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Há intimação da parte ré em caso de sentença de extinção sem resolução de mérito. Nessa


hipótese o autor é intimado previamente para corrigir o vício, não o fazendo o juiz extinguirá
sem resolução. A intimação do réu se faz necessária a fim de dar ciência do ato, caso a ação seja
reproposta, poderá o réu alegar prevenção com o juízo anterior.

3.3 E se for hipótese de pedido manifestamente improcedente?

A eficácia vinculante foi ampliada em razão do art. 927 do CPC/2015. Caso a matéria seja de
algum resp ou rext repetitivo; ou esteja pendente de análise por TJ ou TRF algum IRDR, o juiz
deverá:

1º SUSPENDER nos termos do art. 265, IV e 1.036, §1º, caso sejam matérias de direito e de
fato idênticas.

2º Caso já tiver sido julgado o repetitivo, o juiz deverá analisar a inicial. Verificando que os
casos são diferentes, determinará agendamento de audiência de conciliação e mediação.

3º Caso o juiz entenda se tratar de casos idênticos: 3.1 caso o pedido seja procedente, será o
caso de concessão de tutela de evidência (art. 311, II); 3.2 Se for o caso de rejeição do pedido,
será prolatada decisão liminar de improcedência.

4º Caso haja a sentença liminar de improcedência, o autor deverá ser intimado para se
manifestar (art. 9º e 10º, vedação da surpresa).

5º Ao autor cabe o dever de demonstrar a distinção entre o paradigma apresentado e o caso em


tela. Caso convença o juiz, este deverá citar o réu para integrar a lide e marcar audiência de
conciliação e mediação.

6º Caso o autor não convença, será proferida a decisão liminar de improcedência, a qual fará
coisa julgada material por ser sentença de mérito.

7º Havendo intimação da sentença, o autor poderá apelar no prazo de 15 dias.

8º Interposta a apelação, poderá o juiz se retratar no prazo de 5 (cinco) dias, devendo haver
intimação posterior do réu para comparecer em audiência de conciliação e mediação.

9º Não se retratando, o réu será citado para contrarrazoar o recurso de apelação (art. 332, §4º
tem a mesma atecnia do art. 331, §1º).

10º Após o prazo de respostas, com ou sem resposta do réu, deverá ser encaminhado ao tribunal
o recurso, realizando-se lá o juízo de admissibilidade.

11º Caso o autor não apele, o réu deverá ser intimado dessa decisão que o beneficia.
Caso o juiz de primeiro grau não admita a apelação em razão de algum vício, caberá
interposição de reclamação, nos termos do art. 988, inciso I.

3.4 Preciso de uma tutela antecipada, como devo proceder?

TUTELA PROVISÓRIAS  tutelas de URGÊNCIA e tutelas de EVIDÊNCIA.

TUTELAS DE URGÊNCIA  tutelas de URGÊNCIA ANTECIPADA ou CAUTELAR,


podendo ser antecedentes ou incidentais (art. 294).

Não existe mais processo cautelar. As medidas cautelares serão concedidas no bojo do processo
principal, por meio da tutela de urgência cautelar ou antecipada.

Não mais existem as cautelares específicas/típicas (arresto, sequestro e arrolamento). Tais


medidas poderão ser pleiteadas, mas não existem mais dispositivos próprios no CPC para falar
sobre cada uma delas. O Professor acredita que com o tempo tais medidas serão apenas
denominadas “tutelas provisórias cautelares”.

As tutelas de urgência se dividem em: tutelas de urgência antecipada (cunho satisfativo) e


tutelas de urgência cautelar (cunho preventivo).

O art. 300 abandonou as expressões “verossimilhança das alegações” e “prova inequívoca” para
empregar “probabilidade do direito”, “perigo de dano” ou o “risco de resultado útil do
processo”. Tanto para a tutela de urgência antecipada como para a tutela de urgência cautelar os
requisitos são os mesmos. Apesar de diferentes, os requisitos são os mesmos.

Existe fungibilidade entre as tutelas de urgência antecipada e a cautelar, razão pela qual se o juiz
entender que caberia uma no lugar da outra poderá conceder a “correta” de ofício.

Algumas regras foram mantidas: a tutela antecipada não poderá ser concedida caso haja risco de
irreversibilidade da decisão (art. 300, §3º); pode ser exigida caução em qualquer das hipóteses
(art. 300, §1º).

3.4.1 Tutela antecipada genérica

Aqui o pedido seria semelhante ao feito com base no art. 273 do CPC/73, bastando utilizar
como fundamento os arts. 294 e 300. Aqui a novidade seria uma nova forma de pedir a tutela
antecipada na petição inicial.

3.4.2 Tutela antecipada antecedente

Seria o caso previsto no art. 303 do CPC/15 na medida em que poderia o advogado da parte
somente requerer o pedido de tutela antecipada e a indicação do pedido da tutela final, com
exposição da lide, do direito e do perigo de dano/resultado útil do processo.
Caso a medida seja concedida, o juiz intimará o autor para complementar a fundamentação
jurídica em até 15 (quinze) dias, nos termos do art. 303, §1º, inciso I.

Para deixar claro, o autor deverá expressar que deseja se utilizar do benefício do art. 303 (art.
303, §5º). Ou seja, o autor poderá requerer a tutela de urgência antecipada completa ou
simplificada.

Caso o juiz entenda que não caberá concessão da tutela, intimará o autor para emendar a inicial
em 5 dias, sob pena de ser indeferida e do processo ser extinto sem resolução de mérito (art.
303, §6º).

Somente poderão ser aditados documentos e argumentação, mas não os pedidos, haja vista que
o autor ficará vinculado aos mesmos desde a propositura da inicial.

Caso não haja aditamento da inicial, esta será indeferida, mas haverá a estabilização da tutela
concedida (se conseguiu a liminar, mas não se aditou a petição, confirmando o desinteresse no
prosseguimento do feito). Seria como se o autor somente tivesse interesse na concessão da tutela
liminar.

Se não houver aditamento da inicial, será demonstrado o desinteresse, mas o processo não
necessariamente será extinto sem resolução de mérito, haja vista que o réu também poderá ter
interesse no prosseguimento do feito, obstando a extinção.

Quando o único objetivo do autor é a concessão da tutela e não é ofertado agravo de


instrumento, ocorrerá a estabilização da tutela.

Se não houve qualquer recurso do deferimento da tutela, haverá sua estabilização. A tutela
continuará produzindo efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada (art. 304, §3º). Tal
hipótese se inspirou no référé do Direito Francês, segundo Didier.

Segundo o art. 304, §2º a parte interessada em rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada
concedida deverá ingressar com ação autônoma. O prazo dessa ação autônoma são 2 (dois) anos
contados da data da ciência da decisão que extinguiu o processo.

O professor entende que só deverá haver extinção caso o juiz observe que a medida foi
efetivada pela parte contrária. Didier defende que os honorários no caso de não resistência em
cumprir o determinado deveriam ser fixados em 5%, tomando como base a ação monitória. Não
seriam cobradas custas também.

Em caso de ausência de responsabilidade por parte da demandada, o professor entende que


poderia ser aplicada a sucumbência recíproca, com cada uma das partes arcando com os
honorários que lhe são cabíveis.
Em caso de liminar em MS não caberia a estabilização da coisa julgada, haja vista que requer
intimação do MP e remessa necessária no caso de concessão da segurança, sendo incompatível
com a extinção sem resolução de mérito.

A pergunta é: o juiz poderá juiz liminarmente procedente quando o entendimento defendido na


inicial encontrar apoio em súmula ou jurisprudência oriunda de julgamento de recurso
repetitivo? Seria justo fazer o autor esperar quando seu direito já é evidente?

3.5 O juiz deferindo a tutela de evidência

Este tipo de tutela não é novidade no CPC, acha vista que já havia previsão da tutela de
evidência nos arts. 273, II e 1.102-A do CPC/73. Válido ressaltar que o gênero tutela provisória
comporta a tutela de urgência e a tutela de evidência.

Ela independe de perigo de dano ou de resultado útil ao processo (art. 311).

Requisitos da tutela de evidência: abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório


da parte.

Então funciona da seguinte forma: pedido do autor contrário a julgamento de recurso repetitivo,
nesse caso haverá julgamento liminar de improcedência. Pedido do autor condizente com o
entendimento firmado em julgamento de recursos repetitivos, haverá concessão da tutela de
evidência para não se violar o direito ao contraditório e a ampla defesa. Aqui não se pode falar
em surpresa da decisão judicial, pois o art. 9º, II autoriza tal comportamento do juiz. Só não será
necessário ouvir o réu nas hipóteses de tutela de urgência e de evidência.

Se o juiz puder sentenciar, ele o fará. Caso contrário será concedida a tutela de evidência, ante a
clarividência do direito do autor.

Caso o réu recorra da decisão que concede a tutela de evidência, o autor poderá executar
provisoriamente sem caução (art. 521, IV).

3.6 Até quando o autor pode desistir da ação?

Até o CPC/73 o autor poderia desistir da ação, sem a necessidade de manifestação do réu, até a
propositura da contestação. Apesar da redação do art. 267, §4º falar em “resposta”, tal peça se
limitaria à contestação, na medida em que a exceção perderia objeto e a reconvenção
continuaria mesmo sem a ação principal. Em seu art. 485, §4º o CPC/2015 solucionou a
controvérsia para deixar evidente o termo “contestação”.

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