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São Paulo
2018
ADRIANA FERNANDES DE SOUZA GARCIA
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________________
Profa. Dra. GESIANE RIBEIRO– Orientador
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
_____________________________________________________________
Profa. Dra.GISELE ALMEIDA LIMA DA VEIGA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
_____________________________________________________________
Profa. Dra. RENATA GEBARA SAMPAIO DÓRIA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
São Paulo
2018
AGRADECIMENTOS
Justo iniciar essa seção de agradecimentos citando minha orientadora Profa. Dra. Gesiane
Ribeiro por toda a dedicação (e paciência) que teve durante o período em que desenvolvemos
esse trabalho. Mais justo ainda, é agradecer a amiga Gesiane por toda a amizade, carinho e
incentivo, que me honram muito em ter, pois vem de uma amiga que admiro muito pessoal e
profissionalmente. Sem ela, nada disso teria acontecido.
E por último, porém não menos importante, agradeço a minha família que me proporcionou
tudo que sou na minha vida, dando-me amor, carinho, educação e valores. Eles são o alicerce
do meu eu. Sem eles, nada disso poderia ser realizado.
“Chegará o tempo em que o homem conhecerá o íntimo de um animal e nesse dia todo crime
contra um animal será um crime contra a humanidade.”
- Leonardo Da Vinci (1452- 1519)
RESUMO
A perfusão regional intravenosa é uma técnica eficiente para o tratamento de infecções
ortopédicas. No entanto, repetidas aplicações são necessárias e o encerramento prematuro do
tratamento pode ocorrer devido a flebites ou perda do acesso venoso, em decorrência de
constantes perfurações. Na medicina são utilizados cateteres totalmente implantáveis para que
haja acesso fácil e prolongado ao sistema vascular, com excelentes resultados e níveis de
satisfação dos pacientes. A venografia permite visualização radiográfica dos vasos do equino
por meio da aplicação de líquido contrastado radiopaco. Os objetivos desta dissertação foram:
1. avaliar diferenças na dispersão de contraste radiopaco infundido na veia cefálica de equinos
em decúbito lateral e posição quadrupedal. Para tal estudo, foram utilizados 10 equinos
adultos hígidos, avaliados em dois momentos, primeiramente sob anestesia geral em decúbito
(GD) e, após 15 dias, sedados em posição quadrupedal (GPQ). Em ambos os momentos foram
feitas imagens radiográficas sequenciais no início da aplicação do contraste(T0) e após
10,20,30,40 e 50 minutos. O torniquete foi retirado com 30 minutos. O tempo de chegada do
contraste no casco foi de, aproximadamente 2 minutos para GPQ, e 4 minutos para GD. O
contraste, nos animais GD, apresenta-se mais evidente nas veias laterais do membro e chega
em menor quantidade no casco. Observa-se aumento da radiopacidade dos tecidos, a partir de
T10 até T50. Soluções de contraste infundidos pela veia cefálica, chegam mais rapidamente e
uniformemente ao casco de GPQ, porém a movimentação do equino pode promover falha na
estase. Após 15 minutos de estase sanguínea ocorre difusão de contraste para os tecidos. 2.
avaliar a técnica cirúrgica de colocação do cateter totalmente implantado na veia cefálica de
equinos, e verificar a viabilidade do uso prolongado deste tipo de cateter na espécie equina.
Foram utilizados 10 equinos adultos divididos em dois grupos para implantação dos cateteres.
Em um grupo foram colocados cateteres de 15cm e em outro de 46 cm de comprimento. Os
animais foram monitorados por 60 dias e avaliados clinicamente e através de exames
hematológicos. 70% apresentaram edema e claudicação após a implantação. Outros
problemas encontrados foram: trombose venosa, dobras no cateter e desacoplamento do
portal. As alterações hematológicas encontradas foram leucocitose por neutrofilia e aumento
nos níveis de fibrinogênio. O cateter totalmente implantado não se mostrou viável para ser
aplicado na rotina veterinária equina.
Palavras-chave: contraste radiopaco, venografia, veia cefálica, cateter totalmente
implantável.
ABSTRACT
Key words: cephalic vein, totally implantable catheters , radiopaque contrast, venography
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 2
Figura 1: Imagem radiográfica em projeção dorsopalmar da região metacarpofalangeana de
cavalo adulto em decúbito (A) e em posição quadrupedal (B). Nota-se em (A) maior evidência
da presença de contraste na veia digital palmar lateral (seta) do que na
medial........................................................................................................................................32
Figura 2: Imagem radiográfica em projeção dorsopalmar da região do casco de cavalos em
decúbito. Nota-se em maior evidência da presença de contraste na veia digital palmar lateral
(seta) do que na medial.............................................................................................................33
Figura 3: Imagens radiográficas na projeção lateromedial da região metacarpofalangeana de
cavalo adulto em posição quadrupedal (A) e projeção mediolateral nos animais em decúbito
(B). Nota-se em (A) maior radiopacidade dos tecidos e menor evidenciação dos vasos pelo
contraste....................................................................................................................................34
Figura 4: Imagens radiográficas na projeção lateromedial da região metacarpofalangeana de
cavalo adulto em posição quadrupedal (A) e projeção mediolateral nos animais em decúbito
(B). Nota-se maior radiopacidade dos tecidos em T50, 20 minutos após a retirada do
torniquete..................................................................................................................................35
Figura 5: Imagem radiográfica da região de rádio de cavalo adulto ilustrando presença de
contraste acima do torniquete...................................................................................................36
Figura 6: Imagens radiográficas da região metacarpofalageana de cavalos adultos
apresentando radiopacidade do tecido após administração de contraste pela veia cefálica. (A)
animal que manteve o torniquete por 15 minutos. (B) animal que manteve o torniquete por 30
minutos......................................................................................................................................37
CAPÍTULO 3
Figura 1: Imagens da técnica cirúrgica de colocação do cateter totalmente implantável
(modelo Life-Port ®) na veia cefálica de membro torácico direito de equino
adulto........................................................................................................................................46
Figura 2: Imagens radiográficas de membros torácicos de cavalos adultos ilustrando em (I):
Posicionamento de cateter intravenoso totalmente implantado modelo Life-Port® Titânio
Infantil 7,5 Fr de 15cm de comprimento em veia cefálica, e em (II): Posicionamento do
cateter de 46 cm de comprimento passando pela articulação cárpica (A) e terminando no terço
médio do terceiro metacarpiano (B). A seta na ilustração I indica o posicionamento do
portal.........................................................................................................................................47
Figura 3: Imagens radiográficas de membros torácicos de equinos, mostrando o
posicionamento de cateter intravenoso totalmente implantado modelo Life-Port® Titânio
Infantil 7,5 Fr de 15 cm em veia cefálica durante o período transoperatório da implantação (a)
e após 24 horas (b), quando nota-se uma curvatura mais acentuada do cateter no local de
acoplamento ao portal (seta).....................................................................................................48
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 3
Tabela 1: Apresentação dos resultados observados, relativos à viabilidade do cateter em
relação à administração de fluidos (viável ou não viável), desacoplamentos, presença de
dobra, inchaço e ou dor do membro e tempo com que o cateter foi
removido...................................................................................................................................49
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Para o tratamento de afecções infecciosas nos membros dos equinos como, por
exemplo, artrite séptica, tenossinovite séptica, osteomielite e osteíte podal, tem-se utilizado,
tradicionalmente, a antibioticoterapia sistêmica, lavagem articular/bainha tendínea,
administração intra-articular/bainha tendínea de antibióticos e a perfusão regional intraóssea e
ou intravenosa com antibióticos (Morris, 1980; Martinez, 2004; Dória et al., 2010; Rubio-
Martinez et al., 2012).
Como elevadas concentrações de antibióticos nos tecidos afetados são necessárias para
controlar a infecção, preconiza-se que o tratamento com antibióticos deva ser feito através de
administração sistêmica e local. A administração sistêmica de antibióticos geralmente resulta
em gradientes acima da concentração inibitória mínima em articulação, bainha tendínea ou
ossos não infeccionados. Entretanto, nos processos infecciosos, fatores como alterações no pH
local, no fluxo sanguíneo e a obstrução capilar por fibrina e detritos celulares podem
prejudicar a difusão de antibióticos e dificultar a entrega local adequada do fármaco (Nix et
al., 1991; Schnabel et al., 2010; Schnabel et al., 2012), não alcançando concentrações locais
suficientes para debelar a infecção, além de predispor o equino a complicações sistêmicas
(Cohen & Woods, 1999, Van der Harst et al., 2005; Dória et al., 2015). Portanto, para que o
tratamento sistêmico com antibióticos seja eficiente, é necessária prolongada administração
do fármaco, tornando o tratamento caro, demorado e potencialmente tóxico (Bertone e
McIlwraith, 1987; Bertone et al., 1987; Nix et al., 1991).
Por outro lado, a administração intra-articular/intra bainha tendínea de antibióticos
resulta em uma meia vida média aparente no líquido sinovial prolongada, que mantém,
durante 24 horas, a concentração média bem acima da concentração inibitória mínima para
muitos patógenos bacterianos (Lloyd et al., 1988; Meijer et al., 2000). Porém, vale lembrar
que este procedimento apresenta riscos e é considerado uma das principais causas de
inflamação/infecção articular/bainha tendínea, em equinos. Por este motivo, a administração
local de antibióticos para infecções sinoviais tem sido realizada por meio de perfusões
regionais intraósseas e intravenosas (Whitehair et al., 1992c; Whitehair, 1995; Rubio-
Martinez et al., 2012).
13
REVISÃO DE LITERATURA
cavar, bater membro torácico no solo) provavelmente proporcionado pela pressão exercida
pelo garrote e desconforto pela diminuição da circulação na região (Errico et al., 2008). Além
disso, a movimentação do animal durante o procedimento, aumenta a resistência vascular
periférica no membro, resultando em pressões intravasculares maiores que a produzida pelo
torniquete, possibilitando o vazamento dos fluidos estagnados (Cimetti, 2004) ocasionando
perdas de fármacos para a corrente sanguínea e, consequente diminuição da concentração na
região isolada. Levine (2010) ressaltou que os cavalos que não se movimentaram durante o
tempo de restrição vascular, tiveram concentrações intra-articulares de antibiótico maiores
que os cavalos que se movimentaram, independentemente do tipo de torniquete que
estivessem utilizando, apesar de ressaltar que não houveram casos suficientes ou um controle
apropriado para permitir a avaliação objetiva do efeito do movimento sobre eficácia do
torniquete.
Na prática clínica, sabe-se que é difícil impedir a movimentação do animal em posição
quadrupedal, mas pode-se reduzi-la com sedação adequada e, se necessário, reaplicação dos
fármacos para minimizar o desconforto (Hyde et al., 1990; Hunter et al., 2015; Oreff et al.,
2016). Protocolos associando o cloridrato de detomidina e butorfanol tem sido de uso
constante na espécie equina (Hyde et al., 1990; Levine et al., 2010; Oreff et al., 2016; Sole et
al., 2016; Kilcoyne et al., 2018b).
Outras técnicas podem ser utilizadas para minimizar o desconforto promovido pelo
torniquete e contribuir para a eficiência da perfusão, como a realização de bloqueios dos
nervos periféricos proximais ao torniquete (nervos mediano, ulnar e músculo cutâneo do
antebraço) (Harvey et al., 2016; Moser et al., 2016; Kilcoyne et al., 2018); e a adição de
anestésico local (mepivacaína ou lidocaína) juntamente com o fármaco a ser utilizado na
perfusão regional (Mahne et al., 2014; Kelmer et al., 2017); ou, ainda, submeter o animal a
uma anestesia geral.
Comparando-se as técnicas citadas, Mahne et al. (2014) concluiu que, nos cavalos
sedados em posição quadrupedal, o bloqueio dos nervos proximais ao torniquete é mais
eficiente para minimizar o desconforto, do que a perfusão anestésica ou somente a sedação,
recomendado esta técnica como preferencial para animais neste posicionamento. De acordo
com os pesquisadores, os resultados observados quanto a farmacocinética da amicacina não
justificam o uso de anestesia geral, considerando os riscos e altos custos relacionados ao
procedimento.
Além disso, observou-se que a concentração de amicacina na articulação
metacarpofalangeana, após 30 minutos do início da perfusão regional, é mais baixa em
16
animais em decúbito se comparado com animais em posição quadrupedal (Mahne et al., 2014;
Aristizabal et al., 2016). É possível que cavalos em decúbito lateral tenham menor pressão
venosa no membro em comparação com cavalos em posição quadrupedal, devido às
diferenças de pressão hidrostática, especialmente nas regiões mais distais do membro, e a
infusão de solução em uma veia com menor pressão poder prejudicar a difusão para fora da
malha vascular. Deve-se considerar também, que o efeito da gravidade no cavalo em posição
quadrupedal possa permitir que a solução atinja regiões mais distais do membro (Aristizabal
et al., 2016).
Em relação ao tempo em que o torniquete deve ser mantido para promover o isolamento
vascular durante a perfusão regional intravenosa, frequentemente tem-se proposto 30 minutos,
independente da área a ser tratada (Hyde et al., 1990; Lallemand et al., 2013; Hunter et al.,
2015; Godfrey et al, 2016; Sole et al., 2016; Nieto et al., 2016; Moser et al., 2016; Oreff et al.,
2016, 2017; Kelmer et al., 2017; Schoonever et al., 2017). Estudos que mantiveram o
torniquete por trinta minutos, demonstraram que a concentração de antibiótico nas amostras
de líquido sinovial coletadas imediatamente antes da retirada do torniquete encontrava-se
acima da mínima inibitória para os diferentes patógenos, nas articulações
metacarpofalangeanas (Godfrey et al, 2016; Oreff et al., 2016, Oreff et al., 2017; Kelmer et
al., 2017), cárpicas (Mahne et al., 2014; Moser et al., 2016; Schoonover et al., 2017) e
interfalangeanas distal (Moser et al., 2016; Schoonover et al., 2017; Kilcoyne et al., 2018).
Porém, já foi relatado que a concentração articular de amicacina em animais que
receberam infusão regional intravenosa com isolamento vascular durante 30 minutos é
equivalente à concentração encontrada nos animais que tiveram o garrote mantido por 20
minutos (Aristizabal et al., 2016).
Em recente estudo, Kilcoyne et al (2018) perfundiram amicacina (2g diluído em 60 ml
de NaCl 0,9%), a partir da veia cefálica de equinos em posição quadrupedal, e coletaram
amostras de líquido sinovial da articulação interfalangeana distal nos tempos 5, 10, 15, 20, 25
e 30 minutos. Os resultados obtidos mostraram que a concentração máxima do antibiótico no
líquido sinovial ocorreu com 15 minutos, não havendo mais aumento nas colheitas
subsequentes. Dessa forma, os pesquisadores consideraram que este tempo de isolamento é o
suficiente para se promover a difusão desejada.
A utilização de um tempo menor do que 30 minutos de manutenção do torniquete no
membro do animal, permite uma realização mais eficiente do procedimento, minimizando o
desconforto do cavalo e a necessidade de sucessivas sedações. Em estudo utilizando uma
escala analógica visual de desconforto, observou-se que grande parte dos animais que
17
apresentam grandes vantagens como menor risco de infecção, menor risco de deslocamento e
migração do cateter, e custo reduzido do tratamento em longo prazo (Marie, 2005), mas ainda
não foram descritos para a medicina veterinária equina.
Em síntese, a perfusão regional intravenosa é um procedimento de grande importância
na clínica de equinos e, apesar de ser uma técnica descrita há mais de cem anos, ainda tem
sido estudada e aperfeiçoada com o objetivo de melhorar a eficiência do tratamento e
minimizar o desconforto para os animais. Os próximos capítulos apresentam trabalhos que
foram realizados com este enfoque.
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RESUMO
A perfusão regional intravenosa é uma técnica eficiente para o tratamento de infecções
ortopédicas. A venografia permite visualização radiográfica dos vasos do equino por meio da
aplicação de líquido contrastado radiopaco. O objetivo deste trabalho foi avaliar diferenças na
dispersão de contraste radiopaco infundido na veia cefálica de equinos em decúbito lateral e
posição quadrupedal. 10 equinos adultos hígidos, avaliados em decúbito (GD) sob anestesia
geral e, após 15 dias, em posição quadrupedal (GPQ). Em ambos os momentos foram feitas
imagens radiográficas sequenciais no início da aplicação do contraste(T0) e após 10,20,30,40
e 50 minutos. O torniquete foi retirado com 30 minutos. A chegada do contraste no casco foi
de, aproximadamente, 2 minutos para GPQ e 4 minutos para GD. Nos animais GD, há uma
melhor evidenciação do contraste nas veias laterais e chega em menor quantidade no casco.
Observou-se aumento da radiopacidade dos tecidos, a partir de T10 até T50. Soluções de
contraste infundidas pela veia cefálica, chegam mais rapidamente e uniformemente ao casco
de GPQ, porém a movimentação do equino pode promover falha na estase. Após 15 minutos
de estase sanguínea ocorre difusão de contraste para os tecidos.
Palavras-chave: contraste radiopaco, venografia, veia cefálica.
ABSTRACT
Intravenous regional infusion is an efficient technique for the treatment of orthopedic
infections. The venography allows radiographic visualization of the vessels of the equine
through the application of radiopaque contrast medium. The objective of this work was to
evaluate differences in the dispersion of radiopaque contrast infused in the cephalic vein of
horses in lateral decubitus and quadrupedal position. 10 healthy adult horses, evaluated in
decubitus (GD) under general anesthesia and, after 15 days, quadrupedal position (GPQ). In
both moments sequential radiographic images were made at the beginning of the application
of the contrast (T0) and after 10,20,30,40 and 50 minutes. The tourniquet was removed with
30 minutes. The arrival of the contrast in the hull was approximately 2 minutes for GPQ and 4
minutes for GD. In the GD animals, there is a better evidence of the contrast in the lateral
veins and arrives in less quantity in the hull. An increase in tissue radiopacity is observed
28
from T10 to T50. Contrast solutions infused by the cephalic vein, arrive more quickly and
uniformly to the hull of GPQ, but the movement of the equine can promote stasis failure.
After 15 minutes of blood stasis diffusion of contrast to the tissues occurs.
INTRODUÇÃO
A perfusão regional intravenosa surgiu em 1908 com August Gustav Bier. A técnica
consiste na infusão de fármaco, na época anestésico, em uma região do organismo isolada
vascularmente da circulação sistêmica, através de torniquete (Van Zundert et al., 2008).
Nessa técnica, as altas concentrações de antibiótico no sistema vascular e a
pressurização do mesmo, geram um gradiente de concentração muito elevado entre o espaço
intravascular e os tecidos, o que maximiza o processo de difusão a todos estes (líquido
sinovial, tecidos moles e osso), incluindo os pouco vascularizados, onde os patógenos se
encontram protegidos (Errico et al., 2008).
Estudos que investigam a farmacocinética de fármacos administrados por perfusão
regional intravenosa demonstram que os acessos pelas veias digital palmar, cefálica e safena
são eficientes na distribuição dos antimicrobianos no membro de equinos (Hyde et al., 1990;
Kelmer et al., 2015; Godfrey et al, 2016; Sole et al., 2016). Alguns pesquisadores têm
trabalhado com os animais em posição quadrupedal (Levine et al., 2010; Oreff et al., 2017;
Kilcoyne et al., 2018), enquanto outros mantêm os animais em decúbito lateral durante o
procedimento (Butt et al., 2001; Dória et al., 2015).
A venografia é uma ferramenta que permite visualização radiográfica dos vasos do
equino por meio da aplicação de líquido contrastado radiopaco, permitindo a avaliação da
perfusão vascular do membro (D'após et al, 2010) , e tem sido amplamente utilizada na clínica
equina, principalmente para avaliação da circulação digital nos casos de laminite. Esta técnica
foi inicialmente descrita em 1992, usando membros de cadáveres. Com aplicação na veia
digital lateral e utilização do torniquete promovendo estase distal, demonstrou o
preenchimento retrógrado das veias digitais usando contraste radiopaco. Posteriormente,
juntamente com Redden (1993), desenvolveram a técnica para aplicação em cavalos em
posição quadrupedal, para entender os efeitos da laminite na circulação do dígito (Rucker et
al., 2006).
O objetivo deste trabalho foi avaliar se existe diferença na dispersão de contraste
radiopaco infundido na veia cefálica de equinos em decúbito lateral ou em posição
29
quadrupedal.
MATERIAL E MÉTODOS
Este experimento foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Faculdade
de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo - FZEA/USP
(CEUA/FZEA), sob o protocolo número CEUA nº 9519191217.
Antes do início do experimento os animais foram submetidos a exame físico (frequência
cardíaca, frequência respiratória, temperatura corpórea e avaliação de mucosas) e inspeção,
em movimento e em posição quadrupedal, para avaliação de alterações no sistema locomotor
como edemas e claudicação. Os equinos também foram submetidos a exames hematológicos
(hemograma e fibrinogênio) e bioquímica sérica para avaliação da função hepática, renal e
muscular.
Foram utilizados dez equinos, adultos, machos e fêmeas, sem raça definida, com peso
corpóreo médio de 350 kg, considerados hígidos após a realização dos exames físicos e
laboratoriais. Os dez animais foram avaliados em dois momentos: Grupo Decúbito (GD) e,
após 15 dias, Grupo Posição Quadrupedal (GPQ).
No momento de avaliação de GD, os animais foram sedados com xilazina 2% (1mg/kg,
IV), seguido de miorrelaxamento com éter gliceril guaiacol, (100mg/kg, IV) e indução
anestésica com a associação de cetamina 10% (2mg/kg, IV) e midazolam (0,1mg/kg, IV). Na
sequência, foram posicionados em decúbito lateral direito em mesa cirúrgica, e mantidos sob
anestesia geral inalatória, com isofluorano. Foi realizada tricotomia e antissepsia na região do
terço médio do rádio do membro torácico direito, onde se efetuou o acesso da veia cefálica
com cateter 20G (Nipro®) na altura da castanha. Acima da região onde foi fixado o cateter, a
pele foi protegida por uma compressa cirúrgica, ao redor da área de aplicação do torniquete, e
foi posicionado uma atadura enrolada sobre a veia cefálica para garantir maior eficiência na
pressão do garrote sobre a veia. Em seguida, promoveu-se a estase circulatória do membro
com a colocação de um torniquete de látex (“tripa de mico”).
Imediatamente após a colocação do garrote, iniciou-se a infusão de 100 mL de meio de
contraste de baixa osmolaridade (Omnipaque® ioexol 300mg I/ml) em uma velocidade
aproximada de 10 mL/min.
O estudo radiográfico da dispersão da solução infundida foi realizado em seis
momentos: Tempo Zero (T0), Tempo 10 (T10), Tempo 20 (T20), Tempo 30 (T30), Tempo 40
(T40) e Tempo 50 (T50), ou seja, no início da aplicação do contraste e após 10, 20, 30, 40 e
50 minutos, respectivamente. Para a execução das radiografias, foi utilizado emissor da marca
30
Poskon, modelo PXP-20HF PLUS e sistema DR Serv Imagem, modelo SIMS DR 35. A
técnica utilizada foi de 76 a 80 Kv e 3,2 a 4,0 mAs, dependendo da região radiografada e
porte físico do animal.
Com o objetivo de acompanhar o fluxo do contraste, utilizou-se a estratégia de dividir o
membro em cinco regiões a serem radiografadas: região do rádio proximal ao garrote, região
do rádio distal ao cateter, carpo, metacarpofalangeana e casco. As regiões foram radiografadas
nas projeções mediolateral, dorsolateral-palmaromedial, dorsopalmar e dorsomedial-
palmarolateral. A avaliação radiográfica da região proximal ao garrote teve o objetivo de
verificar se haveria passagem do contraste, o que indicaria falha da obstrução circulatória.
Após 30 minutos da infusão do contraste, os garrotes foram retirados e as avaliações
radiográficas T40 e T50 foram realizadas com o objetivo de avaliar o percurso do contraste
após o restabelecimento do fluxo circulatório.
Para o estudo do Grupo em Posição Quadrupedal (GPQ), os animais foram contidos em
tronco e sedados com cloridrato de detomidina por via intravenosa, na dose de 10 a 20 µg/kg,
de acordo com o comportamento de cada animal. Foi realizado o acesso da veia cefálica do
membro torácico direito com cateter 20G (Nipro®) na altura da castanha. E em seguida,
realizou-se a colocação do garrote e a infusão do contraste da mesma forma como foi
realizada para o GD. O estudo radiográfico foi conduzido nos mesmos tempos e regiões já
descritas.
Todas as imagens obtidas foram analisadas individualmente e sem identificação do
grupo a que pertenciam por dois radiologistas e as observações foram catalogadas para
posterior análise comparativa entre os mesmos tempos dos diferentes grupos. Por se tratar de
uma avaliação qualitativa, não houve um estudo estatístico e os resultados foram apresentados
de forma descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
realização das radiografias. Porém, foi possível obter imagens em tempos muito próximos em
que o contraste ainda não estava presente e logo depois já foi visualizado na próxima
avaliação. Dessa forma, os resultados obtidos mostraram que o contraste injetado na veia
cefálica pode ser identificado radiograficamente na circulação do casco em aproximadamente
2 minutos para o Grupo em Posição Quadrupedal (GPQ) e 4 minutos para o Grupo em
Decúbito (GD).
equinos realizada neste trabalho não teve como objetivo fazer um estudo venográfico da
microcirculação lamelar e, por isso, as imagens obtidas não mostraram a presença do
contraste tão evidente nesta região quanto em imagens de estudos venográficos de casco, que
utilizam o acesso pela veia digital palmar (Rucker et al., 2006) e não pela cefálica. Já para as
perfusões regionais, o uso das grandes veias do membro do equino se mostrou muito eficiente
(Hyde et al., 1990; Hunter et al., 2015; Oreff et al., 2016; Sole et al., 2016; Kilcoyne et al.,
2018b) considerando que, após aplicações de antimicrobianos nas veias cefálica e safena, a
concentração do antibiótico no líquido sinovial nas articulações
metacarpofalangeana/metatarsofalangeana (Kelmer et al., 2017; Oreff et al., 2017),
interfalangeanas distais (Moser et al., 2016; Schoonover et al., 2017; Kilcoyne et al., 2018b) e
carpo (Lallemand et al., 2013; Harvey et al., 2016), foi inicialmente muito acima da
concentração mínima inibitória dos mais suscetíveis patógenos.
Em relação à distribuição do contraste, também foram observadas diferenças entre os
grupos. Em GD, a presença de contraste na face lateral do membro foi mais evidente do que
na face medial (Fig. 1A) e nos animais em posição quadrupedal a distribuição do contraste foi
uniforme (Fig. 1B). Na região do casco, essa diferença na distribuição do contraste entre as
veias digitais lateral e medial também foi bastante evidente (Fig. 2). Esta diferença na
distribuição do contraste observada nos animais em decúbito pode estar relacionada à
gravidade, visto que a região onde se identificou maior evidência contraste (região lateral) era
justamente a face que estava mais baixa.
Após esse momento de agitação, observou-se em três animais (30%) a perda da estase
circulatória, evidenciada radiograficamente pela presença do contraste na região proximal ao
torniquete (Fig. 5).
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos no presente trabalho permitem concluir que, em perfusão regional
de membros de equinos com solução de contraste:
- solução infundida pela veia cefálica chega ao casco mais rapidamente quando os
animais estão em posição quadrupedal do que quando estão em decúbito lateral;
- a distribuição da solução infundida pela veia cefálica é mais uniforme quando o animal
está em posição quadrupedal do que quando está em decúbito lateral;
- após 15 minutos de estase circulatória ocorre difusão da solução presente nos vasos
38
REFERÊNCIAS
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RUCKER, A.; REDDEN, R. F.; ARTHUR, E. G. et al. How to Perform the Digital
Venogram. AAEP Proceedings, v. 52, p. 526–530, 2006.
SOLE, A.; NIETO, J. E.; ARISTIZABAL, F. A.; SNYDER, J. R. Effect of emptying the
vasculature before performing regional limb perfusion with amikacin in horses. Equine
veterinary journal, v. 48, n. 6, p. 737–740, 2016.
RESUMO
ABSTRACT
Traditionally, intravenous regional perfusion is used for the treatment of orthopedic
infections in horses. However, repeated applications are necessary and premature closure of
the treatment may occur due to phlebitis or loss of venous access, due to constant
perforations. In human medicine, totally implantable catheters are used for easy and
prolonged access to the vascular system, with excellent results and patient satisfaction levels.
The objectives of this study were to evaluate the surgical technique for the implantation of
fully implantable catheter in the cephalic vein of horses, and to verify the viability of
prolonged use of this type of catheter in the equine species. Ten adult horses were divided into
two groups for catheter implantation. A 15cm catheter was inserted in one group and in the
42
other a 46cm. The animals were monitored for 60 days and evaluated clinically and through
hematological examinations. 70% presented edema and lameness after catheter implantation.
Other complications were venous thrombosis, bends in the catheter and connection
uncoupling. Hematological parameters changes were leukocytosis due to neutrophilia and
increased fibrinogen levels.
Key words: cephalic vein, totally implantable catheters , regional limb perfusion
INTRODUÇÃO
Tradicionalmente, para administração de medicamentos por perfusão regional
intravenosa em equinos, faz-se uso de cateteres externalizados, classificados como
temporários ou de longo prazo (Marie, 2005; Phan et al., 2005). No entanto, em muitos casos
clínicos, repetidas perfusões regionais são necessárias para resolver infecções persistentes e o
encerramento prematuro da perfusão regional intravenosa costuma ocorrer devido à flebite ou
perda do acesso venoso (Butt et al., 2001; Scheuch et al., 2002; Mattson et al., 2004). Isto
ocorre pelas constantes perfurações, o que dificulta o manuseio dos vasos e favorece o
extravasamento dos fármacos (Bonassa, 2005).
Atualmente, para que haja acesso fácil e prolongado ao sistema vascular, são utilizados
na medicina, para hemodiálise, hemoterapia, quimioterapia e nutrição parenteral prolongada,
cateteres constituídos em silicone ou poliuretano, de lúmen único ou múltiplo, sendo semi-
implantáveis ou totalmente implantáveis (Neves Junior et al., 2010). Os cateteres totalmente
implantados (port-a-cath system®, life port®, primo port®, entre outros) foram
desenvolvidos para serem implantados cirurgicamente em grandes vasos e são conectados a
um dispositivo de administração (portal) que fica alojado no espaço subcutâneo. Por este
portal, que é acessado pela punção através da pele íntegra, os fármacos podem ser
administrados de maneira intermitente ou por infusão (Marie, 2005; Phan et al., 2005; Garcia
et al., 2007). Há estudos sobre a utilização de cateteres totalmente implantados em pessoas,
que demonstram persistência de, em média, 353 dias, não resultando em complicações em
82,2% dos casos, sendo a taxa de satisfação dos pacientes de 93% (Wolosker et al., 2004;
Ignatov et al., 2009).
MATERIAL E MÉTODOS
Este experimento foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Faculdade
de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo - FZEA/USP
(CEUA/FZEA), sob o protocolo número CEUA nº 9519191217.
Foram utilizados dez equinos adultos com peso corpóreo médio de 350 kg, machos e
fêmeas, sem raça definida, considerados hígidos após exames clínicos e laboratoriais.
Para o procedimento cirúrgico, os animais foram submetidos a jejum alimentar de doze
horas antes do início do experimento. Após estarem contidos em tronco para equinos, foi
realizada tricotomia ampla da região rádio-cárpica do membro torácico direito
Os animais foram sedados com xilazina 2% (1mg/kg, IV), seguido de miorrelaxamento
com éter gliceril guaiacol (100mg/kg, IV) e indução anestésica com a associação, na mesma
seringa, de cetamina 10% (2mg/kg, IV) e midazolam (0,1mg/kg, IV). Na sequência, os
animais foram submetidos a anestesia geral inalatória, com isofluorano e foi realizada
anestesia local infiltrativa, com cloridrato de lidocaína 2%, sem vasoconstrictor, nos locais
predefinidos para a inserção do cateter e sepultamento do portal.
Sob anestesia geral inalatória, após rigorosa antissepsia do campo cirúrgico com
digluconato de clorexidine degermante (2%), alcoólico (0,5%) e álcool 70%, um cateter
intravenoso totalmente implantado, de silicone, modelo Life-Port ® Titânio Infantil 7,5 Fr, foi
introduzindo na veia cefálica, canulando-a, seguindo as instruções do fabricante com
adaptações para espécie equina, considerando que, em humanos, a implantação é para acesso
central e no presente estudo o cateter foi implantado para acesso regional no membro. Em
cinco animais (A1, A2, A3, A4 e A5) foram implantados cateteres de 46 cm de comprimento
(Grupo 46 - G46), estendendo-se até ao terço médio do terceiro metacarpiano, e nos outros
cinco animais (A6, A7, A8, A9 e A10) foram implantados cateteres de 15 cm de comprimento
(Grupo 15 – G15), afim de evitar que sua extensão terminasse na região distal do rádio,
proximal ao carpo.
Durante o procedimento cirúrgico foram feitas imagens radiográficas do rádio, nos
animais em que foram implantados cateter de 15 cm de comprimento, e rádio, carpo e
metacarpo nos animais em que foram implantados cateter de 46 cm de comprimento, para
avaliar se o posicionamento do cateter estava adequado e se não havia dobras antes de
finalizar a fixação cirúrgica do mesmo. A projeção de escolha foi a mediolateral devido
decúbito, e por evidenciar com maior clareza o posicionamento do cateter, tendo em vista que
em outras projeções as sobreposições poderiam dificultar a avaliação.
44
Para as avaliações radiográficas foi utilizado emissor da marca Poskon, modelo PXP-
20HF PLUS e sistema DR Serv Imagem, modelo SIMS DR 35. A técnica utilizada foi de 76 a
80 Kv e 3,2 a 4,0 mAs, dependendo da região radiografada e porte físico do animal.
Após recuperação anestésica, os animais foram alojados em baias individuais. A ferida
cirúrgica foi limpa uma vez ao dia, mantendo-se ataduras sobre os pontos e foram aplicadas
três doses de 20.000 UI/kg de penicilina benzatina, em intervalos de 48 horas e 4,4 mg/kg de
fenilbutazona, a cada 24 horas, durante 3 dias. Os pontos de pele foram removidos com 10
dias pós-operatórios.
Vinte quatro horas após a implantação do cateter, os animais foram levados para
ambiente controlado, em uma sala de procedimento, e contidos em tronco para segunda
avaliação radiográfica para confirmar o posicionando e verificar ausência de dobras no
cateter. A projeção utilizada nesse momento foi a lateromedial do rádio, nos animais em que
foram implantados cateter de 15 cm de comprimento, e do rádio, carpo e metacarpo nos
animais em que foram implantados cateter de 46 cm de comprimento.
Variância (AVOVA) de uma via para medidas repetidas foi utilizada a 0,05 de significância.
Nos casos em que foi observada diferença significativa, foi conduzido o teste t pareado com o
ajuste de Bonferroni como prova post-hoc (α=0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não existem relatos na literatura sobre o uso de cateter totalmente implantado na
espécie equina e a técnica cirúrgica utilizada neste trabalho para colocação do cateter foi
adaptada a partir das instruções do fabricante para a espécie humana. O procedimento de
implantação levou em torno de 40 minutos e o passo-a-passo está ilustrado na Figura 1.
(B).
Vinte e quatro horas após a implantação, as imagens radiográficas mostraram que os
cateteres continuavam fixados e sem dobras. Porém, em todos os animais foi observada
alteração de posicionamento, comparando-se ao período transoperatório, podendo estar
relacionada ao fato de os animais estarem em decúbito na primeira avaliação e em estação na
segunda. Os portais estavam em posição mais distal, o que acarretou numa curvatura mais
acentuada do cateter no local de acoplamento ao portal (Fig. 3), porém, sem
comprometimento ao fluxo ou imagem sugestiva de bloqueio por estrangulação.
infusão livre, fácil e indolor da solução fisiológica e da solução heparinizada, porém, não
havendo retorno de sangue. No exame radiográfico, verificou-se uma dobra do cateter no
espaço subcutâneo, próximo ao local de acoplamento ao portal, o que impediu o refluxo de
sangue. Não foi observado dor, aumento de volume ou claudicação. O cateter foi mantido no
animal durante os 60 dias experimentais, posicionado na veia cefálica, sem apresentar
qualquer reação tecidual.
Nos animais 6 (A6) e 9 (A9), foi observado no sétimo dia aumento de volume (edema)
generalizado no membro, desde o casco até o rádio e claudicação, quando se optou pela
remoção do cateter. Esses mesmos sinais foram observados nos animais 5 (A5), 7 (A7) e 8
(A8), porém, mais tardiamente, com 15 dias, quando se optou pela remoção do cateter. Em
todos esses animais não era mais observado o retorno venoso pelo cateter, embora fosse
possível administrar soluções. Ao exame radiográfico não foi possível visualizar qualquer
alteração. Ao exame ultrassonográfico, verificou-se estase venosa/ausência de fluxo no local
onde o cateter estava implantado, dificultando o fluxo sanguíneo no membro, o que
provavelmente gerou o edema por dificuldade de retorno venoso. Ao se remover o cateter,
observou-se que o mesmo estava corretamente posicionado, sem dobras e sem reações
teciduais subcutâneas no local onde fora posicionado o portal. Não se observou sangue
coagulado no interior do cateter.
No animal 10 (A10), foram realizados os testes de patência a cada dois dias, durante 60
dias e o cateter se mostrou viável durante todo o experimento, visto que era possível a infusão
livre, fácil e indolor da solução fisiológica e da solução heparinizada. Também era possível
aspirar sangue. Não foi observado aumento de volume do membro ou claudicação. Ao se
remover o cateter, observou-se que o mesmo estava corretamente posicionado, sem reações
teciduais ao implante.
Os cavalos que não apresentaram reação ao cateter (A2, A4 e A10) não apresentaram
dor à palpação ou aumento de temperatura no membro onde o cateter foi implantado,
permanecendo com o cateter durante 60 dias. Por outro lado, nos cavalos que reagiram ao
cateter, com sete (A1, A3, A6, A9) e 15 dias (A5, A7, A8), os cateteres foram imediatamente
removidos, após avaliação radiográfica e ultrassonográfica, e instaurada terapia de controle de
infecção, dor e cicatrização. Os animais apresentaram redução do aumento de volume e
melhora da claudicação nos dias subsequentes à remoção do cateter, e evoluíram
positivamente com o passar dos dias. Não foram verificados sinais de comprometimento
vascular do membro com 30 dias após remoção dos cateteres.
51
Em síntese, os resultados deste trabalho mostraram que 70% dos animais demonstraram
reações adversas à presença do cateter totalmente implantado, como edema de membro e
claudicação, e 30% dos animais permaneceram com o cateter implantado durante 60 dias sem
manifestação clínica.
Em relação ao comprimento do cateter implantado, 60% dos animais que estavam com
o cateter longo (G46) apresentaram dobras na região da articulação cárpica que, embora não
53
Se por um lado, os cateteres mais curtos (G15) anularam a ocorrência de dobras, por
outro lado, 90% dos animais que estavam com estes cateteres, apresentaram edema de
membro associado à ausência de fluxo sanguíneo no local onde o cateter foi implantado.
CONCLUSÃO
Este estudo demonstrou que o cateter totalmente implantado, da forma como foi
utilizado, não se mostrou viável para ser aplicado na rotina veterinária equina.
REFERÊNCIAS
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for chemotherapy: experience in 500 patients. São Paulo Medical Journal, v.122, p.147-51,
2004.
1. Definição
A perfusão regional intravenosa consiste na aplicação de solução em uma região
temporariamente isolada da circulação sistêmica, com intuito de se obter altas concentrações
do fármaco na região da afecção, potencializando sua ação e minimizando a toxicidade
sistêmica. É um procedimento simples de ser executado, porém há necessidade do
conhecimento da técnica e planejamento prévio das ações.
2. Indicações
A perfusão regional intravenosa pode ser feita à partir de qualquer acesso venoso que
seja fácil e possível o isolamento da região a ser tratada. As veias preferencialmente
escolhidas para a aplicação do fármaco são:
• veia cefálica, se a região a ser tratada for no membro torácico;
• veia safena, se o tratamento for no membro pélvico;
• veias digitais palmares e plantares, em casos distais.
57
Porém, sabidamente, os acessos pelas veias cefálica e safena, são eficientes para
entregar a concentração terapêutica nas regiões distais, o acesso é mais fácil e, devido ao
grande calibre destas, são mais resistentes a sucessivas perfurações que um tratamento por
perfusão pode exigir, em comparação às veias digitais.
5. Materiais necessários
6. Preparo do animal
O jejum deve ser condizente com a contenção escolhida, sendo de 2 horas na sedação
ou 12 horas nos animais que receberão anestesia geral.
7. Tipos de torniquetes
Existem três tipos de torniquetes e qualquer um pode ser utilizado com bons
resultados, desde que a pressão exercida seja suficiente para promover a estase venosa.
São eles:
59
Caso a região a ser tratada seja proximal, por exemplo a articulação do carpo,
recomenda-se a colocação de um segundo torniquete distal a região.
61
Após a infusão da solução, o animal tem que permanecer com o isolamento vascular
por no mínimo 15 minutos.
Terminado o tempo, os torniquetes e cateteres devem ser retirados, e um curativo com
antisséptico e atadura compressiva deve ser colocado sobre a área, afim de favorecer a
cicatrização, evitar infecção e preservar o acesso venoso para futuras perfusões.
62
um dos autores tenha conhecimento e concorde com a inclusão de seu nome no texto submetido.
▪ O ABMVZ comunicará a cada um dos inscritos, por meio de correspondência eletrônica, a
participação no artigo. Caso um dos produtores do texto não concorde em participar como autor, o
artigo será considerado como desistência de um dos autores e sua tramitação encerrada.
Comitê de Ética
É indispensável anexar cópia, em arquivo PDF, do Certificado de Aprovação do Projeto da
pesquisa que originou o artigo, expedido pelo CEUA (Comitê de Ética no Uso de Animais) de sua
Instituição, em atendimento à Lei 11794/2008. O documento deve ser anexado em “Ethics
Conmitee” (Step 6). Esclarecemos que o número do Certificado de Aprovação do Projeto deve ser
mencionado no campo Material e Métodos.
Tipos de artigos aceitos para publicação:
▪ Artigo científico
conter um “Resumo”.
O número de páginas não deve exceder a oito, incluindo tabelas e figuras.
O número de Referências não deve exceder a 12.
Preparação dos textos para publicação
Os artigos devem ser redigidos em português ou inglês na forma impessoal.
Formatação do texto
▪ O texto NÃO deve conter subitens em nenhuma das seções do artigo, deve ser apresentado em
arquivo Microsoft Word e anexado como “Main Document” (Step 6), no formato A4, com
margem de 3cm (superior, inferior, direita e esquerda), na fonte Times New Roman, no tamanho
12 e no espaçamento de entrelinhas 1,5, em todas as páginas e seções do artigo (do título às
referências), com linhas numeradas.
▪ Não usar rodapé. Referências a empresas e produtos, por exemplo, devem vir,
obrigatoriamente, entre parêntesis no corpo do texto na seguinte ordem: nome do produto,
substância, empresa e país.
Seções de um artigo
▪ Título. Em português e em inglês. Deve contemplar a essência do artigo e não ultrapassar 50
palavras.
▪ Autores e Afiliação. Os nomes dos autores são colocados abaixo do título, com identificação
da instituição a qual pertencem. O autor e o seu e-mail para correspondência devem ser indicados
com asterisco somente no “Title Page” (Step 6), em arquivo Word.
▪ Resumo e Abstract. Deve ser o mesmo apresentado no cadastro contendo até 200 palavras
em um só parágrafo. Não repetir o título e não acrescentar revisão de literatura. Incluir os
principais resultados numéricos, citando-os sem explicá-los, quando for o caso. Cada frase deve
conter uma informação completa.
▪ Palavras-chave e Keywords. No máximo cinco e no mínimo duas*.
* na submissão usar somente o Keyword (Step 2) e no corpo do artigo constar tanto keyword
(inglês) quanto palavra-chave (português), independente do idioma em que o artigo for submetido.
▪ Introdução. Explanação concisa na qual os problemas serão estabelecidos , bem como a
pertinência, a relevância e os objetivos do trabalho. Deve conter poucas referências, o suficiente
para balizá-la.
▪ Material e Métodos. Citar o desenho experimental, o material envolvido, a descrição dos
métodos usados ou referenciar corretamente os métodos já publicados. Nos trabalhos que
envolvam animais e/ou organismos geneticamente modificados deverão constar
obrigatoriamente o número do Certificado de Aprovação do CEUA. (verificar o Item Comitê
de Ética).
Nota:
✓ Toda tabela e/ou figura que já tenha sido publicada deve conter, abaixo da legenda,
informação sobre a fonte (autor, autorização de uso, data) e a correspondente referência deve
figurar nas Referências.
▪ Discussão. Discutir somente os resultados obtidos no trabalho. (Obs.: As seções Resultados e
Discussão poderão ser apresentadas em conjunto a juízo do autor, sem prejudicar qualquer uma
das partes).
▪ Conclusões. As conclusões devem apoiar-se nos resultados da pesquisa executada e serem
apresentadas de forma objetiva, SEM revisão de literatura, discussão, repetição de resultados e
especulações.
▪ Agradecimentos. Não obrigatório. Devem ser concisamente expressados.
▪ Referências. As referências devem ser relacionadas em ordem alfabética, dando-se
preferência a artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, indexadas. Livros e teses
devem ser referenciados o mínimo possível, portanto, somente quando indispensáveis. São
adotadas as normas gerais da ABNT, adaptadas para o ABMVZ, conforme exemplos:
Como referenciar:
1. Citações no texto
▪ A indicação da fonte entre parênteses sucede à citação para evitar interrupção na sequência do
texto, conforme exemplos:
✓ autoria única: (Silva, 1971) ou Silva (1971); (Anuário..., 1987/88) ou
67
Anuário... (1987/88);
✓ dois autores: (Lopes e Moreno, 1974) ou Lopes e Moreno (1974);
✓ mais de dois autores: (Ferguson et al., 1979) ou Ferguson et al. (1979);
✓ mais de um artigo citado: Dunne (1967); Silva (1971); Ferguson et al. (1979) ou (Dunne,
1967; Silva, 1971; Ferguson et al., 1979), sempre em ordem cronológica ascendente e alfabética
de autores para artigos do mesmo ano.
▪ Citação de citação. Todo esforço deve ser empreendido para se consultar o documento
original. Em situações excepcionais pode-se reproduzir a informação já citada por outros autores.
No texto, citar o sobrenome do autor do documento não consultado com o ano de publicação,
seguido da expressão citado por e o sobrenome do autor e ano do documento consultado. Nas
Referências deve-se incluir apenas a fonte consultada.
▪ Comunicação pessoal. Não faz parte das Referências. Na citação coloca-se o sobrenome do
autor, a data da comunicação, nome da Instituição à qual o autor é vinculado.
2. Periódicos (até quatro autores citar todos. Acima de quatro autores citar três autores et al.):
DUNNE, H.W. (Ed). Enfermedades del cerdo. México: UTEHA, 1967. 981p.
LOPES, C.A.M.; MORENO, G. Aspectos bacteriológicos de ostras, mariscos e mexilhões. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 14., 1974, São Paulo. Anais...
São Paulo: [s.n.] 1974. p.97. (Resumo).
MORRIL, C.C. Infecciones por clostridios. In: DUNNE, H.W. (Ed). Enfermedades del cerdo.
México: UTEHA, 1967. p.400-415.
NUTRIENT requirements of swine. 6a ed. Washington: National Academy of Sciences, 1968.
69p.
SOUZA, C.F.A. Produtividade, qualidade e rendimentos de carcaça e de
68
carne em bovinos de corte. 1999. 44f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Escola
de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
4. Documentos eletrônicos (até quatro autores citar todos. Acima de quatro autores citar três
autores et al.):
QUALITY food from animals for a global market. Washington: Association of American
Veterinary Medical College, 1995. Disponível em: <http://www. org/critca16.htm>. Acessado
em: 27 abr. 2000.
JONHNSON, T. Indigenous people are now more cambative, organized. Miami Herald, 1994.
Disponível em: <http://www.summit.fiu.edu/ MiamiHerld-Summit-RelatedArticles/>. Acessado
em: 5 dez. 1994.