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AO MEU DEUS
CONCLUSÃO
SERÁ QUE NA RELAÇÃO INTRATRINITÁRIA TERÍAMOS
EXEMPLOS PARA UMA BOA CONVIVÊNCIA ENTRE OS HOMENS?
1
SUSIN Luiz Carlos. Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. São Paulo-SP Paulinas, 2003. p.
141
2
CAMPOS, Heber Carlos de. A Pessoa de Cristo as Duas Naturezas do Redentor. São
Paulo-SP Cultura Cristã, 2004, p. 311
evidência do que as Outras, mas isto não anula o fato de que cada obra tem
a participação em cada ato opera ad extra de cada Pessoa da Santíssima
Trindade.
A pericorese nos faz entender que quando Deus age, não é Uma ou
Duas Pessoas que estão agindo, mas todas as Três Subsistências da Bendita
Mônada3.
Dito isto, cabe aqui uma pergunta:
3
Mônada: substância simples, ativa e indivisível. Os Pais Capadócios diziam: Na Tríade, a
Mônada é adorada, assim como a Tríade é adorada na Mônada
A palavra economia diz respeito ao modo como as
coisas são feitas pelas pessoas da Trindade. Embora as
três pessoas co-essenciais trabalhem como uma unidade,
elas possuem um modus operandi que é próprio e
exclusivo de cada uma. Todas essas obras têm a ver com
a relação que as pessoas possuem com o mundo criado,
seja na esfera da criação, providência ou redenção. O Pai
sempre age através do Filho e do Espírito. Dessa forma,
o Pai é a fonte de atividade, que opera dentro de si
mesmo e por si mesmo. O Filho é o meio pelo qual o Pai
trabalha, que opera não por si mesmo, mas faz todas as
coisas a mandado do Pai, e o Espírito é o limite de
atividade, que opera não de si próprio, mas faz o que é
do Pai e do Filho.4
4
CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser de Deus e os seus atributos. São Paulo-SP Cultura
Cristã, 2002, p. 137
As Escrituras nos falam do pecado, com a entrada do mesmo houve
a vandalização do shalom. Ou seja, do equilíbrio que havia. O amor e a
comunhão que é característica da vida da Trindade, que era o modelo para
o homem ter com a sua mulher e a criação, por causa do pecado, se perdeu.
O pecado entrou no jardim, o cumprimento perfeito do relacionamento do
homem com sua mulher e outros seres humanos, se corrompeu, houve
desequilíbrio na natureza, houve morte. Então, verificamos que por trás de
todo desequilíbrio na sociedade reside o pecado. O mandato Cultural
visava o domínio da terra, mas este domínio seria para benefício de todos,
domínio que proporcionaria sociedade justa, riquezas para todos e não para
poucos, mas por causa da avareza, do pecado social, que fornece estrutura
para a opressão. Isto não é realidade.
Vejam a triste realidade disto no texto de Ezequiel 22. 9-12 no qual
lemos:
clamor é ~t'Ûq'[c] ; a ideia é clamar por ajuda, por estar muito aflito, a
ideia é de trovejar, soar como trovão, por causa da opressão. Por que eles
clamavam? O texto responde: Por causa dos seus exatores, a ideia de
exatores era de alguém encarregado pelo Faraó para aplicar penalidades e
ver se o trabalho estava sendo feito. ver Êxodo 1. 11-14. Deus conhece o
sofrimento deles, o texto diz wyb'(aok.m-; ta, a ideia é de dor física e dor
psicológica. Isto hoje é muito familiar a nós, quem não sofre com alguma
coisas? O povo no Egito certamente estava experimentando dor física e sua
situação era motivo de aflição. No verso 9 diz: Que Deus via a opressão
que os egípcios estavam fazendo, Deus vê o que estar acontecendo no
mundo, vê a aflição do opresso! Deus toma um atitude e é isto que
diferencia Ele dos falsos deuses.
Deus desce e salva o seu povo (versos 8, 10-18) Deus ouviu o seu
clamor. Aqui é importante observamos uma coisa: Ao contrário dos deuses
falsos, Deus ouve, conhece a aflição do seu povo e toma uma atitude que
aqui no texto é descrito pelo verbo descer drEúawe " a ideia é descrever a
ação de Deus, é como se Ele deixasse sua morada e viesse para comunicar-
se com o homem, no caso para socorrer seu povo, que clamava. Aqui temos
uma importante lição: Deus virá socorrer seu povo, Deus ouve o clamor de
seu povo, Deus conhece o clamor de seu povo. Quando Deus vem, Ele vem
com propósito: Livrar da mão dos egípcios e tirar eles daquele lugar e levá-
los para outro.
Deus usa seus instrumentos de libertação, aqui o instrumento da
libertação foi Moisés. A Igreja é chamada para ser o agente discursivo que
denuncia o pecado e a opressão. Neste aspecto devemos ser instrumento de
libertação para o nosso semelhante e não de opressão, Quando estiver na
nossa mão que não sejamos mesquinhos e nem opressores. Moisés aqui vai
com uma função especifica: Tirar o povo do Egito.
Moisés faz uma pergunta a Deus, pergunta que se assemelha às
nossas quando o Senhor nos chama para uma obra: Quem sou eu Senhor?
Não somos nada, porém o Senhor é tudo! Somos instrumentos da ação de
Deus e é isto que o Senhor deixa bem claro tanto para Moisés quanto para
cada um de nós: “Eu serei contigo”. E como prova desta companhia, Deus
dá um sinal a Moisés de que quando saíssem do Egito, serviriam a Ele e
fariam liturgia naquele lugar.
Moisés pergunta: de quem falarei?
E é aqui que Deus se revela, Ele diz: “EU SOU O QUE SOU”. Ele
manda Moisés dizer: EU SOU me enviou a vós.
Deus fere o opressor de seu povo e honra seu povo (versos 19- 22)
Deus sabia que o faraó não iria deixar ir, até porque foi o próprio Deus que
endureceu o coração dele para este fim. Ver: Ex. 4.21; 7.3; 9.12; 10.1; 20,
27; 11.10; 14.4,8.
Veja como Deus libertou o povo e levou-o para o fim que havia dito
a Moisés. Da mesma forma como Deus libertou seu povo de um local
geográfico conhecido, O Senhor nos libertou de uma realidade espiritual
terrível. Todavia, esta libertação produzida pelo Senhor nos conduz a
verdadeira comunhão que deve ser baseada na relação pericorética que há
na Santíssima Trindade. A comunhão entre os homens, só podem existir
quando os princípios da solidariedade mútua, do querer bem ao outro,
estiverem nos corações dos homens. Jesus disse: “Tudo quanto, pois,
quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque
esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7.12), Jesus fala do padrão da boa
convivência entre os homens. Será que o Mestre iria falar de como as
pessoas deveriam viver, se isto não fosse o correto? É logico que não!
Ricardo Barbosa de Sousa traz a seguinte reflexão:
5
SOUSA Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração Ensaios sobre a Trindade e a
Espiritualidade Cristã. 2. Ed. Curitiba-PR ENCONTRO PUBLICAÇÕES 1998 p. 92
Pois é justamente na relação da Trindade que iremos achar um
modelo ideal para a nossa sociedade, um modelo que irá nos incomodar
diante de tanta injustiça. A pobreza é uma realidade que é explorada. A
igreja precisa denunciar isto como pecado. Todos aqueles que amam a
Deus e defendem a verdadeira justiça social, devem regozijar-se na
liberdade e procurar remover a causa da pobreza ou pelo menos aliviá-la
mediante a aplicação do remédio indicado pela Palavra de Deus. Que a
injustiça social é escandalosa não há dúvida.
YAHWEH se revela como Deus que escuta o sofrimento, que odeia
a injustiça, como Aquele que Liberta o povo da opressão, aquele que criou
céus e terra, que providencia alimento para toda a sua criação, que odeia a
exploração, que se revelou a seu povo lá no Egito dentro de um contexto de
opressão.
6
O que é Política? Disponível em: http://pt.shvoong.com/social-sciences/political-
science/1636126-que-%C3%A9-pol%C3%ADtica/ Acesso em: 29 de julho de 2019
de Jesus a situação política era geradora de injustiças, exemplo disto é o
que nos é dito a respeito de Herodes.
7
SAULNIER, Christiane. ROLLAND, Bernard. A Palestina no Tempo de Jesus 6.ed São
Paulo-SP. PAULUS 2002 p.23
sua inteireza teria se desenvolvido segundo um modelo patriarcal de vida” 8
Não haveria cadeia, nem policia, nem forças armadas, nada disso teria
sentido no mundo onde não houvesse pecado.
A Política é algo que Deus colocou no seio de sua criação, Ele criou
seres racionais para governar a criação, seres estes que são os vice-gerentes
de sua criação, sendo assim, o homem, tanto em estâncias menores como
seu lar, quantos em estâncias maiores como uma nação, é chamado para
governar, dirigir. A Confissão de Fé de Westminster no cap. XXIII Seção
II, diz:
10
KUPER, Abraham. Calvinismo, op. cit p. 89
11
Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do final do séc. XIX (1844-1900) foi quem
diagnosticou o niilismo como a “doença do século” e o tomou como eixo temático e
problema capital expresso na “morte de Deus”. Para responder o que é o niilismo?
Explica: “Falência de uma avaliação das coisas, que dá a impressão de que nenhuma
avaliação seja possível”. “Niilismo: falta a meta; falta a resposta ao “por quê?”; o que
significa niilismo? – que os valores supremos se desvalorizam”. Visto como um longo
processo, o niilismo alcança seu auge na morte de Deus. Que marca o momento de
constatação da perda de sentido e validade por parte dos valores superiores da cultura no
Ocidente. Representa assim, o fracasso de uma interpretação da existência que por muito
tempo auxiliou o homem a suportar a dor. Deus morreu! Deus continua morto! E nós o
matamos!! Como nos consolaremos, nós, os assassinos dos assassinos? O que o mundo
possui de mais sagrado e possante perdeu seu sangue sob a nossa faca. O que nos limpará
deste sangue?... Este evento enorme está a caminho, aproxima-se e não chegou ao ouvido
dos homens... É preciso tempo para as ações, mesmo quando foram efetuadas, serem
vistas e entendidas. Nietzsche e a morte de Deus. Disponível em:
http://www.eticaefilosofia.ufjf.br/8_1_giuliano.html Acesso em: 21 de janeiro de
2015
pericorese é a resposta.” Qualquer política pública que não leve em conta a
justiça, equidade, equilíbrio e ordem não pode prosperar. Os homens
precisam entender que em Deus é que reside a estabilidade política e a
administração voltada para a justiça.
A Igreja deve dar o norte para que a sociedade tenha um modelo
político que espelhe traços da comunhão que há entre as Pessoas da
Santíssima Trindade, pois ela é a melhor comunidade que existe. Qualquer
forma de governo que gere opressão, não honra a Deus, é uma afronta aos
céus. Através da pericorese como modelo devemos questionar nossas
posições, preferências e candidatos políticos.
Vejamos um exemplo bem simples: Posso votar ou apoiar um
candidato, ou partido, ou programa de governo, que tenha por finalidade
algum objetivo que desonre a Deus? Ou então, que provoque mais exclusão
social? Sabedor que Deus é contra a injustiça, a opressão, a violência, ao
desvio de verbas e a todas as sortes de mazelas sociais que acabam
trazendo sobre as pessoas exclusão social levando-as a serem exploradas?
Lógico que não!
Será que uma comunidade onde há jogo de interesse, desonestidade,
injustiça, soberba e domínio opressivo respeita a Deus? E se esta
comunidade for a nossa igreja? Será que ela respeita a Deus? E se for a
minha família? Será que respeita a Deus? Claro que não!
CONCLUSÃO
Deus age na história. Ao homem cabe ver e perceber a extensão
deste agir. O homem pós-moderno com seu relativismo e ceticismo não
percebe a teleologia da história e por não percebe-la entra no vácuo
existencial, cai abaixo da linha do desespero e se agarra aos pressupostos
mais absurdos possíveis. Por isso é que as Escrituras dizem que o tolo diz
em seu coração que não há Deus Salmo 14.1
Já imaginastes se o Sagrado não existisse? Se não existisse uma
lógica final que desse sentido a tudo? Já imaginastes se não houvesse uma
ideia de recompensa ou punição final? Do que adiantaria toda correria?
Todo o clamor por justiça dos parentes daquele que foram assassinados? Já
imaginastes quão sem sentido é a vida de alguém que acha que encontrou
sentido aqui? Enquanto sua vida se enquadrar no sonho encantado cor de
rosa, tipo “princesas e príncipes encantados” ele se iludirá pensando que
achou o sentido. No entanto, penso que além de ser uma aposta alta é louca
e sem sentido.
Sociedade, Pecado e Política. O que estas três coisas tem haver?
1- O homem é um ser social e por natureza agente de interação.
Ninguém vive sem interagir uns com os outros.
2- Pecado é algo que é natural em todo ser humano. Não há ninguém
que não fora contaminado pelo pecado original e consequentes
manifestações: culpa e corrupção
3- Política, “me deixa colocar desta forma” é a arte de estabelecer
cosmovisões.
Bom, o que se percebe disto?
Não há ninguém que não tenha pecado e por natureza o pecado é
algo ruim, contrário aos pressupostos divinos. O homem é um ser racional
e como tal luta todo instante para que seus pareceres sejam aceitos, suas
premissas, sua cosmovisão. Entretanto, a racionalidade do homem é
contaminada pelo pecado e desta forma é obvio que sua política
manifestará o que ele pensa. Todavia, a questão é que por sermos sociedade
organizada, sujeitos de direitos e deveres, por estamos inseridos numa
sociedade onde o pecado fora legitimado através de leis que por terem uma
origem que vai de encontro as Escrituras, jamais revelarão a boa e perfeita
vontade de Deus.
Qual é a fonte da ética? A razão? Pensemos: Quem é que pensa?
Senão o homem, quem pode duvidar? O homem. Recordo-me o filósofo
francês René Descartes: “Penso, logo existo”. Todavia, o homem é
perverso, egoísta e outras coisas a mais. Logo, toda ética que provenha
unicamente da razão humana será perversa, egoísta e outras coisas a mais.
A sociedade que existe na Santíssima Trindade e a ética que há
nesta relação é o melhor caminho para o homem.
O temor do SENHOR é o princípio do saber, mas os loucos
desprezam a sabedoria e o ensino. Provérbios 1.7
BIBLIOGRAFIA
SUSIN, Luiz Carlos. Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. São Paulo-SP
Paulinas, 2003
CAMPOS, Heber Carlos de. A Pessoa de Cristo as Duas Naturezas do
Redentor. São Paulo-SP Cultura Cristã, 2004
CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser de Deus e os seus atributos. São Paulo-
SP Cultura Cristã, 2002
SOUSA Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração Ensaios sobre a
Trindade e a Espiritualidade Cristã. 2. Ed. Curitiba-PR ENCONTRO
PUBLICAÇÕES 1998
SAULNIER, Christiane. ROLLAND, Bernard. A Palestina no Tempo de
Jesus 6.ed São Paulo-SP. PAULUS 2002
KUPER Abraham. Calvinismo, São Paulo-SP Cultura Cristã, 2002
WESTMINSTER Confissão de Fé Ed. São Paulo-SP OS PURITANOS
1999
SITES
http://pt.shvoong.com/social-sciences/political-science/1636126-que-
%C3%A9-pol%C3%ADtica/