Você está na página 1de 4

PARASITOLOGIA—FARMÁCIA

TRICOMONÍASE

HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA
A tricomoníase é uma doença causada pelo Trichomonas
vaginalis, um protozoário que foi descrito pela primeira
vez em 1836. É uma infecção sexualmente transmissível
(IST) não viral mais prevalente no mundo e tem cura.
Porém, a tricomoníase tem sido associada à transmissão
do vírus da imunodeficiência humana (HIV), à doença
inflamatória pélvica, ao câncer cervical, à infertilidade,
ao parto prematuro e ao baixo peso de bebês nascidos de
mães infectadas. A investigação laboratorial é essencial
no diagnostico. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) estima que cerca 176 milhões de pessoas foram
infectadas no ano de 2016. No Brasil, a prevalência da
contaminação chegou a variar entre 10% e 35%, em
2015, a depender da população estudada.

MORFOLOGIA pecto dos organismos, que não possuem a for-


ma cística, somente a trofozoítica. O T. vagina-
lis possui quatro flagelos anteriores, desiguais
em tamanho, esses flagelos vão estar em uma
estrutura chamada blefaroplasto que ajuda no
movimento e uma membrana ondulante que se
adere ao corpo pela costa. O axóstilo é uma
estrutura rígida e hialina, formada por microtú-
bulos, que se projeta através do centro do orga-
nismo, prolongando-se até a extremidade pos-
terior. O núcleo é elipsóide, próximo à extremi-
O T. vaginalis é uma célula tipicamente elipsóide, dade anterior. Esse protozoário é desprovido de
piriforme ou oval em preparações fixadas e cora- mitocôndrias, mas apresenta grânulos densos
das. As condições físico-químicas (por exemplo: que podem ser vistos ao microscópio óptico, os
pH, temperatura, tensão de oxigênio) afetam o as- hidrogenossomos.
Página 2 TRICOMONÍASE

IMUNOLOGIA
Na resposta do hospedeiro des- citotóxicas; utiliza mecanismos forma, apesar da patogênese e
tacam-se os fatores não imuno- antioxidantes e modula níveis da sintomatologia da doença em
lógicos e os fatores imunológi- de nucleotídeos e nucleosídeos humanos ainda não estarem to-
cos inatos e adaptativos. Em extracelulares. No sítio de in- talmente entendidas, a dinâmica
defesa, o parasito lança mão de fecção de T.vaginalis a resposta e o equilíbrio imunológico im-
mecanismos de evasão: protea- imune do hospedeiro e os meca- pressos por esses eventos de-
ses e adesinas; induz liberação nismos de evasão do parasito sempenham um papel importan-
de citocinas anti-inflamatórias e não podem ser contemplados de te nas características e conse-
apoptose de células imunes; forma individualizada, mas de- quências da tricomoníase no
modula funções com o ferro; vem ser visualizados como indivíduo infectado.
sofre alterações fenotípicas e eventos concomitantes. Desta
morfológicas; produz moléculas

MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
Vagina e a cérvice podem
MULHERES: apresentar edemas e eritemas,
com erosão e pontos
VAGINITE
hemorrágicos (colpitis
 Corrimento (cheiro forte, macularis ou aspecto de
espumoso, amarelo – esver- morango) na parede cervical.
deado)
 Coceira ou irritação
 Dor no ato sexual
 Mucosa (hiperemiada e ede-
maciada)
TRATO URINÁRIO
 Polaquiúria
 Disúria

FONTE: Google Imagens


HOMENS:

 Disúria
 Dor na ejaculação
 Polaquiúria
 Cabeça do pênis (secreção fina e
branca, dor, edemacioado, hiperemia-
do)
Página 3

TRANSMISSÃO
A transmissão da tricomoníase é feita através do sexo vaginal, anal, oral, ou seja, por meio da relação
sexual sem preservativo, porém é também possível haver transmissão durante a gravidez ou o parto,
isso porque o parasita é capaz de migrar para o canal do parto e infectar o bebê, resultando na tricomo-
níase infantil, em que podem haver sintomas respiratórios e conjuntivite.

DIAGNÓSTICO TRATAMENTO

O diagnóstico pode ser parasitoló- O tratamento mais comum para tricomoníase é


gico, procurando diretamente o pa- com metronidazol, secnidazol ou tinidazol, que
rasita na secreção vaginal ou no possuem uma alta eficácia. Exemplo:
sêmen e urina do homem, a fresco
ou corado (exames diretos), ou em-
pregando-se algum método de imu-
nodiagnóstico, como imunofluores- Tanto o paciente quanto os parceiros e parceiras se-
cência (exames indiretos). No caso xuais precisam de tratamento e evitar ter relações
das mulheres, é preferível coletar a sexuais desprotegidas até que a infecção seja curada,
amostra nos primeiros dias após a
o que leva cerca de uma semana. Apesar de esses
menstruação, quando há um maior
serem os medicamentos mais utilizados, somente
número de parasitos.
um médico pode dizer qual o medicamento mais
indicado para o seu caso, bem como a dosagem cor-
reta e a duração do tratamento.
Obs: gestantes não podem tomar a dose única

PREVENÇÃO

Para prevenir a infecção, para as mulheres evitar o


recomenda-se o uso de ca- uso de produtos que alterem
misinhas (feminina ou mas- o pH vaginal. Sendo indica-
FONTE: Google Imagens

culina) nas relações sexuais do buscar atendimento em


vaginais, anais e oral, não caso de qualquer sintoma
compartilhar pertences ínti- suspeito.
mos sexuais ou de higiene e
REFERÊNCIA

AZULAY, M. M.; AZULAY, D. R. Doenças sexualmente transmissíveis. In: SCHECHTER, M.; MARANGONI, D.
V. Doenças infecciosas: conduta diagnóstica e terapêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994. p. 335-57
BARRIO, A. G. et al. Biological variability in clinical isolates of Trichomonas vaginalis. Mem Inst Oswaldo Cruz, v.
97, p. 893-6, 2002.
OMS (Organização Mundial da Saúde). Incidência global e prevalência de infecções sexualmente transmissíveis curá-
veis selecionadas [internet]. Washington; 2016 [acessado em 13 de abril de 2021]. Link: https://www.who.int/bulletin/
online_first/en/.
Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções
sexualmente transmissíveis. Brasília;2015 [acessado em 13 de abril de 2021]. Link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/
protocolo_clinico_diretrizes_terapeutica_atencao_integral_pessoas_infeccoes_sexualmente_transmissiveis.pdf.
SEDICIAS, S. Tricomoníase: o que é, sintomas, transmissão e tratamento. Disponível em: <https
://www.tuasaude.com/tricomoniase/>. Acesso em: 02 de abril de 2021.
ROCHA, A. et al., Parasitologia. Ed. Rideel, 2013.
FIGUEIREDO, B. B. Parasitologia. Ed. Pearson Education do Brasil, 2015.
WEIZENMANN, M. Equilíbrio imunológico na triconomose. Lume Repositório Digital UFRGS, Porto Alegre, junho
de 2010. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/
SEDICIAS, S. 5 principais sintomas de tricomoníase no homem e na mulher. Disponível em: <https
://www.tuasaude.com/tricomoniase/>. Acesso em: 05 de abril de 2021.
CARVALHO, Newton Sergio de. et al. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infec-
ções que causam corrimento vaginal. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 30(Esp.1):e2020593, 2021.
MORRIS, Sheldon R. Tricomoníase. Manual MSD. University of California San Diego. Julho de 2019. < Disponível
em: http://www.msdmanuals.com

Você também pode gostar