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1. Introdução
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O Código Civil positivou, pela primeira vez no ordenamento jurídico pátrio, em seu
artigo 170, o instituto da conversão substancial do negócio jurídico. Apesar de sua
inequívoca importância teórica e prática, dada a sua novidade, aliada a parca atenção
dispensada pela doutrina, faz com que fique mergulhado em uma série de incerteza e
imprecisões.
Para tanto, serão analisados os planos do negócio jurídico, a fim de estabelecer a correta
distinção e situar o campo de aplicação da conversão substancial.
Após isso o estudo será focado na conversão propriamente dita, a fim de estabelecer o
seu fundamento, definição, requisitos e a distinção com institutos afins.
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CONVERSÃO SUBSTANCIAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
A realização de efeitos jurídicos é a finalidade para a qual são criados todos os negócios
jurídicos. De fato, os negócios jurídicos visam transformar o mundo que os circunda,
justamente através da realização de efeitos jurídicos.
As definições de negócio jurídico são amplas e variadas, tendo praticamente cada jurista
a sua. Porém, a grande maioria refere-se à gênese do negócio jurídico, ou seja, à
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vontade. Definem o negócio jurídico como a manifestação da vontade individual que
resulta em efeitos jurídicos. Manuel A. Domingues de Andrade, seguindo tal corrente do
pensamento define o negócio jurídico "como um facto voluntário lícito cujo núcleo
essencial é constituído por uma ou várias declarações de vontade privada, tendo em
vista a produção de certos efeitos práticos ou empíricos, predominantemente de
natureza patrimonial (econômica) com ânimo que tais efeitos sejam tutelados pelo
direito - isto é, obtenham a sanção da ordem jurídica, e a que a lei lhe atribui efeitos
jurídicos correspondentes, determinados, grosso modo, em conformidade com a
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intenção do declarante ou dos declarantes (autores ou sujeitos do negócio)".
Por outro lado, parte da doutrina, criticando tal posição, prefere definir o ato jurídico
através da sua função, qual seja, a de criar efeitos jurídicos, de forma que o considera
"antes um meio concedido pelo ordenamento jurídico para a produção de efeitos
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jurídicos do que um ato de vontade." A vontade é deixada de lado; foca-se a função do
negócio jurídico, que é justamente a de criar efeitos jurídicos.
Outra definição do negócio jurídico é a que leva em conta a sua estrutura, buscando
saber exatamente o que ele é, não a sua origem ou mesmo a sua finalidade. Antonio
Junqueira de Azevedo afirma que o negócio jurídico é uma categoria, ou seja, fato
jurídico concreto, sendo uma hipótese de fato jurídico que "consiste em uma
manifestação de vontade cercada de certas circunstâncias (as circunstâncias negociais)
que fazem com que socialmente essa manifestação de vontade seja vista como dirigida à
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produção de efeitos jurídicos".
Sem adentrar nas críticas a tais concepções - vez que não é este o objetivo almejado - é
correto afirmar que o negócio jurídico tem como finalidade, ou é admitido pela ordem
jurídica ou, ainda, tem a sua estrutura voltada para a constituição de efeitos jurídicos.
Somente pode se falar em negócio jurídico fazendo referência a criação de efeitos
jurídicos.
É certo que não é somente o negócio jurídico que gera efeitos para o direito. O gênero
fato jurídico, cujo negócio é uma das suas espécies, também gera efeitos jurídicos.
Porém, o que os diferencia neste ponto é que no negócio jurídico os efeitos são
produzidos de acordo com a vontade do agente, na medida em que é no campo do
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negócio jurídico que a autonomia privada atua.
De fato, caso o negócio jurídico não redundasse na criação de efeitos jurídicos nada de
jurídico teria, sendo apenas fato social irrelevante para o direito. Assim, induvidoso que
a produção de efeitos jurídicos é da essência do negócio jurídico.
A produção de efeitos jurídicos é, sem dúvida, o que polariza o negócio jurídico. Tanto é
assim que a doutrina criou o princípio da conservação, pelo qual, mesmo havendo
alguma imperfeição busca-se a extração de alguns efeitos do negócio jurídico realizado.
De tal princípio surge a redução do negócio jurídico, pelo qual, havendo nulidade parcial
do ato praticado, reduz-se o mesmo, suprindo a parte infringida. Também, a conversão
do negócio jurídico que, pressupondo um negócio totalmente nulo, o converte em outro
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negócio jurídico, objeto do presente estudo.
validade e plano da eficácia são os três planos nos quais a mente humana deve
sucessivamente examinar o negócio jurídico, a fim de verificar se ele obtém plena
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realização."
Esta divisão, além de lógica, é de grande utilidade prática, à medida que ajuda a
entender o fenômeno jurídico e a chegar às conclusões necessárias quando da análise de
determinado negócio jurídico concreto.
Emilio Betti afirma que "o ato antes de ser encarado como ato jurídico deve ser, existir
como realidade material, isto é, como conjunto de dados fáticos que corresponda ao tipo
jurídico ( fattispecie). Se nem ao menos esses dados mínimos de natureza material
ocorreram e a fattispecie não se configurou, o caso é de inexistência do ato jurídico e
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não apenas de nulidade."
Ora, de fato, nada mais natural do que a análise sobre determinado acontecimento com
relevância para o mundo jurídico se inicie com a indagação da sua existência enquanto
tal. "A existência do fato jurídico, constitui, pois, a premissa de que decorrem todas as
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demais situações que podem acontecer no mundo jurídico."
Assim, num primeiro momento deve o investigador indagar quanto a presença dos
elementos necessários para que o negócio jurídico possa efetivamente existir. Tem se
por elementos do negócio jurídico tudo aquilo que lhe dá existência na área jurídica.
Segundo Antonio Junqueira Azevedo tais elementos são classificados de acordo com os
graus de abstração, podendo ser: gerais, quando integrantes de todo e qualquer negócio
jurídico; categoriais, quando referente a um tipo específico de negócio jurídico, e;
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particulares, existente em cada negócio.
José de Abreu Filho afirma que o negócio jurídico inexistente "seria aquele que carecesse
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de elementos indispensáveis a sua própria configuração como figura negocial".
Considera-se tais elementos como sendo "a vontade e o objeto. Não se pode conceber a
existência de um negócio jurídico, como temos reiteradamente afirmado, se falta o
elemento volitivo. Sem a manifestação da vontade, o negócio não pode formar-se
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evidentemente."
Manuel A. Domingues de Andrade expõe que "dá-se a inexistência quando nem sequer
aparentemente se verifica o corpus de certo negócio jurídico. Quando nem sequer na
aparência existe uma qualquer materialidade que corresponda à própria noção de tal
negócio. Temos ainda inexistência quando, embora exista essa aparência, a realidade
não corresponde todavia àquele conceito. É claro, de resto, que tanto podemos falar da
inexistência de determinado tipo particular de negócio jurídico, como da inexistência de
qualquer negócio jurídico em geral. Tudo depende das circunstâncias, aferidas segundo o
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critério indicado". Passado o plano da existência, adentra-se ao plano da validade,
onde indagar-se-á quanto à validade ou invalidade do negócio jurídico existente. Este
plano é específico dos negócios jurídicos, o que importa dizer, quanto aos fatos jurídicos
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e atos jurídicos, não há que se perquirir sobre a validade ou não.
Dois são os graus de invalidade. A invalidade mais grave é tida como nulidade, em que
são atingidos interesses de ordem pública, razão pela qual não haverá sua convalidação
pelo decurso do tempo, podendo ser declarada de ofício. São exemplos os negócios que
não observam a forma prescrita em lei, os simulados e os praticados por menor
absolutamente incapaz. A invalidade menos grave é chamada de anulabilidade, em que
interesse meramente particulares são atingidos. Em razão de que o interesse é
particular, admitem confirmação, convalidam-se com o decurso do tempo (decadência) e
somente podem ser conhecidos em ação própria movida pelo interessado. São exemplos
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CONVERSÃO SUBSTANCIAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
Na mesma trilha segue Antonio Junqueira Azevedo, ao asseverar que "A validade é, pois,
a qualidade que o negócio deve ter ao entrar no mundo jurídico, consistente em estar de
acordo com as regras jurídicas (ser regular). Validade é, como sufixo da palavra indica,
qualidade de um negócio existente. 'Valido' é adjetivo com o que se qualifica o negócio
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jurídico formado de acordo com as regras jurídicas."
Para que o negócio jurídico exista é necessário um agente, mas para que o mesmo seja
válido este agente deve ser capaz; a existência do negócio jurídico pressupõe a
manifestação de vontade, mas para que o negócio seja válido essa vontade deve ser
livre de qualquer vício, o que significa ser manifestada de forma consciente, livre e
baseada em um conhecimento real; a forma é essencial à existência do negócio jurídico
e para a sua validade necessário se faz que a forma seja a prescrita ou, no mínimo, não
vedada por lei.
E, por último, tem-se o plano da eficácia, que "é a parte do mundo jurídico onde os fatos
jurídicos produzem seus efeitos, criando as situações jurídicas, as relações jurídicas, com
todo o seu conteúdo eficacial representados pelos direitos e deveres, pretensões e
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obrigações, ações ou exceções, ou os extinguindo."
Trata-se do terceiro e último plano, onde se verifica a produção de efeitos jurídicos pelo
negócio jurídico. "Nesse plano, não se trata, naturalmente, de toda e qualquer eficácia
prática do negócio, mas sim, tão-só, da sua eficácia jurídica e, especialmente, da sua
eficácia própria ou típica, isto é, da eficácia referente aos efeitos manifestados como
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queridos."
Normalmente o negócio jurídico produz os efeitos que lhe são próprios. Porém, por
variadas razões, como a nulidade do mesmo, a não realização de condição suspensiva,
tais efeitos não vêm a ocorrer. Dir-se-á então que o negócio jurídico é ineficaz.
Quanto ao plano da eficácia, Manuel A. Domingues de Andrade diz que "o negócio
jurídico é ineficaz quando por qualquer motivo legal não produz todos ou parte dos
efeitos que, segundo o conteúdo das declarações de vontade que o integram, tenderia a
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produzir."
Neste ponto é importante esclarecer que quando se fala em ineficácia do negócio jurídico
não se está a falar da não realização de nenhum efeito jurídico. Se assim fosse o
fenômeno sequer seria jurídico. Pelo contrário, todo e qualquer negócio jurídico, em
maior ou menor medida, gera efeitos jurídicos. Marcos Bernardes de Mello afirma que
por vezes, "como, por exemplo, quando o negócio jurídico é nulo, ou quando, como no
caso do testamento precisa de um fato que deflagre a sua eficácia. Mas, em qualquer
hipótese, a simples entrada no mundo jurídico fará com que o fato jurídico irradie, pelo
menos, o efeito de criar uma situação jurídica, cujo conteúdo, embora limitado, é típico .
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"
Humberto Theodoro Júnior entende que há dois graus de eficácia para o negócio
jurídico: o estático e o dinâmico. "No primeiro a vontade negocial cria a relação jurídica
(isto é, constitui, modifica, transfere ou extingue uma relação de direito) e fixa a sua
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idoneidade em tese para o fim jurídico almejado. No segundo estágio, já se depara com
uma relação jurídica já constituída e parte-se para a realização dos resultados práticos
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que lhe correspondem".
Assim, a ineficácia do negócio jurídico se refere aos efeitos que dele são próprios,
objetivamente queridos pelas partes. Por exemplo, num contrato de venda e compra
submetido à condição suspensiva, os efeitos próprios desta categoria negocial somente
vão ser realizados a partir do momento que o fator de eficácia (condição) ocorrer.
Porém, tão-só pela contratação há a geração de efeitos jurídicos, pois houve a criação de
uma relação jurídica, estando as partes autorizadas por lei a realizar as medidas
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necessárias para a conservação do seu direito.
A não geração dos efeitos próprios do negócio jurídico (no grau dinâmico) pode decorrer
de uma sanção imposta pela ordem jurídica em razão da inobservância de requisitos
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impostos pela lei (invalidade) ou em decorrência da não realização dos chamados
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fatores de eficácia. A primeira hipótese configura a ineficácia em sentido lato,
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enquanto a segunda a ineficácia propriamente dita ou em sentido estrito.
Como dito, entende-se por ineficácia em sentido lato a não realização dos efeitos
naturais dos negócios jurídicos em razão de que o mesmo contém uma invalidade,
impondo a não geração de efeitos como sanção.
Trata-se de uma ineficácia estrutural, na medida em que a não realização dos efeitos
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decorre de vício constante da estrutura do negócio jurídico. Caso o negócio jurídico for
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praticado por menor absolutamente incapaz, a ordem jurídica o considera nulo,
retirando-lhe os efeitos como sanção, a fim de proteger o menor. Patente que a não
realização de efeitos decorre do vício intrínseco que o negócio possui, o que é analisado
no plano da validade. Não chega sequer a entrar no campo da eficácia, na medida em
que não ultrapassou o plano anterior.
É correto afirmar que ocorre a ineficácia propriamente dita (ou em sentido estrito)
quando o negócio jurídico existe e é válido. Somente então se observará a divisão
elaborada pela pandectista alemã e se evitará equívocos como os não raros cometidos
por parte da doutrina que costuma chamar de ineficaz todo e qualquer fenômeno jurídico
que por razões diversas não produziu os efeitos desejados. Cria-se, com isso,
equivocadamente, o gênero ineficácia, do qual são espécies os negócios inexistentes, os
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negócios inválidos e os negócios propriamente ineficazes.
Outrossim, a eficácia dos negócios jurídicos inválidos é uma exceção admitida pelo
ordenamento jurídico e, como tal deve ser tratada, vindo somente a confirmar a regra
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da divisão dos planos acima defendida.
O inverso também é verdadeiro. O negócio jurídico existente e válido pode não ser
eficaz. Na ineficácia propriamente dita a análise do jurista se volta aos negócios jurídicos
que, obviamente, existem e são válidos, porém por fatores externos à sua estrutura, não
produzem todos ou parte dos efeitos objetivamente queridos pelos agentes. Pode, assim,
a ineficácia ser uma ocorrência normal ao negócio jurídico e, por que não dizer, desejada
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pelos próprios agentes, como na hipótese de estar submetido à condição suspensiva.
Antonio Junqueira do Azevedo afirma que "muitos negócios, para a produção de seus
efeitos, necessitam dos fatores de eficácia, entendida a palavra fatores como algo
extrínseco ao negócio, algo que dele não participa, que não o integra, mas contribui para
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a obtenção do resultado visado." "Fatores de eficácia, portanto, são dados que
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Os fatores de eficácia são inúmeros, variando de acordo com cada negócio jurídico em
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particular. Não obstante a impossibilidade de enumerá-los, é possível a sua
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classificação. Antonio Junqueira do Azevedo classifica-os da seguinte forma:
c) fatores de atribuição de eficácia mais extensa, que são aqueles necessários para que
o negócio eficaz entre as partes tenha eficácia em relação a terceiros específicos ou
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mesmo erga omnes.
b) ineficácia total e ineficácia parcial. Haverá ineficácia total quando nenhum dos efeitos
queridos pelas partes efetivamente se realizar. Parcial, quando somente parte destes
efeitos vier a ocorrer.
Assim, patente que o negócio ineficaz é um negócio válido, mas que lhe falta um fator
de eficácia, razão pela qual não produz efeitos desde logo.
tal negócio cumpra com alguns requisitos impostos pela ordem jurídica. A inobservância
de tais requisitos importará na invalidade do negócio, o que significa dizer, a
impossibilidade de produzir efeitos de acordo com a ordem jurídica. Entretanto, se tal
negócio tiver dois sentidos, um inválido e outro válido, ou então, dele puder-se, não
obstante a invalidade existente, extrair efeitos de acordo com o ordenamento jurídico,
não seria apropriado, diante de tais possibilidades, entender-se pela invalidade.
Essa tentativa de salvar o ato que de alguma forma encontra-se inquinado de vício é o
que se chama princípio da conservação ou favor negotti. "Por ele, tanto o legislador,
quanto o intérprete, o primeiro, na criação de normas jurídicas sobre os diversos
negócios, e o segundo, na aplicação destas diversas normas, devem procurar conservar,
em qualquer dos três planos - existência, validade e eficácia -, o máximo possível do
negócio jurídico realizado pelo agente." De forma que "consiste em procurar salvar tudo
que é possível num negócio jurídico concreto, tanto no plano da existência, quanto da
validade, quanto da eficácia. Seu fundamento prende-se à própria razão de ser do
negócio jurídico; sendo este uma espécie de fato jurídico, de tipo peculiar, isto é, uma
declaração de vontade (manifestação de vontade a que o ordenamento jurídico imputa
efeitos manifestados como queridos) é evidente que, para o sistema jurídico, a
autonomia da vontade produzindo auto-regramentos de vontade, isto é, a declaração
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produzindo efeitos, representa algo de juridicamente útil."
De fato, mesmo que o ordenamento não permita a produção dos efeitos próprios do ato
praticado, ou em toda a sua extensão, deve-se averiguar quanto a possibilidade de que
o mesmo venha a gerar algum efeito socialmente útil de acordo com a ordem jurídica.
Afinal, "entre duas interpretações possíveis da declaração de vontade, uma que prive de
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validade e outra que lhe assegure validade, há de ser adotada a última."
A idéia subjacente a tal princípio é que a ordem jurídica somente deve impor a
destruição de atos jurídicos afetados de qualquer vício quando o vício não for
remediável. Se possível, o negócio deve ser tratado de forma que mantenha a produção
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de efeitos jurídicos ainda que pouco diverso dos objetivamente queridos.
Diante deste quadro, o intérprete deverá sempre envidar seus melhores esforços a fim
de que o negócio jurídico produza algum efeito prático, não obstante a invalidade que
sobre ele pesa, na medida em que o negócio jurídico concreto foi criado com uma
finalidade e esta deve, tanto quanto possível, ser atingida.
Deparando-se o intérprete com um negócio jurídico nulo da forma com que foi
convencionado, mas que poderia gerar efeitos sucedâneos aos queridos pelas partes ou
aproximados da finalidade prática perseguida, deve valer-se da conversão do negócio
jurídico.
A conversão apresenta-se como "o aproveitamento do suporte fático, que não bastou a
um negócio jurídico, razão de sua nulidade, ou anulabilidade, para outro negócio
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jurídico, para o qual é suficiente."
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Teresa Luso Soares define a conversão como "o meio jurídico em virtude do qual,
verificados certos requisitos, se transforma noutro um negócio jurídico inválido, para
salvaguardar, na medida do possível, o resultado prático que as partes visavam alcançar
com aquele."
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correspondentes ao tipo legal de que ele faz parte."
Marcos Bernardes de Mello acentua que "a conversão do ato jurídico constitui uma das
aplicações do princípio da conservação que consiste no expediente técnico de
aproveitar-se como outro ato jurídico válido aquele inválido, nulo ou anulável, para o fim
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a que foi realizado."
O Código Civil Alemão (BGB) de 1900 foi o primeiro diploma legislativo moderno a
consagrar a conversão do negócio jurídico, assim dispondo:
"§ 140. Correspondendo um negócio jurídico nulo aos requisitos de um outro negócio
jurídico, vale o último, se for de presumir-se que sua validade, à vista do conhecimento
da nulidade, teria sido querida."
O Código Civil Italiano de 1942, de forma similar ao disposto no BGB, assim positiva o
instituto:
"Art. 1.424. (Conversão do contrato nulo). O contrato nulo pode produzir os efeitos de
um contrato diverso, do qual contenha os requisitos de substância e de forma, quando,
tendo em vista o propósito perseguido pelas partes, deva considerar-se que elas o
teriam querido, se tivessem conhecido a nulidade."
"Art. 293.° O negócio nulo ou anulado pode converter-se num negócio de tipo ou
conteúdo diferente, do qual contenha os requisitos essenciais de substância e de forma,
quando o fim perseguido pelas partes permita supor que elas o teriam querido, se
tivessem previsto a invalidade."
Anteriormente ao Código Civil não havia sido positivado expressamente tal instituto
jurídico no ordenamento jurídico pátrio. Mesmo ausente a disciplina legal, a doutrina
considerava aplicável o instituto jurídico da conversão, vez que derivado do princípio da
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conservação e decorrente da ciência e de atividade sadia. Essa omissão foi sanada, vez
que o Código Civil assim positivou a matéria:
"Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá
este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade."
Quanto ao negócio jurídico nulo propriamente dito, não há qualquer dúvida quanto a
possibilidade de sua conversão. Pode-se até mesmo dizer que o habitat natural da
conversão é o ato nulo, como dá conta a simples leitura do art. 170 do CC/2002.
Controvérsia surge ainda em relação aos negócios meramente anuláveis. O Código Civil
Português é expresso em admitir a conversão em relação aos negócios anulados. O
Código Civil brasileiro somente fala em negócios nulos provavelmente em razão de que
os negócios meramente anuláveis podem ser confirmados. Contudo, pode haver algumas
hipóteses de negócio anulável em que não seja possível a confirmação ou esta não traga
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o resultado prático desejado, de forma que a conversão seria útil. De fato, se se
admite a conversão para o caso do vício mais grave que acarreta a nulidade não há
argumento a afastar a conversão em se tratando de vício menos grave, como é o caso
dos negócios anuláveis.
Por último, quadra averiguar sobre a possibilidade de conversão dos negócios ineficazes
em sentido estrito. A doutrina é bastante dividida quanto a este ponto. Luiz A. Carvalho
Fernandes a admite em razão de não encontrar argumentos ponderáveis para afastá-la.
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Por sua vez, Pontes de Miranda, seguido por Marcos Bernardes de Mello,
inadmitem a possibilidade da conversão do negócio ineficaz. A razão parece estar com
estes últimos, vez que a ineficácia em sentido estrito, como já ressaltado, decorre de
fatores externos ao negócio. Não há nos negócios jurídicos ineficazes em sentido estrito
qualquer vício ou defeito na sua estrutura. Está é perfeita e legal. Contudo, o negócio
não produz efeitos práticos correspondentes em razão de que não realizado o
acontecimento externo colocado como fator de eficácia. Assim, ausente o primeiro
pressuposto da conversão do negócio que é justamente a existência de negócio jurídico
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CONVERSÃO SUBSTANCIAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
Por último, faz-se necessário para a conversão que o negócio vertido mantenha o
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mesmo objeto material, a mesma prestação mediata, do negócio jurídico convertido.
Não se pode admitir que o negócio inválido que verse sobre o bem "A" venha a ser
convertido no negócio válido sobre o bem "B", que sequer havia sido aventado pelas
partes, ou ainda, que um negócio jurídico oneroso seja convertido em um negócio
jurídico gratuito.
Para que a conversão se opere, necessário se faz que, para o negócio sucedâneo, haja
vontade hipotética ou conjectural das partes. Não se trata aqui de vontade real, mas de
uma vontade construída que leva em conta a finalidade prática almejada pelas partes
quando da realização do negócio. A conversão só se realiza quando seja de admitir que
as partes teriam querido o negócio sucedâneo caso tivessem se apercebido da
deficiência do negócio principal e não o pudessem tê-lo realizado com observância do
requisito infringido. Esta vontade hipotética será a alma do negócio sucedâneo, mas
construída com base no contrato principal, tendo em vista a sua natureza típica e suas
particularidades concretas.
Sem nos aprofundar nestas teorias, na medida em que foge aos objetivos deste
trabalho, é certo que o Código Civil adotou a concepção objetivista para a interpretação
dos contratos, onde não interessa a vontade interna, psicológica das partes, mas
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somente a vontade declarada, de forma que, trazendo tais lições para a questão aqui
proposta, tem-se que a vontade hipotética deve ser obtida mediante a interpretação da
declaração de vontade, desconsiderando-se a vontade interna do agente.
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jurídico a ignorância da invalidade do negócio jurídico a ser convertido. Argumenta-se
no sentido de que se era sabido que o negócio era nulo, ele foi querido e, portanto, não
cabível a conversão. Contrário a tal entendimento é a posição de Carvalho Fernandes,
sustentando ser relevante somente "o que as partes teriam querido se não estivesse
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mais em suas mãos o controlo do valor do negócio." Acertado tal entendimento, na
medida que a conversão deve pautar-se pela função do negócio jurídico em si,
independente de terem as partes efetiva ciência de sua invalidade.
Por último, cabe discorrer, ainda que brevemente, sobre a relevância da vontade
contrária à conversão. Entende-se que a vontade das partes teria um papel negativo na
conversão, ou seja, concluindo-se que as partes não querem o negócio vertido, o novo
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negócio, inadmissível seria a conversão. Carvalho Fernandes não concorda com tal
entendimento, afirmando que a vontade de uma das partes não poderia impedir a outra
de buscar a conversão. Quando a vontade de ambas as partes for contrária à conversão,
porém, haverá relevância no plano funcional da conversão, na medida que nenhuma
delas buscará a conversão ou mesmo poderão tabular novo negócio jurídico com o fim
de destruir o negócio convertível. Contudo, na sua visão, não haveria qualquer
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impedimento no plano estrutural da conversão, vez que não se tem em conta a
vontade real das partes, mas sim a vontade hipotética.
A conversão que vem sendo tratada até o presente momento é a chamada conversão
substancial, comum ou propriamente dita, que se baseia na vontade hipotética das
partes, construída tendo em conta a finalidade prática perseguida pelos contratantes.
Assim, como já afirmado, o negócio vertido deverá conter os mesmos - ou mais
próximos possíveis - efeitos práticos do negócio convertido, o que somente poderá ser
analisado de acordo com cada caso concreto.
Cita-se como exemplo de conversão legal a aceitação feita fora do prazo ou com
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ressalvas, onde a lei a considera como sendo nova proposta.
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Pontes de Miranda, seguido por Marcos Bernardes de Mello, entende inexistir
conversão legal. O que ocorreria, na verdade, seria a substituição de um negócio por
outro determinado pela lei. Razão não assiste aos mesmos, na medida em que, na
verdade, ocorre efetiva conversão de um negócio em outro por força da determinação
legal cogente que, verificando a deficiência no suporte fático de dado negócio lhe atribui
efeitos próprios de outro.
A redução poderá ser qualitativa ou quantitativa, ou seja, poderá ser reduzido o valor da
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cláusula penal, por exemplo, ou a condição fisicamente impossível, que será tida por
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inexistente.
Tais figuras diferem-se pelos mesmos motivos que já expostos quando diferenciamos a
conversão legal da redução legal, ou seja, na conversão surge um novo negócio,
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enquanto na redução o negócio continua o mesmo, porém reduzido.
9. Conclusão
2) A análise do negócio jurídico deve ser feita em três planos: o da existência, no qual se
verifica se o negócio jurídico efetivamente existe, ou seja, se estão presentes os
elementos necessários para o seu surgimento, eis que, caso contrário, estar-se-á diante
de um não ato, ou seja, de negócio aparente; o da validade, onde se analisa se os
elementos do suporte fático do negócio jurídico estão de acordo com a ordem jurídica,
ou seja, se aferem os requisitos de validade, que nada mais são do que qualidades
impostas pela ordem jurídica aos elementos de existência; finalmente, no plano da
eficácia em que se tem em mira a efetiva produção dos efeitos jurídicos objetivamente
queridos pelos agentes.
uma sanção atribuída pela ordem jurídica, mas decorre de fatores externos ao negócio,
podendo ser até mesmo querida pelas partes.
11) Em relação aos negócios ineficazes em sentido estrito não é admitida a conversão
propriamente dita, na medida em que esta pressupõe a existência de vício estrutural do
negócio e a ineficácia em sentido estrito não guarda qualquer relação com a estrutura do
negócio.
13) A conversão somente poderá verificar-se quando o negócio vertido tenha o mesmo
objeto mediato ou material do negócio jurídico convertido.
14) A conversão não se baseia na vontade real ou presumida das partes, mas sim em
uma vontade hipotética, conjectural, construída pelo juiz com base no objetivo prático
do negócio jurídico.
15) A ignorância pelas partes do vício que afeta o negócio jurídico não pode ser
considerada como pressuposto para a conversão.
16) A vontade contrária à conversão, sendo de uma das partes não a impede. Sendo de
ambas, porém, não haverá funcionalidade do instituto, à medida que não se buscará a
conversão ou será realizado novo negócio jurídico com o intuito de destruir o anterior.
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CONVERSÃO SUBSTANCIAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
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______. Lesão e fraude contra credores no projeto de novo código civil brasileiro.
Revista Jurídica n. 260, jun/1999, p. 133/161.
3 AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio jurídico: existência, validade e eficácia . São
Paulo: Saraiva, 2002, p. 04.
4 ANDRADE. Manuel Antônio Domingues de. Teoria geral da relação jurídica: fato
jurídico, em especial negócio jurídico. Coimbra: Almedina, 1992, v. 2, p. 25.
5 AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio jurídico: existência, validade e eficácia . São
Paulo: Saraiva, 2002, p. 10.
6 AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio jurídico: existência, validade e eficácia . São
Paulo: Saraiva, 2002, p. 16.
8 ANDRADE, Manuel Antônio Domingues de. Teoria geral da relação jurídica: fato
jurídico, em especial negócio jurídico. Coimbra: Almedina, 1992, p. 427-437. Também
MOTA PINTO, Carlos Alberto da. Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. Coimbra: Coimbra
Editora, 1992, pp. 624-635, DEL NERO, João Alberto Schützer Conversão substancial do
negócio jurídico. São Paulo: Renovar, 2001).
9 AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio jurídico: existência, validade e eficácia . São
Paulo: Saraiva, 2002, p. 24.
10 BETTI, Emilio. Teoria geral do negócio jurídico. Coimbra: Coimbra Editora, 1970, v. 3,
p. 17-18.
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11 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. São Paulo:
Saraiva, 2001, p. 83.
13 ABREU FILHO, José de. O negócio jurídico e sua teoria geral. São Paulo: Saraiva,
1997, p. 339.
14 ABREU FILHO, José de. O negócio jurídico e sua teoria geral. São Paulo: Saraiva,
1997, p. 339.
15 ANDRADE, Manuel Antônio Domingues de. Teoria geral da relação jurídica: fato
jurídico, em especial negócio jurídico. Coimbra: Almedina, 1992, p. 414.
17 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. São Paulo:
Saraiva, 2001, p. 84.
18 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. São Paulo:
Saraiva, 2001, p. 84.
19 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência São Paulo:
Saraiva, 2001, p. 85.
21 ANDRADE, Manuel Antônio Domingues de. Teoria geral da relação jurídica: fato
jurídico, em especial negócio jurídico. Coimbra: Almedina, 1992, p. 411.
22 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. São Paulo:
Saraiva, 2001, p. 151-152.
24 Artigo 130 do CC. "Ao titular de direito eventual, nos casos de condição suspensiva
ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo".
27 "A ineficácia é um conceito mais vasto: abrange todas as hipóteses em que, por
qualquer motivo, interno ou externo, o negócio jurídico não deva produzir os efeitos a
que se dirigia. A nulidade é apenas a ineficácia que procede da falta ou irregularidade de
qualquer dos elementos internos ou essenciais do negócio: falta de capacidade, falta ou
defeito de declaração de vontade, impossibilidade física ou legal do objeto (incluindo a
ilicitude). A nulidade procede, em suma, de um vício de formação do negócio jurídico.
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Isto posto, é fácil ver que se pode distinguir entre ineficácia lato sensu e ineficácia stricto
sensu, e quais os termos da distinção. Também não é difícil estabelecer o confronto
entre a nulidade e a ineficácia em sentido estrito: a nulidade pressupõe uma falta ou
irregularidade quanto aos elementos internos do negócio; a ineficácia em sentido estrito
pressupõe uma falta ou irregularidade de outra natureza." (ANDRADE, Manuel Antônio
Domingues de. Teoria geral da relação jurídica: fato jurídico, em especial negócio
jurídico. Coimbra: Almedina, 1992, p. 411).
31 "Às vezes, pode ocorrer, por exceção, que um negócio nulo produza efeitos jurídicos
(são os chamados efeitos do nulo), embora nem sempre esses efeitos sejam os efeitos
próprios, ou típicos, como acima definidos. Exemplo conhecido é o do casamento
putativo, que tem 'eficácia civil', em relação ao cônjuge de boa-fé (ou aos dois se ambos
estavam de boa-fé) e em relação aos filhos. Trata-se de hipótese em que, aliás, os
efeitos são os manifestados como queridos; não é, porém, o único exemplo." (AZEVEDO,
Antônio Junqueira de. Negócio jurídico: existência, validade e eficácia . São Paulo:
Saraiva, 2002, p. 49-50. Outros exemplos da eficácia do negócio jurídico inválido podem
ser citados como a eficácia do negócio jurídico anulável enquanto não decretada a
anulabilidade judicialmente.
32 ASCENSÃO, José de Oliveira. Teoria geral do direito civil. Lisboa: 1992, v. 3, Acções e
Fatos Jurídicos, p. 424/425.
35 Os mais comuns, porém, são: a condição, que é a cláusula que condiciona a eficácia
do negócio jurídico a evento futuro e incerto; e o termo, que é a cláusula que sujeita a
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38 ANDRADE, Manuel Antônio Domingues de. Teoria geral da relação jurídica: fato
jurídico, em especial negócio jurídico. Coimbra: Almedina, 1992 , p. 412.
42 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 31.
44 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo código civil. Dos fatos jurídicos:
do negócio jurídico. t. I, v. 3. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 532.
45 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 516.
46 MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado. Campinas: Bookseler, 2000, t. IV,
p. 102.
47 Apud THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo código civil. Dos fatos
jurídicos: do negócio jurídico. t. I, v. 3. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 532.
48 BETTI, Emilio. Teoria geral do negócio jurídico. Traduzido por Ricardo Rodrigues
Gama. Campinas: LZN, 2003, t. III, p. 57.
49 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano de validade. São Paulo:
Saraiva, 1995, p. 209.
50 MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado. Campinas: Bookseller, 2000, t. IV,
p. 103. Pietro Perlingieri, citado por Leonardo de Andrade Mattietto também fundamenta
a conversão do negócio jurídico no princípio da conservação dos negócios, o que faz com
que tal instituto seja aplicado mesmo nos ordenamentos jurídicos onde não se encontra
expressamente previsto. (MATTIETTO, Leonardo de Andrade. Invalidade dos atos e
negócios jurídicos. In: Tepedino, Gustavo (coord.). A parte geral do novo código civil.
Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 340).
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52 DEL NERO, João Alberto Schützer Conversão substancial do negócio jurídico. São
Paulo: Renovar, 2001.
53 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo código civil. Dos fatos jurídicos:
do negócio jurídico. t. I, v. 3. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 535-536.
54 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 431-488.
55 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 474.
58 AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio jurídico: existência, validade e eficácia. São
Paulo: Saraiva, 2002, p. 35.
60 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano de validade. São Paulo:
Saraiva, 1995, p. 211. O entendimento de Pontes de Miranda também é no sentido de
admitir a conversão para os negócios anuláveis (PONTES DE MIRANDA, Francisco
Cavalcanti. Tratado de direito privado. t. IV. Campinas: Bookseller, 1999, p. 105-106).
61 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 279-293.
63 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da validade. São Paulo:
Saraiva, 2000, p. 210.
64 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da validade. São Paulo:
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67 ANDRADE, Manuel Antônio Domingues de. Teoria geral da relação jurídica: fato
jurídico, em especial negócio jurídico. Coimbra: Almedina, 1992, p. 434. Tal exigência é
criticada por Mota Pinto (MOTA PINTO, Carlos Alberto da. Teoria geral do direito civil. 3.
ed. Coimbra: Coimbra Editora, 1992, p. 632), sob o argumento de que a conversão
"deve manter-se dentro do domínio do negócio traçado pelas partes", tendo em conta a
vontade hipotética.
69 O artigo 112 do Código Civil assim dispõe: "Nas declarações de vontade se atenderá
mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem." Ainda, o
artigo 110 afasta o querer interno do agente ao traçar como regra geral que a reserva
mental não afeta a validade do negócio jurídico.
71 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 340.
72 MOZOS, Jose Luis de Los. El negocio juridico. Madri: Montecorvo, 1987, p. 591;
DIEZ-PICASO. Luis. Fundamentos del derecho civil patrimonial: introduccion teoria del
contrato . 5. ed. Madri: Civitas, 1996, p. 485.
73 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 342.
74 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 657.
75 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 659.
78 MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da validade. São Paulo:
Saraiva, 2000, p. 214.
79 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 675.
80 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 711-715.
81 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
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82 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 720-722.
83 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 723.
85 FERNANDES, Luiz A. Carvalho. A conversão dos negócios jurídicos civis. Lisboa: Quid
Juris, 1993, p. 729.
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