÃO denegatório de processo de com- Contra ACÓRDÃO denegatório de processo de com-
petência originária de TRIBUNAL SUPERIOR. petência originária de TRF ou TJ.

#ATENÇÃO: Como lidar com a previsão de ROC para o STJ em Habeas Data, constante em lei?
A lei de habeas data prevê ROC para o STJ em habeas data. ESSA PREVISÃO É CONSIDERADA PELA
DOUTRINA INCONSTITUCIONAL. O ROC está previsto na Constituição, não constando ROC para o STJ em
habeas data. Uma lei infra não pode criar recurso para STJ sem previsão constitucional.

#LOUCOSPORTABELAS:

REMÉDIO CONSTI- PARTICULARIDA-


OBJETIVO PRESSUPOSTOS SUJEITOS
TUCIONAL DES
Comum a todas as
Sujeito Ativo: a
ações.
pessoa (física ou
Conhecimento de
Mas, atentar-se que jurídica) a qual se
informações/reti- Não se confunde
o art. 8º, § único, refere a informa-
ficação de dados com o direito de
inciso I, da Lei nº ção.
referentes ao inte- informações.
9.507/97 exige,
Habeas Data ressado. Sujeito Passivo:
como condição É gratuito.
entidade gover-
E se for informa- de procedibilidade
namental ou de Efeitos da decisão:
ções de terceiro? do Habeas Data a
caráter público
Não cabe HD, mas comprovação da Inter partis.
que tenha regis-
sim MS. recusa ao forneci-
tro de dados so-
mento das infor-
bre a pessoa.
mações.

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FICA A DICA

AÇÃO POPULAR

1. Previsão:

Artigo 5º, LXXIII, da CF: Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente
e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência.
LEI n. 4.717/65. Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade
de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárqui-
cas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a
União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de 50% do pat-
rimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e
dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

2. Conceito:

De acordo com Hely Lopes Meirelles, a ação popular “é um instrumento de defesa dos interesses da coleti-
vidade, utilizável por qualquer dos membros. Por ela não se amparam direitos individuais próprios, mas sim inte-
resses da comunidade. O beneficiário direto e imediato desta ação não é o autor; é o povo, titular do subjetivo ao
governo honesto. O cidadão a promove em nome da coletividade, no uso da prerrogativa cívica que a Constituição
da República lhe outorga”5.

3. Evolução histórica da “ação popular” no constitucionalismo brasileiro6:

AÇÃO POPULAR:
“Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a declaração de nulidade ou
Constituição de 1934
anulação dos atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios.”
Constituição de 1937 Não houve previsão expressa da ação popular.
“Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de
Constituição de 1946 nulidade de atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados, dos Municípios, das
entidades autárquicas e das sociedades de economia mista.”
“Qualquer cidadão será parte legítima para propor ação popular que vise a anular
Constituição de 1967
atos lesivos ao patrimônio de entidades públicas.”

5  MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança, Ação Popular, ação civil pública, mandado de injunção, “habeas data”. 20 ed. Atualizada
por WALD, Arnoldo, São Paulo: Malheiros, 1998.
6  Referência Bibliográfica: LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 22. ed. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

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RETA FINAL DPE/PA


FICA A DICA

EC n. 1/69
“Qualquer cidadão será parte legítima para propor ação popular que vise a anular
(redação idêntica à da atos lesivos ao patrimônio de entidades públicas.”
Const./67)
“Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anu-
Constituição de 1988 lar ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
(ampliação de seu ob- moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
jeto) ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.”

4. Requisitos:

Deve haver lesividade:

I) ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe (entidades da administração direta, indi-
reta, as entidades paraestatais, empresas públicas, sociedades de economia mista, toda pessoa jurídica subvencio-
nada com dinheiro público);

II) à moralidade administrativa;

III) ao meio ambiente;

IV) ao patrimônio histórico e cultural.

Por lesividade deve-se entender, também, ilegalidade.

5. Legitimidade ativa e passiva:

Somente poderá ser autor da ação popular o cidadão, assim considerado o brasileiro nato ou naturalizado,
desde que esteja no pleno gozo de seus direitos políticos, provada tal situação (e como requisito essencial da inicial)
pelo título de eleitor, ou documento que a ele corresponda (art. 1º, § 3º, da Lei n. 4.717/65).

Assim, excluem-se do polo ativo os estrangeiros, os apátridas, as pessoas jurídicas (Súmula 365 do STF) e
mesmo os brasileiros que estiverem com os seus direitos políticos suspensos ou perdidos (art. 15 da CF/88).

O professor Pedro Lenza defende ainda a possibilidade de eleitor come entre 16 e 18 anos de idade, que tem
título de eleitor, pode ajuizar a ação popular sem a necessidade de assistência, porém, sempre por advogado (ou
defensor público).

No polo passivo, de acordo com o art. 6º da lei, figurarão o agente que praticou o ato, a entidade lesada e
os beneficiários do ato ou contrato lesivo ao patrimônio público:

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FICA A DICA

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra
as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato
impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será
proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item “b”, do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da aval-
iação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os
responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma.

#APOSTACICLOS #DEOLHONOSINONIMO: Legitimidade bifronte (legitimidade dupla, reversibilidade, inter-


venção móvel ou encampação):

O Poder Público possui participação processual peculiar. Veja o que diz a lei:

Art. 6º (...) § 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impug-
nação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, DESDE QUE ISSO SE
AFIGURE ÚTIL AO INTERESSE PÚBLICO, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.

O Ministério Público atua como custus legis, podendo prosseguir a ação caso o autor popular dela desista:

Art. 6º (...)
§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover
a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese,
assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância [leia-se extinção do processo
sem julgamento do mérito], serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando
assegurado A QUALQUER CIDADÃO, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo
de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o PROSSEGUIMENTO da ação.

#PEGADINHA: O MP não pode ajuizar a AP, mas pode ser autor superveniente em caso de desistência.

6. Competência:

As regras de competência dependerão da origem do ato ou omissão a serem impugnados.

Ex.: se o patrimônio lesado for da União, competente será a Justiça Federal, e assim por diante.

O art. 5º da Lei nº 4.717/65 trata sobre a competência da ação popular, mas não traz nenhuma regra sobre
a competência territorial.

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FICA A DICA

O art. 22 da Lei afirma que devem ser aplicadas, subsidiariamente, as regras do CPC, naquilo que não con-
trariar os dispositivos da lei nem a natureza específica da ação.

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz
que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao
Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.
§ 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios
os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público, bem como os atos
das sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou
em relação às quais tenham interesse patrimonial.
§ 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a qualquer outra pessoas ou entidade, será compe-
tente o juiz das causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao Estado e ao Município, será
competente o juiz das causas do Estado, se houver.
§ 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem posteriormente
intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.
§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado.

#DEOLHONAJURIS: Em regra, o autor pode ajuizar a ação popular no foro de seu domicílio, mesmo que
o dano tenha ocorrido em outro local; contudo, diante das peculiaridades, as ações envolvendo o rom-
pimento da barragem de Brumadinho devem ser julgadas pelo juízo do local do fato.
Em 2019, houve o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério, localizada em Brumadinho (MG). O
rompimento resultou em um terrível desastre ambiental e humanitário. Felipe, na condição de cidadão, ajuizou
ação popular contra a União, o Estado de Minas Gerais e a Vale S.A., pedindo para que os réus fossem conde-
nados a recuperar o meio ambiente degradado, pagar indenização pelos danos causados e pagar multa por
dano ambiental. Como Felipe mora em Campinas (SP), ele ajuizou a ação no foro de seu domicílio e a demanda
foi distribuída para a 2ª Vara Federal de Campinas (SP). Ocorre que na 17ª Vara Federal de Minas Gerais existem
ações individuais, ações populares e ações civis públicas tramitando contra os mesmos réus e envolvendo pedi-
dos semelhantes a essa ação popular ajuizada em Campinas.
Quem é competente para julgar esta ação popular: o juízo do domicílio do autor ou o juízo do local em
que se consumou o ato danoso?
O juízo do local onde se consumou o dano (17ª Vara Federal de Minas Gerais).
Regra geral: em regra, o autor pode ajuizar a ação popular no foro de seu domicílio, mesmo que o dano tenha
ocorrido em outro local. Isso porque como a ação popular representa um direito político fundamental, deve-se
facilitar o seu exercício.
EXCEÇÃO: o STJ entendeu que o caso concreto envolvendo Brumadinho era excepcional com inegáveis
peculiaridades que impõem a adoção de uma solução diferente para evitar tumulto processual em uma
situação de enorme magnitude social, econômica e ambiental. Assim, para o STJ é necessário superar, excepcio-
nalmente, a regra geral.

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FICA A DICA

Entendeu-se que seria necessário adotar uma saída pragmática para permitir uma resposta do Poder Judiciário
aos que sofrem os efeitos desta grande tragédia. A regra geral do STJ deve ser usada quando a ação popular
for isolada.
Contudo, no caso de Brumadinho havia uma ação popular em Campinas (SP) competindo e concorrendo com
várias outras ações populares e ações civis públicas, bem como com centenas, talvez milhares, de ações indivi-
duais tramitando em MG, razão pela qual, em se tratando de competência concorrente, deve ser eleito o foro
do local do fato.
Em face da magnitude econômica, social e ambiental do caso concreto, é possível a fixação do juízo do
local do fato para o julgamento de ação popular que concorre com diversas outras ações individuais,
populares e civis públicas decorrentes do mesmo dano ambiental. STJ. 1ª Seção. CC 164362-MG, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 12/06/2019 (Info 662).
Ação popular em temas ambientais
A definição do foro competente para a apreciação da ação popular em temas como o de direito ambiental exige
a aplicação, por analogia, da regra pertinente contida no art. 2º da Lei da Ação Civil Pública:
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá compe-
tência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente inten-
tadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Tal medida se mostra consentânea com os princípios do Direito Ambiental, por assegurar a apuração dos fatos
pelo órgão judicante que detém maior proximidade com o local do dano e, portanto, revela melhor capacidade
de colher as provas de maneira célere e de examiná-las no contexto de sua produção.

7. É cabível liminar em Ação Popular?

SIM! Desde que presentes os requisitos legais (periculum in mora e fumus boni iuris), é possível a concessão
de liminar, podendo a ação popular ser tanto preventiva, visando evitar atos lesivos, como repressiva, buscando
o ressarcimento do dano, a anulação do ato, a recomposição do patrimônio público lesado, indenização etc.

8. Procedimento:

Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário [CPC/15: Procedimento Comum], previsto no Código de
Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas:
I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
a) além da citação dos réus, a intimação do representante do Ministério Público;
b) a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, dos documentos que tiverem sido referidos pelo
autor (art. 1º, § 6º), bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao esclarecimento dos fatos, ficando
prazos de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias para o atendimento.

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§ 1º O representante do Ministério Público providenciará para que as requisições, a que se refere o inciso
anterior, sejam atendidas dentro dos prazos fixados pelo juiz.
§ 2º Se os documentos e informações não puderem ser oferecidos nos prazos assinalados, o juiz poderá
autorizar prorrogação dos mesmos, por prazo razoável.
II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á por edital com o prazo de 30 (trinta)
dias, afixado na sede do juízo e publicado três vezes no jornal oficial do Distrito Federal, ou da Capital do Estado
ou Território em que seja ajuizada a ação. A publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 (três) dias
após a entrega, na repartição competente, sob protocolo, de uma via autenticada do mandado.
III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, cuja existência ou identidade
se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final de primeira instância, deverá ser
citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção de provas,
salvo, quanto a beneficiário, se a citação se houver feito na forma do inciso anterior.

IV - O PRAZO DE CONTESTAÇÃO É DE 20 (VINTE) DIAS, PRORROGÁVEIS POR MAIS 20 (VINTE), a requer-


imento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os in-
teressados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo
assinado em edital. #JACAIU #ATENÇÃO: o prazo é comum para todos os interessados, NÃO se aplicando
o prazo em dobro para litisconsortes com procuradores diferentes (art. 229, CPC/15);
V - Caso não requerida, até o despacho saneador, a produção de prova testemunhal ou pericial, o juiz
ordenará vista às partes por 10 (dez) dias, para alegações, sendo-lhe os autos conclusos, para sentença, 48
(quarenta e oito) horas após a expiração desse prazo; havendo requerimento de prova, o processo tomará o
rito ordinário.
VI - A sentença, quando não prolatada em audiência de instrução e julgamento, deverá ser proferida dentro
de 15 (quinze) dias do recebimento dos autos pelo juiz.
Parágrafo único. O proferimento da sentença além do prazo estabelecido privará o juiz da inclusão em lista
de merecimento para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará a perda, para efeito de promoção
por antiguidade, de tantos dias quantos forem os do retardamento, salvo motivo justo, declinado nos autos
e comprovado perante o órgão disciplinar competente.

9. Regime de custas:

O pagamento de custas e honorários dependerá de comprovada má-fé, nos termos da CF/88. Veja o que
diz a lei:

Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a final.

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11. Sentença:

Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, conde-
nará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada
a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em CULPA.
Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais
despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos
honorários de advogado. [Só haverá condenação em custas e honorários no caso de comprovada má-fé].
Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide manifestamente temerária,
condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.

12. Execução:

Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa, será indicado na sentença; se depender de aval-
iação ou perícia, será apurado na execução.
§ 1º Quando a lesão resultar da falta ou isenção de qualquer pagamento, a condenação imporá o paga-
mento devido, com acréscimo de juros de mora e multa legal ou contratual, se houver.
§ 2º Quando a lesão resultar da execução fraudulenta, simulada ou irreal de contratos, a condenação
versará sobre a reposição do débito, com juros de mora.
§ 3º Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos, a execução far-se-á por desconto em folha
até o integral ressarcimento do dano causado, se assim mais convier ao interesse público.
§ 4º A parte condenada a restituir bens ou valores ficará sujeita a sequestro e penhora, desde a prolação
da sentença condenatória.
Art. 15. Se, no curso da ação, ficar provada a infringência da lei penal ou a prática de falta disciplinar a que a
lei comine a pena de demissão ou a de rescisão de contrato de trabalho, o juiz, “ex-officio”, determinará
a remessa de cópia autenticada das peças necessárias às autoridades ou aos administradores a quem competir
aplicar a sanção.
Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda instância,
sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução. o representante do Ministério Público a pro-
moverá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave.

12.1. Execução Provisória:

Não há necessidade de caução.

Art. 17. É sempre permitida às pessoas ou entidades referidas no art. 1º, ainda que hajam contestado a ação,
promover, em qualquer tempo, e no que as beneficiar a execução da sentença contra os demais réus.

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13. Sentença e Coisa julgada:

A coisa julgada se opera secundum eventum litis, ou seja, se a ação for julgada procedente ou improceden-
te por ser infundada, produzirá efeito de coisa julgada oponível erga omnes. No entanto, se a improcedência se
der por deficiência de provas, haverá apenas a coisa julgada formal, podendo qualquer cidadão intentar outra
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova (art. 18 da lei), já que não terá sido analisado o mérito
(coisa julgada secundum eventum probationis).

Quanto à abrangência da coisa julgada, esta não se limita ao território do órgão prolator.

Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível “erga omnes”, exceto no caso de haver sido a ação
julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com
idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

Julgada improcedente a ação (arts. 485 e 487 do CPC/2015), só produzirá efeitos depois de passar pelo du-
plo grau obrigatório de jurisdição. Julgada procedente, a apelação será recebida no seu duplo efeito: devolutivo
e suspensivo (art. 19 da lei).

#APOSTACICLOS: Remessa necessária invertida:

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de
jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente
caberá apelação, com efeito suspensivo.
§ 1º Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento.

#PEGADINHA: Quando a sentença for PROCEDENTE, NÃO haverá o duplo grau de jurisdição obrigatório.

Legitimidade para recorrer na AP: qualquer cidadão e o MP.

Art. 19. (...) § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá
recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.

14. Prescrição:

Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos.

15. Aplicação do CPC/15:

Art. 22. Aplicam-se à ação popular as regras do Código de Processo Civil, naquilo em que não contrariem os
dispositivos desta lei, nem a natureza específica da ação.

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Pessoal, para encerrar, observem o Regimento do TJPA sobre o habeas corpus:7

DO TRIBUNAL PLENO
Art. 24. O Tribunal Pleno é constituído pela totalidade dos Desembargadores e Juízes convocados, enquanto perdu-
rar a convocação, instalado pelo Presidente do Tribunal e, nos seus impedimentos, sucessivamente, pelo Vice-Pres-
idente e na ausência deste, segundo a ordem de antiguidade na Corte, competindo-lhe:
XIII - processar e julgar os feitos a seguir enumerados:
a) os HABEAS CORPUS, quando o coator ou o paciente for membro do Poder Legislativo, servidor ou autori-
dade cujos atos estejam diretamente submetidos à jurisdição do Tribunal de Justiça, quando se tratar de infração
penal sujeita à mesma jurisdição em única instância, ou quando houver perigo de se consumar a violência antes
que outro Juiz ou Tribunal possa conhecer do pedido;
Da Prevenção
Art. 119. Serão distribuídos por prevenção os habeas corpus oriundos do mesmo inquérito ou ação penal.
§ 1º A prevenção para habeas corpus relativo a ações penais distintas oriundas de um mesmo inquérito observará
os critérios de conexão e de continência.
§ 2º Os inquéritos e as ações penais, cuja competência passe a ser do Tribunal em virtude da prerrogativa de foro,
serão distribuídos por prevenção ao relator do habeas corpus a eles relativo.
§ 3º O relator da revisão criminal NÃO fica prevento para habeas corpus relativo ao mesmo processo.
§ 4º O não conhecimento do writ não gera prevenção, salvo se por determinação de Tribunal Superior.

Sobre a pauta de julgamento, observe o que diz o regimento:

Art. 138. Após a conclusão, e observada a contagem dos prazos na forma prevista pela legislação processual, serão
os autos encaminhados à secretaria, em tempo hábil para a devida publicação de anúncio de julgamento, devendo
constar na pauta publicada no Diário da Justiça, com antecedência de:
a) nos casos de ações de Habeas Corpus ou Mandado de Segurança em matéria penal, no mínimo 24 (vinte
e quatro) horas;
Art. 139. Independem de inclusão em pauta para julgamento:
(...)
IV – os habeas corpus, em casos excepcionais justificados pelo Relator.
Da Ordem dos Trabalhos
Art. 140. Na ordem de julgamento serão obedecidas as preferências previstas em lei e neste Regimento.
§ 11. Não haverá sustentação oral no julgamento de:
V - recursos em sentido estrito de decisões proferidas em habeas corpus;

7  Disponível em: https://www.tjpa.jus.br/CMSPortal/VisualizarArquivo?idArquivo=965013 Acesso em 11/09/2021.

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Art. 140-A. Fica a critério do relator a submissão dos feitos judiciais, em tramitação no segundo grau de jurisdição
e nas Turmas Recursais, ao Plenário Virtual, observadas as respectivas competências dos órgãos julgadores.
§ 4º No julgamento, o Relator – e o Revisor, quando previsto – disponibilizará voto no ambiente virtual e, com
o início do julgamento, os demais integrantes do órgão julgador terão os seguintes prazos para apresentar suas
manifestações: (Alterado pela E. R. n.o 16 de 19/12/2018)
I – em se tratando de processos de Habeas Corpus ou Mandado de Segurança em matéria penal, 2 (dois)
dias ininterruptos;
Da Proclamação do Resultado e da Ata
Art. 159. O Presidente anunciará o resultado do julgamento, proclamando as soluções dadas às preliminares e ao
mérito, inclusive os votos vencidos, a qualidade e a quantidade das penas impostas.
(...)
§ 2º A decisão do habeas corpus, do mandado de segurança e do agravo de instrumento será comunicada
ao juízo de origem, no mesmo dia.
Art. 266. Caberá agravo regimental, no prazo de 15 (quinze) dias, em matéria cível e de 05 (cinco) dias em matéria
penal, contra decisão do Presidente, do Vice-Presidente ou do relator que possa causar prejuízo ao direito das par-
tes, salvo quando se tratar de decisão irrecorrível ou da qual caiba recurso próprio previsto na legislação processual
vigente ou neste regimento interno.
§ 4º Não cabe agravo regimental da decisão que conceder ou negar efeito suspensivo, ou da que conceder ou
indeferir antecipação dos efeitos da tutela recursal em agravo de instrumento, bem como em decisão que negue
concessão de liminar em habeas corpus.
Do Recurso Ordinário
Art. 271. Cabe recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça contra decisão denegatória proferida em
habeas corpus, em única ou última instância, e em Mandados de Segurança, em única instância.
§ 1º No caso de habeas corpus, o recurso será interposto no prazo de 5 (cinco) dias, em se cuidando de
Mandado de Segurança, o prazo é de 15 (quinze) dias;
(...)
§ 3º Colhido o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, na hipótese do parágrafo anterior; ou juntada aos autos
a petição de recurso, quando se tratar de decisão denegatória de habeas corpus, será o recurso remetidos ao Su-
perior Tribunal de Justiça, independente de juízo de admissibilidade.
Art. 272. O Recurso Ordinário não está sujeito a preparo no âmbito do Tribunal.
DA EXECUÇÃO EM GERAL
Art. 320. Cabe ao Tribunal, nas causas de sua competência originária, a execução de seus acórdãos, a qual sempre
ficará a cargo do órgão julgador.

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FICA A DICA

§ 3º Em caso de decisão absolutória, confirmada ou proferida em grau de recurso criminal ou em habeas corpus,
em que haja réu preso, incumbirá ao Presidente da sessão expedir, imediatamente, a ordem de soltura
cabível, por meio eletrônico ou físico;

Pronto! Acabou! Ou como dizem no Pará “ÉGUAAAA MANA!!!!” Espero que vocês tenham sobrevivido.

Parabéns para você que chegou até aqui.

Até o próximo FAD.

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