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ANATOMIA VEGETAL Se uma célula indiferenciada for deslocada de sua

posição original para outra posição, ela se


MERISTEMAS APICAIS
diferenciará em tipo celular apropriado para a sua
Os meristemas apicais são encontrados no ápice nova posição (informação posicional).
de todas as raízes e caules, são responsáveis pelo Determinação significa o comprometimento
crescimento em comprimento do corpo da planta. progressivo para um curso específico de
As células que mantêm o meristema como uma desenvolvimento, levando à diminuição ou à
fonte contínua de novas células são chamadas perda da capacidade de reassumir o crescimento.
iniciais. Elas se dividem de modo que uma das Competência refere-se à habilidade
células-irmãs permanece no meristema como uma de uma célula desenvolver-se em resposta a um
inicial, enquanto a outra se torna uma nova célula sinal específico, como, por exemplo, a luz.
do corpo, ou derivada. As células derivadas
podem dividir-se várias vezes próximo do ORGANIZAÇÃO DO CORPO VEGETATIVO
meristema apical da raiz ou do caule, antes de se Existem três sistemas de tecidos, e a sua presença
diferenciarem. Os meristemas primários – na raiz, no caule e na folha revela a similaridade
protoderme, procâmbio e meristema fundamental básica entre esses órgãos da planta, bem como a
– que são formados durante a embriogênese, continuidade do corpo da planta. Os três sistemas
propagam-se no corpo da planta pela atividade dos de tecidos são: (1) o sistema dérmico (ou de
meristemas apicais. Os meristemas primários são revestimento), (2) o sistema vascular e (3) o
tecidos parcialmente diferenciados que sistema fundamental. Seus precursores são
permanecem meristemáticos por algum tempo, representados pelos meristemas primários –
antes de começarem a sua diferenciação em tipos protoderme, procâmbio e meristema
celulares específicos nos tecidos primários. O fundamental, respectivamente. O sistema
crescimento primário envolve a extensão do fundamental consiste em três tipos de tecidos
corpo da planta e a formação de tecidos primários, fundamentais – o parênquima, o colênquima e o
o corpo da planta composto por esses tecidos é esclerênquima. O sistema vascular consiste em
chamado de corpo primário. O crescimento dois tecidos de condução – xilema e floema. O
prolongado ou ilimitado dos meristemas apicais é sistema dérmico é representado pela epiderme,
descrito como indeterminado. um tecido simples, que é o revestimento externo
do corpo primário da planta, e, mais tarde, pela
MERISTEMA E O CRESCIMENTO VEGETAL periderme nas partes da planta que têm
O desenvolvimento do corpo vegetal envolve três crescimento secundário em espessura. Os padrões
processos que se sobrepõem: crescimento, estruturais entre as diferentes espécies de plantas
morfogênese e diferenciação. O desenvolvimento são semelhantes: os tecidos vasculares estão
das plantas é determinado por fatores ambientais: contidos dentro dos tecidos do sistema
comprimento do dia, qualidade e quantidade de fundamental com o tecido dérmico formando o
luz, temperatura e gravidade. O crescimento é revestimento externo. As principais diferenças
efetivado pela combinação de divisão e expansão entre os padrões dependem, em grande parte, da
celular. A divisão celular por si só não constitui distribuição relativa dos tecidos vasculares e dos
crescimento, a maior parte do crescimento da tecidos do sistema fundamental. Os tecidos podem
planta é obtido pela expansão celular. O primeiro ser definidos como grupos de células que são
evento na morfogênese é a expansão do tecido, a estruturalmente e/ou funcionalmente distintos. Os
partir dai a planta adquire um formato ou forma tecidos formados por apenas um tipo de célula são
específica. A diferenciação é o processo pelo qual denominados tecidos simples, enquanto aqueles
as células com constituição genética idêntica tecidos formados por dois ou mais tipos de células
tornam-se diferentes umas das outras e também são denominados tecidos complexos. Os tecidos
das células meristemáticas que lhes deram origem. do sistema fundamental, como parênquima,
Este processo inicia-se, frequentemente, enquanto colênquima e esclerênquima, são tecidos simples;
as células ainda estão em crescimento. A xilema, floema e epiderme são tecidos complexos.
diferenciação celular depende do controle da
expressão gênica. Embora a diferenciação celular TECIDOS FUNDAMENTAIS
dependa do controle da expressão gênica, o PARÊNQUIMA
destino de uma célula vegetal – isto é, em que tipo O parênquima está envolvido com a fotossíntese,
de célula deverá se tornar – é determinado pela o armazenamento e a secreção. As células
sua posição final no órgão em desenvolvimento. parenquimáticas, de formas e tamanhos variáveis,
constituem as células mais numerosas no corpo da (não lenhosos) que sofrem pouco ou nenhum
planta. As células parenquimáticas, geralmente crescimento secundário. As raízes raramente
vivas na maturidade, são capazes de divisão, e apresentam colênquima. O colênquima está
embora suas paredes sejam comumente primárias, ausente nos caules e nas folhas de muitas
algumas células parenquimáticas apresentam monocotiledôneas que produzem esclerênquima
também paredes secundárias. Pelo fato de reterem precocemente em seu desenvolvimento.
a sua capacidade meristemática, as células que
possuem apenas parede primária desempenham ESCLERÊNQUIMA
papel importante na regeneração e na cicatrização O esclerênquima dá resistência e sustenta as partes
de lesões. Também são essas células que dão da planta que não estão se alongando. As células
origem às estruturas adventícias. Além disso, do esclerênquima podem formar um agregado
quando expostas a condições adequadas para o seu contínuo – o tecido esclerenquimático – ou podem
crescimento e desenvolvimento, essas células têm ocorrer em pequenos grupos, ou ainda,
a capacidade de se transformar em células individualmente, ou entre outras células. As
embrionárias, designadas como totipotentes, que células do esclerênquima podem desenvolver-se
dão origem a uma planta inteira. As células em qualquer parte, ou em todas as partes, do corpo
parenquimáticas também podem desempenhar um primário ou secundário da planta e frequentemente
papel no movimento da água e no transporte de não apresentam protoplasto na maturidade. A
substâncias nutritivas nas plantas. As células de principal característica das células do
transferência são células parenquimáticas com esclerênquima é a presença de parede secundária
invaginações na parede, as invaginações ampliam espessada e comumente lignificada. Devido à
a área da membrana plasmática facilitando o presença dessa parede, as células do
movimento de solutos a curta distância. As células esclerênquima são elementos importantes na
de transferência são extremamente comuns e resistência e sustentação nas partes da planta que
provavelmente desempenham funções já cessaram o alongamento. Dois tipos de células
semelhantes em todo o corpo da planta. no esclerênquima são reconhecidos: as fibras e as
O meristema apical caulinar possui células esclereídes. As fibras geralmente são células
indiferenciadas que se dividem. Conforme ocorre longas, afiladas e comumente ocorrem em cordões
essas divisões as células na posição superior ou feixes. As esclereídes apresentam formas
permanecem indiferenciadas, enquanto as variadas, sendo frequentemente ramificadas.
inferiores crescem e se diferenciam nos Quando comparadas com a maioria das fibras, as
meristemas e tecidos primários. O caule começa o esclereídes são células relativamente curtas. As
seu espessamento (crescimento secundário) pela esclereídes podem ocorrer isoladamente ou em
ação dos meristemas laterais. grupos no tecido fundamental.

COLÊNQUIMA TECIDOS VASCULARES


As células do colênquima são vivas na XILEMA
maturidade. O tecido colenquimático comumente As esclereídes podem ocorrer isoladamente ou em
ocorre em cordões isolados ou como um cilindro grupos no tecido fundamental. Além de seu papel
contínuo sob a epiderme, nos caules e nos como principal tecido de condução de água, o
pecíolos (parte da folha que une o limbo ao caule) xilema também está envolvido na condução de
e nas nervuras das folhas das eudicotiledôneas. As sais minerais, na sustentação e no armazenamento
células do colênquima são tipicamente alongadas. de substâncias alimentares. Com o floema, o
Sua característica mais marcante é a presença de xilema forma um sistema contínuo de tecidos
paredes primárias, desigualmente espessadas, não vasculares que percorre todo o corpo da planta.
lignificadas e que são macias e flexíveis, com uma No corpo primário da planta, o xilema se origina
aparência brilhante no tecido fresco. Por serem do procâmbio e, durante o crescimento
células vivas na maturidade, podem continuar a secundário, o xilema tem origem no câmbio
desenvolver paredes espessadas e flexíveis vascular. As principais células de condução do
enquanto o órgão está se alongando, o que torna xilema são os elementos traqueais, que são de dois
essas células especialmente adaptadas para a tipos: as traqueídes e os elementos de vaso. São
sustentação de órgãos jovens em crescimento. O células alongadas, possuem parede secundária e
colênquima é o tecido de sustentação típico dos não apresentam protoplasto na maturidade; podem
caules, das folhas e das partes florais em ter pontoações nas suas paredes. Os elementos de
crescimento e da maioria dos órgãos herbáceos vaso apresentam perfurações, que são áreas sem
paredes primária e secundária. A região da parede provendo condutos ininterruptos para o transporte
que apresenta uma ou mais perfurações é de água e substâncias dissolvidas por meio dos
denominada placa de perfuração. As perfurações vasos. Além das traqueídes e dos elementos de
geralmente ocorrem nas paredes terminais. Os vaso, o xilema contém células parenquimáticas
elementos de vaso unem-se pelas suas que
extremidades terminais, formando colunas armazenam várias substâncias. As células
contínuas ou tubos denominados vasos. A parenquimáticas do xilema comumente estão
traqueíde, célula que não apresenta perfurações, é presentes em fileiras verticais, mas no xilema
menos especializada que o elemento de vaso, o secundário elas são encontradas nos raios. O
qual é a principal célula condutora de água nas xilema também contém fibras. algumas das quais
angiospermas. A traqueíde é o único tipo de célula são vivas na maturidade e desempenham a dupla
condutora de água, encontrada na maioria das função de armazenamento de substâncias e de
plantas vasculares sem sementes e nas sustentação. Algumas vezes, as esclereídes estão
gimnospermas. O xilema de muitas angiospermas, também presentes no xilema.
entretanto, apresenta tanto elementos de vaso
como traqueídes. Os elementos de vaso são, FLOEMA
geralmente, considerados mais eficientes na O floema é o principal tecido de condução de
condução de água do que as traqueídes porque a substâncias orgânicas nas plantas vasculares.
água flui, de modo relativamente livre, de um Embora corretamente caracterizado como o
elemento de vaso a outro principal tecido condutor de substâncias orgânicas
através das perfurações. A membrana de nas plantas vasculares, o floema desempenha um
pontoação da traqueíde é porosa e oferece pouca papel muito maior na vida da planta. Além de
resistência à passagem de água, mas consegue açúcares, um grande número de outras substâncias
bloquear até mesmo as menores bolhas de ar. é transportado pelo floema, incluindo
Dessa forma, as bolhas de ar formadas em aminoácidos, lipídios, micronutrientes,
traqueídes ficam restritas àquela traqueídes e hormônios, estímulos florais e numerosas
obstruções de fluxo de água ficam limitadas. Por proteínas e RNA, algumas das quais atuam como
outro lado, as bolhas de ar formadas nos moléculas sinalizadoras. O floema também é a via
elementos de vaso podem potencialmente obstruir para o deslocamento de uma variedade de vírus de
o fluxo da água por toda a extensão do vaso. Os plantas. Quanto à sua origem, o floema pode ser
elementos traqueais do xilema primário primário ou secundário. O primeiro floema
apresentam uma variedade de tipos de primário formado (protofloema) é frequentemente
espessamentos na parede secundária. Durante o distendido e destruído durante o alongamento do
período de crescimento ou alongamento de raízes, órgão. O metafloema diferencia-se posteriormente
caules e folhas, a parede secundária dos primeiros e, nas plantas que não apresentam crescimento
elementos traqueais formados no xilema primário, secundário, constitui o único floema de condução
ou seja, no protoxilema, é depositada sob a forma em partes da planta adulta. As principais células
de anéis ou espirais. No xilema primário formado condutoras do floema são os elementos crivados,
tardiamente, ou seja, no metaxilema, e no xilema possuem um conjunto de poros, conhecido como
secundário, a parede secundária das traqueídes e área crivada, através do qual os protoplastos de
dos elementos de vasos recobre completamente a elementos crivados adjacentes são interligados.
parede primária, exceto nas regiões das Nas plantas com sementes, dois tipos de
membranas de pontoação e das perfurações dos elementos crivados são reconhecidos: as células
elementos de vaso. Essas células, denominadas crivadas e os elementos de tubo crivado. As
elementos pontoados, são rígidas e não podem ser células crivadas são o único tipo de célula
esticadas. A diferenciação do elemento traqueal é condutora de substâncias orgânicas nas
um exemplo de morte celular programada. A gimnospermas, enquanto nas angiospermas são
morte celular programada, como o nome sugere, é encontrados somente elementos de tubo crivado.
o resultado de processos geneticamente Os elementos de condução do floema nas plantas
programados que levam à morte da célula. No vasculares sem sementes variam em estrutura e
caso do elemento traqueal, ela resulta na são referidos simplesmente como “elementos
eliminação total do protoplasto. As paredes crivados”. Nas células crivadas, as áreas crivadas
celulares são mantidas, exceto nos locais de apresentam poros estreitos e uma estrutura
perfuração do elemento do vaso. Nesses locais, a relativamente uniforme em toda a parede,
parede primária desaparece por completo, normalmente são concentradas extremidades
sobrepostas das células crivadas, que são albuminosas ou células de Strasburger. A célula
alongadas e delgadas. Nos elementos de tubo albuminosa, como a célula companheira, possui
crivado, as áreas crivadas de algumas regiões da um núcleo além dos outros componentes
parede têm poros maiores do que em outras, em citoplasmáticos, característicos das células vivas.
uma mesma célula. A porção da parede portando Quando os elementos crivados morrem, as células
essas áreas crivadas com poros maiores é chamada albuminosas e as células companheiras associadas
placa crivada, normalmente se localizam nas a eles também morrem, o que é uma indicação a
paredes terminais. uma das principais diferenças mais da interdependência entre os elementos
entre os dois tipos de elementos crivados é a crivados e estas células. Outras células
presença de placas crivadas nos elementos de tubo parenquimáticas ocorrem no floema primário e no
crivado e sua ausência nas células crivadas. floema secundário. Estas células estão
Diferindo dos elementos traqueais, os elementos relacionadas com o armazenamento de várias
crivados têm protoplastos vivos na maturidade. substâncias. As fibras e as esclereídes também
Entretanto, ocorre a desintegração do núcleo e do podem estar presentes.
tonoplasto e a perda de algumas organelas.
Diferente do protoplasto do elemento traqueal, TECIDOS DÉRMICOS
que apresenta morte celular programada –
resultando em uma desintegração total durante a EPIDERME
sua diferenciação, no protoplasto do elemento A epiderme é a camada celular externa do corpo
crivado há uma desintegração seletiva. Para que o primário da planta. Ela constitui o sistema
elemento crivado desempenhe seu papel de dérmico (de revestimento) de folhas, partes
elemento condutor de substâncias orgânicas, ele florais, frutos e sementes – e também de caules e
deve permanecer vivo. O protoplasto dos raízes, até que estes apresentem um crescimento
elementos de tubo crivado de angiospermas, secundário considerável. Está sujeita a
exceto para algumas monocotiledôneas, é modificações estruturais: contato com o ambiente.
caracterizado pela presença de uma substância As células da epiderme são justapostas com
proteica, anteriormente chamada de “mucilagem” poucos espaços intercelulares. Apresenta células
e agora conhecida como proteína P. Nos não especializadas (células comuns), que
elementos de tubo crivado maduros que não constituem a maior parte da epiderme, células
passaram por perturbações, os poros das placas guarda, muitos tipos de apêndices ou tricomas e
crivadas são revestidos por proteína P, mas não outros tipos de células especializadas. A epiderme
ficam obliterados pelos tampões. Alguns pode fornecer proteção mecânica e apresentar uma
botânicos acreditam que, juntamente com a calose cutícula (consiste principalmente em cutina e cera,
de injúria, a proteína P serve para vedar os poros substâncias lipofílicas) que minimiza a perda de
da placa crivada no momento da lesão, água. As células-guarda regulam os pequenos
prevenindo, desse modo, a perda do conteúdo dos poros ou estômatos nas partes aéreas da planta e,
tubos crivados. Os elementos de tubo crivado consequentemente, controlam o movimento dos
estão, caracteristicamente, associados a células gases, incluindo o vapor d’água, possibilitando a
parenquimáticas, chamadas células companheiras sua entrada ou saída da planta. Pode criar uma
que contêm todos os componentes comumente camada de vapor evitando a dessecação. Embora
encontrados nas células vivas das plantas, os estômatos sejam encontrados em todas as
incluindo o núcleo. Acredita-se que as células partes aéreas da planta, eles são mais abundantes
companheiras desempenham a função de liberação nas folhas. As células-guarda frequentemente
de substâncias para os elementos de tubo crivado. estão associadas a células epidérmicas,
A ausência de um núcleo e de ribossomos no denominada células subsidiárias, que diferem, na
elemento de tubo crivado maduro sugere que as sua forma, de outras células epidérmicas. Os pelos
substâncias liberadas pelas células companheiras radiculares são tricomas que facilitam a absorção
incluem moléculas de informação, proteínas e de água e sais minerais do solo. Aumento da
ATP necessários para a manutenção do elemento refletância da radiação solar, diminuição da
de tubo crivado. Por conseguinte, a célula temperatura da folha e menor taxa de perda de
companheira representa um sistema de água. Os tricomas também podem atuar na defesa
manutenção de vida para o elemento do tubo contra insetos. Os tricomas secretores
crivado. Nas gimnospermas, as células crivadas (glandulares) podem fornecer
estão caracteristicamente associadas a células defesa química.
parenquimáticas denominadas células
PERIDERME chamado sistema radicular fasciculado, no qual
A periderme comumente substitui a epiderme nos nenhuma raiz é mais proeminente que as outras.
caules e raízes com crescimento secundário. Os sistemas radiculares pivotantes em geral
Embora as células da periderme geralmente penetram mais profundamente no solo que os
apresentem um arranjo compacto, em algumas sistemas radiculares fasciculados. A
regiões – as lenticelas – as células estão superficialidade dos sistemas radiculares
frouxamente organizadas e, assim, promovem a fasciculados e a tenacidade com que eles se
aeração dos tecidos internos das raízes e dos agarram às partículas do solo fazem com que estas
caules. A periderme consiste, em grande parte, em plantas sejam especialmente apropriadas para
súber, ou felema, um tecido morto, protetor, que cobertura e prevenção da erosão do solo.
apresenta paredes celulares intensamente ORIGEM E CRESCIMENTO DOS TECIDOS
suberizadas na maturidade. A periderme também PRIMÁRIOS
inclui o câmbio da casca, ou felogênio, e a O ápice da raiz é recoberto pela coifa, um
feloderme, como um tecido parenquimático vivo. conjunto de células parenquimáticas vivas, que
O câmbio da casca forma o súber ou felema em reveste e protege o meristema apical e ajuda a raiz
direção à superfície do órgão (para fora) e a a penetrar no solo. À medida que a raiz cresce e a
feloderme, em direção ao interior (para dentro). A coifa é empurrada para a frente, as células na
origem do câmbio da casca é variável, periferia da coifa secretam grandes quantidades de
dependendo da espécie e do órgão da planta. mucilagem que lubrifica a raiz durante a sua
passagem através do solo. Por fim, essas células
periféricas são liberadas da coifa. Essas células da
RAIZ coifa, denominadas células da borda, são
programadas a se destacar da coifa e umas das
A primeira raiz da planta origina-se no embrião e
outras quando alcançam a periférica da coifa. Com
é, em geral, chamada raiz primária. Em todas as
a sua liberação, as células da borda – que podem
plantas com sementes, à exceção das
permanecer vivas por várias semanas na rizosfera.
monocotiledôneas, a raiz primária é denominada
À medida que as células da borda são liberadas,
raiz pivotante. Esse tipo de sistema radicular
novas células são acrescentadas à coifa. Várias
apresenta uma raiz primária extremamente
funções foram atribuídas às células da borda e
desenvolvida e suas ramificações ou raízes
seus exsudatos. Entre essas funções, destacam-se a
laterais. Nas monocotiledôneas, a raiz primária
proteção do meristema apical de infecções, a
geralmente tem vida curta, e, assim, o sistema
manutenção de um contato íntimo entre as raízes e
radicular é formado por raízes adventícias, que se
o solo, a mobilização de elementos essenciais para
formam a partir do caule. Essas raízes de origem
absorção pelas raízes, a proteção a curto prazo do
caulinar, comumente denominadas raízes
ressecamento (dessecação) e atração ou repulsão
adventícias, e suas raízes laterais dão origem ao
de bactérias específicas. A coifa por si própria
desempenha muito mais funções além de fornecer
proteção ao meristema apical e ajudar a raiz em
sua penetração pelo solo. cabe à coifa perceber,
processar e transmitir sinais ao meristema e à
região de alongamento da raiz e, portanto,
controlar a direção do movimento das raízes
através do solo. Tipicamente, a coifa é constituída
de uma coluna central de células, a columela, e de
uma porção lateral, a coifa lateral, que circunda a
columela. A
columela é o local que percebe a gravidade
(gravitropismo) e os gradientes potenciais de água
(hidrotropismo). O meristema apical da raiz – a
região de células em divisão ativa – estende-se por
uma considerável distância do ápice até a parte
mais velha da raiz. Além da coifa, a característica
estrutural mais marcante do ápice da raiz é o
arranjo em fileiras longitudinais ou linhagens das
células, que se originam no meristema apical. A
parte distal (próxima do ápice da raiz) do alongamento, e quase na mesma proporção em
meristema apical, chamada promeristema, é que os mais velhos estão sendo eliminados na
menos diferenciada e constituída pelas iniciais e extremidade superior da zona pilífera. São as
suas derivadas imediatas. Essas células, raízes jovens e em crescimento – raízes finas –
relativamente pequenas e multifacetadas, são que estão, sem dúvida, envolvidas na absorção de
caracterizadas pela água e nutrientes minerais. As micorrizas –
presença de citoplasma denso e núcleo grande. associações simbióticas mutuamente benéficas
Dois tipos principais de organização do ápice são entre fungos e raízes – estão presentes na maioria
encontrados nas raízes das plantas com sementes. das plantas vasculares. A rede de hifas dos fungos
No tipo de organização “fechado”, a coifa, o pode estender-se muito além das raízes, tornando
cilindro vascular e o córtex originam-se a partir de possível à planta obter água e nutrientes de um
camadas de células independentes no meristema volume muito maior do solo do que o que poderia
apical, e a epiderme apresenta origem comum com ser obtido apenas com os seus pelos radiculares. O
a coifa ou com o córtex. No tipo de organização córtex representa o sistema fundamental em
“aberto”, todas as regiões da raiz ou pelo menos o muitas raízes. Os plastídios das células corticais
córtex e a coifa formam-se a partir de um grupo geralmente armazenam amido, mas habitualmente
comum de células. O local com maior número de são desprovidos de clorofila. As raízes de
divisões celulares situa-se atrás do promeristema. gimnospermas e da maioria de eudicotiledôneas,
A região com células em intensa divisão – o que apresentam grande crescimento secundário,
meristema apical – é comumente denominada perdem sua região cortical cedo. Nessas raízes, as
região de divisão celular. Após a região de divisão células corticais permanecem parenquimáticas.
celular está a região de alongamento. O Em contrapartida, em muitas monocotiledôneas e
alongamento das células nessa região é o maior nas eudicotiledôneas caracteristicamente
responsável pelo crescimento em comprimento da herbáceas, que são totalmente constituídas de
raiz. A região de alongamento é seguida pela tecido primário, o córtex se mantém durante toda
região de maturação ou de diferenciação, onde a a vida da raiz, e muitas das células corticais
maioria desenvolvem paredes secundárias que se tornam
das células dos tecidos primários completa a sua lignificadas. Os tecidos corticais apresentam
maturação, os pelos radiculares são produzidos numerosos espaços intercelulares – espaços de ar
nessa região (zona pilífera). que são essenciais para a aeração das células da
raiz. Em plantas aquáticas e de solos úmidos, os
ESTRUTURA PRIMÁRIA espaços intercelulares tornam-se grandes,
Em comparação com o caule, a estrutura interna resultando na formação do aerênquima, o termo
da raiz é, em geral, relativamente mais simples. aplicado ao tecido parenquimático com grandes e
Os três sistemas de tecidos da raiz no estágio numerosos espaços intercelulares. As células
primário de crescimento – a epiderme (sistema corticais apresentam numerosos contatos umas
dérmico), o córtex (sistema fundamental) e os com as outras, e seus protoplastos são conectados
tecidos vasculares (sistema vascular) – podem ser por plasmodesmos. As substâncias que percorrem
facilmente distinguidos um do outro. Na maioria o córtex podem assim seguir a via simplasto,
das raízes, os tecidos vasculares formam um movendo-se de um protoplasto ao outro por meio
cilindro sólido, mas muitos têm centralmente uma dos plasmodesmos, ou a via apoplasto, pelas
medula ou uma região semelhante a medula. A paredes celulares, ou por ambos. Ao contrário do
epiderme da raiz consiste em células alongadas restante da região cortical, a camada mais interna
justapostas, com paredes finas, que carecem de do córtex é formada por células compactamente
cutícula e oferecem pouca resistência à passagem arranjadas e carece de espaços aeríferos. Essa
de água e minerais para dentro da raiz. Nas raízes camada, denominada endoderme é caracterizada
jovens, a epiderme é especializada como tecido de pela presença das estrias de Caspary em suas
absorção. A absorção de água e nutrientes paredes anticlinais. São uma faixa integral da
minerais pela raiz é facilitada pela presença dos parede primária e da lamela mediana, impregnada
pelos radiculares – extensões tubulares das células com suberina e, algumas vezes, lignina. A
epidérmicas – que aumentam muito a superfície suberina e a lignina infiltram os espaços na parede
de absorção da raiz. Os pelos radiculares são, geralmente ocupados pela água, conferindo,
relativamente, efêmeros e localizam-se, portanto, propriedades hidrofóbicas a esta região
principalmente, na região de maturação. Os novos específica da parede celular. Como as células da
pelos radiculares são produzidos após a região de endoderme estão compactamente arranjadas e as
estrias de Caspary são impermeáveis à passagem xilema. Logo depois de formado, o câmbio
de água e íons, o movimento apoplástico da água e vascular, na região oposta aos cordões de floema,
dos solutos através dela é bloqueado pelas estrias. começa a produzir xilema secundário para o lado
Assim, todas as substâncias que entram e saem do de dentro, e nesse processo os cordões de floema
cilindro vascular devem passar pelo protoplasto primário são deslocados para fora de sua posição
das células endodérmicas. As raízes da maioria anterior, entre as projeções do xilema primário. As
das angiospermas têm uma segunda camada de fileiras de células parenquimáticas que se
células justapostas com estrias de Caspary. Esta estendem radialmente no xilema e no floema
camada, denominada exoderme, desenvolve-se a secundários formam os raios. Com o aumento da
partir da(s) camada(s) mais externas do córtex. O quantidade de xilema e floema secundários, a
desenvolvimento das estrias de Caspary é maior parte do floema primário é comprimido ou
rapidamente seguido pela deposição de uma obliterado. Na maioria das raízes lenhosas, uma
lamela de suberina, e, pelo menos em algumas camada protetora de origem secundária –chamada
espécies, forma-se ainda uma camada de celulose. periderme – substitui a epiderme, como o tecido
As paredes celulares suberizadas da exoderme, de revestimento desta região da raiz. O câmbio da
aparentemente, reduzem a perda de água da raiz casca (felogênio), que tem origem na parte externa
para o solo e constituem uma defesa contra o do periciclo proliferado e que se dispõe como um
ataque de microrganismos. O cilindro vascular da cilindro completo, produz súber para o lado
raiz é constituído pelos tecidos vasculares externo e feloderme para o lado interno. Em
primários e por uma ou mais camadas de células conjunto, esses três tecidos – súber, câmbio da
de tecidos não vasculares que constituem o casca e feloderme – formam a periderme.
periciclo, que envolve completamente os tecidos Algumas regiões da periderme permitem as trocas
vasculares. O periciclo é considerado parte do gasosas entre a raiz e a atmosfera do solo. Essas
cilindro vascular porque, como os tecidos regiões correspondem às lenticelas, áreas
vasculares, têm origem a partir do procâmbio. esponjosas na periderme com numerosos espaços
origem ao primeiro câmbio da casca ou felogênio. intercelulares, que permitem a passagem do ar.
O periciclo desempenha vários papéis Com formação da primeira periderme na raiz, o
importantes. Na maioria das plantas com córtex (incluindo a endoderme) e a epiderme são
sementes, as raízes laterais têm origem no separados do restante da raiz, finalmente morrem
periciclo. Nas plantas que apresentam crescimento e se destacam. Ao final do primeiro ano de
secundário, o periciclo contribui para a formação crescimento, os seguintes tecidos estão presentes
do câmbio vascular oposto ao protoxilema e em uma raiz lenhosa (de fora para dentro):
geralmente dá origem ao primeiro câmbio da possíveis remanescentes da epiderme e do córtex,
casca ou felogênio. O centro do cilindro vascular periderme, periciclo, floema primário (as fibras,
da maioria das raízes é ocupado por um maciço de quando presentes, e as células de paredes
xilema primário, do qual partem projeções delicadas colapsadas), floema secundário, câmbio
pontiagudas em direção ao periciclo, entre essas vascular, xilema secundário e xilema primário.
projeções do xilema estão os cordões de floema
primário. Os primeiros elementos do xilema ORIGEM DAS RAÍZES LATERAIS
primário a se diferenciarem na raiz – protoxilema Na maioria das plantas com sementes, as raízes
– localizam-se próximo ao periciclo. centro do laterais (ramificações da raiz) originam-se no
cilindro vascular. O metaxilema – a parte do periciclo oposto aos polos do protoxilema. Por
xilema primário que se diferencia depois do terem uma origem profunda na raiz-mãe, as raízes
protoxilema – ocupa a porção interna das laterais são consideradas endógenas. Nas raízes
projeções e o centro do cilindro vascular. das angiospermas, à medida que a jovem raiz
lateral ou primórdio de raiz aumenta em tamanho,
ESTRUTURA SECUNDÁRIA ela se projeta através do córtex, possivelmente
Em geral, as raízes das monocotiledôneas não secretando
apresentam crescimento secundário e, portanto, enzimas que digerem algumas das células corticais
são formadas inteiramente de tecidos primários. localizadas em seu caminho. Enquanto ainda
As raízes de muitas eudicotiledôneas herbáceas muito jovens, os primórdios da raiz desenvolvem
apresentam pouco ou nenhum crescimento a coifa e o meristema apical, e os meristemas
secundário e permanecem com uma composição primários tornam-se visíveis. Inicialmente, o
predominantemente primária. O câmbio vascular cilindro vascular da raiz lateral e o da raiz-mãe
envolve completamente o maciço central de não estão unidos entre si. Os dois cilindros
vasculares unem-se posteriormente, quando Contribui para o crescimento em superfície. O
derivados do periciclo interveniente, e as células corpo consiste em um conjunto de células
parenquimáticas vasculares diferenciam-se em localizado abaixo das camadas da túnica. No
xilema e floema. corpo, as células dividem-se em vários planos,
aumentando o volume do sistema caulinar em
RAÍZES AÉREAS E RAÍZES E AERAÇÃO desenvolvimento. As células do corpo dividem-se
As raízes aéreas são raízes adventícias produzidas periclinalmente (paralelas à superfície apical). No
por estruturas que estão acima do solo. ápice do sistema caulinar das angiospermas, o
Apresentam função de suporte. Quando essas corpo e as camadas da túnica que cobrem o corpo
raízes de sustentação do caule entram em contato constituem a chamada zona central, a qual
com o solo, corresponde ao promeristema do meristema apical
ramificam-se e começam a atuar na absorção de do sistema caulinar. A zona central é circundada
água e nutrientes minerais. As raízes necessitam pela zona periférica ou meristema periférico, que
de oxigênio para a respiração, e, por esta razão, a se origina parcialmente da túnica. A protoderme
maioria das plantas não pode viver em solos com sempre se origina da camada mais externa da
drenagem inadequada e, consequentemente, sem túnica (L1), enquanto o procâmbio e parte do
espaços para o armazenamento de ar. Em algumas meristema fundamental (o córtex e, algumas
árvores que crescem em habitats brejosos, porções vezes, parte da medula) são derivados do
das raízes crescem para fora da água. Por isso, as meristema periférico. O restante do meristema
raízes dessas árvores servem não somente para a fundamental (toda ou a maior parte da medula) é
fixação, mas também para a aeração do sistema formado pelo meristema da medula. Embora os
radicular (raízes de aeração ou pneumatóforos). tecidos primários do caule passem por períodos de
crescimento similares àqueles da raiz, o caule não
RAÍZES TUBEROSAS pode ser dividido ao longo de seu eixo em regiões
Muitas raízes são órgãos de armazenamento, de divisão celular, alongamento e maturação,
porém em algumas plantas as raízes são como ocorre com as raízes. Quando em
especializadas para esta função. Essas raízes são crescimento ativo, o meristema apical do sistema
tuberosas devido à abundância do parênquima de caulinar origina primórdios foliares em uma
reserva, que é permeado por tecido vascular. O sucessão tão rápida que os nós e os entrenós não
desenvolvimento de algumas raízes de reserva, podem, a princípio, ser distinguidos. À medida
tais como as da cenoura (Daucus carota), é que o crescimento caulinar começa a ocorrer entre
bastante similar ao das raízes comuns (que não os locais nos quais as folhas estão conectadas, as
armazenam), exceto por uma predominância de partes alongadas do caule assumem a aparência de
células parenquimáticas no xilema e floema entrenós e as porções do caule nas quais as folhas
secundários destas raízes de reserva. estão conectadas tornam-se reconhecidas como
nós. Assim, o aumento no comprimento do caule
CAULE ocorre principalmente por alongamento
internodal, que pode ocorrer simultaneamente em
TECIDOS PRIMÁRIOS DO CAULE diversos entrenós. Uma região meristemática
O meristema apical do sistema caulinar adiciona localizada no entrenó em alongamento é
células ao corpo primário da planta, produz denominada meristema intercalar. O aumento em
repetitivamente os primórdios foliares e os espessura do caule durante o crescimento primário
primórdios de gemas, resultando em uma sucessão envolve tanto divisões longitudinais (periclinais)
de unidades similares denominadas fitômeros. Os quanto crescimento celular. Em plantas com
primórdios foliares desenvolvem-se em folhas e os crescimento secundário, esse espessamento
primórdios de gemas, em sistemas caulinares primário é moderado. O meristema apical do
laterais. O meristema apical do caule não sistema caulinar origina os mesmos meristemas
apresenta coifa, mas é circundado por folhas primários encontrados na raiz: protoderme,
jovens que lhe conferem proteção. O meristema procâmbio e meristema fundamental. Esses
apical do sistema caulinar vegetativo da maioria meristemas primários, por sua vez, desenvolvem-
das plantas floríferas apresenta uma organização se nos tecidos maduros do corpo primário da
denominada túnica-corpo. A túnica é constituída planta: a protoderme origina a epiderme, o
pela(s) camada(s) de célula(s) mais externa(s) que procâmbio origina os tecidos vasculares primários
se dividem anticlinalmente, ou seja, no plano e o meristema fundamental origina o tecido
perpendicular à superfície do meristema. fundamental.
maturação dos tecidos vasculares primários;
ESTRUTURA PRIMÁRIA DO CAULE assim, os feixes nunca desenvolvem um câmbio
Nas plantas com sementes, 3 tipos básicos de vascular e perdem seu potencial para crescimento
organização são reconhecidos: (1) Em algumas posterior. Feixes vasculares tais como aqueles de
plantas com semente, à exceção das Ranunculus e de monocotiledôneas, nos quais
monocotiledôneas, o sistema vascular do entrenó todas as células procambiais maturam e o
forma um cilindro mais ou menos contínuo em potencial para crescimento posterior dentro do
meio ao tecido fundamental; (2) Em outras, os feixe é perdido, são do tipo fechado. Os feixes
tecidos vasculares primários se desenvolvem vasculares fechados são, geralmente, circundados
como um cilindro de cordões isolados, ou feixes, completamente por uma bainha constituída por
separados um do outro pelo tecido fundamental; células de esclerênquima. Feixes vasculares que
(3) No caule da maioria das monocotiledôneas e dão origem a um câmbio são do tipo aberto. Em
de algumas eudicotiledôneas herbáceas (não muitas eudicotiledôneas, os feixes vasculares são
lenhosas), o arranjo dos cordões procambiais e dos do tipo aberto; produzem uma certa quantidade
feixes vasculares é mais complexo. Em seções tecidos vasculares secundários.
transversais, os tecidos vasculares dispõem-se em
mais de um anel de feixes, ou estão dispersos pelo RELAÇÃO ENTRE OS TECIDOS
tecido fundamental. Nesse último exemplo, o VASCULARES DO CAULE E DA FOLHA
tecido fundamental não pode ser diferenciado A cada nó, um ou mais feixes vasculares divergem
como córtex e medula. Na maioria dos caules, a do cilindro de feixes no caule, atravessam o córtex
epiderme é uma única camada de células revestida e entram na folha ou folhas conectadas àquele nó.
pela cutícula. A epiderme do caule geralmente As extensões do sistema vascular do caule
contém menos estômatos do que a epiderme foliar. direcionadas às folhas são denominadas traços
O córtex é constituído por células de parênquima e foliares, e as amplas regiões interfasciculares ou
colênquima. As diversas camadas de células do lacunas de tecido fundamental localizadas no
colênquima, que fornecem suporte ao caule cilindro vascular, acima do nível de divergência
jovem, formam um cilindro contínuo abaixo da dos traços foliares em direção às folhas, são
epiderme. O restante do córtex consiste em células chamadas de lacunas do traço foliar. Um traço
de parênquima que possuem cloroplastos quando foliar estende-se desde sua conexão com um feixe
maduras. A camada mais interna de células no caule – feixe caulinar – até o nível no qual ele
corticais, que apresentam conteúdo densamente entra na folha. Uma única folha pode ter um ou
corado, delimita nitidamente o córtex do cilindro mais traços foliares conectando seu sistema
de tecidos vasculares primários. Na grande vascular àquele do caule. O número de entrenós
maioria dos caules, o floema primário desenvolve- que os traços foliares atravessam antes de entrar
se a partir das células externas do procâmbio, e o em
xilema primário, das células internas. Uma única uma folha difere e, deste modo, os traços variam
camada de células entre o xilema primário e o em comprimento. Se os feixes vasculares do caule
floema primário permanece meristemática e torna- forem seguidos tanto para cima quanto para baixo
se o câmbio vascular. Em angiospermas lenhosas, no caule, eles serão vistos em associação com
os feixes vasculares são separados por regiões diversos traços foliares. Um feixe caulinar e seus
interfasciculares amplas e circundam uma grande traços foliares associados são denominados
medula. O câmbio vascular é, em parte, fascicular simpódio. Em alguns caules, alguns ou todos os
(procambial) e, em parte, interfascicular simpódios são interconectados, enquanto, em
(parênquima interfascicular), quanto a sua origem. outros, todos os simpódios são unidades
Durante o crescimento secundário, os tecidos independentes do sistema vascular. Deste modo, o
vasculares secundários são formados padrão do sistema vascular no caule é um reflexo
principalmente, a partir das células cambiais da disposição das folhas no caule. As gemas
derivadas do procâmbio. O câmbio interfascicular, geralmente se desenvolvem nas axilas de folhas, e
geralmente, produz apenas parênquima seus sistemas vasculares são conectados àquele do
esclerificado (parênquima com paredes caule principal pelos traços de ramos. Assim,
secundárias) para o lado do xilema. O caule de tanto os traços foliares quanto os traços de ramos
Ranunculus é um exemplo extremo de hábito (em geral, dois por gema) divergem para fora do
herbáceo, e seus feixes vasculares lembram caule principal a cada nó.
aqueles de muitas monocotiledôneas. Os feixes
vasculares não retêm células procambiais após a
AS FOLHAS SÃO DISPOSTAS EM lacunoso. As células do parênquima paliçádico
PADRÕES ORDENADOS NO CAULE são colunares, enquanto as células do parênquima
A disposição das folhas em um caule é esponjoso têm formas irregulares. Os cloroplastos
denominada filotaxia. O tipo mais comum é a são também mais numerosos nas células do
filotaxia espiralada, ou helicoidal, com uma folha parênquima paliçádico do que nas células do
em cada nó e as folhas formando um padrão parênquima esponjoso; consequentemente, a
espiralado em maior parte da fotossíntese na folha, portanto,
torno do caule. Em outras plantas com uma única parece ocorrer no parênquima paliçádico. O
folha em cada nó, as folhas estão dispostas em parênquima paliçádico geralmente está localizado
duas séries opostas, como nas gramíneas. Esse no lado superior da folha, e o parênquima
tipo de filotaxia é denominado dístico. Em esponjosos, no lado inferior. Em certas plantas,
algumas plantas, as folhas são formadas aos pares incluindo muitas xerófitas, o parênquima
em cada nó e a filotaxia é dita oposta. Se cada par paliçádico frequentemente está presente em ambos
sucessivo está em um ângulo reto com o par os lados da folha. Em algumas plantas, por
anterior, a disposição é denominada decussada. exemplo, no milho e outras gramíneas, todas as
Plantas com filotaxia verticilada têm três ou mais células do mesofilo são, mais ou menos, similares
folhas em cada nó. quanto à forma, não existindo distinção entre os
parênquimas paliçádico e lacunoso. O mesofilo da
folha é totalmente permeado por numerosos feixes
MORFOLOGIA E ESTRUTURA DA FOLHA vasculares, ou nervuras, que são contínuos com o
As folhas são formadas pelos sistemas de tecidos sistema vascular do caule. As nervuras maiores
de revestimento, fundamental e vascular, assim são circundadas por células parenquimáticas que
como as raízes e os caules. A epiderme, com sua contêm poucos cloroplastos, enquanto as nervuras
estrutura compacta, fornece sustentação à folha. O menores, geralmente, estão envolvidas por uma ou
conjunto de células epidérmicas da folha, assim mais camadas de células compactamente dispostas
como aquelas do caule, estão compactamente que formam a bainha do feixe. As bainhas dos
dispostas e cobertas por uma cutícula que reduz a feixes estendem-se até as terminações vasculares,
perda de água. Os estômatos podem estar assegurando que nenhuma parte do tecido vascular
presentes em ambos os lados da folha ou somente esteja exposta ao ar dos espaços intercelulares e
em um lado, que pode ser o superior ou, mais que todas as substâncias que entram e saem dos
comumente, o inferior. Em muitas xerófitas, os tecidos vasculares passem necessariamente pela
estômatos estão afundados em depressões na bainha. Em muitas folhas, as bainhas dos feixes
superfície inferior da folha. As depressões estão ligadas tanto com a epiderme superior
também podem conter muitos pelos epidérmicos quanto com a inferior, ou com ambas, por um
ou tricomas. Juntas, estas duas características grupo de células similares àquelas da bainha do
podem auxiliar na redução da perda de água pela feixe. Estas conexões são denominadas extensões
folha. Os tricomas podem estar presentes em uma da bainha do feixe. Além de oferecerem suporte
ou em ambas as superfícies da folha. Coberturas mecânico, em algumas folhas, elas aparentemente
espessas de pelos epidérmicos e as resinas conduzem água do xilema para a epiderme. A
secretadas por alguns pelos também podem epiderme garante considerável sustentação à folha
retardar a perda de água pelas folhas. Nas folhas devido a sua estrutura compacta e sua cutícula.
da maioria das angiospermas, à exceção das Além disso, colênquima ou esclerênquima podem
monocotiledôneas, os estômatos estão em geral estar presentes sob a epiderme das costelas nas
espalhados sobre a superfície. Na maioria das nervuras de maior porte nas folhas de muitas
monocotiledôneas, os estômatos estão dispostos angiospermas, garantindo suporte adicional. Nas
em fileiras paralelas ao maior eixo da folha. O folhas de monocotiledôneas, as nervuras e a
mesofilo é especializado para a fotossíntese. O margem foliar podem ser delimitadas por fibras.
mesofilo apresenta um tecido fundamental com Em folhas de outras angiospermas, células de
grandes espaços intercelulares. Os espaços colênquima podem também ser encontradas ao
intercelulares estão conectados com a atmosfera longo das margens de folhas.
externa através dos estômatos, e estes facilitam a
rápida troca gasosa, um importante fator para a FOLHAS DE GRAMÍNEAS
eficiência da fotossíntese. Nas mesófitas, o Nas folhas de gramíneas C4, as células do
mesofilo é comumente diferenciado em mesofilo e as células da bainha do feixe formam
parênquima paliçádico e parênquima esponjoso ou duas camadas concêntricas típicas ao redor dos
feixes vasculares, como visto em seções desenvolvimento do parênquima paliçádico. O
transversais. As células compactamente dispostas sistema vascular das folhas de sol é mais
da bainha do feixe das gramíneas C4 são células desenvolvido e as paredes das células epidérmicas
parenquimáticas muito grandes que contêm são mais espessadas do que aquelas das folhas de
numerosos cloroplastos grandes e conspícuos. sombra. Além disso, a razão entre a área da
Esse arranjo concêntrico do mesofilo e das superfície interna do mesofilo e a área da lâmina
camadas da bainha do feixe em plantas C4 é foliar é muito maior nas folhas de sol. Um efeito
referido como anatomia Kranz. Nas folhas de dessas diferenças é que, embora os dois tipos
gramíneas C3, ao contrário, as células do mesofilo foliares tenham taxas fotossintéticas similares a
e da bainha do feixe não apresentam disposição baixas intensidades luminosas, as folhas de
concêntrica. Além disso, as células sombra não são adaptadas a altas intensidades
parenquimáticas das bainhas dos feixes são luminosas e,
relativamente pequenas, com cloroplastos consequentemente, têm taxas de fotossíntese
pequenos, e, quando observadas ao microscópio, máximas consideravelmente menores sob estas
com menor aumento, estas células parecem claras condições.
e vazias. Comumente, uma bainha interna, com
células de paredes mais ou menos espessadas TRANSIÇÃO ENTRE O SISTEMA VASCULAR
(denominada bainha do mestoma) também está DA RAIZ E DO SISTEMA CAULINAR
presente nas gramíneas C3. Outra diferença A distinção entre os órgãos vegetais se baseia
estrutural consistente entre as folhas de gramíneas primariamente na distribuição relativa dos tecidos
C3 e C4 é a distância intervenal, ou seja, a vasculares em meio aos tecidos fundamentais. Por
distância entre as bainhas de feixes lateralmente exemplo, nas raízes de eudicotiledôneas, os
adjacentes. Nas gramíneas C4, apenas 2 a 4 tecidos vasculares geralmente formam um cilindro
células do mesofilo estão presentes entre as sólido circundado pelo córtex e os cordões de
bainhas de feixes vasculares adjacentes, enquanto floema primário se alternam com os polos radiais
nas gramíneas C3 mais de quatro células do de xilema primário. Por outro lado, no caule, os
mesofilo estão localizadas entre as bainhas de tecidos vasculares geralmente formam um cilindro
feixes vasculares adjacentes. As folhas de plantas de cordões isolados ao redor da medula, com o
C4 geralmente exportam fotoassimilados tanto floema no lado externo dos feixes vasculares e o
mais rapidamente quanto mais eficientemente do xilema no lado interno destes. Obviamente, em
que as folhas de plantas C3. A epiderme das algum lugar do corpo primário da planta, precisa
gramíneas é constituída por vários tipos de ocorrer uma mudança do tipo de estrutura
células. Algumas células, especialmente grandes, encontrada na raiz para aquela encontrada no
denominadas células buliformes ou células sistema caulinar. Essa mudança é gradual e a
motoras, ocorrem em fileiras longitudinais e são região do eixo da planta na qual ela ocorre é
tidas por alguns botânicos como responsáveis pelo denominada região de transição. estrutura da
dobramento e desdobramento, enrolamento e região de transição pode ser muito complexa, com
desenrolamento, das folhas, respostas resultantes muitas variações nas regiões de transição dos
de mudanças no potencial hídrico. Durante a perda diferentes tipos de plantas. Na maioria das plantas
excessiva de água, as células buliformes tornam- com sementes, excetuando-se as
se flácidas e a folha se dobra ou enrola. A monocotiledôneas, a transição ocorre no sistema
epiderme também contém células-guarda estreitas vascular que conecta a raiz e os cotilédones.
e com paredes espessadas, que estão associadas às
células subsidiárias. Desenvolvimento da flor
Durante a transição para a floração, o ápice do
FOLHAS DE SOL E DE SOMBRA sistema caulinar vegetativo passa por uma
Fatores ambientais, especialmente a luz, podem sequência de mudanças estruturais e fisiológicas e
ter efeitos substanciais no desenvolvimento do se transforma em um ápice reprodutivo. Além
tamanho e da espessura das folhas. Em muitas disso, como o ápice reprodutivo exibe um padrão
espécies, as folhas que crescem sob altas de crescimento determinado, a floração em plantas
intensidades luminosas – as chamadas folhas de anuais indica que estas estão alcançando o final de
sol – são menores e mais espessas do que as folhas seu ciclo de vida. A floração em plantas perenes,
de sombra, que se desenvolvem sob baixas por sua vez, pode ser repetida anualmente ou com
intensidades luminosas. A maior espessura das maior frequência. Vários fatores ambientais,
folhas de sol deve-se, principalmente, ao maior incluindo o comprimento do dia e a temperatura,
estão envolvidos na indução da floração.
Frequentemente, a formação das peças florais
começa com as sépalas, seguida pelas pétalas,
então os estames e, finalmente, os carpelos. As
peças florais podem permanecer separadas durante
seu desenvolvimento ou podem se fusionar entre
peças de um mesmo verticilo (conação) ou entre
peças de verticilos diferentes (adnação). O
desenvolvimento floral pode ser explicado pela
sobreposição de expressões gênicas Em
Arabidopsis, a sobreposição da expressão de cinco
classes de genes homeóticos (A, B, C, D, E)
determina a identidade dos órgãos florais. Os
genes das classes A + E determinam as sépalas; os
da classe A + B + E, as pétalas; os da classe B + C
+ E, os estames; os da classe C + E, os carpelos; e
os da classe D + E, os óvulos.

CAULES PODEM TER FUNÇÕES DE


ARMAZENAGEM DE ALIMENTOS OU DE
ÁGUA
Assim como as raízes, os caules podem ser
especializados para o armazenamento de
alimentos. Os tubérculos e cormos são exemplos
desses caules. As plantas armazenadoras de água
são conhecidas como suculentas. O tecido
armazenador de água das plantas suculentas é
constituído por grandes células parenquimáticas
vacuolizadas. Caules ou folhas, ou ambos, podem
ser suculentos.

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