Nota informativa sobre Saúde Mental e

aspectos Psicossociais na pandemia do

COVID-19
Tradução e adaptação da versão 1.1 -
redigida e disponibilizada pela IASC
Introdução
Essa briefing note sintetiza aspectos centrais da
saúde mental e apoio psicológico em relação à
nova pandemia do coronavírus (covid-19). Esse
brief foi atualizado pela última vez em fevereiro
de 2020.

CONTEXTO:

▪ O contexto do COVID-19 está mudando rapidamente enquanto o

entendimento dessa doença está também constantemente
evoluindo
▪ Para informações mais recentes:
▫ https://www.who.int/emergencies/diseases/novelcoro
navirus-2019
▫ https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/opsdashboa
rd/index.html#/bda7594740fd40299423467b48e9ecf6
Local ou outras agências de saúde pública 2
Saúde Mental e Apoio Psicossocial (SMAPS)
Definições globais: O termo composto “Saúde Mental e Apoio Psicossocial” (SMAPS) é
utilizado nos protocolos da agência ‘Inter standing Committee (IASC)” para para descrever
“qualquer tipo de apoio local ou externo que tem como função proteger ou promover
bem-estar psicossocial e/ou prevenir ou tratar condições associadas a saúde mental”. O
sistema humanitário global usa este termo para unir uma ampla gama de agentes
respondendo a situações emergenciais como no caso da pandemia do covid-19, incluindo
aqueles trabalhando com abordagens biológicas e socioculturais em situações de saúde,
sociais, educacionais e comunitárias e também com a função de ressaltar a necessidade
de abordagens diversas e complementares em prover suporte apropriado.

Protocolos IASC: Os protocolos IASC para SMAPS em cenários emergenciais recomenda

que múltiplos níveis de intervenção sejam integrados dentro das ações de contenção da
pandemia. Esses níveis se alinham com um espectro de saúde mental e necessidades
psicossociais e são representados em uma pirâmide de intervenções a serem realizadas
(ver figura 1) variando desde incorporar considerações sociais e culturais em serviços
básicos até prover serviços especializados para indivíduos em condições de saúde mais
severas. Os princípios básicos incluem: não causar dano, promover direitos humanos e
equidade, fazer uso de abordagens participativas, construir com base em recursos e
capacidades já existentes, adotar intervenções em camadas múltiplas e trabalhar com
sistemas de suporte integrado. As listas para uso dos protocolos foram produzidas pelo
grupo de referência IASC.
3
 Figura 1:
Pirâmide de intervenção para saúde mental e suporte
psicossocial
Suporte não
especializado com foco
(pessoa-a-pessoa)
Exemplo: Saúde mental básica
realizada pelo médico
generalista. Suporte básico
emocional e prático por
trabalhadores da comunidade
Serviços Especializados
Exemplo: Serviços especializados
em saúde mental por
1 especialistas em saúde mental
(psiquiatras, enfermeiras,
psicólogos, psiquiatras, etc)
2
Fortalecimento de
suporte familiar e
comunitário
3 Exemplo: Ativação de redes
sociais. Espaços amigáveis a
crianças. Suporte tradicional da
comunidade
Considerações sociais
em serviços básicos e
seguridade
4 Exemplo: defender serviços
básicos que são seguros,
socialmente apropriados e
protetores da dignidade 4
Saúde Mental e Respostas Psicossociais ao COVID - 19
Em qualquer epidemia, é comum para indivíduos se sentirem
estressados e preocupados. Respostas comuns de pessoas afetadas, direta e
indiretamente podem incluir:
● Medo de adoecer e morrer;
● Evitar se aproximar de instituições de saúde devido ao medo de se
infectar enquanto se trata por outras doenças;
● Medo de perder meios de subsistência, como emprego, por não
conseguir trabalhar durante o isolamento ou por correr risco de
demissão;
● Medo de ser socialmente excluído/colocado em quarentena por ser
associado à doença (p.ex discriminação contra pessoas que são ou são
percebidas como sendo das áreas afetadas);
● Sentimento de impotência em proteger pessoas próximas e medo de
perder pessoas próximas por conta do vírus;
● Medo de ser separado de pessoas próximas e cuidadores por causa do
regime de quarentena;
● Recusa de se importar por menores não acompanhados ou separados,
pessoas com deficiência ou idosos devido ao medo de infecção, pois
pais ou cuidadores foram levados em quarentena;
● Sentimento de desamparo, tédio, solidão e depressão devido à
situação de isolamento social;
● Medo de reviver a experiência de uma epidemia prévia.
Emergências são sempre situações de stress, mas fatores
estressores específicos particulares à pandemia do COVID-19 afetam
a população. Fatores estressores incluem:
● Risco de ser infectado ou de infectar outros,
especialmente quando o modo de transmissão do covid-19
não se encontra 100% esclarecido;
● Sintomas comuns de outros problemas de saúde (p.ex
febre) podem ser confundidos com a infecção pelo covid-19
e levar ao medo de ser infectado;
● Cuidadores podem se sentir cada vez mais preocupados por
suas crianças estarem em casa sozinhas (devido ao
fechamento de escolas), sem o suporte ou cuidados
apropriados;
● Piora de risco da deterioração de saúde física e mental de
indivíduos vulneráveis, por exemplo, adultos mais idosos
(intervenção 1) e pessoas com deficiências (intervenção 2),
se cuidadores são colocados em quarentena, se outro
mecanismo de cuidado e suporte não se encontra funcional.
5
 continuação

Saúde Mental e Respostas Psicossociais ao COVID - 19

Além disso, profissionais situados na linha de frente (incluindo enfermeiras, médicos,
motoristas de ambulância, identificadores de casos da doença e outros) podem vivenciar estressores
adicionais durante a pandemia do covid-19:
● Estigmatização voltada aos que trabalham com os pacientes do covid-19;
● Mecanismos rígidos de bio-segurança:
○ Machucados físicos causados pelo equipamento de proteção;
○ Isolamento físico tornando difícil prover conforto para alguém em situação de
doença ou angústia;
○ Constante estado de alerta e vigilância;
○ Procedimentos rígidos a seguir, impedindo espontaneidade e autonomia.
● Alta demanda no quadro de trabalho, incluindo longas horas de trabalho, aumento no
número de pacientes e a necessidade de, ao mesmo tempo, se manter informado com as
melhores práticas e informações sobre o covid-19;
● Capacidade reduzida de utilizar suporte social devido a cronogramas de trabalho intensos
e estigma comunitário voltado aos trabalhadores da linha de frente;
● Capacidade pessoal ou energética insuficiente em implementar cuidados básicos de
saúde;
● Informação insuficiente sobre a exposição a longo termo de indivíduos infectados pelo
covid-19;
● Medo de que trabalhadores da linha de frente vão transmitir covid-19 em suas famílias e
amigos como resultado de seu trabalho.
O medo constante, preocupação e estressores na população durante a pandemia de
covid-19 podem levar a consequências de longo termo dentro de famílias e comunidades:
Alguns desses medos e reações partem de perigos reais, mas muitas reações
e comportamentos também são criados pela falta de conhecimento, rumores e
informação incorreta.
O estigma social e discriminação podem ser associados ao covid-19, voltado
a pessoas que já foram infectadas, seus membros familiares e trabalhadores da saúde ou
outros profissionais da linha de frente. Ações devem ser tomadas para lidar com o
estigma e discriminação em todas as fases da resposta emergencial ao covid-19.
Cuidados deveriam ser tomados para promover a integração de pessoas que foram
afetadas pelo covid-19, sem perder a noção do escopo de ação possível (Veja abaixo:
Princípios abrangentes: ‘Abordagem para toda a sociedade’)
- Pensando mais positivamente, algumas pessoas podem ter experiências
positivas como orgulho sobre encontrar meios de enfrentamento e resiliência. Membros
da comunidade, em face ao desastre, mostram grande altruísmo e cooperação e pessoas
podem vivenciar grande satisfação ao ajudar outras. Exemplos de atividades
comunitárias do SMAP durante a pandemia de covid-19 podem incluir:
● Manter contato social com pessoas que podem estar isoladas com o uso de
telefonemas e mensagens de texto;
● Compartilhar mensagens factuais centrais dentro da comunidade,
especialmente com indivíduos que não fazem uso de mídia social;
● Prover cuidados e suporte a pessoas que foram separadas de suas famílias
e cuidadores.

● Deterioração de redes de contato social, dinâmicas locais e economias;

● Estigma voltado aos pacientes que sobrevivem resultando em rejeição por comunidades;
● Possível raiva e agressão voltada ao governo e trabalhadores da linha de frente;
● Possível desconfiança da informação distribuída pelo governo e outras autoridades;
● Pessoas com doenças mentais e distúrbios de abuso de substância em desenvolvimento
ou já existentes vivenciando relapsos e outros desfechos negativos por evitarem
instituições de saúde ou por se encontrarem impossibilitados de encontrar os seus
6
cuidadores.
Princípios abrangentes para uma resposta em SMAPS à COVID-19
Contexto mais amplo:
● Respostas à SMAPS devem ser embasadas no contexto. Fora da pandemia de covid-19
quais são os problemas já existentes na comunidade? Esses problemas não podem ser
separados da resposta SMAPS;
● À medida que o vírus se espalha para outros países não pode haver uma abordagem única
para tratar todos os casos de saúde mental e cuidados psicossociais da população,
deve-se abordar cada caso como sendo diferente do anterior;
● Dentro de cada contexto, é necessário entender as necessidades de grupos específicos
dentro da população que podem vivenciar barreiras para o acesso de informações cuidados
e suporte, ou que se encontram com mais alto risco de infecção. O suporte psicossocial à
saúde mental deve ser acessível e adaptado apropriadamente para as necessidades de
crianças (intervenção 3), idosos (intervenção 1), pessoas com deficiência (intervenção 2) e
outros grupos vulneráveis (P.ex pessoas com sistema imune comprometido e grupos
étnicos minoritários). As necessidades específicas de mulheres, homens e crianças
também devem ser levadas em consideração;
● As abordagens em SMAPS devem evoluir e se adaptar às necessidades de cada membro da
população afetado pelo covid-19 e em momentos diferentes da pandemia. (p.ex antes
durante e depois altas taxas de infecção na população);
● O preparo vai aumentar consideravelmente e acelerar a resposta no início da pandemia.
Países onde a epidemia ainda não se espalhou precisam preparar para uma possível
resposta de SMAP. Tais países deveriam usar a resposta atual à pandemia e o trabalho da
SMAPS feito durante pandemias passadas para guiar o seu preparo.
● Exemplo: Atividades do SMAPS feitas para o covid-19 usadas na China podem não ser tão
relevantes em outros países ou podem precisar de adaptações para adequação a novos
contextos (incluindo adaptações a cultura, linguagem, saúde e sistemas sociais, etc).
Fortalecer SMAPS na resposta ao covid-19:
● A SMAPS deveria ser um componente central em qualquer resposta de saúde pública;
● O entendimento de considerações de saúde mental e psicossocial será central para
interromper transmissão e prevenir o risco de uma repercussão a longo prazo no bem-estar
da população e na capacidade de lidar com adversidade;
● Isso inclui a integração da abordagem SMAPS e de suas atividades dentro de estratégias
comunitárias, divulgação na comunidade, identificação de casos e rastreamento de
contato, assim como atividades em instituições de saúde e centros de quarentena
(intervenção 4) e em estratégias pós cuidados iniciais.
● Intervenções em saúde mental devem ser realizadas dentro dos sistemas gerais de
serviços de saúde (incluindo cuidados primários) e poderia em adição, ser
organizado em outras estruturas pré existentes na comunidade, assim como,
escolas, centros comunitários, centros envolvendo pessoas jovens e idosas;
● Os trabalhadores de saúde mental e bem-estar situados na linha de frente precisam
ter suporte. Trabalhadores da saúde, identificadores de casos da doença,
trabalhadores envolvidos em manejo de cadáveres e muitos outros voluntários e
trabalhadores do setor precisam ser providos de ações em SMAPS, em vigência
tanto durante quanto depois da pandemia (intervenção 5);
● Exemplo: A experiência indica que pessoas em quarentena que tem poder de
escolha em suas vidas (p.ex qual alimento comer no cotidiano), que tem mais acesso
a atividades estruturas, que tem rotina e recebem informações atualizadas são mais
propensas a lidar melhor com a situação pandêmica do que indivíduos confinados
em áreas isoladas com autonomia reduzida. Integrar uma abordagem psicossocial
em estabelecer locais de quarentena vai significativamente contribuir para o bem
estar de indivíduos e seus familiares em quarentena.
Enfatizar coordenação:
● A SMAPS deveria ser considerado um tópico de ampla importância dentro de todos
os setores/pilares emergenciais envolvidos na resposta;
● Mecanismos de coordenação e integração claros de SMAPS e conhecimento técnico
são críticos para uma resposta adequada à pandemia;
● Compartilhar informação de SMAPS e ferramentas entre todos os setores/pilares
emergenciais é crucial durante uma pandemia, assim como angariar recursos. Onde
há falhas em conhecimento e expertise, treinamentos online para o SMAPS em
emergências deveria e pode ser facilitado e agrupado entre governos e empresas;
● Exemplo: Comunicação de risco é um elemento chave de qualquer situação
pandêmica. Integrar mensagens de saúde mental positivas (intervenção 6) em
todos os meios de comunicação pública (Tv, rede social, etc) vai promover bem estar
da população. É responsabilidade de todos os setores (p.ex proteção, educação)
incluindo membros da mídia divulgar tais mensagens. Uma campanha de
conscientização pública deveria ser estruturada de forma a educar comunidades,
direcionar estigma e qualquer medo excessivo de contágio e encorajar o público a 7
valorizar e apoiar os trabalhadores da linha frente.
 continuação

Princípios abrangentes para uma resposta em SMAPS à COVID-19

● Serviços existentes deveriam ser adaptados a novas condições e alterações
Serviços existentes nos padrões de busca por serviços, por exemplo através de unidades de
contato por celular visitando pessoas em suas casas para prover suporte,
● É importante mapear estruturas e expertise em SMAPS existentes em cada incluindo aqueles com doenças mentais pré-existentes e histórico de abuso
região, incluindo serviços privados e públicos de saúde e educação. O de substâncias. Adaptações podem necessitar ser feitas para serviços
mapeamento serve como um mecanismo para separar, mobilizar e coordenar comunitários para pessoas com deficiência física e mental (p.ex intervenções
recursos; baseadas em grupo) de uma forma que minimize risco de infecção mas
● É importante estabelecer ou intensificar caminhos de referência entre continue o suporte necessário.
agências ou entre setores para garantir que crianças e famílias com outras ● Exemplo: Alguns serviços de SMAPS podem fechar durante a pandemia do
preocupações (como proteção, necessidades de sobrevivência) ou situações COVID-19. Esses fechamentos servem como uma oportunidade para
mais graves de angústia possam acessar os serviços necessários profissionais da saúde treinados para oferecer SMAPS usando abordagens
rapidamente; não convencionais, por exemplo, através de vídeos, telefonemas e mídia
● Trabalhadores da SMAPS existentes podem não ser treinados em ambientes social.
emergenciais de SMAPS. Prover treinamento e construir capacitação em
medidas apropriadas em emergências vai encorajar serviços existentes a
Construir em estruturas de saúde locais
prover SMAPS no contexto do COVID-19;
● Precauções deveriam ser tomadas para garantir que pessoas com problema
● Programas de saúde mental nacionais, cuidados sociais, programas de bem
de saúde mental e problema de abuso de substâncias continuem a ter acesso
estar social, ambientes educacionais e organizações governamentais e não
a medicação e apoio durante a pandemia, tanto na comunidade como em
governamentais deveriam ter um papel central na resposta em SMAPS;
instituições. O direito de consentimento informado deve ser respeitado a todo
● Em áreas nas quais serviços formais SMAPS estão ausentes, deve-se
momento ao longo do tratamento para pessoas com problemas de saúde
identificar as principais fontes de cuidados (ex famílias, grupos sociais, em
mental e abuso de substâncias e em igual base com todas as outras pessoas;
alguns contextos líderes religiosos) para colaborar com o cenário;
● Pessoas que desenvolvem sintomas de COVID-19 durante a permanência em
● Atores locais, incluindo líderes respeitados e confiáveis da comunidade
uma instituição de saúde mental deveriam receber o mesmo nível de
podem já estar servindo como provedores da linha de frente oferecendo apoio
tratamento de alta qualidade e suporte que todas as outras pessoas.
psicossocial para suas comunidades, incluindo assuntos relacionados a
● Instituições (ex instituições de saúde mental e prisões) e ambientes
morte, e perdas relacionadas ao surto;
residenciais (lar de idosos pex) precisam desenvolver procedimentos para
● É necessário suportar esses agentes tanto com o conhecimento de
minimizar risco de infecção do COVID-19 e protocolos para responder a
COVID-19, assim como com as habilidades do SMAPS (p.ex primeiros socorros
indivíduos que se tornaram infectados;
psicológicos) e como e para onde referenciar indivíduos que podem precisar
● Considerações deveriam ser feitas para pessoas com doenças crônicas
de um suporte mais especializado. É preciso garantir que uma quantidade
pré-existentes ou incapacitadas cujos cuidados médicos podem ter sido
suficiente de membros da linha de frente estejam equipados com
interrompidos durante a pandemia de COVID-19. Passos devem ser tomados
conhecimento e habilidades para oferecer suporte psicossocial para crianças,
para garantir que acesso a medicamentos, cuidados diários e refeições não
sejam interrompidos.
pessoas com deficiência e outros adultos vulneráveis. 8
 continuação
Princípios abrangentes para uma resposta em SMAPS à COVID-19
● Exemplo: Alguns trabalhadores da linha de frente podem vivenciar exclusão
social por sua família ou comunidade devido ao medo e estigma ou, de fato,
algumas famílias destes trabalhadores também podem ser estigmatizadas e
isoladas de sua comunidade. A estigmatização pode ser questão chave na
piora do bem-estar psicológico de pessoas afetadas e pode fazer uma
situação já desafiadora muito mais difícil, podendo inclusive afetar a moral
dos trabalhadores. Durante esse tempo, é importante que o bem-estar mental
da equipe da linha de frente seja protegido. Parcerias com líderes
comunitários é um passo importante para contrariar tais concepções
incorretas. Grupos de apoio para responder aos trabalhadores da saúde
também podem oferecer oportunidades para outro suporte social durante a
resposta enquanto compartilham informação relevante com os profissionais
da saúde.
Ambientes de proteção
● Forte ênfase precisa ser colocada na força e abundância de recursos ao invés
de em suas vulnerabilidades e fraquezas;
● A resposta deve procurar criar ambientes seguros e protegidos para
cuidados e fazer uso de tais recursos e forças existentes;
● Agentes individuais e a resposta coletiva deveriam garantir que todas as
ações protejam e promovam bem-estar;
● Princípios chave psicossociais, incluindo esperança, segurança, calma,
conexão social, e auto-eficácia/eficácia social, deveriam estar presentes em
toda intervenção;
● Considerações especiais deveriam ser feitas para garantir a proteção de
grupos vulneráveis incluindo crianças, pessoas com deficiência, idosos,
pessoas que estão imunocomprometidas e grupos étnico/culturais
minoritários sendo alvo de estigma e discriminação;
● Call centers podem servir como uma ferramenta efetiva para apoiar pessoas
na comunidade que se sentem preocupadas ou ansiosas. É importante
garantir que os trabalhadores/voluntários no call center sejam treinados e
supervisionados em SMAPS (p.ex primeiros socorros psicológicos) e tenham
as informações mais recentes sobre o surto de COVID-19 para evitar dano
acidental aos ligantes.
● Exemplo: WEChat, WhatsApp, Media Social, e outras formas de tecnologia podem
ser usadas para formar grupos de suporte/manter suporte social especialmente
para os que estão em isolamento;
● Exemplo: As pessoas em luto precisam ter a oportunidade de lamento. Se
enterros tradicionais não são possíveis, alternativas dignas que mantenham
costumes locais e rituais precisam ser identificados e praticados.
Abordagem “Toda a Sociedade”:
● Enquanto é preciso haver intervenções focadas com objetivos específicos e grupos
alvo, a SMAPS precisa ser uma abordagem “Toda a sociedade”;
● Uma abordagem “Toda a sociedade” requer direcionar as necessidades de SMAPS
de toda uma população afetada, independente de seu contato direto ou indireto
com o vírus, raça/etnicidade, idade, gênero, vocação ou afiliação;
● Atividades de SMAPS que são aplicáveis a todos os membros de uma comunidade
incluem:
○ Promoção de estratégias de auto-cuidado, como respirar ou outras
práticas culturais;
○ Mensagens de normalização sobre medo e ansiedade e meios pelos
quais pessoas podem suportar umas às outras (intervenção 6)
○ Clara concisa e precisa informação sobre o COVID-19, incluindo como
acessar ajuda se alguém ficar doente;
○ Exemplo: Mortes podem ser causadas por causas além do COVID-19,
por exemplo, gripe ou uma pneumonia não relacionada. As famílias
impactadas por essas mortes vão precisar de SMAPS relacionado ao
luto da mesma maneira que famílias que perderam membros pelo
COVID-19 precisam.
Perspectiva de Longo-Termo
● Emergências podem levar a um influxo de recursos que cria uma importante
oportunidade para fortalecer saúde mental a longo prazo, cuidados sociais e
estruturas de bem estar social;
● Exemplo: Construindo a capacidade de agentes locais de saúde e não saúde não
apenas vai apoiar SMAPS no atual COVID-19, mas também apoiar a preparação para
9
futuras emergências.
Atividades Globalmente Recomendadas
A lista abaixo ressalta as 14 atividades centrais que devem ser implementadas como parte da resposta ao COVID-19.
1- Conduzir um rápido acesso do contexto e de problemas, necessidades e recursos
disponíveis na SMAPS, culturalmente específicos, incluindo necessidades de treinamento e
falhas na capacidade ao longo do espectro de cuidados à saúde;
2- Fortalecer uma coordenação SMAPS facilitando a colaboração entre agências de SMAPS,
governo e outros parceiros. A coordenação em SMAPS deveria ser uma iniciativa
inter-setorial, incluindo saúde, proteção e outros atores relevantes. Se encontros setoriais
estão sendo restritos, um grupo de trabalho em SMAPS deveria ser criado para apoiar
agentes em todos os setores;
3- Usar informações de avaliações educacionais, incluindo necessidades identificadas,
falhas e recursos existentes para criar/contribuir para um sistema para a identificação e
provisão de cuidados a pessoas com condições mentais comuns e severas e problemas de
abuso de substâncias. Como parte do fortalecimento do sistema de saúde atual, cada
instituição de saúde deveria ter pelo menos uma pessoa treinada e um sistema organizado
para identificar e prover cuidados para pessoas com saúde mental debilitada. Isso requer a
alocação de recursos de longo prazo e o desenvolvimento de uma estratégia de divulgação
da SMAPS para influenciar financiamento, coordenação de qualidade e iniciativas
sustentáveis e de longo prazo;
4-Estabelecer uma estratégia SMAPS para sobreviventes de COVID-19, casos em aberto,
pacientes em situação de isolamento, membros familiares, trabalhadores da linha de frente,
e a mais ampla comunidade com especial atenção às necessidades de grupos vulneráveis (ex
crianças, idosos e debilitados). É preciso garantir que a estratégia englobe: medo, estigma,
mecanismos de enfrentamento negativo, como abuso de substâncias, e outras
necessidades identificadas;
5- Integrar saúde mental e considerações psicossociais em todas as atividades de
enfrentamento à pandemia;
6-Garantir que informação precisa sobre o COVID-19 esteja prontamente disponível e
acessível a trabalhadores da linha de frente, pacientes infectados com o COVID-19 e
membros da comunidade. A informação deve incluir uma prática baseada em evidência para
prevenir transmissão, como procurar suporte na área da saúde, assim como mensagens para
promover bem-estar psicossocial;
7- Treinar todos os trabalhadores da linha de frente (enfermeiras, motoristas de ambulância,
voluntários, identificadores de caso, professores, líderes comunitários), incluindo trabalhadores que
não são da área da saúde em sítios de quarentena, sobre princípios essenciais de cuidados
psicossociais, primeiros socorros psicológicos e como fazer referências quando preciso. O
tratamento do COVID-19 e isolamento em sítios de quarentena deve incluir um funcionáriotreinado
no SMAPS. Treinamentos online podem ser utilizados se não for possível trazer o funcionário junto,
devido a riscos de infecção;
8- Garantir que um sistema de referências funcional com condições de saúde mental seja ativado
entre os setores envolvidos (incluindo saúde proteção e violência baseada em gênero) e que todos
os atores operando em linha de frente estejam cientes e usem tal sistema;
9- Prover a todos os trabalhadores enfrentando o COVID-19 acesso a fontes de suporte psicossocial
(intervenção 5). Isso deve ter igual prioridade que garantir sua segurança física através de
conhecimento e equipamento adequado. Onde for possível, garantir uma revisão regular do status
psicossocial dos trabalhadores da linha de frente para identificar riscos, problemas emergentes e
modelar a ação às suas necessidades;
10- Desenvolver kits de ferramenta de atividades que pais, professores e famílias possam usar com
suas crianças em isolamento, incluindo mensagens sobre como prevenir o avanço da doença e
também jogos de lavagem de mãos e rimas. Crianças não devem ser separadas de suas famílias, a
não ser que para tratamento ou prevenção de infecção. Se a separação precisar ocorrer, então uma
alternativa segura e confiável deve ser encontrada e com contato familiar regular provido enquanto
mantendo medidas de proteção à criança;
11- Estabelecer oportunidades para os enlutados ficarem de luto de uma forma que não comprometa
estratégias de saúde pública para reduzir o avanço do COVID-19, mas que reflita as tradições e
rituais da comunidade;
12- Estabelecer medidas para reduzir o impacto negativo do isolamento social em locais de
quarentena. Comunicação com amigos e família fora do local, assim como medidas que promovam a
autonomia (escolhas em atividades diárias) deveria ser facilitado e promovido (intervenção 4);
13- Na fase de melhora primária, deve-se prover suporte a autoridades de saúde para estabelecer
serviços psicossociais baseados em saúde mental e na comunidade sustentáveis;
14- Estabelecer mecanismos de monitoração, avaliação, a contabilidade e aprendizado para medir 10
atividades em SMAPS efetivas.
INTERVENÇÃO 1:
Ajudando pessoas de mais idade a lidar com o estresse durante a pandemia do COVID-19
Adultos de mais idade, especialmente os que estão em isolamento e possuem algum
déficit cognitivo/demência, podem ficar mais ansiosos, nervosos, estressados, agitados,
afastados ou excessivamente desconfiados durante a pandemia/o período de isolamento. Dê
suporte emocional através de eletrônicos (para as famílias) e profissionais de saúde mental.
Compartilhe informações simples sobre o que está acontecendo e dê informações claras sobre
como reduzir o risco de infecção em palavras que pessoas de mais idade, com ou sem prejuízo
cognitivo, consigam entender. Repita as informações sempre que necessário.
As sugestões abaixo se aplicam para todos os idosos que moram em lares
comunitários. Para aqueles que possuem assistência domiciliar (como cuidadores ou que moram
em asilos), os administradores e funcionários devem garantir as medidas de segurança para
prevenir infecção cruzada e a explosão de preocupações excessivas ou pânico (assim como em
hospitais). Da mesma forma, apoio também precisa ser dado para os profissionais que estejam em
quarentena, cuidando desses indivíduos, e que não podem estar com suas famílias.
Idosos são mais vulneráveis ao COVID-19 por suas fontes limitadas de informação,
sistemas imunológicos mais fracos e a maior taxa de mortalidade do COVID-19 nessa população.
Cuidado extra deve ser dado a indivíduos de grupo de maior risco, como idosos que moram
sozinhos ou sem parentes próximos; que têm condição social mais baixa ou problemas de saúde
como déficit cognitivo/demência, ou outros problemas de saúde. Idosos de déficit cognitivo
moderado ou em estados iniciais de demência devem ser informados do que está acontecendo,
dentro de sua capacidade de compreensão, e receber apoio para aliviar sua ansiedade e estresse.
Para pessoas em estágios moderados ou avançados de demência, suas necessidades de dia-a-dia
e médicas devem ser atendidas durante o período da quarentena.
● Necessidades médicas de idosos com ou sem o COVID-19 devem ser atendidas
durante a pandemia. Isso inclui acesso sem restrições a remédios essenciais (para
diabetes, câncer, doenças do rim, HIV/AIDS). Para prover o serviço médico, recursos
como serviços médicos online e telemedicina podem ser usados;
● Idosos isolados ou infectados devem receber informações verdadeiras sobre os
fatores de risco e a chance de recuperação;
● Durante a quarentena, lares de cuidado ou serviços de cuidado domiciliar devem usar a
tecnologia (recursos como o WhatsApp ou WeChat) para dar treinamento e
aconselhamento a cuidadores familiares em casa, e também incluir treinamento de
primeiros socorros psicológicos para esses familiares.
Idosos podem ter acesso limitado a aplicativos de mensagem, como o
WhatsApp.
● De a eles informações e fatos verdadeiros sobre a pandemia do
COVID-19, a progressão, o tratamento e as estratégias para prevenir o
contágio;
● Informação deve ser acessível (linguagem clara, simples e em letras
grandes) e deve vir de fontes confiáveis (seja de meios de jornais,
redes sociais ou prestadores de cuidado à saúde), para prevenir de
medidas absurdas, como estocar ervas medicinais que não tem
efeito sobre a doença;
● A melhor forma de contatar indivíduos idosos é por meio de seus
telefones fixos ou visitas regulares (se possível). Encoraje
familiares e amigos a ligar para seus parentes mais velhos com
frequência e ensiná-los a usar aplicativos de conversa por vídeo.
Idosos podem não estar acostumados a usar equipamentos de
proteção/prevenção e se recusar a usá-los.
● Instruções de como usar os equipamentos de proteção devem ser
dadas de forma clara, concisa, respeitosa e paciente.
Idosos podem não saber como usar serviços online como serviços de
compras e entrega para suprimentos do dia-a-dia, linhas de consulta ou pedido
de ajuda ou acesso a serviços de saúde.
● Dê a eles instruções com detalhes e ensine como conseguir ajuda se
necessário, como pedir um táxi ou entregas de produtos;
● A distribuição de bens e serviços, como equipamentos de prevenção
(ex.: máscaras e produtos de limpeza), produtos de supermercado e
transportes de emergência podem reduzir a ansiedade no dia-a-dia.
Ensinar às pessoas de mais idade exercícios simples para fazer em
casa, durante a quarentena, podem ajudar a manter mobilidade e reduzir o tédio.
Encoraje idosos com experiência e capacidade física a se voluntariar
em atividades comunitárias para lutar contra o COVID-19. Idosos podem dar
suporte, fazer checagens pela vizinhança e cuidar de crianças para profissionais
da área da saúde que estão em hospitais, lutando contra o COVID-19. 11
INTERVENÇÃO 2:
Atendendo às necessidades de pessoas com deficiências durante o surto do COVID-19
Pessoas com deficiência e seus cuidadores vão encontrar dificuldades
A inclusão de vozes e das necessidades desses indivíduos portadores de
para ter acesso aos cuidados e informações essenciais para a prevenção e
deficiências durante o planejamento da prevenção ao surto e nas respostas de emergência
redução de risco durante o surto do COVID-19. Essas dificuldades podem incluir:
são essenciais para manter a saúde física e mental, além de reduzir o risco de serem
infectados pelo COVID-19:
● Barreiras ambientais:
● Mensagens de linguagem acessível devem ser criadas, levando em consideração
○ Informar sobre o risco é essencial para prevenir a
as necessidades de pessoas com deficiências (tanto sensoriais, intelectuais,
propagação da infecção e reduzir o estresse da população,
cognitivas e psicossociais). Exemplos são:
mas essa informação muitas vezes não é compartilhada de
○ Sites acessíveis e fichas para indivíduos com deficiência
forma inclusiva para pessoas com deficiências de
visual, para que consigam ler informações essenciais sobre o
comunicação;
surto;
○ Muitos centros de cuidado à saúde não são acessíveis para
○ Reportagens sobre o surto devem incluir intérpretes de
pessoas com deficiências. Por causa de barreiras urbanas e
linguagem de sinais, validados por pessoas com surdez;
falta de acessibilidade em sistemas de transporte público,
○ Profissionais de saúde que saibam linguagem de sinais ou
pessoas com deficiências podem não conseguir acesso à
tenham intérpretes validados por pessoas com surdez;
cuidados de saúde em local adequado.
○ Mensagem com linguagem acessível para pessoas com
deficiências intelectuais, cognitivas ou psicossociais;
● Barreiras institucionais:
○ Formas de comunicação que não dependam só de
○ O custo do acesso ao cuidado de saúde impede que muitas
informação escrita devem ser criados e usados. Esses
pessoas portadoras de deficiência consigam pagar os
incluem a necessidade de comunicação ao vivo ou websites
serviços de saúde essencial;
interativos para transmitir informação.
○ A falta de protocolos estabelecidos para cuidar de pessoas
com deficiência em quarentena.
Se cuidadores precisares ser colocados em quarentena, planos devem ser feitos
para garantir suporte para esses indivíduos portadores de deficiência que precisem de
● Barreiras de atitude:
cuidados.
○ Preconceito, estigmas e discriminação contra pessoas
portadoras de deficiência, como a crença de que essas
Organizações de comunidades e líderes de comunidade podem ser parceiros na
pessoas não podem contribuir na luta contra o surto do vírus
comunicação e para dar suporte mental e psicossocial para pessoas com deficiência que
ou que não podem tomar as próprias decisões.
foram separados de seus familiares ou cuidadores.
Essas barreiras podem causar ainda mais estresse para esses
Pessoas com deficiência e seus cuidadores devem ser incluídos em todos os
indivíduos e para seus cuidadores durante o surto do COVID-19.
estágios de resposta ao surto do vírus.
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 INTERVENÇÃO 3:
Mensagens e atividades para ajudar crianças a lidar com o estresse durante o surto do
COVID-19
Encoraje comportamentos de escuta ativa e atitudes de compreensão quando
com as crianças. Elas podem responder a situações difíceis/inquietantes de formas
diferentes: se agarrando aos seus cuidadores, ficando ansiosas, se retraindo, se sentindo
irritadas ou agitadas, tendo pesadelos, molhando a cama, tendo grandes mudanças de
humor, etc.
Crianças geralmente ficam mais aliviadas se conseguem se expressar e
comunicar suas emoções incômodas em um ambiente seguro e de suporte. Toda criança tem
sua própria forma de expressar emoções. Às vezes se envolvendo em atividades criativas,
como brincar e desenhar, pode facilitar esse processo. Ajude crianças a achar jeitos
positivos de expressar seus sentimentos ruins, como raiva, medo e tristeza.
Encoraje um ambiente mais sensível e carinho para a criança. Elas precisam de
mais afeto e atenção durante tempos difíceis.
Se lembre que crianças muitas vezes mimetizam emoções dos adultos
importantes em sua vida. Por isso, como os adultos respondem à crise é muito importante. É
importante que os adultos administrem suas emoções e permaneçam calmos, escutem às
preocupações das crianças e falem com elas de forma gentil, reassegurando-as. A depender
da idade da criança, encoraje pais/cuidadores a abraçá-las e repetir mensagens de amor e
orgulho. Isso vai fazer com que se sintam mais calmas e seguras.
Se possível, dê a elas oportunidades para brincar e relaxar.
Mantenha crianças perto de seus pais e familiares, se considerado seguro para a
criança, e evite ao máximo separá-las de seus pais/cuidadores. Se uma criança precisar ser
separada de seu cuidador primário, garante que uma alternativa apropriada seja
providenciada, e que um assistente social ou um equivalente regularmente cheque como a
criança está.
. Se crianças forem separadas de seus cuidadores, garanta contato
frequente e regular, como por ligações de telefone e chamadas de vídeo, e reconforto.
Garanta toda a proteção e medidas de cuidado com a criança.
Garanta rotinas normais e calendários da melhor forma possível, ou ajude a
criar novas no ambiente novo, incluindo aprendizado, brincadeiras e descanso. Se
possível, mantenha os trabalhos escolares, estudo ou outras atividades de rotina que
não coloquem a criança em risco ou vão contra recomendações das autoridades de
saúde. Crianças devem continuar indo à escola se não for um risco à sua saúde.
De às crianças informações sobre o que está acontecendo, e dê instruções
compreensíveis para elas sobre como se prevenir contra a infecção e ficar seguros, em
palavras que compreendam. Demonstre a elas como elas podem ficar seguras (ex.:
mostre como lavar as mãos de forma correta).
Evite falar de boatos/rumores ou informações não confiáveis na frente das
crianças.
Dê às crianças informações sobre o que aconteceu ou pode acontecer de
forma reconfortante, honesta e apropriada para sua idade.
Dê como apoio para adultos e cuidadores atividades para crianças fazerem
durante o isolamento/quarentena. Atividades devem incluir explicações sobre o vírus
mas também manter crianças ativas quando fora da escola, como:
● Brincadeiras de lavagem das mãos com rimas;
● Histórias imaginárias sobre o vírus explorando o corpo;
● Transformar a limpeza da casa em um jogo divertido;
● Desenhar vírus/microorganismos para que possam ser coloridos pelas
crianças;
● Explicar o que são e como funcionam os EPIs (equipamentos de proteção
individual) para crianças, para que não se assustem.
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Intervenção 4:
Atividades de apoio à saúde mental e suporte psicossocial para adultos em isolamento
Durante a quarentena, quando possível, canais de comunicação devem ser usados para reduzir a solidão e o isolamento psicossocial (como o WhatsApp).

ATIVIDADES DE APOIO PARA O BEM-ESTAR DURANTE ISOLAMENTO

DOMICILIAR/QUARENTENA

● Exercícios físicos, como yoga, tai chi ou alongamentos;

● Exercícios cognitivos;
● Exercícios de relaxamento, como de respiração, meditação e mindfulness;
● Leitura de livros e revistas;
● Reduzir o tempo gasto vendo imagens e notícias
assustadoras/impressionantes na TV;
● Reduzir o tempo gasto ouvindo boatos/rumores;
● Busca de informações de fontes confiáveis;
● Reduzir o tempo gasto procurando informações (1 a 2 vezes por dia, ao invés de
toda hora).

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Intervenção 5:
Dando suporte a pessoas trabalhando na resposta ao COVID-19
MENSAGENS PARA PROFISSIONAIS DA LINHA DE FRENTE
Se sentir estressado é uma experiência pela qual você e muitos dos seus colegas devem
estar passando. Na verdade, é normal se sentir desse jeito no cenário atual. Trabalhadores podem
sentir que não estão fazer um trabalho bom o suficiente, que estão sendo cobrados excessivamente
ou que a demanda é grande demais, e podem sentir ainda mais pressão em seguir os novos protocolos
de saúde e segurança no trabalho.
Estresse e os sentimentos associados não são um reflexo de que você não consegue
fazer o seu trabalho, nem de que você é fraco, mesmo que você se sinta assim. Na verdade, o
estresse pode ser útil. Nesse cenário, o sentimento de estresse pode te manter motivado em seu
trabalho e te dar um propósito para continuar. Administrar seu estresse e bem-estar psicossocial
durante esse período é tão importante quanto cuidar de sua saúde física.
Tome conta de suas necessidades básicas e use estratégias eficientes para ajudar:
garanta seu descanso durante e entre turnos de trabalho, coma de forma saudável e suficiente,
pratique atividades físicas e permaneça em contato com seus amigos/família. Evite estratégias de
lidar não-saudáveis, como tabaco, álcool ou outras drogas. No longo prazo, eles podem piorar sua
saúde mental e bem-estar físico.
Alguns trabalhadores, infelizmente, podem sofrer e ser afastados por seus familiares ou
pela comunidade, devido a um estigma. Isso pode tornar uma situação já difícil ainda mais
complicada. Se possível, fique em contato com pessoas queridas por meios digitais para manter
contato. Recorra a colegas, seus superiores ou outras pessoas confiadas para suporte social - seus
colegas podem estar sofrendo do mesmo que você.
Isso é um cenário novo e sem precedentes para muitos profissionais, particularmente se
eles nunca agiram em respostas grandes como a atual. Mesmo assim, usar estratégias já usadas no
passado para lidar com estresse pode ser benéfico. Essas estratégias podem provocar bem estar e
reduzir o estresse, mesmo que em um cenário diferente.
Caso o estresse piore e você se sinta sobrecarregado, você não tem culpa. Todos
experimentam estresse e lidam com ele de forma diferente. Pressões atuais e antigas da sua vida
pessoal podem afetar seu bem estar mental no seu trabalho do dia-a-dia. Você pode perceber
mudanças em como você está trabalhando, seu humor pode mudar e você pode sentir irritabilidade
maior, se sentir mais ansioso e pior, se sentir cansado constantemente ou com maior dificuldade
para relaxar, ou você pode até ter sintomas físicos novos, como dores no corpo ou dores de barriga.
Estresse crônico pode afetar seu bem estar mental e seu trabalho, e pode até afetar você
depois que o cenário melhorar. Se o estresse se tornar excessivo e te sobrecarregar, entre em
contato com seu supervisor ou com o indivíduo apropriado para que você tenha suporte adequado.
Para informações sobre os direitos dos trabalhadores durante o surto do COVID-19, acesse: WHO. Coronavirus disease (COVID-19) outbreak: Rights, roles and responsibilities of health workers, including key considerations
for occupational safety and health. WHO: Geneva, 2020. https://www.who.int/docs/default-source/ coronaviruse/who-rights-roles-respon-hw-covid-19.pdf?sfvrsn=bcabd401_0
MENSAGEM PARA OS LÍDERES E SUPERVISORES:
Se você é o líder de uma equipe ou um supervisor, manter seus
profissionais protegidos de estresse crônico e problemas de saúde mental
durante esse período de resposta vai garantir que tenham melhor capacidade
de exercer suas funções - sejam eles trabalhadores de saúde mental ou outros
que ajudem no papel.
Monitore sua equipe com frequência e dê apoio ao bem estar dela,
criando um ambiente no qual seus funcionários possam falar com você se a
saúde mental deles piorar.
Garanta boa comunicação e que novas informações confiáveis
sejam sempre dadas à sua equipe. Isso pode ajudar a controlar qualquer
preocupação sobre incertezas que tenham e ajudá-los para que tenham alguma
sensação de controle da situação.
Pense se existe alguma forma de garantir que sua equipe tenha o
descanso e a recuperação que precisem. Descanso é importante para o
bem-estar físico e mental, e esse tempo vai permitir que eles façam as
atividades de cuidado pessoal próprio.
Abra um canal para que possam, de forma simples e frequente,
expressarem suas preocupações e fazer perguntas, e encoraje apoio entre os
colegas. Sem quebrar confidencialidade, dê atenção especial a qualquer
profissional que você saiba que esteja passando por dificuldades em sua vida
pessoal, que tenham saúde mental fragilizada ou que não tenham suporte
social (possivelmente por afastamento da comunidade).
Treinamento em primeiros socorros de saúde mental pode
beneficiar líderes/supervisores e trabalhadores a ter as ferramentas para dar
suporte aos colegas.
Facilitar e garantir informações sobre o acesso dos trabalhadores
a serviços de saúde mental, onde possam conseguir apoio psicossocial,
incluindo profissionais de saúde mental e suporte psicossocial, estejam
disponíveis pessoalmente ou por serviços telefônicos/à distância.
Gestores e outros líderes vão sofrer estresse similar aos seus
funcionários, e ainda possível estresse adicional pela responsabilidade de seu
cargo. É importante que as medidas e estratégias acima sejam colocadas
tanto para os profissionais como seus supervisores, e que esses líderes
possam ser exemplos de estratégias para cuidado pessoal e para reduzir o
estresse. 15
Intervenção 6:
Mensagens de saúde mental e apoio psicossocial para a comunidade
durante o surto do COVID-19
As mensagens abaixo tentam promover saúde mental e bem-estar em comunidades afetadas pelo COVID-19.

MENSAGENS PARA O PÚBLICO PARA LIDAR COM O ESTRESSE DURANTE O SURTO DO COVID-19:

● É normal se sentir triste, angustiado, preocupado, confuso, com medo ou até irritado durante a crise;
● Fale com pessoas que você confia. Fique em contato com seus amigos e família;
● Se você tiver que ficar em casa, mantenha uma rotina saudável, incluindo boa alimentação, sono,
exercício físico e contato com pessoas queridas em casa. Mantenha contato com família e amigos por
email, ligações ou redes sociais;
● Não use tabaco, álcool ou outras drogas para lidar com suas emoções;
● Se você se sentir sobrecarregado, fale com um profissional de saúde mental, assistente social ou outro
profissional adequado, ou ainda alguém confiável em sua comunidade (como um líder religioso ou pessoa
de idade respeitado pela comunidade);
● Tenha um planejamento de onde ir e buscar ajuda para necessidades físicas, de saúde mental e
psicossocial, caso precise;
● Busque informações sobre risco e como se precaver. Use fontes confiáveis, como um site da OMS ou
uma agência de saúde pública/estadual/local;
● Diminua o tempo que você e seus familiares passam ouvindo ou assistindo reportagens
perturbadoras/incômodas;
● Use habilidades que você usou em tempos difíceis superados para lidar com suas emoções durante
esse surto.
Referências (retirado do texto original)

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Tradução, adaptação revisão e arte:
alunos e voluntários UNIFESP - EPM

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