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ELLEN G.

WHITE E AS TRÊS MENSAGENS ANGÉLICAS:


CONTEÚDO E RESPONSABILIDADE1

Pr. Ángel Manuel Rodríguez

Há urgência na voz dos três anjos que proclamam ao mundo em alta voz a
mensagem divina (Ap 14:6-12). Qual é a razão da urgência? De acordo com João,
após terminarem a obra, Cristo virá em glória e a colheita escatológica ocorrerá
(14:14-20). Ellen White, com base na afirmação de João, conclui que as três
mensagens são a “última mensagem de advertência e misericórdia” de Deus que
iluminará toda a Terra “por Sua glória”. 1 É a última mensagem porque ela será
“imediatamente seguida pela vinda do Filho do homem para recolher a colheita da
Terra”.2 Nisso está a urgência das mensagens. Elas contêm a última oferta de
salvação de Deus para a humanidade que perece.
João sugere que o fator unificador que mantém as Três Mensagens Angélicas
juntas é a proclamação do “evangelho eterno... a cada nação, tribo, língua e povo”
(14:6).3 Ellen White comenta que “a totalidade do evangelho está abraçada na
mensagem dos três anjos, e em todo o nosso trabalho, a verdade deve ser
apresentada como é em Jesus”.4 A inferência é que cada elemento dentro das três
mensagens do tempo do fim deveria ser proclamado a partir da perspectiva da
salvação por meio da fé em Cristo.

A Mensagem do Primeiro Anjo (Ap 14:6, 7) 

Em sua visão apocalíptica, João vê um primeiro anjo com uma mensagem de


Deus, endereçada à totalidade da raça humana. Dois outros anjos seguirão
proclamando outros aspectos da mensagem do fim do tempo. Ellen White
especificamente afirma que os três anjos “representam aqueles que recebem a
verdade, e com poder proclamam o evangelho ao mundo.”5 Deus tem um
remanescente para o tempo do fim (Ap 12:17) e a eles confiou a proclamação
dessa última mensagem. Ao usar “pureza, glória e poder do mensageiro celestial”
como um símbolo, Deus ilustrou “o caráter exaltado da obra a cumprir-se pela
mensagem, e o poder e glória que a deveriam acompanhar”. 6 A primeira
mensagem contém vários elementos importantes.

O Evangelho Eterno: Há apenas um evangelho porque há apenas um caminho de


salvação oferecido à humanidade caída. Perceptivamente, White comenta: “A
mensagem proclamada pelo anjo voando pelo meio do céu é o evangelho eterno,
o mesmo evangelho que foi anunciado no Éden quando Deus disse à serpente:
‘Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar’ (Gênesis 3:15). Aí está a primeira
promessa de um Salvador que havia de erguer-Se no campo de batalha para
contestar o poder de Satanás e prevalecer contra ele” 7. Reiterando a ênfase de
João no poder salvador do Cordeiro de Deus (por ex. Ap 5:9), Ellen afirma
enfaticamente: "A mensagem precisa ser dada, ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o

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Sermão preparado pelo White Estate, disponível aqui:
https://whiteestate.org/resources/sop/sop-2021/
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pecado do mundo!’ (João 1:29).”8 Ela nos exorta: “Jamais um sermão deveria ser
pregado, ou uma Bíblia ensinada, sem que os ouvintes estejam apontados para o
Cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo”9. 

A proclamação universal do evangelho nos convida a reorientar nossas


prioridades. Deus nos desafia como povo: “De todos os professos cristãos, devem
os adventistas do sétimo dia ser os primeiros a exaltar a Cristo perante o
mundo .... Esta verdade, juntamente com outras incluídas na mensagem, tem de
ser proclamada; mas o grande centro de atração, Cristo Jesus, não deve ser
deixado à parte .... O pecador deve ser levado a olhar ao Calvário; com a fé
singela de uma criancinha, deve confiar nos méritos do Salvador aceitando Sua
justiça, confiando em Sua misericórdia”10.

Deveríamos não apenas ter uma clara compreensão do evangelho, mas através
do Espírito, ele deveria nos transformar e nos tornar expressões vivas do amor de
Deus manifestadas na cruz de Jesus. “Os últimos raios da luz misericordiosa, a
última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do caráter do
amor divino. Os filhos de Deus devem manifestar Sua glória. Revelarão em sua
vida e caráter o que a graça de Deus por eles tem feito.” 11 Isso é extremamente
importante porque “O amor de Cristo e o amor de nossos irmãos testificarão para o
mundo que temos estado com Jesus e aprendido dEle” 12.

Temer a Deus e Dar-Lhe Glória: Temer a Deus é um chamado de completa


submissão à vontade de Deus para nós, como uma expressão de gratidão por
nossa salvação por meio da fé no trabalho da salvação de Jesus. “O resultado da
aceitação destas mensagens é dado nestas palavras: ‘Aqui estão os que guardam
os mandamentos de Deus, e a fé de Jesus.’”13 Nossas vidas apontam para Ele
como Aquele que nos salvou. Aqueles que foram justificados pela fé confessam
que não possuem glória em si mesmos. Ellen White escreve que a justificação “é a
atuação de Deus abatendo até ao pó a glória do homem, e fazendo por ele aquilo
que não está em sua capacidade fazer por si mesmo. Quando o homem percebe
sua completa desvalia, então está preparado para ser vestido com a justiça de
Cristo.”14 Dar glória a Deus é confessar que a salvação é exclusivamente por meio
da fé em Cristo e “revelar Seu caráter ao nosso e assim fazê-Lo conhecido. E em
qualquer maneira que fizermos o Pai e o Filho conhecidos, glorificaremos o
Deus”15 (tradução livre).

O Juízo: De acordo com Paulo, o juízo é parte do evangelho e está relacionado


com o retorno de Cristo (Rm 2:5-7, 16). João também o associa diretamente com o
evangelho (Ap 14:6-7). Também devemos observar que “A esta advertência do
Juízo … segue-se, na profecia, a volta do Filho do homem nas nuvens do céu. A
proclamação do Juízo é uma anunciação de que a segunda vinda de Cristo está
próxima”. Consequentemente, pregar o breve retorno de Cristo “é parte essencial
da mensagem evangélica”16.

O anúncio de que a hora do juízo já chegou se refere ao “ministério de Cristo no


lugar santíssimo, o juízo investigativo”17, que ocorre antes de Seu glorioso retorno
(ver Dn 7:9-10; 13-14). É o antitípico Dia da Expiação quando a purificação do
povo alcançava sua consumação. “Enquanto o juízo investigativo prosseguir no
Céu, enquanto os pecados dos crentes arrependidos estão sendo removidos do
santuário, deve haver uma obra especial de purificação, ou de afastamento de
pecado, entre o povo de Deus na Terra. Esta obra é mais claramente apresentada

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nas mensagens do Capítulo 14 de Apocalipse.”18 O pecado é removido aceitando a


morte expiatória de Cristo por nós e abraçando o poder santificador das
mensagens dos três anjos na preparação para a vinda do Senhor.

Adorar o Criador: À medida que o conflito cósmico se aproximar do fim, a questão


da adoração estará no centro do conflito – adorar a Deus ou a criatura – o
querubim caído. “O dever de adorar a Deus se baseia no fato de que Ele é o
Criador, e que a Ele todos os outros seres devem a existência.” 19 Nenhum outro
ser merece ser adorado porque são todas criaturas, mas Deus é o Criador e
Autoexistente. Desde o princípio, Deus estabeleceu o sábado como um memorial
de Seu poder criativo. Esse memorial foi deixado de lado pela maior parte do
mundo cristão, mas o anjo aponta para sua restauração. É óbvio então “que a
mensagem que ordena aos homens adorar a Deus e guardar Seus mandamentos,
apelará especialmente para que observemos o quarto mandamento” 20. De fato, “a
brecha feita na lei quando o sábado foi mudado pelo homem, deve ser reparada” 21.

O sábado também é um sinal do trabalho de redenção de Cristo e não deve ser


visto como em oposição à graça salvadora de Cristo (ver Hb 4:9-10). Ellen White
expressou perfeitamente a conexão profunda entre a observância do sábado e a
redenção por meio de Cristo: “A todos quantos recebem o sábado como sinal do
poder criador e redentor de Cristo, ele será um deleite. Vendo nele Cristo, nEle se
deleitam. O sábado lhes aponta as obras da criação, como testemunho de Seu
grande poder em redimir. Ao passo que evoca a perdida paz edênica, fala da paz
restaurada por meio do Salvador. E tudo na natureza Lhe repete o convite: ‘Vinde
a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei’ (Mateus
11:28)”22.

A Mensagem do Segundo Anjo (Ap 14:8)

O segundo anjo anuncia as boas-novas da queda da Babilônia. O termo Babilônia


é derivado de “Babel” e basicamente significa confusão. Ellen White revela que,
quando usado no Apocalipse, o termo indica “as várias formas de religiões falsas e
apóstatas”23. É representado como uma mulher (Ap 17), “figura que a Bíblia usa
como símbolo de igreja, sendo uma mulher virtuosa a igreja pura, e uma mulher
desprezível, a igreja apóstata”24. Babilônia representa não apenas o cristianismo
apóstata, mas também as religiões falsas.

A Queda da Babilônia: No contexto do conflito final, as religiões falsas ou


apóstatas “são apresentadas como tendo caído de seu estado espiritual para se
tornarem um poder perseguidor” contra o povo de Deus. 25 João apresenta essa
queda como o momento em que o dragão – o querubim caído, seus associados, e
a besta do mar (Ap 13:1-8; a igreja apóstata durante a Idade Média); a besta da
terra (13: 11-18; a América protestante semelhante à besta); o dragão (16:13-14;
Satanás usando o espiritismo para enganar)—estabelecerá um plano para
exterminar o remanescente do tempo do fim (Ap 13:15; ver 16:13-14). As profecias
apocalípticas indicam que no fim Satanás realizará grandes milagres e maravilhas
(13:13, 14), e aqueles que “não acolheram o amor da verdade para serem salvos”
receberão “a operação do erro, para darem crédito à mentira” (2Ts 2:10, 11). “A
queda de Babilônia se completará quando esta condição for atingida, e a união da
igreja com o mundo se tenha consumado em toda a cristandade. A mudança é
gradual, e o cumprimento perfeito de Apocalipse 14:8 está ainda no futuro.” 26

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O Vinho da Babilônia: A Babilônia forneceu para a raça humana um caminho


alternativo de salvação. Ellen White especifica que a Babilônia será constituída
pelas igrejas “que não vão receber as mensagens de advertência que o Senhor
deu na primeira, segunda e terceira mensagens angélicas” 27. Elas rejeitaram o
evangelho da salvação através de Cristo e em vez disso proclamarão a salvação
por meio da submissão às forças do mal (Ap 13:15-17). 28 O vinho da Babilônia
“representa as falsas doutrinas” que ela propagou ao redor do mundo, 29 e que,
entre outras, inclui o Ensino da imortalidade da alma, o falso dia de adoração
(domingo) e o tormento eterno dos ímpios.30 A Babilônia compete com a
proclamação mundial das mensagens dos três anjos no sentido de que ela
também vai aos reis da terra, mas neste caso para embriagá-los com o falso
evangelho (Ap 14:8). O segundo anjo anuncia o colapso total do falso evangelho.

A Mensagem do Terceiro Anjo (Ap 14:8-11)

A terceira mensagem angélica é a mais longa e mais severa das três. É uma
advertência de Deus para a humanidade a fim de colocarem sua lealdade ao lado
do Cordeiro de Deus, pois as forças do mal serão derrotadas e condenadas no
juízo final. A vida só é disponível através do evangelho da salvação em Cristo.
Ellen White foi muito clara sobre a conexão entre a terceira mensagem e o
evangelho: “O evangelho para este tempo consiste na mensagem do terceiro anjo,
que abrange as mensagens do primeiro e do segundo anjos” 31. Ela enfatiza que
“na pregação da Palavra, a primeira e mais importante coisa é derreter e subjugar
a alma apresentando o Senhor Jesus Cristo como o Salvador que perdoa os
pecados. Devemos manter a cruz do Calvário diante das pessoas” 32.

A Besta e Sua Imagem: A humanidade terá que escolher a quem adorará – os


poderes do mal ou o Criador. Neste capítulo final do conflito cósmico, “toda nação
será envolvida”33 (ver Ap 17:13-14). “[...] estarão unidos, em oposição ao povo de
Deus, todos os poderes corruptos que apostataram da lealdade à lei de Jeová.
Nessa peleja, o sábado do quarto mandamento será o grande ponto em litígio,
[...]”34 A besta que recebeu a ferida mortal (13:1-9; a igreja apóstata da Idade
Média) será curada pelo dragão através da besta que emergiu da terra (13:11-17;
América protestante semelhante à besta), e o resultado será uma apostasia
escatológica no mundo cristão e uma oposição ao povo de Deus (13:15). A
imagem da besta representa uma mudança radical nos Estados Unidos. “A fim de
formarem os Estados Unidos uma imagem da besta, o poder religioso deve a tal
ponto dirigir o governo civil que a autoridade do Estado também seja empregada
pela igreja para realizar os seus próprios fins.” 35 Ellen White vai além ao elucidar
as questões: “Quando as principais igrejas dos Estados Unidos, ligando-se em
pontos de doutrinas que lhes são comuns, influenciarem o Estado para que
imponha seus decretos e lhes apoie as instituições, a América do Norte
protestante terá então formado uma imagem da hierarquia romana, e a aplicação
de penas civis aos dissidentes será o resultado inevitável.” 36 

A Marca da Besta: Na busca por um entendimento da marca da besta, precisamos


nos lembrar que o livro do Apocalipse anuncia uma polarização da raça humana
que separará aqueles que adoram as forças do mal daqueles que adoram a Deus.
O primeiro grupo tem a marca da besta, e o segundo, o selo de Deus. Ellen White
diz várias coisas sobre o selo de Deus. Primeiro, aqueles que recebem o selo de
Deus têm o nome do Pai escrito em suas frontes. De certa forma, “essa não é uma
marca visível”, mas uma transformação íntima.37 Segundo, há também uma

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expressão visível do selo de Deus como um sinal de Sua autoridade, ou seja, o


sábado. Terceira, esse mandamento identifica Deus como o Criador e O distingue
de todos os falsos deuses. É o único mandamento que apresenta critérios para a
identificação do verdadeiro Deus que é digno de adoração. Quarto, considerando
que é um sinal da autoridade de Deus, sua observância identifica aqueles que
reconhecem Sua autoridade sobre eles e indica que eles são Seus e que estão
sob Sua proteção. É um sinal visível de obediência.38 Pode-se dizer que a
observância do sábado torna “visível a nossa conformidade com a lei de Deus” 39.
Uma pessoa pode concluir que a mensagem do terceiro anjo “requer a
apresentação do sábado do quarto mandamento [...] perante o mundo; mas o
grande centro de atração, Jesus Cristo, não deve ser deixado fora da mensagem
do terceiro anjo”40.

A marca da besta é oposta ao selo de Deus. Primeiro, “receber essa marca


significa tomar a mesma decisão que a besta tomou, e defender as mesmas
ideias, em direção oposta à Palavra de Deus” 41. Em outras palavras, aceitar a
marca indica que os seres humanos se apropriaram e estão promovendo falsos
valores e a autoridade da besta. Segundo, o sinal da autoridade do cristianismo
apóstata é encontrado particularmente no incrível fato de que eles mudaram o dia
de adoração e descanso do sábado para o domingo. Eles desafiaram mudar a lei
de Deus.42 Terceiro, a marca da besta, como uma expressão de autoridade do
cristianismo apóstata, é visível na observância do domingo.43 Quarto, segundo
Ellen White, “ninguém recebeu até agora o sinal da besta” porque ela será
recebida “quando for expedido o decreto que impõe o sábado espúrio, e o alto
clamor do terceiro anjo advertir os homens contra a adoração da besta e de sua
imagem”44. Finalmente, White afirma que apesar de tudo que ensinamos sobre a
marca ser correto, “nem tudo o que se relaciona com esse assunto é entendido
ainda, e não o será até” o fim.45 No entanto, devemos proclamar o que
entendemos claramente.

A Ira de Deus: É indiscutível que a mensagem do terceiro anjo contém “a mais


solene e mais terrível ameaça já dirigida aos mortais”46. O que é essa ira?
Primeiro, ela será manifestada durante o juízo final, totalmente isenta de
misericórdia.47 Naquele momento, não há espaço para arrependimento. Segundo,
os seres humanos devem ouvir a mensagem do terceiro anjo convidando-os a
escapar da ira de Deus, colocando sua fé em Cristo agora, enquanto a
misericórdia divina ainda está disponível. “A mensagem da justiça de Cristo há de
soar desde uma até a outra extremidade da Terra, a fim de preparar o caminho ao
Senhor. Essa é a glória de Deus com que será encerrada a mensagem do terceiro
anjo.”48 Terceiro, o amor de Deus não é compatível com a destruição dos ímpios.49
Ele tem feito grandes esforços “para preservar o caráter sagrado e poderoso de
Sua lei”, mas se os seres humanos “transformarem a misericórdia e a
condescendência de Deus em uma maldição, eles devem sofrer a penalidade” 50.
White reconhece que “talvez seja feita a alegação de que um Pai amoroso não
quereria ver Seus filhos sofrerem o castigo divino pelo fogo enquanto tivesse o
poder de livrá-los.” Então ela acrescenta que “Deus, para o bem de Seus súditos e
para a segurança deles, punirá o transgressor. Deus não atua no mesmo nível que
o homem. Ele pode fazer infinita justiça que o homem não tem o direito de fazer
aos semelhantes”51.

Atormentado na Presença dos Anjos e do Cordeiro: João descreve para nós a


cena mais solene quando o conflito cósmico chega ao fim (14:10): Jesus e Seus

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anjos aparecem aos ímpios durante o juízo final. Essa será a última vez que
Satanás e os ímpios verão o Cordeiro de Deus. O título “o Cordeiro de Deus”
coloca a ênfase na morte redentora de Cristo (Ap 5:9). Ellen White desenvolve o
tema de uma maneira poderosa. Assim que “o olhar de Jesus incide sobre os
ímpios, eles se tornam cônscios de todo pecado cometido”. 52 Então, “por sobre o
trono se revela a cruz,” onde o Cordeiro de Deus foi oferecido pela redenção dos
pecadores.53 A visão da cruz evoca o trabalho de Deus para a salvação dos
pecadores e “semelhante a uma vista panorâmica aparecem as cenas da tentação
e queda de Adão, e os passos sucessivos no grande plano para redimir os
homens”54. Eles constatarão o sofrimento de Jesus durante a encarnação, o
ministério e o Getsemani. Todos verão “o paciente Sofredor trilhando o caminho do
Calvário, o Príncipe do Céu suspenso na cruz; os altivos sacerdotes e a plebe
zombeteira a escarnecer de Sua agonia mortal, as trevas sobrenaturais; a Terra a
palpitar, as pedras despedaçadas, as sepulturas abertas, assinalando o momento
em que o Redentor do mundo rendeu a vida”55.

O ímpio em vão procura “ocultar-se da majestade divina de Seu rosto, mais


resplandecente que o Sol”56. Eles agora veem o que “perderam em virtude de sua
vida de rebeldia” e exclamam: “Troquei a paz, a felicidade e a honra pela miséria,
infâmia e desespero”. O desespero, a dor, e o sofrimento de cada um deles
precisará ser insuportável enquanto veem o amor e a justiça de Deus revelados
por meio do Cordeiro. “Quando os pecadores são compelidos a contemplá-Lo
revestido de Sua divindade em vestimenta humana e que ainda veste aquele traje,
é indescritível sua confusão. Eles se lembram de como Seu amor foi desprezado e
Sua compaixão agredida.”57 Naquele momento, “todos veem que sua exclusão do
Céu é justa”58.

Para Todo o Sempre: A frase não se refere ao tormento eterno dos ímpios, mas ao
fato de que os ímpios e suas ações pecaminosas perecerão para sempre. A Bíblia
não ensina sobre um inferno de fogo eterno, mas fala sobre o pecado e a maldade
sendo eternamente consumidos. Esse ensinamento de um inferno que arde
eternamente no qual os ímpios são lançados, comum entre os cristãos, é
“repugnante a todo sentimento de amor e misericórdia, e mesmo ao nosso senso
de justiça”59. Manter os ímpios em tormenta eterna pelos pecados cometidos em
suas curtas vidas não resolverá o problema do pecado. Enquanto os ímpios
derramarem “sua cólera em maldições e blasfêmias, estão para sempre
aumentando sua carga de crimes.” Obviamente, “a glória de Deus não é
encarecida, perpetuando-se desta maneira o pecado, em constante aumento,
através de eras sem fim”60. Esse é um dos falsos ensinos que a Babilônia espalhou
por todo o mundo. Não é o tormento dos ímpios que dura para sempre, mas sua
morte. Eles morrerão para sempre sem esperança. “Deixarão de existir.” 61 

O povo de Deus (Ap 14:12)

Em contraste com os ímpios, João descreve a fidelidade dos remanescentes do


tempo do fim. Eles têm “a perseverança dos santos”, isto é, “eles continuam firmes
na fé” em circunstâncias difíceis.62 Eles “guardam os mandamentos de Deus”. Ao
contrário das forças do mal que adoram a besta e não têm nenhum respeito pela
lei de Deus, o povo de Deus permanece fiel à Sua vontade. Eles guardam “a fé de
Jesus”. Ellen White levanta a questão do significado dessa frase e responde: É “o
ato de Jesus tornar-Se o Portador de nossos pecados para que pudesse tornar-Se
o Salvador que perdoa os nossos pecados. Ele foi tratado como nós merecemos

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ser tratados. Veio ao nosso mundo e levou os nossos pecados para que
pudéssemos levar Sua justiça”63. Essa resposta parece sugerir que a fé de Jesus é
Sua fidelidade ao plano de Deus para salvar a humanidade que perece. Ela
também acrescenta: "a fé na capacidade de Cristo para salvar-nos ampla,
completa e totalmente, é a fé de Jesus"64. Nesse caso, a fé de Jesus é a fé que
colocamos Nele como nosso Salvador – justificação pela fé. Trata-se de “fé
pessoal na eficácia do sangue de Cristo em nosso favor” que “concede paz e
segurança eternas”65. Essas duas visões colocam ênfase no trabalho salvífico de
Cristo por nós e não em nossas obras. O povo de Deus tem um equilíbrio
adequado entre fé e obras, lei e graça. White escreve: “temos de apresentar a lei e
o evangelho juntos, pois eles andam de mãos dadas” 66. Ela oferece uma imagem
equilibrada da relação entre justificação pela fé e obediência: A mensagem da
justificação pela fé convida “o povo para receber a justiça de Cristo, que se
manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus” 67. A salvação é por
meio da fé em Cristo, mas seu fruto é manifestado na obediência à lei de Deus que
vem de um coração transformado pelo poder do Espírito. “Aqueles que são
redimidos pelo sangue do Cordeiro farão, através do espírito dado a eles por Deus,
tudo ao seu alcance para confortar os quebrantados e os tentados, para libertar os
oprimidos e concluir a obra que Cristo deixou para eles fazerem.” 68 

Conclusão 

As vozes dos três anjos são nossas vozes. A eficácia da proclamação será
grandemente ampliada através do poder do quarto anjo de Apocalipse 18:1. Ele
desce do Céu com poder e glória a fim de fortalecer o povo de Deus na
proclamação final das mensagens dos três anjos. Ellen White conecta seu trabalho
com a presença do Espírito com uma força sem precedentes entre o povo de
Deus: “O Espírito de Senhor abençoará tão graciosa e universalmente os
consagrados instrumentos humanos que homens, mulheres e crianças abrirão
seus lábios em louvor e testemunho, enchendo a Terra com o conhecimento de
Deus e com Sua inigualável glória, à medida que as águas cobrem o mar.” 69 Ela
continua dizendo que a igreja “difundirá o conhecimento da salvação tão
abundantemente, que a luz será comunicada a toda cidade e vila. A Terra será
cheia do conhecimento da salvação.”70 

É nosso privilégio neste momento “exaltar a Jesus e apresentá-Lo ao mundo como


foi revelado em tipos, prefigurado em símbolos, manifestado nas revelações dos
profetas, patenteado nas lições dadas aos Seus discípulos e nos maravilhosos
milagres operados em benefício dos filhos dos homens”71. Inquestionavelmente,
“podeis ter sucesso em revelar as verdades da mensagem do terceiro anjo”, mas
“isto não será feito meramente pela pregação da Palavra, mas por obras de
amorável serviço”72. O amor de Deus revelado na cruz de Jesus deveria ser
manifestado em nossas vidas, em nossas famílias, na igreja e no mundo em geral.
Somos “mensageiros da justiça, representantes de Cristo, revelando os triunfos da
graça.”73 Somos chamados a proclamar cada elemento do conteúdo das
mensagens por meio de palavras e do carácter. O chamado é ir e cumprir nossa
missão e destino.

Notas de Fim: 

Sermão do Espírito de Profecia 2021 – Divisão Sul-Americana da IASD


1
Ellen White, Parábolas de Jesus, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1964), p. 35.
2
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 311.
3
Citações da Bíblia foram retiradas da versão NAA.
4
Ellen White, “A Perfect Ministry: Its Purpose”, Australian Union Conference Record, junho 1900, par. 19.
5
Ellen G. White, The Truth About Angels (Boise, ID: Pacific Press, 1996), 247. Ela interpreta a frase “com
alta voz” no sentido de “com o poder do Espírito Santo” (Ms 16, 1900).
6
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 355.
7
Ellen White, Mensagens Escolhidas, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), v. 2, p. 106.
8
Ellen White, Ms 36, 1897.
9
Ellen White, “A Perfect Ministry: Its Purpose,” par. 19.
10
Ellen White, Obreiros Evangélicos, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 156.
11
Ellen White, Parábolas de Jesus, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1964), p. 226.
12
Ellen White, Testemunhos para a Igreja, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), p. 6:401.
13
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 435.
14
Ellen White, A Fé Pela Qual Eu Vivo, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1958), p. 107.
15
Ellen White, “Draw from the Sources of Strength”, Signs of the Times, 17 de outubro de 1892, par. 3.
16
Ellen White, Parábolas de Jesus, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1964), p. 118.
17
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 424.
18
Ibid., p. 425.
19
Ibid., p. 436.
20
Ibid., p. 437.
21
Ellen White, Profetas e Reis, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 349.
22
Ellen White, O Desejado de Todas as Nações, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 197.
23
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 381.
24
Ibid.
25
Ellen White, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, (Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2008), p. 117.
26
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 389.
27
Ellen White, Mensagens Escolhidas, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), v. 2, p. 68.
28
White escreveu que a “se corrompeu a primitiva igreja, afastando-se da simplicidade do evangelho e
aceitando ritos e costumes pagãos” (O Grande Conflito, p. 443).
29
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 388.
30
Ver Ibid., p. 537, e Testemunhos para Ministros, p. 61, 62.
31
Ellen White, Manuscript Releases, v. 1, p. 57.
32
Ellen White, “A Perfect Ministry: Its Purpose”, par. 19.
33
Ellen White, Mensagens Escolhidas, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), v. 3, p. 392.
34
Ibid.
35
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 443.
36
Ibid., p. 445.
37
Ellen White, Ms 51, 1899.
38
Sobre os pontos anteriores, ver ibid.
39
Seventh-day Adventist Bible Commentary: Ellen G. White Comments Volume 7A (Washington, D.C.:
Review and Herald, 1970), p. 949.
40
Ellen White, Mensagens Escolhidas, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), v. 1, p. 383.
41
Ellen White, “God’s Holy Sabbath,” Review and Herald, 13 de julho de 1897, par. 5.
42
Ellen White, Ms 51, 1899.
43
Ibid.
44
Ellen White, Evangelismo, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 234.
45
Ellen White, Testemunhos para a Igreja, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), v. 8, p. 159.
46
Ellen White, Ms 51, 1899.
47
Ibid.
48
Ellen White, Testemunhos para a Igreja, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), v. 6, p. 19.
49
Ellen White, Ms 5, 1876.
50
Ibid.
51
Ellen White, Eventos Finais, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), p. 241.
52
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 666.
53
Ibid.
54
Ibid.
55
Ibid., p. 667.
56
Ibid.
57
Ellen White, Manuscript Releases, v. 12, p. 349.
58
Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 668.
59
Ibid., p. 535.
60
Ibid., p. 536.
61
Ellen White, A Word to the Little Flock (Washington, D.C.: Review and Herald, 1847), p. 12.
62
Ellen White, Manuscript Releases, v. 14, p. 159.
63
Ellen White, Mensagens Escolhidas, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), v. 3, p. 172.
64
Ibid.
65
Ellen White, “Spiritual Advancement and the Object of Camp-Meetings.—No. 4”, Review and Herald, 14
de julho de 1891, par. 4.
66
Ellen White, Evangelismo, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 232.
67
Ellen White, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, (Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2008), p. 91.
68
Ellen White, “The Blessed of the Father”, Home Missionary, julho de 1891, par. 13.
69
Ellen White, The Publishing Ministry (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1983), p. 388.
70
Ellen White, Evangelismo, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997), p. 694.
71
Ellen White, Mensagens Escolhidas, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), v. 1, p. 362.
72
Ellen White, Medicina e Salvação, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 263.
73
Ellen White, Refletindo a Cristo, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1986), p. 339.

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