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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA ALFABETIZAÇÃO

SANTOS, Vivyane Orosco Figueira dos


Orientador: POSSOLI, Eyng Gabriela

RESUMO: O presente artigo tem como tema: A importância do Lúdico para Alfabetização, e tem
como objetivo questionar a melhor forma de alfabetização, pensar em soluções para melhor utilização
do lúdico na aprendizagem, abordar a importância do lúdico no processo de ensino-aprendizagem,
buscando compreender a relevância do brincar, no desenvolvimento, de aprendizagem na fase
educacional da criança. O trabalho desenvolveu através de pesquisas baseadas em fundamentos de
autores como, Vygotsky, Piaget e Emilia Ferreiro, seguida da realidade escolar. O ato de brincar pode
ser conduzido independentemente de tempo, espaço, ou de objetos isto proporciona que a criança
crie, recrie, invente e use a sua imaginação, tornando o espaço escolar atrativo. Assim a partir da
problemática levantada foi delimitado o objetivo geral que teve como princípio refletir sobre a
importância dos jogos e das brincadeiras, numa perspectiva lúdica, no processo de ensino
aprendizagem na alfabetização. Portanto busca-se identificar que a utilização do lúdico aliada a
atividades pedagógicas pode modificar o aprender numa ação prazerosa que produz resultados
positivos. Para a realização do artigo foi realizada uma pesquisa de campo com o intuito de observar
as maneiras que se pode trabalhar o lúdico na alfabetização e a importância do mesmo, observando
assim os jogos e brincadeiras nesse processo de aprendizado para as crianças que é a alfabetização.

PALAVRAS-CHAVE: Lúdico. Alfabetização. Desenvolvimento. Aprendizagem.

1 - INTRODUÇÃO

Este artigo de conclusão de curso de pedagogia é fruto das minhas inquietações que
surgiu a partir da vivência como estagiária em salas de aula da Pré- escola e das
Séries Iniciais do Ensino Fundamental em uma Escola Pública Municipal da cidade
de Campo Grande – MS, tornando-se foco de reflexão e discussão como acadêmica
no decorrido curso. Ele também se refere às leituras sobre os saberes que
permeiam a prática educativa quanto à alfabetização dos professores no seu lócus
de trabalho.

Na atualidade a sociedade requer um professor-pesquisador que busca novos


conhecimentos e materiais de modo contínuo que o ajuda a compreender o que está
à sua volta no cotidiano: aluno-sociedade, para que possa intervir com uma ação
eficaz, coerente e comprometido com a transformação da realidade, tornando sua
postura reflexiva e crítica.
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Para a alfabetização das crianças a prática-reflexiva deve ser primordial por parte do
professor, pois a criança que sai da Pré-escola para o Ensino Fundamental sente
bruscamente com uma nova cobrança de sua postura. O educador precisa
compreender que a função intelectual da criança está em processo de maturação,
sendo necessário o ato de brincar. Todas as vivências práticas que a criança
experimenta na infância por meio do brincar são estruturantes para o seu
desenvolvimento.

Deve-se respeitar incondicionalmente o momento do brincar, pois o brincar é a


prática social da criança que se apresenta com maior intensidade nessa faixa etária;
por ela ser a experiência inaugural de sentir o mundo e experimentá-lo. É nesse
período que a criança aprende a criar e inventar linguagens por meio das
brincadeiras; sendo esta a sua livre expressão de criatividade e imaginação.

Evidencia-se a necessidade de se garantir diferentes materiais que ofereçam e


favoreçam oportunidades para que as crianças explorem diferentes tipos de
materiais e instrumentos por intermédio de suas brincadeiras; para isso exige
espaços educativos, planejamento, a organização de momentos e disponibilidade de
materiais lúdicos para que a brincadeira aconteça.

Deste modo pretendo contribuir para discussão dos saberes necessários à prática
dos educadores, entendendo que estes saberes constituem o cerne da formação e
da prática docente, que interferem decisivamente para o sucesso ou fracasso do
processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil e nas Séries Iniciais do
Ensino Fundamental; conscientizando o educador de que os problemas da
alfabetização estão relacionados às práticas educativas.

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O lúdico é um importante instrumento pedagógico, que hoje pelo despreparo de


muitos profissionais da área da educação acaba não sendo aproveitado de uma
maneira melhor. O lúdico quando praticado com objetivos traçados tem o poder de
aumentar a autoestima e melhorar os conhecimentos da criança, o ensino utilizando
esses métodos cria um ambiente gratificante e chamativo, servindo assim como um
estimulo para o desenvolvimento da criança por inteiro.
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Os jogos auxiliam no processo de alfabetização, tanto no psicomotor, como no


desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a interpretação, a tomada de
decisão, a imaginação, a criatividade, o levantamento de hipóteses e da abstenção.

Trabalhar o lúdico no processo de alfabetização se torna diversão, uma maneira


mais fácil que a criança tem de absorver o aprendizado.

Estudos comprovam que as crianças aprendem brincando, o lúdico no caso seria a


maneira de um aprendizado mais complexo da criança, sendo muito importante
principalmente na infância, onde as crianças esta em fase de descobrimento, dessa
forma trabalharam diversas habilidades na criança, isso ajudará no desenvolvimento
da criatividade.

Inserir o lúdico na alfabetização na Pré Escola e nos Anos Iniciais do Ensino


Fundamental é muito importante, e aplicando esse conteúdo a essa disciplina
podemos proporcionar um aprendizado mais prazeroso, associando aos fatores
culturais e sociais, colabora também para uma boa saúde mental e física, facilitando
o processo de comunicação, socialização e construção de conhecimento.

Trabalhando o lúdico logo nos Anos Iniciais, podemos fazer com que a criança tome
gosto pela disciplina, e que conforme for passando os anos, não sinta tanta
dificuldade nessa área, podendo assim se lembrar de como conseguia realizar as
atividades com paciência e determinação, obtendo foco no que faz.

Através de atividades lúdicas as crianças aperfeiçoam suas criatividades. O mundo


imaginado nas atividades é um mundo de alegrias, medos, um mundo de
descobertas, para eles essa atividade se torna real, pois são eles que dão a vida ao
imaginário, um processo importante na criação e no aprendizado, ali os alunos
conseguem absorver melhor o conteúdo aplicado analisam e refletem sobre as
vantagens e desvantagens que eles têm para se empenharem no que estão
aprendendo.

As atividades lúdicas têm o poder sobre a criança, pois faz parte do mundo infantil,
facilitam tanto o progresso de sua personalidade, como o progresso de cada uma de
suas funções psicológicas, intelectuais e morais. A criança quando ingressa na
escola sofre um impacto emocional, pois, até então, vivia somente num ambiente
familiar cercada de brinquedos. Na escola tudo é novidade, ela permanece durante
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muitas horas nas salas de aula, com horário para tudo, além de não poder fazer o
que quer na hora que quer. Tem a necessidade de submeter-se à disciplina escolar.
De fato o motivo não é apenas o ambiente escolar, mas também a falta de suas
atividades preferidas, como o brincar, que muitas vezes a escola deixa de lado,
buscando apenas o cumprimento dos conteúdos, deixando de fazer uso do lúdico.
Mediante tantos aspectos que interferem na alfabetização, o Referencial Curricular
da Educação (1998) norteia:

Para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é


imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são
oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas às brincadeiras ou às
aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta.
(REFERENCIAL CURRICULAR DA EDUCAÇÃO, 1998, p.27).

Dentro do vasto programa de pesquisas do grupo de Vygotsky (1987), foi


desenvolvido um estudo experimental sobre o desenvolvimento da escrita. Foi
solicitado às crianças que não sabiam ler e escrever que memorizassem uma série
de sentenças faladas por ele. Propositalmente, o número de sentenças era maior do
que aquele que a criança conseguiria lembrar-se. Depois de ficar evidente para a
criança sua dificuldade em memorizar todas as sentenças faladas, o experimentador
sugeriu que ela passasse a escrever as sentenças, como ajuda para a memória.
A partir da observação da produção de diversas crianças nessa situação, foi
delineado um percurso para a pré-história da escrita. As crianças, inicialmente,
imitaram o formato da escrita do adulto produzindo apenas rabiscos mecânicos sem
nenhuma função instrumental, isto é, nenhuma relação com os conteúdos a serem
representados. Obviamente, esse tipo de grafismo não ajudava a criança em seu
processo de memorização. Ela não era capaz de utilizar sua produção escrita como
suporte para a recuperação da informação a ser lembrada.
Vygotsky (1987, p.134), cita que é importante mencionar a língua escrita, como a
aquisição de um sistema simbólico de representação da realidade. Também
contribui para esse processo o desenvolvimento dos gestos, dos desenhos e do
brinquedo simbólico, pois essas são também atividades de caráter representativo,
isto é, utiliza-se de signos para representar significados.

O desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao


desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem
organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de
um tipo de linguagem escrita para outro. Devem acompanhar esse processo
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através de seus momentos críticos até o ponto da descoberta de que se


pode desenhar não somente objetos, mas também a fala. Se quiséssemos
resumir todas essas demandas práticas e expressá-las de uma forma
unificada, poderíamos dizer o que se deve fazer é, ensinar às crianças a
linguagem escrita e não apenas a escrita de letras. (VYGOTSKY, 1987,
p.134).

Neste sentido Vygotsky, apresenta que o melhor método para aprender a ler e a
escrever é descobrir essas habilidades durante situações de brincadeira. O autor
considera que é preciso que as letras passem a tornar-se uma necessidade na vida
das crianças. O jogo como recurso pedagógico favorece a relação entre o processo
de construção do conhecimento por parte da criança e a ação pedagógica do
professor. Nesse sentido, o lúdico na ação educativa possibilita que a informação
seja apresentada à criança por meio de diferentes tipos de linguagens, atendendo
aos diferentes estilos de aprendizagem.
A educação infantil, nesse sentido, obteve um incentivo com o estabelecimento, pela
Constituição Brasileira, do direito à educação a partir do nascimento. Sobre esse
direito, a LDB (Lei 9.394/96, p.25) construiu uma nova concepção de educação
infantil da criança até seis anos de idade, segundo o Art. 29: “O desenvolvimento
integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, em complementando a ação da família e da comunidade”.
Podemos então deduzir o conteúdo e a forma da educação naquela primeira fase de
vida escolar da criança, sendo este, o primeiro nível de ensino de educação básica,
seguida pelo ensino fundamental e médio e nessa perspectiva deve ter garantido o
direito a uma educação de qualidade onde a LDB (Lei 9.394/96, p. 20) no Art. 22
destaca: “a educação básica tem por finalidades desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e
fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.

Neste sentido, a prática da ludicidade na alfabetização, através de jogos e


brincadeiras nessa etapa da vida da criança pode contribuir para a formação de um
sujeito crítico e construtivo, pois aquela aprende lidar com as emoções, explora e
descobre diferentes formas de expressão, utiliza linguagens significativas, participa
de grupos, expõe e ouve ideias e, por fim, faz tudo isso em diferentes contextos que
não apenas na esfera escolar. Rau (2011) aponta as palavras de Kishimoto um
sentido generalizado do jogo para a alfabetização:
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O jogo é um instrumento pedagógico muito significativo. No contexto cultural


e biológico é uma atividade livre, alegre, que engloba uma significação. É de
grande valor social oferecendo inúmeras possibilidades educacionais, pois
favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a
inteligência, contribui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para
viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das
relações sociais como estão postos. (KISHIMOTO apud RAU, 2011, p. 39).

Nesse contexto, a alfabetização como processo de ensino-aprendizagem pode ser


organizada de modo que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas sem fragmentos,
por meio de uma linguagem natural, significativa e vivenciada.

A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não


pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico
facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural,
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colabora para uma boa saúde mental, prepara para o estado interior fértil,
facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção
do conhecimento. (SANTOS 2004, p. 12).

Piaget (1975) nos esclarece que o brincar, implica a consideração de uma dimensão
evolutiva com as crianças de diferentes idades, apresentando características
específicas, apresentando formas diferenciadas de brincar.

Para Piaget (1975), o  jogo constitui-se em expressão e condição para o


desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem
transformar a realidade.

Com isso a escola deve facilitar a aprendizagem utilizando-se de atividades lúdicas


e criando um ambiente que favoreça o processo de ensino e aprendizagem, por
meio do lúdico. Com a utilização desse recurso pedagógico, o professor poderá
utilizar-se, por exemplo, de jogos e brincadeiras em atividades que facilita a
alfabetização e outros conteúdos, uma vez que as crianças desenvolvam o seu
raciocínio e construam o seu conhecimento de forma descontraída.

As atividades lúdicas são da natureza do ser humano, podendo ocorrer em todo o


ambiente, inclusive no educacional, onde quem favorece esse ambiente é o
educador.

Quando o professor passa em suas aulas a promover atividades lúdicas,


desperta em seus alunos o interesse pelo assunto.

Portanto, ao valorizar as atividades lúdicas, ainda percebemos como uma


atividade natural, espontânea e necessária a todas as crianças, tanto que o
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BRINCAR é um direito da criança reconhecido em declarações, convenções


e leis de nível mundial. (SANTOS 2004, p. 20).

Assim o professor vai mediar o aprender dos conteúdos por meio de brincadeiras,
jogos e atividades que tenham um valor, um significado de forma gostosa e
prazerosa de aprender.

A atividade lúdica é tão importante que é considerada um “Direito” de toda criança,


contribuindo para a formação do seu ser.
A desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em favor do
conhecimento estruturado e formalizado ignora as dimensões educativas da
brincadeira e do jogo como forma rica e poderosa de estimular a atividade
construtiva da criança.
Muniz (2001) diz que devemos levar em conta a realidade infantil, por meio dos
brinquedos, pois assim a criança interage melhor com o seu mundo, tornando assim 10
o brincar um elemento indispensável para a aprendizagem da matemática. Para ele:

Na situação do brincar, o sujeito é sociocultural que utiliza estratégias


matemáticas pessoais, espontâneas, então ai ele pode continuar a
desenvolver a sua matemática, informal, oral, oprimida, não estandardizada,
escondida, ou então simplesmente, sua matemática popular. Mas quando o
brincar está ausente do espaço escolar, o sujeito que faz a matemática não
é a criança efetivamente, mas sim o aluno, um ser pensante que age de
acordo com as expectativas do professor (MUNIZ, 2001 p. 23).

De acordo com os estudos de Muniz (2001), o brincar está na realidade da criança,


por isso a importância do ensino da matemática por meio do lúdico, onde propõe
desafios, descobertas e curiosidades. Os jogos e brincadeiras no ensino da
matemática despertam os interesses da criança tornando-se um recurso de
aprendizagem prazeroso.
Frente a essas observações é de suma importância pesquisar a real função
das atividades lúdicas como um instrumento valioso no processo de
desenvolvimento infantil, encontrando meios para uma maior aplicabilidade deste
instrumento pedagógico no dia-a-dia escolar.
No presente estudo, faremos uma reflexão teórica a respeito do jogo e da
brincadeira como elementos fundamentais no processo de apropriação do
conhecimento e desenvolvimento infantil.
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Há uma urgente necessidade de estudarmos os benefícios que as atividades


lúdicas proporcionam ao desenvolvimento infantil e refletirmos sobre a nossa prática
pedagógica.
Ao professor, cabe buscar recursos didáticos nas aulas de matemática, ter certeza
do que está fazendo, com base metodológica que sustentam sua prática.
O professor é o responsável pelo ambiente favorável onde Teixeira (1985) nos diz:

Todo o professor tem grandes responsabilidades na renovação das praticas


escolares e consequentemente na mudança que a sociedade espera das
escolas, na medida em que é ele que faz surgir novas modalidades
educativas visando novas finalidades de formação, só atingíveis através
dele próprio. Assim o professor é responsável pela melhoria da qualidade do
processo de ensino aprendizagem cabendo a ele desenvolver novas
práticas didáticas que permitam aos discentes um maior aprendizado
(TEIXEIRA, 1995 p.49).

Segundo Teixeira (1995) através do lúdico o professor cria possibilidades de


motivação, ajudando a tornar a matemática, um conteúdo mais fácil de assimilar,
tirando o mito de ser o bicho-de-sete-cabeças, proporcionando maior interação entre
o estudante e o aprendizado, pois promove o aprendizado através do prazer e do
esforço espontâneo.

Vemos assim o lúdico como sendo a melhor possibilidade de aprendizado de


matemática na Educação Infantil, e com maior eficácia, sendo um desafio no
processo educacional.

Quanto a metodologia foi aplicada um questionário contendo cinco questões que


requerem respostas quanto às suas práticas educacionais voltado ao lúdico como
contribuição para alfabetização. As entrevistas serão analisadas de forma
quantitativa e as respostas das professoras merecem tratamentos subjetivos.

As professoras entrevistadas apresentam características distintas a primeira (P1) é


graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e possui
pós-graduação em: Gestão em sala de aula (IESF Instituto de Educação da Funlec)
tem 38 anos e atua há quatro anos; a segunda (P2) é graduada também em
Pedagogia pela Universidade Católica Dom Bosco, possui pós-graduação em
Gestão Escolar e Magistério nível médio, tem 30 anos e atua há 14 anos.
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Análise das Entrevistas com as Professoras.

1. Você considera importante a pratica do lúdico nas escolas? Comente.


1.1 P1: Sim. O uso de jogos e atividades lúdicas já foi amplamente
estudado e tem mostrado que seus resultados são extremamente positivos
para a aprendizagem das crianças. Entretanto, é necessário que essa prática
deva ser planejada, levando-se em conta seus objetivos. Ou seja, deve-se
aliar a atividade lúdica com o interesse pedagógico nele contido.

2.2 P2: Considero importante o uso do lúdico por ser uma ótima ferramenta
de aprendizagem, pois é através do brincar é que a criança apreende os
significados da vida social e conteúdos escolares.

Pensar a importância do brincar nos remete às mais diversas abordagens


existentes, como podemos observar P1 vê o jogo como uma forma de compreender
melhor o funcionamento da psique, da aprendizagem e apresenta que a prática
docente deva ser planejada para que possa intervir com objetivos pedagógicos
através da ludicidade. Já a P2 analisa a contribuição do jogo para a educação,
desenvolvimento e/ou aprendizagem da criança. Portanto, o lúdico deverá estar o
relacionamento a cultura da criança para que a mesma tenha prazer em apreender
conhecimentos ligados a sua realidade.

3 No seu entendimento, que atividades lúdicas são capazes de


contribuir na maturação da criança na alfabetização? Dê exemplos.
3.1 P1: Jogos matemáticos: como “Nunca Dez” com objetivo de
reconhecer nosso Sistema de Numeração Decimal; Jogo de Bingo: (de letras,
sílabas, de nomes ou de números) para desenvolver atividades como
reconhecimento do alfabeto, das sílabas, etc.; Brincadeiras de rodas: (para
desenvolvimento da linguagem e oralidade), pois nestas brincadeiras é
possível consolidar algumas parlendas para posteriores reescritas das
mesmas; Blocos lógicos: tangran, material dourado, ábaco (para desenvolver
o raciocínio lógico, o reconhecimento do sistema de numeração decimal, etc.)
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3.2 P2: Os jogos de construção, jogos de memória, brincadeiras com


regras e desafios e principalmente os jogos simbólicos.

Observa-se que tanto na resposta P1 quanto na P2 utilizam atividades com


materiais pedagógicos que despertam o interesse dos alunos, contribuindo para a
construção do conhecimento dos mesmos, o que na fase da alfabetização, é muito
importante, pois o aluno precisa aprender de maneira prazerosa, principalmente o
processo da leitura e da escrita. As situações criadas por elas, através dos jogos,
imitam a vida real tornando a aprendizagem mais significativa, permitindo a
construção da função simbólica e da construção do pensamento verbal-lógico
através de intra e interpessoais por interagir e construir conhecimentos.

4 Quais as dificuldades que você enfrenta, dentro da sala de aula,


para trabalhar com a ludicidade?
4.1 P1: Alguns jogos disponíveis na escola não atendem às
especificidades de todos os alunos. É necessário que cada professor (a) crie
seu material pedagógico e isso dificulta bastante. Outro fator, é que como
trabalhamos com um grande número de crianças, é preciso que vários jogos
sejam disponibilizados e que o (a) professor (a) organize, discuta, com os
alunos.
4.2 P2: Algumas escolas não possuem material suficiente para todo o
grupo, necessitando ser confeccionado pela professora, entretanto, tive sorte
nas escolas em que trabalhei, pois sempre foi dada muita importância a essa
necessidade de se trabalhar muito a ludicidade com os alunos.

Observa-se que as respostas das professoras são contraversão, uma vez que a P1
não tem dificuldade para utilizar o lúdico, devido a escola lhe oferecer todos os
recursos, espaços e o que lhe for necessário para a prática do lúdico facilitando-a,
porém a P2 não tem o mesmo espaço, dificultando os seus objetivos com os jogos
além de precisar conscientizar os pais que o conhecimento se alcança também
através de brincadeiras.
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5 Com qual função a psicomotricidade atua em sala de aula?


5.1 P1: A psicomotricidade nos auxilia a desenvolver o raciocínio lógico da
criança, a desenvolver estratégias mentais na busca da resolução de
problemas proposto. Enfim, possibilita que a criança atue mais efetivamente
na aula.
5.2 P2: Os movimentos expressam o que sentimos nossos pensamentos e
atitudes que muitas vezes estão arquivadas em nosso inconsciente. Estrutura
o corpo com uma atitude positiva de si mesmo e dos outros, a fim de
preservar a eficiência física e psicológica, desenvolvendo o esquema corporal
e apresentando uma variedade de movimentos. Acredito que através dos
movimentos psicomotores os alunos comunicam-se, tendo o corpo como
instrumento.

Observa-se que a resposta da professora P1 complementa a resposta da P2, pois


as mesmas levam em consideração a importância da função psicomotora e o
desenvolvimento das habilidades motoras exercidas em cada atividade realizada
pelos alunos. A criança tem um processo contínuo de desenvolvimento que se inicia
no seu nascimento. E a primeira forma de relação com o meio é através do
movimento que será modificada pelo aparecimento da linguagem oral, que
gradualmente substituirá a ação expressa através do movimento. Todo este
processo psicomotor prepara a criança aos movimentos refinados da escrita formal.

6 Através desta metodologia, de que maneira você avalia seus


alunos?
6.1 P1: Pela forma com que ele participa das discussões; sendo capaz de
recontar uma história que lhe foi contada; sendo capaz de dar um recado;
contar uma situação que aconteceu no seu cotidiano; conseguir relacionar-se
de forma favorável com seus colegas; dar sequência a uma história mesmo
que não escreva ainda convencionalmente, demonstrando que compreendeu
a atividade proposta/conteúdo.
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6.2 P2: Através de responderem com capacidade e desempenharem a


todos os estímulos proporcionados a essa fase de construção e
aprendizagem.

Percebe-se que as respostas das professoras acabam tendo uma relação entre si a
qual a P1 coloca muito bem uma avaliação cognitiva levando em consideração os
seus aspectos afetivos, sociais e principalmente a relação com o próximo e a P2
complementa que na hora de avaliar leva em conta o desempenho do aluno aos
estímulos, melhorando o processo do ensino-aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo desse estudo pudemos perceber a relevância das contribuições que as


atividades lúdicas trás para o desenvolvimento integral do aluno e no sucesso de
cada etapa no processo escolar.

A Escola Abel Freire de Aragão, mesmo se tratando de uma escola pública que não
requer de muitos recursos, possui elementos básicos fundamentais para que o
lúdico no processo escolar aconteça. Há um espaço amplo com quadra coberta,
parque gramado, áreas livres calçadas, gramadas e com arborização. Sem contar
com a sala de aula que o professor promove cantinhos de leitura, baú de fantasias,
rodas para cantigas e conversas.

Esta escola nos mostra que não é possível ter uma educação de qualidade e que
não necessário ter materiais caros para produzir um bom aprendizado aos alunos,
mas sim um bom planejamento destas atividades utilizando questionamentos,
recursos de fácil acesso ou fabricação manual própria.

Os professores ao planejar devem considerar as brincadeiras que as crianças


trazem de casa, seus interesses, que se organizam independentemente do adulto. É
necessário que a escola possibilite o espaço, o tempo e um educador que seja o
elemento mediador das interações das crianças com os objetos levando-os ao
conhecimento. O professor deve usar o jogo como um recurso pedagógico que
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desperte interesse e a motivação no aluno envolvendo-o em atividades que venha


ter significados práticos no seu dia a dia, para que então a aprendizagem se efetive.

As atividades lúdicas com jogos, brinquedos ou brincadeiras relevam a importância


destes instrumentos como um recurso pedagógico de ensino e de aprendizagem,
com possibilidade de aplicação em sala de aula, ficando evidente que desperta o
interesse, a motivação e envolvimento do participante com a atividade, interações
positivas nas relações interpessoais.

Concluímos para que se tenha uma alfabetização sem rupturas e efetiva é preciso
que o professor se qualifique neste sentido baseando-se numa fundamentação
teórica consistente, inovando suas práticas, priorizando em seus planejamentos
momentos que favoreçam o brincar livre e orientado, possibilitando às crianças
habilidades físicas, motoras e intelectuais de forma prazerosa e participativa.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Antônia Cristina Peluso de. Brinquedoteca: No diagnóstico e


intervenção em dificuldades escolares. Campinas, SP: Editora Alínea, 2011.

BRASIL. Lei Darcy Ribeiro (1996). LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional : lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 .5. ed. Brasília : Câmara dos
Deputados, Coordenação Edições Câmara, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998.

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1997.

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil fundamentos e métodos. São


Paulo: Cortez, 2002.

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